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Resumo das Fontes de Direito no Brasil Colonial

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As Fontes de Direito no Brasil colonial 
 
Segundo Wolkmer, “a produção jurídica transposta para as colônias da América 
luso-hispânica a partir do século XVI advém das fontes históricas romano-germânicas e 
da adequação da herança normativa institucional da colonização ibérica.” 1. Observa-se 
que o direito na colônia brasileira não foi produto de uma evolução linear e gradual, mas 
uma imposição de uma “cultura alienígena” e todo um sistema de legalidade “evoluída” 
que reproduzia os interesses econômicos e mercantilistas da metrópole, sem respeitar as 
leis sagradas das populações indígenas que ali habitavam, assim como negariam direitos 
aos negros posteriormente. 
“De fato, o Direito vigente no Brasil colônia foi transferência da legislação 
portuguesa contida nas compilações de leis e costumes conhecidos como Ordenações 
Reais (Ordenações Afonsinas – 1446; Ordenações Manuelinas – 1521 e as Ordenações 
Filipinas - 1603)”2. Além das Ordenações, as fontes normativas utilizadas pelo 
judiciário da época eram: a “Lex Romana Wisigothorum” (direito comum dos povos 
germânicos), os “Forais”, os “Juízes de Terra”, os “Juízes de Fora”, os “Corregedores” e 
os “Desembargadores”, a quem foi concedida, pelos reis, autoridade para tomar 
decisões em seu nome. 
Entretanto, a insuficiência das Ordenações para resolver as necessidades da 
Colônia fez com que surgissem algumas formas de autonomia normativas (como as 
“Leis Extravagantes”)Para Hespanha, a “autonomia de um direito no Antigo Regime 
decorria principalmente da capacidade local de completarem-se as lacunas jurídicas 
causadas pela abertura ou indeterminação que existiam na própria estrutura do direito 
comum”. 
 Segundo o autor, recentemente é que foi adotada a concepção do “direito das 
Índias” como um direito construído pela prática completando os espaços que o direito 
clássico deixava à regulamentação local, consuetudinária ou judicial. Portanto, se se 
busca encontrar o direito colonial brasileiro, não será fácil encontrá-lo nessas medidas 
editadas pela coroa, sendo mais comum encontrarem-se zonas de incumprimento do 
direito real e a consequente existência de um direito próprio na colônia. 
 
1
 WOLKMER, Antonio Carlos. Síntese de uma história das ideias jurídicas: da antiguidade à 
modernidade. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2006, p. 77 
2
 WOLKMER, Antonio Carlos. História do Direito no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2002. 
P. 47 - 48 
O direito colonial próprio, por sua vez, vai nascer dos seguintes canais: 
possibilidade de impugnação jurídica das leis régias; contratos, privilégios e normas 
gerais; criação de normas particulares e flexibilidade do direito em função da graça o 
que mostrava certa complacência e uma rendição da coroa portuguesa no Brasil. 
 
Referências Bibliográficas: 
 
Livro: 
 
WOLKMER, Antonio Carlos. História do Direito no Brasil. Rio de Janeiro: 
Editora Forense, 2002. 
 
Textos-base: 
 
HESPANHA, António Manuel. Porque é que existe e em que é que consiste um 
direito colonial brasileiro. In: Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico 
moderno, n. XXXV, 2006, p. 59-81; 
WOLKMER, Antonio Carlos. Síntese de uma história das idéias jurídicas: da 
antigüidade à modernidade. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2006, p. 77- 97. 
 
Internet: 
 
Leandro Fazollo Cezario - A estrutura jurídica no Brasil colonial. Criação, 
ordenação e implementação. Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7088

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