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Universidade Federal do Tocantins Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia Bases Fisiológicas da Digestão de Ruminantes Professora Deborah Alves Balanço energético negativo Acadêmicos: Ranniere Parente Odimar Feitosa 1 1. Introdução Em 1.Introdução Balanço energético negativo período seco Perfil metabólico início de lactação 1. Introdução 30% 60% 53% 103% 1. Introdução 1. Introdução 1. Introdução NEB 1. Introdução NEB 1. Introdução • A maioria das vacas lida com NEB através de um difícil mecanismo de adaptação • Falha da adaptação a este mecanismo – Cetose – Figado gorduroso – Etc (Herdt, 2000) 2.Disponibilização e conservação da energia corporal durante períodos de NEB • Fontes de Em: CHO’s, aa’s, gorduras • Adaptação ao NEB: – Mudança no uso e conservação das fontes • Principal fonte: CHO’s • Consumo insuficiente → biossíntese – Aa’s → CHO’s – Gorduras → CHO’s X 2.Disponibilização e conservação da energia corporal durante períodos de NEB Uso de CHO’s em período de NEB Esgotamento de proteínas corporais Controle metabólico e endócrino Conservação de CHO’s Gliconeogênese Mobilização de gordura Fermentação ruminal Absorção intestinal Síntese de lactose Somente propionato 3. O papel dos órgãos e tecidos no metabolismo energético durante o NEB • Mobilização de energia armazenada • Mudanças no uso do substrato • Interconversões de fontes de energia metabólica • Tecido adiposo e hepático • Sistema músculo-esquelético • Glândula mamária 3. O papel dos órgãos e tecidos no metabolismo energético durante o NEB Tecido adiposo • Reserva corporal de energia • Adipócitos • Triglicerídeos (TG) • Ác. Graxos não esterificados (AGNE) AGNE TG Lipogênese Lipólise Corrente sanguínea → órgãos Sistema músculo-esquelético • Maior local de consumo de energia • Pode afetar a concentração sanguínea de fonte de energia • Durante NEB: – Obtêm energia derivada da gordura: AGNE e CC – Reduz uso de glicose – Manutenção das [glicose] sanguínea – Provimento de aa’s para gliconeogênese Glândula mamária e a unidade placenta-feto • Start da adaptação ao NEB • Desenvolvimento fetal – glicose e aa’s • Glândula mamária: – Glicose: síntese de lactose – Aa’s: síntese de proteínas (caseína) • Não trabalham com alguns “genéricos”!!! • Período de maior influência: periparto TG Fígado • Metabolismo da glicose (menor importância nesse período) • Metabolismo da gordura e fontes de energia derivadas AGNE mitocôndria oxidação TG AGNE conversão VLDL TG Tecido adiposo Metabolismo energético tecidos Gordura do leite corpos cetônicos glândula mamária fígado 4.Interações metabólicas das fontes energéticas na adaptação ao NEB • Parte do controle e equilíbrio do processo responsável pela regulação da adaptação ao NEB em vacas vem de interações específicas entre a fonte de energia e a utilização desta nos órgãos e tecidos. Estas interações são principalmente baseadas na disponibilidade e oferta de glicose, AGNE e corpos cetônicos (Herdt 2000). 4.Interações metabólicas das fontes energéticas na adaptação ao NEB [glicose] abundante – produção de glicerol ↑lipogênese ↓lipólise ↓mobilização de gordura ↓ [AGNE] no sangue AGNE TG Lipogênese Lipólise Corrente sanguínea → órgãos ↓ glicerol ↓ insulina Situação Normal NEB 4.Interações metabólicas das fontes energéticas na adaptação ao NEB declínio nas [glicose] → mobilização de AGNE diversas ações que estabilizam ou aumentam a glicose sanguínea mobilização AGNE é moderado novo estado estacionário é atingido, com taxas de mobilização de AGNE ajustados para valores adequados para manter as concentrações de glicose no sangue Em suma... 5. O papel dos hormônios e mediadores endócrinos na adaptação ao NEB • Os mediadores endócrinos são essenciais na adaptação ao NEB porque a adaptação mediada pela fonte de energia não é sensível o suficiente para funcionar de forma independente. Contudo, as ações endócrinas primárias servem para controlar a taxa de metabolismo energético. O padrão geral de adaptação metabólica ao NEB, não é alterado por influências endócrinas mas é regulado por elas (Kaneko et al. 1997). Insulina • Papel desempenhado em função da concentração – situação normal X NEB • Tecido muscular e glicose • Tecido adiposo – Lipogênese X Lipólise • Fígado – reduz atividade CPT-I – aumenta esterificação de AGNE • AGNE e CC estimulam secreção de insulina Glucagon • Antagonista da insulina • Tecido muscular e glicose • Tecido adiposo – estimula Lipólise • Fígado – estimula gliconeogênese – ativação da CPT-I Adrenalina e Noradrenalina • Atuam no tecido adiposo • Estimulam a lipólise • Noradrenalina – secretada por terminações nervosas simpáticas – controle por centros cerebrais sensíveis ao NEB • Adrenalina – secretada pela medula adrenal – stress como estímulo para mobilização gordura Hormônio de crescimento (GH) • Hormônio regulador adicional • Reduz lipogênese, favorece liberação AGNE • Secreção estimulada pela hipoglicemia • Concentração elevada em vacas no periparto Outros hormônios • Outros hormônios, incluindo a leptina, o cortisol e as hormônios da tireóide, influenciam o metabolismo e podem afetar a adaptação ao NEB, mas seus papéis não parecem tão importantes para este processo como a insulina, as catecolaminas e a GH (James K. Drackley 1999a; Herdt 2000; Kaneko et al. 1997) 6.Inadaptação do tecido adiposo • Sensibilidade do tecido adiposo – A que se refere, como é medida? • Alta sensibilidade – anulação do feedback anti- lipolítico – descontrole na taxa de mobilização de AGNE • Sensibilidade e seleção • Fatores que afetam a sensibilidade 6.Inadaptação do tecido adiposo • Obesidade e sensibilidade adiposa • Aumento da sensibilidade • Bloqueio do feedback negativo – expansão da massa de tecido adiposo, com taxas semelhantes de lipólise por adipócito – resistência à insulina – Tamanho dos adipócitos • Interrupção do mecanismo homeostático regulador da mobilização do tecido adiposo • Sobrecarga da capacidade do fígado para o processamento e interconversão das fontes de energia 7.Inadaptação no fígado • A resposta hepática para o NEB é a produção de glucose e corpos cetónicos e a manutenção de grandes quantidades de AGNE no sangue para a mobilização de outras formas de energia. Podem surgir problemas adaptativos em vários pontos nestes processos metabólicos (Herdt 2000; Kaneko et al. 1997). Cetose tipo I • Ocorre quando as necessidades de glucose superam a capacidade do fígado para a gliconeogênese • Glicose sanguínea e as concentrações de insulina são muito baixas • Alta atividade de CPT-I • Rápida entrada de AGNE para dentro da mitocôndria • Elevada taxa de cetogênese • Elevada concentração de corpos cetônicos na corrente sanguínea • Poucos AGNE são convertidos em triglicerídeos • ausência de fígado gordo Fígado gordo e Cetose tipo II Ocorre quando grandes quantidades de AGNE são depositados no fígado AGNE não vão para a mitocôndria Ocorre formação de triglicerídeos no citosol O transporte depende de VLDL Produção de VLDLinsuficiente Acúmulo de gordura no fígado Outra classificação... Outra classificação... 8.Manejo nutricional Como fechar esta conta?! 8.Manejo Nutricional • Aumentando a densidade energética da dieta de 1,30 para 1,61 Mcal ELL / kg de MS e a proteína bruta de 12,2 para 16,2% durante os 26 dias pré-parto resultou em maior ingestão de energia durante os 14 últimos dias pré-parto (21 vs 15 Mcal ELL/dia) e reduziu a gordura no fígado (9,0 vs 15,0 mg/ g de tecido seco) (Dyk et al., 1995 e Vandehaar et al., 1995). 8.Manejo Nutricional • Separação em lotes por exigência • Monitoramento da PL • Qualidade do volumoso • Relação volumoso:concentrado • Suplementação gordura • Aditivos: – Niacina – coenzimas do metabolismo – Propilenogicol – convertido em glicose – vitamina E, zinco, cobre e selênio – sistema imune – sal aniônico – hipocalcemia, equilíbrio ácido-básico – Palatabilizantes 8.Manejo Nutricional 8.Manejo Nutricional 8.Manejo Nutricional • Imediatamente após o parto: – 16 a 18% de proteína bruta, 17 a 22% de FDA e abaixo de 30% de FDN (CPAQ, 1987; NRC, 1989; NRC, 2001). – Ficar atento a degradabilidade de proteína e a qualidade em aminoácidos, exigência PNDR é 35% e a de PDR de 65%. 9.Monitoramento do perfil metabólico • Uréia no plasma, leite e urina: – Excesso de PB e/ou assincronismo • AGNE plasmático – balanço energético e desordens metabólicas 9.Monitoramento do perfil metabólico Monitoramento do perfil metabólico Balanço energético e reprodução pós-parto Toxemia da gestação em ovelhas e cabras Toxemia da gestação É uma doença metabólica que ocorre em ovelhas e cabras durante as duas até quatro últimas semanas de gestação e sempre associadas à hipercetonemia e em muitos casos com hipoglicemia. É uma doença comum em animais subnutridos, estressados que carregam múltiplos fetos associado com uma dificuldade em adaptar-se ao aumento da demanda metabólica devido ao crescimento fetal no final da gestação e ingestão insuficiente A doença é caracterizada por anorexia, disfunção neurológica progressiva, decúbito e morte. É mais observado em animais com mais idade e raro em fêmeas de primeira gestação Toxemia da gestação Etiologia A toxemia da gestação resulta da inabilidade da fêmea em encontrar glicose requerida por seus múltiplos fetos nas últimas seis semanas de gestação Essa condição é causada por um balanço energético negativo resultante do aumento da demanda energética devido ao rápido crescimento fetal no final da gestação e insuficiente ingestão • Em ovelhas de leite • As maiores variações dos metabólitos sanguíneos ocorrem nos períodos de final de gestação e início de lactação, que correspondem aos momentos de maior exigência metabólica. • O nível mais alto de beta-hidroxibutirato (BHB) foi verificado no início da lactação sugerindo consumo de reservas corporais e balanço energético negativo. • A concentração de glicose mostrou diminuição no final da gestação provavelmente relacionado com o rápido crescimento fetal. Trabalho realizado por Brito et al. (2006) Os níveis de fructosamina nesses períodos também diminuíram caracterizando o déficit energético e aumento do risco do animal desenvolver toxemia da gestação. A concentração de fósforo ficou próxima do limite inferior no terço final da gestação e aos 30 dias de lactação indicando maior consumo de fósforo neste período. O hematócrito também diminuiu com o avanço da gestação. Mostrou que ovelhas com dois cordeiros têm > [ ] de BHB no final da gestação e durante o início da lactação que no período seco. A regulação e o estresse metabólico no final da gestação de gêmeos estão super aumentado. A ovelha reduz sua habilidade em utilizar o BHB ocasionando a hipercetonemia que causa vários efeitos adversos no metabolismo. Prejudicando a eliminação dos corpos cetônicos e facilitando o desenvolvimento da toxemia da gestação. Harmeyer e Schlumbohm (2006) Epidemiologia A incidência de toxemia da gestação • É maior em ovelhas com mais de um feto, durante as seis últimas semanas de gestação e em cabras com três fetos ou mais. • Baixa qualidade de alimentação, tempo muito frio, falta de exercício e estresse por movimentação. Epidemiologia Nas últimas quatro semanas de gestação as necessidades energéticas aumentam drasticamente na ordem de 1,8-1,9 vezes a mais quando a ovelha está com gêmeos (Merck, 2008). Ovelhas em condição corporal ruim (escore <2) ou gorda (escore >4) Patogenia Durante as últimas seis semanas de gestação o útero aumenta sua área de ocupação com uma correspondente redução no volume do rúmen e retículo. Consequentemente diminui a ingestão e combinado com o aumento da demanda fetal por glicose as reservas corporais tem que ser mobilizadas. Nessas circunstancias, lipídeos são mobilizados e os ácidos graxos produzidos são levados ao fígado para serem oxidados via ciclo Krebs e produzir energia. Esse caminho é dependente de constante suprimento de oxalacetato vindo do propionato. Como diminuiu a ingesta, todo o acetil-Coa, que deveria condensar-se com oxalacetato no ciclo de Krebs, produzido terá que ser convertido em corpos cetônicos: acetoacetato, BHB e acetona que são solúveis no sangue e podem ser excretados na urina. A excessiva produção de corpos cetônicos combinado com acúmulo de triglicerídeos provoca ainda maior insuficiência hepática. Patogenia • BHB e acetoacetato são ácidos fortes. Além disso, excreção urinária prolongada de corpos cetônicos resulta em perda de sódio e potássio baixando as reservas alcalinas do plasma. • A cetoacidose resultante provoca dispnéia e a hipoglicemia deprime o sistema nervoso central. Pode progredir para um estágio irreversível de desidratação e uremia causando a morte fetal e autólise no útero, endotoxemia e metrite. • Prolongada hipoglicemia estimula as glândulas adrenais com aumento da secreção de cortisol antagonizando à ação da insulina e inibindo a utilização da glicose (Sargison, 2007; González e Silva, 2006). Patogenia No final da gestação o fígado aumenta a gliconeogênese para facilitar a disponibilidade de glicose para os fetos Cada feto requer 30-40 g de glicose por dia, para assegurar adequada energia o estoque de gordura é mobilizado para atender a crescente demanda (Merck, 2008). Esse balanço energético negativo e o aumento da mobilização dos depósitos de gordura podem superar a capacidade de metabolização do fígado e resultar em lipidose hepática com consequente injúria da função hepática (González e Silva, 2006). Patogenia • Os corpos cetônicos (CC) são compostos primários formados do metabolismo das gorduras e do butirato representados pelo β- hidroxibutirato, o acetoacetato e a acetona. – A acetona é volátil, o acetoacetato é quimicamente instável e pode ser transformado em acetona e dióxido de carbono. • Tanto o acetoacetato como o β-hidroxibutirato são compostos ácidos, com pKs baixos (3,58 e 4,41 respectivamente), ou seja, no sangue cerca de 99% estarão na sua forma ionizada, e se estiverem em grande quantidade poderão provocar acidose metabólica (Kaneko et al., 1997). Patogenia Sinais clínicos Nos animais do trabalho de Silva et al. (2008) os sinais clínicos observados foram apatia,bruxismo, mucosas hipercoradas, desidratação, atonia ruminal, inapetência, dificuldade na locomoção, tremores musculares, fezes agrupadas e com muco, aumento da frequência cardíaca e respiratória, tremores de intenção e em dois dos cinco animais foi observado edema de membros posteriores. Clinicamente a doença se manifesta principalmente na sua forma nervosa (Schild, 2007). Os sinais aparente cegueira onde o animal pressiona sua cabeça contra objetos adjacentes, sonolência e apatia. Ranger de dentes, tremores, desvio lateral da cabeça com graus varáveis de problemas de coordenação de movimento e postura (Abdul-Aziz & Al-Mujalli, 2008). Os animais afetados ficam em decúbito permanente 3-4 dias após o início dos sinais clínicos e permanecem em profunda depressão até a morte. O curso clínico pode ser de 2-7 dias, sendo mais rápido nos animais muito gordos (Schild, 2007). Sinais clínicos Diagnóstico laboratorial Pode ser feito através da urina para determinar substâncias voláteis Como a acetona ou acetoacetato ambos, corpos cetônicos. Altas concentrações sanguíneas de CC ultrapassam o limiar renal, sendo excretados abundantemente. Nestes casos, para cada quatro moles de CC na urina encontrará um no sangue e 0,5 no leite. Diagnóstico laboratorial Categorias Nível médio de glicose (mmol/l) Ovelhas saudáveis e não prenhas 2,95 ± 0,65 Ovelhas saudáveis e prenhas 2,7 ± 0,45 Ovelhas com sinais de toxemia da gestação 1,02 ± 0,14 Arábia Saudita por Abdul-Aziz e Al-Mujalli (2008) BHB sanguínea 3 mm/l Em muitos casos ocorrem altos níveis de glicose no sangue sugestivos de deficiente homeostasia da glicose e insensibilidade insulínica nas ovelhas prenhes estressadas e cetóticas. Cerca de 20% dos animais doentes estão hipocalcêmicos com a concentração de cálcio menor que 1,9 mmol/l associado com uma deficiente hidroxilação da vitamina D Tratamento Segundo Schild (2007) o tratamento Endovenoso com 5-7 g de glicose em solução isotônica de bicarbonato de sódio ou Ringer com lactato Por via oral 60 ml de propilenoglicol 2-3 vezes ao dia. No início dos sinais clínicos pode-se realizar a cesariana ou indução hormonal do parto; Em estágios mais avançados da doença, em geral, a condição é irreversível. Se a gestação estiver na última semana o parto pode ser induzido com 10 mg de prostaglandina F2alfa. Se não se sabe a data do parto é preferível administrar 20-25 mg dexametasona, que estimula a neoglicogênese. Tratamento Prevenção • Adoção de bom manejo nutricional • Condição corporal de 2,5-3,5 (Sargison, 2007). • No terço final da gestação devem ser evitados estresses por manejo constante, tosquia, tratamentos anti-helmínticos, transportes, mudanças no tipo de alimentação. Prevenção • Onde o clima é mais frio deve-se proporcionar alimentação extra e abrigos nos campos onde os animais ficam na parição • Separar animais em diferentes grupos de manejo baseado na ultrassonografia (45-90 dias) Danos Trata-se de uma enfermidade relacionada ao sistema de produção Provoca elevados índices de mortalidade O efeito econômico da doença é considerável Considerações finais • Diagnóstico precoce da toxemia da gestação é de fundamental importância no controle da doença – Visto que a mortalidade é alta – E que as medidas de prevenção são fundamentais para manter a gestação e ter cordeiros saudáveis. Obrigado pela atenção!
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