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1 Queda Livre Eduardo Francé Benedito, Guilherme Willian S. Ribeiro, Matheus Vitor F. Pimenta Turma 30D do curso de ABI Engenharia, Universidade Federal de Lavras, 37200–000, Lavras, MG, Brasil. 30 de junho de 2018 O movimento de queda livre serve para encontrar explicações para movimentos que sofrem influência da força gravitacional. Foi realizado um experimento em um aparelho de queda livre, no qual foi comprovado experimentalmente que se tratava de um movimento de queda livre, ou seja, uniformemente variado e que a aceleração da gravidade encontrada (9,91𝑚/𝑠², com erro de 1,33% do valor real) é constante e independe da massa e da área ocupada pelo objeto atraído. 1 Introdução Aristóteles foi quem iniciou os estudos do movimento de queda livre. Segundo ele, se dois objetos forem abandonados de uma mesma altura, o que atingiria o solo primeiro seria o mais pesado. Por muito tempo isso foi considerado pelos seguidores de Aristóteles. Mas quem começou os estudos por meio da experimentação foi Galileu Galilei, no século XVII, que descobriu que a afirmação de Aristóteles estava errada, pois não se via ela na prática. Seu famoso experimento foi realizado na Torre de Pisa, onde ele liberou esferas de pesos diferentes do alto da torre e viu que elas chegavam ao mesmo tempo no solo. Sabemos então que quando dois corpos quaisquer são abandonados no vácuo de uma mesma altura em relação ao solo, a queda tem o mesmo tempo para os dois e independe do peso de cada um. [1] Esse movimento está presente no cotidiano de todas as pessoas, por exemplo, quando é deixado uma maçã cair no chão. Esse experimento, portanto, tem como objetivo verificar se o movimento analisado é o de queda livre, determinar experimentalmente a aceleração da gravidade e conferir se seu valor sofre alguma influência do peso ou do diâmetro dos objetos utilizados nesse estudo. 2 Métodos 2.1 Modelo Téorico A posição de uma partícula de um objeto que está em movimento retilíneo uniformemente variado é descrita pela equação: 𝑦(𝑡) = 𝑦0 + 𝑣0𝑡 + 𝑔𝑡2 2 , (1) no qual y(t) é sua localização, 𝑦0 é sua posição inicial, 𝑣0 é sua velocidade inicial, 𝑡 é seu tempo e 𝑔 é a aceleração da gravidade local. Mas, como se trata de queda livre, considera-se que posição e velocidades iniciais são nulas, assim como foi expresso abaixo na Eq. (2): 𝑦(𝑡) = 𝑔𝑡2 2 . (2) Com o objetivo de encontrar o coeficiente angular e linear, a Eq. (2) foi linearizada, onde 𝑡2 = 𝑇: 𝑦(𝑡) = 𝑔𝑇 2 . (3) A derivada da Eq. (2) equação nos fornece equação horária da velocidade em relação ao tempo: 𝑣(𝑡) = 𝑔𝑡. (4) O gráfico dilog tem o objetivo de ser linear, onde é aplicado o logaritmo neperiano na Eq. (2), e é regido pela equação: 2 ln(𝑦(𝑥)) = ln(𝐴) + B ∙ ln(𝑥), (5) onde o coeficiente angular é o B e o coeficiente linear é ln(𝐴). Além dos gráficos, existem as médias dos tempos, os erros do equipamento e incertezas das medidas. A média dos tempos é dada por: 𝑡̅ = ∑ 𝑡𝑖 𝑛 𝑛 𝑖=𝑛 , (6) a incerteza das medidas é dada por: 𝛿�̅� = ∑ |𝑡𝑖−�̅�| 𝑛 𝑖=𝑛 𝑛 , (7) e a incerteza total é dada por: 𝛿𝑡 = 𝛿�̅� + 𝜎𝑡, (8) onde 𝑡̅ é a média dos tempos, 𝑡𝑖 é o somatório dos tempos e 𝑛 é número de tempos 𝛿𝑡 é a incerteza total, 𝛿�̅� é a incerteza das medidas e 𝜎𝑡 é o erro do instrumento de medida. 2.2 Métodos Experimentais Os instrumentos utilizados para o experimento foram um aparelho de queda livre (Figura 1), um paquímetro e uma balança. Figura 1: Instrumento de Queda Livre. Este instrumento possui um eletroímã que segura a esfera de metal no topo. Há 4 sensores que detectam a passagem de um objeto e um cronômetro digital. [2] A régua do instrumento possui um erro de 𝜎𝑐𝑦 = 0,005𝑚 e o cronômetro digital possui um erro de 𝜎𝑐𝑡 = 0,001𝑠. O paquímetro utilizado para a medida do diâmetro da esfera tem um erro de 𝜎𝑥 = 0,025𝑚𝑚 (Figura 2). Figura 2: Paquímetro. [3] A balança utilizada para a medida da massa da esfera tem um erro de 𝜎𝑤 = 0,01𝑔 (Figura 3). Figura 3: Balança de precisão semi-analítica. [4] Para o experimento, foi cumprido os seguintes passos para as duas esferas: Medir o diâmetro da esfera com o paquímetro; Medir a massa da esfera com a balança; No aparelho de queda livre, ajustar os sensores na régua e a esfera no eletroímã de forma que a interferência magnética seja mínima; Ligar o cronômetro e programá-lo na função 2. A função 2 aciona o cronômetro no momento em que o eletroímã é desligado; Desligar o eletroímã, o que faz com que a esfera caia no saco de contenção passando pelos sensores; Anotar os resultados; Resetar o cronômetro e repetir a queda 10 vezes para cada esfera. 3 3 Resultados e Discussão No experimento de queda livre das duas esferas, a média dos tempos obtidos pelos 4 sensores são mostrados na tabela 1 e 2 (t (s)). Os sensores estão indicados pela sua distância do eletroímã (y (m)). Os erros estão indicados acima das medidas da régua e do cronômetro. A esfera 1 (maior) tem diâmetro de 25,00𝑚𝑚 e massa de 63,68𝑔, e obteve os seguintes resultados: Tabela 1: Tempo de queda da esfera 1. Onde 𝑦 é a posição do sensor, δ𝑦 é a incerteza da medida da régua, δ𝑡𝑦 é a incerteza total da régua, 𝑡 é o momento em que a esfera passa pelo sensor, δ𝑡 é a incerteza da medida do tempo e δ𝑡𝑡 é a incerteza total do tempo. Gráfico 1: Posição pelo tempo da esfera 1 A esfera 2 (menor) tem diâmetro de 19,00𝑚𝑚 e massa de 23,74𝑔, e obteve os seguintes resultados: Tabela 2: Tempo de queda da esfera 2 Gráfico 2: Posição pelo tempo da esfera 2 Os valores encontrados para as duas esferas não são os mesmos devido à resistência do ar, que interfere na queda. Os gráficos são compostos por curvas, devido a função que rege eles ser polinomial do 2º grau. Mas como não é possível encontrar o coeficiente angular e linear em uma curva é necessária uma linearização, que é expressa pela Eq. (3). Os resultados são indicados pelas tabelas 3 e 4 e pelos gráficos 3 e 4. Tabela 3: Valores linearizados da esfera 1 y (m) ±0,005 δy (m) δty (m) t (s) ±0,001 δt (s) δtt (s) 0,00 0,000 0,005 0,000 0,000 0,001 0,10 0,000 0,005 0,129 0,000 0,001 0,20 0,000 0,005 0,194 0,000 0,001 0,30 0,000 0,005 0,242 0,001 0,002 0,40 0,000 0,005 0,281 0,000 0,001 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 Y(m) t(s) y (m) t² (s²) 0,00 0,000000 0,10 0,016641 0,20 0,037636 0,30 0,058564 0,40 0,078961 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 Y(m) t(s) y (m) ±0,005 δy (m) δty (m) t (s) ±0,001 δt (s) δtt (s) 0,00 0,000 0,005 0,000 0,000 0,001 0,10 0,000 0,005 0,135 0,000 0,001 0,20 0,000 0,005 0,198 0,000 0,001 0,30 0,000 0,005 0,245 0,001 0,002 0,40 0,000 0,005 0,284 0,000 0,001 4 Gráfico 3: Linearização do gráfico 1 Tabela 4: Valores linearizados da esfera 2 Gráfico 4: Linearização do gráfico 2 Retomando a Eq. (3), temos: 𝑦(𝑡) = 𝑔𝑇 2 , que a partirdela observa-se que: 𝑎 = 1 2 𝑔 e 𝑔 = 2𝑎, onde 𝑎 é o coeficiente angular da reta. A partir dos valores achados e do coeficiente angular, é possível encontrar a gravidade, sabendo que o coeficiente angular é numericamente igual a tangente do ângulo de inclinação da reta. Para o gráfico 3: 𝑎 = 𝛥𝑦 𝛥𝑥 = 0,3 − 0,2 0,0580 − 0,0379 = 4,9751 𝑔 = 2𝑎 = 2 ∙ 4,9751 = 9,95𝑚/𝑠² Para o gráfico 2: 𝑎 = 𝛥𝑦 𝛥𝑥 = 0,4 − 0 0,080656 − 0 = 4,9593 𝑔 = 2𝑎 = 2 ∙ 4,9593 = 9,91𝑚/𝑠² O valor que se encontra não é exato devido à resistência do ar e a atração do eletroímã. É possível ainda, fazer um gráfico linear a partir dos valores do gráfico da função polinomial do 2º grau. Esse gráfico utiliza a escala logarítmica em ambos os eixos e é denominado dilog. O gráfico da esfera 1 é representado no Anexo A e o gráfico da esfera 2 é representado no Anexo B. O gráfico dilog permite encontrar o coeficiente angular e linear da função sem a necessidade de linearizar a Eq. (2). Dessa forma, temos a Eq. (5) como a equação da reta desse gráfico ( ln(𝑦(𝑥)) = ln(𝐴) + B ∙ ln(𝑥) ), que ao considerar os valores encontrados em 𝑦(𝑡) = 1 2 𝑔𝑡2 a equação anterior, obtemos: ln(𝑦(𝑡)) = 2 ∙ ln(𝑡) + ln ( 1 2 𝑔), em que o coeficiente angular é 2 e o coeficiente linear é ln( 1 2 𝑔). Considerando, os valores do gráfico dilog da esfera 1, o coeficiente angular é calculado através da seguinte relação: 𝐵 = ln(𝑦2) − ln(𝑦1) ln(𝑥2) − ln(𝑥1) = ln(0,82) − ln(0,47) ln(0,42) − ln(0,32) 𝐵 = 2,0467 e isolando a gravidade na equação da reta do gráfico dilog, temos: 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 Y(m) t²(s²) y (m) t² (s²) 0,00 0,000000 0,10 0,018225 0,20 0,039204 0,30 0,060025 0,40 0,080656 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 Y(m) t²(s²) 5 𝑔 = 2 ∙ 𝑦(𝑡) 𝑡𝑎 = 2 ∙ 0,82 0,422,0467 = 9,68𝑚/𝑠² O mesmo pode ser feito com o gráfico dilog da esfera 2: 𝐵 = ln(0,75) − ln(0,36) ln(0,4) − ln(0,28) = 2,0578 𝑔 = 2 ∙ 0,75 0,42,0578 = 9,88𝑚/𝑠² Com o objetivo de provar que a aceleração de gravidade é constante no experimento, é necessário um gráfico de velocidade pelo tempo. Esse gráfico é construído a partir a equação horária da velocidade no movimento retilíneo uniformemente variado (Eq. (4) do modelo teórico): 𝑣(𝑡) = 𝑔𝑡, onde 𝑔 é o valor da gravidade encontrada pelo coeficiente angular do gráfico linearizado. Os valores da velocidade são expressos na tabela 5 e 6 e nos gráficos 7 e 8. Tabela 5: Velocidade pelo tempo da esfera 1 Gráfico 7: Velocidade pelo tempo da esfera 1 Tabela 6: Velocidade pelo tempo da esfera 2 Gráfico 8: Velocidade pelo tempo da esfera 2 O gráfico indica que a aceleração é constante por ser uma reta, pois em uma reta o coeficiente angular não varia. 4 Conclusão A partir dos experimentos, chegamos à conclusão de que se trata de um Movimento Uniformemente Variado, como foi observado que os gráficos de velocidade pelo tempo são lineares. Por isso, a aceleração da gravidade é constante. Além disso, levamos em conta o peso e o diâmetro dos objetos experimentados, e podemos dizer que esses dois fatores não influenciam na aceleração da gravidade dos objetos, visto que os gráficos eram quase idênticos. Houveram interferências como a resistência do ar e a atração do eletroímã que causaram uma pequena diferença, mas não considerável. Os operadores dos instrumentos podem ter tido um erro no ajuste das peças, mas esse erro estava previsto dentro do erro do equipamento, onde há um limite na precisão que o operador consegue utilizar. v (m/s) t (s) 0,00000 0,000 1,27839 0,129 1,92254 0,194 2,39822 0,242 2,78471 0,281 v (m/s) t (s) 0,00000 0,000 1,33785 0,135 1,96218 0,198 2,42795 0,245 2,81444 0,284 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 V(m/s) t(s) 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 V(m/s) t(s) 6 Levando em conta a gravidade do local do experimento, sendo em Lavras - MG onde o valor é de 9,78𝑚/𝑠², nota-se que o valores 9,91𝑚/𝑠² e 9,95𝑚/𝑠² encontrados pelos gráficos linearizados são próximos ao valor real, tendo um erro relativo de 1,33% e 1,74%, respectivamente. Dessa forma, é visto que o experimento foi realizado com sucesso, dentro das condições estabelecidas. Referências [1] ALVES. Talita. Queda Livre. 2017. Disponível em: <mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/queda -livre.htm>. Acesso em: 27 abr. 2018 [2] Ciência Mão. 2015. Disponível em: <www.cienciamao.usp.br/tudo/exibir.php?midia= azed&cod=_conjuntoparaquedalivrepa>. Acesso em: 27 abr. 2018 [3] Loja do Mecânico. Disponível em: <www.lojadomecanico.com.br/produto/89971/3/ 204/paquimetro-universal-002mm-6-pol---tram ontina-pro-44540004-tramontina-pro-44540004>. Acesso em: 28 abr. 2018 [4] Roster, Equipamentos Laboratoriais. Disponível em: <www.lojaroster.com.br/balanca/ balanca-de-precisao-semianalitica-001-g/produto/ 448/26670>. Acesso em: 28 abr. 2018 7 Anexo A – Gráfico Dilog da posição pelo tempo da esfera 1 t (s ) y ( m ) 8 Anexo B – Gráfico Dilog da posição pelo tempo da esfera 2 t (s ) y ( m )
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