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Laboratório de Genética Humana e Médica Disciplina “Genética Médica” Joao Farias Guerreiro Uma mutação é definida como qualquer alteração permanente do DNA. Pode ocorrer tanto em células da linhagem germinativa como em células somáticas. Em termos amplos, as mutações podem ser classificadas em três categorias: 1. mutações que afetam o numero de cromossomos na célula (mutações genomicas), 2. mutações que alteram a estrutura de cromossomos individuais (mutações cromossômicas) 3. mutações que alteram genes individuais (mutações gênicas) 1. Mutações genômicas são alterações no numero de cromossomos intatos (aneuploidias ) que surgem de erros de segregação cromossômica durante a meiose ou mitose. 2. Mutações cromossômicas são desequilíbrios que envolvem apenas uma parte de um cromossomo, tais como as duplicações, deleções, inversões e translocações, que podem ocorrer espontaneamente ou podem resultar da segregação anormal de cromossomos translocados durante a meiose. 3. Mutações gênicas são mudanças na seqüência de DNA, que variam de apenas um único nucleotídeo a mudanças que podem afetar muitos milhares de pares de bases, mas sempre em uma escala muito pequena para ser vista mesmo com a analise citogenética de alta resolução. A lesão do DNA pode ser espontânea ou induzida por agentes físicos e químicos (mutágenos) e também por agentes biológicos. Principais mutágenos: 1. radiações ionizantes 2. radiações UV 3. produtos químicos 4. vírus (os demais agentes biológicos raramente têm uma intervenção direta sobre o DNA humano) As mutações gênicas podem ser classificadas pelo tipo de alteração causada pelo evento mutacional: 1. Substituições de Nucleotídeos a) Mutações de sentido trocado b) Mutações sem sentido c) Mutações de processamento de RNA d) Mutações reguladoras 2. Deleções e Inserções a) Adição ou deleção de um pequeno número de bases b) Deleções gênicas maiores, inversões, fusões e duplicações c) Inserção de elementos L1 ou Alu (transposons) d) Expansão de seqüências de trinucleotídeos repetidos Mutações que resultam da substituição de uma purina por outra purina e a substituição de uma pirimidina por outra pirimidina são chamadas transições. Substituições de uma purina por uma pirimidina e vice-versa são chamadas transversões. Existem três substituições possíveis para cada par de bases: uma transição e duas transversões. São possíveis um total de quatro transições diferentes e oito transversões diferentes. Mutação de Sentido Trocado A substituição de um único nucleotídeo numa seqüência de DNA pode alterar o código de uma trinca de bases e levar à substituição de uma trinca de bases por outra trocando o aminoácido na cadeia polipeptídica Mutações Sem Sentido A mutação gera um dos códons de parada (TAA, TAG ou TGA no DNA; UAA, UAG e UGA) que interrompe a tradução do RNAm gerando um produto truncado. Mutações no Processamento do RNAm Mutações de ponto, de diferentes tipos, que afetam a qualidade ou a quantidade do RNA produzido. Isto porque o mecanismo normal pelo qual os íntrons são excisados do RNA não processado e os éxons unidos para formar um RNAm maduro depende de determinadas sequências de nucleotídeos localizadas nos sítio aceptor (intron/exon) e no sítio doador (exon/intron). Padrão normal de processamento do RNA Exon 1 Exon 3 Exon 2 Sítio doador do intron 2 : GT Sítio aceptor do intron 2 : AG Intron 2 Intron 1 Processamento do RNAm Os íntrons, seqüências de DNA que se intercalam com seqüências denominadas éxons, são inicialmente transcritas em RNA no núcleo, mas não estão presentes no mRNA no citoplasma, e, assim, não estão representadas na cadeia polipeptídica final. Os éxons é que codificam a seqüência de aminoácidos da proteína. 5´ 3´ Éxon 1 Éxon 3 Éxon 2 5´ 3´ RNA 1. Transcrição 5´ 2. Processamento e recomposição do RNA ´ 3´ 5´ CAP 3´ 5´ Núcleo AAAAAA Mutações no Processamento do RNAm Mutações que impedem a retirada de íntrons, por alterar os sítios de splicing (GT, no início do íntron ou AG no final); Mutações internas nos íntrons que criam um sítio adicional de splicing, que competem com os normais durante o processamento do RNA; Mutações no sítio de poliadenilação do mRNA. • Mutação no sítio aceptor de corte normal do intron 2 resulta no uso de sítio críptico no intron 2, o que introduz parte do introduz parte do intron 2 no exon 3, impedindo a codificação da globina-b. Mutação:... CGG CTC Exon 1 Exon 3 Exon 2 Intron 2 Sítio aceptor cíptico do intron 2 : TTTCTTCAGG Mutação bo Intron 1 Intron 2 Normal :... CAG CTC • Mutação na posição 110 do intron 1 ativa um sítio aceptor críptico, o que resulta no alongamento do exon 2 em 19 nucleotídeos e a introdução de um códon finalizador prematuro no transcrito. O sítio aceptor correto é usado em 10% no gene mutado Exon 1 Exon 3 Exon 2 Sítio aceptor do intron 1 : ...AG CD 110 normal : ...CCTATTGGT CD 110 mutado: ...CCTATTAGT Mutação b+ 110 (A>G) cria sítio críptico de splicing no íntron 1 90% 10% Intron 2 Intron 1 3´ Sinal de poliadenilação AATAAA 3´ 3´ Sinal de poliadenilação AACAAA 3´ AAAAAA .............. Mutações no sítio de poliadenilação do mRNA. Mutações em Seqüências Promotoras Mutações na região reguladora na extremidade 5´do gene, que afetam a ligação com fatores de transcrição e reduzem a eficiência da transcrição do RNA, produzindo menor quantidade de mRNA. T G G G C ou G 5’ T CCTCACCC C CCACA C C C CCAAT A T A A AA 3’ -108 -93 -76 -31 Gene β O trecho compreendido entre o códon de iniciação da síntese protéica (ATG ou TTG) e um dos três códons para terminação determina a seqüência de aminoácidos do polipeptídeo final, produto do gene. Este trecho é designado como quadro aberto de leitura (ORF = open reading frame) ou sequência codificadora. Antes dele (diz-se 5' dele) estão o promotor (onde vai se ligar a RNA polimerase) e o sítio ligador de ribossomo uma seqüência que, quando transcrita para o mRNA, irá permitir o pareamento deste com um trecho complementar do RNA 16 S da sub-unidade menor do ribossoma. 5´ (antecedentes) 3´ (posterior) Início da Transcrição Promotor Região 5´ não-traduzida (5´UTR) Códon iniciador Códon finalizador Íntrons Éxons Região 3´ não- traduzida (3´UTR) CAAT GG TATA Acentuadores e Silenciadores Seqüências reguladoras Causadas pela inserção ou deleção de um ou mais pares de bases. O mecanismo tido como responsável pela maioria das pequenas deleções e inserções é o mau pareamento de cromossomos homólogos seguido de permuta desigual entre as cromátides. Uma das evidências desse mecanismo é a ocorrência de seqüências com repetições diretas em regiões nas quais ocorrem essas mutações. Causadas pela inserção ou deleção de um ou mais pares de bases. a) Quando o número de bases envolvidas não é múltiplo de três, a mutação altera a leitura da tradução a partir do ponto de mutação resultando em uma proteína com seqüência de aminoácidos diferente (frameshift). b) Quando o número de bases envolvidas é múltiplo de três, a mutação resulta numa proteínacom a adição ou falta de aminoácidos. Grandes deleções e inserções Alguns casos de Deleções ou inserções de grandes segmentos de DNA podem ser causadas por um pareamento incorreto entre seqüências de DNA similares ou idênticas. • Seqüências extensas de DNA repetitivo ou com grandes homologias favorecem a ocorrência de fenômenos de recombinação homóloga. • A formação de crossing-overs assimétricos entre cromátides irmãs ou entre cromátides de cromossomas homólogos dá origem a deleções/inserções e fusão de genes
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