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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Curso Engenharia de Produção Disciplina Técnicas Avançadas em Gestão da Produção (Six Sigma e Lean Production) Tema Toyotismo Professor Rodrigo Vinícius Sartori Coordenadora Luizete Aparecida Fabbris Introdução Neste tema, vamos entender um importante movimento histórico dos sistemas de produção: o Toyotismo ou Sistema Toyota de Produção. Iremos explorar seus atributos principais, como a filosofia de gestão de produção enxuta (também conhecida como Lean Manufacturing ou Lean Production), o modelo Just in Time e a técnica Kanban para sistemas de manufatura industrial. Ao final, você compreenderá claramente porque o Sistema Toyota de Produção é considerado uma das maiores revoluções dos sistemas produtivos até hoje. Bons estudos! Para conferir os conteúdos que serão trabalhados neste tema, acesse o material on-line e assista à videoaula do professor Rodrigo! Problematização Quais são as dificuldades pelas quais o gestor de uma empresa pode passar? O professor Rodrigo vai apresentar a seguir uma situação para que você analise e pense na melhor solução para a questão. Por isso, fique atento! Oscar é dirigente de uma pequena indústria de produtos eletrônicos, que sobreviveu à curva da “mortalidade infantil” das empresas no Brasil – ou seja, aquelas que fecham definitivamente as portas antes de completar 2 anos de fundação. Esta sobrevivência, no entanto, se deu com muito custo. Oscar CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 conhecia vários casos de outros empresários, alguns inclusive colegas da faculdade de Engenharia, que não conseguiram sustentar suas indústrias e quebraram o negócio. Após os dois primeiros anos de estabelecimento do negócio, Oscar olha para trás e reflete: será que a empresa trabalha para mim ou eu que trabalho para a empresa? Afinal, ele não tem jornada inferior a 12 horas de trabalho por dia, avançando noites adentro para tentar entender e corrigir uma série de problemas crônicos que sua fábrica apresenta. Além disso, testa várias soluções desenvolvidas por ele, mas poucas dão resultado e as que dão não se sustentam. Os funcionários, por outro lado, parecem não ter muita noção do negócio que é mantido com suas atividades, já que são “apertadores de parafuso”, ou seja, pessoas que trabalham 8 horas por dia em funções específicas e dedicadas, mas que não compreendem qual é o produto final que estão contribuindo para fabricação. De fato, a desmotivação dos trabalhadores fica cada vez mais evidente quando ordens e contraordens de como fazer o trabalho são comunicadas pelo gestor, com várias contradições entre o que era pedido até uma semana atrás e o “novo” jeito de realizar as operações. Que situação! O que você faria no lugar de Oscar? Não responda agora. Vamos voltar ao conteúdo teórico do nosso tema e, ao final, retomaremos a nossa história e apresentaremos as possibilidades de solução para o problema. Toyotismo O Toyotismo, como você já deve saber, diz respeito à empresa Toyota e tem como base o Sistema Toyota de Produção (ou Toyota Way). Trata-se de uma combinação dos princípios e das técnicas da qualidade total, da administração científica e das tradições culturais japonesas. O Sistema Toyota de Produção é sustentado pela filosofia de gestão CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 conhecida como Just in Time (processo de fluxo no qual as partes corretas necessárias à produção alcançam a linha de montagem no momento em que são necessárias e somente na quantidade necessária) e também pelo conceito de autonomação (que não deve ser confundida com a simples automação, já que é conhecida com a automação com o toque humano). Você vai conferir, a seguir, uma explicação detalhada a respeito de cada um desses termos. Autonomação Para entender melhor o conceito de autonomação, vamos recorrer a uma frase atribuída a Taichi Ono (1997), um dos expoentes do movimento toyotista: Muitas máquinas funcionam sozinhas, uma vez que estejam ligadas. Mas as máquinas de hoje possuem uma tal capacidade de desempenho que pequenas anormalidades, como a queda de um fragmento qualquer em seu interior pode, de alguma forma, danificá- la. Quando isso ocorre, dezenas e em seguida centenas de componentes defeituosos são produzidos e logo se acumulam. Com uma máquina automatizada deste tipo, a produção em massa de produtos defeituosos não pode ser evitada. E continua dizendo que “é por isso que a Toyota dá ênfase à autonomação – máquinas que podem evitar tais problemas ‘autonomamente’ – e não a simples automação”. Esse conceito surgiu com a invenção de uma máquina de tecer autoativada, desenvolvida por Toyoda Sakichi, fundador da Toyota Motor Company, e significa a transferência da inteligência humana para uma máquina. O desenvolvimento desse modelo de produção (filosofia ou estratégia de produção) é uma história que começa nos anos 1950, quando a economia japonesa estava debilitada. É o cenário do pós-guerra, quando após duas bombas atômicas o Japão ficou virtualmente destruído e passou a buscar, de algum modo, sua pronta restruturação. Naquela época, a Toyota era uma empresa de pequeno porte, que tinha um programa de produção de mil carros por mês. Se fabricasse mais, não CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 conseguiria vender. Trinta anos depois, nos anos 1980, a Toyota fabricava mil carros em poucos minutos e era a terceira fabricante mundial, atrás da General Motors e da Ford. Como, então, foi feita essa transição? Eiji Toyoda (com D mesmo! Esse é o sobrenome original), da família proprietária da Toyota, e Taiihi Ohno, o chefe da engenharia da empresa, são considerados os principais responsáveis pelo conjunto de técnicas de manufatura que se tornou conhecido como Sistema Toyota de Produção. Nos anos 1950, visitaram as fábricas automotivas norte-americanas, onde imperava a tradicional filosofia de gestão conhecida como Fordismo, associada à empresa Ford e seu criador, Henri Ford. Ambos, Toyoda e Ohno, concluíram que o sistema americano não poderia funcionar na Toyota, que era sensivelmente menor e precisava de soluções mais eficientes e menos dispendiosas. Assim, deram início a uma ampla reformulação metodológica das estratégias de produção, no período compreendido entre 1948 e 1975, que se caracteriza por um substancial aumento de produtividade e de eficiência. O Toytismo passa, assim, a ser sinônimo de combate ao desperdício, como tempo de espera, superprodução, gargalos de transporte e estoque desnecessário. Este sistema integra conceitos como Lean Manufacturing (ou Produção Enxuta), Just in Time, Kanban e Heijunka (Nivelamento de Produção). Clique no link a seguir e leia o artigo “Do ‘Fordismo’ ao ‘Toyotismo’: A organização social do processo de trabalho na indústria de automóveis japonesa” e entenda esses dois importantes momentos da indústria mundial. http://www.uk.sagepub.com/dicken6/Additional%20Resources%20for%20Intern ational%20Business/Online%20journal%20readings/dohse%20et%20al%20198 5.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Para ter mais informações a respeito das origens e da importância do Toyotismo, acesse o material on-line e assista à videoaula do professor Rodrigo! E em relação ao Fordismo, quais são os aspectos relevantes desse modo de produção? Acesse o material on-line, assista à videoaula do professor Rodrigo e entenda! Just in Time Quandofalamos em JIT (Just in Time) - o material certo, disponível na hora certa, no local certo e no exato momento de sua utilização - não estamos falando de um conceito exatamente novo. Já que se baseia na percepção do insumo no processo produtivo: se chegar tarde, há paralisação do processo produtivo. Chegando muito cedo, haverá acúmulo de material sem utilidade naquele momento, requerendo espaço, capital, entre outros recursos. Just in Time é o oposto de Just in Case, compare esses conceitos a seguir: Just in Time Just in Case Produzir apenas o necessário no momento certo, a fim de excluir estoques. Inflar os estoques por segurança, devido à falta de controle preciso da produção. Essa ação leva ao desperdício e à imobilização desnecessária de recursos financeiros da empresa em forma de estoque. Para entender melhor a diferença entre esses dois conceitos, clique no link a seguir e leia o artigo “Do Just in Case ao Just in Time”. http://www.scielo.br/pdf/rae/v29n3/v29n3a05.pdf Esse tipo de pensamento pode ser considerado natural nas indústrias de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 fluxo contínuo. Henry Ford, o propulsor da produção em massa, aplicou esse conceito já no início do século XX nas suas fábricas de automóveis (o famoso Modelo T). Lá, as linhas de montagem eram concebidas de tal maneira que de uma estação de trabalho passava-se à seguinte no exato momento da sua utilização (princípio sequencial). O encadeamento das submontagens, do abastecimento de materiais até o despacho do produto final, seguia esse princípio, que funcionava perfeitamente. Dados históricos mostram que no ciclo de produção do Modelo T, na década de 1920, montava-se, em somente quatro dias, um número invejável de carros, que se aproximava muito das melhores montadoras japonesas. A atual concepção dada ao conceito Just in Time é o combate aos desperdícios de maneira contínua, o que nos remete a outro conceito importante: o Kaizen (palavra japonesa que significa aprimoramento contínuo). Esse termo é usado para designar os esforços sistemáticos de redução de desperdícios. Isto é possível através do procedimento cuja invenção é atribuída a Frederick Taylor: a análise de uma tarefa, a proposição da maneira mais eficiente de realizá-la e a implantação da tarefa modificada. Qual a relação entre o Just in Time e a gestão do conhecimento? Clique no link a seguir e leia um artigo que vai tratar desse assunto! http://midwestkm.com/wp-content/uploads/2013/09/Just-in-Time-KM- Delivery-Healthcare-Davenport.pdf Acesse o material on-line, assista à videoaula do professor Rodrigo e tenha mais informações a respeito de modelo Just in Time. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Qualidade na produção O Toyotismo é associado à estratégia de produção com qualidade. Depois dos desperdícios, a segunda inconveniência que a Toyota procurou evitar foi a maneira tradicional de enfrentar os problemas do processo produtivo. A partir daí, os defeitos passaram a ser tratados de forma pontual, um a um, e o esforço era muito maior em entender as causas do que penalizar culpados. Em primeiro lugar, os trabalhadores receberam a instrução de parar a linha de produção sempre que encontrassem um problema que não conseguissem resolver. Depois, eles deveriam analisar sistematicamente cada erro, perguntando sucessivamente “por que isto ocorre?” até chegar à causa fundamental. Essa metodologia viria a ser conhecida como método dos cinco porquês. No começo, quando esse procedimento foi instalado, a linha de produção parava toda hora. Os defeitos eram inúmeros. Porém, à medida que eram corrigidos em suas causas fundamentais, os problemas caíam drasticamente, a ponto da proporção de veículos fabricados em relação à produção prevista aproximar-se dos 100% ideais. As técnicas desenvolvidas na Toyota foram, então, rapidamente adotadas em outras empresas no Japão. Nesse processo, outros ingredientes foram agregados, originando um conjunto de soluções que se tornou conhecido como modelo japonês de administração. O conjunto dessas técnicas e soluções também ficou conhecido como Sistema de Produção Enxuta (em inglês, Lean Manufacturing ou Lean Production), devido sua orientação para a economia de recursos. Quer ter mais informações a respeito da genealogia da produção enxuta? Então leia um artigo que trata desse assunto clicando no link a seguir! http://profemiliani.net/blog/wp-content/uploads/2014/01/holweg.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Posteriormente, a ideia central da produção enxuta (a eliminação de desperdícios) ganhou maior envergadura e alcançou toda a administração da empresa. Ou seja, deixa-se de empregá-la apenas no processo fabril das indústrias de manufatura para servir também aos processos administrativos de apoio, como Recursos Humanos, Finanças, Tecnologia da Informação, Marketing etc. Nos anos 1990, a expressão “empresa enxuta” passou a fazer parte do vocabulário da administração, já como um elemento que integra os chamados novos paradigmas da administração. Tipos de desperdício O objetivo principal do Just in Time é combater os desperdícios de maneira contínua. Shigeo Shingo, oriundo da Toyota Motor Company, identificou sete categorias de desperdícios: Desperdício da superprodução: os adiantamentos de produção na 1. suposição de uso futuro são desperdícios. É importante fazer somente o necessário, aquilo que o cliente deseja. Esse tópico ganha particular interesse para a indústria ocidental, face à sua característica de crença da produção em massa. Desperdício de espera: diretamente ligado ao desperdício anterior. 2. Havendo lotes maiores haverá formação de filas para o processamento do material nas operações subsequentes. Até esse estágio, teríamos somente o desperdício em função da superprodução. Mas os materiais são necessários em etapas do processo, ou setores posteriores, que ficam aguardando o recebimento do material para poder iniciar a sua etapa. Essa parada gera um novo desperdício: o da espera. Desperdício de transporte: a armazenagem de materiais, a 3. organização por setores funcionais e os estoques intermediários derivados da cultura dos lotes geram necessidades de transporte, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 movimentação e arrumação desses materiais, sem beneficiá-Ios em nada. Não agrega valor e portanto é um desperdício. Desperdício de processamento: refere-se aos desperdícios que 4. ocorrem no próprio processo. Envolve o questionamento sobre a real necessidade de se utilizar um determinado componente: qual a sua utilidade, sua função no produto? Refere-se, então, ao questionamento da necessidade de determinada etapa do processo. Essa atividade está diretamente relacionada com a metodologia da análise de valor. Desperdício de movimentação: refere-se ao questionamento e à 5. observação dos movimentos efetuados pelos operadores na confecção dos produtos. Movimentos desnecessários como abaixar para pegar uma ferramenta que poderia estar ao alcance das mãos em local padronizado. O tempo não aproveitado e o movimento que, sendo efetuado, não agregam valor ao produto são desperdícios. Desperdício de produzir peças defeituosas: refere-se à integração 6. com os programas de qualidade já descritos, pois produzir peças sem a citada consciência da qualidade é um desperdício de matérias, mão de obra e equipamento. Desperdícios de estoques: as mesmas razões que levaram ao 7. conceitodo desperdício pela superprodução levaram ao conceito do estoque como representação da incapacidade do sistema em responder com lotes menores, efetuando a troca rápida de máquinas (a chamada redução do setup – troca rápida de ferramentas) e conseguindo uma padronização do fluxo voltado para o que é necessário e não para o que pode ser feito para manter o equipamento ocupado. Uma análise objetiva da concepção do Just in Time nos dá conta que havendo uma produção 100% no conceito JIT (lembre-se, os estoque agora CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 são JIT) e um fornecimento interno ou externo de componentes com defeitos haverá inevitavelmente a parada do processo de produção. O não cumprimento de uma necessidade irá resultar, sim, em paradas de linha de produção (ou seja, um grave desperdício!). Desta forma, o que ocorre na prática é a invariável exigência da presença de um Sistema de Qualidade Total, ou Garantia da Qualidade. Sem qualidade total, não se torna possível a produção JIT. É importante verificar que a metodologia Just in Time envolve um sistema de gestão das pessoas, tal como preconizado pela Qualidade Total, para que se garanta a participação e o comprometimento, e não o conformismo do indivíduo. No Toyotismo, muito diferente da escola Fordista, o trabalhador de produção é um trabalhador do conhecimento, que, por “meter a mão na massa”, sabe melhor que ninguém na empresa as oportunidades para melhorar o sistema produtivo. Portanto, essas pessoas são consideradas ativos vitais para o estabelecimento e a manutenção de um sistema inteligente e enxuto de produção. As metas impostas pelo JIT são amplas e ambiciosas, por isso não podem ser alcançadas da noite para o dia, mas sim em um movimento contínuo de aperfeiçoamento (o chamado Kaizen). Conheça, a seguir, as típicas metas de um Sistema Just in Time: Zero defeitos; Tempo zero de preparação (setup); Estoque zero; Movimentação zero; Quebra zero; Lead time zero; Lote unitário (uma peça de cada vez). Na prática, uma produção Just in Time caracteriza-se por profundas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 alterações no conceito estrutural de uma linha de produção. A clássica divisão da fábrica por funções (tais como pintura, montagem, estamparia etc.) se vê substituída por células de manufatura, que são áreas de tamanho e formato variáveis. Essas células são diretamente relacionadas com o tipo de produto e maquinário requerido e podem até mesmo ser múltiplas, sendo dedicadas à fabricação de um produto ou família que tenham o mesmo processo de produção. Existe certo número de postos de trabalho, arranjados de tal forma que as pessoas fiquem muito próximas (formando uma equipe, um time de produção) e dispostos de tal modo a permitir que os produtos possam ser fabricados integralmente dentro desta célula, com um mínimo de movimentação de material. As pessoas que trabalham nessas células têm por característica a multifuncionalidade, ou seja, elas sabem executar mais de uma das operações, (o controle da qualidade e o autocontrole, por exemplo), formando assim uma equipe responsável pelo seu produto como um todo. Para que se chegue a este nível de requinte de produção, deve haver uma perenização das transferências e realocações de pessoas e uma política de pessoal adequada a este modelo. Ou seja, o enfoque de ser nas pessoas. Dotam-se as células de um sistema de informações, simples, mas eficiente, e preferencialmente gráfico para melhor visualização, que deve ser atualizado constantemente (de hora em hora, por exemplo) afim de informar com precisão os dados de sua produção e qualidade. Assim, obtém-se a função do placar a que o célebre autor Falconi defende na Qualidade Total, ampliando esse conceito aos demais indicadores da célula e reduzindo o horizonte temporal para demonstrar permanentemente a nova situação. Nas palavras do próprio Falconi (1992): Você está pensando em qualidade para melhorar seus resultados. Acompanhe esses resultados mensalmente através de gráficos, mostrando a todos. É necessário um placar para certificar-se de que você está ou não ganhando o jogo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 O próprio conceito de supervisor de produção ou supervisor de montagem, com a adoção desse modelo, acaba por desaparecer na sua forma tradicional. As células são autônomas (até certo ponto, claro) para poderem resolver os seus problemas. Desta forma, a supervisão passa a agir como instrutor e suporte, e não mais como o feitor autocrático, o típico cobrador de resultados. Kanban Kanban é um termo japonês, cuja tradução é “cartão” e representa uma das ferramentas do Just in Time. A sua criação é atribuída a Taiichi Ohno, vice- presidente da Toyota Motors. A empresa, a partir de 1961, passou a aplicar o método, pois acreditava na necessidade de melhorias contínuas, usando como base de raciocínio a tradição cultural dos antigos samurais, segundo a qual um guerreiro (neste caso, o gerente) nunca para de aperfeiçoar o seu estilo (a capacidade administrativa) e de polir a sua espada (neste caso, o produto ou processo). Segundo ele, o Kanban nasceu da necessidade de desenvolver um sistema de fabricação de automóveis de muitos tipos diferentes e em pequeno número na mesma linha de montagem. Aqui é necessário ressaltar que os tradicionais sistemas de organização da logística, tais como a programação, manual ou por sistema de processamento de dados tipo MRP, empurram os materiais. Ou seja, à medida que cada máquina, setor ou linha, terminava a ordem de serviço recebida, "empurrava" o material para o próximo posto, setor ou almoxarifado. No conceito Kanban, essa visão muda por completo. Não há a emissão de ordens de serviço predefinidas. Trata-se de um programa no qual cada um faz exatamente o que lhe foi pedido. Seja na quantidade ou prazo, o programa de fabricação de produtos finais estará assegurado, podendo ser cumprido. Há ordens de serviço com quantidades predefinidas que são "emitidas" pelo próprio usuário, que irá utilizar este determinado material toda vez que for CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 necessário. Temos assim o efeito de "puxar", o que na verdade nada mais é do que o princípio da reposição: toda vez que a minha disponibilidade abaixar, peço reposição para continuar o processo sem interrupções. O conceito de produção puxada tem o efeito de se nivelar e sincronizar a produção com fluxo unitário (o chamado one piece fIow) com uma minimização dos estoques em processo. Assim, passa-se a ser aplicado também para os fornecedores, obtendo uma redução dos estoques e de todo inventário da empresa de maneira surpreendente. À época de sua divulgação para o mundo ocidental (aproximadamente no fim da década de 1970 e início da década de 1980) as empresas americanas de produção repetitiva, como a indústria automobilística, giravam o seu estoque de dez a vinte vezes ao ano; enquanto as empresas japonesas apresentavam performances da ordem de cinquenta a cem giros por ano. Logo, o Kanban, como uma ferramenta do Just in Time, não poderia ter princípios divergentes desse, por isso incorpora conceitos da metodologia a partir da qual surgiu, além dos relacionados à gestão das pessoas e ao enfoque na qualidade. Uma gestão industrial com Kanban não pode dispensar um sistema de qualidade total que assegure ao "cliente interno” dos processos produtivos a qualidade dos produtos recebidos, sob pena de paralisar ou no mínimo comprometer a produção.É sempre bom lembrar: estamos com estoques minimizados! Não há material à mão para substituir o defeituoso. Podemos entender o sistema Kanban como um meio para controlar os estoques, que precisam de atenção, pois: Os recursos (financeiros) são escassos; A administração deve ser criativa para poder realizar muito com poucos recursos; Os recursos das empresas estão muitas vezes disponíveis como CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 investimento em capital de giro na forma de estoque; que é um investimento improdutivo, pois não agrega valor ao produto, não melhora a sua qualidade, nem faz com que os custos diminuam (pelo contrário!); Os estoques mascaram os problemas. Dada a sua existência, os problemas são contornados de maneira a não serem percebidos pela administração. Desta maneira, a concepção japonesa da Escola Toyotista enxerga os estoques como sendo uma perda, um desperdício que deve ser enfrentado e eliminado. Basicamente, existem três tipos de estoques nas empresas: Matérias-primas; Produto em processo; Produtos acabados. Para ter mais informações a respeito de método Kanban, acesse o material on-line e assista à videoaula do professor Rodrigo. Produção enxuta, Just in Time e Kanban, aplicados em conjunto em um sistema de produção industrial, resultam, portanto, nos seguintes atributos: Cumprimento de 100% do programa de produção (isto é, o atendimento à necessidade do cliente); Qualidade; Mão de obra comprometida com o melhoramento contínuo; Baixo investimento do capital; Gerenciamento não burocrático; Redução de problemas até a eliminação das perdas; Estabelecimento de metas a serem sistematicamente superadas; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Processo controlado pela produção. Aliás, é sob essa ótica que o processo se estabelece. Na produção puxada há uma inversão das coisas, pois pensa-se que o produto final vai "para trás", já que cada um "puxa" o que lhe é necessário para cumprir a sua etapa do processo produtivo. Há quem compare essa visão à do supermercado, onde cada um se abastece na exata quantidade daquilo que precisa, ampliando essa visão ao "dono" do supermercado, que irá repor exatamente aquilo que foi retirado. Para operacionalizar o Kanban, além dos conceitos já tratados, se torna necessário estabelecer containers (embalagens industriais padronizadas, nas quais teremos sempre as mesmas peças na mesma quantidade) e rotinas de fluxo para sua execução (definir quem é o cliente e quem é o seu respectivo fornecedor). Dessa maneira, pode-se dizer que cada caixa ou container possui um cartão (um Kanban), sendo que são emitidos tantos quantos forem necessários para assegurar o fluxo, tendo em vista a quantidade necessária face ao consumo e ao tempo de fabricação desses conjuntos. Quer um exemplo? Imagine que um componente, cuja embalagem é de cem peças, requeira, conforme pesquisa efetuada, quinhentas peças para assegurar o fluxo. Como agir nessa situação? Bom, poderão ser emitidos cinco Kanbans de cem peças cada, sendo um para cada embalagem, os quais ficarão em circulação entre o fornecedor interno (a fazer) e o cliente (material disponível). Toda vez que uma das embalagens for esvaziada, o cartão Kanban será entregue ao fornecedor interno daquele produto, que constitui uma ordem de serviço para esse fornecedor, autorizando-o a produzir aquele material na quantidade estabelecida no cartão. Percebe-se que as grandes quantidades (os lotes) foram eliminadas, e a redução do tempo de preparação (o chamado setup) é inevitável, pois do contrário o fornecedor terá de efetuar trocas de ferramentas em profusão. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Os cartões ficam em um movimento contínuo de vai e vem, sendo reutilizados, pois sempre que o fornecedor completar o que foi solicitado pelo cartão, irá colocá-lo de novo na embalagem padronizada, ficando à disposição do cliente (interno), que após o uso devolverá o mesmo, reiniciando o ciclo em questão. Para o funcionamento desse sistema, há algumas regras bastante simples, mas que devem ser cumpridas com disciplina. Conheça o regulamento básico do Kanban: Um cartão Kanban para cada recipiente (caixa, container etc.) de 1. materiais, que serão enviados somente com a certeza da sua qualidade. Não se deve enviar material com defeito. O processo subsequente retira apenas o que necessita "abrindo" assim 2. o cartão Kanban pertinente (sempre em termos de recipiente, é importante lembrar que não há fracionamento), observando-se que a disposição física e o local devem ser sempre os mesmos, seja dos containers ou dos Kanbans. Não é permitido produzir sem um cartão (só se produz na mesma 3. quantidade do que foi retirado). É importante sincronizar a produção, deixando disponíveis máquinas, 4. materiais e operários para que se possa atender os cartões "abertos". A não observação dessa regra gera uma retirada não uniforme, sobrecarregando o fornecedor e desestabilizando o conjunto. 5. O Kanban é um meio de uniformização, como se pretende em um 5. sistema desburocratizado e automático, devendo conter todas as informações necessárias para que os operários possam executar as suas atividades (a chamada ordem de serviço). Estabilizar e racionalizar o processo ajuda a consolidar e aperfeiçoar as 6. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 regras anteriores, o aspecto Kaizen de melhorias contínuas. Na prática, para visualizar esse modelo de autodirecionamento da produção, costuma-se colocar os Kanbans para fabricar (com containers vazios) em um painel com boa visibilidade, com três cores: verde, amarelo e vermelho. Definindo quantos Kanbans cada "cor" pode receber, o fornecedor tem a exata visão da situação de abastecimento de seu cliente. Enquanto estiver no verde é sinal que está abastecido, no amarelo o alerta de que irá terminar e no vermelho é sinal de que o cliente está desabastecido, requerendo providências urgentes, exigindo até mesmo suporte de outras áreas. Essa visualização representa outro fator característico do modelo oriental: fica visível se há problemas. Dessa forma todos, inclusive as chefias, tem condições de prestar a devida ajuda, não em termos de cobrança, mas de efetivo suporte ao setor, posto ou máquina. Não raro, pode-se encontrar também indicação luminosa (um sistema conhecido como Andon), que é acionada pelo próprio operador, indicando que precisa de auxílio, seja por problemas de qualidade, falta de material ou necessidade de manutenção corretiva no equipamento. Para mais informações a respeito do sistema Andon, clique no link a seguir e leia um artigo sobre o tema! http://www.ic.unicamp.br/~wainer/old/criwg/42.pdf Acesse o material on-line, assista à videoaula do professor Rodrigo e veja mais a respeito do regulamento do Kanban! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Revendo a Problematização Você se lembra do Oscar, nosso angustiado gestor industrial? Com base no que foi descrito a respeito de sua forma de administrar e considerando os conceitos de estratégias de produção trabalhados neste módulo, foi lançada a questão: o que você faria no lugar dele? Caso queira rever a história apresentada no início desses estudos, clique no vídeo. Em seguida, acesse o botão Alternativas e escolha a opção que acha mais adequada. a. Encerraria o negócio, já que se tornou inviável. b. Demitiria os funcionários e contrataria outros maiscompetentes. c. Adotaria um modelo de produção enxuta. Acesse o material on-line e confira o feedback de cada uma das alternativas! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Síntese Neste tema, você analisou as principais características da chamada Escola Toyotista de Produção, ou seja, o Sistema Toyota de Produção (Toyota Way). A partir dos estudos, foi possível entender a linha de pensamento original de seus criadores e o modo de funcionamento dos aspectos fundamentais desta filosofia de gestão, como o Modelo de Produção Enxuta (para combate aos desperdícios), o Just in Time e o Kanban. Buscou-se demonstrar aqui que uma gestão participativa das pessoas, em relação aos sistemas de produção, revela grandes possibilidades de melhoria. Afinal, nada está tão bom que não possa ser melhorado, mesmo que um pouco a cada vez, essa é a ideia! Dessa forma, o Modelo de Produção Enxuta e a maturidade cada vez maior do Sistema de Gestão da Qualidade da empresa devem andar juntos, pois um Just in Time puro implica altos riscos de parada de linha de produção por qualquer problema de qualidade no processo produtivo, já que não há estoques de “segurança”, neste caso. Para acompanhar a videoaula com a síntese feita pelo professor Rodrigo, acesse o material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Atividades O que significa “autonomação”? 1. a. É o mesmo que automação. b. É automação com um “toque humano”. c. É a automatização do ser humano. d. É a automatização (robotização) das linhas de produção. “O material certo, disponível na hora certa, no local certo, no exato 2. momento de sua utilização”. Como é conhecida esta filosofia de gestão industrial? a. Just in Case. b. Just in Time. c. Kaizen. d. Administração Científica. O que é Kaizen? 3. a. É uma palavra japonesa que significa “aprimoramento contínuo” e serve para designar os esforços sistemáticos de redução de desperdícios. b. Uma ferramenta usada para sincronizar a produção, a fim de deixar disponíveis máquinas, materiais e operários para que se possa atender os cartões "abertos". A não observação dessa regra gera uma retirada não uniforme, sobrecarregando o fornecedor e desestabilizando o conjunto. c. Uma ferramenta de combate ao desperdício. d. Uma ferramenta de sequenciamento e interação de processos. Qual a contribuição da produção puxada para o sistema de manufatura 4. enxuta? a. Permite um planejamento de demanda mais acurado. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 b. Dispensa trabalho de mapeamento de fluxo de valor. c. Facilita a realização de cronoanálise, técnica indispensável para a engenharia de processos. d. Garante que o processo fornecedor seja acionado para produção no momento e na quantidade estritamente determinados pelo cliente, evitando acúmulo de estoques. Qual o significado das cores no sistema de cartões (Kanban)? 5. a. Verde: muito material é necessário. Amarelo: pouco material é necessário. Vermelho: nenhum material é necessário. b. Verde: estratégia Toyota. Amarelo: estratégia Ford. Vermelho: Estratégia Volvo. c. Verde: abastecido. Amarelo: irá terminar em breve. Vermelho: desabastecido. d. Verde: siga. Amarelo: atenção. Vermelho: pare. Acesse o material on-line e confira o gabarito comentado das atividades! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Referências ANTUNES JR., J. A. V.; KLIEMANN NETO, F. J.; FENSTERSEIFER, J. E. Considerações críticas sobre a evolução das filosofias de administração da produção: do "just in case" ao "just in time". Revista Administração de Empresas, 1989. Vol. 29, n. 3, 49 - 64. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rae/v29n3/v29n3a05.pdf. Acesso em: 27 ago. 2014. DAVENPORT, T.; GLASER, J. Just-In-Time Delivery Comes to Knowledge Management. Harvard Business Review, 2002. R0207H. Disponível em: http://midwestkm.com/wp-content/uploads/2013/09/Just-in-Time-KM-Delivery- Healthcare-Davenport.pdf. Acesso em: 27 ago. 2014. DOHSE, K.; JÜRGENS, U.; MALSCH, T. From "Fordism" to "Toyotism": The Social Organization of the Labor Process in the Japanese Automobile Industry. Politics Society, 1985, 14 - 115. Disponível em: http://www.uk.sagepub.com/dicken6/Additional%20Resources%20for%20Intern ational%20Business/Online%20journal%20readings/dohse%20et%20al%20198 5.pdf. Acesso em: 27 ago. 2014. FALCONI. Vicente. TQC Controle da Qualidade Total. 4. ed. Rio de Janeiro: Bloch, 1992. GRONNING, T. The Emergence and Institutionalization of Toyotism: Subdivision and Integration of the Labour Force at the Toyota Motor Corporation from the 1950s to the 1970s. Economic and Industrial Democracy, 1997. Vol. 18, 423 - 455. HOLWEG, M. The genealogy of lean production. Journal of Operations Management 25, 2007. 420 – 437. Disponível em: http://profemiliani.net/blog/wp-content/uploads/2014/01/holweg.pdf. Acesso em: 27 ago. 2014. OHNO, Taiichi. O Sistema Toyota de Produção: Além da Produção em Larga Escala. Trad. Cristina Schumacher. Porto Alegre: Bookman, 1997. SILVA, A. M.; Baranauskas, C. C. The Andon System: Designing a CSCW Environment in a Lean Organization. Disponível em: http://www.ic.unicamp.br/~wainer/old/criwg/42.pdf. Acesso em: 27 ago. 2014. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Curso Engenharia de Produção Disciplina Técnicas Avançadas em Gestão da Produção (Six Sigma e Lean Production) Tema Mapeamento do Fluxo de Valor Professor Rodrigo Vinícius Sartori Coordenadora Luizete Aparecida Fabbris Tutor Rodrigo Vinícius Sartori Introdução Neste tema, vamos conhecer uma importante ferramenta prática adotada nos modelos enxutos de produção: o mapeamento do fluxo de valor. Você entenderá de que tipo de valor estamos tratando aqui, e como fazer para que, através dessa ferramenta, os processos sejam transformados, sempre visando sua otimização e melhoria contínua. Você perceberá que não há como dissociar um modelo de Lean Production ou Lean Manufacturing da aplicação sistêmica do mapa de valor e do plano de ação dele resultante. Por isso, sua capacitação nessa ferramenta é essencial. Todo processo produtivo pode ser melhorado, nem que seja em pequeno nível. A tendência dos processos revisados através do mapa de valor mostra que há um expressivo ganho de produtividade em relação ao estado anterior. Quer saber como ele funciona? Então vamos lá! Bons estudos! Acesse o material on-line e confira a videoaula introdutória do professor Rodrigo! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Problematização A seguir, o professor Rodrigo apresenta mais uma questão para que você analise. Agora, trata-se de um empreendedor que se vê com dificuldades de atender à demanda de um novo cliente. Acompanhe a história com atenção! Osmar é empreendedor e fundou sozinho uma pequena indústria mecânica, que servia a uma série de importantes clientes corporativos na sua região. A conquista de um novo cliente, uma importante indústria do segmento de telecomunicações, foi muito comemorada. Porém a expectativa do substancial aumento de receita foi ofuscada pelas primeiras reclamações deste novo cliente, que demandava um nível de qualidade na entrega que Osmar não tinha até então. Tudo estava mais apertado: preço, prazo e tolerâncias nas medidas das peças mecânicas que ele produzia. Ele, que sempre foi incentivado por consultorias anterioresa migrar para “mercados de mais valor agregado”, sentia na pele agora o que era essa nova realidade. Evidentemente, continuar com seu processo produtivo da forma como sempre trabalhou era insuficiente e ineficaz, e pensar na possibilidade de perder o novo cliente dava calafrios no empreendedor. Aumentar o nível de estoques de segurança, para tentar ter “pulmão” para o estilo do novo cliente, era totalmente fora de cogitação: simplesmente não tinha dinheiro para ficar imobilizado em estoques. Além disso, repassar novos custos produtivos (como o proporcionado pelo aumento de estoques e pelo salário extra de mais pessoas para inspecionar a qualidade das peças) para o preço de venda resultaria abrir mão da clientela já conquistada, responsável por mais de 80% da receita da empresa. Os tradicionais e menores clientes não suportariam pagar mais. E agora? Há solução “dentro de casa” para este dilema? O que você faria no lugar de Osmar? Não responda agora. Vamos voltar ao conteúdo teórico do nosso tema e, ao final, retomaremos a nossa história e apresentaremos as possibilidades CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 de solução para o problema. Neste tema, vamos trabalhar com o conceito de transformação enxuta, que é a aplicação do mapa de fluxo de valor em uma determinada situação real, visando identificar um modo melhor e muito mais produtivo de operar. O uso dessa ferramenta traz comprovada e expressiva redução das movimentações (seja de pessoas ou de material), do lead time produtivo e até mesmo da quantidade de pessoas envolvidas. É importante retomar que, logo após a Segunda Guerra Mundial, a indústria no Japão desenvolveu um conjunto de novos métodos e técnicas de manufatura que acabaram por alavancar sua competitividade em nível global: é nessa época que nasce a aplicação das técnicas da produção enxuta. No geral, considera-se que a ideia central da produção enxuta é: combate ao desperdício. Mas o que é desperdício? Basicamente, trata-se de qualquer tipo de atividade que absorve recursos, por um lado, e não cria valor, por outro. Taiichi Ohno (1912-1990), executivo da Toyota, classificava o desperdício em sete categorias distintas: Produtos que não atendem às reais necessidades do cliente; 1. Etapas de processamento que, em essência, são desnecessárias; 2. Erros que exigem retificação/correção; 3. Pessoas esperando ociosas em função de uma atividade anterior 4. (entrada) que não foi realizada no prazo programado; Produção de itens indesejados; 5. Aumento de mercadorias estocadas; 6. Movimentação de produtos e de pessoas, de um lugar para o outro, sem 7. um propósito claro definido. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Princípios enxutos Improdutividade por desperdício é um sério problema em qualquer sistema de produção. A boa notícia é que este é um mal para o qual há tratamento (e, aliás, um efetivo tratamento). Tudo começa com o modelo mental, a forma de pensar e raciocinar, o que muitos autores sintetizam como pensamento enxuto. Conheça, a seguir, os componentes dessa filosofia de gestão: Valor A produção enxuta sempre está orientada a eliminar as fontes do desperdício e criar valor. Sendo assim, o ponto de partida do pensamento enxuto é o valor, mas não limitado à esfera monetária. Isso porque o valor é um atributo que, por concepção, só pode ser definido pelo cliente. Trata-se daquilo que é “caro” para o cliente, em um amplo sentido de interpretação; daquilo que realmente importa para quem receberá o produto do processo em questão (dentro ou fora da empresa); e daquilo que atende às suas reais necessidades (declaradas ou não). Não observar a questão do valor revela-se fatal, pois aumenta sobremaneira o risco de fornecer eficientemente para o cliente algo que ele não deseja e/ou não precisa. Será que você sabe o que significa “valor” para o seu cliente, ou seja, o que ele espera de um produto ou serviço? Acesse o material on-line, assista à videoaula do professor Rodrigo e veja a análise que ele faz a respeito deste assunto. Cadeia de valor Ao se falar em cadeia de valor, visualiza-se o todo (visão holística). Em geral, o mapeamento da cadeia de valor sinaliza que podem ocorrer três tipos de atividades ao longo de sua extensão: Atividades que certamente criam valor; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Atividades que não criam valor (mas que são necessárias); Atividades que não criam valor e que também não são necessárias. Essas últimas disparam o “alarme”, condenando-as de imediato a serem sumariamente eliminadas no processo. Produção puxada Na produção puxada, um processo somente é acionado quando o processo imediatamente seguinte assim solicitar. Dessa forma, o que se procura é a construção de um processo que existe para fazer unicamente o que o próximo processo necessita e quando necessita. Em outras palavras, o cliente é quem “puxa” o produto. Puxa-se a produção e, assim, garante-se entrega de valor. Não procedendo dessa maneira, os processos que fornecem (fornecedores) tendem a fazer e entregar o que os clientes não precisam naquele momento. Com essa prática, incorre-se no excesso de produção, na acumulação de estoques, na produção empurrada e, invariavelmente, no desperdício. Fluxo de valor enxuto Uma vez que seja determinado e conhecido o valor com precisão, que esteja mapeada a cadeia de valor e instaurada a produção puxada, o que se torna necessário é fazer com que as atividades que criam valor fluam, de forma contínua e estável, por meio do chamado fluxo de valor enxuto (a situação de “normalidade” do processo). Em uma situação ideal, os produtos fluem sempre em um fluxo de valor enxuto, da matéria-prima ao produto acabado, sem ocorrências de movimentos inúteis, interrupções, lotes de produção e filas. Perfeição A partir do momento em que os princípios anteriores tornam-se realidade, o que se torna nítido a todos os envolvidos é que as oportunidades de redução de esforço, de erro, de espaço, de tempo e de custo são virtualmente infinitas. Isto torna possível à empresa oferecer, de fato, um CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 produto que se aproxima cada vez mais do que o cliente realmente quer. Seria isso uma utopia? Em um primeiro momento pode parecer completamente inatingível, contudo os ciclos de melhoria contínua mostram que, gradativamente, é possível encurtar a distância desse estado ideal de maneira surpreendente. Para ter mais informações a respeito do Sistema Puxado (ou Produção Puxada), acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Rodrigo! O mapeamento do fluxo de valor oferece a visão clara do que pode e deve ser feito para um melhor processo produtivo! Uma vez que se vivenciem os princípios enxutos descritos anteriormente, o principal objetivo da produção enxuta torna-se garantir o fluxo de valor enxuto da matéria-prima ao produto acabado (processo ponta a ponta ou porta a porta). Isso implica considerar o quadro mais amplo (abordagem estratégica) e não apenas os processos individuais isoladamente (abordagem tática). Essencialmente, o que se buscar melhorar é o todo, nunca as partes isoladamente. Para criar o fluxo de valor enxuto, a mais importante e pertinente técnica é o mapeamento do fluxo de valor. Essa ferramenta, considerada por muitos algo extremamente simples, foi desenvolvida e difundida mundialmente pelos pesquisadores Mike Rother e John Shook, por volta de 1998. Ela envolve o mapeamento do fluxo de materiale do fluxo de informação. Sendo assim, a falta de um desses dois mapeamentos já é condição suficiente para se declarar que não há mapa completo de valor, para determinado modelo de produção. O alerta é pertinente, pois se observa que muitas empresas, provavelmente por falta de esclarecimento, acabam por realizar somente o primeiro componente (mapeamento do fluxo de material), não obtendo condições suficientes para convergir a um modelo de produção realmente enxuto. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 A técnica de mapeamento do fluxo de valor pode ser objetivamente enunciada do seguinte modo: Seguir a trilha da produção de uma família de produtos de porta a porta do consumidor ao fornecedor. Desenhar o mapa do estado atual (as is) de seus fluxos de materiais e de informações. Elaborar o mapa do estado futuro/desejado (should be) analisando como o seu valor deveria fluir e tendo como base os fluxos alternativos melhorados de material e de informação. Por convenção, o fluxo de material é desenhado na parte de baixo dos mapas, sempre da esquerda para a direita. Assim, à medida que se acompanha o trajeto do fluxo de material de uma família de produtos, podem ser encontradas situações pontuais em que se evidencia acúmulo de estoque. É bem importante que esses pontos sejam desenhados no mapa da situação atual, pois eles vão mostrar claramente onde o fluxo está parando. Finalmente, o fluxo de informação é desenhado na parte superior dos mapas, sempre da direita para a esquerda. Dessa forma, fica claro como cada processo é informado sobre o que fazer e quando fazer para o seu processo cliente. Torna-se possível, então, a identificação dos movimentos de materiais que são simplesmente empurrados pelo produtor e não puxados pelo cliente! Para ter mais informações a respeito do fluxo de informações e sua importância dentro da organização, acesse o material on-line e assista à videoaula do professor Rodrigo! Na produção empurrada, os processos fornecedores tendem a produzir resultados (entregas) que os seus processos clientes não precisam naquele CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 momento. Tais entregas são invariavelmente empurradas para o estoque: é o chamado sistema de lote e empurra, que quase impossibilita o estabelecimento de um fluxo contínuo completo. Aqui ocorre uma situação crítica, pois criar e garantir um fluxo de valor enxuto é aspecto fundamental para se ter uma produção enxuta. A produção empurrada não converge para uma produção enxuta. Agindo com estratégia empurrada, cada processo acaba por ter a sua própria programação. Assim, opera-se como uma “ilha isolada”, que não se conecta ao processo seguinte. Cada um produz ao seu próprio ritmo, implicando lotes de tamanhos que só se justificam a partir de suas próprias perspectivas, mas nunca pela ótica do fluxo de valor enxuto. Para os criadores da técnica do mapeamento de valor, a dupla Rother e Shook, a aplicação do mapeamento do fluxo de valor precisa obedecer às etapas segundo essa lógica: Estabelecimento de uma família de produtos Família de produtos, por definição, é um grupo de produtos que passam por etapas semelhantes de processamento, utilizando equipamentos similares nesse processo produtivo. Desenho do estado atual e do futuro A segunda etapa envolve a ação de desenhar o estado atual (também conhecido por as is) e o estado futuro ou desejado (também conhecido por should be). Para isso, é necessária a coleta de informações no chão de fábrica, por meio de entrevistas e acompanhamento in loco das atividades reais, no momento em que elas ocorrem (sempre que possível, com uma amostragem significativa e não apenas de uma interação). A cronoanálise industrial (medição do tempo de execução das atividades) pode ser aplicável, conforme o caso. Você sabe o que é croanálise industrial? Assista à videoaula do professor Rodrigo e descubra! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 As setas entre esses dois estados (atual e futuro) tem duplo sentido: isso indica que o desenvolvimento de ambos são esforços superpostos. Na prática, as ideias sobre o estado futuro costumam se tornar evidentes durante a atividade de mapeamento do estado atual. Também cabe destacar que desenhar o estado futuro mostra, corriqueiramente, importantes informações (detalhes) sobre o estado atual que muitas vezes passam despercebidas na primeira tentativa de desenho. Implementação de medidas que levam o processo de um estado a outro Finalmente, como terceira e última etapa, deve-se elaborar o plano de implementação do estado futuro (to be). Esse é um documento que descreve, preferencialmente em uma única página ou tela (canvas), como implementar as medidas que garantem o atingimento do estado futuro. É necessário colocar o plano em prática o mais breve possível, considerando os riscos de variações no processo, decorrentes de longos períodos de desatualização. Dessa forma, assim que o estado futuro torna-se realidade, um novo mapa é desenhado (como as is). A razão para isso é considerar a melhoria contínua no nível do fluxo de valor. Assim, na prática, sempre deve haver um mapa do estado futuro ou desejado em implementação. Este é o espírito da melhoria contínua: um mapa do estado atual (as is) e todo o correspondente esforço para desenhá-lo se tornariam um desperdício em si, salvo que se garanta a utilização do novo mapa atual para rapidamente criar e implementar um mapa do próximo estado futuro. Observação: o processo se repete quanto for necessário, para graus cada vez maiores de eficácia (geração e entrega de valor ao cliente). Nada está tão bom que não possa ser melhorado, mesmo que pouco. Eliminar as causas essenciais de desperdício e agregar valor ao cliente é uma missão contínua. É por esse motivo que o desenho do estado futuro sempre CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 figura em destaque no diagrama de mapa de valor: ele é o norte permanente do trabalho, que virtualmente nunca se esgota! É importante apontar que muitas pessoas são envolvidas na implementação enxuta, trata-se de um trabalho genuinamente coletivo. Dessa forma, todos precisam entender o mapeamento do fluxo de valor, identificando seus conceitos, benefícios e a razão pela qual se aplica na empresa naquele momento. Contudo, é muito importante assumir que o mapeamento em si e a equipe de implementação do estado futuro requisitam a liderança de uma única pessoa. O líder tem a atribuição de enxergar além das fronteiras dos fluxos de valor de uma família de produtos, além de ser o responsável por fazer com que as coisas aconteçam. Ressalve-se, todavia, que mapear o fluxo de valor é somente uma técnica. A gestão como um todo, evidentemente, não pode se restringir a um único procedimento. Existe uma série de outras abordagens da qualidade que, juntas, e conforme os contextos adequados, promovem e principalmente sustentam a melhoria contínua. Como o mercado encara essas inovações no sistema de produção de forma geral? Acesse o material on-line, assista à videoaula do professor Rodrigo e entenda. Assim, para se chegar à condição desejada (o nível enxuto), não é suficiente mapear o fluxo de valor apenas. Tão importante que o mapa disponível (ou talvez até mais) é a implementação efetiva do fluxo de valor enxuto. Para os criadores da metodologia, atingir o fluxo de valor enxuto passa por fabricar os produtos em um fluxo contínuo completo, com lead time suficientemente curto para autorizara produção unicamente dos pedidos confirmados, e com o tempo de mudança (setup) zero entre os diferentes produtos. Para chegar a essa condição, na prática, é necessário ter vários mapas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 do estado futuro, mais enxutos e próximos do ideal possível, com o processo fornecedor fazendo somente o que o processo cliente necessita e quando necessita. Essa é uma estratégia de melhoria gradativa, mas firme. Para implementar o fluxo de valor enxuto, a produção enxuta procura, no mapa do estado futuro, conectar todos os processos, desde o cliente até a matéria-prima, em um fluxo contínuo completo, orientado a gerar o menor lead time, a maior qualidade e o menor custo. Vale aqui aquela máxima de que existem várias maneiras diferentes de se fazer a mesma coisa. Dessa forma, uma destas maneiras certamente é melhor que as demais, seja por melhor qualidade, por menor tempo, por menor custo, porque é ambientalmente mais adequada, socialmente mais segura, entre outros atributos. Por isso, identificar o objetivo do enxugamento é essencial. Se o que se preza é o custo, talvez se vá por uma alternativa, mas se o que se preza é a qualidade, ou outro atributo, é uma alternativa distinta (da que contribui para custo) que será escolhida. Porém, para que o mapa do estado futuro (should be) consiga de fato atingir o fluxo de valor enxuto, da matéria-prima ao produto final acabado, é essencial obedecer a algumas regras que são totalmente aderentes aos princípios enxutos já comentados. Veja quais são elas a seguir: Produzir em conformidade ao takt time Este atributo se calcula pela divisão do valor “tempo disponível de trabalho” pelo valor “volume da demanda do cliente”. Isso, na prática, se utiliza para sincronia do ritmo da produção com o ritmo das vendas, em especial no processo puxador. É, pois, um valor de referência, que informa a importante noção do ritmo em que cada processo deve estar produzindo para atender à demanda do cliente, sem que gere um excesso de produção. Desenvolver um fluxo contínuo onde for possível É necessário produzir uma unidade por vez, com cada item sendo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 encaminhado imediatamente de um estágio do processo para o posterior, sem nenhuma parada e, dessa forma, sem muitos outros desperdícios associados. Utilizar o conceito de “supermercados” para controle da produção onde o fluxo contínuo não se estende aos processos anteriores Com frequência, há determinados pontos no fluxo de valor onde o fluxo contínuo simplesmente não é possível, implicando assim a necessidade de fabricar em lotes (o que se desejou evitar a todo custo até então). Apenas nesses casos, é preciso instalar um sistema puxado com base no conceito de supermercados: nessa forma de gestão, o processo cliente vai ao supermercado e retira somente o que precisa e quando precisa, cabendo então ao processo fornecedor, consequentemente, produzir apenas para o estrito reabastecimento. Na prática, o responsável pela movimentação de material do processo cliente vai ao supermercado do processo fornecedor, retirando somente o que precisa e quando precisa. Essas retiradas disparam o movimento do Kanban (cartão) impresso, desde o supermercado até o fornecedor, onde então eles são utilizados como a única finalidade de produção para aquele processo específico. Seguir o critério de enviar a programação do cliente para somente um processo de produção (processo puxador) Com a utilização do sistema puxado com supermercado, usualmente é necessário programar somente um ponto no fluxo de valor porta a porta, denominado processo puxador. A razão do nome é que o controle da produção nesse processo dita o ritmo para todos os processos anteriores. As transferências de materiais, do processo puxador até os produtos, devem ocorrer em fluxo contínuo. No mapa do estado futuro (should be), tal processo é precisamente o ponto da produção controlado pelos pedidos (requisições) dos clientes externos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Nivelar o mix de produção Deve-se distribuir a produção de produtos distintos de maneira uniforme no decorrer do tempo no processo puxador. Assim, agrupam-se todos os produtos. Produzi-los todos de uma única vez dificulta o atendimento dos clientes que eventualmente requisitem algo diferente do lote que está sendo produzido, exigindo assim que se tenha mais produtos acabados em estoque, pela “precaução” de ter à disposição o que o cliente eventualmente solicite. Isso aumenta, portanto, o lead time para atender a um pedido. A existência de lotes de montagem também significa que os componentes manufaturados precisam ser consumidos em lotes, implicando aumento dos estoques em trânsito nos supermercados anteriores em todo o fluxo de valor. Assim, nivelar o mix significa distribuir a produção de diferentes produtos de modo uniforme durante um período de tempo. Por exemplo, ao invés de montar todos os produtos “tipo X” pela manhã e todos os produtos “tipo Y” pela tarde, nivelar significa alternar repetidamente lotes menores de “X” e “Y”. Portanto, quanto mais se nivela o mix no processo puxador, mais preparado se está para responder às diferentes requisições dos clientes com um lead time curto, ao mesmo tempo que se mantém um pequeno estoque de produtos acabados. O efeito colateral é que nivelar o mix da produção requer aumentar o número de trocas, o que implica mais sacrifício da montagem. Nivelar o volume de produção É importante dispor de uma puxada inicial com a liberação e retirada de um pequeno e uniforme incremento de trabalho no processo puxador. Trata-se de um bom começo liberar regularmente apenas uma pequena e adequada quantidade de trabalho no processo puxador, retirando a mesma quantidade de produtos acabados. Essa modalidade é chamada retirada compassada. O incremento de trabalho de pitch, calculado ao se multiplicar o valor do takt time pela CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 quantidade de transferência de produtos acabados no processo puxador, torna- se a unidade básica da programação da produção para uma família de produtos. Sendo assim, o nivelamento do mix e do volume são pré-requisitos da produção enxuta. Continuidade do processo Deve-se produzir todo dia nos processos anteriores ao processo puxador, sempre mediante a redução dos tempos de troca e produção de lotes menores nos processos anteriores. Esses processos serão adequados para resposta às mudanças posteriores mais rapidamente, demandando menos estoques nos supermercados. Um método para determinar os tamanhos de lotes iniciais nos processos de produção é considerar o tempo que se tem para ocupar-se das trocas, que é fornecido pela diferença entre o tempo disponível e o tempo necessário para atender a solicitações dos clientes. Mais uma vez, aumentar o número de trocas implica sacrifício da montagem. Finalmente, cabe lembrar que um plano eficaz, para implementação de medidas como o estado futuro do processo enxuto, sempre exige as boas práticas de se definir atributos críticos, como data, responsável e outras condições. Vale a pena considerar a ferramenta da qualidade 5Ws 2Hs para essa finalidade. Para entender a metodologia do 5Ws 2Hs, acesse o material on-line e assista à videoaula do professor Rodrigo! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Revendo a Problematização Você se lembra do Osmar, nosso preocupado dirigente industrial? Com base no que foi descritoa respeito de seu dilema entre trocar o certo (mas pouco lucrativo) pelo duvidoso (potencialmente muito mais lucrativo), e considerando os conceitos de mapeamento do fluxo de valor enxuto trabalhados neste módulo, foi lançada a seguinte questão: o que você faria no lugar dele? Escolha, a seguir, a alternativa que acha mais adequada. a. Abrir mão do cliente novo e ficar com os tradicionais. b. Abrir mão da clientela tradicional e focar 100% no novo cliente. c. Trabalhar com ambos, focando, porém, no modelamento enxuto da produção. Acesse o material on-line e confira o feedback de cada uma das alternativas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Síntese Neste tema, pudemos analisar as principais características da técnica de mapeamento de fluxo de valor, que é a principal ferramenta para o estabelecimento de um sistema Lean, ou seja, enxuto. A partir deste estudo, foi possível compreender como funcionam os principais componentes dessa técnica: o mapeamento de fluxo de materiais e o mapeamento de fluxo de informações. Analisamos também os benefícios e as dificuldades práticas de se implementar um sistema enxuto de produção. Dificuldades que, como visto, não são poucas, mas são solucionáveis, desde que a implementação do sistema de produção Lean seja conduzido seriamente como um projeto estratégico da empresa. Para finalizar, foi possível entender como o plano de implementação é vital para que seja possível a transferência do estado atual (as is) para o desejado ou futuro (should be). Acesse o material on-line, assista à videoaula do professor Rodrigo e veja uma síntese dos conteúdos trabalhados neste tema. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Atividades A produção enxuta (Lean Manufacturing) apresenta qual requisito 1. básico? a. Certificação ISO 9001. b. Assimilação de Princípios Enxutos. c. Auditoria Lean. d. Estoques inventariados anualmente. Atividades que certamente criam valor; que não criam valor (mas que 2. são necessárias) e que não criam valor e não são necessárias” formam juntas que elemento? a. Kanban. b. Cadeia de valor. c. Cadeia de atividades. d. Cadeia de suprimentos. Mapear o fluxo de valor envolve dois componentes, que são: 3. a. Mapeamento do fluxo de materiais e mapeamento do fluxo de informações. b. Mapeamento do fluxo de documentos e mapeamento do fluxo de indicadores. c. Mapeamento do fluxo de entradas e mapeamento do fluxo de saídas. d. Mapeamento do fluxo de insumos e mapeamento do fluxo de recursos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 O uso do sistema Kanban envolve uma técnica logística denominada: 4. a. ERP. b. MRP / MRP II. c. Auditoria. d. Supermercados. Quantos são os estados futuros que precisam ser alcançados até se 5. conseguir a certificação oficial ISO de produção enxuta? a. 1. b. 2. c. 3. d. A pergunta é equivocada, já que não existe tal certificação ISO para o sistema Lean. Acesse o material on-line e confira o gabarito comentado das questões! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Referências CORREIA, K. S. A.; ALMEIDA, D. A. A. Aplicação da Técnica de Mapeamento de Fluxo de Processo no Diagnóstico do Fluxo de Informações da Cadeia Cliente-Fornecedor. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP 2002. Disponível em: http://www.aprendersempre.org.br/arqs/GE%20B%20Aplica%E7ao%20da%20t ecnica%20de%20mapeamenbto%20de%20fluxo%20de%20processo....pdf. Acesso em: 2 set. 2014. CUA, K. O.; MCKONE, K. E.; Schroeder, R. G., 2001. Relationships between implementation of TQM, JIT, and TPM and manufacturing performance. Journal of Operations Management, n. 19, v. 2, p. 675-94. HAY, E. J. The Just in Time Breakthrough: Implementing the New Manufacturing Basics. New York: Wiley, 1998. MCKONE, K. E., SCHROEDER, R. G.; CUA, K. O. 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Processos podem e devem ser melhorados, através de uma abordagem científica, técnica, que leve ao alcance de resultados gradativamente superiores, seja em relação ao aumento das saídas desejáveis, como também em relação à diminuição de custos e outros aspectos indesejáveis. E isso é válido em sistemas produtivos de qualquer tipo de negócio, seja fabricante de bens, seja prestador de serviços, de qualquer porte ou ramo de atividade. Preparado para repensar e reestruturar o seu processo? Quer saber como é possível melhorar continuamente? Acompanhe então! Não deixe de acessar o material online. Lá você poderá assistir ao vídeo de introdução ao tema do professor Rodrigo. Problematização Jorge é um empresário bem-sucedido. Sua pequena indústria de equipamentos industriais está quase alcançando a primeira década no mercado, e nos últimos anos o crescimento do negócio vem acelerando. Há alguns anos, Jorge conhecia bem cada um de seus funcionários e chamava-os pelo nome, coisa que, atualmente, é muito difícil de se garantir, apesar do esforço em tentar acompanhar a realidade de cada função na sua empresa. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 A linha de produção, evidentemente, é a situação mais desafiadora, devido à “explosão” de contratações que havia ocorrido nos dois últimos anos. Embora o faturamento da empresa galgasse patamares cada vez maiores, ano após ano, nos últimos tempos esse crescimento de receita (algo que despertava um sentimento positivo) vinha acompanhado de uma incômoda percepção de que o controle sobre o processo já não era mais o mesmo. Enquanto alguns funcionários mais antigos produziam de modo razoavelmente uniforme, os novos colaboradores se mostravam muito instáveis na qualidade de sua produção: às vezes, acertavam de primeira e, em outras, faziam diversas vezes o mesmo trabalho para garantir a qualidade do produto. Isso quando os próprios clientes não sinalizavam a falta de qualidade. Jorge primeiramente pensou na falha da contratação da “nova geração”, quando precisou expandir sua linha de produção. No entanto, depois de múltiplas trocas de pessoal, o desempenho não evoluía a contento: cada vez mais, o empresário se convencia que o problema poderia não estar na qualidade do pessoal (a despeito dos mais velhos, que permaneciam mais confiáveis nas suas funções). À medida que a empresa crescia, problemas tão banais, mas também tão corriqueiros, dinamitavam a confiança do empresário no seu sistema produtivo. E pior que isso: sua ainda fiel clientela já não confiava no atualnível de qualidade da empresa. A forma de administrar que sempre deu certo, o tradicional “olho no olho” e o acompanhamento pessoal de cada função, agora parecia não mais surtir efeito, principalmente com o pessoal de menor tempo de casa. O que Jorge deveria fazer nesta situação? Não responda agora. Vamos voltar ao conteúdo teórico do nosso tema e, ao final, retomaremos a nossa história e apresentaremos as possibilidades de solução para o problema. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Técnicas de Melhorias de Processos É bem importante que os conceitos, termos e jargões que são usados no dia-a-dia nos sistemas de produção, sejam bem entendidos e bem fundamentados. Usualmente, algumas palavras são tão corriqueiras, que não é raro que sejam adotadas de forma equivocada ou distorcida. Processos x Projetos Algumas dessas palavras são “processos” e “projetos”, dois conceitos muito diferentes: Projeto é um trabalho finito: tem começo e fim bem definidos, levando sempre à entrega de um resultado (bem físico, serviço ou mesmo um processo), que tem uma vida útil geralmente bem maior que o tempo de execução do projeto. Podemos citar como exemplo o projeto de desenvolvimento e lançamento de um novo produto, como o “carro do ano” de um fabricante de automóveis. Processo é o serviço contínuo: a rotina, o trabalho que ocorre de forma permanente. Nesse caso, temos como exemplo os processos de contas a pagar e contas a receber, ou, remetendo ao exemplo do item anterior, o processo de produção do carro que foi projetado. Uma empresa, por assim dizer, é uma coleção de trabalhos desempenhados, tanto em forma de processos (contínuos) como em forma de projetos (pontuais). Ambos, processos e projetos, são meios que a empresa possui para alcançar seus objetivos organizacionais, ou seja, cumprir sua missão (papel presente) e se aproximar de sua visão (futuro desejado). Projeto não será o alvo desse tema. Cátedras à parte, disciplinas, e até mesmo cursos inteiros focados exclusivamente em Gestão de Projetos, se ocupam desse importante e estratégico tema empresarial. Entretanto, nosso papel aqui é, uma vez compreendidos os processos como parte da estratégia empresarial, realizar uma análise completa de como funcionam, de que modo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 podem ser planejados e controlados e, principalmente, quais são as técnicas aplicáveis para se obter melhorias de desempenho. Acesse o material online e assista à videoaula do professor Rodrigo. Nela, ele vai falar um pouco mais sobre a função da empresa. Objetivo e Meta Especialmente no mundo dos processos, dois outros termos são amplamente utilizados, e esses, mais que todos, provocam grandes confusões conceituais. Por isso, o esclarecimento é muito importante. Para você, objetivos e metas são a mesma coisa? Objetivo e meta são a mesma coisa, mas ao mesmo tempo são distintos. Confuso? Explicamos: objetivo e meta tem o mesmo significado quando considerado que ambos exprimem o resultado desejado, aquilo que se espera de um determinado processo (ou mesmo de um projeto). Por outro lado, são expressões distintas (de um mesmo desejo, de um mesmo resultado esperado), no sentido que objetivo é sempre determinado de forma qualitativa, e meta, sempre de forma quantitativa. De forma mais simples, meta é o objetivo quantificado, enquanto que objetivo é a meta qualificada. Ambos precisam coexistir para que um resultado planejado na gestão empresarial (ou na gestão de qualquer aspecto da vida) possa ser corretamente determinado. Quer entender mais sobre as diferenças entre objetivo e meta? Acesse o material online e assista à videoaula do professor Rodrigo. Cliente e Fornecedor Avancemos, pois, com os elementos essenciais da gestão de processos. Agora, é oportuno refletir a respeito da dualidade Cliente – Fornecedor. Nas atividades em que cada um de nós está envolvido, seja no trabalho, na escola, em casa ou fazendo qualquer outra coisa, existe sempre uma natureza dupla: às vezes fazemos algo como Clientes, ou seja, recebemos de alguém alguma coisa para fazer nosso trabalho; às vezes fazemos algo como Fornecedores, ou seja, entregamos para alguém aquilo que fizemos para que CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 essa pessoa possa fazer a sua atividade. Não raro, os dois papéis são assumidos simultaneamente: somos Clientes de alguns, ao mesmo tempo em que somos também Fornecedores de outros. Então, se Qualidade, no conceito, é garantir a satisfação do Cliente, ou seja, saber quais são suas necessidades e atendê-las plenamente, toda vez em que eu atuar como Fornecedor devo me esmerar na Qualidade do que forneço, pois, quando eu atuar como Cliente, também desejarei receber Qualidade. Nada mais sensato, não é? Quando nos referimos à expressão “Cliente” no gerenciamento de processos, é bom termos em mente que há dois tipos possíveis de clientela: Clientes Externos (o Cliente da própria Empresa a que pertencemos); Clientes Internos (todas aquelas pessoas que interagem nos processos produtivos e de apoio). Pense nisso: Cliente Interno é aquele na minha Empresa para quem entrego o resultado de meu trabalho! Sendo assim, em qualquer tipo de organização empresarial sempre existe o que se chama de Cadeia da Qualidade de Clientes e Fornecedores (internos e externos). Cada elemento na Cadeia da Qualidade (pessoas, setores, departamentos etc.) é sempre fornecedor do próximo processo e também Cliente do processo anterior. Uma Cadeia da Qualidade é algo particularmente sensível: é passível de ser quebrada em qualquer ponto por uma pessoa ou por um equipamento que não esteja atendendo aos requisitos do Cliente externo ou interno. Aí é importante alertar que essa falha, quando ocorre, geralmente se propaga até a fronteira entre a Organização e seus Clientes Externos. Adivinhem onde a “bomba” invariavelmente estoura? Exato, no Cliente Externo. Essa visão nos dá base suficiente para, deste ponto em diante, começarmos a desbravar os “segredos” da Gestão por Processos, visando aplicação de técnicas e ferramentas para a melhoria de desempenho. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Definindo Processo Mas, afinal de contas, o que é um Processo? Entenda Processo, essencialmente, como um conjunto de atividades sequenciadas para atender uma necessidade. Os processos permeiam as organizações. Todas as empresas, com suas mais complexas estruturas de hierarquias, organograma, departamentos, setores, filiais etc., só funcionam porque colocam em funcionamento os processos produtivos e administrativos, que fluem por tudo e por todos. Pare para pensar: todo produto ou serviço nasce de um processo. Inquestionavelmente, não existe um produto ou um serviço oferecido por uma Empresa que não seja resultante de um processo ou de uma soma de processos administrativos e produtivos. Sob essa ótica, então, vamos entender que uma Organização Empresarial ou um empreendimento qualquer é, enfim, uma coleção de processos que são executados. Entenda ainda Processo como um resultado de grande articulação de pessoas, instalações, equipamentos e outros recursos (tempo, dinheiro, recursos naturais etc.), para que uma sequência de atividades encadeadas leve a um resultado maior, global, desejado. Um processo sempre envolve três ações: introduzir (entrada); processar (transformar); enviar (saída). Essencialmente, Processo é por em marcha uma série de atividades que acrescentem Valor, para disporeste Valor ao Cliente. Um pacote desses de mercado, que embale tomates, queijo, presunto e massa, isoladamente, não interessa muito a quem está deseja apreciar uma boa pizza, quentinha, preparada com capricho e servida do jeito que foi encomendada pelo Cliente. Isso é Valor para esse consumidor! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 De um lado, afinal, há as Necessidades do Cliente, e há quem se ocupe de procurar identificá-las. De outro lado, há a entrega final, ou seja, as necessidades atendidas, ou que deveriam ser atendidas. Infelizmente, nem sempre um corresponde ao outro. Conflitos e choques ocorrem, mais precisamente nas fronteiras entre as funções e entre os departamentos. Isso acontece principalmente porque pessoas com funções diferentes são cobradas por metas distintas (individualmente). Embora a Empresa como um todo tenha sua grande orientação em atender ao Cliente Externo, é em meio à turbulência dos processos organizacionais internos que os problemas ocorrem: quando o interesse de um se choca contra o interesse de outro. O pessoal do Comercial sempre vai querer vender, obviamente: é para isso que estão lá, e é através disso que são medidos e avaliados na Empresa. Já a equipe da Produção vai se esmerar em produzir com todos os recursos que são necessários e que estão determinados em procedimentos operacionais, tais como montagem, teste e embalagem. Por sua vez, o Controle da Qualidade não vai liberar produtos que fujam da estrita conformidade aos padrões estabelecidos (é assim que se avalia quem tem um bom Controle da Qualidade), mas por outro lado, a produção não quer ser penalizada por atrasar o prazo de entrega. É uma briga, realmente! Agora, vamos admitir: dá para evitar isso? Sinceramente, não. Porém, com o gerenciamento adequado de processos, que é base da Gestão da Qualidade, dá para atenuar bastante essa “batalha organizacional”, ou seja, deixar os conflitos em níveis bastante administráveis. Itens de Controle e Itens de Verificação A essa altura, certamente já ficou evidente para todos que é impossível manter uma boa gestão na base do “cruzar os dedos” e esperar que o resultado final saia conforme o esperado. Para se garantir resultados finais e resultados intermediários, etapa a etapa de cada processo deve ser bem gerenciada. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 É por isso que poderosos instrumentos gerenciais foram criados para se garantir a adequabilidade das atividades ao longo de todos os processos organizacionais. Dessa forma, é importante que compreendamos o que são Itens de Controle e Itens de Verificação. Item de Controle é uma medida que permite controlar a qualidade de um produto (ou seja, o resultado de um processo qualquer). Aqui nos referimos à medida, logo, é um índice numérico estabelecido sobre os efeitos (as consequências) de cada processo para medir objetivamente sua qualidade. Itens de Controle existem para medir os resultados de um processo, permitindo, assim, que este processo seja gerenciado de fato, atuando na causa dos desvios. Um dos grandes gurus da Qualidade, Ishikawa, já dizia: “Quem não tem itens de controle, não gerencia”. Você é um gestor / gerente em sua Organização? Quais são seus itens de controle? Gaguejar ou demorar mais que alguns segundos para responder essa questão é um mau sinal, acredite. Item de Verificação, por sua vez, também é um índice numérico (medida), mas que é estabelecido sobre as causas que afetam determinado item de controle. Também é conhecido como “item de controle das causas”. Resumindo: controle se dá sobre o efeito (as consequências, o resultado do processo), enquanto que verificação (monitoramento) se dá sobre as causas (as razões de um determinado processo produzir bons ou maus resultados). Assista ao vídeo que está disponível no material online. Nele, o professor Rodrigo explica um pouco mais sobre itens de controle e itens de verificação. Vimos então que um Processo é um conjunto de causas (meios) com o objetivo de produzir um efeito (um produto) específico. Um dos grandes gurus da Administração, Juran, assim definia: “Processo é uma sistemática de ações voltadas para a consecução de um objetivo”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Não se administram produtos (bens ou serviços) – o que realmente dá para gerenciar é o processo que os constroem. É claro que não se pode focar em analisar o processo de trabalho apenas quando a reclamação, o defeito ou o problema ocorrem. Não se consegue, contudo, garantir “defeito zero” permanentemente – de fato, muitas melhorias só são postas em marcha diante de uma anomalia registrada. No entanto, o foco da Gestão não pode ser de corrigir problemas, uma vez que aconteçam, mas sim (e esta é a parte mais nobre da atividade administrativa) prevenir problemas, para que sequer ocorram a primeira vez! Subprocessos Vamos relativizar um pouco? Podem-se tomar vários processos compondo algo como um processo maior, ou, de outra forma, um processo pode ser decomposto em subprocessos, se isso facilitar o manuseio de itens de controle e de verificação. Insumos são as entradas providas pelos fornecedores, que são transformadas pelos processos / subprocessos. Observe que informações (tais como dados cadastrais) também podem ser insumos, conforme o processo. Recursos também são utilizados pelo processo, porém, como elementos nas atividades de transformação, não sendo consumidos pelo processo. É o caso de recursos humanos, infraestrutura etc. Produtos, nesse contexto, podem ser físicos (bens) ou mesmo serviços. São o resultado de um processo, com determinadas características (Qualidade, Custo, Entrega, Segurança etc.) que satisfazem as necessidades e desejos dos Clientes. Cliente, sob a ótica de Processos, é todo aquele que recebe o produto (resultado de um processo) e é afetado, direta ou indiretamente, por sua Qualidade. Pode ser interno ou externo à Organização. Finalmente, indicadores de desempenho são índices numéricos estabelecidos sobre os processos para controlar e medir sua Qualidade. Essencialmente, são itens de controle e itens de verificação. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Processos Críticos Vamos tratar agora de uma categoria especial de processos, denominados Processos Críticos. Toda empresa, como vimos, é uma coleção de processos, administrativos e produtivos. Sempre, invariavelmente, alguns desses processos são considerados críticos. E como identificá-los? Há três critérios: São aqueles que representam perigos sérios à vida humana, à saúde e ao meio ambiente; São aqueles que colocam em risco grandes quantidades de recursos; São aqueles cujos resultados geram maior impacto nos Clientes internos e externos. Se há processos críticos (e eles sempre existem), estes merecem toda a nossa atenção. Portanto, devem ser planejados com grande margem de segurança, e, sem dúvida, devem ser à prova de falhas. Vimos que processos podem ser relativizados, agrupados ou divididos em subprocessos, conforme a conveniência. Eis aqui uma grande utilidade para a abordagem de subprocessos poder melhor gerenciar os processos críticos! Se é crítico, por um ou mais motivos, é recomendável tratá-lo com um encadeamento de subprocessos; cada subprocesso com itens de controle e itens de verificação distintos. Verifique na sua empresa, no seu dia-a-dia: quais são seus processos críticos? Você os está controlando de modo realmente eficaz? Os resultados comprovam sua opinião? Pense nisso.CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Estabelecendo processos E já que se fala em melhor controlar processos, é necessário antes estabelecê-los adequadamente. Para isso, uma valiosa dica é, sempre que possível, fazê-lo graficamente. Quer começar a estabelecer um novo processo? Comece-o desenhando. Mais uma vez, a linguagem simbólica, visual, facilita bastante uma compreensão geral do quadro, para depois refinar detalhamentos necessários. Para isso, dispomos dos Fluxogramas: representações em forma gráfica e sequencial da realização das tarefas correspondentes a um processo. Business Process Model & Notation (BPMN) Nos dias atuais, a boa prática no que se refere a fluxogramas de processos é a adoção do padrão BPMN. A sigla BPMN vem do termo em inglês Business Process Model & Notation. Atualmente em sua versão 2.0, BPMN é uma notação criada para modelar processos de negócio a partir de um conjunto padronizado de elementos gráficos, que facilitam o entendimento pelos usuários. A imagem a seguir ilustra um exemplo simples de modelo, utilizando a notação BPMN, para um processo de manutenção de veículos. Observe que é recomendado sempre representar com uma piscina a visão do Cliente, para que se force a pensar o processo “de fora para dentro”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Para se aprofundar um pouco mais nos conhecimentos a respeito do BPMN, acesse o material online e assista ao vídeo que está disponível. Nesse exemplo, a opção foi por representar apenas as interações com o Cliente. Seria possível também, caso conveniente no contexto desejado, detalhar as atividades do Cliente. As imagens a seguir ilustram os principais elementos gráficos utilizados na notação BPMN. A especificação completa pode ser encontrada no site oficial: www.omg.org/bpmn CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Para entender mais sobre o mapeamento de processos, assista à videoaula que está disponível no seu material online. Revendo a Problematização Lembra de Jorge, nosso atormentado empresário que sente que está perdendo o controle do seu sistema produtivo à medida que a empresa vem crescendo? O que será que está sendo negligenciado nessa empresa, que pode se revelar a verdadeira causa das turbulências enfrentadas por processos que produzem, e entregam resultados muitas vezes indesejados? Isso ocorre principalmente com as atividades em que o pessoal com menos tempo de casa é envolvido. O que você recomendaria ao empresário? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 a. Treinar as pessoas de modo mais formal. b. Realizar um projeto de mapeamento de processos para identificar os gaps. c. Limitar o crescimento da empresa, não aceitando novos clientes. Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material on-line. Síntese Nesse módulo, analisamos as características essenciais de um processo, seja ele processo produtivo ou administrativo. Foi possível compreender os mecanismos que compõem um processo, que é muito mais que um mero ato de sequenciar atividades. Você agora sabe qual é a importante diferença entre objetivos e metas, e sabe como trabalhar com ambos para o estabelecimento adequado de processos. Vimos ainda que os processos são a estrutura que conforma a chamada Cadeia da Qualidade em qualquer tipo de negócio. Você agora está consciente da importância de se trabalhar sempre com itens de controle e itens de verificação como ferramentas essenciais para se controlar o desempenho dos processos. Nós vimos que alguns processos são críticos, entendemos o motivo disso e as melhores práticas para gerenciá-los. Finalmente, entendemos como funciona a técnica de mapeamento de processos, conhecendo ainda o sistema ou notação BPMN, que leva à estruturação de desenhos de processos, ou fluxogramas, realmente bem fundamentados. Que tal acessar o material online agora? Lá você poderá assistir à videoaula do professor Rodrigo e relembrar os conteúdos desse tema. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Atividades O que melhor descreve conceitualmente um processo? a. É uma atividade com início e fim determinados, ou seja, que não se repete, que produz um resultado de vida útil geralmente muito maior que o tempo de realização da própria atividade que o concebeu. b. É o serviço contínuo, constituído por um sequenciamento ordenado de atividades, executado repetidas vezes (incorporado, portanto, à rotina organizacional). c. É um fluxograma de atividades. d. É algo mensurável (quantitativo), associado a um objetivo (que é sempre qualitativo). Resultados desejados de um processo podem ser exprimidos em que termos? a. Insumos e Recursos. b. Objetivos e Metas. c. Itens de Controle e Itens de Verificação. d. Piscinas e Raias. O que é a Cadeia da Qualidade em uma empresa? a. Área de segregação de materiais com não-conformidades detectadas. b. Denominação do departamento da qualidade da organização. c. Processos mapeados por entrevistas e questionários. d. Nenhuma das anteriores. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Quando um processo pode ser considerado crítico? a. Quando há perigos sérios para a saúde, segurança e vida humana. b. Quando se coloca em risco grande quantidade de recursos. c. Quando há geração de resultados de grande impacto para Clientes internos e externos. d. Todas as anteriores. Como se representa um processo que possui subprocessos no fluxograma em notação BPMN?? a. Não se representa. b. Há a indicação de um sinal “x” dentro de um pequeno quadrado, na parte superior da caixa de atividade. c. Por piscinas. d. Há a indicação de um sinal de cruz ou “mais” dentro de um pequeno quadrado, na parte inferior da caixa de atividade. Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Referências CAMEIRA, R. F.; AFONSO, C. F.; VICENTE, L. S. S. Componentização de Processos: Estudo de caso em uma empresa de Tecnologia de Informação (TI). Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000. CHAMPY, J. Agenda 2020: Ideias em Processo. HSM Management 56, Maio - Junho 2006. GONÇALVES, J. E. L. As empresas são grandes coleções de processos. Revista RAE -Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v. 40, n.1, p- 19, jan./mar. 2000. HALL, G. et al. How to make reengineering really work. HBR, Nov. / Dec. 1993. KANTER, R. M. Frontiers of management. Cambridge: Harvard Business School Press, 1997. KEEN, P. G. The process edge: creating value where it counts. Boston: Harvard Business School Press, 1997. MORRIS, D., BRANDON, J. Reengenharia: reestruturando sua empresa. São Paulo: Makron, 1994. MOHRMAN, S. et al. Designing team-based organizations. San Francisco: Jossey-Bass, 1995. PIDD, M. Modelagem empresarial: ferramentas para tomadas de decisão. São Paulo: Bookman, 316p, 1998. RUMMLER, G., BRACHE, A. Improving performance. San Francisco: Jossey- Bass, 1990. TENDICK, J. Managing change or leading change... which way are you going to go? 1999. Disponível em: www.mattlorenz.com. VERNADAT, F., B. Enterprise Modeling and Integration: principles and applications. London, Chapman & Hall, 513p, 1996. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação CursoEngenharia de Produção Disciplina Técnicas Avançadas em Gestão da Produção (Six Sigma e Lean Production) Tema Técnicas de Melhorias de Processo (parte II) Professor Rodrigo Vinícius Sartori Coordenadora Luizete Aparecida Fabbris Tutor Rodrigo Vinícius Sartori Introdução Olá! Vamos dar continuidade à nossa disciplina. Eu, Rodrigo Sartori, lhe convido a conhecer mais uma série de ferramentas e conceitos práticos voltados a tornar os processos produtivos cada vez melhores. Lembre-se que processos podem e devem ser melhorados, por meio de uma abordagem científica, técnica, que leva ao alcance de resultados gradativamente superiores, seja em relação ao aumento das saídas desejáveis como também em relação à diminuição de custos e outros aspectos indesejáveis. E isso é válido – note bem – em sistemas produtivos de qualquer tipo de negócio, seja fabricante de bens, seja prestador de serviços, de qualquer porte ou ramo de atividade. Preparado para continuar a repensar e reestruturar o seu processo? Quer saber como é possível melhorar sempre? Acompanhe comigo então! Agora, acesse o seu material digital e confira o vídeo de introdução do professor Rodrigo! Problematização Fabrício recentemente foi promovido a gerente industrial, graças ao seu ótimo desempenho como líder de produção nos últimos anos, na fábrica de massas em que trabalha. Contudo, assim que assumiu a gerência, ele passou a enfrentar desafios que não imaginava que poderiam ficar sob a sua exclusiva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 responsabilidade... E um deles é determinar um plano de melhoria da qualidade, para que o processo produtivo possa alcançar níveis melhores de desempenho. Desde que trabalhava no antigo cargo, de líder de produção, Fabrício já estava bastante familiarizado em trabalhar com objetivos e metas, e sabia desenhar fluxogramas para melhor documentar as etapas da produção, além de conseguir identificar os processos críticos. Entretanto, agora que é cobrado por traçar um plano de melhorias, não sabe, sinceramente, por onde começar. Afinal de contas, os relatos de problemas são dos mais variados tipos e das mais distintas naturezas, e a sensação de querer resolver “todos os problemas do mundo” de uma vez só, por intuição, lhe parecia não muito adequada. Fabrício sabe que se perder o foco e for pouco efetivo em sua nova responsabilidade esse cargo de gerência pode ser ameaçado. Assim, em sua opinião, de que modo Fabrício pode começar a se organizar para promover um plano de melhoria do processo produtivo? Como tratar os diferentes problemas e reclamações que chegam até o seu conhecimento? Colocar em ordem alfabética? Colocar em ordem cronológica? Afinal de contas, quais são os critérios a adotar? O que você faria nessa situação? Não responda agora. Volte ao conteúdo teórico do nosso tema e, ao final, será retomada a nossa história com a apresentação das possibilidades de solução para o problema. Técnicas de Melhorias de Processo (parte II) Existem inúmeros métodos, técnicas e ferramentas para que os processos, sejam produtivos ou administrativos, possam ser melhorados. De início, trataremos sobre o conceito de normalização, também chamada normatização, que tem o mesmo significado. Normalização é uma maneira de organizar as atividades, pela criação e utilização de regras e normas, com o objetivo de contribuir para o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 desenvolvimento econômico e social – aqui se transcende às empresas, podemos falar desse benefício em nível de comunidades, nações e blocos econômicos mundiais. Tudo com base em empresas, e pessoas, sujeitas a regras e normas. Os benefícios da normalização são numerosos. Dentre eles, vamos citar como exemplo os seguintes: Especificação de matérias-primas; Padronização de componentes e equipamentos; Redução de variedades de produtos; Padronização de cálculos e projetos; Uniformidade do trabalho; Controle dos produtos e dos processos; Redução do desperdício; Segurança do pessoal e dos equipamentos; Racionalização do uso do tempo; Melhoria da qualidade de produtos e serviços; Aumento da produtividade. Não por acaso, existe uma organização internacional, muito famosa, voltada à elaboração de normas de abrangência internacional. Quem já não ouviu falar da ISO? Talvez muitos confundam documentação ISO com a entidade ISO, então vamos esclarecer. ISO é a sigla para International Organization for Standardization – ou Organização Internacional para Normalização. A troca de lugar entre o S e o O é meramente uma conveniência para tornar mais facilmente pronunciável a sigla. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 ISO é uma organização internacional não governamental, sem finalidade lucrativa, que elabora normas internacionais que representam os interesses de seus associados. Ela foi fundada em 1947, e a sua sede fica em Genebra, na Suíça. Fazem parte da ISO entidades de normalização de cerca de 90 países, representando mais de 95% da produção industrial do mundo! O Brasil é um dos países que participam da ISO, por meio da nossa ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Provavelmente, a mais famosa Norma ISO está relacionada ao tema “Qualidade” – a ISO 9000. Contudo, existem normas para os mais diversos temas, desde Gestão Ambiental até Responsabilidade Social, passando por Gerenciamento de Riscos, Padrões da Indústria Aeroespacial, apresentando também normas referentes à Agricultura, Construção Civil, Alimentação, Saúde, Óleo & Gás e muitos outros. A normalização acaba sendo um dos efeitos práticos da qualidade dos processos: uma vez estabelecidos e condensados os padrões e métodos, podem ser equalizados os resultados, permitindo comparações de desempenho. Seguindo com o nosso assunto, é importante conhecer a clássica ferramenta de identificação de causas dos problemas. Afinal de contas, um processo que não apresenta os resultados desejados é, para a gestão, um problema, uma não conformidade (ou seja, meta não atingida). Figura 1: Exemplo de diagrama de Ishikawa. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 A ferramenta apresentada na Figura 1 é a que possui mais nomes alternativos: diagrama dos “6 M”, ou diagrama de Ishikawa (em homenagem ao seu criador), ou diagrama espinha de peixe (em função de seu formato), ou, finalmente, diagrama de causa e efeito. Como sabemos, os efeitos positivos ou negativos são resultado de um conjunto de causas. Existem seis naturezas distintas para essas causas, que explicam as origens de todo bom ou mau produto ou serviço. Que tal compreender cada uma delas? Então, acesse o seu material digital e acompanhe a seguir o vídeo em que o professor Rodrigo trata desse assunto. Todo efeito, positivo ou negativo, é resultado, sempre, de um conjunto de causas. Portanto, ao se deparar com um problema, essa ferramenta de investigação promove uma visão de possíveis causas, das naturezas mais amplas possíveis. Ao considerar simultaneamente os “6 M”, evita-se ofuscar o raciocínio de investigação com análises superficiais e pouco fundamentadas. Aliás, você pode ver a seguir o motivo da denominação “6 M” para o conjunto das naturezas das possíveis causas: Método (daí, procedimento); Mão de obra (daí, pessoas); Máquina (daí, equipamentos); Medição (daí, informações do conjunto de medidas); Meio-ambiente (daí, condições ambientais); Matéria-prima (daí, insumos). Fluxograma é uma técnicabásica para a Gestão de Processos. O fluxograma é uma ferramenta visual – sendo complementado muito bem por outra técnica: o estabelecimento de procedimento operacional padrão, ou seja, a descrição analítica, detalhada, das etapas que compõem um processo. Ambos são necessários: enquanto o primeiro permite uma fluidez melhor na compreensão do todo do processo, o segundo entra em minúcias CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 necessárias de cada etapa, garantindo um padrão de qualidade bastante determinado. Por assim dizer, procedimento é a documentação do método e do padrão de trabalho. Se tivermos a disponibilidade do fluxograma e do procedimento operacional padrão, será que temos tudo o que é necessário para o processo entregar os resultados realmente desejados? Será que está tudo pronto para começar a monitorar o seu desempenho? No vídeo a seguir, disponível em seu material digital, você irá acompanhar uma rápida experiência prática e poderá saber se isso é possível. Indicadores de desempenho dos processos – eis aqui uma técnica fundamental para uma boa Gestão de Processos, visando à sua melhoria de desempenho. Tratamos, pois, da importância de se medir, e de se visualizar graficamente, aquilo que realmente importa nos processos sob nossa responsabilidade. Só se controla aquilo que se mede. Essa é a máxima por trás do conceito dos indicadores de desempenho. Seja para itens de controle ou itens de verificação, os indicadores trazem a conveniência da linguagem gráfica para comunicar desempenhos dos processos. Uma imagem vale mais que mil palavras, e isso não poderia ser mais verdade quando se refere a indicadores. Tempo é um recurso valioso (e escasso) em qualquer organização, e é o que se ganha quando a administração prioriza a comunicação com indicadores. Trata-se de uma rápida leitura de situações, de processos distintos, para ocupar-se o tempo mais com tomada de decisões que com interpretação de relatórios analíticos. Embora indicadores possam ser dos mais variados formatos, há algumas boas práticas, consagradas, listadas na sequência. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Figura 2: Exemplo de indicadores. Dê um título ao indicador. Como são quase sempre dezenas, ou mesmo centenas, de gráficos, dependendo do porte da empresa, as vantagens de se codificar o tema são óbvias, para melhorar a organização. Mostre, necessariamente, o planejado versus o realizado. É muito comum encontrar a convenção de que o planejado (meta) é representado com uma linha, e o realizado é representado por meio de colunas. Cuide com a escala dos valores, a fim de otimizar a área disponível para visualização. Não serve para nada, por exemplo, colocar um eixo vertical que varia de 0 a 100, se o maior valor é 5 – pelo contrário, só dificulta a visualização das informações importantes que se deseja comunicar. Da mesma forma, é conveniente cuidar para que o maior valor não extrapole a área útil do gráfico (aí uma situação contrária, colocar eixo variando de 0 a 20 e uma barra que indica resultado 45). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Um breve texto de explicação do conceito que se mede deve ser encorajado, pois a comunicação não ocorre apenas para gerentes, mas também para os próprios operadores que executam a rotina. Portanto, desmitificar termos estrangeiros, como turnover, ROI, chargeback, ou mesmo “erudições” em português, como absenteísmo, acuracidade e rotatividade, só ajuda a melhorar a comunicação organizacional. A comparação com períodos históricos, se possível no mesmo gráfico, facilita bastante a compreensão, simultaneamente, da evolução dos valores no período atual e nos anteriores. Citar a fonte sempre é recomendável, de forma que se possa rastrear/auditar informações prestadas. Se possível, até mesmo indicar o responsável pela atualização e a sua periodicidade. Por fim, uma seta que indique “melhor resultado” para cima ou para baixo, por mais redundante que aparentemente possa parecer, auxilia sobremaneira na leitura rápida de indicadores distintos por parte dos interessados. Usualmente, são vários indicadores que se utilizam para determinado processo, e alguns, como defeitos, por exemplo, quanto menor, melhor; outros, como nível de satisfação de clientes, quanto maior, melhor. Quando colocados lado a lado, a falta da seta de melhor resultado implica tempo a mais para o leitor separar conceitos distintos. Quando e por que medir o desempenho de um processo? No vídeo a seguir, disponível em seu material digital, o professor Rodrigo irá falar sobre os indicadores de desempenho. Confira! Agora, analise a figura a seguir para continuar acompanhando o raciocínio deste tema. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Figura 3: Exemplo de indicadores de desempenho. A figura anteriormente apresentada demonstra a principal diferença entre um indicador funcional e um interfuncional. Enquanto os indicadores de A a G focam em desempenhos de etapas intermediárias de um determinado processo (funcionais), os indicadores H, I e J avaliam o próprio processo como um todo, em relação à sua contribuição essencial para o negócio/empreendimento (interfuncionais). Os indicadores de desempenho têm uma importância vital no que é chamado de metodologia básica do gerenciamento: o PDCA. Trata-se da sigla para o inglês Plan, Do, Check, Act, que traduzimos para Planejar, Executar, Checar e Agir. Gerenciar é, essencialmente, girar o PDCA! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Figura 4: Ciclo PDCA. Você conhece as etapas do ciclo PDCA? Então, que tal assistir ao vídeo disponível em seu material digital para conhecê-las? Veja a seguir um exemplo de gráfico que será trabalhado na sequência: Figura 5: Exemplo de gráfico I. Na Figura 5, visualmente se constata: metas estão sendo atingidas, e a ação de decidir manter a meta e manter o método é realmente o melhor a se fazer. Já no caso da Figura 6, na segunda medição a meta não foi atingida. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Corrigir o método (aprimorá-lo), naquele momento, permitiu à terceira medição voltar a alcançar a conformidade... É então a ação requisitada: corretiva. Figura 6: Exemplo de gráfico II. Figura 7: Exemplo de gráfico III. Já a situação da Figura 7 é o que podemos chamar de “prever o futuro”: simplesmente enxergar uma tendência, para – a tempo – adotar uma ação preventiva antes que o problema (meta não atingida) possa acontecer. Ação requisitada é preventiva. Finalmente, a constatação de que, apesar de métodos mudarem, a meta sucessivamente não é atingida leva à ação de mudar, então, não o método, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 mas sim a própria meta, para um patamar desafiador, claro, mas primeiramente realizável! Figura 8: Exemplo de gráfico IV. Um processo pode ser melhorado, para começar, quando o ambiente físico em que ele ocorre é melhorado! Para essa finalidade, é que se aplica a ferramenta 5S, ou housekeeping, a fim de mudar para melhor os ambientes de trabalho, a partir da separação, ordenação, limpeza, higiene e autodisciplina. Você conhece o 5S? Sabe do que trata esse programa? Para saber mais sobre ele, assista ao vídeo disponível em seu material digital. Bom, para identificar a causa dos problemas, iniciamos falando do diagrama de Ishikawa (ou diagrama espinha de peixe). Existe ainda mais uma importante técnica que podeser usada em conjunto para a mesma finalidade: o método dos 5 Por Quês. Trata-se de mais uma técnica, simples e bastante eficaz, utilizada quando se deseja entender as causas fundamentais de um problema. Com ela, é possível estudar as anomalias de forma a se descobrir a sua principal causa. Consiste em perguntar-se o porquê da anomalia. Usualmente, por volta do quinto “por que”, provavelmente já se terá a causa mais importante. Acompanhe no caso ilustrado a seguir como se trata de uma técnica CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 realmente eficaz! “Caso do monumento do presidente Abraham Lincoln” Em dada época, foi percebido que o monumento de Abraham Lincoln estava se deteriorando mais rápido que qualquer outro monumento de Washington nos Estados Unidos. Então, uma investigação começou essencialmente perguntando diante do fato constatado: por que isso ocorre? E, rapidamente, conseguiu-se evidenciar que tal monumento era limpo com muito mais frequência que os demais. Limpar com mais frequência é, sim, já uma causa de desgastar rapidamente o monumento, mas por trás disso há alguma razão para se limpar aquele monumento de um modo diferente do que era feito nos demais! Sendo assim, é ineficaz simplesmente concluir que a ação corretiva necessária é ajustar a frequência da limpeza desse monumento. A investigação deveria prosseguir! E, para tanto, pergunta-se novamente: por que isso acontece? Uma observação aprofundada, com um novo foco, revelou um fato curioso: a limpeza ocorria mais frequentemente porque esse monumento apresentava mais dejetos de pássaros que os outros normalmente costumavam apresentar. E pergunta-se novamente: por que isso ocorre? Não foi difícil verificar: porque há mais pássaros em torno desse monumento que em outros. E por que isso ocorre? Apenas tendo em mente o efeito “maior número de pássaros” que se identificou, para a surpresa geral ali havia mais insetos! Insetos são a comida natural e preferida dos pássaros. E por que isso ocorre? Porque a lâmpada que ilumina esse monumento é diferente das outras e, portanto, atrai mais insetos! Solução: trocar a lâmpada. E não o monumento! Invariavelmente, quando se coloca em marcha uma investigação eficaz das causas essenciais de um problema, a ação corretiva (aquela que realmente ataca a causa essencial da anomalia) custa muito menos que a ação CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 de tratamento do efeito (do problema). Vamos ver agora outra poderosa ferramenta para melhoria de processos: o diagrama de Pareto. Figura 9: Exemplo de diagrama de Pareto. Sua aplicação é, primeiro, mostrar por ordem de importância a contribuição de cada item para o efeito total. Depois, classificar oportunidades para a melhoria. O nome remonta ao princípio de Pareto, também conhecido como “princípio 80/20”: indica que, para muitos fenômenos, aproximadamente 80% das consequências advêm de 20% das causas – portanto, aproximadamente 20% das consequências advêm dos demais 80% de causas! A “lei” foi defendida por um dos grandes “gurus” da qualidade, Joseph Juran, que deu o nome em honra ao economista italiano Vilfredo Pareto. O diagrama de Pareto mostra, em ordem decrescente, a contribuição relativa a cada item sobre o efeito total. A contribuição relativa pode ser baseada no número de ocorrências, no custo associado a cada item, ou em outras medidas de impacto sobre o efeito total. São usados blocos (colunas) para mostrar a contribuição relativa de cada item. Uma linha de frequência cumulativa é usada para mostrar a contribuição acumulada dos itens. Assim, com o diagrama de Pareto, a partir CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 de uma série de problemas/aspectos conhecidos, consegue-se distinguir com muita clareza os problemas “poucos e vitais” dos “muitos e triviais” – e essa é a principal finalidade da ferramenta! A técnica benchmark, ou benchmarking, consiste em identificar as oportunidades para a melhoria dos processos, baseada em necessidades de clientes e no desempenho de competidores e não competidores. É o “olhar para fora”: qual é a realidade de mercado? O que é factível? Essa comparação com os outros ajuda a estabelecer metas desafiadoras, mas realistas. E a técnica 5W2H? Figura 10: 5W2H. Ela ajuda a garantir, na prática, que os planos de ação realmente sejam isentos de falhas de comunicação, por servir como um check-list para que se dificulte ao máximo o esquecimento de alguma informação realmente essencial. Outra ferramenta de melhoria de processos muito usual é a Matriz GUT – sigla para gravidade, urgência e tendência. Ela é utilizada para que se possa priorizar problemas a serem tratados, pois, afinal, quando acontecem são geralmente em grande número e de naturezas bem distintas! Embora já tenhamos visto que o diagrama de Pareto é uma ferramenta essencial para fins de decisão sobre prioridade, seu critério se baseia unicamente em número de ocorrências – muitas vezes, é o melhor critério, mas, dependendo do caso, outros fatores, como o GUT, podem ser preponderantes. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Figura 11: Exemplo de matriz GUT. Gravidade: impacto do problema sobre operações e pessoas da empresa. Efeitos que surgirão em longo prazo em caso de não resolução. Urgência: o tempo disponível ou necessário para resolver o problema. Tendência: potencial de crescimento (piora!) do problema. É necessário que cada problema a ser analisado receba uma nota de 1 a 5 em cada uma das características: gravidade, urgência e tendência. Outras medidas de valores podem ser adotadas, mas geralmente a proposta sugerida é bastante suficiente. Finalmente, como uma síntese de todas as técnicas já vistas, vamos entender o MASP – método de análise e solução de problemas. Trata-se de uma diretriz geral de como se portar ao se deparar com um problema, até sua solução efetiva, sabendo utilizar, em cada momento, em cada etapa, as técnicas de melhorias de processo (ou ferramentas da qualidade) mais adequadas! Lembrando: problema significa meta não atingida ou resultado indesejável de um item de controle! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Figura 12: Exemplo de processo MASP. Figura 13: Exemplo de processo MASP. Em resumo: Identificação do problema – é a etapa mais importante. Um problema bem identificado já está 50% resolvido! Observação – é a etapa em que se coletam as informações necessárias para a formulação de hipóteses a serem testadas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Análise – é a validação dos dados, a interpretação do que eles significam e a formulação das hipóteses, que serão representadas por planos de ação. Ação – é a colocação em prática dos planos de ação, compreendendo a nova coleta de dados e novas observações para realização do controle dos resultados. Verificação – é a comparação dos resultados obtidos com as metas estabelecidas. Padronização – é a transformação dos procedimentos que levaram aos resultados satisfatórios em processos padronizados, isto é, que passam a fazer parte da rotina! Conclusão – é a revisão do processo e o recomeço, estabelecendo novos desafios, para que a melhoria seja contínua. Etapa 1 – Identificação do problema Um problema é o resultado indesejado de um trabalho. Qual a frequência do problema? Como ocorre? O que se está perdendo (custos da qualidade)? O que é possível ganhar? A análise de Paretopermite priorizar temas e estabelecer metas numéricas viáveis. A matriz GUT permite refinar os critérios de criticidade. Não se deve procurar causas nessa etapa, apenas resultados indesejáveis! Deve- se nomear a pessoa ou equipe responsável, assim como o seu líder. Sempre é importante estabelecer uma data-limite para se ter o problema solucionado. Etapa 2 – Observação É a investigação e a descoberta das características do problema, por meio da coleta de dados e de observação no local. Deve-se fazer cronograma físico e financeiro (orçamento de metas). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Etapa 3 – Análise É nesse ponto que ocorre a formação do grupo de trabalho. Sempre é muito importante envolver todas as pessoas que possam contribuir para a identificação das causas (diagrama de causa e efeito). Isso envolve equipes multidisciplinares, representantes de várias áreas distintas, cada qual com o seu grau de percepção do problema. As reuniões devem ser participativas (brainstorming/brainwriting/5 Por Quês). Efetuar a escolha das causas mais prováveis (diagrama de causa e efeito)! Etapa 4 – Plano de ação É a hora da elaboração da estratégia de ação! É o momento de certificar-se de que as ações serão tomadas sobre as causas fundamentais e não sobre os seus efeitos. Proponha soluções diferentes, analise a eficácia e o custo de cada uma e escolha a mais adequada. É necessária a elaboração do plano de ação de bloqueio, a revisão do cronograma e o orçamento final (5W2H). Etapa 5 – Ação Chegou o momento de arregaçar as mangas e colocar em prática as ações planejadas! Foco total em bloquear as causas originais do problema, por meio de treinamento (primeiramente!) e execução da ação! É a hora de certificar-se sobre quais ações necessitam da ativa cooperação de todos. Deve-se apresentar claramente as tarefas e a razão delas, e verificar se todos entenderam e concordaram com as medidas propostas. Todas as ações e os resultados (bons ou ruins) devem ser registrados com a data em que foram tomados. Não permitir o mesmo engano ou erro! Não tropeçar na mesma pedra! É necessário tomar ação corretiva de bloqueio, para que o mesmo problema não ocorra outra vez pela mesma causa! Etapa 6 – Verificação Aqui, deve-se avaliar os resultados. Nesse momento, deve-se comparar CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 os dados obtidos antes e depois de implantada a ação de bloqueio. Quando os efeitos indesejáveis continuam a ocorrer, mesmo depois de executada a ação de bloqueio, significa que a solução apresentada foi falha! Etapa 7 – Padronização É o momento crucial de um plano de melhoria: a elaboração ou alteração do padrão. É o ponto em que se deve esclarecer no procedimento operacional “o que”, “quem”, “quando”, “onde”, “como” e principalmente “por que”, para as atividades que efetivamente devem ser incluídas ou alteradas nos padrões já existentes. Os padrões devem ser comunicados a todas as equipes envolvidas e deve-se garantir que sejam transmitidos a todos os envolvidos. Os colaboradores devem estar aptos a executar o procedimento operacional padrão – treinamento! Deve haver acompanhamento da utilização do padrão – e isso também pode ser considerado parte de treinamento estendido. Deve-se evitar que o problema resolvido reapareça em razão da degeneração no cumprimento dos padrões, estabelecendo um sistema de verificação periódica. Etapa 8 – Conclusão Finalmente, nesse momento deve-se efetuar a relação dos problemas remanescentes e planejar o ataque a eles – novos ciclos do MASP/PDCA! Deve-se mostrar os resultados acima do esperado, pois são indicadores importantes para aumentar a eficácia dos futuros trabalhos, além de garantir o comprometimento geral do pessoal envolvido e de sua motivação contínua em procurar melhorar sempre, combatendo a tolerância a “pequenos problemas”. É necessário também analisar as etapas executadas no MASP, como cronograma, elaboração do diagrama de causa e efeito, participação dos membros, sucesso/efetividade das reuniões, distribuição de tarefas, ganho de conhecimento e melhoria da técnica de solução de problemas. O método de análise e solução de problemas (MASP) é a aplicação do PDCA na execução do controle da qualidade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Enfim, melhorar processos consiste em planejar, manter e melhorar constantemente a qualidade. O MASP tem o mérito de evitar a tomada de decisões de forma intuitiva e imediatista, pois se baseia em fatos e dados. “A qualidade não pode acontecer por acidente, ela deve ser planejada!”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Revendo a Problematização Com base nesse segundo conjunto de técnicas de melhoria da qualidade dos processos, visto neste módulo, o que você recomenda para Fabrício, o gerente industrial recém-promovido que não sabe por onde começar a atacar os problemas que é cobrado a resolver? Se você fosse um consultor especializado, contratado por Fabrício, para lhe recomendar algum direcionamento, qual seria o seu posicionamento? a. Começar usando o diagrama de causa e efeito e método dos 5 por quês. b. Começar usando o diagrama de Pareto. c. Começar usando o 5W2H. Acesse o seu material digital e confira o feedback de cada uma das alternativas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Síntese Neste módulo, você analisou as principais técnicas complementares, que são adotadas visando promover a melhoria dos processos, sejam eles produtivos ou mesmo administrativos. Tal melhoria é gradativa, por isso se recorre tão frequentemente à expressão “melhoria contínua”. Nada está tão bom que não possa ser melhorado, um pouco que seja – esse é o espírito, essa é a mentalidade. As diferentes técnicas de melhorias de processo são usadas em conjunto, porém cada qual possui um momento adequado para a sua utilização, como vimos na descrição do MASP – o método de análise e solução de problemas. Melhorar continuamente os processos é a palavra de ordem em qualquer sistema produtivo, afinal de contas, há uma relação direta com a produtividade e a competitividade do negócio. Processos melhorados tendem a ter seus custos cada vez mais enxutos, ao mesmo tempo em que podem realizar entregas cada vez mais eficazes. Isso aumenta a produtividade – e você sabe, agora, que ser competitivo, diante da concorrência, é ter um maior nível de produtividade. Por isso, cabe sempre procurar o próximo degrau, o próximo desafio, na busca pela melhoria contínua dos processos pelos quais somos responsáveis. É isso! Vejo você no próximo módulo. Até lá! Agora, acesse o material digital, assista ao vídeo com o professor Rodrigo e acompanhe uma síntese dos conteúdos trabalhados neste tema. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Atividades Qual técnica é utilizada para estabelecer planos de ação bem 1. estruturados? a. Matriz GUT. b. 5W2H. c. Método dos 5 por quês. d. Gráfico de dispersão. Qual técnica é utilizada para investigar as causas fundamentais de uma 2. ocorrência, como um problema/defeito/não conformidade? a. Gráfico de dispersão. b. 5W2H. c. Diagrama de Ishikawa (ou espinha de peixe). d. Matriz GUT. Qual técnica é utilizada para investigar o nexo entre duas variáveis? 3. a. Matriz GUT. b. 5W2H. c. Diagrama de Ishikawa (ou espinha de peixe). d. Nenhuma das anteriores. Qual técnica é utilizada para promover a melhoriada qualidade do 4. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 ambiente em que o processo é exercido? a. Matriz GUT. b. 5W2H. c. Gráfico de dispersão. d. 5S. Qual técnica é utilizada para buscar referências ou parâmetros para o 5. estabelecimento de metas? a. Brainstorming. b. Benchmarking. c. Brainwriting. d. MASP. Acesse o seu material digital e confira o gabarito comentado das questões! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 Referências CAMPOS, V. F. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia a dia. São Paulo: INDG, 2002. _____. Gerenciamento pelas diretrizes. São Paulo: INDG, 2004. _____. Qualidade total – Padronização de empresas. São Paulo: INDG, 2004. _____. TQC – Controle da qualidade total no estilo japonês. São Paulo: INDG, 2004. DRUCKER, P. F. Gestão management. São Paulo: Agir, 2010. OULD, M. A. Business process management: a rigorous approach. Tampa: Meghan-Kiffer Press, 2010. GONÇALVES, J. E. L. Processo, que processo? Organização, recursos humanos e planejamento. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 40, n. 4, p. 8-19, out./dez. 2000. Disponível em: <http://www.portaldeconhecimentos.org.br/index.php/eng/content/download/115 96/113950/file/ref8._processo_que_processo_pdf.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2014. MARTINS, R. A.; COSTA NETO, P. L. O. Indicadores de desempenho para gestão pela qualidade total: uma proposta de sistematização. Gestão & Produção, v. 5, n. 3, p. 298-311, dez. 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/gp/v5n3/a10v5n3.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2014. SOUZA, V. L. Gestão de desempenho. São Paulo: FGV, 2006. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Curso Engenharia de Produção Disciplina Técnicas Avançadas em Gestão da Produção (Six Sigma e Lean Production) Tema Six Sigma (parte I) Professor Rodrigo Vinícius Sartori Coordenadora Luizete Aparecida Fabbris Tutor Rodrigo Vinícius Sartori Introdução Olá! Vamos dar continuidade à disciplina Técnicas Avançadas em Gestão da Produção (Six Sigma e Lean Production). Eu, Rodrigo Sartori, lhe convido a conhecer agora a mundialmente consagrada metodologia Six Sigma, ou Seis Sigma. Essa metodologia de gestão, criada pela Motorola, visa alcançar níveis de defeitos na ordem de ppm (ou partes por milhão), e não na ordem de percentual – isso, tanto em peças fabricadas ou mesmo em serviços prestados. Trata-se de uma importante abordagem técnica de gestão para potencializar a melhoria de desempenho de organizações empresariais, sem restrições quanto ao segmento de mercado: indústria, comércio e serviços podem usufruir dos ganhos competitivos proporcionados pelo Seis Sigma. Então, acompanhe comigo! Agora, acesse o seu material digital e confira o vídeo em que o professor Rodrigo faz a introdução ao assunto trabalhado hoje. Problematização Marcos era um experiente gerente industrial, que tinha conseguido, recentemente, uma oferta de trabalho com salário bem melhor, em outra companhia de sua cidade. Já nos primeiros dias em seu novo desafio profissional, Marcos percebeu algumas boas diferenças entre o ritmo de produção da atual e da CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 antiga empresa: as peças eram produzidas em lotes de dezenas de milhares de unidades, ao contrário da produção de 300 a 500 peças a que estava habituado até então. A qualidade da linha de produção, aparentemente, era de um patamar bem superior: Marcos estava acostumado a tratar com taxas de rejeição e de defeito da ordem de 3% a 5%. Já na atual empresa era muitas vezes difícil tratar as informações com tantos zeros depois da vírgula: os relatórios traziam valores como 0,005%, 0,02%, 0,009%... Mesmo assim, ele ficou surpreso quando a diretoria determinou que apresentasse um plano diretor de melhorias de fabricação para aumentar o nível de qualidade de produto! Ora, por que razão não se admitia como suficiente o patamar atual de defeitos, tão próximo de zero? Foi aí que o gerente se deu conta de que o volume de peças rejeitadas, nesses patamares tão próximos de zero, eram da ordem de dezenas ou mesmo de centenas, em alguns casos... O que era suficiente para gerar algumas situações constrangedoras junto aos clientes, pois tais componentes eram utilizados em sistemas de suporte à vida, em produtos hospitalares, e uma única peça defeituosa poderia representar, na prática, a perda de uma vida. Mas que situação, hein?! Como Marcos poderá trabalhar em um plano de melhoria no nível de criticidade que é exigido? Como não se perder com tantos zeros depois da vírgula? Afinal, errar uma leitura de 0,0001, tomando por 0,00001, significa distorcer em 10 vezes o valor correto... O que você faria em uma situação dessas? Não responda agora. Volte ao conteúdo teórico deste tema e, ao final, será retomada a nossa história com a apresentação das possibilidades de solução para o problema apresentado. Uma breve introdução ao Six Sigma Sigma é uma letra grega. Quando minúscula, é representada pelo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 símbolo σ, e quando maiúscula é representada pelo símbolo Σ. Na sua aplicação em Estatística, como σ, representa a unidade de medição que define o desvio-padrão de uma população. Mede, assim, o atributo de variabilidade ou distribuição dos dados. A metodologia 6σ (Seis Sigma em português, ou Six Sigma em inglês), portanto, é essencialmente uma ferramenta de abordagem estatística, aplicada a sistemas produtivos. O 6σ foi criado em 1986 por Bill Smith, um experiente executivo na área de controle da qualidade que trabalhou como vice-presidente da Motorola. A empresa utilizou essa ferramenta para mensurar defeitos de seus produtos e sugerir melhorias na sua qualidade, ou seja, uma metodologia para reduzir a escala de defeitos. Na época, a Motorola estava perdendo participação no mercado, e uma força-tarefa foi designada para encontrar o motivo, uma vez que, mesmo após testar várias ferramentas e técnicas já utilizadas por outras empresas, ainda assim não conseguia ser verdadeiramente competitiva. Contudo, depois de várias medições, conseguiu-se constatar que aspectos como desperdício de estoque, material, tempo e erros em geral estavam acarretando custos altíssimos. Diante desse cenário, Bill Smith propôs a abordagem estatística que ficou conhecida como Seis Sigma. O seu sucesso foi inquestionável, e, a partir de então, o Seis Sigma tornava-se uma marca registrada de serviço da Motorola, empresa que reportou mais de 17 bilhões de dólares em economias com a aplicação dessa metodologia. Você sabe de onde surgiu o Seis Sigma? Para saber mais sobre o seu surgimento assista ao vídeo a seguir, disponível em seu material digital, com o professor Rodrigo. Com esse sucesso, o Seis Sigma extrapolou a própria Motorola e, desde então, vem sendo utilizado estrategicamente em várias outras organizações, tais como General Electric, Ford, Caterpillar, Microsoft, Raytheon, Siemens, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Citibank, Hospital Batista da Carolina do Norte e Cigna Dental Seguradora, apenas para citar algumas. Relata-se que até mesmo nas obras de manutenção e ampliação do Eurotúnel, no Canal da Mancha (entre França e Inglaterra), a utilização dessa metodologia tem dado resultados positivos para a equipe de projetos, ou seja, reduziu as horas de trabalho em escavações. A metodologia Seis Sigmaé utilizada, fundamentalmente, para mudanças estratégicas. É uma abordagem organizacional, com forte ferramental estatístico, orientada para: a excelência de desempenho; a busca incessante da perfeição para atender às necessidades dos clientes; a tomada de decisão motivada por dados e fatos; o melhoramento dos processos; o rigoroso alinhamento das ações com as estratégias; e a medição do impacto final. Afinal, você sabe como funciona o modelo mental do Seis Sigma? Que tal saber mais sobre ele então? Para tanto, assista ao vídeo que está disponível em seu material digital com o professor Rodrigo. O Seis Sigma apresenta um diferencial com relação à criação de uma equipe de pessoas extremamente preparadas, que são mais aptas para desenvolver e promover o aumento do desempenho organizacional, a partir dos resultados da implementação de projetos de melhoria, que são direcionados estrategicamente. Essa equipe é composta por colaboradores com papéis distintos e níveis de subordinação diferenciados, consistindo em uma forma de se reunirem para que a organização consiga incrementar significativamente o desempenho de seus processos e aumentar o padrão de qualidade de seus produtos de modo perceptível pelo cliente, bem como desenvolver o seu potencial de aprendizagem. Nessa metodologia, os treinamentos são divididos por área e grau de conhecimento do candidato, com os critérios que podem ser vistos na sequência. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Champions e patrocinadores São pessoas com um nível elevado de conhecimento, que entendem todo o funcionamento da empresa e estão comprometidas com o sucesso do projeto. Geralmente em empresas maiores o champion é um dos vice- presidentes, sendo ele quem treina e lidera o processo em tempo integral. Os patrocinadores, que são os proprietários do processo e do sistema, fornecem algumas ideias para a sua melhoria, auxiliando na iniciação e coordenação das atividades. Os champions também participam do treinamento dos green belts (faixas verdes). Eles patrocinam e acompanham os projetos e definem a área a ser desenvolvida. Master black belts (mestre dos faixas pretas) São pessoas com maior conhecimento técnico e organizacional, que lideram o programa. São capacitados para treinar black belts (faixas pretas) e green belts (faixas verdes), orientando-os durante os treinamentos sobre como aplicar o método de forma correta e, em alguns casos mais delicados, auxiliando-os na correção de erros. Para exercerem essa função, necessitam ter boa comunicação e competência para ensinar, além de amplo conhecimento em matemática, análise competitiva, softwares e hardwares, para poderem desenvolver métodos e treinamentos estatísticos. Black belts (faixas pretas) São pessoas com capacitação técnica de 160 horas de instrução sobre a metodologia em sala de aula, que estão envolvidas com o processo de desenvolvimento e mudança na organização. Fundamentalmente, devem possuir conhecimentos em ferramentas técnicas, matemática e análise quantitativa e ter desenvolvido algum método estatístico. Os black belts buscam enriquecer os seus conhecimentos por intermédio de todas as áreas da empresa e, também, pelos sistemas informatizados nos quais estejam armazenadas as informações da organização. Para poderem desenvolver os projetos de Seis Sigma, os black belts necessitam utilizar CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 software e hardware disponibilizados pela organização. Eles são responsáveis pelo gerenciamento do projeto, possuem habilidades e práticas para resolver problemas e lideram os green belts e as equipes de projetos. Green belts (faixas verdes) São pessoas com orientação técnica de cinco dias (40 horas) em sala de aula, preparadas pela equipe do projeto. Estão envolvidas desde o início até o fim do processo e aptas a formar e facilitar equipes nos setores. Os green belts são preparados para gerenciar os projetos, utilizar metodologias gerenciais da qualidade, solucionar problemas e analisar dados descritivos. São auxiliados e treinados pelos black belts para definirem seus projetos e prestarem assistência a eles. Yellow belts (faixas amarelas) São pessoas que trabalham diretamente na linha de produção (ou nas operações) e que passaram por um treinamento de até dois dias (ou 16 horas). Elas utilizam a metodologia mais simplificada, restrita somente para a amplitude de suas funções nos cargos em que ocupam. Características diferenciadas, tais como liderança inata, são determinantes em algumas posições na metodologia Seis Sigma. Os treinamentos para os champions e patrocinadores são realizados por meio de workshops; já para os master black belts, black belts, green belts e yellow belts são cursos de formação. A necessidade de uma equipe sintonizada com os fatores competitivos não pode ficar restrita às atribuições dos dirigentes, para um melhor desempenho dos processos de negócio. E quanto às habilidades exigidas? Para a implantação do sistema Seis Sigma com excelência todos os colaboradores da empresa devem estar envolvidos, colaborando com novas ideias para o desenvolvimento do projeto de melhoria, auxiliando nas mudanças comportamentais e organizacionais e transpondo as barreiras necessárias para que a informação seja de conhecimento de todos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Ao se incorporar a capacitação ou especialização das pessoas no modelo de referência, a retenção do conhecimento gerado pelo aprimoramento intelectual e técnico é considerada como um dos fatores-chave para o sucesso do Seis Sigma. E, além disso, uma vez que a capacidade criativa e a motivação das pessoas são ativos valiosos para qualquer organização, podendo em alguns aspectos serem consideradas parte integral da tecnologia da empresa, o investimento na formação e capacitação das pessoas se reverte verdadeiramente em um incremento ao capital intelectual. Quanto mais informações úteis em tempo real forem apresentadas, maior será o conhecimento do black belt para que ele possa agir e planejar. Por isso, é importante que sejam disponibilizadas as informações em sistemas informatizados. Para o profissional ser considerado qualificado para implantar o Seis Sigma, são necessários os seguintes requisitos: Estar preparado para promover mudanças nas organizações; Ter sensibilidade; Ter condições de ler, entender e aplicar o conhecimento nas organizações; Ter bom relacionamento; Ter conhecimento em Matemática e Estatística; Ter facilidade de integração e gerenciamento de equipes; Ter conhecimento amplo em software e hardware. Em determinadas situações, a avaliação do perfil psicológico dos candidatos pode ser adequada a fim de saber se eles têm vocação para participar da metodologia Seis Sigma. No entanto, a forma mais coerente e eficiente de se fazer uma avaliação é aquela em que se proporciona a oportunidade para os colaboradores mostrarem o seu potencial e, com base nas avaliações de seu desempenho, para que as suas contribuições ao esforço CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Seis Sigma sejam reconhecidas. Por isso, as empresas buscam selecionar pessoas com alto desempenho e com habilidade para liderarem mudanças e transferirem conhecimento para toda a organização, em todos os níveis hierárquicos, possibilitando, assim, que alcancem melhores resultados na execução do projeto. Você sabe quais são as principais ferramentas do Seis Sigma? Para conhecer algumas dessas ferramentas, assista ao vídeo a seguir,disponível em seu material digital. De que forma os indicadores de desempenho trabalham na metodologia Seis Sigma? Os gráficos de gestão são fundamentais na gestão de desempenho organizacional, para avaliar o resultado das melhorias implantadas nas empresas, como qualidade, custo e tempo. Eles contribuem para o aprimoramento da medição de desempenho, sendo praticamente uma exigência para a melhoria contínua dos processos e implementação da estratégia competitiva. De fato, a essência da melhoria está no conhecimento que a organização tem sobre o que é necessário melhorar, bem como sobre os indicadores financeiros e não financeiros que refletem o desempenho organizacional. É necessário pesquisar as falhas nos processos, no que diz respeito às suas causas fundamentais, e os indicadores de desempenho devem demonstrar onde elas estão, fornecendo dados para que sejam tomadas ações corretivas e preventivas. Em relação às outras metodologias de qualidade já existentes há mais tempo, os resultados empresariais têm comprovado que o Seis Sigma contribui para o alinhamento da medição de desempenho com a estratégia. Esse alinhamento requer o desenvolvimento de mecanismos para a padronização da organização e da aplicação de estratégias, e também de desenvolvimento de produtos e serviços, a fim de garantir o atendimento das expectativas dos clientes internos e externos, e de todas as partes interessadas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Com o que viu até aqui, você já conseguiu compreender qual o significado do Seis Sigma e para o que ele é usado? Que tal saber mais sobre esse assunto? Então assista ao vídeo com o professor Rodrigo, que está disponível em seu material digital. É muito bom conhecer as metodologias gerenciais relacionadas ao Seis Sigma! A aplicação dessa ferramenta reafirma o valor do método científico, em especial do método estatístico, como forma eficiente de eliminar a causa raiz dos problemas para garantir a obtenção de resultados concretos. O enfoque metodológico do Seis Sigma trata especificamente da utilização de métodos estatísticos empregados em uma sequência metodológica sistematizada, de acordo com os ciclos DMAIC (para processos que já existem) e DMADV (para novos processos). Para possibilitar o desenvolvimento do projeto de melhoria, é necessário que a alta gerência se engaje na participação da metodologia Seis Sigma, acompanhando-a e se responsabilizando por ela. Caso não haja um ambiente adequado para a resolução dos problemas ou o desenvolvimento de produtos, serviços ou processos, não há como alcançar os resultados desejados. Depois de obter o apoio da gerência, a metodologia busca levantar dados e informações para serem apresentados como objetivos e metas. As metas são discutidas e avaliadas pelo alto escalão da empresa, que também avalia quanto de recursos será necessário para o desenvolvimento do projeto e da metodologia. São definidas, então, as principais áreas que implementarão a metodologia e os responsáveis que deverão acompanhar o seu desenvolvimento, nos seus respectivos setores. Três metodologias de solução de problemas gerenciais são as mais utilizadas no Seis Sigma: PDCA, DMAIC e DMADV. PDCA Essa metodologia, fundamento básico de gerenciamento, é utilizada CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 mundialmente para a manutenção, melhoria e inovação de produtos, serviços e processos. A sigla PDCA significa: planejar (plan), executar (do), verificar (check) e agir (action). Para que as organizações sejam capazes de promover mudanças necessárias em determinado tempo, é necessário um sistema de gerenciamento que as auxilie na solução dos problemas, o qual é a essência do PDCA. É necessário implantar um planejamento de qualidade que promova mudanças radicais nos produtos e processos existentes. Esse procedimento é utilizado quando o gerenciamento pela melhoria da qualidade não é mais capaz de promover mudanças que possibilitem o alcance das metas propostas. Para implementar o programa, não são necessárias mudanças metodológicas (ferramentais) de solução de problemas. DMAIC Essa ferramenta gerencial é usada para melhorar um processo de negócios já existente. DMAIC significa: definir (define), medir (measure), analisar (analyze), melhorar (improve) e controlar (control). Algumas metas devem ser posicionadas para justificar e redefinir o projeto, como dados que fundamentem os estudos de avaliação dos benefícios para a empresa, com soluções de problemas decorrentes das coletas de dados e ajuste do sistema dessas coletas e medição. São definidos os objetivos de melhoria do processo que sejam consistentes e coerentes com a demanda do cliente e a estratégia da empresa. Estes são mapeados e medidos conforme os dados coletados no processo. Os dados coletados são verificados a fim de comparação com as metas objetivadas. São realizadas melhorias e controles no processo para garantir melhor desempenho. DMADV A implementação dessa metodologia auxilia na análise de solução de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 problemas, além de aumentar a sua eficiência com a melhoria da capacidade do projeto em transformar informações em conhecimento. Esse aumento de eficiência na solução de problemas é alcançado com a integração das ferramentas da qualidade e do conhecimento técnico do método de solução de problemas. DMADV significa: definir (define), medir (measure), analisar (analyze), desenhar (design) e verificar (verify). Essa metodologia procura definir os objetivos de melhoria do processo, a qual deve ser consistente com a demanda do cliente e a estratégia da organização, medindo a qualidade do produto e a eficiência do processo produtivo e avaliando riscos. É especialmente útil para novos processos. Essa metodologia também analisa o desenvolvimento de alternativas no desenho do produto, desenvolvendo o detalhe do desenho, otimizando a produção, além de verificar, por meio de testes, a implementação de processos produtivos. O processo de melhoria Seis Sigma atinge todas as áreas da empresa e pode ser implantado por pessoas treinadas para a implementação. Para isso, a organização deve estar aberta para passar todas as informações necessárias aos implementadores da metodologia. Você sabe dizer a quais processos o Seis Sigma é aplicável? Quer saber mais sobre isso? Então acompanhe na sequência o vídeo com o professor Rodrigo, que está disponível em seu material digital. O caminho do 1σ até o 6σ Como métrica, Seis Sigma é utilizado para medir o desempenho e a variabilidade dos processos (produtivos ou até mesmo administrativos). Na estatística, se utiliza a letra grega sigma (σ) para expressar o desvio-padrão relativo a uma população. Quanto maior o valor de sigma, melhor é o desempenho do processo. Utilizar sigma nesse contexto facilita a comparação da qualidade de diferentes produtos, serviços e processos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Na prática, vê-se que a competitividade da maioria das empresas está situada na faixa entre três a quatro sigma. Desse modo, sigma se torna exponencial quando traduzida em defeitos por milhão de oportunidades (ppm – sigla de “partes por milhão”). Um desempenho perto de um sigma (1σ) mostra que o processo produz mais defeitos que bons resultados! O nível Seis Sigma significa, precisamente, um desempenho que se situa (em termos da qualidade) muito perto (mesmo!) da perfeição. Sigma se traduz normalmente em índices de capabilidade (Cp, ou capabilidadepara um ideal ou ótimo desempenho; e Cpk, que é capabilidade para um desempenho na realidade do dia a dia). Sigma também pode ser utilizada para calcular o custo da má qualidade. Vejamos como funcionam esses conceitos na tabela a seguir. O valor de 1 ppm (ou seja, uma parte por milhão) é igual ao valor de 0,0001%. Este é o motivo de se trabalhar, em escalas avançadas de desempenho de qualidade, com ppm, e não com percentuais: os números, costumeiramente, são expressados com vários zeros depois da vírgula, na notação percentual. São situações que realmente requerem diminutos níveis de defeito: imagine, por exemplo, se nos sistemas de qualidade das companhias aéreas 1% ou 0,5% dos voos caísse... Isso seria inadmissível, não é mesmo? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Por isso, os valores geralmente expressam graus dezenas, centenas ou mesmo milhares de vezes menores que 1% – e, assim, o ppm torna-se a melhor métrica. Defeito zero, em absoluto, é praticamente uma utopia. Mesmo na própria Motorola o nível Seis Sigma (defeito de 3,4 ppm – o limiar do erro zero) nunca foi alcançado, mas o programa mantém esforços constantes para obter valores muito mais próximos do nível Seis Sigma que as empresas em geral que não adotam um esforço dirigido a esse propósito. Ou seja, aplicar e manter um programa Seis Sigma é especialmente útil para que se possa trabalhar em níveis expressivamente bons (dependendo de cada modelo de negócio), como 4,5 σ ou 5,0 σ. Isso equivale a taxas de defeitos da ordem de 0,135% a 0,0233%. Assim, o que se conclui é que Seis Sigma é uma metodologia orientada para atingir a “quase perfeição” no desempenho dos processos. Ela associa um rigoroso enfoque estatístico a um diversificado arsenal de ferramentas, que são aplicadas com o objetivo de caracterizar as fontes de variabilidade e para demonstrar como esse conhecimento dado pode ser utilizado para controlar e aperfeiçoar os resultados dos processos. O Seis Sigma, a despeito do ferramental estatístico, é visto mais como uma filosofia de gestão. Explica a relação existente entre o número de defeitos, o custo do desperdício operacional e o grau de satisfação do cliente com os produtos e serviços da empresa. Como filosofia operacional, Seis Sigma é a estrutura que faz a conexão entre a qualidade e os objetivos globais da empresa. Ao associar os negócios, a qualidade e as metas organizacionais, torna-se possível uma medição objetiva da produtividade, da eficácia e dos custos. Algumas consultorias têm relatado que projetos Seis Sigma realizados no Brasil funcionam, em termos gerais, com uma previsão de retorno (economia) que varia de 75 a 300 mil reais para cada projeto apresentado. Guardadas as devidas proporções, esses resultados são compatíveis com os CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 de empresas como Allied Signal, General Eletric, Toshiba, Dupont, Ford e American Express. Os objetivos operacionais do Seis Sigma estão diretamente alinhados às estratégias de longo prazo da organização e aos resultados dos negócios. As necessidades dos clientes e os objetivos comerciais são os propulsores de toda e qualquer iniciativa Seis Sigma. Ainda, deve-se entender o Seis Sigma como uma cultura que motiva o trabalho em equipe, até que sejam atingidos os mais altos níveis de produtividade e eficácia. Em organizações maduras (geralmente, após três anos de vivência em Seis Sigma), a gestão baseada em evidências e na identificação da origem e das causas dos problemas é uma parte integrante e obrigatória da linguagem dos negócios em toda a organização. Enfim, o Seis Sigma pode ser definido como uma metodologia para buscar, encontrar e eliminar as causas dos erros ou falhas nos processos, focalizando resultados que são relevantes para os clientes. O Seis Sigma assume que a variabilidade afeta o desempenho dos processos, o custo dos produtos e a satisfação dos clientes. Uma iniciativa Seis Sigma possui, ao mesmo tempo, componentes técnicos e de gestão. Pelo lado da gestão, o objetivo é identificar os projetos em que resultados podem ser realizados e sustentados. Pelo lado técnico, o foco é a dinamização no desempenho dos processos (especialmente reduzindo a variabilidade) e a aplicação disciplinada de ferramentas estatísticas no aprimoramento dos processos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Revendo a Problematização Marcos, em seu novo desafio na empresa em que agora atua, está tendo que trabalhar com níveis de qualidade agressivos, característicos desse modelo de negócio (bem diferente de sua experiência na empresa anterior, em que as faixas de defeito orbitavam em torno de 0,5% a 1,0%). Qual principal medida ele pode tomar para se capacitar a trabalhar nas faixas requeridas nessa empresa, que são centenas ou milhares de vezes menores que 1,0% de defeitos? a. Começar a expressar os valores dos níveis de qualidade em notação científica (potências de 10). b. Capacitar-se em metodologia Seis Sigma. c. Começar usando o 5W2H. Acesse o seu material digital e confira o feedback de cada uma das alternativas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Síntese Neste módulo, você aprendeu sobre o Seis Sigma – uma metodologia de gestão originalmente patenteada pela Motorola –, que visa reduzir os níveis de defeitos para magnitudes como 3,4 ppm (ou nível Seis Sigma), seja em peças fabricadas ou em serviços prestados. Você também pôde entender como utilizar a ferramenta para potencializar a melhoria de desempenho em organizações empresariais e viu que não há restrições quanto a segmento de mercado: empreendimentos financeiros, de manufatura, comércio e até mesmo transportadoras podem usufruir das benesses trazidas pelo Seis Sigma. E é por esse motivo que a metodologia vem sendo adotada por grandes corporações no mundo todo, tendo como resultado principal a redução cada vez mais efetiva de desperdícios, pois as mudanças do Seis Sigma são direcionadas a todos os setores da empresa, ou do setor em que está sendo aplicada. Revisamos, ainda, as ferramentas específicas, que requisitam extensos programas de treinamentos, para as cinco gradações Seis Sigma: champions, master black belts, black belts, green belts e yellow belts. Finalmente, compreendemos de que modo utilizar, em conjunto, as metodologias de apoio PDCA, DMAIC e DMADV. Agora, acesse o material digital, assista ao vídeo com o professor Rodrigo e acompanhe um resumo dos conteúdos trabalhados hoje. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Atividades Qual a taxa de defeitos associada ao nível Seis Sigma? 1. a. 3,4%. b. Duas partes por bilhão. c. Zero. d. 3,4 ppm. Qual metodologia Seis Sigma atua medindo a qualidade do produto e a 2. eficiência do processo produtivo e avaliando riscos? a. PDCA. b. DMAIC. c. DMADV. d. 5W2H. Quais são os índices da capabilidade associados à estatística do Seis 3. Sigma? a. GUT e 5W2H. b. Dispersão e convergência. c. 0 e 3,4 ppm. d. Cp e Cpk. A qual gradação se refere “as pessoas com capacitação técnica de 160 4. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 horas de instrução sobre a metodologia em sala de aula e que estão envolvidas com o processo de desenvolvimento e mudança na organização”? a. Purple belts. b. Red belts. c. Green belts. d. Black belts. O que caracteriza os champions na metodologiaSeis Sigma? 5. a. São os vencedores (campeões) dos desafios de qualidade, realizados em forma de campanhas, que ganham os prêmios na empresa. b. São pessoas com um nível elevado de conhecimento, que entendem todo o funcionamento da empresa e estão comprometidas com o sucesso do projeto. c. São os consultores especializados que são contratados para treinar as pessoas da empresa. d. Não existe essa categoria, pois todas elas são algum nível de belt (do yellow ao black). Acesse o seu material digital e confira o gabarito comentado das questões! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Referências AGUIAR, S. Integração das ferramentas da qualidade ao PDCA e ao programa Seis Sigma. Nova Lima, MG: INDG, 2002. BELEM, A. C. V. et al. Apostila para o curso de formação de green belts administrativos. Belo Horizonte: Fundação do Desenvolvimento Gerencial, 2001. CONE, G. 6 Sigma: um programa em ascensão. HSM Management, São Paulo, n. 4, p. 28-33, jan./fev. 2001. CORONADO, A. Modelo para estruturas seis sigma nas organizações. Gestão & Produção, São Carlos, v. 15, n. 1, p. 43-56, jan./abr. 2008. CROSS, K. F.; LYNCH, R. L. Managing the corporate warriors. Quality Progress, New York, v. 23, n. 4, p. 54-59, 1990. ESTATCAMP Consultoria. Estrutura para o 6 Sigma. Disponível em: <http://www.estatcamp.com.br/nova/index.php%3Fsecao%3D500%26id%3D50 3+PROJETO+6SIGMA&hl=pt.BR&ct=clnk&cd=2&gl=br&lr=lang_pt>. Acesso em: 07 jul. 2014. GEORGE, M. L. Lean seis sigma para serviços. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. 436p. NEELY, A. D. Measuring business performance. London: Economist Books, 1998. 208p. PANDE, P. S. et al. Estratégia seis sigma. Rio de Janeiro: Quality Mark, 2001. VALLE, B. M. Tecnologia da informação no contexto organizacional. Ciência da Informação, Brasília, v. 25, n. 1, p. 7-11, 1996. ZAMPAAJ, A. Entenda o 6 Sigma. Disponível em: <http://www.eesc.usp.br/sgs/semim2004a/amarildo.ppt+PROJETO+6SIGMA&hl =pt-BR&ct=clnk&cd=23&gl=br&lr=lang_pt>. Acesso em: 07 jul. 2014. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Curso Engenharia de Produção Disciplina Técnicas Avançadas em Gestão da Produção (Six Sigma e Lean Production) Tema Six Sigma (parte II) Professor Rodrigo Vinícius Sartori Coordenadora Luizete Aparecida Fabbris Tutor Rodrigo Vinícius Sartori Introdução Olá! Iniciamos mais um módulo da disciplina Técnicas Avançadas em Gestão da Produção (Six Sigma e Lean Production). Eu, Rodrigo Sartori, quero reforçar contigo que, no atual ambiente competitivo em que as empresas convivem, a diferenciação da concorrência e o alcance de desempenho superior é a regra de ouro para a sobrevivência. Então, diante dessa situação, eliminar desperdícios, adotar tecnologias produtivas avançadas, desenvolver novos produtos, envolver os colaboradores e buscar a melhoria contínua dos processos de produção tornaram-se o segredo para a sustentação dos negócios. Nesse cenário, as empresas que desejam se destacar, mantendo-se à frente da concorrência, devem esforçar- se em busca da gestão eficaz dos seus recursos, para sustentar a sua posição no mercado e praticar ações que possibilitem a análise dos processos e a busca das melhorias de desempenho. E, visando ajudar as empresas na conquista da superioridade, da vantagem competitiva surge a metodologia denominada Seis Sigma. Como vimos, o Seis Sigma foca-se na diminuição ou na eliminação da incidência de erros, defeitos e falhas em um processo. Essa metodologia visa, essencialmente, reduzir a variabilidade do processo e pode ser aplicada na maioria dos setores da atividade econômica. O que também será destacado neste módulo é o fato de que o processo de desenvolvimento de produto carrega uma etapa de fundamental CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 importância: a compreensão da voz do cliente, que em seguida é traduzida na voz do processo. A perfeita interpretação da voz do cliente e a sua fidedigna tradução na voz do processo são obtidas com a utilização do método QFD (sigla para Quality Function Deployment, ou desdobramento da função qualidade). Essa é uma das ferramentas recomendadas no programa Seis Sigma. Vamos ver como ela funciona? Acompanhe comigo então! Agora, acesse o seu material digital e confira o vídeo em que o professor Rodrigo faz a introdução aos assuntos trabalhados neste tema. Problematização Cícero e Everton são irmãos e fundaram, juntos, uma empresa bem- sucedida no segmento de Engenharia Civil. Há alguns anos, eles conquistaram a certificação ISO 9001, mas Cícero, especificamente, nunca conseguiu enxergar um Sistema de Gestão da Qualidade como investimento. Para ele, tratava-se de mais um “passivo” que o negócio deveria sustentar (do ponto de vista financeiro, Cícero considerava os custos com manutenção de salários do pessoal que trabalhava com Qualidade, softwares dedicados a essa finalidade, auditorias e certificações, entre outros gastos). Everton, com o seu estilo mais idealista de gestão, sempre defendeu junto ao irmão (e sócio) que valia a pena manter o Sistema de Gestão da Qualidade, porque até mesmo no tocante ao desempenho financeiro a empresa estava melhor. Cícero concordava, em tese, que talvez a estrutura de Qualidade pudesse representar mais ganho financeiro do que seu custo, mas não havia uma prova científica, um argumento irrefutável, que comprovasse essa teoria. Por isso, às vezes as discussões dos dois tornavam-se acaloradas. Everton admitia que os indicadores de desempenho, por si só, não eram provas contundentes de que o Sistema de Gestão da Qualidade representava CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 um ativo, e não um passivo. Havia indicadores, claro, para faturamento, para margem de lucro, mas como medir objetivamente o ganho financeiro proporcionado pelos projetos de melhoria? Será que, muitas vezes, a “força- tarefa” mobilizada realmente se justificava? Entre o ceticismo pragmático, de um lado, e a crença sem provas efetivas, de outro, os sócios estavam sempre debatendo sobre a validade de se buscar a “excelência” nas operações. Talvez, quanto mais próximo do “erro zero”, o custo exacerbado da Qualidade superasse o próprio ganho proporcionado. E então, quem tem razão? Que partido você toma nessa situação? Aliás, mais importante do que apenas escolher um lado, como provar cientificamente que esse lado está com a razão? Não responda agora. Volte ao conteúdo teórico deste tema e, ao final, será retomada a nossa história com a apresentação das possibilidades de solução para o problema apresentado. Six Sigma – parte II Negócios estagnados estão fadados ao fracasso: a sobrevivência dos empreendimentos depende diretamente do crescimento dos negócios, em função da alta competitividade. Não é possível tolerar o “manter o mesmo”. E como garantir esse crescimento? Isso é determinado, principalmente, pela satisfação dos clientes, que é fundamentada pelo tripé “qualidade, preço e serviços”. Tais atributos são equalizados por meio do conceito de capabilidade do processo, que é limitada em grande parte por um amplo número de variações. Limitações e variações dos processos conduzem, geralmente, ao aumento de defeitos, falhas, custos e tempos de produção, e, para que seja possível eliminar a variação em um processo, é necessário aplicar o conhecimento certo. Nesse sentido, primeiramente, é de fundamental importância conhecer os meios existentes para aumentar a satisfação dos clientes, eliminaras variações dos processos e adquirir, assim, a excelência operacional. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Você já parou para se perguntar sobre o que é necessário para sobreviver no mercado? Assista ao vídeo a seguir, disponível em seu material digital, para conhecer os requisitos imprescindíveis para a permanência no mercado. O Seis Sigma é uma metodologia que está se consolidando no ambiente empresarial e possibilitando grandes conquistas de resultados. Trata-se de um método que se concentra na diminuição ou eliminação da incidência de erros, defeitos e falhas em um processo. É importante levar em consideração que a metodologia Seis Sigma visa, primordialmente, reduzir a variabilidade do processo. Apesar de ter iniciado em grandes corporações, hoje ela pode ser aplicada na maioria dos setores da atividade econômica. Alcançar o nível Seis Sigma significa reduzir defeitos, erros e falhas a praticamente zero e atingir a quase perfeição no desempenho dos processos. Essa metodologia faz uso de rigoroso enfoque estatístico e de um grupo de ferramentas que são empregadas com o objetivo de caracterizar as fontes (causas) da variabilidade. É com o conhecimento dessas causas, essencialmente, que se pode controlar e aperfeiçoar os resultados do processo. O método Seis Sigma excede o mero ambiente produtivo em uma empresa. Ele pode ser definido como um sistema flexível para a liderança e o desempenho dos negócios, possibilitando o alcance de benefícios reais após a sua implementação. Em suma, é possível dizer que a metodologia cria as seguintes vantagens competitivas: Geração de um sucesso sustentado – ao desenvolver habilidades e culturas necessárias a uma revitalização constante nas empresas; Determinação de metas de desempenho – base sobre a qual está fundamentada a metodologia Seis Sigma, em virtude do nível de desempenho se aproximar da perfeição; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Intensificação da entrega de valor para os clientes – considerando que o foco no cliente é o fator crítico do método, que busca compreender o significado e a importância do valor para o consumidor; Aprimoramento das melhorias – garantido pela adoção de várias ferramentas de gestão disciplinadas pela estrutura do método; Promoção da aprendizagem organizacional – em virtude de o Seis Sigma aumentar o desenvolvimento e acelerar o compartilhamento de ideias úteis e inéditas dentro do ambiente empresarial; Execução de mudanças estratégicas – alinhadas à compreensão detalhada e precisa dos processos e procedimentos das empresas, oferecendo, dessa forma, a capacidade de implementar desde simples ajustes até complexas mudanças. Portanto, trata-se de método ou ferramenta da Qualidade que é extrapolado para a própria condução estratégica do negócio. Para tanto, três aspectos são essenciais: Criação e comum acordo sobre os objetivos estratégicos do negócio, 1. consistindo na afirmação de que um programa de qualidade garante sucesso somente por meio de apoio e engajamento ativo das lideranças da empresa; Criação e identificação dos processos críticos (conjunto de atividades 2. que mais contribuem para o alcance dos objetivos estratégicos do negócio), dos subprocessos-chave (que fazem parte, direta ou indiretamente, de um processo essencial) e dos processos capacitadores ou de apoio (aqueles que impactam indiretamente na satisfação do cliente, mas que, ao mesmo tempo, são fundamentais para a realização dos negócios da empresa); Identificação dos donos (responsáveis) do processo, que devem possuir 3. competências essenciais, como conhecimento dos subprocessos, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 habilidades de liderança, entendimento sobre a gestão do negócio, responsabilidade sobre o desempenho do processo e empatia junto às partes interessadas envolvidas. A estratégia Seis Sigma está apoiada em um processo técnico denominado M/PCpS (sigla para Machine/Process Characterization System), que é um conjunto de ferramentas, técnicas, princípios e regras estatísticas, matemáticas, empresariais e comportamentais. Estas são organizadas de maneira sistemática, lógica e clara, orientadas a caracterizar, otimizar e controlar um determinado processo. As etapas da metodologia M/PCpS para processos técnicos de manufatura e produção são assim sequenciadas: Delinear o processo; 1. Caracterizar a metrologia; 2. Determinar a capacidade; 3. Otimizar; 4. Controlar. 5. Quando os processos se caracterizam como não técnicos, ou seja, tipicamente os processos administrativos, de serviços e de transações, as etapas do M/PCpS são: Delinear o processo; 1. Gerar medições; 2. Determinar o desempenho; 3. Minimizar lacunas (existentes entre a meta Seis Sigma e os resultados 4. obtidos); Controlar. 5. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Toda metodologia possui seus pontos-chave, fatores críticos que podem levar ao sucesso ou ao insucesso. No caso do Seis Sigma, as consultorias especializadas e a literatura científica têm apontado seis importantes princípios, como você pode ver na sequência. Foco genuíno no cliente – isso consiste na superação de modismos e 1. promessas sem nenhuma fundamentação estratégica de satisfazer as necessidades dos clientes, para assegurar, por meio de medidas de desempenho, o impacto das melhorias do Seis Sigma sobre a satisfação e os valores dos clientes. Gerenciamento amparado em dados e fatos – isso implica a adoção 2. de uma rígida disciplina Seis Sigma, destacando a importância de medidas como: suporte para avaliar o desempenho dos negócios e aplicação de dados e análises para construir e compreender cientificamente as variáveis-chave que otimizam resultados. Foco em processo, gestão e melhoria – o Seis Sigma considera os 3. processos como o centro das ações e elemento-chave para o sucesso. Dessa forma, o amplo domínio sobre os processos é a maneira mais segura de garantir a obtenção de vantagens competitivas que oferecem valor aos clientes. Gestão proativa – é uma prática de antecipação e de gerenciamento 4. dinâmico que define objetivos, determina prioridades, previne problemas e questiona a prática das diferentes atividades da empresa. Colaboração e compartilhamento – envolve a compreensão das 5. necessidades dos clientes, das etapas do processo e do fluxo ou da cadeia de fornecimento do processo por todos que desenvolvem atividades na empresa. Busca da excelência e tolerância ao fracasso – é o equilíbrio entre a 6. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 implementação de novas ideias e métodos e o gerenciamento dos riscos, até conseguir atingir o objetivo final do Seis Sigma e estimular a organização a ser cada vez mais perfeita. É importante que esses seis princípios sejam adotados simultaneamente, pois isso permite uma mudança de enfoque das empresas em todos os elementos de desempenho, principalmente nas áreas de projetos de produto e operações comerciais. Existem alguns conceitos adicionais que, se bem compreendidos e aplicados, contribuem fortemente para o desempenho Seis Sigma. Primeiramente, temos o CTQ (sigla para Controls Technicals Quality) do cliente, ou seja, os requisitos críticos para a Qualidade, que são os requisitos de desempenho definidos pelo cliente para um produto ou serviço. Um CTQ pode ser um atributo ou um processo articulado pelo cliente, e é fundamental para o sucesso de um produto ou serviço. Os CTQ devem ser estabelecidos pelo clientee ter como características a condição de ser mensurável e possuir a especificação com tolerância permissível. O segundo conceito que assegura o desempenho Seis Sigma é a utilização da metodologia do processo de melhoria, amplamente conhecida como DMAIC, que significa definir, medir, analisar, melhorar e controlar. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 O foco do método DMAIC é melhorar processos já existentes. Cada etapa da metodologia envolve propósitos distintos, como você pode conferir na sequência. Definir (define): implica a definição clara e objetiva do projeto de melhoria, compreendendo os CTQ e os requisitos técnicos. A definição deve ser específica, mensurável, descrever o impacto sobre o negócio ou a atividade da empresa e não concluir de forma prematura as causas e soluções. Medir (measure): engloba a identificação das medidas-chave da eficiência e da eficácia para o conceito do Sigma. A medição impõe a determinação de uma medida básica da eficiência do processo e deve ter um plano de coleta de dados que possa assegurar que a amostragem seja representativa e aleatória. Analisar (analyze): consiste na determinação das causas dos problemas que precisam de melhoria. A análise é considerada a etapa mais importante do ciclo DMAIC, pois determina e valida a raiz do problema original, que é o alvo da busca por melhoria. Melhorar (improvement): resulta da soma das atividades relacionadas com a geração, seleção e implementação de soluções. A melhoria é conseguida com soluções que eliminem, atenuem ou minimizem as causas do problema. Controlar (control): é a ação de garantir que as melhorias se sustentem ao longo do tempo. O controle deve acontecer nos níveis tático e estratégico, e é garantido por meio de soluções e gráficos da Estatística que alertem quando acontecerem mudanças ou surgirem defeitos no processo. Ocorre que a metodologia DMAIC requer revisitar a aplicação de alguns conceitos. Por exemplo: na definição, o problema é teórico e deve ser específico e mensurável; na medição, é uma questão prática e deve se apoiar CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 em ferramentas da Estatística confiáveis; na análise, é um problema estatístico e deve haver a restrição dos críticos de controle (CTQ); na melhoria, é uma solução estatística e devem ocorrer melhorias nos críticos da qualidade (CTQs); no controle, é uma solução prática e deve evidenciar a ocorrência de melhorias sustentáveis. Na prática, o método DMAIC aborda de maneira subentendida alguns questionamentos básicos: Na definição: que processo interno se almeja melhorar para atender o CTQ do cliente externo ou interno? Na medição: qual o estado atual do processo e quais as potenciais fontes de variações? Na análise: quais são as poucas fontes de variações mais importantes do processo (princípio de Pareto)? Na melhoria: quais mudanças são necessárias no processo para melhorar a capabilidade? No controle: como controlar os pontos vitais para manter a capabilidade do processo? É importante ponderar sobre os sucessos e fracassos em programas Seis Sigma. Relacionar os sucessos obtidos nesses programas é valioso para motivar organizações a implementarem essa metodologia, sistematizada para melhoria de processos. O exemplo de empresa de maior fama com os resultados do Seis Sigma, tanto pela expressão e notoriedade de seu antigo presidente, Jack Welch, quanto pelo seu tamanho, é a General Electric (GE). Em 1997, a GE anunciou o maior faturamento e o mais alto lucro em 105 anos de história da empresa. Esses resultados extraordinários, e grande parte dessa conquista, foram atribuídos ao programa Seis Sigma, implementado em 1995. Você já ouviu falar do GE Way? Trata-se da filosofia de gestão que é o grande legado da General Eletric para o mundo dos negócios. Que tal saber CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 mais sobre essa filosofia? Para tanto, assista ao vídeo que está disponível em seu material digital. Existem inúmeros casos de famosas organizações que obtiveram êxito em programas Seis Sigma. Isso inclui marcas como: Motorola; Allied Signal; Texas; Asea Brown Boveri; Black & Decker; Bombardier; Dupont; Dow Chemical; Federal Express; Johnson & Johnson; Kodak; Navistar; Polaroid; Seagate Technology; Siebe Appliance Controls; Sony; Toshiba – apenas para citar algumas. É importante frisar que, quando se avaliam os motivos do sucesso, todas essas empresas – e de vários segmentos e modelos de negócio diferentes – tiveram uma condição comum em seus programas Seis Sigma: a prática do rigor e da disciplina. Analisado de maneira prática, há fatores-chave para o sucesso dos programas Seis Sigma, sintetizados nos seguintes elementos: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Comprometimento da organização; Treinamento especializado; Sistema de execução e controle de projetos; Envolvimento dos fornecedores; Envolvimento dos clientes; Incorporação das boas práticas de administração no dia a dia; Argumentação baseada em dados; Patrocínio do superior hierárquico; Mentorização permanente. O sucesso que as empresas conseguem com a utilização da metodologia Seis Sigma se deve, principalmente, ao uso de poderosas ferramentas que, aplicadas em situações específicas e de maneira correta, proporcionam um expressivo auxílio à melhoria dos processos produtivos e administrativos. Entre as ferramentas mais adotadas, destacam-se: o controle estatístico de processo (CEP) e os gráficos de controle, para a identificação de problemas; as provas de significância estatística (qui-quadrado, teste-T e análise de variância), para definição do problema e análise da causa-raiz; a correlação e regressão, a análise de causas-raiz e a previsão de resultados; o planejamento de experimentos (DOE), para análise de soluções ótimas e validação de resultados; a análise de modo e efeitos de falha (FMEA), para priorização e prevenção de problemas; os dispositivos à prova de falhas (Poka- Yoke), para prevenção de defeitos e aperfeiçoamento do processo; e o desdobramento da função da qualidade (QFD), para produtos, serviços e projeto de processos. Você conhece o controle estatístico de processos? Sabe quando essa ferramenta deve ser utilizada? Então, saiba mais sobre essa ferramenta assistindo ao vídeo disponível em seu material digital. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 No entanto, não é raro encontrar relatos de empresas que fracassaram em seus esforços de implementação do Seis Sigma. Consultores e especialistas convergem na identificação das mais prováveis causas. Entre elas estão: Foco do programa orientado apenas para a redução de custos; 1. Melhorias do processo não consideradas como parte integrante do 2. trabalho usual da empresa; Metodologia DMAIC aplicada incorretamente e sem disciplina; 3. Falha da liderança da empresa em não diferenciar a variação de causa 4. comum e a variação de causa especial; Falta de entendimento e de assimilação da empresa sobre o conceito e 5. a importância do cliente; Papel da liderança não compreendido e negligência na criação e no 6. gerenciamento de sistemas de Gestão de Processos. De modo muito especial, ressalta-se que são dois os fatores que favorecem o fracasso da implantação do método Seis Sigma. O primeiro se dá quando a empresa encara o método como uma série de projetos, pois é um grave erroassumir o Seis Sigma como um projeto. Na verdade, os projetos de melhoria devem ser compreendidos como uma alavanca tática para um programa Seis Sigma, mas muito mais importante é o enfoque sobre a gestão do processo e a prática de uma disciplina rigorosa em todas as etapas dos processos. O segundo fator de fracasso é o descaso da liderança da empresa, que precisa estar comprometida de forma ativa com todas as etapas da implantação e condução do método, e não simplesmente com a alocação de recursos para o programa. O envolvimento da liderança no Seis Sigma é um fator determinante no gerenciamento de sistemas de Gestão de Processos, e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 mais importante que a criação de projetos táticos da estratégia das empresas. Assim, entender as razões do fracasso é importante, pois elas revelam um aprendizado mais consistente, servindo naturalmente como um alerta para as empresas que atualmente estão motivadas e mobilizadas para executar o Seis Sigma. Você sabe dizer como se dá a implantação do Seis Sigma? E por que ela acontece? Acompanhe o vídeo a seguir, disponível em seu material digital, para ver como isso ocorre. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Revendo a Problematização Você se lembra de nossa dupla de irmãos e sócios, Cícero e Everton? O que você recomendaria a esses empresários para resolver o dilema sobre o nível de investimento em Qualidade versus o respectivo retorno financeiro efetivo desse investimento? Será que, nesse contexto, o ótimo é inimigo do bom? No sentido de que buscar níveis realmente de excelência, próximos a zero, no que se refere ao atendimento aos requisitos das partes interessadas, pode levar a custos de manutenção da Qualidade que se revelem insustentáveis? Faz sentido, afinal, buscar a excelência, não no aspecto filosófico ou motivacional envolvido, mas como um investimento que traz resultado financeiro positivo? a. Melhor contratar uma consultoria financeira para equalizar os custos da Qualidade. b. Convém dirigir esforços para um nível Seis Sigma de desempenho, porém seguindo escalas gradativas de níveis Sigma intermediários, em longo prazo. c. O mais prudente é restringir os investimentos da Qualidade apenas aos processos produtivos. Acesse o seu material digital e confira o feedback de cada uma das alternativas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Síntese Neste módulo, você teve a oportunidade de se aprofundar na metodologia Seis Sigma! Você viu que diversas empresas estão tendo muito sucesso com a adoção dessa ferramenta, entre elas estão nomes como: Motorola, General Eletric e Black & Decker. Você também aprendeu que ferramental de apoio é imprescindível, como CEP, Poka-Yoke, Pareto e histograma, entre outros. Mais que apenas cuidar do processo produtivo, a metodologia se propõe a dirigir a própria estratégia do negócio. O programa Seis Sigma traz benefícios, sim, mas isso não significa que sua implantação seja tarefa fácil – muito pelo contrário. Agora, acesse o material digital, assista ao vídeo com o professor Rodrigo e acompanhe um resumo dos conteúdos trabalhados neste tema. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Atividades Alcançar o nível Seis Sigma significa o quê? 1. a. Manter defeitos, erros e falhas em níveis históricos e atingir o ponto de equilíbrio (investimento x retorno) no desempenho dos processos. b. Reduzir defeitos, erros e falhas a praticamente zero e atingir a quase perfeição no desempenho dos processos. c. Aumentar defeitos, erros e falhas a praticamente zero e desviar da perfeição no desempenho dos processos. d. Reduzir defeitos, erros e falhas pela metade e atingir mais que 90% de conformidade no desempenho dos processos. Qual a justificativa para a aplicação de ferramentas específicas, como 2. controle estatístico de processo (CEP), gráficos de controle, provas de significância estatística (qui-quadrado, teste-T e análise de variância), correlação e regressão, planejamento de experimentos (DOE), análise de modo e efeitos de falha (FMEA), dispositivos à prova de falhas (Poka- Yoke) e desdobramento da função da qualidade (QFD)? a. Auxiliar na melhoria dos processos administrativos. b. Auxiliar na melhoria dos processos produtivos. c. Auxiliar na melhoria dos processos produtivos e administrativos. d. Mapear processos. Qual é o foco do método DMAIC? 3. a. Mapear causas essenciais de não conformidades. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 b. Estabelecer indicadores de desempenho. c. Criar novos processos. d. Melhorar processos já existentes. Qual dos fatores a seguir é uma provável causa de fracasso de 4. implementação do programa Seis Sigma? a. Treinamento especializado. b. Sistema de execução e controle de projetos. c. Envolvimento dos fornecedores. d. Foco do programa orientado apenas para a redução de custos. O que é o M/PCpS (Machine/Process Characterization System)? 5. a. Software de automatização do processo Seis Sigma. b. Conjunto de ferramentas, técnicas, princípios e regras estatísticas, matemáticas, empresariais e comportamentais, organizadas de maneira sistemática, lógica e clara, orientadas a caracterizar, otimizar e controlar um determinado processo. c. Indicadores de desempenho de processos automatizados por robôs. d. Todas as anteriores. Acesse o seu material digital e confira o gabarito comentado das questões! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Referências AGUIAR, S. Integração das ferramentas da qualidade ao PDCA e ao programa Seis Sigma. Nova Lima, MG: INDG, 2002. BELEM, A. C. V. et al. Apostila para o curso de formação de green belts administrativos. Belo Horizonte: Fundação do Desenvolvimento Gerencial, 2001. CONE, G. 6 Sigma: um programa em ascensão. HSM Management, São Paulo, n. 4, p. 28-33, jan./fev. 2001. CORONADO, A. Modelo para estruturas seis sigma nas organizações. Gestão & Produção, São Carlos, v. 15, n. 1, p. 43-56, jan./abr. 2008. CROSS, K. F.; LYNCH, R. L. Managing the corporate warriors. Quality Progress, New York, v. 23, n. 4, p. 54-59, 1990. ESTATCAMP Consultoria. Estrutura para o 6 Sigma. Disponível em: <http://www.estatcamp.com.br/nova/index.php%3Fsecao%3D500%26id%3D50 3+PROJETO+6SIGMA&hl=pt.BR&ct=clnk&cd=2&gl=br&lr=lang_pt>. Acesso em: 07 jul. 2014. GEORGE, M. L. 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