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MANEJO FLORESTAL 
José Roberto S. Scolforo 
UFLA - Universidade Federal de Lavras 
FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão 
LAVRAS(MG)..J997 
Ficha Catalográfica preparada pela Seção de Classificação e Catalogação da 
Biblioteca Central da UFLA 
Scolforo, José Roberto Soares 
Manejo florestal / José Roberto Soares Scolforo. 
- Lavras : UFLA/FAEPE, 1997. 
438 p . : il. 
Bibliografia. 
1. Floresta - Manejo. 2. Ciência florestal. 3. Silvicultura. 4. Floresta nativa. 
5. Floresta plantada. 6. Essência florestal. 7. Manejo sustentado. 
I. Universidade Çederal de Lavras. II. Titulo. 
CDD-634.92 
TEXTO REVISADO PELO AUTOR 
© 1997 FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão 
PROIBIDA A REPRODUÇÃO DO TODO OU PARTE, POR QUALQUER 
MEIO, SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DA FAEPE. 
Curso de Especialização - Pós-Graduação Tato Sertsu" por Tutoria à Distância 
PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO FLORESTAL 
Convênio: 
UFLA - Universidade Federa! de Lavras 
FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão 
Reitor da UFLA: 
FABIANO RIBEIRO DO VALE 
Presidente do Conselho Deliberativo da FAEPE: 
DOUGLAS ANTÔNIO DE CARVALHO 
Chefe do Departamento de Engenharia Florestal: 
ANTÔNIO DONIZETE DE OLIVEIRA 
Coordenador do Curso: 
JOSÉ ROBERTO SOARES SCOLFORO 
Digitação e Editoração Eletrônica: 
CENTRO DE EDITORAÇÃO ELETRÔNICA - FAEPE 
Impressão: 
GRÁFICA UNIVERSITÁRIA - UFLA 
ÍNDICE 
1. INTRODUÇÃO 1 
2. MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS 
Revisão sobre Manejo Florestal 3 
2.1. MANEJO FLORESTAL NÂ ÁSIA 6 
2.2. MANEJO FLORESTAL NA ÁFRICA 14 
2.3. MANEJO FLORESTAL NA AMÉRICA 18 
2.4. MANEJO FLORESTAL NO BRASIL . . 28 
2.4.1. Experiências de Manejo Florestal realizadas'' 
no Brasil 32 
3. MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 51 
3.1. CRESCIMENTO DAS ESPÉCIES SOB REGIME DE 
MANEJO 52 
3.2. EFICIÊNCIA DO PROCESSO TECNOLÓGICO 
NO BENEFICIAMENTO DA MADEIRA E NO 
ASPECTO SILVICULTURAL 57 
3.3. EFEITOS DA EXPLORAÇÃO E DO TRANSPORTE 
NA REGENERAÇÃO NATURAL E ESTRUTURA 
REMANESCENTE 72 
3.4. A ECONOMICIDADE DO PROCESSO QUE 
ENVOLVE A ATIVIDADE DE MANEJO 
FLORESTAL SUSTENTADO 76 
3.4.1. O Uso da Floresta comparado a Outros Usos 
da Terra na Região de Taiiândia-PA 76 
iii 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
3.4.2. Custos e Lucros na Exploração de Madeira 
em Paragominas-PA 79 
3.4.3. Análise de Investimento: Comparação entre 
o Manejo Florestal, Pecuária e Agricultura na 
Região de Paragominas-PA 82 
3.4.4. Custos e Benefícios da Atividade de 
Manejo Florestal 98 
3.4.5. O Manejo Florestal Sustentado visto como 
um Investimento 100 
3.4.6. A Comercialização Clandestina de Madeira . 101 
3.4.7. Viabilidade Econômica do Manejo 
Florestal Sustentado 102 
3.5. SUSCEPTIBIUDADE DAS ESPÉCIES 
FLORESTAIS ÀS PRÁTICAS DE 
EXPLORAÇÃO 113 
4. SISTEMAS SILVICULTURAIS 117 
4.1. MÉTODO DE SUBSTITUIÇÃO 122 
4.1.1. Sistema Agro Florestal 123 
^ 4.1.1.1. Sistemas Silvipastoris 126 
4.1.1.2. Sistemas Agrossilvipastoris 127 
4.2. MÉTODO DE TRANSFORMAÇÃO DO 
POVOAMENTO OU CONVERSÃO 128 
4.2.1. Corte de Melhoramento 130 
4.2.2. Método de Enriquecimento 131 
4.2.2.1. Métodos de Enriquecimento de 
Anderson 135 
4.2.2.2. Método de Enriquecimento 
Mexicano 136 
4.2.2.3. Método de Enriquecimento 
Caimital (Venezuela) 136 
índice 
4.2.3. Método de Transformação por Via da Sucessão 
Dirigida 137 
4.2.3.1. Sistema de Corte Raso 137 
4.2.3.2. Sistema de Seleção ou Sistema de 
Corte Seletivo 145 
4.2.3.3. Sistema de Floresta de Cobertura 
(Shelterwood system) 151 
4.2.3.4. Sistema de Talhadia 173 
4.2.3.5. Sistema Celos de Manejo 185 
5. MODELAGEM DA PRODUÇÃO, IDADE DAS FLORESTAS 
NATIVAS, DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ESPÉCIES E A 
ANÁLISE ESTRUTURAL 189 
5.1. MODELO DE PRODUÇÃO BASEADO NA RAZÃO 
DE MOVIMENTAÇÃO DOS DIÂMETROS 190 
5.1.1. Equações para Gerar o Modelo de 
Prognose 197 
5.1.2. Modelo de Produção 205 
5.2. O MODELO DE PRODUÇÃO ATRAVÉS DA 
MATRIZ DE TRANSIÇÃO 210 
5.2.1. Matriz de Transição e a Prognose 211 
5.2.2. Aplicação do Procedimento 213 
5.2.3. Estado Estável ou de Equilíbrio da Floresta . 216 
5.2.4. Estados Absorventes 217 
5.3. IDADE DA FLORESTA NATIVA 218 
5.4. DEFINIÇÃO DO PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO 
ESPACIAL DAS ESPÉCIES DE UMA FLORESTA 
NATIVA 225 
5.5. A ANÁUSE DA VEGETAÇÃO 230 
5.5.1. Estrutura Horizontal 231 
5.5.2. Estrutura Vertical 236 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
5.5.3. Regeneração Natural 239 
5.5.4. índice de Valor de Importância Ampliado e 
Econômico (MEAi) 242 
5.5.5. índice para Avaliar a Similaridade entre Tipos 
Fisionômicos 244 
6. OPÇÕES PARA O MANEJO SUSTENTADO DA 
FLORESTA NATIVA 247 
6.1. O MANEJO EM FLORESTA NATIVA 248 
6.2. O MANEJO DA VEGETAÇÃO NATIVA ATRAVÉS 
DE CORTES SELETIVOS 264 
6.21 Geração do Plano de Manejo Propriamente 
Dito 279 
7. ESTUDO DA REGENERAÇÃO NATURAL VISANDO A 
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E O MANEJO 
FLORESTAL 299 
7.1. INTRODUÇÃO 299 
7.2. O MANEJO FLORESTAL E A REGENERAÇÃO 
NATURAL 3 0 1 
7.3. METODOLOGIA PARA ESTUDO DA 
REGENERAÇÃO NATURAL 304 
7.3.1. Parâmetros Fitossociológicos da 
Regeneração Natural 304 
7.3.2. Exemplos de Estimativas de Parâmetros . . . 308 
8. O MANEJO DE FLORESTAS PLANTADAS 313 
8.1. O SETOR FLORESTAL NO SUL 316 
8.2. PRODUTOS FLORESTAIS - TORAS/TORETES . . 317 
8.3. O MANEJO FLORESTAL 320 
8.3.1. Ferramentas do Manejo Florestal 320 
índice 
8.3.2. Regimes de Manejo de Rnus 324 
8.3.3. Considerações Finais 327 
8.3.4. Comparação entre os Regimes 333 
8.4. O MANEJO DE FLORESTAS DE Eucalyptus . . . . 336 
8.4.1. Implicações dos Desbastes em Eucalyptus . 340 
8.4.2. Manejo em Sítios pouco Produtivos 344 
8.4.3. Desbastes com Remanescentes 345 
8.5. O USO DE MODELOS DE PRODUÇÃO COMO 
ELEMENTO DE TOMADA DE DECISÃO 346 
8.5.1. Prognose e Avaliação Econômica da Produção 
de Madeira de Rnus caríbaea var. 
hondurensis em Sistema de Corte Raso . . . 347 
9. ESPAÇAMENTO : . . . . - 381 
9.1. FATORES DETERMINANTES DO ESPAÇAMENTO 
DE PLANTIO 382 
9.1.1. Qualidade do Sítio 383 
9.1.2. Espécie 384 
9.1.3. Objetivos de Manejo e Condições de 
Mercado 385 
9.1.4. Método de Colheita 387 
9.2. OS EFEITOS DO ESPAÇAMENTO 387 
9.2.1. Número de Tratos Culturais 388 
9.2.2. Taxa de Mortalidade e Dominância 388 
9.2.3. Volume / Sortimento de Madeira 389 
9.2.4. Idade de Estagnação / Ciclo do Corte . . . . 394 
9.2.5. Qualidade da Madeira 396 
9.2.6. Desenvolvimento Radicial e da Copa 398 
9.2.7. Custos de Produção 399 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
9.3. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL 401 
9.3.1. Espaçamento Regular 401 
9.3.2. Espaçamento Semi Regular 403 
9.3.3. Espaçamento Irregular 403 
9.4. CONSIDERAÇÕES GERAIS 404 
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 407 
ANEXOS 427 
viii 
1 
INTRODUÇÃO 
De maneira geral, o Manejo Florestal está centrado no conceito da 
utilização de forma sensata e sustentada dos recursos florestais, de modo 
que as gerações futuras possam usufruir pelo menos os mesmos benefícios 
da geração presente. 
Esta terminologia, pode ser abordada segundo dois enfoques. 
Manejo Florestal é visto como uma prática em que o objetivo maior é 
aumentar a qualidade do produto final, sua dimensão e se possível a sua 
quantidade, observando em todas as fases a viabilidade sócio-econômica e 
ambiental do processo produtivo. Um segundo enfoque, considera Manejo 
Florestal como um processo de tomada de decisão. Neste contexto o 
profissional florestal necessita ter uma visão global de planejamento florestal, 
utilizando-se para tal, modelos matemáticos que possibilitem a previsão da 
produção, assim como gerenciar toda esta gama de informações através de 
planos de manejos em que a otimização seja a tônica do processo.Naturalmente que, seja em florestas homogêneas, seja em 
vegetação nativa o manejador florestal deve balizar suas decisões em 
informações biológicas, econômicas, sociais, ambientais e de mercado, de 
1 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
2 
MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS 
REVISÃO SOBRE MANEJO FLORESTAL 
José Roberto S. Scolforo 
Para se ter uma melhor idéia da distribuição das florestas no mundo, 
apresenta-se na Tabela 2.1, em linhas gerais, uma proporção das florestas 
tropicais por continente, bem como de todos os tipos florestais juntos. 
Pode-se verificar que o continente americano apresenta o maior percentual 
de florestas tropicais do planeta, assim como dos demais tipos florestais. 
Pela Figura 2.1, constata-se que, do total de 3,6047 bilhões de hectares 
existentes em 1980, 53% correspondiam às florestas tropicais, o que prova a 
sua importância. Devido a sua fragilidade e por estarem situadas em regiões 
onde o aspecto sócio-econômico é ainda mais frágil, essas florestas vêm 
despertando cada dia mais preocupações nos países desenvolvidos. 
Professor do Departamento de Ciências Florestais - UFLA 
3 
modo a propiciar que a sustentabifidade desta prática, perpetue a atividade 
florestal no local onde o empreendimento estiver sendo executado. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 2.1. Extensão das Florestas Mundiais e Tropicais ao Final de 1980 
Países Tropicais Todos os Países 
Continente - — • —• 
/Região 
N° 
Países 
Área 
de 
Terra 
Área 
Florestal 
N° 
Países 
Área 
de 
Terra 
Área 
Florestal 
Milhão 
ha 
Milhão 
ha 
% Milhão 
ha 
Milhão 
ha % 
África 46 2.237,3 701,2 31,3 56 2.964,6 709,3 23,9 
América 39 1.651,6 889,8 53,9 49 3.892,7 1.435,8 36,9 
Ásia 22 900,2 303,4 33,7 42 2.677,3 491,8 18,4 
Europa - - - • 32 2.700,0 876,5 32,5 
Pacífico 16 54,2 42,6 78,6 24 842,9 91,3 10,8 
Mundo 123 4.843,3 1.937,0 40,0 203 13.077,5 3.604,7 27,6 
Fonte: (Troensegaard, 1990) em Technical Wbrkshop to Explore Options for Global 
Forestry Management, 1991 
Troensegaard, J. (1990) Present Patterns and Rates of Forest Loss 
In Tropical Forestry response Options to Global Climate Change, Conference Proceedings 
São Paulo, Jan. 1990, p.71-84 
Extraído de STCP - Desenvolvimento Sustentado do Setor Florestal / Curitiba - PR 
Março/92 
4 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
F o n t e : ( The World's Tropical Forests. Washington. 1980 - Modi f icado ), em Tropical 
Forest Report, 1991. 
In. STCP - Desenvolvimento Sustentado do Setor Flor estai - Cur i t iba- Morço/92 
FIGURA 2.1. Distribuição das Florestas Tropicais no Mundo 
UFLA/FAEPE - Manejo FbKStal 
6 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
7 
Apresenta-se a seguir uma breve descrição, das práticas de manejo 
florestal nas florestas tropicais do planeta. 
2.1. MANEJO FLORESTAL NA ÁSIA 
Foi nesse continente, mais precisamente na índia, que em 1906 
surgiram os primeiros tratamentos silviculfurais aplicados ao manejo 
florestal. A partir de então uma série de concepções vêm sendo 
desenvolvidas, buscando basicamente a sua adequação às diferentes 
regiões ecológicas e tipos florestais diferenciados. Todos os métodos 
desenvolvidos baseiam-se em dois conceitos: 
- Sistema Monocíclico 
- Sistema Policíclico 
O Sistema monocíclico produz povoamentos uniformes, sendo 
comumente empregados nas florestas de coníferas do sul da Ásia. Neste 
sistema, em uma só operação é abatido a totalidade do estoque comercial. 
O objetivo é a formação de florestas altas, equiâneas, destinadas à 
explorações e operações de regeneração, dentro de rotações previamente 
estabelecidas. São exemplos típicos, o sistema malaio uniforme (SMU) e o 
sistema tropical de cobertura. 
Já o Sistema policíclico objetiva uma produção contínua de 
madeira de espécies comerciais, propiciando um razoável equilíbrio 
ecológico e garantindo uma regeneração natural adequada, além de manter 
mais ou menos inalterada a composição florística e a estrutura original 
da floresta. Este sistema caracteriza-se ainda por possibilitar corte seletivo 
com ou sem aplicação de melhoramentos ao povoamento residual. 
O objetivo é a obtenção de uma floresta alta, multiânea manejada, composta 
predominantemente por espécies comerciais. São exemplos típicos deste 
sistema o método filipino de corte seletivo e o método indonésio de corte 
seletivo. Embora o sistema policíclico esteja mais próximo do processo 
natural, ele tem como principal desvantagem os danos que ciclicamente vão 
se repetir na floresta residual. 
Apresenta-se a seguir um breve histórico dos trabalhos de manejo 
florestal sustentado no Continente Asiático. 
Os países do Sudeste Asiático são responsáveis por 80% do 
mercado de produtos provenientes de florestas tropicais. Nas Tabelas 2.2 e 
2.3 são apresentadas a nível informativo a distribuição de área e taxas de 
desmatamento dos países do Sudeste Asiático e Brasil, e a produção de 
toras e madeira serrada no Sudeste Asiático. 
Pode-se observar na Tabela 2.2 que Malásia e Indonésia são os 
países asiáticos onde a taxa de desmatamento anual é maior. Este fato 
ocorre principalmente pelo interesse em plantio de seringueira, óleo de 
palma e agricultura. Em países como o Camboja, Laos e Vietnã há 
substituição da floresta pela cultura do arroz. 
Da Tabela 2.3 observa-se que Indonésia e Malásia juntas são 
responsáveis por 88% da produção de toras para serraria e laminação. Vale 
no entanto ressaltar que na maioria dos países asiáticos, 75% da madeira em 
média são consumidos como lenha e carvão, chegando a 92% e 91% na 
Tailândia e Laos, respectivamente. 
Diogo Guido
Realce
Diogo Guido
Realce
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 2.2. Distribuição de área e taxas de desmatamento dos países do Sudeste Asiático 
e Brasil (excluindo-se Brunei e Singapura) 
Pais Área 
Total 
(1.000 ha.) 
Área 
Florestal 
(1.000 ha.) 
% da 
Área 
Florestada 
Taxa de 
Desmatamento 
Anual 
(1.000 ha.) 
Taxa Anual de 
Desmatamento 
(% da Área 
do País) 
Mianmá 65.655 32.399 47,9 105 0,3 (85-89) 
Indonésia 181.157 113.433 62,6 1.100 0,6 (83-89) 
Camboja 16.152 13.372 82,8 -
Laos 23.080 12.700 55,0 129 1,0 (80-90) 
Vietnã 32.549 9.850 30,3 300 3,0 (80-90) 
Malásia 32.855 19.330 58,8 396 1,9 (80-90) 
Tailândia 51.089 14.100 27,6 385 2,3 (90-91) 
Filipinas 29.817 10.350 34,7 316 3,1 (80-89) 
Total 432.235 225.534 52,17 2.731 1.2 
Brasil ^ 845.651 493.030 58,3 - -
Amazônia 
Brasileira 
337.000 306.00 91,0 1.700** 0,5 (78-88) 
(*) Não existem dados disponíveis " 
{ " ) Os dados divergem bastante. 1.400 (FAO 1985); 3.000 (INPE 1987); 1.700 (INPE 1988) 
Fonte: FAO (1991) 
Fonte: Silvicultura set/out. 1994. 
8 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
TABELA 2.3. Produção de toras e madeira serrada no sudeste asiático (1992) 
País Produção de Toras 
(1.000 m3) 
Produção de Madeira Serrada 
e Dormentes (1.000 m 3) 
1980 1990 Cresc. 
(%) 
1980 1990 Cresc. 
(%) 
Mianmá 2.782 4.150 4,1 200 466 -
Indonésia 28.109 27.464 -0,2 4.815 9.145 6,6 
Camboja - 110 - - 4.3 -
Laos 130 213 5,0 41 16 -9,0 
Vietnã 1.626 3.246 7,2 473 600 2,4 
Malásia 27.928 41.011 3,9 6.235 8.275 3.0 
Tailândia 2.554 492 -15 1.543 1.356 -13 
Filipinas 1.529 841 -5,8 759 488 -4,3 
Total 64.656 77.527 1,8 14.066 20.389 3,7 
Fonte: FAO, 1992 
Fonte: Silvicultura set/out 1994 
i v • Malásia 
A Malásia é dividida em duas partes. A Peninsular, onde vivem 15,3 
milhões de habitantes e onde é implementado um sistema de manejo 
seletivo de alta qualidade, nas florestas tropicais. Na região este sistema 
ampara-se num forte controledo governo, num detalhado sistema de 
inventário, num sistema de exploração menos impactante à floresta residual 
e no monitoramento da floresta remanescente. A segunda parte é a Malásia 
Insular, formada pelos estados de Sarawak e Sabah, onde a exploração 
madeireira é a principal atividade econômica. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Conforme Masson (1983), a Malásia possuiu 459 mil hectares de 
florestas sujeitas ao regime de manejo. Os sistemas aplicados variam de 
local ou de região para região, além das variações temporais. 
A prática silvicultural conhecida como corte de melhoramento era 
aplicada para eliminar, basicamente, a Eugeissona tristis do sub-bosque, de 
modo a beneficiar a Pallaquim guta, fonte de látex. Outras espécies como 
Dryobalanops aromatica eram beneficiadas por esta prática. O mais 
conhecido sistema de manejo florestal na Malásia é o sistema malaio 
uniforme, aplicado em florestas de dipterocarpus, e o seu sucesso 
baseou-se num adequado estoque de mudas das espécies de valor 
econômico; se tal fato não ocorrer, o sistema está fadado ao insucesso. 
Talvez os mais sérios problemas encontrados sejam o excesso de danos 
causados ao povoamento residual, se usados sistemas de corte e colheita 
inapropriados; a economicidade do processo, devido à obtenção de 
colheitas em intervalos de tempo, relativamente longos; além da 
necessidade de grandes extensões de áreas florestais para viabilizá-los. 
Outro sistema utilizado na Malásia é o sistema de manejo seletivo, 
que consiste de um rápido inventário pré-corte para definir o regime de corte 
e a marcação das árvores para exploração, procurando-se determinar os 
tratamentos silviculturais. Se o ciclo de corte for de 25 a 30 anos, o limite 
máximo é de 45 a 50 cm, deixando pelo menos 32 árvores por ha, de boa 
forma, com diâmetro entre 30 e 45 cm, segundo Tang (1987). Conforme 
Abdul Rashid (1983), citado por Silva (1989), em Trengganu, na Malásia 
Peninsular, a produção obtida sob este regime varia de 11,8 a 127,6 m 3 /ha; 
com número de árvores de 6,2 a 46fha e o diâmetro mínimo de corte de 
45 a 65 cm. O incremento em diâmetro das espécies comerciais sujeitas a 
10 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
11 
este sistema está entre 0,8 a 1 cm/ano e o incremento bruto em volume, 
entre 2,0 e 2,5 m3/ano, para as mesmas espécies. 
Deve-se considerar que a base de todos os procedimentos citados 
envolve a regeneração natural e que, segundo VUi (1985), o questionamento 
hoje na Malásia refere-se à viabilidade econômica das florestas manejadas. 
No entanto, um ambicioso programa para agregar cada vez mais valor ao 
produto orientado da floresta vem sendo fortemente apoiado pelo governo, 
no sentido cfe tornar este país um referencial no aproveitamento dos 
produtos oriundos da floresta. 
A seguir considera-se especificamente sobre o manejo realizados 
em Sarawak e Sabah. 
a) Sarawak 
Para florestas de dipterocarpus, Hutchinson (1981) sugere a adoção 
de desbastes de liberação. No entanto, Lee (1982) considera que é 
precipitado concluir ser este método apropriado em Sarawak, haja visto a 
falta de definição de estoque, taxas de crescimento, além de haver muitas 
suposições nas conclusões obtidas de que este método é apropriado para a 
região em questão. 
Esses tratamentos de desbaste de liberação têm sido considerados 
por Jonkers (1988) como superiores ao sistema malaio uniforme modificado, 
sugerido por Lee e Lai(1977), haja visto os menores custos envolvidos. O 
mesmo autor considera ainda que o sistema malaio uniforme muda 
radicalmente a estrutura da floresta, sendo portanto ecologicamente 
indesejável, além de propiciar um maior aparecimento de espécies pioneiras 
PJ^-A/FAEPE - Manejo Florestal 
e do cipós. Assim, parece necessário que mais observações sejam 
implementadas para haver uma comparação mais efetiva dos dois 
proctuiimentos. No entanto, a adoção do desbaste de liberação é prática 
correnie no serviço florestal de Sarawak. 
b) Sabah 
Conforme Higuchi (1987), a partir de 1975 o sistema malaio uniforme 
foi akmdonado. Em seu lugar passou a ser utilizado o sistema de CAP 
míninM, que compreende o corte de cipós, efetuado dois anos antes da 
operarão de abate, com o objetivo de reduzir os danos desta operação; 
uma operação combinada do inventário de regeneração natural, pelo 
método de amostragem linear, com envenenamento para eliminar a 
competição; e uma operação que envolve o inventário da regeneração 
natural <? u m tratamento de liberação. 
• Indonésia 
•\ exploração das florestas neste país vem migrando de região 
para região em virtude do programa de ocupação das áreas do país. Assim 
na decaia de 60, 89% da madeira era proveniente de Java, Sumatra e 
Madeira Na década de 70, 65% da madeira explorada vinha de r^alimantã e 
hoje esí* produção vem de Irian Jaya. Vale ressaltar que embora seja 
membro < j a OPEP, 83% da madeira colhida na Indonésia é utilizada para 
carvão # lenha. Este país apresenta em contraposição a este fato um 
ambicio;so programa de reftorestamento, com praticamente 9 milhões de ha 
já implantados sendo 1/4 deste total destinado a produção. Dentre as 
espécies j e maior destaque no programa de reflorestamento pode-se citar a 
12 
Manejo de Florestas .Vztivas 
Re\'isão sobre Manejo Fk-^estal 
13 
Tectona grandis (+ W0.000 ha), Dalbergia latifolia, Acácia mangium, 
Swetenia macrophyln, £ urophyla e E deglupta. 
, O sistema de manejo adotado nas florestas tropicais é o seletivo, 
considerando um diâmetro mínimo de 50 cm para exploração das árvores 
de valor comercial, devendo ser deixado pelo menos 25 delas com mais de 
35 cm de diâmetro por hectare. O incremento em diâmetro das 25 
árvores/ha da floresta residual é considerado de 1 cm/ano; assim, ao fir.al de 
um ciclo de 35 anos el;is podem apresentar, em média, 70 cm de diâmetro. 
Deve-se considerar que esta realidade é restrita à floresta com grande 
número de árvores dc espécies de valor comercial. 
• Filipinas 
Dois são os sistemas predominantes neste país. O sistema de ^orte 
seletivo, estabelecendo que 70% do número de árvores das classes de 15 a 
65 cm devem ser deixadas na floresta residual, assim como 40% das ár.ores 
na classe de 70 cm; nas classes acima de 75 cm todas as árvores são 
removidas. O ciclo de corte esperado varia de 30 a 40 anos, dependenco da 
taxa de crescimento, o maior questionamento ao método é que não há 
assistência silvicultural posterior à exploração. 
O segundo sistema silvicultural, segundo Reyes (1978-a::. é 
o método muda-árvore, com plantio suplementar quando neces-sário. 
É necessário que sejam deixadas no povoamento residual de 16 s 20 
árvores/ha para suprir a regeneração natural. Enquanto o primeiro sistema é 
aplicado à floresta de dipterocarpus, o segundo é aplicado para pinus e 
floresta de mangrove. 
ÜFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
14 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
15 
silviculturais que propiciem rotações economicamente viáveis em menor 
tempo e ecologicamente aceitáveis, não poderiam ser exercitadas. 
• Nigéria 
Conforme Baur (1964) as práticas de manejo intensivo neste país 
datam de 1944, com a introdução do sistema tropical de cobertura, que 
visava a produção de povoamentos mais ou menos uniformes. Esta prática 
caracterizava-se por compreender uma série de tratamentos antes e após a 
exploração, com o intuito de induzir a regeneração das espécies de valor 
comercial. 
De acordo com Lowe (1984), durante a década de 50, 200.000 
hectares de floresta foram manejadas nas regiões oeste e centro-oeste da 
Nigéria. Os povoamentos tinham em média 200 m 3/ha, sendo removidas 
5 árvores em média/ha, com um diâmetro mínimo, que para algumasespécies chegava a 80 cm, produzindo em média 20 m 3/ha. 
Este método foi questionado a partir da década de 60, devido, 
dentre outras razões, ao alto custo envolvido nas atividades antes e após as 
explorações, como a limpeza de cipós, por exemplo. A partir de então houve 
um fortalecimento da atividade de reflorestamento e principalmente da 
atividade agroflorestal. No entanto, o abandono do sistema pode ser 
creditado também a outros fatores como a independência política da 
Nigéria, o que propiciou uma redistribuição dos técnicos, até então 
concentrados na região oeste e centro-oeste, para o restante do país. Este 
fato acabou interferindo na capacidade do serviço florestal. Também a 
pressão pelo uso da terra, além de aumentar a taxa de exploração, 
• índia 
É neste país que se encontra a maior parte das florestas tropicais 
manejadas. O sistema de corte seletivo é aplicado em picea e abies e o 
sistema de cobertura em folhosas, cedros e pinus. 
A produtividade média estimada destas florestas é de 1,0 m3/ha/ano 
para folhosas e 2,9 m3/ha/ano para coníferas. 
2.2. MANEJO FLORESTAL NA ÁFRICA 
É apresentado a seguir um breve histórico dos trabalhos de manejo 
florestal sustentado nos países africanos. 
• Uganda 
Os problemas políticos afetaram, neste país, dentre outras coisas, o 
programa de manejo de florestas nativas, que de certa forma vem sendo 
reabilitado nos últimos anos. Pode-se considerar que até 1952 a prática de 
manejo baseava-se simplesmente no enriquecimento ou em plantios 
intensivos definidos como compensatórios; a partir de então, o sistema 
policíclico começou a ser utilizado no país. No entanto, Dawkins (1958), 
citado por Silva (1989), enfatiza que o sistema policíclico deveria ser 
substituído pelo sistema monocíclico e enumera uma série de razões, a 
saber, os danos causados no corte podem alterar o ciclo, assim como o 
prognóstico da produção; não existe evidência de que plantas jovens 
suprimidas de qualquer espécie respondam à liberação; devido à baixa 
produção obtida em um sistema policíclico (0,5 m3/ha/ano), ciclos de corte 
menores podem levar a colheitas antieconômicas. Assim, a base do sistema 
policíclico, que é aumentar a produtividade da floresta através de práticas 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
16 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
'Classe I e Classe II: árvores selecionadas para aproveitamento futuro 
17 
incrementou o uso de práticas artificiais, principalmente do sistema 
"taungya". 
A principal crítica ao sistema de cobertura, no entanto, está 
relacionada à dificuldade de sua implementação, de modo que possa 
privilegiar a regeneração natural e a dificuldade de checar onde o trabalho 
tem sido bem feito. 
• Costa do Marfim 
Conforme Catinot (1965), impressionado com os resultados do 
método de cobertura na Nigéria, o serviço florestal da Costa do Marfim 
decidiu, na década de 50, investir na técnica denominada de melhoramento 
dos povoamentos nativos, em detrimento do método de plantio em linha, até 
então utilizado. 
A forma de atuação obedeceu a duas etapas: uma primeira, em que 
foram consideradas as florestas secundárias, e, posteriormente, uma 
segunda fase com a conversão das florestas primárias em florestas de ciclo 
longo. Nestes casos, o que se fez foi um inventário detalhado para se ter a 
possibilidade de estabelecer tabelas de produção das espécies comerciais, 
corte de cipós e eliminação das espécies indesejáveis. Este procedimento, 
corte de limpeza e eliminação foram feitos durante dez anos erfi intervalo de 
três anos. A resposta a estes tratamentos foram desalentadoras durante a 
década de 1960. 
Novas tentativas a partir de 1976 voltaram a trazer alento aos 
manejadores florestais na Costa do Marfim, através de estudos de dinâmica 
da população, após as intervenções silviculturais. Os resultados obtidos 
indicaram um aumento de 50 a 100% no desenvolvimento em diâmetro, 
principalmente nas plantas de médio porte de interesse comercial, após 
realização de desbaste nas plantas de interesse não-comercial. A prática de 
desbaste implementado tem como objetivo privilegiar as espécies 
comerciais em relação às espécies não-comerciais, já que cortes não 
seguidos de tratamentos silviculturais têm pouco impacto no crescimento 
das espécies comerciais. 
• Gana 
Este pais possui, conforme a FAO (1989), 16.788 km 2 de área 
florestal permanente com floresta úmida e 6.810 km 2 de cobertura com 
savanas. 
O sistema de seleção empregado em Gana consiste no 
mapeamento contendo as espécies comerciais com mais de 2,1 m de 
circunferência. O povoamento é subdividido em compartimentos de 128 ha 
cada e a interferência é feita somente em povoamentos onde existam pelo 
menos 9 árvores não-maduras de espécies comerciais, por hectare. São 
feitas limpezas para liberar as espécies definidas como de interesse 
econômico, que tenham circunferência entre 0,3 e 1,5 m (10 a 48 cm de 
DAP), da competição dos cipós e das árvores menos valiosas. Também são 
feitas limpezas pesadas para privilegiar as espécies da classe I*, em um raio 
de 4 metros em tomo destas, além de cortadas e/ou envenenadas todas as 
árvores que sombream as da classe I. Para ajudar as árvores da classe II* 
são feitas limpezas menos pesadas que as anteriores. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
18 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
19 
Estas limpezas são posteriores ao corte e mais tarde, associadas 
com o mapa que contém as espécies comerciais, são denominadas de 
atividades combinadas. Tal procedimento foi implementado em 312 k m 2 por 
ano, no período compreendido entre 1958 e 1971, até que surgiram dúvidas 
à sua eficácia. O ciclo de corte era de 25 anos. A partir desta data 
substituiu-se o método original por cortes de recuperação em que o CAP foi 
de 3,36 m e o ciclo de corte foi reduzido para 15 anos. Ainda não há 
resposta a estas mudanças no sistema de intervenção efetuado em Gana. 
2.3. MANEJO FLORESTAL NA AMÉRICA 
A seguir apresenta-se um breve histórico de manejo florestal na 
América. 
• Suriname 
Proveniente de esforço conjunto entre a Universidade de Agricultura 
de Wageningen - Holanda - e a "Anton de Kom University of Suriname", o 
Suriname tem desenvolvido um sistema de produção de madeira em base 
sustentável, conforme Boxman et al (1985). Este sistema compreendeu dois 
aspectos independentes: um deles foi o denominado Sistema de Exploração 
CELOS, que teve como base melhorar e desenvolver técnicas para reduzir 
os danos à floresta residual e os custos da exploração. O segundo aspecto 
foi o Sistema Silvicultural CELOS, que procurou aumentar a produção das 
espécies comerciais dentro do povoamento, de modo a ter um ciclo de corte 
de 20 a 25 anos. Os resultados das pesquisas indicaram que este último é 
factível econômica e ecologicamente. 
O Suriname tem 16.382.000 hectares, com 90% de sua área coberta 
pela floresta tropical. Desde 1950, tentativas de desenvolvimento das 
florestas do Suriname tem sido testadas, incluindo regeneração artificial, 
inclusive com o plantio de 9.000 hectares de Pinus caribaea sob a floresta 
tropical úmida. Com o insucesso desta prática foi então desenvolvido, pelas 
duas universidades já mencionadas, um sistema policíclico para produção 
sustentada em florestas tropicais. Conforme Boxman et al (1985), De Graaf 
(1986) e De Graaf e Poels (1990), os sistemas desenvolvidos podem ser 
caracterizados como: 
- Sistema de Exploração CELOS (CHS): a diferença deste sistema para os 
demais está na meticulosa organização do trabalho, no uso de técnicas 
especiais de exploração e na ênfase no inventário como essencial ao 
plano. Foi constatado que considerável redução dos danos pode ser 
obtida a partirdesse sistema que tem como características básicas: 
inventário, que propicia reconhecimento do terreno e enumeração das 
espécies comerciais um ano antes do corte; planejamento, que inclui a 
demarcação das unidades de corte e a delimitação dos tratamentos 
silviculturais; determinação do corte, propiciando selecionar as árvores a 
serem cortadas de acordo com as necessidades de colheita, além das 
considerações silviculturais e ecológicas; preparação para o corte, que 
consiste na abertura de estradas e trilhas na floresta para serem usadas 
nos sucessivos ciclos, controlando os possíveis danos; organização do 
corte com definição de seu direcionamento além da sistematização do 
mesmo; uso de guincho, para reduzir movimentação de tratores para 
remoção das toras, com cabos que permitam a máquina arrastar a tora; 
uso de tratores de roda em grandes distâncias nas trilhas já abertas, 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
20 
Manejo de Florestas Nativas 
Re\'isão sobre Manejo Florestal 
TABELA 2.4. Distribuição do Volume (m3/ha) de todas as espécies e de um grupo de 
30 espécies comerciais em 16 parcelas de 1 ha antes e após o tratamento 
silvicultural 
Classe de Diâmetro 
5-15 15-30 30-45 45-60 60-75 75-90 90-105 Total 
Todas espécies em 
1975 17 59 69 60 63 31 9 308 
Todas espécies em 
1979 15 44 31 15 6 1 1 113 
Espécies comerciais 
em 1976 0 4,1 9,1 6,1 2 0.4 0,5 22,2 
Espécies comerciais 
em 1982 0 4,5 15 10,4 3,1 1.1 0 32,1 
Um terceiro refinamento ainda é implementado com o objetivo 
principal de remover cipós para preparar o novo corte em torno dos 20-25 
anos, reduzindo assim os danos da exploração e eliminando pequenas 
árvores de espécies indesejáveis que poderiam sufocar as pequenas plantas 
de interesse comercial. Este refinamento é implementado poucos anos antes 
do corte. 
• Peru 
As informações básicas sobre a situação florestal no Peru estão em 
conformidade com a FAO (1981). Dos 126 milhões de hectares que, 
aproximadamente, compõem o território peruano, 28 milhões são ocupados 
21 
para propiciar menos danos ao solo; registro das toras e árvores 
cortadas para se ter um cadastro dos dados; rotação de trabalhadores 
para promover maior responsabilidade por ocasião da operação de 
corte. 
- Já o Sistema Silvicultural CELOS (CSS) é implementado após a 
exploração, visando aumentar o desenvolvimento das espécies 
remanescentes de interesse comercial. O primeiro refinamento é feito 
para que haja um aumento da representação das espécies comerciais 
em relação às não-comerciais e é implementado um a dois anos após o 
corte. Recentemente não é mais feito em toda a área, mas somente num 
raio de 10 metros daquela planta que se quer liberar da concorrência, 
eliminando-se as não-comerciais com mais de 20 cm de diâmetro e os 
cipós. Esta vegetação cortada vai incorporar mais rapidamente 
nutrientes ao solo e, normalmente, há um acréscimo em diâmetro de 4 
para 10 mm e um aumento da taxa de mortalidade de 1,5 para 2% ao 
ano a partir da aplicação do método. Neste refinamento ocorre redução 
da área basal de 31 para 16 m 2/ha, podendo chegar a 12 m 2/ha. 
Aproximadamente 8 a 10 anos após o primeiro refinamento é feito um 
segundo, já que a taxa de crescimento começa a declinar. Este 
refinamento é similar ao primeiro, só que elimirjando plantas 
não-comerciais acima de 10 cm de diâmetro. Após este refinamento as 
comerciais predominam, conforme pode-se ver na Tabela 2.4. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
22 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
23 
por floresta nativa e foram declarados pelo governo como reservas florestais 
para produção sustentada de madeira. 
O sistema de utilização destas florestas é por meio de contratos que 
são assinados com o Estado por um período que pode variar de dois a 
dez anos, sujeito à renovação e em áreas não superiores a 100.000 hectares. 
A segunda alternativa consiste na permissão dada pelo Estado para 
exploração de área florestal, para agricultura, florestas comunitárias e 
plantações. A duração da permissão varia de acordo com o volume cortado 
e com a área. 
Com relação ao sistema de exploração da floresta, pode-se salientar 
que o mesmo caracteriza-se pelo extrativismo, com a colheita de 1 a 2 
m3/ha/ano, principalmente de Cedrela odorata, Aniba sp e Calophyllum 
brasiliensis. 
Quanto à pesquisa e manejo florestal, Silva (1989) cita que um 
sistema foi estabelecido, com base nas características da floresta tropical 
úmida, para regeneração em aberturas criadas sob a floresta. As faixas de 
exploração estão distantes de 30 a 40 m, com comprimento e largura 
variável, dependendo da topografia e logística. Novas faixas de exploração 
espaçadas de 100 m estão sendo testadas. 
O ciclo de corte previsto em bases sustentáveis é de 30 a 35 anos. 
A extração de madeira é feita com animais (bois e búfalos) e o sistema leva a 
menores custos e impactos na floresta residual. No entanto, só é factível de 
acordo com o porte das árvores e as dimensões reduzidas da área sujeita à 
exploração. 
• Trinidade 
Segundo Palmer (1987), citado por Silva (1989), o sistema 
silvicultural desenvolvido na "Arena Forest Reserve" em Trinidade, chamado 
de Sistema Arena de Cobertura, é considerado um exemplo de sucesso de 
manejo silvicultural de floresta tropical úmida. 
Foi desenvolvido em área utilizada em 1890 para agricultura e 
abandonada íposteriormente por causa da não-possibilidade de sustentação 
desta prática, já que estava assentada em solo de baixa produtividade. 
Subseqüentemente, esta área, após ser abandonada, teve sua regeneração 
natural explorada, o que propiciou um novo e menor crescimento 
interlaçado com cipós e capim navalha. Os trabalhos silviculturais foram 
iniciados em1927, consistindo de limpezas e plantio de espécies comerciais. 
Após uma série de plantios e outras operações verificou-se que a 
regeneração natural foi mais abundante do que esperado e o plantio foi 
suprimido em 1945. 
Os tratamentos silviculturais foram sistematizados a partir de 1952, 
com operações de corte de cipós e desbastes, cuja madeira era carreada 
para produção de carvão. Com a utilização do petróleo a partir da metade 
da década de 50, o programa começou a sofrer alguns problemas 
operacionais, já que o produto advindo do desbaste não mais tinha um 
mercado definido. 
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• Colômbia 
Delgado e Valejo (1977) apresentaram um histórico das florestas na 
Colômbia entre 1900 e 1968, em que mostram a predominância de quatro 
aspectos: 
- a exploração seletiva de espécies comerciais; 
- a escassa participação das comunidades locais nos benefícios auferidos 
pela atividade florestal; 
- a falta de um efetivo controle do Estado na exploração das florestas, 
assim como no controle da regeneração e; 
- a falta de interesse na conservação da floresta. 
Em que pese a criação do Instituto Nacional do Desenvolvimento 
Florestal - Indereno, em 1968, é urgente o estabelecimento de uma 
estratégia que permita mudanças no modelo de utilização presente dos 
recursos florestais. 
Estima-se que existam 5,3 milhões de hectares de florestas tropicais 
úmidas, as quais podem propiciar 138,4 milhões de m 3 de madeira de 
interesse comercial para a indústria, com base no modelo atual. No entanto, 
este volume pode chegar a 428 milhões de m 3 , se mudanças no sistema de 
exploração forem implementadas e se espécies menos conhecidas forem 
também utilizadas. 
Com relação à atividade de pesquisa em regeneração natural, 
atenção especial tem sido dada à floresta "cativai" a qual apresenta 
24 
Manejo de Florestas Nativas 
Re\'isão sobre Manejo Florestal 
25 
alta capacidade para regeneração natural e alta produtividade debiomassa. É menos heterogênea e apresenta como espécies dominante a 
Prioria copaifera (cativo), as quais necessitam de 55 a 60 anos para 
atingirem a dimensão de 60 cm de diâmetro. 
• Venezuela 
Neste país a área florestal reservada para produção é de 12,8 
milhões de hectares ou 14,8% da área do país (Silva, 1989). 
Três são os modelos de utilização da floresta: permissões anuais é o 
predominante, caracteriza-se por ser aplicado em áreas de até 5.000 
hectares e para um pequeno volume de madeira, não existindo obrigações 
após a exploração. Normalmente são aplicados àquelas terras que são 
desmatadas para serem utilizadas para agricultura. O segundo modelo é 
pouco usado hoje em dia e denomina-se "leilões". Neste caso a área florestal 
contém um número de espécies comerciais e são vendidas pela melhor 
oferta. A administração e manejo estão sob tutela do Estado. O terceiro 
modelo são as florestas de concessão, cujos contratos estabelecem-se por 
longo tempo (acima de cinqüenta anos) entre o governo e companhias que 
têm condições de implementar manejo destas florestas. Neste caso, os 
planos de manejo podem ser elaborados por engenheiros florestais e 
supervisionados por engenheiros florestais da administração pública. De 
acordo com uma pesquisa de opiniões, este modelo é o mais promissor 
com respeito ao manejo, conservação e avaliação dos recursos florestais, 
gerando também benefícios sócio-econômicos para a população local. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
26 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
27 
• México Tropical, América Central e Ilhas do Caribe 
Aproximadamente 24% do México, América Central e Ilhas do 
Caribe estão cobertos por florestas, conforme Wadsworth (1993). Deste 
total, menos de 1/3 permanece inalterado. Aproximadamente 11% das 
florestas são fontes potenciais de madeira comercial. No entanto, apenas 2% 
são manejados objetivando sustentar uma produção de madeira comercial. 
A cada ano a área das florestas inalteradas é reduzida em 2,2%. 
Wadsworth (1993) considera que qualquer proposta de manejo deve 
respeitar a diferença que existe entre duas modalidades de floresta. 
A floresta primária, que segundo a FAO (1981) são aquelas que não têm sido 
objeto de exploração significativa nos últimos 80 anos. A outra modalidade é 
constituída por aquelas que têm sido objeto de corte parcial ou que tenham 
surgido naturalmente após um desmatamento, sendo denominadas de 
florestas secundárias. Com relação a esta última, elas podem ser muito 
diferentes inicialmente, mas ao longo do tempo sua progressão natural 
tenderá a reduzir diferenças em relação à floresta primária, até que os 
tratamentos silviculturais sejam os mesmos. 
De acordo com o mesmo autor, as florestas primárias requerem 
somente um manejo que salvaguarde sua conservação. O uso deve 
limitar-se a investigação não-intervencionista, a visitas educativas, ao 
ecoturismo, dentre outras. Já a produção de madeira comercial, a partir das 
florestas tropicais, tem sido frustrada porque poucas espécies são 
comercialmente aproveitáveis; a maioria destas têm sido removidas até dos 
bosques secundários. Rendimentos de 1-3 m3/ha/ano (Baur, 1964) têm 
levado à conclusão de que a madeira tropical, produzida de maneira 
econômica, virá somente de plantações (Wadsworth, 1965). 
Com relação às florestas secundárias, a experiência tem mostrado 
que elas em geral têm excesso de árvores, o que impede o crescimento 
rápido de árvores individuais, conforme Wadsworth (1947), citado por 
Wadsworth (1993). Em uma floresta secundária avançada em Porto Rico, 
82% das árvores encontravam-se na posição do dossel intermediário e 
suprimido. Estas árvores do futuro cresciam a um quinto da velocidade das 
árvores dominantes. 
Hutchinson (1993), citado por Wadsworth (1993), tem mostrado que 
a redução no total de árvores pode aumentar o crescimento das restantes. 
Aquelas de espécies de madeira comercial na Costa Rica, quando recebiam 
uma maior iluminação, em conseqüência da remoção das árvores 
não-comerciais, duplicavam seu crescimento em área seccional após 17 
meses do tratamento, o que perdurou nos 52 meses subsequentes. 
Em Porto Rico, a experiência tem demonstrado que as espécies 
arbóreas de florestas secundárias variam grandemente em termos do seu 
potencial comercial. Utilizando-se de duzentas e duas parcelas de 1 hectare 
cada, pôde-se constatar que 15% da área basal utilizável do povoamento era 
de espécies exploradas para construção de móveis, 32% consistia de 
espécies apropriadas somente para serraria e 35% da área basal era de 
espécies aproveitáveis somente para lenha. As diferenças de valores entre 
madeira para diferentes usos pode atingir cinqüenta vezes, o que sem 
dúvida vai estimular práticas de manejo mais seletivas. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
28 
Manejo de Florestas Nativas 
Re\'isão sobre Manejo Florestal 
Uma técnica que pode viabilizar o decréscimo da taxa de 
desmatamento é a prática de manejo florestal sustentado. Embora no Brasil 
as experiências sejam incipientes, pode-se destacar, entre outros, os 
trabalhos realizados por Cruz (1991), Thibau et al. (1982), Jesus, Menandro e 
Thibau (1984a,b), Jesus. Souza e Garcia (1992), Jesus e Menandro (1984, 
1984), Higuchi e Vieira (1990). Souza (1989), Lamprecht (1990), Silva (1989, 
1990,1991,1993); Veríssimo etal. (1992), Barreto, Uhl e Yared (1993), Uhl et 
al. (1990), Almeida e Uhl (1993), Uhl et al. (1992), Yared e Souza (1993), 
Souza et al. (1993), Vale et al. (1994), Scolforo, Mello e Lima (1994), Tabai 
(1994), Volpato (1994) e Scolforo (1995), Scolforo et al. (1996). Nestas 
experiências, têm predominado os estudos da regeneração da floresta 
residual após intervenção; dos diferentes níveis de intervenção; dos danos 
causados à população residual no momento da exploração e transporte, 
dentre outros. 
29 
Também de acordo com Wadsworth (1993), a experiência tem 
demonstrado que a eliminação de árvores com menor potencial pode 
melhorar significativamente a qualidade do povoamento residual. Um 
tratamento aplicado a 3.000 ha de floresta secundária em Porto Rico 
aumentou em 43% a proporção de área basal correspondente às espécies 
comerciais desejadas do povoamento. Esta eliminação, para ser eficiente, 
deve concentrar-se não na eliminação de árvores menos promissoras, mas 
sim na liberação das mais promissoras. As principais competidoras, das 
espécies comerciais promissoras, são as que ultrapassam o comprimento 
lateral de suas copas. Além destas, aquelas situadas nos estratos 
intermediário e inferior, independente de seu DAP e proximidade, pelo 
menos em florestas úmidas são competidoras em potencial. 
2.4. MANEJO FLORESTAL NO BRASIL 
Antes de analisar as experiências de manejo florestal no Brasil, 
apresentam-se a seguir a distribuição e a área original das florestas tropicais 
na Amazônia Legal Brasileira. 
Entre os tipos florestais apresentados na Figura 2.2, o de maior 
significado é a Floresta Ombrófila Densa, seguido da Floresta Ombrófila 
Aberta. í 
Com relação a Tabela 2.5, pode-se verificar que 87% da área total da 
Amazônia Brasileira era tomada por florestas. Já a Tabela 2.6 mostra que em 
Roraima, Amazonas e Amapá, praticamente não ocorreram desmatamentos 
em escala significativa, enquanto que Estados como o Maranhão já 
desmataram 70% da sua cobertura florestal existente originalmente. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
FIGURA 2.2. Distribuição das Florestas Tropicais na Amazônia Legal Brasileira 
30 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
TABELA 2.5. Área Florestal Original da Amazônia Legal Brasileira 
ÁREA TOTAL (1) ÁREA FLORESTAL ORIGINAL (2) 
ESTADO 
(Milhão ha) (Milhão ha) % em Relação ao Total 
Maranhão26,0 15.5 60 
Tocantis 26,9 5,8 21 
Rondônia 23,8 22.4 94 
Mato Grosso 80,2 58.5 73 
Pará 124,6 121.8 98 
Acre 15,4 15,4 100 
Roraima 22,5 18,8 83 
Amazonas 156,7 156,1 100 
Amapá 14,2 13.2 93 
TOTAL 490,3 427,5 87 
(1) Área constante da Amazônia Legal 
(2) Fonte: FEARNSIDE 1991/1990, CIMA 1991. 
TABELA 2.6. Área Desmatada e Área Remanescente da Amazônia Legal Brasileira 
Estados 
Área Área Desmatada Área Remanescente 
Estados Florestal 
Original 
Milhão ha Milhão ha (%) Milhão ha (%) 
Maranhão 15,5 10,9 70 4,6 30 
Tocantis 5,8 2,3 40 3,5 60 
Rondônia 22,4 3,4 15 19,0 85 
Mato Grosso 58,5 8,4 14 50,3 86 
Pará 121,8 14,3 12 107,2 88 
Acre 15,4 1,0 6 14,5 94 
Roraima 18,8 0,4 2 18,4 98 
Amazonas 156,1 2.1 1 154,5 99 
Amapá 13,2 0,2 1 13,0 99 
TOTAL 427.5 43,0 10 385,0 90 
Fonte: FEARNSIDE 1991/1990, CIMA 1991 
31 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
32 
Manejo de Florestas Nativas 
Re\'isão sobre Manejo Florestal 
33 
Além desse trabalho, outras atividades experimentais vêm sendo 
desenvolvidas na área. Uma destas, implementada pela EMBRAPA, está 
situada numa área onde o volume médio de todas as plantas com mais de 
45 cm de diâmetro varia de 150 a 180 m3/ha, podendo chegar a 200 m 3/ha. 
As espécies mais comuns que formam o extrato emergente da floresta são a 
Bertholietia excelsa, Couratari spp, Dinisia excelsa, Hymenaea courbaril, 
Manilkara huberí, Parkia spp, Pithecellobium spp e Tabebuia serratifolia. 
O sub-bosque é em geral aberto, com alta ocorrência da Duguetia 
echinophora, Rinorea fiavescens e R. adianensis. As atividades principais da 
pesquisa foram: 
- 1975: inventário pré-exploratório com 100% de intensidade; ensaio de 
anelagem em 20 espécies com 10 cm < DAP < 50 cm, sendo 
consideradas 20 árv./ha; corte de cipós; primeira amostragem de 
regeneração. 
- 1979: exploração da área com remoção de 16 plantas/ha e volume de 75 
m 3/ha. 
- 1981: parcelas permanentes foram estabelecidas, além da segunda 
amostragem de regeneração. 
- 1982: remedição nas parcelas permanentes instaladas no ano anterior. 
- 1983: remedição nas parcelas permanentes. 
- 1985: terceira amostragem de regeneração, além de nova remedição 
nas parcelas permanentes. 
- 1987: remedição nas parcelas permanentes. 
A seguir apresenta-se um breve histórico das experiências de 
manejo florestal no Brasil. 
2.4.1. Experiências de Manejo Florestal realizadas no Brasil 
• Floresta Nacional de Tapajós 
Foram instalados blocos de 100 ha para que neles a iniciativa 
privada pudesse implementar a prática de manejo sustentado. Dos 1000 ha 
inicialmente estabelecidos 10% foram viabilizados pela empresa CEMEX. 
Dos dados do inventário florestal, estimou-se a ocorrência de 20,6 
árvores por hectare, com DAP superior ou igual a 55 cm. O volume estimado 
para estas árvores foi de 119,7 m 3/ha sendo que 44,2 m 3/ha foram 
considerados aptos para comercialização. Devido à diferenças de método 
de cálculo deste volume, concluiu-se que o volume possível de exploração, 
descontados os defeitos nas toras, foi de 27,7 m 3/ha. 
Os tratamentos previstos inicialmente não puderam ser 
concretizados por problemas orçamentários. No entanto, o monitoramento 
da regeneração natural e do crescimento das espécies florestais está sendo 
implementado, já tendo sido feitas três avaliações em parcelas de 1 ha de 
área cada, cujos dados ainda não estão disponíveis por não ter sido possível 
sua análise. No entanto, através de observações visuais, pode-se constatar 
que treze anos após a intervenção não há clareiras ou qualquer vestígio 
aparente que mostre a degradação da floresta submetida à exploração, o 
que constitui aparentemente um bom desenvolvimento. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
34 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
35 
O objetivo da pesquisa foi verificar o comportamento da produção 
sustentada na Flona de Tapajós a partir da regeneração natural. Como 
resultados verificou-se que o incremento médio anual em diâmetro foi de 
0,5 cm/ano para as espécies comerciais e de 1 cm/ano para as pioneiras; 
houve um aumento na ocorrência de cipós, o que indica a necessidade de 
tratamentos de refinamento; aumento do estoque de regeneração das 
espécies comerciais e das com potencial Muro; após o quarto ano houve 
indicativo da redução do benefício propiciado pela liberação e, ainda, o 
aumento da mortalidade que estabilizou após o décimo ano. 
• Manejo Florestal na Região de Manaus - Projeto BIONTE 
O BIONTE é um projeto iniciado em 1980 (sob os auspícios do 
Convênio CNPQ-INPA/BID/FINEP). Uma nova «ase foi financiada pelo 
Convênio MCT-INPA/ODA, aprovado em junho/92 e com encerramento 
previsto para dezembro/96. 
O projeto está sendo executado na Estação ZF-2 do INPA, 
localizada aproximadamente 90 km ao norte de Manaus, Estado do 
Amazonas, em uma amostra representativa da floresta amazônica densa 
de terra-firme. A primeira colheita florestal, usando diferentes intensidades 
de corte, ocorreu em 1987 e sob a chancela do BIONTE um dos tratamentos 
de 1987 foi repetido em 1993. 
Objetivos Gerais 
Florestal: definir um sistema de colheita seletiva de madeira que seja 
técnica e economicamente viável e que não comprometa o funcionamento 
do ecossistema. 
Ecológico: estudar parâmetros de sustentabilidade do ecossistema 
sob manejo florestal, além de biomassa e volume de madeira, tais como: 
estoque de íiutrientes, ciclagem de nutrientes, classes de perturbação, 
química, física e biologia do solo e hidrologia do sistema. 
O Experimento 
• Pressuposto do BIONTE: a co-existência da exuberante floresta 
amazônica e a baixa fertilidade dos solos, está associada, entre 
outras interações obrigatórias, às estratégias de conservação e 
de ciclagem de nutrientes dentro do próprio sistema. 
• Hipótese Científica: do ponto de vista ecológico, a 
sustentabilidade do manejo florestal é determinada pelo efeito 
das operações de corte seletivo sobre a sucessão vegetal, a 
ciclagem de nutrientes e água e as propriedades físicas, químicas 
e biológicas dos solos. 
• Delineamento Estatístico: split-plot (com e sem tratos 
silviculturais). 
Tratamentos: (i) parcelas exploradas em 1987, 4 ha, 3 repetições; 
(ii) parcelas exploradas em 1993, 4 ha, 3 repetições; (iii) parcelas 
testemunhas, 4 ha, 3 repetições. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
'Altura comercial: Altura até a base da copa ou até as primeiras inserções significativas 
dos galhos 
36 
Manejo de Florestas Nativas 
Re\>isão sobre Manejo Florestal 
37 
*Pt = exp (0,097595+ 2,069532 In (d) + 0,811727 In (h)) 
onde: 
Pt = peso verde do tronco (ton) R 2 = 0,9843 
EPR= ± 0,9843 In ton 
b) Avaliação do peso de partes de uma árvore 
De forma preliminar para este estudo foram avaliadas 319 árvores 
que geraram um peso seco médio, em valores percentuais, como segue: 
Tronco 61% 
í Galhos grossos 23,40% 
Copa 39% { Galhos finos 13,65% 
l Folhas 1,95% 
c) Avaliação de água nas árvores 
Da massa verde total de uma árvore em pé, aproximadamente 40% 
é de água. 
d) Estimativa da quantidade de carbono na floresta 
* No tronco 48% da massa seca 
* Liteira 39% da massa seca 
* Plântulas 47% da massa seca 
* Mudas 49% da massa seca 
* Galhos finos 47% da massa seca 
Coleta de Dados: as observações são feitas dentro de parcelas 
permanentes de um hectare cada, preservando, no entanto, as 
peculiaridades metodológicas de cada componente de pesquisa. 
O tratamento de corte foi a remoção de 50% da área basal de 
espécies listadas e os sub-tratamentos serão constituídos de tratos 
silviculturais (desbastes, limpezas, corte de cipós, anelamento de espécies 
que competem com as listadas, etc). 
Resultados Alcançados: 
Serão apresentados algunsdos resultados alcançados os quais 
são válidos para as florestas densas sobre latossolo amarelo, ocorrentes em 
terra firme, na região de Manaus. 
a) Ao ser realizado um inventário florestal para fins de manejo, pode-se 
utilizar para a obtenção de estimativas de biomassa florestal total e do 
tronco as seguintes funções: 
* Pto = exp (2,062632 + 2,344377 In (d) + 0,371549 In (h)) 
onde: 
In = logarítimo neperiano R 2 = 0,8608 
Pto = peso verde total da árvore (ton) EPR = ± 0,2912 Inlon 
d = diâmetro a 1,30 m (m) 
h = altura comercial (m)* 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
e) Tratamentos silviculturais após corte 
São recomendados a partir do quarto ano após intervenção na 
floresta. O motivo desta prescrição é devido ao balanço negativo ocorrente 
no volume comercial total, dado as perdas provocadas pela exploração 
serem maiores que o crescimento ocorrentes nas árvores remanescentes na 
floresta. A taxa de recrutamento (novas plantas ingressas na primeira classe 
de medição), nessas condições, supera a taxa de mortalidade. 
f) Crescimento das árvores 
De forma preliminar pode-se considerar que: 
As árvores com maiores dap's tendem a crescer mais do que as de 
menores dap's. 
O incremento periódico anual - IPA, pode alcançar 4-5 m 3/ha/ano, a 
partir do 4 o ano após a intervenção. Desta estimativa, 2/3 são de espécies 
não comerciais e 1/3 de comerciais. 
O incremento médio anual - ICA do diâmetro (dap) das espécies 
comerciais pode alcançar 0,3 a 0,4 cm/ano após a intervenção. 
g) Estudo de custos nas operações com a moto-serra 
O ciclo de trabalho completo (envolvendo todas as operações do 
corte), para as condições em que o estudo foi realizado, foi em média de 
aproximadamente 13 minutos para cada árvore abatida. A produtividade 
38 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
39 
média para o abate e destopamento (seccionamento na ponta fina comercial 
da árvore) foi de 12,74 m3/hora de trabalho. O custo operacional total da 
moto-serra calculado foi de R$ 0,90/m3. 
h) Germinação de sementes 
Foi observado que houve um aumento no número de sementes 
germinadas de 10/m 2 em áreas sem perturbação para 70/m 2 nas áreas de 
maior distúrbio. Em todas as classes de distúrbio, o banco de sementes 
(presentes no solo no momento da exploração) foi o maior responsável pela 
composição da regeneração natural, verificada pela germinação de 
sementes nesta área. Em áreas de maior perturbação este número chegou a 
ser até quatro vezes superior ao promovido pela chuva de sementes. 
• Manejo Florestal sustentado na Floresta de Linhares-ES 
Esta reserva, com aproximadamente 20.000 ha de mata atlântica, 
pertence à Companhia Vale do Rio Doce e, dentre outros, foi instalado, em 
1980, um experimento numa área de 22,5 ha, cujo objetivo principal era 
investigar as respostas do ecossistema florestal (floresta densa de tabuleiro 
sem nenhuma interferência) aos diversos tipos de interferência, além de 
desenvolver metodologia para exploração comercial em bases sustentadas. 
Os tratamentos testados foram: testemunha; redução de 15% da 
área basal a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; redução de 30% 
da área basal a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; redução de 
45% da área basal a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; retirada 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
• Experiência da Companhia Vale do Rio Doce na Região Amazônica 
Embora instalados em locais e épocas diferentes, as experiências da 
Companhia Vale do Rio Doce na região Norte do Brasil sempre foram 
estabelecidas dentro da mesma filosofia, incluindo, normalmente, 
tratamentos com os ilustrados a seguir: 
- testemunha; 
- corte raso, à exceção de alguma espécie protegida por lei, 
como a castanha-do-Pará; 
- eliminação de cipós; 
- remoção total ou parcial das árvores com diâmetro acima de 
determinado diâmetro que pode ser 45, 60 ou 80 cm e, por 
vezes, a eliminação de todas as plantas abaixo de determinado 
diâmetro, normalmente 10 cm. 
40 
Manejo de Florestas Nativas 
Re\nsão sobre Manejo Florestal 
Dentre os experimentos de manejo estabelecidos, pode-se citar 
aqueles implantados: 
a) no município de Marabá, no Estado do Pará, instalado em 1984 e 
cuja produção de madeira é mostrada na Tabela 2.7. 
TABELA 2.7. Produção de madeira na floresta de Marabá-PA para diferentes tratamentos 
Tratamentos Madeira Serrada 
m3/ha 
Lenha 
st/ha 
Madeira Inaproveitável 
m3/ha 
. corte raso menos 
castanha do Pará 36 466 155 
. remoção das árvores 
com DAP = > 45 cm 30 245 116 
. remoção das árvores 
com DAP = > 60 cm 27 191 68 
Obs.: o tratamento 1 foi a testemunha 
b) no município de Oriximiná, no Estado do Pará, em floresta 
primitiva do médio Amazonas; neste caso as produções 
decorrentes dos cinco tratamentos instalados na área são 
apresentados na Tabela 2.8. 
41 
dos indivíduos com DAP entre 10 e 80 cm. Em seguida, redução de 15% da 
área basal remanescente, a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; 
remoção dos indivíduos com DAP > 80 cm e redução de 20% da área 
basal remanescente, a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; corte 
raso; remoção dos indivíduos com DAP > 50 cm e redução de 25% da área 
basal, a partir dos maiores indivíduos e seletivamente. 
Em todos os tratamentos foi efetuado um inventário nas plantas com 
mais de 5 cm de diâmetro, além de ser efetuada a limpeza de cipós. 
Avaliações quantificando o que foi removido e a floresta residual também 
foram considerados. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
QUADRO 2.8.Produçâo de madeira na floresta de Oriximiná. no Pará 
Tratamentos Madeira Serrada Lenha 
m3/ha st/ha 
corte raso 42 5 1 0 
. remover árvore com DAP = > 45 cm 
deixando 2 como porta sementes 35 257 
. remover árvore com DAP = > 60 cm e < 20cm 
deixando 2 como porta sementes 27 295 
. remover árvore com DAP = > 60 cm e < 20cm 15 268 
Obs.: tratamento 1 foi testemunha 
c) manejo florestal em Buriticupu, no Estado do Maranhão, em 
floresta mesofídica perenifólia do rio Pindaré, situada em 9.400 ha 
de reserva da Companhia Vale do Ro Doce, com produção 
estimada, por hectare, 15 a 20 m 3 para serraria e 250 estéres (st) 
de lenha, a partir dos dados do inventário. Após instalados os 
tratamentos obteve-se as produções mostradas na Tabela 2.9. 
TABELA 2.9. Produção de madeira na floresta de Buritícupu-MA, para diferentes 
. tratamentos 
Tratamentos Madeira Serrada Lenha 
m /ha st/ha 
.corte raso 1 9 ^ 
. remover todas árvores com DAP = > 45cm 15 248 
. remover todas árvore com DAP> 10cm e < 60cm 
deixando apenas elementos de boa forma no 
povoamento residual , ^5 61 
Obs.: o diâmetro considerado para lenha foi < = 35cm e para serraria = > 35cm 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
d) no município de Serra Azul, no Estado do Pará, instalado em mata 
secundária, com idade em torno de 15 anos. A produção de 
madeira é mostrada na Tabela 2.10, para os diferentes 
tratamentos. 
TABELA 2.10. Produção de madeira na floresta de Serra Azul - PA para diferentes 
tratamentos 
f 
Tratamentos Madeira Serrada m3/ha 
Lenha 
st/ha . 
. corte raso 00 180,06 
. corte seletivo na espécie e fenótipo 
independente das classes diamétricas 00 165.62 
. Remoção de plantas com DAP < = 10cm 
deixando no povoamento 100 arv/ha com 
potencial comercial 00 191,08 
Obs.: o tratamento 1 foi a testemunha 
• Manejo Florestal em Paragominas 
Esta região é hoje uma das que mais sofre pressões de 
desmatamento no Estado do Pará, com a existência de 137 serrarias no 
município, que exploram em torno de 33.000 hectares/ano. Com o objetivo 
de fornecer subsídios técnicos aos madeireiros, o Instituto do Homem e 
Meio Ambiente - Imazon vem desenvolvendouma série de estudos sobre 
manejo florestal, em que a preocupação maior é sistematizar as etapas 
envolvidas no manejo florestal, com avaliação de custos de cada etapa. 
43 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
44 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
TABELA 2.11. Produção de três áreas florestais sujeitas a regime de manejo florestal em 
Paragominas - PA 
Características gerais das áreas 
sujeitas a manejo 
Estatísticas pi árvores cortadas 1 
Áreas 
2 3 
Média das 
três 
áreas 
. tamanho da área (ha) 115 37 16 56 
. n" de plantas cortadas/ha 3 7 9 6,4 
. volume cortado m3/ha 18 35 62 38 
. n° de espécies cortadas 57 35 43 45 
. média dos diâmetros(cm) 75 73 73 74 
. desvio padrão dos diâmetros 20 18 20 -
. comprimento da copa (m) 18,4 16,5 20,5 18 
. desvio padrão da copa 5 3,9 4,3 -
. volume médio por áwore (m3) 6,1 5,2 6,4 5,9 
. desvio padrão dos volumes 3,9 3,5 4,7 -
. diâmetro máximo 161 170 150 160 
. diâmetro mínimo 40 39 40 40 
Na Tabela 2.12 são apresentados dados referentes aos danos 
causados pela exploração nas três áreas florestais estudadas. 
45 
Os estudos envolvem três diferentes áreas florestais na região, cujos 
resultados obtidos, após a remoção das espécies florestais, são 
apresentados na Tabela 2.11. 
Após três anos de avaliações, tem-se constatado que o crescimento 
em diâmetro, nas áreas manejadas, é em média de 0,8 cm/ano; e em 
florestas não-manejadas de 0,3 cm/ano. 
Nessa pesquisa, diferentemente daquelas implementadas por outros 
autores, busca-se sintetizar o que é feito pelos madeireiros que atuam na 
região, seguir as recomendações dos pesquisadores de manejo florestal ao 
invés de estabelecer tratamentos que impliquem em diferentes reduções de 
área basal. Definindo assim: 
• Impactos do corte e remoção das árvores no estoque 
remanescente e na regeneração natural; 
• métodos de marcação, assim como orientação na queda das 
árvores, que minimizem os danos à floresta residual; 
• práticas que minimizem os impactos causados pela remoção das 
árvores cortadas na floresta remanescente, através da definição 
de distâncias mínimas de transportes e de usos de cabos que 
propiciem menor movimentação de máquinas na área florestal; 
• época para corte de cipós; 
• avaliação econômica das práticas de manejo; 
• impacto da abertura de clareira na regeneração das espécies 
existentes. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 2.12. Danos causados na extração de madeira em três áreas de exploração 
em Paragominas-PA 
Características 
mensuradas 
1 
Áreas 
2 3 
Média 
das três 
áreas 
1. número de árvores colhidas/ha 2.9 6.9 9,3 6,4 
2. danos causados pela exploração: 
. nas árv. com DAP > = lOcm (n/ha) 121 130 193 148 
. na área basal de árv. c/DAP > = 10cm(m2/ha) 5 6,6 7,6 6,4 
. no volume das árv. c/DAP > = 10 cm (m3/ha) 47 63 77 62 
. no espaço de abertura do dossel pela atividade 
de exploração (m2/ha) 2500 4.500 4.400 3.800 
3. índices de danos: 41 
. arv. danificada / arv. extraídas 2,6 19 20 27 
. m danificado / m J extraído 37 1.8 1,2 1,9 
. m de estrada aberta / arv. extraída 
2 
186 38 43 39 
. m estrada e pátio aberto / arv. extraída 
2 _i 
862 219 249 218 
. m de dossel aberto / arv. extraída 652 473 662 
Fonte: Veríssimo et al, 1993 
• Manejo Florestal sustentado em áreas de Várzea Rivular 
Segundo Cruz (1991), embora as florestas de várzea da Amazônia 
tenham menos potencial madeireiro do que as de terra firme, elas são 
responsáveis por boa parte do abastecimento da matéria bruta das 
indústrias da região de Manaus, devido ao baixo custo de transporte e ao 
mercado já tradicional das espécies mais conhecidas. Ainda segundo este 
autor, "a exploração madeireira em florestas de várzea é caracterizada pelo 
empirismo e rudimentarismo dos métodos empregados, pelo reduzido 
compromisso das indústrias madeireiras com o manejo florestal sustentado, 
pela insuficiência ou inexistência de conhecimentos científicos sobre 
46 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
47 
auto-ecologia e silvicultura das espécies e pela própria exploração seletiva, 
que é exigência do mercado de madeiras". 
Essa seletividade de espécies propicia o exaurimento das florestas 
de várzea quando a interferência é mais intensa, caso típico da sumaúma 
(Ceiba pentandra), haja visto a ausência de indivíduos nas classes 
diamétricas inferiores àquelas exploradas (Cruz, 1991). 
Segundo Schubart (1983), citado por Cruz (1991), estas florestas 
inundadas ocupam de 5 a 10% da área da Amazônia. 
• Manejo Florestal na Madeireira Mil 
Esta empresa está situada na região de Itacoatiara no Estado do 
Amazonas e embora seja um empreendimento novo, é um dos que mais se 
aproxima da verdadeira prática do manejo florestal sustentado, 
considerando de forma adequada os cinco componentes básicos do 
manejo, quais sejam: 
1. Conhecimento e acesso ao mercado. 
2. Inventário 100% para planejamento das atividades. 
3. Sistemas silviculturais seletivos baseados em aproveitamento de 
grande número de espécies. 
4. Exploração e transporte florestal. 
5. Monitoramento e correção das práticas do manejo. 
A seguir apresenta-se uma síntese do plano de manejo sustentado 
desenvolvido: 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
a) Base: Sistema Celos 
b) Premissa: corte seletivo de 40 m 3/ha de 47 espécies com previsão 
de expansão para 65. Os compartimentos anuais tem 
aproximadamente 2.000 ha (produtivos), com ciclo de corte 
previsto de 25 anos. Produção de 80.000 m 3 de madeira por ano, 
gerando de 40 a 45 mil m 3 de madeira serrada. 
c) Principais Atividades 
Cronologia Atividades 
4 anos antes corte - Definição das espécies comerciais 
- Inventário amostrai - conglomerado -0 ,1% amostragem 
- Estimativa de áreas produtivas e de preservação através de satélite 
ou fotografia aérea 
3 anos antes corte - Medição topográfica da área 
- Elaboração e aprovação do Plano de Manejo - IBAMA 
2 anos antes corte - Estudo topográfico dos compartimentos e estradas 
- Delimitação dos talhóes (10 ha) (250 m x 400 m) 
- Inventário 100% das espécies comerciais 
- Corte de cipós 
- Implantação das parcelas permanentes 
- Construção de estradas 
1 ano antes corte - Análise final dados inventário 
- Planejamento das atividades de exploração * 
0 - EXPLORAÇÃO E TRANSPORTE DE MADEIRA 
1 ano após corte - Primeira medição das parcelas permanentes após a exploração 
cada 3 a 5 anos - Medição das parcelas permanentes 
- Tratamentos silviculturais 
48 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
49 
d) Informações gerais sobre o projeto 
O projeto teve início em 1993, e tem como objetivo a 
industrialização de madeira procedente de florestas tropicais manejadas em 
sistema florestal sustentado. 
A área total do projeto é de 80.900 ha, sendo que 64,5% (52.200 ha) 
deste total foi destinado a produção, existem 5.500 ha desmatados e o 
restante é área de preservação. 
O número de espécies aproveitadas é de 47, existindo a perspectiva 
deste ser aumentado para 67. As principais espécies são: 
- Maçaranduba, Louro Gamela, Rosa, Preto, Itauba, Angelim Pedra, 
Vermelho, fójado, Cardeiro, Cupiuba, Piquia, Tauari, Amapá. 
Em termos médio as áreas inventariadas apresentam um volume 
total (diâmetro > 5 cm) igual a 500 m3/ha; volume de espécies comerciais 
(diâmetro > 5 cm) igual a 200 m 3/ha; volume das 47 espécies comerciais 
(diâmetro > 50 cm) igual a 85 m3/ha; e volume programado para ser 
cortado por ocasião da exploração igual a 430 m 3/ha. 
• Manejo sustentado do Cerrado para Uso Múltiplo 
O cerrado brasileiro ocupa uma área de 201,8 milhões de ha. Deste 
total 75,3 milhões foram desmatados,sendo que 20,0 milhões são 
improdutivos, 35,0 milhões estão ocupados com pastagens plantadas, 13,5 
milhões com culturas anuais e 3,3 milhões com culturas perenes (incluindo o 
refiorestamento), dentre outros. Existem ainda 113,2 milhões de ha que são 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
50 
3 
MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS 
PONTOS CRÍTICOS NO MANEJO FLORESTAL 
José Roberto S. Scolforo1 
Após o breve histórico das experiências de manejo realizadas no 
mundo e em particular no Brasil, pode-se agora considerar que os 
problemas técnicos e econômicos do manejo florestal são decorrentes da: 
a) falta de informações consistentes do crescimento das espécies 
sob regime de manejo; 
b) falta de eficiência do processo tecnológico no beneficiamento da 
madeira; 
c) economicidade do manejo florestal sustentado; 
d) suscetibilidade das espécies florestais à exploração florestal; 
e) relação entre a ocupação da Amazônia Oriental e o manejo 
florestal sustentado; 
f) exploração e transporte: fatores determinantes para o manejo 
florestal; análise dos danos. 
1 Professor do Departamento de Ciências Florestais - UFLA 
51 
utilizados, predominantemente, como pastagens nativas (83,5 milhões de 
ha), vegetação nativa manejada (16,5 milhões de ha) e 10,4 milhões de ha 
com reservas indígenas. Por último. 13,2 milhões de ha são considerados 
paisagens naturais preservadas. Estes fatos, juntamente, com a importância 
do setor florestal para o Estado de Minas Gerais, levaram um grupo de 
profissionais da UFLA a definirem em 1994 pela adoção do manejo da 
vegetação do cerrado como urna das linhas básicas do curso de Mestrado 
em Engenharia Florestal desta Instituição. 
O projeto tem como objetivo central gerar conhecimentos 
multidisciplinares sobre o ecossistema cerrado visando propor planos de 
manejo sustentado para uso múltiplo de seus recursos naturais como, 
madeira, cortiça, produtos medicinais, frutos, mel, fauna, dentre outros. 
Serão estudadas, ainda, as relações da vegetação do cerrado com a cultura 
de Eucalyptus spp culturas agrícolas e pastagens. 
O projeto é coordenado pelo Departamento de Ciências Florestais -
UFLA contando com o suporte financeiro do Programa de Apoio ao 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico/Conselho Nacional de Pesquisas/ 
Ciências Ambientais - PADCT/CNPqOAMB e está sendo desenvolvido em 
cinco propriedades existentes nas regiões norte e noroeste de Minas Gerais, 
abrangendo tipologias de cerrado "senso stricto". De forma dispersa, nestas 
regiões, são realizados os estudos sobre propagação e melhoramento 
genético de espécies do cerrado e também os estudos de sócio-economia. 
O projeto Manejo Sustentado do Cerrado conta com parceria da 
Universidade Federal de Lavras - UFLA, Mannesmann Florestal e 
Instituto Estadual de Florestas - EEF. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
52 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
53 
A seguir será feita uma abordagem detalhada de cada um dos itens 
anteriores, para demonstrar como eles são limitantes para a implementação 
do manejo florestal. 
3.1. CRESCIMENTO DAS ESPÉCIES SOB REGIME 
DE MANEJO 
Neste caso, o maior interesse é definir como o manejo florestal 
interfere ou pode afetar a produção de madeira. 
A maior ou menor intensidade da regeneração natural depende das 
condições de sítio (fatores edáficos, climáticos e fisiográficos), da 
composição florística da floresta existente, do nível de interferência 
implementado na floresta e do sistema de exploração e transporte utilizado. 
Estes fatores definirão uma maior ou menor intensidade luminosa e 
aumentarão o risco de queimadas (ocorre uma diminuição da umidade 
relativa nas áreas que sofreram intervenção), os quais, isoladamente ou em 
conjunto, influenciarão na regeneração natural e no crescimento das 
árvores. 
Em que pese os vários ensaios definidos para a região Amazônica, 
visando o desenvolvimento sustentado, pode-se considerar que as 
informações de crescimento sobre as várias espécies de interesse 
comercial, de potencial futuro, e mesmo aquelas definidas como sem valor, 
são insuficientes para que decisões práticas e concretas sobre a atividade 
de manejo sejam implementadas. Fica difícil estabelecer um processo de 
convencimento do madeireiro na medida que, tanto a experiência como o 
conhecimento do comportamento destas espécies quando sujeitas ou não à 
intervenção, são incipientes. 
As informações disponíveis na literatura mundial, De Graaf (1986), 
Jonkers (1988) e Silva (1989), enfatizam que a taxa média de 
mortalidade/ano está em tomo de 1,5% e o crescimento em diâmetro na 
floresta não-manejada, entre 0,1 e 0,4 cm/ano. Já quando é implementado o 
manejo, há um acréscimo na mortalidade para 2% ao ano, assim como na 
taxa de crescimento das árvores remanescentes que está entre 0,6 e 
1,0 cm/ano (De Graaf, 1986 e Jonkers, 1988). 
Segundo Silva (1989) este acréscimo para as árvores da Floresta 
Nacional de Tapajós varia com a espécie e com o grau de tolerância da 
mesma. Foram a Cecropia sciadophylla e Cecropia pecicoma que 
apresentaram os maiores crescimentos para o período avaliado (2,1 e 
1,4 cm por ano, respectivamente). A maioria das espécies pioneiras cresceu 
1 cm/ano. Já com relação às espécies clímax, a Duguetia echinophora, a 
Paussandra denslfíora e a Rinorea flavenscens apresentaram baixo 
incremento anual, ou seja, 0,1 cm/ano. Algumas clímax pertencentes 
ao dossel superior e de valor comercial, como a Carapa guianensis e 
Wola melinanii apresentaram incrementos relativamente altos em torno de 
1,4 cm/ano. 
O mesmo autor considera ainda que a variação no crescimento em 
diâmetro é muito alta em todos os grupos de espécies, com coeficientes de 
variação freqüentemente superior a 100%, mostrando que a diversidade de 
condições ambientais influencia o crescimento. Salientou ainda que, embora 
a intervenção na floresta tivesse sido bastante alta, a sua influência marcante 
no desenvolvimento em diâmetro cessou três a quatro anos após a 
exploração. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Ainda segundo o mesmo autor, a média do crescimento em 
diâmetro para 297 espécies com DAP > 5 cm foi de 0,5 cm/ano no período 
avaliado e que, para um grupo de vinte e nove espécies de interesse 
comercial, este mesmo valor foi encontrado. 
A seguir, na Figura 3.1 é mostrado o incremento periódico anual em 
diâmetro (IPA), face a diferentes intensidades de fuz. 
I ' - 3 
C l â l l f l w oilaacruo 
1 : e x p r e s s a i n c r e m e n t o em d i â m e t r o das á r v o r e s recebendo i l u m i n a ç ã o 
t o t a l s u p e r i o r . 
2 : e x p r e s s a o i n c r e m e n t o em d i â m e t r o das á r v o r e s p a r c i a l m e n t e cob 
t a s por copas das á r v o r e s v i z i n h a s . 
3: e: :prcssa o i n c r e m e n t o em d i â m e t r o das á r v o r e s completamente 
b r e a das ou recebendo apenas luz d i f u s a . 
FIGURA 3.1. Crescimento em diâmetro em função da intensidade de luz 
54 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
Com relação à mortalidade, pode-se verificar um acréscimo logo 
após a intervenção, e uma estabilização após dez anos decorridos da 
exploração. As taxas variam de acordo com o grupo ecológico considerado, 
conforme mostrado na Tabela 3.1. 
TABELA 3.1. Taxas de mortalidade das espécies pioneiras comparadas com outras 
categorias (%/ano) 
Grupo 
jde 
espécies 
Período Grupo 
jde 
espécies 1981-83 1983-87 1981-S7 
Espécies pioneiras 3,9 6,1 4,7 
Todas as espécies 2,1 3,8 2,8 
Espécies comerciais 1,6 2,6 1,8 
Espécies potenciais 1,3 2,8 2,2 
Espécies não comerciais 2,4 4,2 3,1 
Fonte: Silva, 1993 
Se refinamentos são implementados, De Graaf (1986) e Jonkers 
(1988) afirmam que noSuriname houve um acréscimo entre 4% e 42% no 
incremento médio anual (IMA no DAP). Em Paragominas-PA, Veríssimo et 
al., (1992), considerando uma taxa de mortalidade de 2% ao ano e 
crescimento em diâmetro de 0,8 cm e 0,3 cm para florestas sujeitas e 
não-sujeitas ao manejo, verificou que após 35 anos, a população manejada 
apresentou um ganho de 22 m 3 em volume, para árvores de interesse 
comercial com DAP maior ou igual a 30 cm. Barreto, Uhl e Yared (1993) 
constataram que a taxa de mortalidade em Paragominas, durante dois anos 
de avaliação, foi de 2% ao ano, o que está em conformidade ao apresentado 
55 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
56 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
57 
objetiva do assunto é a falta destas taxas de crescimento e mortalidade por 
região ou micro-região ecológica para um período de tempo maior. Do 
ponto de vista de continuidade de pesquisa, as informações disponíveis na 
literatura têm, no máximo, quatorze anos. A experiência mais antiga, a de 
Curuá-Una (Pará), sofreu problemas de continuidade e mesmo se tal fato 
não tivesse ocorrido, não seria possível generalizá-lo para o restante da 
Amazônia. 
Caso a simulação desenvolvida para verificar a taxa de retorno 
propiciado pelo manejo houvesse utilizado uma taxa de mortalidade de 3% 
ao ano, ao invés de 2%, no final de vinte anos existiriam duas árvores de 
valor comercial, ou 8,3 m 3/ha a menos, conforme Barreto, Uhl e Yared 
(1993). Esses fatos vem reforçar a posição de que ainda são insuficientes as 
informações sobre crescimento em diâmetro e taxa de mortalidade para as 
florestas brasileiras. 
3.2. EFICIÊNCIA DO PROCESSO TECNOLÓGICO NO 
BENEFICIAMENTO DA MADEIRA E NO ASPECTO 
SILVICULTURAL 
Para fins de análise, cinco cenários são considerados. O primeiro 
considera a melhoria da atividade de processamento da madeira com um 
maior aproveitamento da tora roliça. Um segundo cenário caracteriza-se 
pelo uso de produtos não-madeiráveis; nestes casos o interesse não está 
na forma extrativista de obtenção do produto e sim no processo 
tecnológico. O terceiro é caracterizado pela redução da exploração 
altamente seletiva que reflete a atividade nos modelos atuais. O quarto 
mostra a falta de tecnologia no aproveitamento das áreas de várzea. Já o 
quinto considera a opção do reflorestamento. 
por Silva (1989), De Graaf (1986) e Jonkers (1988). Com relação ao 
crescimento médio em diâmetro, verificou-se uma taxa de crescimento de 
0,35 cm/ano para as árvores dominadas por cipós e/ou danos leves; de 0,6 
cm/ano para as árvores livres de cipós e danos; e as gravemente danificadas 
após a exploração apresentaram taxas de 0,2 cm/ano. 
Ainda com relação ao crescimento em diâmetro, Silva (1989) 
assume uma menor taxa de crescimento para as árvores menores que 
30 cm, com 0,2 cm/ano na fase 1 (entre a primeira e a segunda explorações) 
e de 0,3 cm/ano na segunda fase (entre a segunda e a terceira explorações), 
caso nenhum manejo seja implementado. Com manejo, esta taxa pode ser 
de 0,4 a 0,5 cm/ano na primeira fase e de 0,6 a 0,8 cm na segunda. Estas 
considerações foram muito mais baseadas na experiência do pesquisador, 
do que em medições de campo, ao longo dos tempos correspondentes ás 
duas fases consideradas e foram utilizadas por Barreto, Uhl e Yared (1993) 
para simular a economicidade do processo de manejo, conforme será 
discutido mais adiante. 
Embora plantas de mesma espécie tenham uma menor taxa de 
crescimento, em função da menor luminosidade no sub-bosque, a exatidão 
dessa afirmativa é ainda insatisfatória no que se refere ao caso brasileiro. 
Pela simulação feita por Barreto, Uhl e Yared (1993), em dois 
cenários, a adoção das taxas de 0,4 cm/ano (fase 1) e 0,6 cm/ano (fase 2) 
para o primeiro cenário, 0,5 cm/ano (fase 1) e 0,8 cm/ano (fase 2) para o 
segundo, possibilitou definir ciclo de corte de trinta anos para o cenário I e 
de vinte anos para o cenário II. Comprovou-se então que pequenas 
alterações nas taxas de crescimento e/ou de mortalidade podem levar à 
produções muito diferentes. Assim, o que dificulta uma abordagem mais 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Cenário I - Melhoria da atividade de processamento da madeira com 
um maior aproveitamento da tora roliça 
Uhl et a! (1990), considerando o aspecto tecnológico das serrarias 
existentes em Tailândia, Estado do Pará, constataram que 13 serrarias 
utilizavam equipamentos antigos; 33 usavam serra-fita e 2 delas possuíam 
máquinas rotativas para a produção de laminado para fabricação de 
compensados. 
Na região de Paragominas-PA, Veríssimo et al (1992) constataram a 
existência, em 1989, de 238 serrarias, das quais mais de 70% foram 
instaladas após 1980. Consideram que cada serraria produz, em média, 
4300 m 3 de madeira serrada/ano, provenientes de 9.200 m 3 de toras roliças. 
Conforme Barreto, Uhl e Yared (1993), 80% destas serrarias processam 
menos que 12.000 m 3 de tora/ano. 
Apresenta-se a seguir dois casos abordando simulações que 
incluem diferentes percentuais de madeira senada através de melhoria no 
processo tecnológico. 
• Primeiro caso: Tailândia, Estado do Pará 
Considerando uma serraria com produção mensal de 320 m 3 , Uhl et 
al (1990) alcançaram os seguintes resultados: 
- Renda bruta mensal: 320 m 3 x US$ 90 = US$ 28.800. sendo US$ 90 o 
preço de venda da madeira senada 
- Custo de produção 
58 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
a) Aproveitamento de 50% do volume de tora na serraria 
Custo da matéria-prima US$ 11.520 
Custo do processamento US$ 5.549 
Custo total US$17.069 
Receita líquida mensal US$ 11.731 (28.800-17.069) 
J 
b) Aproveitamento de 34% do volume de tora na serraria 
Custo da matéria prima US$17.280 
Custo do processamento US$ 6.160 
Custo total US$23.440 
Receita líquida mensal US$ 5.360 (28.800-23.440) 
• Segundo caso: Paragominas, Estado do Pará 
Barreto, Uhl e Yared (1993), ao efetuarem estudo sobre o retomo do 
investimento do manejo, que será abordado em outro item, consideraram 
que as análises econômicas feitas não podem ser consideradas como 
definitivas, já que a atividade é de longo prazo e que mudanças nos 
processos tecnológico, econômico e político podem alterar as conclusões 
obtidas. 
59 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
60 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
TABELA 3.2.Potencialidadesde produtos não madeiráveis 
Nome Vulgar Nome Científico Usos 
Pau-rosa Aniba duckey Óleos essenciais para perfume 
Castanha-do-Pará Bertholletia excelsa 
Seringueira Hevea brasíüensis 
Andiroba Garapa guianensis 
Amêndoas comestíveis 
Produção de látex/borracha 
Uso medicinal de cascas, folhas e 
sementes (inchações, amigdalite, 
faringite, sabão, etc) 
Amapá-doce Brosium paringrioides Medicina caseira (tuberculose, 
fraqueza em geral e doenças 
intestinais) 
Fava-barbatimão Styphnodendron pulcherrimum Medicina caseira (anti-diarréico, 
hemostástico, hemorragias uterinas, 
afecções escorblsticas e hérnias) 
Continua.... 
61 
Assim, simulando uma mudança no aproveitamento da serraria de 
50% (considera 2 m 3 de tora para 1m 3 de madeira serrada) para 60% do 
volume de tora roliça, reduziu-se em 17% o volume necessário para gerar o 
mesmo volume de madeira serrada. Trouxe ainda implicações diretas na 
redução da área sujeita à exploração, nos custos de exploração e de 
transporte e, consequentemente, no custo total do manejo. 
Com os dois casos reais apresentados, em que pese seu caráter 
genérico, já que é esperado que espécies diferentes tenham percentuais de 
aproveitamento diferentes, torna-se evidente que a atividade de manejo é 
influenciada pelo processo tecnológicoadotado na fase industrial de 
serraria. A análise feita indica que, ainda de forma preliminar, a adoção de 
medidas que visem a melhoria do processo tecnológico de beneficiamento 
de madeira pode ser importante na viabilização do manejo florestal, por 
grande parte das empresas madeireiras. 
Cenário II - Uso de produtos não-madeireiros 
Um outro ponto relevante é o aproveitamento ainda bastante 
incipiente e extrativista de uma série de produtos não-madeiráveis, os quais, 
dependendo da região, vão ter maior ou menor importância. Podem ser 
resultantes da produção de sementes, leites vegetais, cascas e óleos 
medicinais, dentre outros. Na Tabela 3.2 são apresentadas algumas das 
espécies e sua utilização. 
Um ensaio sobre os custos e lucratividade destes produtos foi 
desenvolvido por Oliveira et al. (1993) para a população ribeirinha da Flona 
de Tapajós, em Santarém do Pará, após levantamento no comércio local. 
Foram consideradas aquelas espécies que, de fato, são comercializáveis em 
Santarém. Na Tabela 3.3, apresenta este estudo de caso, podendo-se 
verificar que a receita por hectare é de US$ 437,88, com custos de US$ 2,72 
e um lucro de US$ 435,18 em termos relativos, o lucro representa 99,4% da 
receita do podutor. 
Dentre os quinze produtos não-madeiráveis avaliados destaca-se a 
importância do cumaru, que representa 50% da receita dos ribeirinhos e 60% 
da receita do mercado de Santarém, conforme pode-se observar na Figura 
3.2. Este fato ocorre porque suas sementes são utilizadas como 
aromatizante na indústria de tabaco, chocolate e bebidas. 
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TABELA 3.3. Freqüência media dc ocorrência, proôwao anual, receitas e custos. 
pelos nbcinnhos da Flona do Tapajós 
Rcf. Espécie 
N°dc 
Adores/ 
ha(l) 
Produto 
Produção 
Urud. por 
Árvore 
Preço Venda Receita 
Custo (2) Lucro 
1 Andiroba 
2 Ama pá-doce 
3 Barbatimão 
4 Copaiba 
5 Cumaru 
6 Castanha -do-pará 
7 Julal-açu 
8 Maçaranduba 
9 Mupuré 
10 Pau-d'arco-roxo 
11 Piquiá 
12 Preciosa 
13 Quinarana 
14 Scnngucira 
15 Sucuuba 
4,6 óleo 1 
0.3 iene 1 
kg 0.3 casca 
1 
kg 
0,2 óleo 1 
0.2 semente kg 
t>,1 amêndoa 1 
0.8 resina tg 
2.2 látex kg 
0,9 leile 1 
0.3 casca kg 
0,2 óleo 1 
0.2 casca kg 
1.3 casca kg 
0,6 látex kg 
1.0 leite 1 
12 
15 
12 
80 
350 
125 
30 
1 
6 
35 
10 
10 
10 
3 
11 
P 
1,58 
0.79 
1.58 
1,58 
3.16 
0.47 
0,70 
0.79 
0,79 
0,79 
1.58 
0,16 
0,79 
1.58 
0.79 
S 
3.16 
1,89 
6.32 
3.16 
11.84 
1,58 
2.37 
1,80 
2,37 
3,16 
4,74 
1.18 
3.16 
3,16 
2.37 
P 
87,22 
3.56 
5,69 
25,28 
221,20 
41,12 
14,22 
1.24 
4,27 
8,30 
3.16 
0,32 
10,27 
2.84 
8,69 
437.88 
S 
174.23 
8.50 
22.75 
50.58 
828,80 
136.25 
42.66 
3.48 
12,80 
33.18 
9,48 
2,36 
41,08 
5,69 
28.07 
400,04 
Total 
P 
0.92 
0.06 
0.06 
0,04 
0.04 
0.14 
0.12 
0.44 
0,16 
0.06 
0.04 
0.04 
0.28 
0,12 
0.20 
90.53 
3.63 
5.74 
26.24 
222.11 
46.37 
14.45 
1,77 
4,59 
8,44 
3,28 
0,34 
10.44 
2.66 
9.25 
2 72 450.34 
P = produtor 
S = Santarém 
( l )DAP maior igual 30 cm 
(2) custo produtor = custo dc mão-de-obra 
USS 1,00 = CR$ 6.333,00 (30/09/92) 
86.30 83.90 
3,50 4,87 
5,63 17,01 
25.24 24.32 
221.16 606.62 
40.88 91,88 
14.10 28.21 
1,30 1,71 
4,09 8,21 
8,24 24,74 
3.12 6.20 
0,28 2.02 
10.01 30,64 
2.72 2.63 
8.94 16.72 
435.18 949.75 
3» 
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UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
FIGURA 3.2. Lucro ao Nivel do Produtor e no Mercado de Santarém 
64 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
TABELA 3.4. Quantidade e Valor da Produção e da Exportação de Produtos nâo 
Madeireiros, no Estado do Pará 
1986 
Espécies Unid. Produção Exportação 
Quant Valor Quant. Valor* 
Castanha-do-Paná t 17.229 54.797 14.942 15.968 
Copalba t 7 172 - -
Cumaru t 456 10.291 - -
Seringueira t 2.744 25.214 - -
Maçaranduba t 375 2.281 - -
valores em CR$ 1.000,00 
Valor* = valor FOB 
Continua... 
65 
Corra relação às estatísticas oficiais, pouco se tem a respeito desses 
produtos como fonte de divisas. A produção e exportação pelo Estado do 
Pará é mostrada na Tabela 3.4. 
Verifica-se que nos anos mais recentes a contribuição dos produtos 
não-madeireiros tem sofrido um decréscimo acentuado, inclusive a 
castanha-do-Pará. Pode-se constatar que a falta de tecnologia, associada à 
não-comprovação científica das propriedades medicinais advindas das 
espécies florestais, ao lado da ausência de divulgação destes produtos são 
os responsáveis pelo seu fraco desempenho mercadológico. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 3.4.Continuação 
Espécies 
1987 
Unid. Produção Exportação 
Castanha-do-Pará 
Copafba 
Cumaru 
Seringueira 
Maçaranduba 
Quant. Valor 
17.955 
4 
333 
2650 
299 
Valores em CR$ 1.000,00 
Valor* = valor FOB 
Continua». 
TABELA 3.4.Coritinuação 
Espécies 
154.907 
345 
9.300 
79.961 
9.928 
Quant. 
13.515 
Valor* 
20.453 
1988 1989 
Unid. Exportação 
Quant. Valor* Quant. Valor* 
Castanha-do-Pará t 12.492 18.353 9.253 15.299 
Copalba . -
Cumaru , 
Seringueira , _ 
Maçaranduba t — 
Valores em CR$ 1.000,00 — 
Valor* = valor FOB 
Fonte. Anuário 1986/1989/1990 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
Cenário III - Seletividade das espécies florestais 
Neste cenário o aspecto tecnológico das madeiras de espécies 
tropicais, além de conhecidos com propriedade, devem ser divulgados nos 
mercados interno e externo, através de uma estratégia comercial que 
associe sua utilização ao sistema de manejo sustentado. 
De acordo com Neyra (1992), a exploração madeireira altamente 
seletiva e não acompanhada de planos de manejo facilita a deterioração dos 
povoamentos, a perda gradual do seu valor econômico e a intervenção na 
área para outros fins que não seja o florestal, comprometendo a estabilidade 
do ecossistema em questão. 
Segundo o mesmo autor, embora cada vez mais espécies sejam 
utilizadas na região de Santarém, dez espécies representaram 80% do 
volume de madeira exportados dos Estados do Pará e Amapá, nos últimos 
cinco anos. Destacam-se o mogno (Swietenia macrophyla) com 40,06%, a 
virola (Wola surinamensis) com 21,08%, o jatobá (Hymenaea courbaríf) com 
10,02%, dentre outras. 
Segundo ainda Neyra (1992), a indústria madeireira comercializa em 
tomo de 40 das 70 espécies comercializadas em Santarém. Ressalta-se que 
das 25 empresas existentes na região, uma utiliza até 28 diferentes espécies; 
outras 13 utilizam entre 6 e 16 diferentes espécies e as empresas restantes 
utilizamaté 5 diferentes espécies. Esta mesma lógica parece predominar em 
toda a região Amazônica. 
Assim, um trabalho sério de divulgação das características das 
espécies alternativas em todas as serrarias, movelarias e centros de 
67 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
68 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
3.6 e 3.7 são ilustradas três situações que caracterizam o potencial 
madeireira das florestas de várzea. 
TABELA 3.5.Potencial madeireiro para florestas de várzea em m3/ha 
Área Volume médio Volume total Volume médio Volume 
ha m3/ha 1.000 m
3 comercial comercial total ha 
m3/ha 1.000 m 3 
6.500.000 90 585.000 30 195.000 
Fonte: Pandolfo, 1978 
TABELA 3.6.Potencial madeireiro para florestas densas de várzea em m3/ha 
Área Volume médio Volume médio 
ha m3/ha comercial 
40.148.348 90 30 
Fonte: Nascimento e Homma, 1984 
TABELA 3.7. Área de florestas de várzea no Estado do Amazonas e volume de madeira 
de espécies comerciais acima de 50 cm de DAP em m3/ha 
Área 
Volume médio comercial (m3/ha) 
Área 
ha Principais espécies Todas 
(12) 
20.000.000 12 54 
Fonte: Bruce, 1978 
69 
comercialização existentes no Brasil, com uma maior divulgação no exterior, 
são ações fundamentais para que a prática expansionista e altamente 
seletiva da atividade seja substancialmente reduzida. 
Cenário IV - Falta de tecnologia no aproveitamento das potencialidades 
das áreas de várzea 
Com relação às florestas de várzea, pode-se considerar, segundo 
Cruz (1991), que tanto as pesquisas silviculturais como as de manejo 
florestal sustentado são muito reduzidas quando comparadas às de terra 
firme, daí a necessidade de orientá-las para que contemplem este 
ecossistema vital para o mercado madeireira regional. 
Com relação ao aproveitamento para laminação e serraria, as 
florestas de várzea, em que pese sua área restrita em relação à floresta de 
terra firme, vinham sendo as mais exploradas, pelo menos até 1979, 
conforme Costa Filho et al (1979). Isto ocorre, principalmente, porque as 
madeiras com peso específico menor como a ucuúba (Víro/a surínamensis), 
a andiroba (Carapa guianensis), a jacareúba (Callophyllum brasiliensis), o 
louro inhami (Ocotea cymbaruum), o assacú (Hura crepiíans), a sumaúma 
(Ceiba petandra) e diversas outras são comercializadas para este fim. No 
entanto, as pesquisas para condução da regeneração natural dessas 
espécies e de outras mais são altamente incipientes e o que esfiá exploração 
vem acarretando, segundo Cruz (1991), é um exaurimento ou 
depauperamento das reservas produtoras de madeira. 
Com relação ao potencial madeireira, inventários realizados nas 
áreas de várzea levam a um volume médio de 90 m 3/ha, sendo que para fins 
de aproveitamento este volume está em tomo de 30 m 3/ha. Nas Tabelas 3.5, 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
70 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
71 
Dentre as principais espécies encontradas nas florestas de várzea 
pode-se citar: sumaúma, muiratinga, jacareúba, copaiba, macacarecuia, 
gaúcho, virola, louro inhami, louro preto, assacú, cedro e macacaúba. 
Pode-se verificar, nas tabelas apresentadas, que as florestas de 
várzea não diferem em demasia das florestas de terra firme quando se 
compara a sua produção média por hectare das árvores de interesse 
comercial. As florestas de várzea levam uma grande vantagem em relação 
às demais no item transporte; no entanto, dado às suas características 
bastante especiais, estudos mais aprofundados deveriam ser 
implementados, principalmente no controle da regeneração natural, já que 
estas áreas ficam submersas por um período considerável do ano. 
Cenário V - A opção do reflorestamento 
Embora possa parecer esdrúxula, esta abordagem é pertinente já 
que pode ser uma alternativa à opção do manejo sustentado, principalmente 
em área que já sofreram processo de degradação. Além de ser apoiada por 
vários pesquisadores, esta alternativa é vista com bons olhos por 
empresários do setor florestal, especificamente no Estado do Pará. 
Wadsworth (1993), citando Wadsworth (1S65) ao comparar a 
economicidade das florestas nativas e das plantações, enfatiza que, com 
rendimentos da floresta nativas de 1 a 3 m3/ha/ano, pode-se afirmar que a 
madeira tropical, produzida de maneira econômica, virá somente das 
plantações. 
SUDAM (1979) cita que a partir de ensaios siviculturais realizados 
em Curuá-Una, já existe uma série de espécies florestais nativas, cuja 
rusticidade as indica como potencialmente aptas para utilização em 
reflorestamentos. São elas: morototó, para-pará (caroba), cupiuba, tatajuba, 
cajuaçu, castanheira, fava arara, tucupi, fava de várzea, marupá, quaruba, 
ucuúba de terra firme e cuiarana de caroço. Enfatiza ainda, meliaceae como 
andiroba e cedro, devem ser estudadas com maior empenho porque 
existem indicadores de que em determinadas condições de luminosidade, 
são muito pouco afetadas por lagartas, além de terem bom 
desenvoMrrjento. Concluem ainda que as comparações de desenvolvimento 
entre as espécies plantadas e as provenientes da regeneração natural, levam 
a acreditar que as técnicas tradicionais utilizadas em reflorestamento, na 
Amazônia, não fornecem resultados satisfatórios para muitas espécies de 
valor comercial. 
Embora as conclusões apresentadas não sejam definitivas, elas 
possibilitam perceber alguma potencialidade no plantio de espécies da 
Amazônia. Vale considerar que o domínio da técnica de melhoramento das 
espécies florestais, de conservação do solo e nutrição, das práticas de 
manejo, da qualidade de sementes e da dinâmica de populações, podem 
propiciar a geração de modelos para recuperação de áreas degradadas que 
estejam engajadas à realidade da região tropical. 
Quanto à possibilidade de reflorestamento em várzeas Dubois 
(1970), destaca a Wola surínamensis (ucuúba) como a espécie prioritária, 
pois sua silvicultura já é bem conhecida graças à pesquisas realizadas no 
Suriname (que chegaram a rotação de 40 a 45 anos para a mesma) e 
recomenda também como espécies de potencial a Carapa guianensis 
(andiroba), Hura crepitans (assacú). Ainda segundo Dubois (1970), as 
experiências obtidas no Suriname indicam que as várzeas baixas deveriam 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
72 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
73 
abertas e novas clareiras serão acrescentadas, o que levará à alteração da 
composição florística e mesmo do valor da floresta remanescente; ocorrerá 
novos danos à floresta residual, com a quebra de árvores durante o 
processo de derrubada. 
Um outro cenário é constituído pelos danos que ocorrem ã floresta 
residual durante o processo de exploração. Conforme Uhl et al (1990), na 
região de Tailândia-PA são exploradas duas árvores por hectare, em média, 
produzindo 16 rrfVha e também 0,37 árvore/ha de madeira ocadas, 
derrubadas e não aproveitadas. Nesta região, para cada 8 m 3 de madeira 
extraída são danificados 9,6 m 3 , ou o correspondente a 26 árvores com 
diâmetro a 1,30 m maior ou igual a 10 cm. Considerando a exploração, os 
danos são de 52 árvores com DAP > 10 cm, dentre as 495 plantas 
existentes por hectare. Pode-se dizer que 33% deles são em função das 
clareiras, 22% pelo estabelecimento das áreas de embarque e 45% pela 
abertura de estradas de exploração. Quanto ao tipo, pode-se considerar que 
46% das árvores foram cortadas para abertura de estradas e área de 
embarque de toras, 4 1 % foram quebradas, 8% foram arrancadas e 5% foram 
rasgadas, sendo que estas três últimas modalidades situavam-se nas 
clareiras formadas pela derrubada das árvores de valor econômico. Com 
relação à qualificação das árvores danificadas, pode-se dizer que 5% são 
madeiras de valor econômico,29% de médio valor econômico, 16% de 
baixo valor e 50% é constituído por espécies sem valor econômico atual. 
Na região de Paragominas-PA Veríssimo et al (1992) consideram 
que, em média, são exploradas 6,4 plantas/ha, produzindo 38 m 3/ha. Neste 
caso, os danos médios quantificados são de 148 árvores/ha com mais de 
10cm, que corresponde a uma área basal de 6,4 m 2/ha e a um volume de 
ser submetidas a programas de regeneração natural, enquanto nas várzeas 
altas poder-se-ia utilizar as plantas artificiais. Também em terra firme Alencar 
(1981), verificou que a jacareúba (Callophyllum angulare) apresentou maior 
desenvolvimento a plena luz, enquanto Volpato et al (1972) mostraram que a 
Carapa guianensis (andiroba) apresentou desenvolvimento mais satisfatório 
quando crescendo em sombreamento parcial. 
Informações pessoais de técnicos do IBAMA na região de Santarém 
indicam que plantios de mogno estão sendo efetuados com sucesso, até o 
presente momento, por empresários da região. 
O fato é que este tópico, embora controvertido, merece ser avaliado 
como uma das formas da atividade florestal concorrer com a atividade 
agropecuária, além de constituir uma alternativa à manutenção da floresta 
nativa em muitas regiões da Amazônia. 
3.3. EFEITOS DA EXPLORAÇÃO E DO TRANSPORTE NA 
REGENERAÇÃO NATURAL E ESTRUTURA 
REMANESCENTE 
Deve-se considerar dois cenários para este tópico. O primeiro deles 
é formado quando, por falta de mercado imediato, uma série de espécies 
florestais são deixadas na área; algum tempo após a intervenção, por serem 
novamente valorizadas, volta-se a interferir na área. Neste caso, em 
intervalos de tempo não muito amplos, de cinco a quinze anos, a nova 
interferência implica em danos à população remanescente, principalmente 
pela atividade de exploração e remoção das árvores. Pode-se considerar, 
dentre outras coisas, que retira-se um volume muitas vezes superior ao que 
seria admissível, comprometendo a sua exploração futura; há alteração da 
estrutura remanescente, pois novas estradas para fins de remoção serão 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
74 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
FIGURA 3.3. Danos à cobertura florestal por intensidade de área basal 
62 m 3/ha. Em termos individuais estes índices podem ser expressos como: 
27 árvores danificadas por cada árvore extraída; 1,9 m 3 danificado para cada 
1,0 m 3 extraído; 39 m de estrada construída para cada árvore extraída; 
218 m 2 de estrada e pátio construídos para cada árvore extraída e 662 m 2 de 
clareira por queda da árvore a ser utilizada. Em condições naturais este 
último valor situa-se entre 150 e 300 m 2 . 
Do total de espécies danificadas na exploração, 32% foram das 
utilizadas nas serrarias, 44% foram utfeadas na construção civil e 24% foram 
espécies sem uso comercial ainda definido. 
Boxman et al (1985), estudando os efeitos da exploração na floresta 
remanescente, informam que o sistema de colheita CELOS reduziu tanto os 
custos quanto os danos propiciados pela operação de exploração florestal 
no Suriname. Para melhor ilustrar o fato apresenta-se, na Figura 3.3, a 
redução percentual dos danos em relação a diferentes níveis de remoção 
para a floresta residual e para diferentes técnicas de exploração das árvores 
na floresta. 
Pode-se verificar que, para remoção de 4 m2/ha de área basal, a 
exploração controlada com uso de guincho acarreta danos que 
correspondem a 1/3 daqueles causados pela exploração sem controle. 
Pelo visto a exploração florestal é um dos fatores que merecem 
atenção especial no processo de viabilizar as práticas de manejo florestal 
em bases sustentadas, considerando-se os danos causados à floresta 
residual, a alteração na intensidade de luz e os custos relativamente altos. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
3.4. A ECONOMICIDADE DO PROCESSO QUE ENVOLVE 
A ATIVIDADE DE MANEJO FLORESTAL 
SUSTENTADO 
Esta talvez seja a razão principal que explica porque o manejo 
florestal não é uma atividade difundida no meio empresarial. Ou seja, não 
existe uma percepção clara da relação custo/benefício propiciada pela 
atividade. 
Será feito, a seguir, um desdobramento de várias abordagens 
econômicas sobre o assunto. 
3.4.1. O Uso da Floresta comparado a Outros Usos da Terra 
na Região de Tailândia-PA 
O estudo aqui discutido refere-se a uma abordagem, conforme 
encontrado em Uhl et al (1990). 
Considerou-se, para fins comparativos, as atividades de exploração 
madeireira na floresta, a pecuária e a agricultura de subsistência. 
- Exploração madeireira: considerando um crescimento de 
0,5cm/ano em diâmetro, após vinte anos ter-se-ia uma receita 
de US$ 770, correspondendo a USS 38,5/ha/ario. Um maior 
detalhamento deste fato pode ser encontrado na Tabela 3.8. 
76 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
Volumes Valor Valor 
Área 
1 
Área 
2 
Área 
3 
Média 
USS (') Total 
Logo após exploraçâc 
valor alto 
valor médio 
valor baixo 
3 
26 
53 
22 
42 
102 
26 
10 
85 
16 
26 
80 
21 
23,10 
15,40 
7,70 
600,60 
1232,00 
161,70 
Total 101 170 111 127 1994,30 
20 anos após com 
crescimento lento 
valor alto 
valor médio 
valor baixo 
30 
65 
27 
48 
121 
32 
12 
97 
20 
30 
94 
26 
23,10 
15,40 
7,70 
693,00 
1447,60 
200,20 
Total 122 201 129 150 2340,80 
20 anos após com 
crescimento razoável 
valor alto 
valor médio 
valor baixo 
35 
78 
32 
56 
141 
38 
14 
117 
24 
35 
112 
31 
23,10 
15,40 
7,7 
808,50 
1724,80 
238,70 
Total 145 235 155 178 2.772,00 
(*) valor da madeira em tora foi considerado como USS 30/m3 - valor alto, USS 20/m3 - valor 
médio e US$ 1Q?m3 - valor baixo, de acordo com valor da madeira praticado na Amazônia 
Oriental em 1990. Porém, esses valores sâo baseados em volume Francom que eqüivale 
aproximadamente a 77% do volume real. Devido ao fato de termos usado o volume real 
nessa tabela, foi necessário reduziro valor da madeira em 23%. 
Fonte: Uhl et al, 1990 
77 
TABELA 3.8. Volume (m3/ha)e valor (US$) da madeira proveniente das árvores de valor 
econômico > = 40 cm de DAP restante na floresta de Tailândia após uma 
exploração seletiva e projeções sobre acumulação de madeira durante 
um ciclo de rotação de 20 anos, considerando crescimento lento 
(0,25 cm/ano) e crescimento razoável (0,5 cm/ano) 
Volume (m3/ha) 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
78 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
79 
- Pecuária: conforme Mattos et al, citado por Uhl et al (1990), o 
rendimento da pecuária na região central do Pará está em torno de 
US$ 50/ha/ano. Foi considerado, para obtenção deste valor, 0,75 
cabeças de gado/ha, um ganho médio em peso de 0,3kg/dia e o preço 
de US$ 0,65/kg de gado vivo (0,75 cabeça de gado x 0,3 kg/dia x 
US$ 0,65/kg x 365 dias = US$ 53). 
- Agricultura de corte e queima: segundo Vasey (1979), são necessários 
dez anos de pousio entre cultivos para haver biomassa suficiente que 
gere nutrientes para manter cultivos durante dois anos, de modo que 
esta prática seja sustentada (consórcio de arroz, milho e mandioca; o 
arroz e o milho são colhidos no primeiro ano e a mandioca no segundo). 
Um hectare cultivado gera US$ 460, o que corresponde a um capital 
acumulado de USS 46/ha/ano. Nesta abordagem não foram 
considerados os custos de produção, colheita e de transporte dos 
produtos. Os custos para madeira podem ser menores, conforme Uhl et 
al. (1990), porque: 
• usa-se menos moto-serra para desmatar que para a agricultura e 
pecuária, cujo desmatamento é em 100% da área; 
• o custo para manter a floresta para explorações ocasionais é 
relativamente baixo; retira-se de 25 a 50 m3/ha a cada vinte anos, o 
que requermenos mão-de-obra, em tomo de 30 a 60 horas de 
trabalho/ha; 
• o custo de transporte é menor. 
A pecuária é a mais interessante dentre as três atividades citadas, 
embora, de modo geral, a rentabilidade não varie muito. No entanto, 
pode-se considerar que o estudo realizado é bastante simplista ao assumir 
muitas suposições que podem não se concretizar. Uma abordagem mais 
apropriada deve certamente considerar custos, receitas e os benefícios 
indiretos gerados pelas atividades mencionadas. A floresta, além de ser um 
bem puramente econômico, ou ainda apenas o habitat para manutenção da 
fauna e da fidra, é um bem com implicações múltiplas, abrangendo aspectos 
econômicos, políticos, sociais, culturais e ecológicos (Carvalho, 1990). 
3.4.2. Custos e Lucros na Exploração de Madeira em 
Paragominas-PA 
Os dados e informações aqui apresentados referem-se aos estudos 
de Veríssimo et al. (1992). 
Dois cenários foram considerados para fins de análise. O primeiro, 
em que o empreendedor somente faz a exploração da madeira e um 
segundo cenário em que, além desta atividade, ocorre também o 
processamento da madeira. 
A área de estudo apresenta uma produção média de 38 m3/ha/ano, 
com amplitude de diâmetro para exploração variando entre 40 e 160 cm. 
Nas Tabelas 3.9 e 3.10, respectivamente, são apresentados os custos de 
exploração e transporte de 9.200 m 3 de toras roliças e os custos de 
operação e lucro de uma típica serraria de Paragominas. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 3.9. Estimativa dos custos de exploração e transporte durante uma estação de 
colheita (7 meses), com volume retirado de 9.200 m 3 de madeira roliça em 
Paragominas-PA 
Categoria Custo em USS 
Custo de exploração 
-corte 16.940 
-salário 14.840 
- benefícios 8.607 
-alimentação 6.000 
-combustível 10.262 
-taxa florestal 14.168 
-manutenção de equipamentos 19.000 
- depreciação 24.373 
Total 114-190 
Custo de transporte 
-salário 7.140 
-benefícios 4.140 
-combustível 18.280 
-manutenção 15.000 
- depreciação 31.200 
Total 75.760 
Custo total de exploração e transporte (1+ 2) 189.950 
Valor da produção 253.000 
Custo do capital investido (6% a./a.) 16.296 
Excedente operacional 63.050 ^ 
Lucro líquido 46.754 
Valor do investimento em equipamento 406.400 
Margem de lucro (excedente / valor da produção) = 24,9% 
Retorno do capital (excedente / valor do investimento) = 15,5% 
Fonte: Verissimo et al (1992) 
80 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
TABELA 3.10. Estimativa dos custos anuais de operação e lucro de uma serraria típica 
de Paragomínas-PA 
Produção (m3) 4.300 
Valor da produção 670.800 
Custo de produção (material colhido) 253.000 
Custo de processamento 
- salário 47.568 
- benefícios 27.590 
- energia 9.823 
-combustível 3.000 
-manutenção 13.020 
-depreciação 15.526 
- telefone 3.500 
-almoxarifado 1.700 
- carro 3.650 
- salário proprietário 18.000 
- taxas 98.272 
Custo total 494.649 
Excedente operacional 176.151 
Custo do capital investido 6.157 
Lucro liquido 169.994 
Valordos equipamentos 172.200 
Margem de lucro (excedente / valor produção) 26,3 % 
Retomo do capital (excedente / valor investimento) 102,3 % 
Analisando a Tabela 3.9 sobre exploração madeireira, observa-se 
que a margem de lucro (excedente operacional/valor da produção) é de 
24,9%, enquanto o retomo do capital investido (em equipamentos, máquinas 
e material de transporte) é de 15,5%. Estes percentuais estão bastante 
próximos da rentabilidade média na economia brasileira. Entretanto, os 
valores da Tabela 3.10, relativos às atividades de processamento, revelam 
81 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
82 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
feitos segundo métodos diferentes e sem considerar as variações no 
processo de comercialização. 
O estudo considera os seguintes pontos: 
- caracterização econômica da atividade madeireira; 
- caracterização econômica da atividade pecuária; 
- ^caracterização econômica da atividade agrícola; 
- caracterização social da atividade madeireira, da pecuária e 
agricultura; 
- comparação das atividades madeireiras, de pecuária e 
agricultura, quando considerado o uso extensivo e o intensivo; 
- análise de um dos benefícios indiretos do manejo florestal 
sustentado; 
- avaliação de sustentabilidade ou não das atividades madeireira, 
pecuária e agricultura no município de Paragominas-PA. 
a) Caracterização econômica da atividade madeireira 
Considerou-se a geração de emprego quando a atividade madeireira 
é feita de forma extensiva e fazendo uso do conceito de manejo sustentado. 
De acordo com a Tabela 3.11, pode-se observar que o manejo sustentado 
fez com que a renda, o imposto e o emprego gerado aumentassem em três 
vezes em relação à prática tradicional de exploração da floresta. 
83 
que, embora a margem de lucro seja normal (26,3%), a taxa de retorno ao 
capital investido chega a 102,3%, um percentual extremamente elevado em 
qualquer atividade produtiva. Esta discrepância de rentabilidade explica 
porque a atividade de processamento está dissociada, quase sempre, da 
exploração de madeira. A ofecfa por parte de madeíreiros clandestinos ou 
originária de operações de desmatamento autorizadas, reduz o preço de 
mercado, tornando assim, a exploração formal e comercial pouco atrativa 
economicamente. 
A baixa rentabilidade da exploração seria reduzida mais ainda se 
técnicas de manejo sustentado fossem adotadas. Ou seja, do ponto de vista 
privado não existem estímulos para que o suprimento seja de fontes de 
exploração sustentáveis. 
3.4.3. Análise de Investimento: Comparação entre o Manejo 
Florestal, Pecuária e Agricultura na Região de 
Paragominas-PA 
Um dos grandes dogmas acerca da ocupação racional da Amazônia 
diz respeito a trabalhos de análise de investimento, os quais podem fornecer 
subsídios para desenvolvimento de tecnologia. Asseguram que 
determinadas práticas predatórias possam ser substituídas por outras que 
incorporem desenvolvimento sustentável, não previlegiando as 
monoculturas e propiciando o desenvolvimento harmônico da região. 
Almeida e Uhl (1993) desenvolveram estudos baseados nestes 
dogmas e, em que pese o esforço realizado, alguns pontos foram 
subestimados nas análises, principalmente a avaliação mais clara e 
econômica dos benefícios indiretos do manejo e a comparação de trabalhos 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 3.11. Renda, lucro, capital e imposto gerados pela atividade madeireira tipica-
mente extensiva e da atividade madeireira baseada no manejo florestal, 
no município de Paragominas-PA 
Modelo Predominante 
Atividade madeireira extensiva -
ciclo de corte de 90 anos - US$/ha 
Alternativa 
Atividade com manejo ciclo 
de corte de 30 anos US$/ha 
Renda 31 (2.772/90)2 92 (2.772/30)2 
Lucro 11 (961/90)3 28 (848/30)" 
Capital 27 (2.391/90)5 83 (2.503/30)6 
Imposto7 4 (333/90) 11 (333/30) 
Fonte: Almeida e Uhl, 1996 
Observações: 
1. Os números entre parênteses são baseados nos trabalhos de Veríssimo 
et al. (1992) e foram divididos pelo ciclo de corte de 90 anos quando 
atividade é praticada sem manejo e de 30 anos quando praticada com 
manejo. 
2. A renda da extração madeireira sem manejo foi determinada dividindo-se 
a renda total anual de uma serraria típica de Paragominas pela área média 
total explorada por ano (US$ 670.800 -=- 242 ha = US$ 2.772/ha, Veríssimo 
et al, 1992). Após considerar o ciclo de corte, a renda por hectare/ano é de 
US$ 31 (US$ 2.772/90 anos). 
3. O custo total da extração e processamento de madeira é de US$ 438.239 
ou USS 1.810,9/ha, para 242 ha explorados por ano (Veríssimo et al, 1992). 
Não se considerou o custode capital e acrescentou-se US$ 6.640 ao custo 
de manutenção de equipamentos de extração (Johan, comunicação 
pessoal). Portanto, o lucro da atividade é de USS 961 (US$ 2.772 - US$ 
1.810,9) ou US$ 11/ha, considerando o ciclo de corte (90 anos). 
84 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
85 
4. No caso da atividade praticada com manejo tem-se a mesma renda 
liquida de US$961, subtraído o custo de manejo florestal de US$ 112,5, 
que é igual a um lucro liquido de USS 848/ha. Considerando o ciclo de corte 
(30 anos), a renda anual é de US$ 28/ha. 
5. O capital inicial investido em uma serraria típica de Paragominas que faz 
exploração de 242 ha/ano e processa 4300 m3 de madeira serrada por ano é 
igual a USS 78.600 -s- 242 ha = USS 2.391/ha. Estes custos envolvem todas 
as máquinas e equipamentos necessários (Veríssimo et al, 1992). 
Considerando o ciclo de corte, o investimento é de US$27 ha/ano. 
6. Considera-se o mesmo investimento em equipamentos da atividade 
praticada sem manejo (US$ 2.391) e adiciona-se o valor de USS 112,5 
referente ao investimento em manejo. Obtém-se, então, um investimento 
total de USS 2.503, ou USS 83/ha/ano, considerando-se o ciclo de corte 
(30 anos). 
7. Renda bruta multiplicada pela alíquota de 12% referente a produtos que 
são exportados do Estado (USS 2.772 x 0,12 = US$ 333). 
b) Caracterização econômica da atividade pecuária 
A Tabela 3.12 demonstra que a pecuária intensiva aumenta em mais 
de três vezes a renda, o imposto e o lucro, quando comparada aos métodos 
tradicionais. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 3.12. Renda, lucro, capital e imposto gerados pela pecuária tipicamente 
extensiva e pela pecuária com reformarsde pastos no município de 
Paragominas-PA (US$/ ha/ano) 
Modelo Predominante 
Pecuária de corte 
(pastos não reformados) 
Alternativa 
Pecuária de corte 
(pastos reformados) 
Renda1 31 104 
Lucro1 6 55 
Capital 3072 5393 
Imposto4 5 18 
Observações: 
1. Fonte: calculado com base nos dados de M. Mattos e O Uhl, 1996. 
2. O capital necessário por Etectare para a pecuária de corte em pastos não 
reformados é de US$ 307/ha, considerando-se infra-estrutura, equipamentos 
e animais. 
3. O investimento total para reformar um hectare é de US$ 539,3/ha 
(M. Mattos e C. Uhl, 1996), não considerando-se a infra-estrutura. 
4. Renda multiplicada pela aíiquota de 17%, considerando que a carne é 
comercializada dentro do Estado do Pará. 
c) Caracterização econômica da atividade agrícola 
Neste caso, utilizando os dados da Tabela 3.13, pode-se considerar 
que a agricultura intensiva gera vinte e seis vezes mais renda, vinte e quatro 
vezes mais imposto e lucro que a agricultura de corte e queima. 
86 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
TABELA 3.13. Renda, lucro, capital e imposto gerados pela agricultura de corte e queima e de cultivo perene no município de Paraqominas-PA. (USS / na/anoj 
Modelo Predominante 
Agricultura extensiva 
(de corte e queima) 
Alternativa 
Agricultura intensiva 
(de plantas perenes) 
Renda 90(1.079/12)
2 2366* 
Lucro 33Í391/12)
2 8024 
Capital | 24(291/12)
5 2.6956 
Imposto 15(183/12)
7 367a 
Fonte: Almeida e Uhl, 1996 
Observações: 
1. Os valores entre parênteses são de A Toniollo e O Uhl, 1996. Esses 
número foram divididos pelo ciclo de uso da agricultura de corte e queima 
de doze anos (dois anos para o plantio e a colheita e dez anos de pousio). 
2. Toniollo e Uhl, 1996 (não consideramos o custo do adubo de US$16,80). 
3. A renda média de 1 hectare de laranja, maracujá e pimenta plantados 
em proporções iguais é de US$ 2.366. Esta média considerou a renda bruta 
do maracujá de US$ 1.733/ha (Sagri, comunicação pessoal), da laranja de 
US$ 2.700/ha (Ribeiro, 1989), e a da pimenta de US$ 2.665/ha (Albuquerque 
etal , 1989). 
4. O lucro de 1 hectare de maracujá é de US$ 369; de 1 hectare de laranja é 
de US$ 1.627 e de pimenta é de USS 409. A renda média desses três cultivos 
é de USS 802/ha (Ribeiro 1989, Albuquerque et al 1989 e Sagri. comunicação 
pessoal). 
87 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
5. O valor do investimento total é de US$ 291,44 (A. Toniollo e C. Uhl, 1996). 
Considerou-se US$ 280,6 para diárias (9,05 x US$ 31) e US$ 10,84 para 
sementes de arroz e milho. 
6. O investimento necessário para implantação de 1 hectare de maracujá é 
de US$ 1.920 (Sagri, comunicação pessoal), o de um laranjal é de US$ 1.897 
(Ribeiro, 1988), e o de pimenta é de US$ 4.269 (Albuquerque et al, 1989). A 
média de investimento por 1 hectare desses três cultivos é de US$ 2.695. 
7. Renda de USS 1.079 multiplicado pela alíquota de 17%. 
8. O imposto gerado em 1 hectare de pimenta é de 13% sobre a renda bruta 
de US$ 2.665 (US$ 346), 17% sobre a renda bruta de 1 hectare de maracujá 
de USS 1.733 (USS 295) e 17% sobre a renda bruta de 1 hectare de laranja 
de USS 2.700 (US$ 459). A renda média é de US$ 367/ha. 
d) Caracterização social da atividade madeireira, da pecuária e 
agricultura 
Utilizando-se os dados da Tabela 3.14, pode-se considerar que o 
aumento no uso de mão-de-obra para a atividade de manejo é de duas 
vezes e meia; que o uso da pecuária intensiva não tem implicação no 
aumento da mão-de-obra e que a agricultura intensiva aumenta, em 
aproximadamente onze vezes, a necessidade de mão-de-obra^em relação à 
prática de agricultura de corte e queima. 
88 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
Hectares necessários para 
empregar uma pessoa 
Atividade madeüega 
1 
Modelo predominante: exploração extensiva 5731 
Alternativa: exploração de madeira d manejo 191 2 
Pecuária de coife 
Modelo predominante: pecuária extensiva 29 3 
Alternativa: pecisááa em pastos reformados 293 
Agricultura 
Modelo predomiianie: agricultura de corte e queima 164 
Alternativa: cultisos perenes 1.45 
Observações: 
1. O modelo predominante de exploração de madeira extensiva (sem 
manejo) utiliza uma equipe de 38 pessoas, sendo 10 na extração e 28 na 
serraria. O numero de hectares explorados é de 242 ha (Veríssimo et al, 
1992); portanto, o número de hectares explorados por homem empregado é 
de 6,37 (242/38) que, multiplicado pelo ciclo de corte (90 anos), é igual a 573 
ha explorados por homem empregado. 
2. Considerando que uma serraria que pratica o manejo florestal tem um 
acréscimo pequeno de mão-de-obra (1,13 homens/hora/ha/ano, Barreto, Uhl 
e Yared, 1993) temos que 6,37 ha são explorados por cada homem 
empregado (ver nota 1). Como o ciclo de corte é reduzido (30 anos) esse 
modelo emprega 1 pessoa para cada 191 ha explorados (6,37 x 30 anos). 
3. A pecuária do tipo extensiva necessita 4.480 homens/dia (560 ha x 8 
homens/dia/ha) para limpeza do pasto ou 17 pessoas/ha/ano (considera o 
89 
TABELA 3.14. O potencial de geração de empregos da atividade madeireira, da pecuária 
eagricultura, segundo os usos predominantes (extensivos) e usando 
teimas alternativas de uso do solo no município de Paragominas-PA 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
e) Comparação das atividades madeireíras, de pecuária e agricultura, 
quando considerado o uso extensivo e o intensivo 
Já ficou claro nos itens anteriores o reflexo de se aplicar práticas 
intensivas para geração de emprego e renda municipal, através de novos 
investimentos, principalmente no comércio e infra-estrutura. 
Utilizando-se os dados da Tabela 3.15, sujeito a duas taxas de 
desconto ao ano (6 e 12%), pode-se verificar que a atividade de extração de 
madeira sem compra de terras e com aplicação do manejo florestal leva a 
um valor líquido relativamente próximo ao da pecuária intensiva (para uma 
taxa de desconto de 6%). À medida que se aumenta a taxa de desconto em 
qualquer das situações, com e sem manejo constata-seque o valor presente 
líquido é maior que o da pecuária. 
90 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
TABELA 3.15. Valor presente liquido e taxa interna de retorno da extração e 
processamento de madeira sem manejo e da extração e processamento 
de madeira com manejo florestal, no município de Paragominas-PA 
Atividade 
1. Não considera o investimento em terras: 
extração e processamento de madeira (sem manejo) 
extração e processamento de madeira (com manejo) 
extração de madeira (sem manejo) 
extração de madeira (com manejo)3 
Valor 
presente 
US$/ha 
6% 
164 
459 
35 
145 
12% 
75 
189 
12 
49 
Taxa 
Interna 
de 
Retorno 
108 
103 
29 
33 
2. Considera o investimento inicial em terras 
extração e processamento de madeira (sem manejo) 
extração e processamento de madeira (com manejo) 
extração de madeira (sem manejo) 
extração de madeira (com manejo) 
36 
318 
-93 
-36 
-52 
55 
-115 
-123 
8 
16 
2 
5 
3. Pecuária 
extensiva (sem reforma) 
intensiva (pastos com reforma) 
-285 
516 
-279 
•8 
-0,1 
13 
4. Agricultura 
extensiva (corte e queima)4 
intensiva (culturas perenes)5 
648 
13.502 
384 
6.049 
236 
70 
Observações: 
1. Essa análise é feita considerando o ciclo de 90 anos. Ver os investimentos 
nas Tabelas 3.12, 3.13 e 3.14. Os reinvestimentos foram feitos segundo a 
vida útil de cada investimento (baseado em Veríssimo et al, 1992; M. Mattos 
eC. Uhl, 1996). 
91 
ano com 262 dias úteis). O número de pessoas empregadas será de 17 no 
trabalho temporário mais dois empregos fixos. O número de hectare por 
pessoa empregada é igual a 29 (554 ha +• 19 pessoas). O mesmo número é 
utilizado para pecuária em pastos reformados, porque máquinas são usadas 
para a reforma e manutenção dos pastos. 
4. A agricultura de corte e queima requer 189 homens/dia que, dividido por 
262 dias úteis no ano é igual a 0,72 pessoas/ano/ha, ou 1 pessoa para cada 
1,33 ha. Considerando o ciclo da cultura de 10 anos mais 2 anos de cultivo, 
então 1 homem será empregado para cada 15,9 ha (1,33 x 12 ha). 
5. A média anual de homens/dia necessária para implantação e manutenção 
de 1 ha de cultivos perenes é de 183 [laranja (105) + pimenta (342) + 
maracujá (103)], dividido por 3 ou 0,70 homens/ano. Dividindo 1 ha por 0,7 
temos 1 pessoa empregada para cada 1,4 ha explorados. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
2. Considerando o preço da mata de US$ 150/ha. Quando o valor da terra foi 
considerado deduziu-se, dos custos da atividade, o custo de compra de 
direito de exploração (US$70/ha). Quando a atividade é praticada sem 
manejo, considerou-se a compra inicial de 21.780 ha (242x90 anos) e 
quando praticada com manejo considerou-se a compra de 7.260 ha (242x30 
anos). 
3. Com manejo, considerou-se a ocorrência de três cortes no período de 90 
anos. O custo do manejo foi baseado em Barreto, Uhl e Yared (1993), 
conforme o tempo em que ocorrem: US$ 21,6 no ano dois; US$ 12,4 no ano 
um e US$ 44 no ano zero; US$ 31,3 no ano quinze e USS 0,80 nos anos 
cinco, vinte e dois. Quando os custos de manejo foram incluídos, deduziu-se 
dos custos o valor referente à taxa do IBAMA. 
4. Considerou-se a receita do primeiro ano de cultivo resultante da venda do 
arroz e do milho (US$ 180/ha), e do segundo ano resultante da venda de 
mandioca (US$ 899). Considerou-se os custos, no primeiro ano, de US$ 340, 
referentes ao plantio, tratos culturais, colheitas e custos de comercialização 
do arroz e milho; e no segundo ano, de US$ 362/ha, referente à colheita, 
processamento e transporte da mandioca (A. Toniollo e C. Uhl, 1996). 
5. Considerou-se o ciclo de vida do plantio de maracujá de três anos; para 
os demais plantios, doze anos. 
Situação inversa acontece quando considera-se a agricultura em 
relação a atividade madeireira, com ou sem manejo e com ou sem a 
aquisição de terra. Há um claro e definido valor presente maior para a 
atividade de agricultura. 
92 
Manejo de Florestas Nativas 
^ _ Pontos Críticos no Manejo Florestal 
93 
Conforme Almeida e Uhl (1993), deve-se considerar que, embora a 
agricultura apresente maiores valores presentes, as culturas perenes sofrem 
restrição de mercado e grande flutuação nos preços. Assim, apesar do valor 
presente ser alto, um pequeno produtor sofrerá todas as flutuações dos 
mercados locais. Exemplificando: em 1991 o preço do maracujá era de 
US$0,22/kg e em 1992 caiu para US$0,11/kg trazendo prejuízo para os 
agricultores. Outro problema relevante é o fato de que o pequeno agricultor 
não tem produção suficiente para compensar o transporte para outras 
regiões. 
Com relação à taxa de retomo, verifica-se uma melhor remuneração 
para a atividade de agricultura extensiva e para a atividade madeireira que 
não consideram investimento em terras. Neste caso, a implementação ou 
não de manejo leva a valores idênticos na taxa de retorno do capital 
investido. No entanto, como esta atividade é de longo prazo, ou seja, trinta 
anos com manejo e noventa anos sem manejo, o retorno do capital não é 
interessante para o madeireiro quando necessários investimentos em 
manejo. Já com relação à prática de exploração sem manejo florestal, como 
o ciclo é muito longo para reaproveitar a floresta, pode-se pensar que a 
tendência mais provávei do uso do solo seja explorar a madeira e converter 
a área em pastagem (Almeida e Uhl, 1993). É neste ponto que o município 
corre o risco de, no médio prazo, acabar com a atividade madeireira pela 
falta de florestas, o que certamente ocasionará graves impactos ambientais 
à região. 
Outro aspecto que merece atenção é a análise do custo de capital 
da terra. Só para exemplificar o custo de 1 ha de mata, em 1973, era de 
US$44 na região, contra US$ 278 em 1992, o que implica um ganho de 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
94 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
TABELA3.16. Carbono liberado pela atividade madeireira, a pecuária e agricultura no 
município de Paragominas-PA 
Toneladas de carbono liberado 
Exploração de madeira sem manejo 29
1 
Exploração de madeira com manejo 68
2 
Pecuária 168
3 
Agricultura f 137
4 
Fonte: Almeida e Uhl, 1996 
Observações: 
1. A exploração de madeira sem manejo resulta na destruição de 25% da 
área basal (Veríssimo et al., 1993). Considerando-se que 50% da biomassa 
são compostos de carbono, então 44 t de carbono é liberado através do 
processo de decomposição após a extração de madeira. Durante o período 
de 90 anos de recuperação, a floresta recuperará a biomassa perdida. 
Assim, a média do carbono liberado durante 90 anos é de 221 (44/2). Nesse 
tipo de extração, 38 m 3 de madeira é extraído da floresta, sendo 50% desse 
volume transformados em pó de serra e resíduos, que são rapidamente 
liberados como C O 2 para a atmosfera. Considerando-se o peso específico 
de aproximadamente 0,7, a quantidade de carbono liberado é de 6,65 (38 m 3 
x 0,5 x 0,7 x 0,5). Assim, o total de carbono liberado com esse tipo de uso do 
solo é de 29 t/ha (22 + 7). 
2. Conforme Almeida e Uhl (1996), o manejo reduz 50% da biomassa 
florestal ou 175 t/ha (350 t x 0,50). Durante o período de 30 anos de 
recuperação a floresta reacumula 80% da biomassa original, alcançando 280 
t/ha. Assim, o volume médio acumulado de biomassa, considerando-se os 
30 anos de rotação, é de 227,5 [((280 - 175V2) + 175)]. A redução média de 
biomassa é de 122,5 t/ha (350 - 228), que representa 61,2 t de carbono 
95 
532%. No mesmo período, o retomo sobre investimento em terras de 
lavouras e pecuária gerou, respectivamente, 169% e 128%. Este fato mostra 
que a análise econômica das atividades não pode ser desvinculada do 
retorno fornecido pela propriedade da terra (Almeida e Uhl, 1993).f) Análise de um dos benefícios indiretos do manejo florestal 
sustentado 
A alteração da cobertura florestal leva a uma diminuição da 
biomassa e consequentemente, um acréscimo na emissão de carbono na 
atmosfera. Conforme Uhl et al (1988), uma floresta virgem possui em torno 
de 350 t/ha de biomassa, sendo 300 t/ha relativa à parte área e segundo 
Nepstad (1989), 50 t/ha relativo à parte abaixo da superfície. De acordo com 
o mesmo autor, a biomassa de pastagem/ha está em tomo de 15 toneladas. 
Segundo Almeida e Uhl (1993) uma forma de avaliar a quantidade de 
carbono liberado de cada atividade é determinar a diferença entre o valor do 
carbono estocado de uma floresta virgem e a quantidade de biomassa 
perdida como resultado de cada uso do solo. Assim, na Tabela 3.16 pode-se 
verificar que a atividade florestal, seja com ou sem manejo, é a que 
apresenta menor dano ambiental com relação a este item, já que tanto a 
pecuária como a agricultura intensiva liberam seis vezes mais carbono que a 
atividade florestal sem manejo e duas vezes e meia mais que a atividade 
florestal com manejo. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
96 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
97 
liberado. Considerando-se que 38 m 3 de madeira são explorados, temos um 
acréscimo de carbono liberado de 6,65 (ver nota 1). O total de carbono 
liberado é de 68 t/ha. Devido aos produtos de madeira durarem mais que 30 
anos, esses dados superestiam a liberação de carbono. 
3. Um hectare de pasto contém 15 t de biomassa comparado com 350 t da 
floresta natural, Nepstad, 1989. 
A emissão de carbono é de 1681 (3351 x 0,5). 
4. Uma capoeira de 10 anos possui aproximadamente 751 de biomassa (Uhl 
et al. 1988). Como essa capoeira é cortada a cada 10 anos, considera-se 
que a perda média de biomassa é de 37,5 t/ha (75 t/2). Assim, a perda de 
carbono é de 156 t [(350 t - 37,5) x 0,5]. O mesmo valor é usado para a 
agricultura com cultivos perenes, dado que esse sistema acumula 40 
toneladas de biomassa por ha (Subler, 1993). 
g) Avaliação da sustentabilidade ou não da atividade madeireira, 
pecuária e agrícola no município de Paragominas-PA 
Neste caso a partir do trabalho de Almeida e Uhl (1993) será 
abordado o estudo elaborado para o município de Paragominas o qual tem 
sua área ocupada com 1.600.000 ha de florestas, 352.000 ha já desmatados 
para pecuária, 242.000 ha explorados pela atividade madeireira e 263.000 ha 
por capoeira. 
Este estudo será considerado a partir de três cenários, x 
Cenário 1: nenhuma das atividades é sustentável 
Neste cenário considera-se que a prática de exploração aplicada 
atualmente a uma taxa de 33.000 ha/ano não é sustentável e portanto a 
previsão é que em trinta anos os recursos florestais sejam exauridos ou 
degradados no município. Com relação a pecuária, estima-se a partir de 
amostragem realizada pela Embrapa que 36% encontram-se degradadas e 
outros 43% abandonados, provavelmente pelo uso de práticas não 
sustentáveis (Watrin, 1990). Com relação a 30.000 ha utilizados para a 
agricultura, predominantemente a de corte e queima, acredita-se que a não 
sustentabilidade está associada ao pequeno período de pousio de 5 anos 
praticado na região, quando seriam necessários 10 ou 11 anos. A não 
observância deste prazo leva a um decréscimo gradual do rendimento e da 
perda de fertilidade do solo. 
Cenário 2: neste caso algumas pressuposições devem ser 
consideradas, quais sejam: que não haja mais desmatamento; pecuária 
extensiva será implementada em propriedades com mais de 100 ha e nas 
propriedades com menos de 100 ha implementar a prática da agricultura de 
corte e queima. 
Neste cenário como as práticas a serem implementadas são 
extensivas, 1.400.000 ha seriam utilizados para exploração madeireira, 
585.000 ha para pecuária e 30.000 ha para agricultura de corte e queima, o 
que resultaria numa receita de 60 milhões de dólares, um lucro de 20 
milhões de dólares e um volume de 24 mil empregos. 
Cenário 3: neste caso algumas pressuposições devem ser 
consideradas, quais sejam: que seja aplicado o manejo florestal sustentado; 
pecuária intensiva será implementada em propriedades com mais de 100 ha 
e nas propriedades com menos de 100 ha, implementar prática de 
agricultura perene em partes iguais com pecuária leiteira. 
Neste cenário como as práticas a serem implementadas são 
intensivas, a receita seria de 230 milhões de dólares, contra 60 milhões do 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
98 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
99 
cenário 2, o lucro seria de 85 milhões contra 20 milhões do cenário 2 e o 
volume de emprego seria o dobro do cenário 2, ou seja, 40.000. 
3.4.4. Custos e Benefícios da Atividade de Manejo Florestal 
Antes de formular os custos do manejo, vale salientar os pontos 
básicos da prática denominada de manejo florestal sustentado: 
- inventário pré-corte onde se procurará marcar as árvores 
desejáveis para corte, orientação de queda e distância mínima 
para retirada; 
- corte de cipós feito um ano antes da exploração, para reduzir 
danos no momento de derrubar e colher a árvore, além de 
reduzir a competição de copa; 
- refinamento do povoamento e desbaste de liberação, um, dez e 
vinte anos após a exploração. 
Considerando estes fatores, os custos do manejo na região de 
Paragominas, conforme Veríssimo et al., (1992), são: 
• Inventário de pré-corte: US$ 20/ha 
• Corte de cipós antes da primeira exploração: USS 25/ha 
• Três desbastes pós-cortes (1/10/20 anos após exploração): 
US$ 45/ha 
Total do manejo: US$ 180/ha 
Assim, uma serraria típica de Paragominas-PA teria como custo de 
manejo um valor conespondente a US$ 43.560 (242 ha x USS 180). Como 
beneficio pelo corte de cipós e pelo planejamento obtido a partir do 
inventário pré-corte, espera-se redução em 50% dos danos com a 
exploração, de acordo com Marn e Jonkers (1981), Appank e Putz (1984) e 
Hendrison (1990). Desta maneira, espera-se, segundo Veríssimo et al., 
(1992), que mais 24 árvores/ha de valor econômico sejam encontradas com 
DAP > lOcm. Considerando que o corte de cipós e tratamento gerem 22 
m 3 de madeira e o planejamento do corte outros 10 m 3 , a diferença em 
volume entre o povoamento manejado e o não-manejado será de 32 m 3 . 
Assim, o povoamento não-manejado, por apresentar taxas de crescimento 
muito baixas (0 a 2,5 m3/ha/ano), demoraria pelo menos mais de 35 anos 
para atingir o mesmo volume que aquele povoamento manejado. 
Assim, dois cenários podem ser idealizados para ilustrar o retomo 
do investimento em manejo florestal. 
Cenário I 
O retorno ao investimento em manejo pode ser o volume extra 
propiciado pelo próprio manejo. Neste caso, como o empreendedor florestal 
paga atualmente de US$ 1 a USS 3/m 3 por árvore na floresta, a atividade de 
manejo não seria compensadora, já que incorreria em custo de US$ 5/rn3 
(US$ 180 do custo do manejo/ha/32 m 3 adicionais do manejo/ha). 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Cenário II 
A proposição para análise do retorno do investimento será oposta à 
apresentada no Cenário I. Nesse caso, o retorno do investimento em manejo 
considerará aquele acréscimo em volume serrado proveniente do manejo. 
Conforme já mostrado (ver Tabela 3.9), o lucro por metro cúbico foi de 
US$23,6. Como o volume extra gerado no manejo foi de 32 m 3 , ter-se-ia uma 
receita da ordem de US$ 755/ha (32 m 3 x US$ 23,6). 
Embora os dois cenários não sejam os ideais, pode-se verificar 
pelos ensaios que o segundo deles propicia uma taxa de retorno de 4,9% 
sendo, portanto, uma alternativa para se realizar manejo sem incorrer em 
prejuízo. Logicamente, esta alternativa é danosa ao empresário florestal; 
mudanças na legislação e medidas (facilidades de crédito) para melhoraro 
processo tecnológico de aproveitamento da madeira devem ser 
considerados. 
3.4.5. O Manejo Florestal Sustentado visto como um 
Investimento 
A Amazônia tem vocação florestal uma vez que suas florestas são 
de grande porte e fazem parte de um sistema ecológico muito sensível, onde 
a manutenção da diversidade florestal é fundamental para manutenção da 
fertilidade dos solos. * 
Lamprecht (1990) considera possível certas alterações na estrutura 
e composição florística da Amazônia. Porém, cuidados especiais devem ser 
tomados para se determinar o grau de modificação possível. Deve-se 
considerar que os bio-elementos estão armazenados na fitomassa e não nos 
solos, como nas latitudes mais moderadas. Uma homogeneização drástica 
100 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
101 
poderia conduzir à perturbações no abastecimento de nutrientes aos 
povoamentos domesticados. Conforme Fittkau (1982), a diversidade 
florística deve ser mantida, pois em sítios pouco produtivos pode ocorrer um 
colapso do ciclo de nutrientes, caso não haja uma atenção para este fato. 
Reafirma-se, assim, um dos inúmeros benefícios indiretos da manutenção da 
floresta. As vantagens do manejo florestal, portanto, não devem ser 
analisadas apenas sob a ótica econômica, ou seja, das taxas internas de 
retorno. Diversos benefícios sociais, na maioria das vezes não percebidos 
pelo empresário, devem ser considerados nesta análise, além dos 
ecológicos, pela manutenção do uso florestal da área; conservação da 
diversidade e dos habitais naturais e conservação do solo, entre outros. 
Deve-se considerar que a adoção de planos de manejo transformam as 
atividades de exploração madeireira em atividades permanentes, gerando 
emprego e renda para as regiões onde são implantadas. A manutenção das 
áreas florestais, por outro lado, tem também características de uso múltiplo, 
possibilitando às populações locais manterem atividades extrativistas 
tradicionais, muitas delas importantes na geração da renda familiar. 
3.4.6. A Comercialização Clandestina de Madeira 
Neyra (1992) identificou que um dos problemas mais sérios 
encontrados na região de Santarém é a colocação de madeira às portas das 
serrarias. Quase sempre esta oferta é ilegal, oriunda da derrubada da 
floresta, visando habilitar terras para agricultura ou simplesmente são 
extrações dos povoamentos sem planos de manejo e supervisão da 
entidade fiscalizadora. 
Esta mesma modalidade de comércio foi verificada em outras 
regiões da Amazônia pelos denominados toureiros. No Maranhão, este 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
102 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
de 
Estudo Exploração 
(D 
cípotencial de uso 
(2) 
s/potencial 
de uso (3) 
lotai 
Qualid. 
1 
Qualid. 
2 
I n° átvores/ha 3 13 14 17 44 
vol. madeira/ha 18 19 19 27 65 
II n° árvores/ha 7 19 16 32 67 
vol. madeira/ha 35,4 31 27 52 110 
III n" árvores/ha 9,5 15 23 19 57 
vol. madeira/ha 62 29 55 40 124 
Média 6,5 16 17 22 55 
38 27 33 40 100 
1 - Fonte: Veríssimo et al, 1992 
2 - inclui árvores em boas condições de crescimento das espécies serradas atualmente 
(Qualid. 1) ou daquelas de potencial de uso futuro (Qualid. 2) 
3 - inclui árvores seriamente danificadas e/ou aquelas de espécies sem valor madeireiro 
OBS.: a intensidade de extração variou devido a disponibilidade de madeira em cada área e 
nâo devido à técnicas de extração. O diâmetro das árvores exploradas variou de 39 a 170 cm 
e o diâmetro médio foi de 74 cm. 
Para gerar a Tabela 3.18 que contém a prognose do que acontece 
com a floresta após a primeira exploração utilizou-se, além da base citada 
acima, uma taxa de mortalidade de 2% ao ano, além de três diferentes 
103 
comércio é feito pelos "corujinhas"'„ assim conhecidos por atuarem ao 
anoitecer. Por não agregarem quaisquer custos sociais, impostos e outros 
aos preços de seus produtos, acabam gerando um desequilíbrio nos preços, 
diminuindo ainda mais a competitividade do manejo florestal. 
3.4.7. Viabilidade Econômica do Manejo Florestal Sustentado 
Conforme simulações efetuadas por Barreto et al (1993), a produção 
advinda de uma floresta manejada é duas vezes e meia maior que a 
produção de uma floresta não-manejada. 
O caso abordado para este cenário inclui o inventário de três áreas 
florestais na região de Paragominas-PA onde foi considerado, em média, a 
remoção de 6,4 árvores/ha, com DAP > 39 cm e < 170 cm, ou seja, o DAP 
médio foi de 74 cm, com um volume médio de 38 m 3/ha (o volume 
médio/árvore é de 6 m 3 ) . São considerados, ainda, a densidade das árvores 
remanescentes, com uso comercial presente, uso potencial futuro e sem 
potencial de uso, para as plantas com, mais de 30 cm de DAP, conforme 
pode-se verificar na Tabela 3.17. 
Para viabilizar o terceiro corte foram inventariadas as plantas com 
diâmetro entre 10 e 29,9 cm (não apresentadas na Tabela 3.17), sendo que 
47 árvores/ha apresentaram valor comercial, 65 árvores/ha potencial futuro e 
50 árvores sem potencial de uso, pois apresentavam-se danificadas. 
A base para estabelecer a possibilidade de implementar um 
segundo e um terceiro cortes basearam-se em informações de Marn e 
Jonkers (1981) e Hendrison (1990) os quais afirmam que o planejamento da 
atividade de exploração, além de reduzir os danos em 30% (em relação a 
exploração tradicional), propiciam uma redução de custo de 20%. 
TABELA 3.17. Intensidade de exploração de madeira e a densidade de árvores com 
DAP > 30 cm remanescentes na floresta explorada, conforme o valor 
madeireiro. Paragominas-PA 
Densidade de Árvores 
Área Intensidade Remanescentes 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
104 
Manejo de Florestas Nativas 
^ P°ntos Críticos no Manejo Florestal 
Todas árvores selecionadas 3 Árvores exploráveis 4 
N"/ha Vol/ha Vol árv. N°/ha Vol/ha Vol árv. 
c/manejo 1 12,7 47 3,7 9,5 39 4.1 
s/manejo 2 10,7 26,7 2.5 4,2 16 3.8 
Diferença 2 20,3 1.2 5,3 23 0,3 
CICLO DE CORTE DE 30 ANOS 
ESPÉCIES DE VALOR ATUAL 
Todas árvores selecionadas Árvores exploráveis 
Vol/ha Vol árv. N°/ha Vol/ha Vol árv. 
c/manejo 10,5 41,8 3,98 9 38,2 4,24 
s/manejo 8.8 25 2,84 4,35 16,8 3,87 
Diferença 1,7 16,8 1,14 4,65 21,4 0,37 
1. Considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,8 cm/ano para ciclo de 20 anos e 0,6 
pra ciclo de 30 anos. Também considerou-se o aumento no estoque de árvores devido â 
redução dos danosem 30% através do planejamento da exploração. 
2. Considerou-se a taxa de crescimento diamébico de 0,3 cm/ano em ambos os ciclos de 
corte para o estoque presente na floresta após a exploração. 
3. Este estoque é o resultado da aplicação de mortalidade de 2%/ano ao estoque inicial de 
árvores com DAP > 30 cm emboas condições de c r e s c i m e n t o p r e s e n t e s na floresta logo 
após 1 ' e x p l o r a ç ã O -
4. São árvores, dentee as árvores selecionadas, com diâmetro maior ou igual 50 cm na época 
do 2 o corte. Considerou-se este diâmetro mínimo para exploração devido ao fato de que 
diâmetro menores apresentam baixo rendimento durante a serragem. 
Fonte: Barreto, Uhle Yared (1993) 
Continua.... 
105 
TA BELA 3.18. Estimativa do número e do volume de árvores/ha e do volume médio das 
árvores presentes na floresta 20 e 30 anos após o 1 o corte de madeira 
segundo a aplicação ou nâo de manejo florestal 
CICLO DE CORTE DE 20 ANOS 
ESPÉCIES DE VALOR ATUAL 
situações. Uma primeira, para a floresta não-manejada, cuja taxa de 
crescimento em diâmetro fosse de 0,3 cm/ano; uma segunda que define um 
ciclo de corte de vinte anos, ao assumir um crescimento do diâmetro de 
0,8cm/ano e uma terceira que possibilitou definir um ciclo de corte de trinta 
anos, ao assumir uma taxa de crescimento em diâmetrode 0,6 cm/ano. 
Assim, ao analisar a Tabela 3.18, pode-se verificar a ocorrência de 
um volume de 39 m 3 para as espécies de valor comercial presente e de 43,4 
m 3 /ha para as espécies com potencial de uso futuro, quando considerou-se 
um ciclo de vinte anos. Já para a situação onde não ocorreu a prática de 
manejo, o volume foi de 16 m 3 /ha para as espécies com potencial de uso 
futuro. O mesmo raciocínio deve ser feito para o ciclo de trinta anos. 
Para gerar a Tabela 3.19, com a prognose do que acontece com a 
floresta após a segunda exploração utilizou-se da redução dos danos pelo 
planejamento da exploração, uma taxa de mortalidade de 2% ao ano, além 
de três diferentes cenários. Um primeiro para a floresta não-manejada, que 
considerou um crescimento do diâmetro de 0,2 cm/ano na fase 1 (intervalo 
entre a primeira e a segunda explorações, plantas ainda pequenas) e 
0,3cm/ano na fase 2 (intervalo entre a segunda e a terceira explorações, 
plantas com mais de 30 cm de DAP). Um segundo cenário considerou um 
crescimento médio do diâmetro de 0,5 cm/ano na fase 1 e de 0,8 cm/ano na 
fase 2, o que possibilitou definir um ciclo de corte de vinte anos, um terceiro 
cenário considerou um crescimento médio em diâmetro de 0,4 cm/ano na 
fase 1 e 0,6 cm/ano na fase 2, o que possibilitou definir um ciclo de corte de 
trinta anos. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 3,18. Continuação 
CICLO DE CORTE DE 20 ANOS 
ESPÉCIES CílPOTENCIAL DE USO FUTURO 
Todas árvores selecionadas Árvores exploráveis 
N0/ha Vol/ha Vol árv. N°/ha Vol/ha Vol árv. 
c/manejo 1 12,7 49.5 3.9 10 43,4 4,34 
s/manejo 2 11,4 30,6 2,7 4,6 1S.9 4.1 
Diferença 1,3 18.4 1.2 5,4 24,5 0,24 
CICLO DE CORTE DE 30 ANOS 
ESPÉCIES C/POTENCIAL DE USO FUTURO 
Todas árvores selecionadas Árvores exploráveis 
N°/ha Vol/ha Voíárv. N°/ha VoSha Vol árv. 
c/manejo 10,5 44.1 4.2 9,13 40,9 4,48 
s/manejo 9,4 28,2 3 4,18 19.9 4,14 
Diferença 1,1 15,9 1.2 4,95 2t 0,34 
1. Considerou-se a taxa de crescimento diamé&ico de 0,8 cm/ano para cido de 20 anos e 0,6 
pra ciclo de 30 anos. Também considerou-se o aumento no estoque de árvores devido â 
redução dos danos em 30% através do planejamento da exploração. 
2. Considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,3 cm/ano em ambos os ciclos de 
corte para o estoque presente na floresta apósa exploração. 
3. Este estoque é o resultado da aplicação de mortalidade de 2%/ano ao estoque inicial de 
árvores com DAP > 30 cm emboas condições de crescimento presentes na floresta logo 
após 1 1 exploração. 
4. São árvores, dentre as árvores selecionadas, com diâmetro maior ou igual 50 cm na época 
do 2 o corte. Considerou-se este diâmetro mfcsmo para exploração devido ao fato de que 
diâmetro menores apresentam baixo rendimento durante a serragem. 
Fonte: Barreto, Uhl e Yared (1993) 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
Ao analisar a Tabela 3.19, verifica-se a ocorrência de um volume de 
45,6 m 3/ha para as espécies de valor comercial atual é de 78,3 m 3/ha para as 
espécies com potencial de uso futuro, quando se considera um ciclo de 
corte de vinte anos (mais os vinte anos anteriores = quarenta anos). Já para 
a situação onde não ocorreu a prática de manejo, o volume foi de 17 m /ha 
para as espécies de valor comercial e de 23 m 3/ha para as árvores com 
potencial de uso futuro. O mesmo raciocínio deve ser feito para o ciclo de 
trinta anos. 1 
Assim pode-se concluir que: 
- o cenário 2 possibilita madeira para corte já aos vinte e quarenta 
anos após a primeira exploração; 
- o cenário 3 possibilita madeira para corte aos trinta e sessenta 
anos após a primeira exploração; 
- o cenário 1, além de apresentar volume disponível duas vezes e 
meia menor que os dos demais cenários, implicará num custo 
de exploração 40% superior ao de quando o manejo é 
implementado para o segundo corte, conforme Barreto, Uhl e 
Yared (1993). 
107 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 3.19. Estimativa do número e do volume de árvores/ha e do volume médio das 
árvores presentes na floresta após 40 e 60 anos da primeira exploração 
segundo a aplicação ou não de Manejo Florestal 
CICLO DE CORTE DE 20 ANOS 
ESPÉCIES DE VALOR ATUAL 
Todas árvores selecionadas 3 Árvores exploráveis 4 
N°/ha Vol/ha Vol árv. N°/ha Vol/ha Vol árv. 
c/manejo 1 21,8 63,2 2,9 10 45,6 4,56 
s/manejo 2 19,7 31,4 1,59 5 17 3,4 
Diferença 2,1 31,8 1,31 5 28,6 1,16 
CICLO DE CORTE DE 30 ANOS 
ESPÉCIES DE VALOR ATUAL 
Todas árvores selecionadas Árvores exploráveis 
N°/ha Vol/ha Vol árv. N°/ha Vol/ha Vol árv. 
c/manejo 14,3 48,8 3,41 8,4 39 4,7 
s/manejo 10,8 18,7 1,73 5,1 16.5 3,8 
Diferença 3,5 30,1 1,68 3,3 22.5 0,9 
1. Considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,5 cm/ano no período de 20 anos 
entre 1° e 2° cortes e 0,8 cm/ano no período de 20 anos entre o 2° e 3 o cortes. Também 
considerou-se o aumento no estoque de árvores devido à redução dos danos em 30% 
através do planejamento da exploração. 
2. Para ambos os ciclos considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,2 cm/ano entre 
o período do 1° e 2° cortes e 0,3 cm/ano entre o período do 2° e 3 o cortes para o estoque 
presente na floresta explorada sem manejo. 
3. Este estoque é o resultado da aplicação de mortalidade de 2%/ano ao longo do ciclo de 
corte ao estoque de árvores com DAP entre 10-30cm emboas condições de crescimento 
presentes na floresta logo após 1 o corte. Também considerou-se as árvores selecionadas 
após 1° corte que não chegaram ao tamanho adequado para exploração (DAP maior ou 
igual a 50cm) no 2° corte. 
4. São árvores, dentre as árvores selecionadas, com diâmetro maior ou iguaf 50 cm na época 
do 3° corte. Considerou-se este diâmetro mínimo para exploração devido ao fato de que 
diâmetro menores apresentam baixo rendimento durante a serragem. 
5. Assumiu-se que estas espécies nâo foram exploradas no 2° corte. 
6. Considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,4 cm/ano durante 30 anos entre 1 o e 
2° cortes e 0,6 cm/ano para o período entre o 2° e 3 o cortes (30 anos). Além disso 
considerou-se o aumento no estoque devido â redução dos danos em 30% através do 
planejamento da exploração. 
Continua.... 
108 
Manejo de Florestas Nativas 
_ Pontos Críticos no Manejo Florestal 
ESPÉCIES C/POTENCIAL DE USO F imipr t 
Todas árvores selecionadas Arvores exploráveis 
N°/ha Votfha Vol árv. N"/ha Vol/ha Vol árv. 
c/manejo 1 38.7 111.3 2,88 15.7 78.3 4,99 
s/manejo 2 30.4 43.9 1,44 7,1 23 3,24 
Diferença 8,3 67,4 1,44 8,6 55.3 1 75 
CICLO DE CORTE DE 30 ANOS 
ESPÉCIES C/POTENCIAL DE USO FUTURO 
Todas árvores selecionadas Árvores exploráveis 
N°/ha Vol/ha Vol árv. N°/ha Vol/ha Vol árv. 
c/manejo 25.8 84,8 3,29 12^ 6 60 476 
s/manejo 21 372 1,77 6,64 22.2 3^34 
Diferença 4JJ 47j> 1_J52 5J6 37j$ 1,42 
1. Considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,5 cm/ano no período de 20 anos 
entre 1 o e 2° cortes e 0,8 cm/ano no período de 20 anos entre o 2° e 3° cortes. Também 
considerou-se o aumento no estoque de árvores devido à redução dos danos em 30% 
através do planejamento da exploração. 
2. Para ambos os ciclos considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,2 cm/ano entre 
o período do 1 o e 2° cortes e 0,3 cm/ano entre o período do 2° e 3 o cortes para o estoque 
presente na floresta explorada sem manejo. 
3. Este estoque é o resultado da aplicação de mortalidade de 2%/ano ao longo do ciclo de 
corte ao estoque de árvores com DAP entre 10-30cm emboas condições de crescimento 
presentes na floresta logo após 1* corte. Também considerou-se as árvores selecionadas 
após I o corte que não chegaram ao tamanho adequado para exploração (DAP maior ou 
igual a 50 cm) no 2° corte. 
4. Sâo árvores, dentre as árvores selecionadas, com diâmetro maior ou igual 50 cm na época 
do 3° corte. Considerou-seeste diâmetro mínimo para exploração devido ao fato de que 
diâmetro menores apresentam baixo rendimento durante a serragem. 
5. Assumiu-se que estas espécies não foram exploradas no 2° corte. 
6. Considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,4 cm/ano durante 30 anos entre 1 o e 
2° cortes e 0,6 cm/ano para o período entre o 2 o e 3 o cortes (30 anos). Além disso 
considerou-se o aumento no estoque devido à redução dos danos em 30% através do 
planejamento da exploração. 
Fonte: Barreto, Uhl e Yared (1993) 
109 
TABELA 3.19. Continuação 
_ CICLO DE CORTE DE 20 ANOS 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
110 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
111 
- investimento em tecnologia deve ser compatível com outras 
atividades estimuladas pelos governos; 
- necessidade de minimização dos custos do manejo. 
Esses itens, aliados à disponibilidade dos técnicos de manejo e a 
uma assistência técnica eficiente podem viabilizar a atividade. 
Foi demonstrado também que a atividade de manejo integrada à 
atividade industrial (processamento da madeira) é viável, embora a grande 
questão seja como arcar com os USS 180/ha de custo da atividade de 
manejo. 
Com as Tabelas 3.18 e 3.19, que apresentam as prognoses das 
produções para o segundo e terceiro cortes, pode-se fazer avaliações 
econômicas considerando as diferenças entre o volume da floresta sujeita a 
regime de manejo e a não-manejada, para ciclos de corte de trinta e vinte 
anos. 
O ciclo de corte de trinta anos apresenta taxa de retomo positiva 
(3,7%),apenas com a redução de 20% nos custos de exploração no primeiro 
corte. Já a redução no ciclo de corte para vinte anos, com ou sem redução 
nos custos de exploração do primeiro corte apresenta taxa de retorno 
positiva. No entanto, em nenhuma situação a rentabilidade é superior a 6% 
a.a., que seria o mínimo de remuneração financeira na economia brasileira. 
Observa-se também na Tabela 3.20 que, em todos os anos, o preço da 
madeira deveria crescer de 1,5% a 9,6% a.a para viabilizar as técnicas de 
manejo. Ou seja, crescer dos US$ 2,0/m3 atuais para até US$ 31,0/m 3. 
Nos exemplos desenvolvidos por Barreto, Uhl e Yared (1993) e 
Veríssimo et al (1992) verificam-se alguns pontos abordados anteriormente e 
que influenciam nas conclusões obtidas. São eles: 
- os benefícios indiretos do manejo devem ser quantificados; 
- a suposição de crescimento e mortalidade não possibilita que o 
trabalho possa ser conclusivo; 
- a atuação dos "corujinhas" e a feita de fiscalização são 
desestímulos à aplicação do plano de manejo; 
- reduções no ICMS ou incentivos técnicos e creditícios aos 
empresários do setor podem viabilizara atividade; 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 3.20. Análise de Investimento em Manejo Florestal considerando simulações do 
aumento do crescimento das árvores e redução de custos da extração 
madeireira 
Resultado das simulações 
com manejo 
TIR (2) 
Taxa de aumen-
to real no preço 
da madeira em 
pé para 
remunerar 
investimento a 
taxa de 
6%/ano ( 3 ) 
Valor da 
madeira em pé 
ao fim do ciclo 
de corte para 
remunerar 
investimento a 
juros de 6%/ano 
Redução 
dos custos 
da extração 
em 20% 
Ciclo de corte 
Diferença de 
volume (1) 
30 anos 
21,4mJ/ha ^ não 
3.7 6,4%/ano 
9,6%/ano 
US$12,9/m3 
USS 31,0/m J 
sim 5,6 1,5%/ano US$3,13/m3 
Ciclo de corte 20 anos f 
Diferença de \ 
volume (1) 23 m3/ha não 2& 6,4%/ano USS 3,9/m3 
1. Considera-se a diferença do volume explorável entre a floresta manejada e não manejada 
ao final de ciclo de corte. 
2. O investimento considerou o custo do capital investido na terra e com as despesas com 
técnicas de manejo. O retorno considerou: o valor da diferença do volume explorável com e 
sem manejo; a economia por redução no custo da extração em 20% devido ao planejamento 
da extração e a economia de 40% no custo da T extração com manejo devjdo ao fato de 
que, sem manejo, seria explorado pelo menos o dobro da área manejada para produzir o 
mesmo volume. O valor das árvores em pé em Paragominas é em média de USS 2,0 m 3 O 
custo da extração sem transporte até a serraria usado para os cálculos foi de US$340,0/ha 
(baseado em Veríssimo et al, 1992). 
3. Devido ao fato de que o retorno do manejo considerando o preço atual da madeira em pé 
ficou abaixo do mínimo oferecido pelo mercado (6%/ano) estimou-se o aumento necessário 
no valor da madeira para igualar o retorno ao investimento mínimo de mercado. 
Fonte: Barreto, Uhl e Yared (1993) 
112 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
3.5. SUSCEPTIBILIDADE DAS ESPÉCIES FLORESTAIS 
ÀS PRÁTICAS DE EXPLORAÇÃO 
Analisa-se a seguir como a exploração florestal e mesmo as 
práticas de manejo podem afetara manutenção ou não de uma determinada 
espécie florestal na área em questão. No sentido de melhor conhecer a 
estrutura da floresta e sua composição florística, deve-se realizar 
investigações que clarifiquem como as intervenções podem influenciar na 
permanência ou não de espécies florestais. 
Uma primeira abordagem deste item pode ser encontrada em 
Martini et al (1992) em que foram usados critérios tais como: 
- capacidade de dispersar sementes a longas distâncias; 
- boa representação no estoque de regeneração; 
- capacidade de crescer rapidamente; 
- capacidade de rebrotar quando danificadas na exploração; 
- capacidade de suportar fogo; 
- ocorrência em toda a Amazônia; 
- ocorrência comum de indivíduos adultos. 
Além de aspectos ecológicos apresentados, considerou-se outros 
fatores como a pressão sobre a espécie para fins de exploração, a 
densidade e os usos alternativos da madeira, habitat, dentre outros. 
113 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
114 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
115 
Com vistas a identificar a espécie como mais ou menos suscetível 
aos impactos da exploração madeireira, estabeleceu-se notas de 1 a 3 
pontos para cada uma das sete características ecológicas avaliadas. Assim, 
se uma espécie apresentar alta intensidade de regeneração natural ela 
receberá nota 3; se apresentar média intensidade de regeneração receberá 
nota 2 e se não houve ou existir pouco estoque de regeneração natural 
receberá nota 1. O primeiro caso expressa que, se forem removidos 
indivíduos adultos, existirá um número grande de plantas desta espécies 
para ocupar seu lugar; o último caso expressão contrário. Esta mesma linha 
interpretativa pode ser exercitada nas outras seis características ecológicas 
consideradas. 
A Tabela 3.21 mostra as espécies que apresentaram maior potencial 
de serem ameaçadas com as interferências e as que apresentaram maior 
potencial de serem beneficiadas por estas, dentre as trezentas e sete 
estudadas. 
Assim, embora empiricamente, pode-se definir que aquelas espécies 
com menos que treze pontos são potencialmente ameaçadas após 
interferência na floresta, enquanto as acima de dezessete pontos têm boas 
possibilidades de experimentar aumento populacional após interferências. 
Pode-se destacar neste caso o ipê amarelo {Tabebuia serratifolia) e o cedro 
(Cedrela odorata). 
Estas conclusões são preliminares, por ser um primeiro estudo e por 
necessitar de um melhor detalhamento de metodologia, já que considera 
todos os parâmetros ecológicos como igualmente importantes na 
sobrevivência, além do que as informações de crescimento e de dispersão 
de sementes são insuficientes, dentre outros. No entanto, a aplicação de 
práticas de manejo que tenham compromisso em manter a diversidade e em 
obter maior rentabilidade econômica pode ser altamente dependente deste 
tipo de estudo. Assim, investigações que possibilitem tomar o método mais 
objetivo e amparado em constataçõesmais científicas devem ser 
empreendidas, dado o caráter benéfico que estas podem propiciar ao 
manejo florestal. 
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UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
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116 
SISTEMAS SILVICULTURAIS 
José Roberto S. Scolforo1 2 
Fernando Fisher 
José Roberto Rodrigues2 
Fausto Weimar Acerbi Jr.| 
Frederico Aparecido Pulz 
Neste capítulo o objetivo é apresentar os diferentes sistemas 
silviculturais existentes e também discorrer sobre alternativas de implantar 
manejo florestal sustentado. 
Os sistemas silviculturais são um conjunto de intervenções do 
homem na floresta, tais como, debastes de árvores, a remoção e a 
substituição por novas culturas, de modo a aumentar sua produtivade. Um 
sistema silvicultural é caracterizado pelo método de regeneração utilizado, e 
pelo arranjo no espaço da cultura em questão, de modo a facilitar sua 
proteção e colheita. 
1 . Professor do Departamento de Ciências Florestais - UFLA 
2 . Estudante de Pós-Graduaçâo em Engenharia Florestal - UFLA 
117 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
118 
Sistemas Silviculturais 
A seguir são apresentadas considerações sobre estas duas 
situações. 
Dentre os sistemas silviculturais que visam o manejo florestal 
sustentado pode-se subdividi-los em métodos de substituição e métodos 
de transformação. Os métodos de transformação, podem ainda, em função 
dos objetivos, ser subdivididos em: 
a) método de transformação do povoamento, através das técnicas 
de enriquecimento, melhoramento, refinamento, etc. 
b) método de transformação através da regeneração (natural, e em 
alguns casos artificial) combinada com a exploração. Este 
método é também denominado de sucessão dirigida. 
Os métodos de sucessão dirigida, conforme a prática ou conjunto 
de práticas silviculturais adotadas, pode ainda serem divididos em sistemas 
monocíclicos e policíclicos. 
No sistema Monocíclico todo o estoque de madeira comercializavel 
existente na floresta é explorado em uma única operação silvicultural, tendo 
como meta a transformação ou substituição da floresta nativa em uma 
floresta alta equiânea e homogênea quanto a composição das espécies. 
Neste caso, leva-se em conta principalmente os objetivos econômicos da 
atividade e a ocorrência da espécie de interesse comercial na área. 
Este sistema foi desenvolvido nas florestas equatoriais de 
Dipterocarpaceae, devido a simplicidade de sua estrutura e composição o 
que propiciou a sua aplicação com sucesso. 
119 
Já o Manejo Floresta] tem como primeira ação a determinação do 
potencial da propriedade, identificando as principais restrições a prática 
da atividade florestal. Pode-se a partir desta caracterização definir ações 
de produção, de preservação e de conservação do recurso florestal. 
Em síntese, pode-se planejar a atividade florestal, visando aumentar a 
qualidade do produto final e se possível sua quantidade, observando em 
todas as etapas a viabilidade econômica, social e ambiental do processo 
produtivo. 
Para atingir tais objetivos faz uso dos sistemas silviculturais, dos 
métodos de medição e amostragem, do conhecimento da estrutura e 
dinâmica da floresta, dos sistemas de colheita floresta!, dos métodos de 
análise de investimento e economia ambiental, dos sistemas de 
comercialização, dos métodos de classificação da produtividade da floresta, 
e dos modelos de prognose da estrutura da floresta, dentre outros. 
Os sistemas silviculturais podem ser definidos para duas diferentes 
situações. A primeira é aquela em que a floresta é produtiva, podendo ser 
conduzida segundo o sistema monocíclico ou pelo sistema policíclico. Neste 
caso deve-se estimular a regeneração natural principalmeraSe das espécies 
que se tem interesse econômico, propiciando ainda, atravésde refinamentos 
e corte de liberação um maior desenvolvimento destas. 
Uma segunda situação é quando a área objeto do manejo não é 
produtiva do ponto de vista econômico. Nesta situação serão utilizadas 
técnicas de enriquecimentos e melhoramento na tentativa de tornar a 
floresta produtiva. Após a constatação deste fato estas serão conduzidas 
segundo ós sistemas de manejo adotados nas florestas produtivas. 
Diogo Guido
Realce
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
No sistema Policíclico as operações silviculturais são aplicadas 
apenas em uma fração da floresta (talhões) pré-determinada de acordo com 
o tamanho da área a ser manejada e o ciclo de corte estabelecido em 
função da qualidade do sítio. Neste caso a intenção é a transformação da 
floresta nativa çm uma floresta alta multiânea heterogênea, porém com 
predominância das espécies de valor econômico, levando-se em conta os 
aspectos econômicos, e ecológicos (qualidade do sítio e manutenção da 
estrutura da floresta). 
Em seguida, será feita uma abordagem dos principais sistemas 
empregados aos métodos de transformação e substituição das florestas. 
Antes de iniciar a abordagem é apresentada uma síntese dos diferentes 
sistemas para melhor compreendê-los. 
120 
Sistem as Silviculturais 
I. Mctodo dc Transformação 
ou conversão > 
Cone dc melhoramento 
Mctodo dc enriqueci-
mento 
Regeneração natural 
ou sucessão dirigida 
Andcrson 
McxBcaoo 
Cainntal 
Sistema dc corte 
r:iso 
Sistema dc sele-
ção on cone 
SClCUVT) 
Sistcra dc Fio 
resta dc cober-
lura 
. Sistema dc ta-
lhada 
Com regeneração natural 
Com regeneração Artificial 
Seleção dc grupo 
Sistema uniforme dc floresta 
dc cobertura 
Sistema dc floresta de cober-
tura cm grupo ou sistema dc 
regeneração cm grupo 
Sistema irregular dc floresta 
dc cobertura 
Sistema cm faixa 
Sistema dc Floresta dc 
cobertura 
. Sistema dc faixa cm 
grupo 
Sistema tropical dc floresta dc 
cobertura 
Sistema dc talhadia simples 
. Sistema dc talhadia dc seleção 
Sistema dc talhadia composta 
Sistema dc Cclos 
II. Mctodo dc substíiuição I Sistema agro-florcsial 
Sistema süvipastoril 
Sistema Agrosilvipasioril 
121 
Diogo Guido
Realce
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
4.1. MÉTODO DE SUBSTITUIÇÃO 
Os métodos de substituição consistem basicamente em remover 
toda a cobertura florestal existente, em uma única operação (corte raso), e 
em seguida destinar a área à outra atividade, como por exemplo: o 
reflorestamento com monocultura florestal {Eucalyptus spp). As técnicas 
empregadas neste método são as mais diversas possíveis, variando de 
acordo com as características da floresta, do sítio e da atiadade a qual se 
aplicará na área. 
Também é utilizado quando a floresta existente está bastante 
degradada, contém poucas espécies de valor econômico e as espécies 
remanescentes não tem crescimento suficiente em altura para atingir o 
dossel superior. 
Esta prática pode ser recomendada para as situações: 
onde: 
• a nova colheita inclui espécies que demandam luz:: 
• a terra para agricultura é escassa e o sistema agrossilvicultural 
Taungya é desejável; 
• as brotações da talhadia não apresentam crescimento favorável 
para uma nova colheita. 
A regeneração de uma área explorada com a prática de corte raso, 
pode ser feita por brotação de cepas, regeneração por sementes, plantios 
puros ou por sistemas consorciados como o sistema agrossilvicultural 
Taungya, que é o mais conhecido dentre os vários existentes. 
122 
Sistemas Silviculturais 
4.1.1. Sistema Agro Florestal 
O cultivo de árvores destinadas à produção de madeira, de espécies 
frutíferas e palmeiras, em combinação com culturas agrícolas e/ou criação 
de animais é bastante difundido e pode assumir diversas formas de 
consorciação. 
A combinação de floresta, culturas agrícolas e/ou criação de 
animais,devidamente organizada e estruturada, proporciona uma situação 
harmônica tanto para a colheita agrícola no campo como para os animais, 
mantendo a fertilidade do solo e protegendo-o contra a erosão, além da 
produção de lenha e madeira. 
Estes sistemas ou práticas podem ser classificados em sistemas 
agrossilviculturais no qual culturas agrícolas desenvolvem-se em consórcio 
com espécies arbóreas ou arbustivas; sistemas silvipastoris onde as árvores 
providenciam forragens e cobertura da pastagem aos animais (normalmente 
bovinos); sistemas agrossilvipastoris nas quais combinam-se todas as três 
atividades (agricultura, silvicultura e criação de gado). 
O sistema Taungya é o mais antigo dos sistemas agrossilviculturais, 
trata-se de um sistema simples e barato de plantio consorciado de árvores e 
culturas agrícolas. Consiste basicamente, na derrubada de áreas florestais, 
com utilização máxima desse produto, as sobras são queimadas, então é 
feita a semeadura a lanço ou plantio de culturas agrícolas junto com 
espécies arbóreas. Durante 2 a 3 anos, dependendo do desenvolvimento 
das espécies florestais, esta área fica disponível ao agricultor que logo após 
a última safra, abandona a área. A partir de então o técnico florestal conduz 
a nova formação florestal composta por espécies de valor comercial. 
123 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
124 
Sistemas Silviculturais 
TABELA 4.1. Resumo da seqüência das principais operações envolvidas no Método 
Taungya do Sistema Agrossilvicultural 
Atividades Período 
1 - Exploração da Madeira Comercial (se houver) a 
2 - Registro da área destinada a transformação e divisão das 
sub-unidades (parcelas) e entrega dessas aos agricultores a+ 1 
3 - Corte da regeneração e queima dos resíduos (preparo da 
área para receber a cultura agrícola - plantio em faixa) a+ 2 
4 - Plantio simultâneo da cultura agrícola e espécies florestais (em faixa) a+ 3 
5 - Tratos culturais e silviculturais (capina, poda, adubação) a+ (3+ n) 
6 - Colheita da cultura agrícola e novo plantio a+ (3+ n) 
7 - Condução da Floresta Regenerada e Acompanhamento do seu 
desenvolvimento (inventário) a+ (n'-1) 
8 - Exploração Total ou Parcial da floresta a+ n' 
a = ano da exploração comercial 
n = ciclo do cultivo agrícola 
n' = ciclo de corte da floresta. 
O sistema agrossilvicultural toma-se um verdadeiro sistema de 
manejo quando os serviços e benefícios gerados pelos dois componentes, 
tornarem-se harmonicamente sustentáveis. 
• Principais Vantagens e Desvantagens do Sistema 
Agrossilvicultural 
Vantagens: Cobertura constante do solo, evitando danos por 
erosão; diminuição dos riscos causados por ventos e geadas sobre as 
culturas agrícolas; diversificação da renda; amortização dos gastos de 
125 
O sistema Taungya evoluiu e originou outros tipos de sistemas 
agrossilviculturais (por exemplo: silvi-pastoril, agrossilvipastoríl, silvi-agrícola, 
etc). 
Silvi-pastoril => floresta + pastagem 
Agrossilvipastoril => agricultura + floresta + pastagem 
Silvi-agrícola => floresta + agricultura 
Na Tabela 4.1 serão apresentadas as operações envolvidas na 
implantação do sistema Agrossilvicultural, mais especificamente o método 
Taungya. 
Podem ser citados como exemplo clássico deste sistema, a 
agricultura nômade de AQR (Agricultura Queima e Roça) e plantios de Teca 
{Tectona grandis). 
Na China, desde 1958, a silvicultura tem sido integrada à agricultura, 
com objetivo de fortalecer a economia das comunidades rurais. As árvores 
são plantadas ao longo das estradas; das margens dos rios e cursos d'água; 
ao redor de culturas agrícolas e próximo às casas e vilarejos. 
Durante os 2 ou 3 primeiros anos, após o plantio das mudas ou 
semeadura da espécie florestal, são cultivados entre as fileiras das árvores, 
cereais, legumes, forrageiras e culturas destinadas à adubação verde. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
126 
Sistemas Silviculturais 
4.1.1.2.Sistemas Agrossilvipastoris 
Este sistema consiste de uma combinação de cultura agrícola, 
silvicultura e criação de animais (normalmente gado). 
Um exemplo bem sucedido do uso deste sistema é o caso descrito 
por Beaton (1987), citado por Matthews (1994), no Oeste da Inglaterra, em 
que inicialmente o sistema foi implantado como Agrossilvicultural e com o 
passar do terrjpo foi transformado em um sistema Silvipastoril. 
Foram plantadas estacas enraizadas de Populus sp espaçados de 
8 m com objetivo de produzir árvores com 45 cm de diâmetro aos 22 anos 
de idade. O modelo de plantio foi triangular, de maneira que as árvores 
jovens espaçadas uniformemente, facilitariam o cultivo da cultura agrícola e 
o controle mecânico das ervas daninhas. Repetidas podas de condução 
foram executadas nas árvores jovens visando maximizar o volume de 
madeira livre de nós. 
No nono ano quando a última poda de condução foi executada, 
obteve-se por árvore, cerca de 6 m de madeira livre de nós. 
Quando as árvores apresentaram-se completamente estabelecidas, 
o componente agrícola foi introduzido. Durante. 8 anos entre as faixas de 
plantio das árvores foram cultivados cereais. Após esta fase de cultivo 
agrícola, quando as árvores atingiram uma altura média de 10 m, foi então 
plantado a pastagem (Trifolium sp) e depois de formado o pasto, introduzida 
a criação de carneiro e gado. 
127 
implantação da atividade silvicultural; proporciona uma aparência mais 
agradável à área e favorece a presença da fauna silvestre, entre outras 
vantagens. 
Desvantagens: Grande intensidade de intervenções acarretando 
uma maior compactação do solo; difícil compatibilização entre a execução 
das operações inerente a cada atividade envolvida, bem como o controle e 
condução das mesmas, dentre outras. 
4.1.1.1. Sistemas Silvipastoris 
Na Nova Zelândia, Pinus radiata tem sido plantado nas áreas de 
pastagem a cerca de 15 anos, proporcionando resultados satisfatórios até o 
presente momento. 
As árvores geneticamente melhoradas são plantadas em grupos ou 
fileiras, em amplos espaçamentos, sendo que o número de árvores na 
colheita final está entre 100 e 200/ha. 
Essas árvores são protegidas contra os danos excessivos causados 
pelo pastoreio animal através do emprego de técnicas de rhartejo que 
regulem ou impeçam a entrada dos animais na área de plantio. 
Freqüentemente as podas são feitas deixando as árvores com 3 a 4 m de 
copa viva, maximizando assim a produção de madeira livre de nós. 
Quando as operações são cuidadosamente planejadas e limitando a 
pastagem do gado na floresta para que haja o estabelecimento das mudas 
das espécies florestais, este sistema é utilizado com sucesso, como o 
exemplo mencionado na Nova Zelândia. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
128 
Sistem as Silviculturais 
129 
As conversões podem não ser apropriadas quando: 
• o estoque de crescimento fornece quantidades suficientes de 
madeira para satisfazer as necessidades dos empreendedores e 
não há incentivos para encorajar as mudanças; 
• a floresta ocupa um sítio onde a preservação é o uso mais 
racional; 
• a floresta tem valor de conservação (refúgio de animais 
silvestres); 
• a floresta é própria para o uso da recreação (por exemplo: 
parques nacionais, municipais; reservas, etc); 
• a qualidade estética ou o significado histórico da floresta é 
expressivo para as comunidades adjacentes. 
Uma característica importante nos métodos de conversão 
normalmente utilizados é que o custo depende das condições presentes do 
sítio e das colheitas futuras das árvores. O ganho potencial em volume e 
valor da madeira será determinado pela capacidade de produção do sítio, 
das práticas silviculturais, do potencial de crescimento das espécies, da 
procedência e das cultivares usadas na conversãoda floresta. 
Para planejar a conversão de uma floresta faz-se necessário 
estabelecer alguns critérios, tais como: 
a) Efetuar um inventário na área o qual possibilita um estudo da 
análise estrutura! da floresta, permitindo assim conhecer o 
estoque de crescimento por espécie e por classe diamétrica, 
4.2. MÉTODO DE TRANSFORMAÇÃO DO POVOAMENTO 
OU CONVERSÃO 
Este método geralmente é usado na transformação de um sistema 
silvicultural para outro, por exemplo, conversão do sistema de talhadia para 
o de floresta alta ou corte raso para o sistema de seleção de grupos. Na 
silvicultura a técnica de conversão inclui a restauração da floresta degradada 
para uma condição produtiva, conduzindo-a para uma eventual 
sustentabilidade através da implementação de um sistema silvicultural. A 
decisão de se fazer a conversão da floresta degradada em uma condição 
produtiva ou fazer uma mudança de um sistema silvicultural para outro é 
normalmente baseado na produtividade, proteção e nas considerações 
sociais. Sob estes aspectos a conversão é apropriada se: 
• Colheita na floresta não prejudica a sua capacidade de suporte; 
• Os solos são propensos a danos e há possibilidade de 
degradação da floresta provocados pelo uso de um sistema 
silvicultural, uma conversão para floresta alta faz-se necessário; 
• O programa de política nacional é favorável; 
• Há necessidade de se dar uma conotação mais industrial 
quanto ao uso da floresta, bem como os produtos-advindos da 
mesma; 
• A qualidade estética da floresta tem que ser melhorada; 
• Ocorre progressos significativos nas técnicas silviculturais. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
130 
Sistem as Silviculturais 
O corte de melhoramento deve ser aplicado em sítios que 
apresentem um número suficiente de espécies de interesse e estas 
respondam bem aos tratamentos silviculturais. Deve-se considerar ainda que 
tais espécies apresentem fenótipos e genótipos de qualidade. 
As árvores que apresentam defeitos, mas possuem valor comercial, 
devem ser cortadas e colhidas ou então, devem ser eliminadas através de 
aplicação de arboricidas visando liberar espaço para as de interesse. 
Um corte de melhoramento deve ser suficiente para favorecer às 
espécies com valor comercial. Segundo Mattews (1994), uma intervenção 
mais pesada na área pode gerar resultados piores do que cortes mais leves 
com intervalos regulares. As clareiras formadas devem favorecer a 
regeneração natural ou artificia! (enriquecimento com espécies comerciais). 
Se as clareiras criadas não forem suficientemente largas para 
permitir a regeneração natural ou artificial, o corte de melhoramento pode 
ser combinado com a prática de enriquecimento. 
4.2.2. Método de Enriquecimento 
O enriquecimento é utilizado para aumentar a proporção das 
espécies de interesse econômico em áreas perturbadas. Nas florestas 
tropicais, geralmente o enriquecimento é feito em linhas ou faixas através de 
semeadura ou plantio de espécies com valor comercial. Já nas temperadas 
é freqüente o plantio das espécies de interesse em espaçamentos maiores 
que os usados nas tropicais. Este espaçamento é função da qualidade do 
sítio (capacidade suporte) e das características ecológicas da espécie 
quanto a exigência de luz e tolerância à competição. 
131 
forma das árvores, qualidade do fuste, aspecto fitossanitário, 
dentre outras. 
Aliado ao inventário florestal das espécies que compõe a área a 
obtenção de informações como tipo de solo, relevo e clima 
possibilitam a identificação de possíveis problemas que poderão 
ocorrer na conversão da floresta. 
b) Examinar os benefícios potenciais dados pela conversão, 
analisando o aumento no volume das árvores e aumento na 
proporção dos valores dos sortimentos como toras para a 
serraria, escora para construção civil, etc. 
Além de ocorrer uma valorização do estoque, poderá ocorrer 
também uma redução no ciclo de corte através da conversão. O incremento 
médio anual pode duplicar ou até mesmo triplicar trabalhando-se com 
espécies nativas, agregando-se valores ainda mais expressivos com uso de 
espécies exóticas adaptadas. Os investimentos utilizados na conversão da 
floresta normalmente trazem retornos satisfatórios. 
As principais práticas silviculturais usadas na conversão são: 
4.2.1. Corte de Melhoramento 
Em muitas áreas são exploradas somente espécies comerciais. 
Após o corte, a população remanescente será composta por espécies 
indesejáveis e espécies de valor comercial com menores dimensões. 
Portanto, será necessário realizar um corte das indesejáveis para que as de 
valor comercial sejam beneficiadas. Este princípio é conhecido como corte 
de melhoramento. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
132 
Sistemas Silviculturais 
2° Passo: As faixas de plantio das árvores devem ser igual ao 
diâmetro médio das copas mais 20% deste valor quando estas atingirem a 
época de corte. Adotando-se esta lógica, os problemas de competição entre 
as copas podem ser evitados, favorecendo o aparecimento de algumas 
espécies comerciais, via semente ou regeneração natural. 
Para o espaçamento entre árvores, adota-se 20% daquele praticado 
entre as faixas, ou seja, se a distância entre as faixas for de 15 metros, a 
distância entre árvores será de 3 metros. Isto permitirá uma futura seleção 
entre as que apresentam melhor forma e crescimento. 
3 o Passo: As árvores sem valor comercial e as plantas daninhas que 
aparecerem nas faixas devem ser eliminadas através de capina, 
envenenamento ou anelamento. Esta atividade deve ser realizada em uma 
largura mínima de 2 metros na faixa durante os primeiros 12 meses. 
4 o Passo: Realizar um desbaste no 3 o ou 4 o ano dos arbustos, cipós 
e regeneração das espécies indesejáveis até uma altura de 4 metros. Desta 
maneira o estrato superior do povoamento final será constituído quase que 
na maioria pelas espécies de valor comercial. 
b) Enriquecimento em Floresta Temperada 
O procedimento em florestas temperadas é similar ao aplicado à 
florestas tropicais. Vale ressaltar neste item duas variações na prática de 
enriquecimento adotados na Grã-Bretanha. 
133 
a) Enriquecimento de Florestas Tropicais 
A prática de enriquecimento em florestas tropicais úmidas, florestas 
semi-decíduas ou decíduas, podem ser implementadas em faixas espaçadas 
em intervalos iguais ou não. 
Este método é melhor aplicado para as seguintes condições: 
- Há necessidade de se obter madeira de grandes dimensões 
para serraria, laminação, ou ainda quando a produção não é 
suficiente. 
- As espécies escolhidas para o plantio devem apresentar um 
rápido crescimento em diâmetro, bem como possuir 
características silviculturais para desenvolverem-se sob alta 
intensidade de luz. Haja visto que estas espécies irão ocupar 
áreas submetidas a corte raso ou sob clareiras. 
- Redução nos riscos de incêndio na floresta remanescente. 
Um cuidado a ser tomado quando da escolha das espécies que 
serão plantadas na área é com relação ao número, ou seja, deve-se manter 
um estoque com várias espécies de valor comercial, o que permitirá também 
a manutenção da diversidade da floresta. ' 
Principais passos utilizados na aplicação da prática de 
enriquecimento: 
1 o Passo: Definir as espécies a serem utilizadas e qual diâmetro 
mínimo para corte. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
- Nas áreas limpas ou nas clareiras plantar espécies mais 
produtivas, para obter melhores resultados (produção de 
madeira). 
- Plantio de uma ou mais espécies de interesse sob faixa e em 
intervalos regulares, ou seja, o proprietário ou empresa florestal 
além de manter uma cobertura florestal na área, possui um 
estoque suficiente de espécies com alto valor comercial, o que 
acaba por agregar uma maior rentabiidade.A largura das faixas 
varia de 19 até 21 m, o que é suficiente para 6 até 7 fileiras de 
plantas obedecendo um espaçamento entre linhas de 3 m. 
Principais Vantagens de aplicar o método de enriquecimento: 
- a regeneração natural das espécies de interesse é deficiente ou 
insuficiente, tanto em distribuição corno em número, e não pode 
ser induzida em suficiente quantidade e distribuição, devido a 
carência de mudas ou se as condições ecológicas não são 
favoráveis para o desenvolvimento; 
- o estoque das espécies de interesse será superior ao original, 
visto que haverá plantio e condução da regeneração natural das 
mesmas; 
- necessita obter um produto de melhor qualidade e maior 
quantidade, em função da introdução de um produto 
melhorado; e as condições da floresta nativa são mantidas 
sendo, apenas uma porção da área alterada; 
134 
Sistem as Silviculturais 
- o trabalho de limpeza, plantio e exploração são restritos às 
áreas definidas (faixas e linhas), ou ainda podem ser 
sistematizados e facilmente controlados; 
- o manejo da floresta é simplificado, ou seja, a exploração pode 
ser concentrada nos locais de interesse. 
Principais Desvantagens de aplicar o método de enriquecimento: 
- o estoque de plantas deve ser uniforme e as operações 
silviculturais devem ser rigorosamente seguidas e em tempo 
hábil. Todos os trabalhos práticos precisam ser avaliados 
periodicamente; 
- os danos causados pelo pastoreio dos animais pode ser severo, 
porque há combinação do acesso fácil para as árvores jovens e 
cobertura abundante e densa; 
5 - o custo total por unidade estabelecida vai depender do estado 
: atual da floresta e o seu rápido estabelecimento. O 
enriquecimento pode ser uma prática onerosa, dependendo das 
condições da floresta a ser enriquecida (por exemplo: área 
muito degradada). 
4.2.2.1 .Métodos de Enriquecimento de Anderson 
Neste método a plantação nas faixas não é executada isoladamente, 
mas sim em grupos. O plantio nas faixas é realizado num espaçamento 
135 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
136 
Sistemas Silviculturais 
O sistema depende de um número suficiente de regeneração natural 
de espécies de interesse. A utilização de grade de disco é para diminuir a 
compactação do solo, que poderia ter um efeito negativo na regeneração 
natural. 
4.2.3. Método de Transformação por Via da Sucessão Dirigida 
4.2.3.1. Sistema de Corte Raso 
O sistema de corte raso, nas suas mais variadas formas, é o sistema 
silvicultural mais utilizado no mundo todo devido a fácil aplicabilidade em 
diversas condições de clima, topografia, solo; devido a sua simplicidade e 
também a composição de espécies e estrutura florestal. 
Neste sistema toda e qualquer cobertura florestal existente na área, 
deverá ser removida em uma única operação de derrubada e extração. 
A(s) espéciefs) de interesse comercial são exploradas com fins 
econômicos e as demais espécies são eliminadas através do corte, 
anelamento ou envenenamento. Os restos vegetais poderão ser enleirados 
e/ou as vezes queimados dependendo da atividade a qual deseja-se 
empregar na área (reflorestamento, pecuária, agricultura, etc). 
Este sistema é bastante difundido e praticado nas florestas tropicais 
úmidas, principalmente na floresta Amazônica brasileira e nos cerrados do 
Brasil Central. Vários outros ecossistemas brasileiros foram quase que 
totalmente dizimados pelo emprego deste sistema como a Mata Atlântica e 
Florestas Nativas de Araucária angustifolia no sul do País. 
137 
pequeno (entre 0,5 x 0,5 até 1,0 x 1,0 m), com objetivo de reduzir a 
concorrência entre as espécies. Da concorrência entre elementos da mesma 
espécie espera-se que os indivíduos mais vigorosos dentro de cada grupo 
superem automaticamente os demais. Com isso as despesas com os tratos 
culturais são mais baixas, porém os custos de instalação serão mais 
elevados. Este método ainda não se estabeleceu em grande escala em 
nenhuma região. 
4.2.2.2.Método de Enriquecimento Mexicano 
É um sistema totalmente baseado na semeadura, desenvolvido nas 
florestas ricas em mogno e cedro de Yacatán. Deve-se semear Swietenia sp 
(mogno) e Cedrela sp (cedro) nas vias de acesso e transporte abertas por 
ocasião da exploração florestal. 
Este sistema não efetua gastos com a abertura de faixas e as 
despesas com a obtenção de sementes são baixas, já que estas são 
recolhidas das árvores abatidas. O custo de instalação é baixo, porém, os 
custos de manutenção são elevados, pois a assistência periódica nas faixas 
semeadas é dificultada pela inexistência de ordenamento espacial. 
4.2.Z3.Método de Enriquecimento Caimital (Venezuela) 
Este método é caracterizado pela abertura de faixas com trator de 
esteira sendo o solo em seguida revolvido com uma grade de disco, e a 
regeneração natural é conduzida nas faixas com espécies de interesse. Os 
custos são mais elevados nos tratos culturais, porém a possibilidade de 
seleção é maior e mais diversificada. 
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O sistema de corte raso em florestas nativas só é indicado quando o 
tipo florestal pré-existente não responder satisfatoriamente a nenhum outro 
tratamento silvicultural ou no caso da substituição da cobertura nativa por 
outra cobertura econômica e ecologicamente viável, respeitando restrições 
previstas em lei e a aptidão da área. 
Um sistema de corte raso eficiente deve envolver uma seqüência de 
cortes e regenerações em períodos os mais regulares possíveis e em áreas 
de mesmo tamanho, denominadas de talhões, nas quais o povoamento já 
tenha alcançado a idade de rotação. 
A forma, o tamanho e ananjo dos talhões devem ser definidas em 
função do sistema de exploração e transporte florestal, já que estes 
! representam aproximadamente 40 a 45% dos custos da atividade florestal. 
I Deve-se respeitar ainda as condições do sítio, as práticas de manejo e 
conservação do solo. 
Na Figura 4.1 é mostrado um exemplo do sistema de corte raso. 
138 
Sistem as Silviculturais 
FIGURA 4.1. Disposição dos talhões a serem explorados no sistema de corte raso 
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• Sistema de Corte Raso com Regeneração Natural 
Em certas condições o sistema de corte raso pode ser seguido por 
uma bem sucedida regeneração natural. A regeneração natural pode ser 
obtida por meio do banco de sementes ou mudas, já existente na área ou 
por meio da dispersão das sementes, das árvores adjacentes e/ou 
circunvizinhas, através do vento, água ou por animais silvestres. 
Este sistema é bastante simples de ser praticado e a cobertura 
vegetal do solo é reestabelecida com rapidez e de forma mais segura, visto 
que as novas mudas estão mais aptas morfologicamente às condições do 
sitio (fatores bióticos e abióticos). Uma outra importante característica deste 
sistema é redução (quase zero) das despesas necessárias com a 
implantação da regeneração. 
Uma importante observação a ser seguida quando optar por este 
sistema, é o fato de que a derrubada (corte raso) deverá ser feita após a 
dispersão das sementes da(s) espécie(s) de interesse, para que haja 
redução dos danos à regeneração devido a exploração (quebra das mudas). 
• Aplicação: 
O caso mais conhecido de corte raso seguido de regeneração 
natural, a partir do banco de sementes existente, é o caso particular da 
floresta de Pinus pinaster localizada no Sudoeste da França. 
Um dos mais notáveis exemplos de regeneração natural, em áreas 
submetidas a corte raso, a partir do estoque de semente no solo foi descrito 
para a espécie de Tectona grandis no Sudeste da índia. 
140 
Sistemas Silviculturais 
Com relação a regeneração natural a partir da disseminação das 
sementes de áreas circunvizinhas e/ou adjacentes, a forma mais comum é 
através do vento(dispersão eólica) sendo menos comum pela água e por 
animais silvestres. No entanto, este último agente é bastante importante nas 
florestas tropicais úmidas principalmente em se tratando de grandes 
distâncias de dispersão e sementes pesadas. 
Na região da Costa do Pacífico, na América do Norte, espécies 
como: Pseudotsuga mensesii, Tsuga heterophylla, Thuja plicata e Abies 
grandis regeneram freqüentemente após o corte raso, principalmente se os 
rejeitos forem queimados após a exploração. 
Na Europa o corte raso com regeneração natural a partir de 
florestas adjacentes ou circunvizinha tem sido sistematizado principalmente 
no caso de Pinus silvestrís, embora ele também tenha sido aplicado para 
outras coníferas inclusive Pfnus nigra var nigra. 
Algumas variações do sistema de corte raso com regeneração 
natural podem ser encontrados na literatura. Estas são apenas uma pequena 
modificação do sistema original, visando uma melhor adaptação do sistema 
às condições locais, tais como: astema de corte raso em blocos (Região da 
Costa do Pacífico na América do Norte); sistema de corte raso em faixas 
(Europa); sistema de corte raso progressivo (Alemanha); sistema de corte 
raso em faixas alternadas (França e Canadá). 
• Sistema de Corte Raso com Regeneração Artificial 
O sistema de corte raso com regeneração artificial é mais comum 
do que o sistema com regeneração natural. Sendo que o sistema de corte 
141 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
142 
Sistemas Silviculturais 
A implantação de maciços florestais, por meio da regeneração 
artificial, apresenta várias denominações de acordo com o tipo de cobertura 
do solo antes da ocupação da área, as denominações mais comuns são: 
florestamento - quando a área por mais de meio século atrás não tivera sido 
ocupada por uma cobertura florestal e; reflorestamento - quando a área é 
submetida ao corte raso parcial ou total e em seguida é efetuada a prática 
de regeneração artificial, 
i 
• Aplicação: 
O sistema de corte raso com regeneração artificial, conforme 
mencionado anteriormente, é um sistema bastante difundido e aplicado no 
mundo inteiro, como exemplo podemos citar: Austrália, Filipinas, índia, 
Indonésia, Malásia, Porto Rico, Quênia, Alemanha, Inglaterra, América do 
Norte, África, Canadá, América do Sul, entre tantos outros países e 
continentes. 
Aproximadamente várias centenas de espécies já foram 
empregadas nos plantios desse maciços florestais com fins experimentais e 
comerciais. Os gêneros mais utilizados neste sistema são: Acácia sp, 
Albizzia sp, Casuarína sp, Cedrela sp, Cupressus sp, Dipterocarpus sp, 
Podocarpus sp, Swietenia sp, Terminalia sp, Tectona sp, Pseudobombax sp, 
Scherolobium sp, Araucária sp, Pinus sp, Eucalyptus sp, entre outros. 
Na Tabela 4.2 é apresentado um quadro resumo das principais 
atividades envolvidas no sistema de corte raso, tanto para o método de 
regeneração natural como artificial. 
143 
raso com regeneração artificial, por meio de plantio de mudas é mais usado 
do que a regeneração artificial através da semeadura direta, formando no 
final os maciços florestais homogêneos e equiâneos. 
As primeiras plantações de florestas tropicais, por meio da 
regeneração artificial tiveram o seu inicio no Sudeste da Ásia, estendendo-se 
posteriormente à África e em seguida, por voSta do século XVIII, alcançou as 
Américas. 
Uma importante prática a ser apücaria durante a implantação deste 
sistema, deve ser o preparo do sitio, tanto para a semeadura direta como 
para o plantio das mudas, logo após efetuado o corte raso da cobertura 
florestal. 
Alguns outros tratamentos silviculturais poderão ser aplicados de 
acordo com as condições do sítio e a exigência da(s) espécie(s) envolvidas, 
tais como: controle das plantas competidoras, aplicação de fertilizante para 
suprir a demanda de nutrientes, irrigação, desbaste das espécies 
indesejadas concorrente de luz e outras operações. Todas estas atividades 
visam criar condições que favoreçam o rápido estabelecimento da 
regeneração e consequentemente a cobertura do solo, evitando assim a 
perda de nutrientes do substrato e a incidência de espécies pioneiras 
indesejadas. 
O sistema de corte raso com regeneração artificial é recomendado 
quando a regeneração natural na área não é satisfatória ou não é possível, 
quando deseja-se introduzir uma nova espécie na área (espécie exótica) ou 
aumentar a proporção de uma certa espécie de interesse a qual por via da 
regeneração natural não é suficiente. 
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TABELA 4.2. Principais atividades envolvidas no sistema de corte raso 
Atividades Período 
1 - Sub-divisão da floresta em seções de corte ou talhões (± 250-300 ha) (a-1) 
2 - Anelamento e envenenamento das árvores indesejadas e eliminação 
de cipós (visando reduzir custo da exploração) (a-1) 
3 - Corte raso de toda a cobertura florestal e extração das árvores de 
interesse comercial (valor econômico) a 
4 - Queima ou enleiramento dos resíduos da exploração (a+ 1) 
5 - Tratos silviculturais visando o estabelecimento da regeneração 
natural de interesse ou preparo da área para a atividade de 
regeneração artificial (a+ 3) 
6 - Caso seja introduzido a regeneração artificial: plantio ou semeadura 
da espécie de interesse a+ 2 
7 -Tratos silviculturais de condução da regeneração e do novo 
povoamento florestal a+ (2-n) 
a = ano da exploração comercial 
n = idade da rotação ou ciclo de corte 
Vantagens: É um sistema simples e fácil de ser implementado; 
permitindo a adoção de um novo sistema silvicultural e de manejo florestal; 
permite melhorar as condições de sítio, através do preparo do solo, 
adubação, drenagens e outros meios; permite melhorar a produção e a 
qualidade do novo povoamento através do uso de espécies nativas 
promissoras ou de espécies exóticas superiores; possibilita um melhor 
controle da regeneração, visto que esta desenvolve-se sob a mesma idade; 
144 
^ Sistemas Silviculturais 
145 
redução dos danos ao novo povoamento pois a derrubada e extração da 
madeira é feito por completo antes do estabelecimento da regeneração 
(exceto no caso da regeneração natural) e apresenta uma grande economia 
durante a operação de extração da madeira devido a uma maior 
concentração do trabalho (em espaço e tempo). 
Desvantagens: A remoção total da cobertura florestal expõe 
totalmente o solo, apresentando sérios riscos de erosão; podendo ainda 
produzir condições de microclima e solos desfavoráveis, além de uma maior 
competição com plantas pioneiras invasoras, dificultando assim a 
sobrevivência e o crescimento de plantas jovens das espécies de interesse. 
Após a exploração das espécies de interesse há um acúmulo de resíduos da 
extração que proporciona condições para a proliferação de pragas e 
doenças. Geralmente após o corte raso introduz-se na área um povoamento 
homogêneo e equiâneo, tomando a floresta menos resistente aos danos 
provocados por ventos, geadas, pragas e doenças do que nos sistemas 
multiâneos e heterogêneos; e do ponto de vista de estética há um impacto 
visual após a operação de corte raso e também há redução da fauna 
silvestre local. 
4.2.3.2.Sistema de Seleção ou Sistema de Corte Seletivo 
Na sua forma mais primitiva o sistema de corte seletivo se baseava 
na remoção de todas as árvores que alcançassem um certo diâmetro 
mínimo pré-estabelecido de acordo com o objetivo e destino da madeira 
explorada, deixando apenas as árvores de menor tamanho, algumas poucas 
árvores porta-sementes, afim de garantir a regeneração na área, e as árvores 
sem interesse comercial. 
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146 
Sistem as Silviculturais 
147 
Tal prática, é uma mera exploração, não constituindo-se em um 
sistema silvicultural e não faz partedo espectro de práticas que caracterizam 
o manejo florestal. O corte seletivo como descrito no parágrafo anterior é 
uma prática mecânica propiciando a degradação da floresta. Para que o 
corte seletivo seja considerado um sistema silvicultural, é necessário que 
haja compromisso com a produção susteratada, com retiradas periódicas em 
cada talhão ou compartimento nas várias classes de idade, de maneira a 
manter proporções corretas de plantas nas classes diamétricas sucessivas, 
ou seja, adotar o conceito de floresta balanceada; compreender a estrutura 
da floresta, respeitar a diversidade florística ou a biodiversidade; efetuar 
tratamentos que privilegiem a regeneração das espécies de interesse, 
eliminando-se a concorrência com as plantas invasoras. Deve-se eliminar 
ainda as plantas doentes, sem vigor e que de certa forma diminuem a 
potencialidade da floresta. Por útlimo, deve-se adotar um sistema de corte e 
colheita que impactem o mínimo a floresta remanescente. 
Desta forma pode-se concluir que o sistema de corte seletivo 
quando aplicado corretamente, respeitando as leis ecológicas impostas pela 
natureza, é inegavelmente uma prática de melhoramento da floresta. 
Aumenta a proporção das espécies de interesse na área, através do 
processo de regeneração dirigida, conduzindo-as para uma produção 
sustentável e ecologicamente viável. 
Atualmente este método caracteriza-se por selecionar plantas de 
modo que haja uma série contínua de classes de idade e um contínuo 
recrutamento, advindo da regeneração natural. A idéia é abastecer o 
estoque de crescimento, de maneira que a razão entre o número de árvores 
remanescente nas classes de diâmetro seja constante. Este fato indica que a 
floresta é balanceada e pode ser representada pela distribuição exponencial 
negativa, conforme pode-se verde forma detalhada no Capítulo 6. 
A seleção de árvores na floresta toda só é possível em áreas 
pequenas. Em grandes áreas florestais faz-se necessário a divisão desta em 
vários blocos ou compartimentos, para operacionalizar a remoção das 
árvores selecionadas, isoladas ou em pequenos grupos. Esses 
compartimentos são explorados um a cada ano, estabelecendo assim o 
ciclo de corte que será igual ao número de compartimentos. O ciclo de corte 
é estabelecido de acordo com as características particulares da floresta, 
principalmente utilizando-se informações do incremento periódico em 
diâmetro das árvores. 
Deve-se tomar um cuidado muito especial no estabelecimento do 
ciclo de corte. Se este é muito curto, envolvendo grandes áreas, há o risco 
de ocorrer uma rápida degradação da floresta o que é indesejável para 
qualquer plano de manejo florestal visando a sustentabilidade, se for longo 
elimina a possibilidade da prática de manejo florestal ser economicamente 
viável. 
Em sítios onde as condições são favoráveis a regeneração natural 
deve ser conduzida, nas clareiras formadas durante o processo de 
exploração. Caso contrário, serão introduzidas novas plantas na área 
através da regeneração artificial. 
Na Tabela 4.3 são listadas algumas das principais atividades 
envolvidas do sistema de corte seletivo. A implementação destas deve ser 
de acordo com as características particulares de cada área de interesse. 
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TABELA 4.3. Seqüência das principais atividades silviculturais envolvidas no sistema 
de corte seletivo 
Atividades Período 
1 - Inventário detalhado, visando obter informações sobre a viabilidade 
do sistema (qualidade e quantidade do estoque comercial e da 
regeneração) e delimitar as unidades de exploração (3 a 20 ha) e 
as vias de acesso (n-2) 
2 - Marcar e mapear as árvores selecionadas, a partir de um DAP 
mínimo pré-estabelecido, andamento ou envenenamento das 
árvores sem interesse (com grandes copas) e remoção dos cipós (n-1) 
3 - Exploração das árvores marcadas e derrubada das árvores aneladas 
ou envenenadas n 
4 - Reparo dos danos causados pela exploração e se necessário efetuar 
a regeneração artificial n + 1 
5 - Condução e acompanhamento (Inventário) do crescimento da 
regeneração n + 1+ i 
n 
i = 
= idade do ciclo de corte 
: cada período após a exploração 
• Aplicação: 
O corte seletivo, é difundido e utilizado nas florestas dq mundo todo, 
principalmente nas florestas tropicais úmidas onde há um amplo e diverso 
estoque de madeiras comercializáveis e o crescimento destas, de certa 
forma, ocorre rapidamente. De acordo com a região e o tipo de floresta onde 
ele é aplicado algumas modificações são implementadas para ajustá-lo as 
características locais. 
148 
Sistem as Silviculturais 
Por exemplo: nas Florestas das Filipinas o sistema de seleção é 
empregado para favorecer as espécies da família Dipterocarpaceae, e o 
número de árvores a serem exploradas, obedece o cálculo da distribuição 
balanceada das classes diamétricas (20-70 de DAP), em cada unidade de 
área pré-delimitada para a exploração. Normalmente deixa-se na área 
aproximadamente 60% das árvores do grupo das espécies de interesse 
comercial e o ciclo de corte varia entre 30 e 40 anos. 
Na Malásia o sistema de corte seletivo foi considerado como sendo 
o sistema ideal para as florestas tropicais pluviais ali existentes. No entanto, 
algumas observações são recomendadas para garantir a sustentabilidade 
econômica e ecológica destas florestas. Sendo este também conhecido 
como método do limite de circunferência desenvolvido no estado de 
Sarawak. 
Em Porto Rico o sistema de corte seletivo é considerado como o 
mais satisfatório para as florestas pluviais das montanhas de Luqüillo. Neste 
caso particular, os objetivos do uso deste sistema é a formação de maciços 
florestais, com uma área basal de aproximadamente 18 m 2/ha, para um DAP 
mínimo de 50 cm, com um ciclo de corte entre 5 a 10 anos dependendo da 
qualidade do sftio, visando fundamentalmente proporcionar uma distribuição 
balanceada dos indivíduos remanescentes em todas as classes de diâmetro 
na floresta. 
No Norte de Queensland o sistema é aplicado nas florestas 
tropicais úmidas de Atherton, classificada como "Florestas Pluviais 
Submontanas". Nesta região o ciclo de corte varia entre 15 a 20 anos, e as 
espécies mais enfatizadas pelo sistema são: Flindensia braylexana e 
149 
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Sistemas Silviculturais 
151 
indivíduos remanescentes é elevado podendo às vezes atingir proporções 
de 1:1 ou 1:2, ou seja para cada m 3 explorado 1 ou 2 m 3 são danificados. 
Sistema de Seleção de Grupo ou Sistema de Corte Seletivo em Grupo 
A forma típica do sistema de corte seletivo, na qual árvores isoladas 
são exploradas, é mais indicado para se trabalhar com espécies que 
desenvolvem e reproduzem na sombra, o que reduz a possibilidade de ser 
rapidamente suprimida pelas espécies de rápido crescimento (exigentes de 
luz), geralmente sem interesse econômico. 
O sistema de corte seletivo aplicado em espécies que sejam 
exigentes de luz, baseia-se na remoção de um pequeno grupo de árvores na 
operação de exploração e derrubada. Desta forma, pequenas clareiras são 
formadas para que haja boa incidência de luz solar e estas sejam 
distribuídas por toda a área. O propósito é garantir que a regeneração 
natural das espécies de interesse ocorram de forma satisfatória. 
Portanto, o sistema de seleção de grupo consiste apenas em uma 
pequena variação do sistema de corte seletivo. As demais operações 
envolvidas neste sistema são semelhantes ao do sistema anterior, assim 
como as suas vantagens e desvantagens. 
4.2.3.3.Sistema de Floresta de Cobertura 
(Shelterwood system) 
Este sistema teve a sua origem na Europa, com predominância nas 
florestas de Quercus sp e Fagus sp. 
Cenatopetalum apetalum, alcançando uma produção média de 30 a 48 
m 3/ha emcondições de clima e sítio favorável. 
Vários outros exemplos de uso deste sistema são encontrados na 
literatura tanto para as florestas tropicais e sub-tropicais como também para 
as florestas equatoriais. No Brasil , infelizmente, a versão original deste 
procedimento e não a versão moderna, é utilizada em muitas áreas de 
vegetação nativa, seja em cerrado, seja nas florestas tropicais úmidas da 
Amazônia. A definição da prática de manejo baseada no sistema silvicultural 
de corte seletivo, deve fortalecer a ação dos organismos públicos do país, 
no sentido de cobrar que os empreendedores do setor florestal pratiquem o 
verdadeiro manejo florestal. 
Vantagens: Por manter uma constante cobertura florestal no solo 
há uma redução dos danos causados pela erosão tais como, deslizamento 
de terra em áreas inclinadas e perda de nutrientes por escorrimento 
superficial das águas da chuva; reduz a possibilidade de danos causados 
por ventos e geadas; boa flexibilidade do sistema, adaptando-se a qualquer 
área; respeita a capacidade suporte.de produção de sítio; possibilita a 
promoção do desenvolvimento das árvores com maior crescimento e com 
.forma.florestal comercializável; e proporciona a manutenção da aparência 
estética da floresta além de manter a fauna silvestre no local. 
Desvantagens: Exige uma intensiva intervenção silvicultural; a 
operação de derrubada e extração é cara e exige perícia do operador; o 
sistema necessita de um bom estoque de regeneração das espécies de 
interesse; o sistema é de difícil supervisão e acompanhamento de 
regeneração e; durante a operação de derrubada e extração os danos aos 
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O sistema de floresta de cobertura é compreendido pela associação 
do sistema de corte sucessivos da regeneração e o sistema de seleção ou 
corte seletivo. Constitui-se, basicamente, na abertura do dossel através da 
remoção ou eliminação das árvores, arbustos e cipós existentes na floresta 
original. 
Posteriormente, a esta etapa de preparação da floresta, são 
introduzidas as práticas de condução da regeneração das espécies de 
interesse, sob um dossel composto pelas espécies de interesse econômico. 
Os principais passos a serem seguidos neste sistema são resumidos 
na Tabela 4.4. 
TABELA 4.4. Seqüência das principais atividades envolvidas no sistema 
de Floresta de Cobertura 
Atividades Período 
1 - Inventário detalhado (regeneração e estoque) a-2 
2 - Eliminação dos cipós e indivíduos indesejados (todos os estratos) a-1 
3 - Exploração das árvores de interesse (adultas/maduras) a 
4 - Condução da regeneração das espécies de interesse 
(tratos silviculturais) a+ n 
a = ano da exploração comercial e; n = período do ciclo de corte 
Vantagens: Proporciona uma maior proteção do solo contra erosão 
(escoamento superficial), menor risco de pragas e doenças, obtenção de um 
produto final mais homogêneo; redução da competição entre as espécies 
comerciais através do corte de melhoramento, e substituição gradual da 
floresta pelas espécies desejáveis. 
152 
Sistemas Silviculturais 
Desvantagens: Demanda um maior tempo (inicial) para obtenção 
do retomo financeiro; o controle da regeneração é difícil, assim como a 
execução dos cortes de exploração; e as atividades não são concentradas 
em um único período, resultando em um maior custo operacional. 
• Variações do sistema: 
A seguir serão descritos, sucintamente, as cinco classificações do 
sistema de floresta de cobertura (Shelterwood system): sistema uniforme, 
sistema em grupos, sistema irregular, sistema em faixa e sistema tropical. 
• Sistema Uniforme de Floresta de Cobertura ou Sistema 
Uniforme 
O sistema uniforme implica basicamente na abertura uniforme do 
dossel superior da floresta com o propósito de favorecer a regeneração 
(natural ou artificial). 
Portanto, consegue-se uma floresta com um padrão mais 
homogêneo com relação aos indivíduos mais jovens, conforme é ilustrado 
na Figura 4.2. 
153 
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A R V O R E S MADURAS 
ESTAGIO DE S E M E N T E 
ESTÁGIO SECUNDÁRIO 
E S T Á G I O FINAL 
FIGURA 4.2: Ilustração do sistema uniforme mostrando sucessivos estagias de regeneração 
Fonte: Matthews (1994) 
Sistem as Silviculturais 
Durante o estádio de desenvolvimento e crescimento da 
regeneração de interesse, até que esta atinja o estádio final, o sistema é 
dividido em duas etapas: 
1) Fase de Preparação ou Condução: nesta etapa a regeneração, 
em sua fase inicial, está sujeita à atividades de limpeza (capina, 
desbastes, etc), estendendo-se até o estabelecimento 
propriamente dito da regeneração. 
i 
2) Fase de Regeneração: inicia-se com o favorecimento das 
espécies de interesse, através de cortes das espécies 
indesejáveis, visando proporcionar condições para que as mudas 
se estabeleçam e desenvolvam. Terminando com o corte final da 
"nova" floresta. 
Os cortes de regeneração podem ser subdivididos em três fases 
distintas: 
a) Corte de semeadura: o objetivo principal desta operação não é 
'estimulara produção de sementes, mas sim promover uma maior 
e melhor dispersão das sementes por toda a floresta. 
Favorecendo assim a germinação, o estabelecimento das mudas, 
além de propiciar uma maior infiltração de luz, a qual é de 
fundamental importância para que as mudas sobrevivam e 
desenvolvam-se; 
b) Corte secundário: o objetivo desta operação é a remoção do 
sub-bosque, do dossel superior, os quais são concorrentes por 
155 
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156 
Sistemas Silviculturais 
TABELA 4.5. Seqüência das principais atividades envolvidas no sistema uniforme 
Atividades Período 
. inventário detalhado da regeneração natural e do estoque a-2 
Se o estoque de regeneração for satisfatório (40% das espécies 
comercializáveis estiverem regenerando e 20% atingiram o estádio 
de exploração) é feito a exploração caso contrário espera-se até 
atingir tal exigência. 
• Exploração do estoque comercial (DAP > 40 cm) e envenenamento a 
ou anelamento das árvores indesejadas (DAP > 5cm) 
• Tratos silviculturais do povoamento para promover o a+ 2 
desenvolvimento da regeneração 
. Acompanhamento do desenvolvimento dos remanescentes a+ 5ea+ 10 
através do uso de amostragem 
• Rotação do povoamento "domesticado" (DAP > 60 cm) a+ 70 
a = ano da exploração comercia! 
As atividades neste sistema são semelhantes ao do sistema de 
floresta de cobertura original, com algumas vantagens quando comparada 
com os demais tipos de sistema de cobertura. 
Vantagens: as operações de corte são mais simples de serem 
conduzidas e são produzidos estratos com regenerações de diferentes 
idades, assemelhando-se a estrutura da floresta nativa, porém com ênfase 
nas espécies com boa forma florestal e de interesse comercial. 
Desvantagens: maior dano ao estrato inferior em desenvolvimento 
durante a exploração; as árvores porta-sementes mantidas isoladas, são 
mais susceptíveis a danos pela ação do vento, entre outras. 
157 
água, luz e nutrientes com as espécies de interesse, A 
periodicidade e a intensidade do corte secundário vai depender 
das características particulares da área (qualidade do sítio) e das 
espécies envolvidas (exigência de luz e tolerância a competição); 
c) Corte final: nesta operação são removidas todas as árvores de 
interesse, respeitando um diâmetro mínimo pré-estabelecido. 
Após o corte final, as áreas de clareiras formadas pela extração 
devem ser recuperadas através da regeneração dirigida (natural 
ou artificial). 
No sistema uniforme com regeneração natural, também chamado 
de desbaste de transformação ou homogeneização via desbaste é possível 
em alguns casos, entre as fases dos 3 estádios descritos, proceder um ou 
mais desbastesafim de favorecer o desenvolvimento das árvores de 
interesse. 
O sistema uniforme com regeneração artificial é recomendado 
quando a regeneração natural não for suficiente; para introduzir uma nova 
espécie de interesse ou então para aumentar a proporção de uma 
determinada espécie já existente na área. A introdução das novas espécies 
poderá ser via semeadura direta ou plantio de mudas, sendo este último 
mais eficiente, porém mais oneroso. 
A seqüência das atividades envolvidas neste sistema são ilustradas 
na Tabela 4.5. Utilizou-se para tal as atividades do sistema Malaio Uniforme 
que constitui-se no exemplo clássico do sistema uniforme de floresta de 
cobertura (Lamprecht, 1990). 
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O tamanho e a forma das clareiras artificiais depende das condições 
locais (tipo de solo, topografia, relevo) e as características da(s) espécie(s) 
de interesse (exigência de luz, resistência a competição, desgalhamento). 
Normalmente as clareiras devem possuir entre 18-23 m de diâmetro. 
Clareiras maiores propiciam ocorrência de espécies pioneiras, sem interesse 
comercial. 
Nestas áreas abertas são conduzidos os cortes de regeneração 
(semeadura)! corte secundário e o corte final, de forma semelhante ao 
sistema uniforme de floresta de cobertura. 
O sistema é implantado de maneira semelhante ao sistema 
uniforme, porém favorecendo não apenas indivíduos isolados de forma 
uniforme, mas sim grupos de indivíduos de interesse comercial com 
crescimento promissor. 
As vantagens e desvantagens gerais do sistema de floresta de 
cobertura, também podem ser aplicadas à este sistema, porém o sistema em 
grupo apresenta ainda as seguintes particularidades. 
Vantagens: por favorecer grupos de espécies com alto crescimento 
e desenvolvimento, o sistema torna-se mais eficiente em florestas onde a 
produção de sementes não é freqüente e vigorosa; a regeneração 
desenvolve-se mais naturalmente, explorando melhor a capacidade do sitio 
e a potencialidade da(s) espécie(s); há melhor controle da heterogeneidade 
de espécies em regeneração pela introdução de novas espécies ou por 
mecanismos de regulação da regeneração natural; há maior controle das 
clareiras, quanto ao tamanho e forma. 
159 
Geralmente, quando o clima, as condições de regeneração e o 
crescimento das mudas são favoráveis, o sistema uniforme torna-se mais 
viável. Porém quando o clima e as condições de solo não são favoráveis o 
sistema uniforme não é bem sucedido. 
• Aplicação: 
Na França o sistema de floresta de cobertura é usado para 
regenerar 90% das florestas de Quercus sp e Facus sp. 
Na Alemanha hoje em dia o sistema é pouco usado, ele é aplicado 
nos povoamentos de Facus sp. Na Dinamarca e nos países escandinavos 
ele é usado para regenerar os povoamentos de Pinus silvestrís, 
principalmente na Finlândia. 
O sistema uniforme com árvores porta-sementes é usado na índia e 
Paquistão (Pinus roxburghii), no sudoeste dos Estados Unidos (Pinus 
echinata e Pinus elliotti) e no noroeste do Himalaia (Pinus roxburghü). 
• Sistema de Floresta de Cobertura em Grupo ou Sistema de 
Regeneração por Grupo 
A diferença entre este sistema e o sistema uniforme está no fato de 
que o sistema de regeneração por grupo, favorece a regeneração de grupos 
de indivíduos de interesse econômico (mesma espécie ou não). 
A estratégia para promover esta regeneração é a partir das clareiras 
naturais. Se estas não existirem em número suficientes, então serão abertas 
clareiras, de pequeno porte, distribuídas por toda a área da floresta (clareiras 
artificiais). 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
160 
Sistem as Silviculturais 
161 
Desvantagens: Propicia condições a ocorrência de danos 
causados pelo vento, principalmente nas bordas das clareiras; devido ao 
grande número de pontos de regeneração, o controle é mais difícil e 
oneroso; a regeneração remanescente sofre maior dano devido a maior 
exposição direta ao sol e compactação do solo, provocados pelo grande 
número de intervenções. 
• Sistema Irregular de Floresta de Cobertura 
Este sistema pode ser definido como um sistema de sucessivos 
cortes de regeneração, com um longo e indefinido período de regeneração 
(± 50 anos), variando de acordo com as características particulares do local 
e da(s) espécie(s) envoivida(s), produzindo colheitas dos indivíduos, ainda 
jovens, em diferentes estádios de regeneração. 
O sistema irregular de floresta de cobertura é baseado nas 
características individuais da floresta e da região onde ele é implementado. 
O objetivo principal desse sistema é a qualidade e quantidade de 
madeira produzida no campo, respeitando a capacidade de suporte do sítio. 
Embora possa fazer uso de espécies exóticas, este método é 
preferencialmente aplicado às espécies nativas da região. * 
Um importante fator de melhoramento aplicado ao crescimento do 
estoque de madeira é realizado através da seleção ou eliminação das 
árvores com crescimento lento. Assim, a qualidade da madeira produzida no 
final do ciclo de corte será mais elevada. Para estes fins, são aplicados as 
operações de capina, limpeza, refinamentos, corte de regeneração 
(semeadura), desbaste, corte de melhoramento entre outras atividades. 
Sendo estas, aplicadas como um contínuo processo de seleção e 
melhoramento da floresta. 
A Figura 4.3 representa esquematicamente as etapas seqüenciais do 
sistema irregular de floresta de cobertura. São evidenciadas as áreas de 
abertura, destinada a regeneração dirigida enfatizando os diferentes 
tamanhos e idades; a composição mista das espécies distribuídas nos 
diversos estratos da floresta; e as vias de acesso para a exploração e 
transporte da produção florestal. 
O sistema assemelha-se ao procedimento adotado no sistema de 
regeneração por grupo, com algumas diferenças particulares: as áreas 
destinadas à regeneração dirigida são abertas em linhas paralelas e 
espaçadas a partir de 20-30 m; a abertura das áreas é obtida através da 
remoção das árvores com tronco danificados, doentes e com copas 
grandes, aumentando assim a proporção de árvores com melhor forma; e as 
operações de desbaste seletivo, devem ser efetuadas em toda a floresta, em 
todas as classes de altura e distribuídas em intervalos de tempo regulares. 
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INÍCIO DA REGENERAÇÃO 
..-'Sk^M K W .... 
EXTENSÃO DOS GRUPOS 
P < } - - t > R 4- , p < * -
FIGURA 4.3: Sistema irregular de floresta de cobertura apresentando sucessivos estádios 
de regeneração. L = limite de transporte; R = estrada principal de 
extração: P= estradas secundárias 
Fonte: Matthews 1994 
162 
•x 
Sistem as Silviculturais 
Vantagens: o sistema apresenta flexibilidade o que possibilita uma 
boa prática de manejo da floresta, considerando-se as características 
particulares para cada sítio; o incremento em volume das espécies que 
propiciam madeira de valor comercial é assegurado através das condições 
criadas para o desenvolvimento e crescimento das melhores árvores; e a 
floresta apresenta uma maior variabilidade de atrativos e aparência para a 
fauna local. 
.1 
Desvantagens: requer grande intensidade de operações 
silviculturais e estas operações exigem grande número de mão de obra, 
consequentemente onera os custos do sistema; necessita de um tempo 
inicial (carência) para obtenção dos primeiros retornos financeiros; o 
sistema tende a favorecer a abertura de clareira proporcionando assim o 
crescimento de espécies secundárias exigentes de luz (sem interesse 
econômico), causando competição com as espécies de interesse. 
• Aplicação: 
O sistema irregular dè floresta de cobertura é bastante utilizado nas 
florestas da Alemanha e Áustria, com algumas variações em relação ao 
sistema original.Embora seja um sistema silvicultural recente ele tem sido bem 
desenvolvido e tem superado os outros sistemas, exceto o sistema de 
seleção. Na região Norte da Alemanha, este sistema é usado associando as 
espécies Fagus sp e Ao/es alba. Na Inglaterra o sistema também tem sido 
utilizado com algum sucesso. 
163 
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164 
5istem as Silviculturais 
165 
• Sistema em Faixa 
Este sistema difere em poucos detalhes dos outros sistemas, tendo 
em comum a característica de deixar o estrato superior visando a proteção 
natural do solo. Neste caso, a regeneração dirigida é conduzida em estreitas 
faixas abertas na floresta. 
O sistema em faixa pode ser dividido em 5 formas diferentes: 
- Sistema de faixas progressivas; 
- Sistema de faixas alternadas; 
- Sistema de faixa em cunha; 
- Sistema de cobertura em faixa; 
- Sistema de faixa em grupo. 
Neste módulo será abordado apenas os dois últimos sistemas. 
a) Sistema de floresta de cobertura em faixa 
Este sistema foi desenvolvido a partir do sistema uniforme de 
floresta de cobertura, com algumas modificações. Os cortes de condução 
da regeneração são realizados seguindo a direção predominante dos 
ventos, evitando assim maiores danos. * 
O sistema de floresta de cobertura em faixa, requer poucas 
alterações para se converter em um sistema de cortes sucessivos da 
regeneração (corte de semeadura, corte secundário e corte final). O 
resultado final deste sistema, consiste na abertura de estreitas faixas dos 
estratos superiores, com o objetivo de proporcionar um maior ou menor 
ângulo de infiltração de luz à regeneração, seguindo a direção predominante 
dos ventos na região. 
Assim que a regeneração de interesse estiver suficientemente 
estabelecida na faixa, um segundo corte de semeadura é feito ao longo de 
uma segunda faixa adjacente a primeira, seguindo a direção do vento. 
Quando a regeneração estiver suficientemente estabelecida na 
segunda faixa, esta será submetida ao corte secundário e a primeira faixa, 
aos sucessivos cortes de condução (desbaste, melhoramento, refinamento e 
colheita). Na terceira faixa, adjacente a segunda é feito então o corte de 
semeadura. Estes tratamentos para favorecimento da regeneração são 
conduzidos progressivamente seguindo a direção dos ventos predominante 
em uma série de estreitas faixas adjacentes a anterior e distribuídas 
regularmente sobre toda a floresta a ser manejada. 
Assim como no sistema uniforme, no sistema de floresta de 
cobertura em faixa, o número, a freqüência dos cortes de condução da 
regeneração, a amplitude e o espaçamento entre as faixas, variam de 
acordo com a espécie, localidade, desenvolvimento de regeneração, e 
outros fatores relacionados à ecologia da espécie e características do sítio. 
Na prática, o número de sucessivos cortes de condução da 
regeneração não são constantes para todas as faixas, já que em algumas 
faixas a regeneração pode desenvolver-se mais rapidamente do que em 
outras. Desta forma o número de faixas sucessivas com regeneração em um 
certo tempo pode variar, embora teoricamente elas sejam geralmente 3 : 
estádio de muda, estádio secundário e estádio final seguindo 
respectivamente esta ordem quanto a sua idade. 
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Vantagens: Proporciona uma melhor proteção da floresta contra a 
ação dos ventos; favorece a regeneração das espécies exigentes de luz; 
minimiza os danos ao povoamento durante as operações de corte e 
extração; melhor controle do progresso da regeneração; proporciona uma 
melhor aparência à floresta devido a diversidade de estratos. 
Desvantagens: As atividades silviculturais não são concentradas 
em uma única área, o que aumenta ainda mais os custos de condução do 
povoamento; o sistema demanda um rigoroso e especifico mapeamento da 
área e faixas de regeneração. 
• Aplicação: 
Este método segundo Matthews (1994), foi utilizado a ± 150 anos 
em povoamentos puros de abeto vermelho na Noruega com adição de 
espécies exigentes de luz e tolerante à sombra. 
À partir da 2 a guerra vem sendo praticado no sudeste da Alemanha, 
com algumas adaptações para favorecer as espécies locais. 
b) Sistema de Faixa em Grupos 
Este sistema é uma modificação do sistema de floresta de cobertura 
em faixa. De modo geral, o planejamento com relação a abertura do dossel 
e as faixas são iguais, somente o modo de como são executados esses 
cortes é que difere. 
166 
Sistemas Silviculturais 
No primeiro caso o corte de semeadura consiste de uma abertura 
total do dossel dispostos em faixas espaçadas regularmente sobre toda a 
área. Já para o segundo caso, a abertura do dossel superior também são 
feitas em faixas, porém não é removida toda a cobertura florestal da faixa. 
A intenção é de favorecer grupos de espécies de interesse e com 
crescimento superior. 
São abertas pequenas clareiras com um diâmetro médio variando 
entre 30-50 m, dependendo do sítio e das características ecológicas da(s) 
espécie(s) envolvida(s). 
Estas clareiras destinadas a favorecer o desenvolvimento dos 
grupos de espécies de interesse são ampliadas continuamente com o 
passar dos anos. 
O progresso dos cortes (de regeneração, secundário e colheita) e a 
forma das faixas são pouco regulares neste sistema, quando comparadas 
com o sistema de floresta de cobertura em faixa. 
Vantagens: A regeneração pode ser estabelecida de maneira mais 
simples e rápida, por favorecer. grupos de indivíduos com melhor 
desenvolvimento; a formação de estratos de diferentes idades e tamanho, 
proporcionam uma melhor proteção aos estádios mais jovens; os 
povoamentos mistos podem ser facilmente conduzidos; e a aparência dá 
floresta torna-se mais atrante à fauna. 
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168 
Sistem as Silviculíurais 
COPA CLARA: ÁRVORES ANELADAS OU ENVENENADAS 
COPA ESCURA: DE INTERESSE COMERCIAL 
FIGURA 4.4. Esquema do Método Tropical de Regeneração sob Cobertura (Tropical 
Shelterwood System) segundo Catinot 1965 
Fonte: Lamprecht (1990) 
169 
Desvantagem: A maior desvantagem está nos danos causados ao 
estoque de regeneração das espécies de interesse, durante a exploração. 
Estes danos tomam-se maiores quando a área possui uma inclinação 
elevada. 
Este sistema foi amplamente utilizado por H. von Huber, do serviço 
florestal alemão, especificamente na Bavária e toda Europa Central. 
• Sistema Tropical de Floresta de Cobertura 
Este sistema é uma modificação do sistema uniforme de floresta de 
cobertura adaptado às florestas tropicais úmida, na qual o corte de 
semeadura consiste de uma abertura geral do dossel superior. Esta abertura 
é feita pelo corte de cipós, progressiva redução do estoque de árvores 
medianas através de desbastes, e anelamento e envenenamento das árvores 
sem interesse comercial. 
O sistema tropical de floresta de cobertura consiste basicamente na 
conversão da floresta nativa em uma floresta mais uniforme, sob o ponto de 
vista da altura e homogeneidade da composição das espécies de interesse 
econômico, conforme mostra a Figura 4.4. 
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170 
Sistemas Silviculturais 
inferiores desenvolvam-se e ocupem o dossel superior, formando assim um 
sistema policíclico de exploração da floresta. 
TABELA 4.6. Síntese das principais atividades envolvidas no sistema tropical de 
de floresta de cobertura, nas suas mais variadas formas de aplicação 
Atividades Período 
1 - Inventário detalhado e demarcação das sub-áreas de regeneração 
(talhões com ± 250 ha) a - 2 
2 - Remoção das trepadeiras e eliminação das árvores indesejadas 
(envenenamento ou anelamento) a - 1 
3 - Exploração das árvores "maduras" da(s) espécie(s) de interesse e 
remoção do sub-bosque indesejado a 
4 - Tratos silviculturais (favorecer osindivíduos de interesse e 
eliminar os danos ocasionados durante a exploração), se 
necessário, efetuar a regeneração artificial a + 1 
5 - Corte de melhoramento e seleção (desbaste), limpeza do 
sub-bosque (eliminação dos indivíduos indesejados) e remoção 
de cipós a + (2 a 6) 
6 - Acompanhamento do crescimento do povoamento (Inventário) e 
. exploração das árvores "maduras" tempo de exploração da floresta a + n 
a = ano de exploração n = período do ciclo de corte 
Todas estas operações devem ser conduzidas separadamente nos talhões de regeneração 
de forma intercalada com ações anuais. 
Vantagens: O estoque de crescimento poderá ser enriquecido com 
espécie(s) de interesse através da condução da regeneração ou por 
regeneração artificial; a divisão da floresta em talhões de regeneração, 
favorece o controle e acompanhamento do desenvolvimento e crescimento 
da(s) espécie(s) de interesse; o custo total da regeneração é reduzido; a 
171 
As atividades de condução da regeneração são reduzidas, 
geralmente, em duas operações: cortes de semeadura (regeneração) e 
cortes de melhoramento e seleção, incluindo o desbaste. 
Normalmente os cortes de semeadura consistem simplesmente, na 
liberação da regeneração já existente, embora ooorram situações em que se 
faz necessário o emprego da regeneração artificial. 
Os cortes de melhoramento e seleção são utilizados para explorar a 
madeira das "árvores maduras", assim como, remover as árvores defeituosas 
e sem valor comercial, que estiverem competindo e interferindo 
negativamente no desenvolvimento dos indivíduos de maior interesse. 
O sistema tropical de floresta de cobertura difere do sistema 
uniforme nos seguintes aspectos: o sistema tropical de cobertura mantém o 
dossel superior da floresta fechada, formando uma cobertura alta da floresta 
das espécies de interesse com boas características florestais e boa 
produção de sementes; difere ainda por manter na floresta, todos os 
indivíduos da(s) espécie(s) de interesse pertencentes as diversas classes de 
desenvolvimento. 
Este sistema é bastante difundido nas florestas tropicais do mundo, 
variando de acordo com as características particulares de cada região. 
A seguir na Tabela 4.6, serão apresentados de maneira resumida, as 
principais atividades envolvidas no sistema tropical de florestade cobertura. 
Os cortes na floresta prosseguem através da seleção e 
melhoramento, explorando as árvores "maduras" e eliminando as 
indesejadas, proporcionando condições favoráveis para que os estratos 
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172 
Sistem as Silvicultumis 
Na índia o sistema é aplicado às florestas onde a espécie Shorea 
robusta (Dipterocarpaceae) apresenta um padrão agregado de distribuição 
sobre uma área com uma ampla variação edáfica e climática. Nestas 
florestas, 5-6 anos após a primeira intervenção inicia-se o desbaste da 
regeneração e uma gradual remoção do sub bosque. O processo de 
transformação da floresta, completa-se por volta do 10° -12° ano. 
Em síntese o objetivo do sistema neste caso baseia-se em elevar o 
dossel superior das espécies de interesse e reduzir o número de classes de 
idade na floresta. 
O sistema tropical de floresta de cobertura é também aplicado em 
outras regiões, obtendo resultados satisfatórios como no caso da Nigéria, 
Guiana Inglesa e Trinidad e Tobago. Em alguns casos, o sistema original 
sofreu modificações, objetivando-se proporcionar melhores condições de 
desenvolvimento da espécie de interesse e ajustar o sistema às condições 
locais. Estas modificações são conhecidas por outras denominações como: 
"Método do plantio sob abrigo temporário em Trinidad e Tobago, entre 
outros. 
4.2.3.4.Sistema de Talhadia 
Basicamente os sistemas de talhadia são métodos de reprodução 
vegetativa das florestas, através da condução de brotações ou raízes das 
árvores cortadas ou aneladas. 
O sistema de talhadia em sua forma original, pode ser dividido em 
três outros diferentes sistemas de acordo com a prática silvicultural adotada, 
173 
regeneração desenvolve-se em condições de rápido estabelecimento e 
desenvolvimento; não expõe o solo, com isso reduz os riscos de erosão; 
mantém na área as árvores porta-sementes até que a regeneração seja 
estabelecida. 
Desvantagem: Só produz receita após um certo período de tempo 
gasto na preparação da floresta, ou seja, apresenta um alto custo inicial de 
transformação da floresta. 
• Aplicação: 
Na Malásia o sistema tem sido aplicado nas florestas de 
Dipterocarpaceas, com uma estrutura de multi-estoque, a qual é conhecido 
como "Sistema Malaio Uniforme". 
O ponto chave do sucesso deste sistema é a presença constante 
na floresta, dos cortes de condução da regeneração, favorecendo 
as espécies de interesse, principalmente a espécie Shorea leprosula 
(Dipterocarpaceae). 
Em Uganda, o sistema é aplicado em 2 grandes grupos de florestas 
tropicais semi-decídua. O primeiro ocorre na Costa Norte e Noroeste do lago 
Víctória, chamado de Mengo do Sul; o segundo grande grupo, este/ide-se 
do Norte de Masindi ao Sul de Ruanda, chamado de floresta de Budongo, 
Bugoma e Toro. As espécies predominantes nas florestas mistas destas 
áreas são: Khaya anthotheca, Entandrophragma angolense, £ cylindricum, 
E utile, Lovoa brownii, Chlorophora excelsa, entre outras, incluindo alguns 
gêneros da família Meliaceae com valor comercial. 
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174 
Sistemas Silviculturais 
Na Inglaterra o censo de 1979-1982 revela que a área ocupada pelo 
sistema de talhadia simples é cerca de 25.711 ha, com uma rotação média 
entre 7-9 anos com 1.500 brotações/ha. 
TABELA 4.7. Seqüência das principais atividades envolvidas no sistema de talhadia 
Atividades Época 
1 - Inventário do estoque e divisão da área em sub-unidades de ações a-1 
(talhões) * 
2 - Exploração parcial (seleção) ou total (corte raso) da(s) espécie(s) de 
interesse a 
3-Eliminação dos indivíduos indesejados (anelamento ou 
envenenamento) e limpeza dotalhão visando proporcionar 
condições para um bom desenvolvimento das brotações a+ 1 
4 - No caso de talhadia composta, caso a reg. natural não seja suficiente 
para a(s) espécie(s) de interesse, é necessário ocupar as áreas 
abertas (clareiras) pela exploração com a reg. artificial, enfatizando 
a(s) espécie(s) de interesse a+ 1 
. 5 - Tratos silviculturais de condução das brotações (desbaste, poda, 
adubação, limpeza dos competidores indesejadose combate de 
pragas e doenças) a+ (1,2...,n-l) 
6 - Acompanhamento do desenvolvimento das brotações e/ou 
indivíduos de alto fuste no caso da talhadia composta 
(Inventário Periódico) a+ (2,4...,n-1) 
7 - Ap.atingir o ciclo de corte, no caso das brotações ou árvores de alto 
fuste na talhadia composta, faz-se a nova exploração e repete-se este 
procedimento a+ n 
n = Idade do ciclo de corte ou rotação a = ano de exploração 
175 
sendo eles: Sistema de Talhadia Simples, Sistema de Tafiaslia de Seleção e 
Sistema de Talhadia Composta. 
Na Tabela 4.7 é apresentado um quadro cora as principais 
atividades envolvidas no Sistema de Talhadia. Estas atividades podem ser 
implementadas ou substituídas por outras de acordo cora as características 
locais (clima, solo, topografia, etc) e o tipo de fosesta envolvida 
(características das espécies de interesse), bem como em função do tipo de 
talhadia praticado (simples, de seleção ou composta). 
O sistema de talhadia poderá ser aplicado em povoamentos 
equiâneos e homogêneos impJantados através da regeneração artificial após 
praticado o corte raso da cobertura florestal (p.ex.: reflorestamento com 
Eucalipto). 
* 
Com surgimento da eletrificação rural após a 1 a Guerra Mundial, do 
combustível e gás natural após a 2 a Grande Guerra, o sistema de talhadia 
em florestasnaturais na Europa em geral, teve uma significativa redução. 
Na França atualmente estima-se uma área de aproximadamente 5 
milhões de ha destinado ao sistema de talhadia, com uma produção anual 
variando entre 1,5 a 5 m 3/ha dependendo da espécie táilizada e das 
características do sítio. 
Na Itália 3,6 milhões de ha de floresta são destatailos à talhadia 
simples ou talhadia composta, e estas vêem sendo abandonadas desde 
1950 devido a imigração da população rural para as zonas urbanas. 
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176 
Sistemas Silviculturais 
cepa, mas com o passar dos anos os brotos com menor vigor vão sendo 
eliminados naturalmente, permanecendo cerca de 2 a 15 brotos/cepa. 
Especificamente para espécies do gênero Eucalyptus a prática da desbrota 
é freqüente. Neste caso deixa-se 2 a 3 brotos nas cepas cujo diâmetro é 
superior ou igual a média quadrática destas, ou 1 broto quando a cepa tem 
diâmetro inferior a média quadrática das cepas do povoamento florestal. 
Cepas de grande porte, não formam brotações vigorosas, portanto a 
produção de brotos a partir dessas, deverá restringir-se a árvores de pouca 
idade, não mais que 40 anos. 
Algumas espécies regeneram livremente através de rebentos, 
brotações das raízes. Este tipo de reprodução vegetativa é bastante comum 
nas regiões de cerrado no Brasil Central. Muitas dessas espécies que 
regeneram por rebentos, normalmente produzem ao mesmo tempo 
brotações das cepas. 
As árvores devem ser abatidas próximo ao solo (5-10 cm), visando 
proporcionar o surgimento das brotações das cepas ao nível do solo, 
facilitando assim as atividades silviculturais posteriores, e evitar a formação 
de raízes adicionais e independentes indesejadas. 
O corte de colheita deve ser efetuado durante a estação de menor 
atividade fisiológica das árvores. Se o corte for efetuado durante a estação 
de inverno, os riscos das cepas serem danificadas pela geada aumentam, 
reduzindo consequentemente o número e o vigor das brotações. Na prática, 
o período para se proceder o corte dependerá também da disponibilidade 
de mão de obra. 
177 
Nas florestas sub-tropicais de O/ea cuspidata e Acácia modesta, no 
Paquistão, estas espécies são trabalhadas sob o regime do sistema de 
talhadia de seleção, explorando as árvores com um diâmetro mínimo 
variando entre 15 e 20 cm em uma altura de 30 cm acima do nível do solo 
Na República Federativa da Alemanha atualmente são ocupados 
95.000 ha pelo sistema de talhadia composta, principalmente nas florestas 
comunitárias do Oeste e Sudoeste da República. 
Nas Florestas Tropicais são poucas as informações conhecidas para 
o sistema de talhadia composta, embora na índia este sistema envolva cerca 
de 1,6 milhões de ha, suprindo a demanda local de lenha, madeira de 
pequeno tamanho e outros fins. 
No Brasil o sistema de talhadia mais utilizado é o sistema de talhadia 
simples, praticado nos povoamentos de Eucalyptus spp destinado à 
produção de celulose, papel e madeira para a indústria moveleira. 
• Sistema de Talhadia Simples 
O termo 'Talhadia Simples" é usado para distinguir, o sistema de 
talhadia original, do sistema de talhadia composto. 
O sistema de Talhadia Simples envolve a reprodução dos vegetais 
por meio de brotações das cepas ou rebentos. 
O número de brotos e o vigor destes, variam consideravelmente 
entre as espécies e de acordo com o sítio e o clima onde estas se 
desenvolvem. Normalmente surgem inúmeros brotos a partir de uma única 
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Na Tansânia, experimentos feitos com Cássia sianea, apresentou o 
mês de maio como o período mais favorável para o corte das árvores 
destinado a condução de suas brotações. 
O Sistema de Talhadia Simples é uma técnica essencialmente 
destinada à produção de madeira para fins energéticos (lenha ou carvão) ou 
para obtenção de madeira de pequeno a médio tamanho (p.ex.: escoras 
para a construção civil, pequenas peças de madeira, etc), bem como para o 
abastecimento de matéria prima às indústrias de papel e celulose, visto que 
em todos estes empregos não se exige grandes diâmetros das toras. 
No Brasil os povoamentos equiâneos de Eucalyptus spp, sob o 
sistema de talhadia simples apresentam uma rotação que varia de 7-10 anos, 
de acordo com as condições do sítio. No caso dos objetivos serem a 
obtenção de produtos para serraria, o ciclo de corte varia entre 15-25 anos, 
dependendo da produtividade do local e da dimensão, final do produto 
desejado. 
No Sistema de Talhadia Simples a rotação é determinada 
principalmente com base no tamanho do produto final desejado. 
Vantagens: é um sistema simples e fácil 'de ser conduzido, a 
reprodução dos. vegetais é normalmente mais segura e mais barata do que 
via semente, o crescimento inicial é mais rápido, a prática do desbaste 
fornece produtos num menor tempo antecipando a geração de receitas, 
homogeneidade da produção e da qualidade do produto final. 
178 
Sistemas Silviculturais 
Desvantagens: o produto final é geralmente de pequeno a médio 
tamanho e o sucesso financeiro do sistema dependerá da existência de 
mercado para tal produto; a aparência do povoamento é monótona 
(povoamento equiâneos e homogêneos); grande número de mão de obra 
envolvida devido as várias intervenções necessárias; grande extração de 
nutrientes do solo, principalmente nos sistemas de curta rotação, entre 
outras desvantagens, 
x 
• Sistema de Talhadia Seletivo 
É uma variação do sistema de talhadia simples onde o resultado 
final é geralmente a obtenção de uma floresta multiânea e mista quanto a 
composição de espécies. 
Em síntese o Sistema de Talhadia Seletivo é similar ao Sistema 
Seletivo em Floresta Alta', onde um diâmetro mínimo de exploração é frxado 
de acordo com as dimensões do produto final e a idade estimada em que as 
brotações atingirão esse diâmetro. Essa idade determinará a rotação., 
A área deve ser dividida em talhões de acordo com a rotação, ou 
seja o número de talhões deverá ser igual ao número de anos necessário 
para que as brotações completem o seu ciclo de corte. Apenas os indivíduos 
que tiverem alcançado o diâmetro mínimo de exploração serão colhidos. 
Na prática este sistema varia em detalhe à cada caso, por exemplo: 
rotação de 30 anos com dois ciclos de corte de 15 anos ou três ciclos de 
corte de 10 anos cada; rotação de 27 anos com três ciclos de 9 anos cada 
ou rotação de 21 anos com 3 ciclos de 7 anos cada. 
179 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
180 
Sistemas Silviculturais 
181 
brotações das cepas e; o segundo formado por um estrato superior com 
idade desigual, chamado de dossel superior, originado a partir da 
reprodução por alto fuste (sementes ou mudas - natural ou artificial), 
conforme mostra a Figura 4.5. 
Em síntese o sistema é uma mistura de árvores formadas a partir da 
brotação das cepas crescendo sob um dossel formado por árvores 
formadas pela reprodução de alto fuste. Resultando em produtos de várias 
dimensões. 
O propósito de se deixar o dossel superior na área é de providenciar 
uma certa quantidade de madeira de maior dimensão, produzir sementes 
para a regeneração natural (árvores porta sementes). E, em alguns casos, 
proporcionar uma proteção ao sub-bosque contra os possíveis danos de 
vento e geadas, bem como a exposição direta a luz solar no caso das 
espécies pouco tolerantes ao sol. 
O ciclo de corte é fixado de acordo com o tamanho da área, a qual 
é subdividida nas muitas unidades de ações anuais (talhões) conforme a 
idade de rotação (igual ao sistema de talhadia simples). 
Junto com cada ação anual de derrubada (exploração do talhão) as 
seguintes operações devem ser conduzidas simultaneamente: 
• O sub-bosque deve ser abatido através do corte raso, como no 
sistema de talhadia simples.• Um certo número de árvores do estrato superior deve ser abatido 
(a partir do diâmetro mínimo estabelecido) e o restante deve ser 
preservado para os próximos ciclos de corte, garantindo assim a 
Este sistema é geralmente usado em solos menos produtivos e 
normalmente pedregosos; em campos acidentados inóspito para a 
agricultura e onde as árvores das floresta nativas não atingem grandes 
dimensões. 
Vantagens: O solo permanece constantemente coberto diminuindo 
assim os riscos de erosão, devido aos constantes cortes de exploração dos 
indivíduos que alcançam o diâmetro mínimo explorável, além do desbaste 
das competidoras. Há uma antecipação na geração de receita, entre outras 
vantagens. 
Desvantagens: A operação de exploração é mais trabalhosa e 
danifica os indivíduos remanescentes menores. O desenvolvimento dos 
brotos é menor que no sistema de talhadia simples e exige um rígido 
controle do desenvolvimento das brotações e acompanhamento do estoque 
de produção. 
• Sistema de Talhadia Composta 
É uma variação do sistema de talhadia simples na qual populações 
sob regeneração, a partir de brotações de cepas, são formadas sob o fossei 
superior composto por árvores advindas da regeneração por meio de 
sementes ou mudas. 
O Sistema de Talhadia Composta tem dois componentes distintos, o 
primeiro formado por um estrato inferior com idade uniforme, chamado de 
bosque ou arvoredo, e originado da reprodução vegetativa por meio das 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
ANTES DO CORTE 
APOS O CORTE 
FIGURA 4.5. Ilustração do Sistema de Talhadia Composta 
Sistemas Silviculturais 
Estas operações devem ser repetidas regularmente a cada ciclo de 
corte. No caso do exemplo citado na Figura 4.5, as ações de exploração do 
sub-bosque (arvoretas formadas a partir de brotações das cepas) tiveram 
seu ciclo de corte estipulado em 25 anos e o estrato superior (originário de 
árvores formadas através da reprodução por alto fuste) uma rotação de 100 
anos, com ciclos de cortes (exploração) variando em função do 
desenvolvimento das árvores (até alcançarem o diâmetro mínimo de 
exploração). t 
A seleção das árvores para serem abatidas ou preservadas deve 
levar em conta o número médio de árvores por unidade de área, sua 
distribuição sobre a área e manter uma correta proporção de árvores por 
classes de idade e tamanho (manutenção da estrutura original da floresta). 
O número de árvores ou volume da madeira (área basal) a ser 
preservado, depende da importância ecológica relativa desta espécie no 
dossel superior e nos estratos inferiores da floresta. 
A derrubada de exploração não é restrita apenas àquelas árvores 
que tenham alcançado o diâmetro mínimo de exploração, mas também 
inclui a remoção das árvores mortas, defeituosas, doentes e aquelas sem 
interesse comercial, que ocupam grande parte do dossel (copas grandes). 
A remoção pode se estender às árvores sadias, .mas que estejam em 
excesso, causando competição entre si (desbaste). 
Os tratos silviculturais devem se estender por todo o período de 
desenvolvimento de ambos estratos, compreendendo as seguintes 
atividades: a) limpeza - consiste na remoção das ervas daninhas, espécies 
indesejadas e cipós; b) desbaste - tem por objetivo livrar as árvores jovens 
183 
proteção dos estratos inferiores e a produção de sementes para 
a regeneração natural futura. 
• As aberturas na floresta, causadas por morte natural das cepas e 
árvores do dossel superior ou pela exploração (em ambos 
estratos) devem ser ocupadas pela condução da regeneração 
natural ou se necessário introdução da regeneração artificial, 
com ênfase nas espécies de interesse, garantindo assim o 
suprimento de ambos os estratos às explorações futuras. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
184 
Sistemas Silviculturais 
4.2.3.5.Sistema Celos de Manejo 
A exploração comercial da madeira em florestas tropicais da 
América do Sul, na maioria das vezes fica restrita a um número muito 
pequeno de espécies. Na tentativa de reverter este quadro, bem como 
explorar estas áreas de maneira sustentável, a Universidade de Wageningen 
na Holanda e a Universidade Anton de Kom no Suriname, desenvolveram em 
conjunto o sistema de manejo CE3-OS. 
A sigla CELOS é uma abreviação holandesa para Centre for 
Agricultural Research in Suriname. Este sistema teve início em 1965 e foi 
interrompido em 1983, por questões políticas. 
Basicamente o sistema CELOS compreende dois aspectos 
independentes; um primeiro onde a floresta é submetida a técnicas ou tratos 
silviculturais, para reduzir os danos à floresta residual, bem como os custos 
da exploração e um segundo, visando aumentar a produção das espécies 
de valor comercial, com redução do ciclo de corte. 
Conforme esses princípios, o Sistema de Manejo Celos - SMC foi 
desenvolvido nas florestas tropicais do Suriname, compreendendo dois 
aspectos: o Sistema Celos de exploração e o Sistema Celos Silvicultural. 
O Sistema Celos de exploração consiste em uma meticulosa 
organização do trabalho, ou seja, uso de técnicas especiais de exploração e 
ênfase no inventário como essencial ao plano, resultando em uma 
considerável redução dos danos à floresta residual. Este sistema inclui a 
elaboração de mapas com as características do terreno e localização das 
árvores a serem cortadas; planejamento e abertura de trilhas para a 
185 
promissoras e as brotações das cepas com crescimento vantajoso da 
competição, assim como eliminar as árvores mortas e doentes; e c) poda -
visa produzir madeira livre de nó e de boa qualidade como produto final da 
exploração (colheita). 
Vantagens: Fornece material de diferentes tamanhos e em uma 
considerável variedade de espécies, suprindo a demanda local de materiais 
de pequeno, médio e grande porte (lenha, poste, madeira para serraria, etc); 
produz rápido retorno financeiro; exige um pequeno investimento inicial 
quando comparado com muitos outros sistemas; providencia uma melhor 
cobertura do solo e consequentemente minimiza os danos por erosão; e a 
grande diversidade de espécies e estratos (classes de diâmetro e idade) 
propicia uma boa aparência à floresta; além de permitir a presença e 
manutenção da fauna silvestre local. 
Desvantagens: É difícil de ser aplicado corretamente, mantendo um 
balanço adequado entre estoque do sub-bosque (brotações de cepas) e 
dossel superior (reprodução por alto fuste) e uma correta distribuição 
desses indivíduos nas classes de idade e diâmetro; o crescimento do 
sub-bosque abaixo do dossel superior é em geral menos vigoroso do que na 
talhadia simples e; a colheita do produto final requer mais trabalho (mão de 
obra) do que áreas de tamanho equivalente sob o sistema de talhadia 
simples. 
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186 
Sistem as Silviculturais 
plantas de interesse comercial. Este refinamento é implementado poucos 
anos antes do corte. 
TABELA 4.8- Distribuição do volume (m3/ha) de todas as espécies e de um grupo de 30 
espécies comerciais em 16 parcelas de 1 ha antes e após o tratamento 
silvicultural 
Classes de Diâmetro 
5-15 15-30 30-45 45-60 60-75 75-30 90-105 Total 
Todas espécies em 
1975 17 59 69 60 63 31 9 
308 
Todas espécies em 
1979 15 44 31 15 6 1 1 
113 
Espécies comerciais 
em 1976 0 4.1 9,1 6,1 2 0,4 0,5 
22,2 
Espécies comerciais 
em 1982 0 4,5 15 10,4 3,1 1,1 0 
34,1 
Segundo Boxman et al. (1985), o Sistema de Manejo Celos 
proporciona, para as florestas tropicais ue l e n a m ™ ^ 
exploração superior a 20 m 3/ha de madeira comercia! de alta qualidade, em 
um per,íodo de ciclo de corte variando de 25-30 anos. 
A Tabela 4.9 representa a seqüência das principais atividades 
envolvidas no Sistema de Manejo Celos. 
187 
localização das árvores a serem cortadas etransportadas; extração da 
madeira através de arraste por guirtcho (caso possível) e registro do fluxo de 
toras. Com o uso deste sistema, o custo da exploração reduz-se em torno 
de 10-20% e os danos da exploração em 50% (Boxman et al., 1985). 
Já o Sistema Silvicultural CELOS é implementado após a 
exploração, visando aumentar o desenvolvimento das espécies 
remanescentes de interesse comercial. O primeiro refinamento é feito para 
que haja um aumento da representação das espécies comerciais em relação 
às não-comerciais e é implementado um a dois anos após o corte. 
Recentemente não mais é feito em toda a área, mas spmente num raio de 10 
metros daquela planta que se quer íãoerarda concorrência, eliminando-se as 
não-comerciais com mais de 20 cm e os cipós. Esta vegetação cortada vai 
incorporar mais rapidamente nutrientes ao solo e, normalmente, há um 
acréscimo em diâmetro de 4 para 10 mm e um aumento- da taxa de 
mortalidade de 1,5 para 2% ao ano a partir da aplicação do método. Neste 
refinamento ocorre redução da área basal de 31 para 12 a 16 m 2/ha. 
Aproximadamente 8 a 10 anos após o primeiro refinamento é feito 
um segundo, já que a taxa de crescimento começa a declinar. Este 
refinamento é similar ao primeiro, só que eSiminando plantas não-comerciais 
acima de 10 cm de diâmetro. Após este refinamento as comerciais 
predominam, conforme pode-se ver na Tabela 4.8. 
Um terceiro refinamento ainda é implementado com o objetivo 
principal de remover cipós para preparar o novo corte em torno dos 20-25 
anos, reduzindo assim os danos da exploração e eliminando pequenas 
árvores de espécies indesejáveis que poderiam suplantar as pequenas 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 4.9. Seqüência das principais atividades envolvidas no Sistema de Manejo Celos 
Atividades Período (anos) 
1 - Inventário detalhado do estoque comercial e regeneração; 
enumeração das árvores de interesse comercial (a-2) 
2 - Demarcação das sub-unidades de ação, estabelecimento das vias 
de acesso e transporte das árvores abatidas e localização das 
árvores selecionadas para exploração a-1 
3 - Exploração das árvores selecionadas (marcadas) a 
4 - Registro das toras a 
5 - Extração das toras através de guinchos a+ (1/12) 
6 - Trato silvicultural de condução dos remanescentes da exploração 
(1 o refinamento e remoção dos cipós), se necessário regeneração 
artificial a+ 2 
7 - 2 o refinamento e remoção de cipós a+ 10 
8 - Preparação para 2 a exploração (remoção de cipó) a+ (n-1) 
a = ano da exploração e n = idade do ciclo de corte 
Obs: Estas atividades devem ser repetidas, a partir de cada novo 
ciclo de corte. 
Recomendações Finais , 
Por fim pode-se afirmar, com base no exposto acima que não há um 
sistema silvicultural perfeito. Deve-se portanto, ajustar as atividades de tratos 
silviculturais e os princípios destes sistemas às características particulares 
do sítio e da(s) espécie(s) objeto do manejo buscando com isso a 
sustentabilidade da floresta e a economicidade da atividade ou do 
empreendimento florestal. 
188 
5 
MODELAGEM DA PRODUÇÃO, IDADE 
DAS FLORESTAS NATIVAS, 
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS 
ESPÉCIES E A ANÁLISE ESTRUTURAL 
José Roberto S. Scolforo 
2 
Frederico Aparecido Pulz 
José Marâo de Melo 
O Brasil é um pas com grande vocação florestal, apresentando em 
tomo de 6,8 milhões de hectares de florestas plantadas e 385 milhões de 
florestas nativas. Nas florestas plantadas, a base cadastral, em conjunto com 
o inventário florestal contínuo, permite um eficiente acompanhamento do 
crescimento e da produção, os quais possibilitam definir claramente a 
rotação física e também a rotação econômica, amparando tais definições em 
modelos de classificação de sítio e modelos de prognose da produção. 
. Professores do Departamento de Ciências Florestais - UFLA 
2. Estudante de Pós Graduação em Engenharia Florestal 
189 
r 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
190 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural 
191 
de intervenção; dos danos causados à população residual no momento da 
exploração e transporte, dentre outros. No tocante aos modelos de 
prognose, e em que pese a impossibilidade de efetuar classificação através 
do método de índice de sítio e da dificuldade de se ter controle da idade 
nestas populações, é possível desenvolver ou aplicar a teoria de projeção de 
tabelas do povoamento às florestas nativas. Podem-se citar, dentre outros, 
os trabalhos de Adams e Ek (1974), Linch e Moser Jr. (1986), Moser (1972), 
Turnbull (1963), Bolton e Meldahl (1989). No Brasil, as experiências em 
prognose da produção estão restritas a trabalhos desenvolvidos por Silva 
(1989), através do Standpro, desenvolvido por Kofod em 1982 e atualizado 
por Korsgaard em 1988. Este modelo baseou-se no tempo de passagem e 
no quociente de "De Liocurt", e foi utilizado para realizar projeções na 
Floresta Nacional do Tapajós, com o objetivo de simular os efeitos de 
tratamentos silviculturais nos parâmetros do povoamento (crescimento, 
mortalidade, ingressos e movimento das árvores). Este autor recomenda 
que o ciclo de corte deve ser de 25 a 30 anos após a 1 a colheita para a 
floresta em questão. 
Outros trabalhos foram desenvolvidos por Azevedo (1993), Freitas e 
Higuchi (1993) e Higuchi (1987) todos eles fazendo uso da cadeia de 
Markov. Neste procedimento, estudam-se os fenômenos, a partir de um 
estado inicial, os quais passam por uma seqüência de estados, sendo que a 
transição entre os estados ocorre segundo uma probabilidade. 
Scolforo et al. (1996) utilizou o método razão de movimentação dos 
diâmetros para gerar as tabelas de produção. A seguir apresenta-se como 
construir um modelo de produção baseado no método citado. 
Nas florestas nativas, além de toda a complexidade de sua 
composição, com um grande número de espécies apresentando as mais 
diferentes características silviculturais, ecológicas e tecnológicas, poucas 
são as informações de como as plantas crescem, seja em áreas intactas, 
seja em áreas exploradas, ou ainda em áreas sujeitas a regime de manejo. 
Um dos importantes pontos a serem abordados para estas florestas é a 
definição do ciclo de corte, e também o conhecimento de como o número 
de árvores por classe de diâmetro evolui ao longo do tempo. Muitos outros 
pontos são relevantes para que as florestas nativas possam ser utilizadas em 
bases sustentadas podendo-se citar: o conhecimento da distribuição 
espacial das espécies; a fitossociologia; a suscetibüidade das espécies 
florestais à exploração; a economicidade do manejo sustentado; uma maior 
eficiência no processo de beneficiamento e aproveitamento da madeira, a 
racionalização das técnicas de exploração e transporte, dente outras. 
| 5.1.' MODELO DE PRODUÇÃO BASEADO NA RAZÃO DE 
MOVIMENTAÇÃO DOS DIÂMETROS 
j As experiências com manejo de florestas nativas no Brasil são ainda 
em número reduzido. Podem-se citar, dentre outros, os trabalhos realizados 
por Cruz (1991), Thibau et al. (1982), Jesus, Menandro e Thibau (1984a,b), 
Jesus, Souza e Garcia (1992), Jesus e Menandro (1984, 1984), Higuchi e 
Vieira (1990), Souza (1989), Lamprecht (1990), Silva (1989, 1990, 1991, 
1993); Veríssimo et al. (1992), Barreto, Uhl e Yared (1S93), Uhl et al. (1990), 
Almeida e Uhl (1993), UW et al. (1992), Yared e Souza (1993), Souza et al. 
(1993), Vale et al. (1994), Scolforo, Mello e Lima (1994), Tabai (1994), Volpato 
(1994) e Scolforo (1995). Nestas experiências, têm predominado os estudos 
da regeneração da floresta residual após intervenção; dos diferentes níveis 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Área 
Foi utilizado um remanescente de floresta semidecídua montana em 
Lavras, conforme classificação definida por Oliveira-Filho,Scolforo e Mello 
(1994), na região sul de Minas Gerais (21°13'40"S, 44°57'50"W, 925 m de 
altitude), cuja área total é de 5,8 ha. O clima é do tipo Cwb de Koppen 
(mesotérmico com verões amenos e estiagem de inverno). A precipitação e 
a temperatura média anual são 1493,2 mm e 19,3°C, respectivamente, com 
66% da precipitação ocorrendo no período de novembro a fevereiro (Vilela e 
Ramalho, 1979). 
Fonte de Dados 
Foram distribuídas, na área em questão, 126 parcelas, nas quais, no 
primeiro inventário em 1987, efetuou-se medição da circunferência à altura 
do peito (CAP) de todas as árvores com CAP > 15,7 cm. No segundo 
inventário, realizado em 1992, foram medidas, além da CAP de cada árvore, 
a altura do fuste comercial e também sua qualidade (1 = fustes retilineos; 
2 = fustes ligeiramente tortuosos; 3 = defeituosos ou mortos) e o estado 
fitossanitário das árvores (1 = árvore sadia; 2 = árvores doentes ou 
atacadas por inseto; 3 = árvores mortas/ocas), detectando-se 146 espécies 
distribuídas em 52 famílias. * 
192 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
193 
Quantificação do Incremento Periódico, da Mortalidade e do 
Recrutamento na Floresta 
Para um estudo mais detalhado da dinâmica da floresta, foi obtido 
para cada espécie e por classe de tamanho, o incremento periódico do 
diâmetro, o incremento periódico da área basal e o número de árvores que 
gerou tal informação, utilizando-se para tal o software "SISNAT" (Sistema 
para Florestas Naturais). 
Como ingresso ou recrutamento consideraram-se todas as plantas 
que no 2 o inventário entraram no processo de medição. Também a 
quantificação da mortalidade foi obtida após a realização do 2° inventário. 
Para obter a estimativa do número de árvores mortas, foram 
ajustados uma série de modelos matemáticos disponíveis em literatura, 
conforme apresentado na Tabela 5.1. 
Para obter a estimativa do recrutamento foram ajustados uma série 
de modelos matemáticos disponíveis na literatura. Partindo do 
conhecimento prévio do comportamento desta variável em floresta nativa, 
pode-se ajustar uma série de outros modelos, cujo melhor desempenho 
pode ser verificado no modelo (4), mostrado juntamente com os demais na 
Tabela 5.2. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 5.1. Modelos para expressar o comportamento da mortalidade de plantas em 
florestas nativas 
Autor Modelo 
AdamseEk(1974) M t = po Ni O) 
Hamilton (1974) 
1 
M = 
1 + exp(p0 + PiG + P2D,) 
(2) 
Moser (1972) 
5 NM 
-= poNt 
St 
(3) 
Exponencial negativa 
Scolforo etal., 1996 
Mi = PoeP"" (4) 
em que: 
Mt = número de árvores mortas num período de tempo especifico 
Nt = número de árvores vivas num período de tempo específico 
M = probabilidade de mortalidade de árvores num período de tempo específico 
G = área basal/ha 
Di= Diâmetro a 1,30 m em cm 
NM = número de árvores mortas num período de tempo específico 
Mi = número de árvores mortas num período de tempo específico 
di = valor central da iésima classe de diâmetro 
pi = parâmetros a serem estimados 
e, exp = exponencial 
194 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural 
TABELA 5.2. Modelos para expressar o comportamento do recrutamento de plantas em 
floresta nativa 
Autor Modelo 
Moser (1972) lt = P o e-pKGt/Nt) d) 
Adamse Ek(1974) 
lt = 
_ gmi + g2n2 
R 1 
+ ... + gnnk pi 
(2) lt = Po 1 
l i m + n2 + ... + nic J 
(2) 
Davidson et al.^1989) it = p 0 N t p 1 exp(-p 2GtP 3 . Nf1) (3) 
Exponencial negativa 
Scolforo et al., 1996 
li = PoePidi (4) 
em que: 
lt = recrutamento das plantas num período de tempo específico 
Gt = crescimento em área basal num período de tempo especifico 
Nt = número de árvores sobreviventes num período de tempo específico 
gi = área basal na iésima classe de diâmetro 
ni = número de árvores na iésima classe de diâmetro 
li = recrutamento das plantas num período de tempo especifico 
di = valor central da iésima classe de diâmetro 
e, exp = exponencial 
p, = parâmetros a serem estimados 
Modelagem em Floresta Natural 
De forma complementar ao item anterior foi aplicada a teoria de 
projeção das tabelas do povoamento a florestas nativas. O uso destas 
baseia-se em dois pontos: um primeiro é a necessidade de existirem dados 
de incrementos em diâmetro, e um segundo, de como eles podem ser 
aplicados. Deve-se considerar que mudanças na estrutura da floresta 
colocam em xeque informações de incremento passado existentes para o 
povoamento em questão. Neste caso, projeções por períodos longos não 
são recomendáveis. 
195 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
195 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural 
percentual de árvores que avançam uma classe de diâmetro em relação ao 
terceiro dígito a partir da direita. No exemplo, 15% das árvores movem-se 
duas classes de diâmetro, e as 85% restantes movem-se uma classe de 
diâmetro, com nenhuma árvore permanecendo na classe original. Se o 
incremento for 0,8 cm, e a amplitude da classe 2 cm, a razão de 
movimentação é 40%. Assim, 40% das árvores ou espécies movem-se uma 
classe de diâmetro e 60% permanecem na classe de diâmetro original. 
Após implementada a movimentação por classe de diâmetro, 
descontam-se. as árvores mortas, utilizando-se equação que estima esta 
variável. Deve-se também agregar às árvores existentes em cada classe de 
diâmetro, o número de árvores que ingressaram no processo de medição. 
5.1.1. Equações para Gerar o Modelo de Prognose 
Mortalidade 
Dentre os modelos ajustados da Tabela 5.2, pode-se observar 
através da análise do coeficiente de determinação (R 2), do erro padrão da 
estimativa (Syx) e da distribuição dos resíduos, que o modelo 4 foi o mais 
eficiente para estimar a mortalidade das árvores. 
Observou-se que o maior número de árvores mortas está 
concentrado na menor classe de diâmetro, conforme apresentado na Figura 
5.1. Pode-se verificar nesta figura que o comportamento do número de 
árvores mortas em relação às classes de diâmetro segue o padrão da 
função exponencial negativa, o que é confirmado ao verificar a equação. 
197 
O uso de projeção das tabelas do povoamento deve estar 
condicionado a algumas perguntas. Será que árvores que há 20 anos tinham 
30 cm de DAP e cresciam a uma taxa de 0,8 cm/ano, continuam mantendo 
esta taxa? Se não mantém, qual a nova taxa de crescimento, e a partir de 
que momento esta sofre alterações? Outras dúvidas podem existir. Por 
exemplo, se hoje existem árvores com 30 cm, crescendo a uma taxa de 
0,6 cm/ano, isto quer dizer que daqui a 10 ou 15 anos, quando a floresta 
pode ter outra estrutura, devido a causas naturais ou intervenções 
provocadas pelo homem, que árvores com 30 cm continuarão a crescer à 
taxa de 0,6 cm/ano? 
Dentre os métodos disponíveis na literatura, utilizou-se o do 
incremento diamétrico médio, reconhecendo dispersão dentro da classe de 
diâmetro. Este método pode ser utilizado, mesmo quando a distribuição dos 
diâmetros não é conhecida na classe de diâmetro, assumindo-se que esta é 
uniforme. Dentro desta suposição, a proporção de árvores que avançaram 
no lado direito da classe pode ser definida como a razão de movimento. 
IP 
m = . 100 
AD 
em que: 
m = razão de movimento; $ 
IP = incremento periódico do DAP; 
AD= intervalo da classe de diâmetro. 
Assim, considerando um incremento de 2,3 cm e um intervalo de 
classe com amplitude de 2 cm, então a razão de movimento é 115% 
[(2,3/2,0). 100 = 115%]. Neste caso, os dois dígitos à direita expressam o 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Mj= 1046,95835 e" 0 ' 3R 2 = 99,2% 
Syx= ± 3,089 arv/ha 
Syx%= 25,01% 
"»' • i . • »1 i • . — . — . — • — i — . — , — , — , — , — , 
7,5 12,5 17,5 22£ 27,5 32,5 37,5 42,5 47,5 5 2 £ 57,5 GZfi 67,5 72,5 
Classes d« diâmetro (cm) 
FIGURA 5.1. Número de árvores mortas/ha/classe de diâmetro 
No entanto, embora morram mais árvores suprimidas na floresta, 
pode-se observar na Figura 5.2 que uma maior proporção de árvores mortas 
é encontrada nas maiores classes de diâmetro, já que a distribuição 
198 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural 
4,3 
4 • 
3,5 
3 
2,5 4 
2 
1.5 
I • 
0,5 
O . . . < 1,U i, 1 t -JhhL , , 
7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5 37,5 42£ 47.5 52£ 57,5 6ZS 67,5 72,5 
C l o s s e s d e d i â m e t r o (cm) 
FIGURA 5.2. Valor percentual de árvores mortas/classe de diâmetro 
199 
decrescente, típica das florestas nativas, deixa claro um menor número de 
árvores nestas classes. Assim, qualquer modalidade que ocorra nestas 
classes assume um alto valor percentual. Em termos médios para a floresta, 
obteve-se que o percentual de árvores mortas é de 1%, o que está em 
conformidade com valores obtidos por De Graaf (1986), Jonkers (1988) e 
Silva (1989). 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Recrutamento 
Da mesma forma que para a mortalidade o modelo 4 foi o que 
apresentou melhor desempenho na estimativa do recrutamento, conforme 
ilustrado a seguir. 
I i= 32.887,3423 e " 0 ' 6 7 1 6 * 
r 2 = 99,99% 
Syx = ± 0,31 arv/ha 
Syx%= 3,48% 
Como ilustrado na Figura 5.3, o ingresso das árvores no processo 
de medição é quase que total na primeira classe de medição. Este valor 
anual correspondeu a 5,5% do total de árvores, após 5 anos de 
monitoramento. Este resultado é semelhante ao encontrado por Silva (1993) 
na Floresta Nacional de Tapajós, cuja taxa de ingresso anual foi de 5,4% 
após 7 anos de monitoramento da Floresta. Quando comparado ao número 
de árvores mortas no período de 5 anos (59 árvores/ha), pode-se constatar 
que o recrutamento (155 árvores/ha) supera em mais de 2,5 vezes, o que 
caracteriza o processo de desenvolvimento da floresta. 
Com relação aos grupos de espécies considerados na floresta em 
questão, verificou-se que as espécies frutíferas foram as que apresentaram 
maior ingresso no processo de medição, (116,4 indivíduos ao ano), seguidas 
das clímax exigentes de luz (71,6 indivíduos ao ano); das clímax tolerantes à 
200 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
2 5 0 
J = 2 0 ° 
£ 1 5 0 
c 
E IOO o 
O) 
7,5 12,5 17,5 22fi 2*5 32.5 375 42J5 475 5?5 575 62,5 675 72.5 
C l o s s e s d e d i â m e t r o ( c m ) 
FIGURA 5.3. Ingresso de árvores no processo de medição 
* A soma destes valores difere do número de recrutamento (155/ha/ano); já que uma mesma 
espécie pode compor um ou mais grupos (frutíferas..... pioneiras). 
201 
sombra (56,1 indivíduos ao ano),niaTesíéãe7^o7ri^^ 
(27,7 indivíduos ao ano); e das pioneiras (6,9 indivíduos ao ano)*. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Equações para Expressar o Incremento Periódico 
Utilizando-se os valores de ãncremento periódico obtidos para a 
mata toda, para as espécies comerciais, para as espécies clímax exigentes 
de luz, para as espécies clímax tolerantes à sombra, para as espécies 
frutíferas e para as espécies pioneiras, pode-se através do método 
"Stpewise", construir modelos que expressam o comportamento do 
incremento periódico em relação às classes de diâmetro, conforme 
apresentado na Tabela 5.3. 
Na Figura 5.4, são apresentadas, respectivamente, as curvas de 
incremento periódico estimados, em relação aos valores reais, por grupo de 
espécies, conforme equações apresentadas na Tabela 5.3. 
Conforme se pode constatar na Figura 5.4 (a), o incremento 
periódico é menor nas menores classes de diâmetro, progredindo com o 
aumento destas, e por fim apresenta a desaceleração nas maiores classes 
de diâmetro. Em média, pode-se verificar que o incremento periódico anual 
(IPA) nas classes menores que 27,5 cm de diâmetro (valor central da classe) 
é de 0,324 cm. Nas classes de 32,5 a 47,5 este valor é de 0,57 cm. Já nas 
classes de 52,5 a 67,5 cm, este valor é de 0,624 cm, e nas classes maiores 
que 67,5 cm, este crescimento é de 0,488 cm. 
Verificou-se ainda, que das 146 espécies estudadas, que a X/lopia 
brasiliensis, Rollinia sylvatica, Sclerolobium rugosum pluríjugum, Piptadenia 
gonoacantha, fícus pertusa, Zanthoxylum rhoifolium, Solanum inaequale, 
Alchornea triplinervea apresentam crescimento destacado em diâmetro, 
com taxas anuais médias de 0,68 cm, 0,78 cm, 0,64 cm, 0,92 cm, 0,66 cm, 
0,60 cm, 0,64 cm, 1,08 cm, respectivamente. 
202 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutura! 
TABELA 5.3. Equações que 
espécie 
estimam o incremento periódico (1987-1992) por grupo de 
Grupo de Espécie Equações 
(%) 
Syx 
(Ln/cm) 
Mata toda Ln(IP) = 0,037847 CLD - 0,000298 CLD2 93,3 0,263 
Espécies comerciais Ln(IP) = 0,0304 CLD - 3,676286 E-S CLD4 92,2 0,305 
Espécies clímax 
exigentes de luz 
Ln(IP) = 0,03319 CLD - 2,525192 E-6 CLD3 95,2 0,253 
Espécies clímax 
tolerantes à sombra 
Ln(IP) = 0,054064 CLD - 0,000432 CLD2 90,0 0,424 
Espécies frutíferas Ln(IP) = 0,056958 CLD - 0,000559 CLD2 95,1 0,276 
Espécies pioneiras Ln(IP) = 0,073848 CLD - 0,000679 CLD2 96,6 0,249 
em que: 
Ln = logaritmo na base e; 
CLD = valor central da classe de diâmetro; 
IP = incremento periódico (1987 -1992); 
R2 = coeficiente de determinação; 
Syx = erro padrão da estimativa (Ln/cm). 
203 
U F L A / F A E P E j J ^ ^ ^ 
e< 
7-
6 
5 
4 
3 
2 
I 
O 
L „ ( I P ) ' ° P 3 7 8 4 , 
CLD _ O , 0 O 0 2 3 8 C L D 
r2 = 9 3 , 3 % 
— Eitimodo 
m Ob«r«0<10 
L n ( I P ) = 0 , 0 3 0 4 
C L D _ 3 , 6 T 6 2 B E - 8 C L D ' 
^ = 9 2 , 2 1 % Í 
B * - . 9 5 , 2 2 % 
£ o -o.òoossgcto'1 
# = 9 5 , 1 3 % 
, e ) C L A S S E S DE D I Â M E T R O C o l 
L n ( l P ) « 0 , 0 5 4 0 6 4 4 
C L D - 0 , 0 0 0 4 3 2 C L I T • 
r2 I 90,01 % ^ 
1196 
O I2,S 22,5 32,5 ' 5 2 5 ' 62 ,5 72,5 
ld ) 
Ln(IP>>0.0T3e48 . 
CLD — O , 0OOS79 C L D 
r2= 9 6 , 6 5 % ' ' 
125 2 2 5 3 2 5 42.5 5 ^ 5 6 2 . 5 72,5 
( f ) C L A S S E S DE D I Â M E T R O t e m ) 
FIGURA 
C L A S S E S DE u i » ™ * - — 
5 A incremento P ^ ^ S S í 3 S 5 ' ^ K 
f e S ^ S S ^ S S Í l sombra; e) frutKeras; O pioneiras 
204 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural 
205 
5.1.2. Modelo de Produção 
Desenvolveu-se ainda o modelo de prognose da estrutura da 
floresta em questão. Foi utilizada estrutura original da floresta, obtida do 
inventário realizado em 1992, e então quantificado o percentual de 
movimentação em função da classe de diâmetro. 
A Tabela 5.4 mostra a prognose da estrutura de uma floresta 
semidecídua montana, num período de 20 anos. Foram considerados 4 
períodos de 5 anos para efeito das prognoses, nos quais se detectou a 
movimentação de árvores por classe de diâmetro, descontaram-se as 
árvores mortas em cada classe de diâmetro e acrescentaram-se os 
recrutamentos também por classe de diâmetro. 
Conforme se pode observar nesta tabela, a estrutura da floresta na 
menor classe de diâmetro permance inalterada ao longo dos 20 anos de 
prognóstico. Nas demais classes de diâmetro, há um aumento progressivo 
do número de árvores, o que demonstra o desenvolvimento da floresta. 
Assim, se for desejado implementar o manejo na floresta em 
questão, pode-se observar que, no período de 20 anos, houve um acréscimo 
de 176,4; 169,4; 77; 34,5; 25,3; 18,6; 11,9; 3,7; 3,5; 2,8;3,0; 2,3; 0,8 e 0,6 
árvores, respectivamente nas classes com valor central igual a 12,5; 17,5; 
22,5; 27,5; 32,5; 37,5; 42,5; 47,5; 52,5; 57,5; 62,5; 67,5; 72,5; 77,5. 
TABELA 5.4. Prognose da estrutura de um floresta semldecidua montana. 
CI .ASSESDE V D E IP R A / \ O D E " i DE ARVORES V 1)1- ARVORTS V D E A R V O R T - S V D E A R V O R E S V I I I . POP RJ-SID 
D I Â M E T R O -VRVORES (ou) M O V I M E N T A Ç Ã O M O V I M E N T A N D O - M O V I M E N T A N I X K S E NAS APÓS A MORTAS I N O R O W T H tfOS 1 
Sli NAS CI .VSS1S CI -UiSES D E D I Â M E T R O M O V I M E N T A Ç Ã O \NOS 
l )E D I Â M E T R O 
0 1 j " 0 1 1 
1 
3-10 181.7 1.71 u "76" " " 2 4 ~ 441.6 140,1 441.6 7.1.6 211.1 581,5 
1 
1013 187.9 1,64 11 67 3J 125.9 61.0 266.0 12.5 7.4 260.» 
1 1 3-10 96.8 l . l l 10 70 10 67.8 29.0 129.8 1.1 0.1 138.0 1 35-10 56.7 1.75 15 63 15 16.9 19.8 65.9 0,4 0.1 61.1 1 
13-30 J7.I 1,96 19 ( 1 19 11.6 14.1 41.9 0,1 42.1 0 1 0 J 3 15.9 2.28 44 14 46 1.6 7.1 11.1 21.1 0 
35-40 9.7 2.10 4« 54 46 5,2 4.1 12.5 12.5 
8.0 0 40-15 6.2 7.19 44 56 44 1.1 ! .7 8.0 
12.5 
8.0 0 
4 ! 50 2.6 4.65 91 7 91 0.1 2.4 1.9 2.9 
3 10-33 1.0 5,10 10] os 2 0.98 0.02 1.4 2.4 3 1 3 4 0 1,0 4.20 84 16 84 0.1 0,8 l . l l 1.18 s ( .0 *5 n.6 1.17 Cl )7 6.1 o. : 0.4 1,01 1.01 
65-70 M M - 57 41 57 0,4 0 , I | 
70-71 0,2 ! ,50 So 50 50 0,1 0.1 0,1 0,1 
71.«Q • 0,1 0,1 
C I .U iSES D E 
D I Â M E T R O 
S* DE ARV M U V I M l i N 1 ANÍX>-f ík NAS t'LuiSl!s l l l-
D I Â M E T R O 
0 1 J 
N U M E R O DE ARV APOS A 
M O V I M E N T A Ç Ã O 
V DE ARVORES 
MORTAS 
N'!)!-. INOHOSVni TO!' RESIDUAL 
APOS 10 ANOS 
1-10 445.5 140.0 441.5 71.6 211.5 581.4 
10-15 174.8 86.1 114.8 12.5 7.4 109.7 
13-10 89.6 18 4 173.7 2.1 " 3 173,9 
10.13 41.6 22.9 81,0 0,4 10.6 
13-30 25-8 16.5 4IL7 0.1 4S.6 
10-15 12.5 10.6 29,0 
0.1 
!9.0 
15-10 6,8 S.7 17.4 17.4 
40-43 4.3 l.J 10.1 . 10.1 43-30 0.3 1.7 1.7 1.7 
10-33 2,11 0.05 1,7 1.7 
55-60 0.1 0,98 2.33 2,55 
60-65 D.4 0.61 1.4,1 1,41 
65-70 0,17 0,1) 0.79 0.79 
70-73 0.03 0.01 0.18 0.18 
75-80 0.1 0 15 0.15 
Conimuaçao n> 
CLASSES DE V D E ARV M O V I M K N I A N D O . S E NAS CLASSES DE NUMERO Dl". ARV U-OSA V DE ARVORES V DE I N O R O V . T I I POP, RESIDUAL 
D I Â M E T R O D I Â M E T R O 
0 1 2 
M O V I M E N T A Ç Ã O MORTAS APÔS 15 ANOS 
5-10 443.4 140,0 441.4 71.6 213.5 581,1 
10-13 207.5 102.3 J47.5 12.5 7.4 342,4 
13-10 121,0 52.3 321.2 1.1 0 J 231.4 
20-2 5 52.4 38,2 104.6 0.4 104.3 
2 5 1 0 29.6 19.0 37.8 0.1 57.7 
10-15 11.7 13.3 14.7 • 34,7 
13-40 9,4 8,0 33,7 • 23,7 
40-41 4,3 IJ.7 13 , ' 
45-10 0,3 3.4 l . i - • 4.8 
50-55 3.6 0,1 1.4 1.4 
5 5 * 0 0.4 1.13 1.0 - 1.0 
6 0 4 3 0.53 0.9 1.1 • 3,8 
65-70 0.14 0,43 1.1 1.2 
70-75 0.14 0,14 0.6 0.6 
75-80 0.15 0.1 0.1 
Cünlmuiçdo . 
CLASSES DE N" l )E A R V M Ü V 1 M E N T A N D C V S E NAS CLASSES D E N1AÍERO DE ARV APOS A V DE ARVORES V DF. I N G R O W T H POP RESIDUAL 
D I Â M E T R O D I Â M E T R O 
0 1 3 
M O V I M E N T A Ç Ã O MORTAS APOS 30 ANOS 
3-10 443.3 140.0 441.1 73.6 213.3 181,3 
10-13 129,4 113,0 369.4 17,5 7.4 164,3 
13-10 135.0 66.4 268,0 2,1 0 J 366,3 
30-21 67.7 36.3 114.1 0.4 133,7 
33-30 11.2 22.3 71,7 0,1 71,6 
10-15 18.7 16.0 41.3 41.3 
13-40 11,1 10,4 21.3 • • 28.3 
40-43 7.7 6.0 11,1 • • 18.1 
45-50 0.1 4,5 6.1 • 6.3 
50-55 3.1 0,1 4.5 4.3 
5 5 * 0 0.5 3.3 ).« • - 3,8 
60-63 1,0 1.8 3.4 3,6 
63-70 0.3 0.7 2 J 2.1 
70-75 0.1 0.3 1.0 1,0 
75 80 0.1 
0.6 
0.6 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
208 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
i i i i i i i ) | j——j———j——|-——p-
7.5 ÍZJS (7,5 22,5 2 ? 5 32.5 37,5 42,5 47,5 52,5 57,5 62,5 67,5 72,5 77,5 
Classes de diõmefro 
FIGURA 5.5. Evolução da floresta por classe de diâmetro num período de 20 anos 
209 
Pode-se constatar na Tabela 5.4 e na Figura 5.5 que a mata terá no 
futuro potencial para estar sujeita a urn plano de manejo em bases 
sustentadas, já que o número de árvores/ha nas classes de diâmetro > 
52,5 cm (limite inferior 50 cm) aumentou de 2,8 para 15,8, o que demonstra 
potencial para aproveitamento futuro da mata se as taxas de crescimento 
em diâmetro se mantiverem como as atuais. 
Observe na Tabela 5.4 que, de 35 a 50 cm de diâmetro, existem 18,5 
árvores, as quais gastarão, no máximo, 25 anos para atingir a classe de 52,5 
de diâmetro. Esta mesma lógica é observada em relação às demais classes 
de diâmetro. Pode-se, desta maneira, definir que um ciclo de corte de 20 a 
25 anos é apropriado para que haja movimentação de 13 árvores para as 
classes com diâmetro mínimo de corte de 50 cm. Considerando que, na 
estrutura original, 30% dos indivíduos existentes tem potencial para 
comercialização, então se pode inferir que 3,9 árvores/ha com valor 
comercial terão dimensões acima de 50 cm de DAP. Para fins comparativos, 
Uhl et al., (1990) cita que em Tailândia, no Pará, são removidos em média de 
2 a 3 árvores com volume de 18 m 3 por hectare. Em Paragominas, uma das 
mais produtivas áreas do Pará, Barreto, Uhl e Yared (1993) citam que em 
três áreas experimentais, utilizadas por sua equipe, são removidas em média 
6,8 árvores por hectare, com volume médio de 38 m 3 . 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
5.2. O MODELO DE PRODUÇÃO ATRAVÉS DA MATRIZ 
DE TRANSIÇÃO 
Dentre os modelos por classe de diâmetro, a cadeia de Markov ou 
matriz de transição é um importante instrumento para viabilizar a prognose 
da produção em florestas nativas. A prognose a partir deste método é feita 
através da estimativa da probabilidade de transição dos diâmetros entre 
classes diamétricas, ou seja, projetá-los para o futuro, a partir da matriz de 
probabilidade de transição. As probabilidades da matriz de transição em um 
determinado período de medição são obtidas pela razão das mudanças 
ocorridas numa classe diamétrica, tais como: árvores que mudaram de 
classe, árvores mortas e árvores que permaneceram na classe, pelo número 
de árvores existentes na classe diamétrica, em questão, no início do período 
de crescimento. 
Estas projeções não devem ser realizadas para período de tempo 
longo, haja visto que o desempenho dos modelos é condicionado a dois 
pontos básicos. Um primeiro considera que o incremento periódico em 
diâmetro das árvores da floresta, obtido nas parcelas permanentes, tem o 
comportamento no futuro idêntico ao obtido por ocasião das avaliações 
realizadas nas parcelas permanentes. Neste caso assume-se que apesar de 
mudanças em sua estrutura, a floresta continuará no futuro a apresentar 
mesmo crescimento periódico que aquele detectado por ocasião da 
avaliação das parcelas permanentes. Esta característica ou propriedade do 
modelo em questão é denominada de transição estacionaria. 
Um segundo ponto básico é que a projeção da estrutura da floresta 
depende somente do estado atual, não sofrendo efeito de qualquer 
210 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies eA nálise Estrutural 
11 Í2 13 Í4 in 
ai 0 0 0 0 ... 0 
b 2 a2 0 0 0 ... 0 
C3 b 3 a3 0 0 ... 0 
0 C4 b< a4 0 ... 0 
0 0 cs bs as ... 0 
0 0 0 Cn bn a n 
Onde: 
in = classes de diâmetro 
211 
característica passada da floresta. Esta característica ou propriedade do 
modelo considerado é definida como propriedade Markoviana. 
5.2.1. Matriz de Transição e a Prognose 
A probabilidade de transição de cada período de projeção é obtida 
da matriz G, como representada a seguir: 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Número de árvores vivas que permaneceram na iésima classe diamétrica no 
período de tempo (At) 
ai = — 
Número de árvores existentes na iésima classe diamétrica no tempo t. 
Número de árvores vivas que migraram da iésima classe diamétrica para a 
iésima classe diamétrica+ 1 no período de tempo (At) 
bi = — 
Número de árvores existentes na iésima classe diamétrica no tempo t. 
Número de árvores vivas que migraram da iésima classe diamétrica para a 
iésima classe diamétrica + 2 no período de tempo (At) 
Ci = — 
Número de árvores existentes na iésima classe diamétrica no tempo t. 
em que: 
t : início do período de crescimento considerado 
At : intervalo de tempo entre o início e o fim do período de crescimento 
considerado 
Seja para ai, bi, ci, a condição é que a árvore continue viva e não 
seja colhida no intervalo de tempo considerado. 
Deve-se considerar que em qualquer vegetação ocorrem 
mortalidade de árvores (mi), assim como ingresso (li) ou recrutamento na 
menor classe diamétrica. Em que cada uma destas variáveis é expressa por: 
Número de árvores vivas na iésima classe diamétrica no tempo t mais a 
mortalidade no intervalo de tempo (At) 
mi = 
Número de árvores existentes na iésima classe diamétrica no tempo t. 
212 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
X l t + A t 
0 0 0 " Y " V 
J 2 t + A t a 2 0 0 Y , 
Y 
* 3 t + A t b 3 
a 3 . . 0 Y 3 t I x 3 t 
= 0 c 4 K - 0 + 
0 0 c 5 . . 0 
Y 0 Ò 0 . . n n Y n t . In, 
213 
Já o recrutamento pode ser expresso pela função exponencial 
negativa conforme mostrada a seguir: 
li = po . • °i 
5.2.2. Aplicação do Procedimento 
A projeção da estrutura da floresta pode ser obtida como se segue: 
Yt + Ai = G . Y« + l i t ( 1 ) 
onde: 
Yt+ At = n° de árvores projetadas 
G = probabilidade de transição por classe diamétrica 
Yt = freqüência da classe de diâmetro 
lit = ingresso 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
214 
Modelai/n da Produção, Idade das Florestas Nativas 
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural 
215 
A seguir é apresentado um exemplo de como operar a 
representação matricial (1) e assim efetuar uma prognose do número de 
árvores de uma floresta nativa, pelo período de 5 anos. A base de dados 
para efetuar a prognose, advém de dois inventários florestais realizados em 
1990 e 1995. Foram mensuradas todas plantas com mais de 5,0 cm de 
diâmetro tomados a 1,30 m de altura. 
A freqüência observada de árvores por classe diamétrica, é 
apresentada no vetor coluna no Exemplo 1. O recrutamento foi estimado 
pela equação: li = 32.887,3423. e " 0 , 6 7 1 6 a com coeficiente de determinação 
(R2) igual a 99,99% e erro padrão residual em percentagem (Syx%) igual a 
3,48%. 
A passagem ou "outgrowth", de árvores da iésima classe de 
diâmetro para a iésima + 1 ou iésima + 2 classes, assim como aquelas que 
permaneceram na mesma classe diamétrica no período entre os dois 
inventários, possibilitou gerar a matriz de transição, conforme pode-se ver 
no Exemplo 1. 
UFL A/FAEPE - Manejo Florestal 
216 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural 
217 
I : vetor que contém os ingressos 
Y* : expressa estado de equilíbrio da estrutura da floresta 
(se a igualdade das operações for constatada) 
Identificado este estado pode-se inferir que a floresta está em 
clímax. Vale ressaltar que mesmo neste estado, mortalidade e recrutamento 
continuam a ocorrer sem que no entanto a floresta sofra mudanças drásticas 
em sua estrutura. 
5.2.4. Estados Absorventes 
A característica básica deste estado é quando a probabilidade 
de transição de uma classe diamétrica para outra é igual a zero. 
A probabilidade existe somente das árvores permanecerem na mesma 
classe diamétrica, como a definição de ai. Não ocorre a passagem de 
árvores para a iésima classe + 1 ou + 2, conforme representado pelas 
probabilidades bi e CÍ. 
Desta maneira as prognoses das freqüências das classes de 
diâmetro anteriores não podem ultrapassar a classe que apresenta estado 
absorvente. Há então um acréscimo de árvores continuamente nesta classe. 
Este acréscimo será mais intenso a medida em que mais prognoses forem 
efetuadas, já que as árvores não mais saem desta classe. 
A ocorrência deste estado absorvente, compromete as prognoses 
das freqüências da floresta e impedem também que o estado de equilíbrio 
seja detectado. 
Generalizando a expressão (1) ela assume a forma: 
n-1 . 
Y n . Ai = G n . Y 0 + Z G1.1(n-i) (2) 
i= o 
em que: 
n : n períodos de prognose 
Y, At, G, Y 0 , 1 : já definidos anteriormente 
Por exemplo se for efetuada uma nova projeção a expressão (1) 
evolui para a forma: 
Y2 . At = G 2 . Y 0 + G In + Ii2 
5.2.3. Estado Estável ou de Equilíbrio da Floresta 
Este estado indica que independentemente do número de 
prognoses que sejam efetuadas, o número de árvores da floresta permanece 
constante nas várias classes diamétricas. 
Este estado pode ser identificado a partir das expressões quando: 
Yt+ At = Yt = Y* e h = li* 
em que: 
Y* = ( l 0 - G)"1 . li ^ 
sendo: 
\<z : matriz identidade de mesma ordem que a matriz de transição (G) 
G : matriz de probabilidade de transição 
( )~1 : matriz inversa 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
5 . 3 . IDADE DA FLORESTA NATIVA 
A dificuldade no controle desta variável em florestas nativas 
multiâneas, cujas espécies na sua grande maioria não apresentam árvores 
com anéis de crescimento visíveis, é imprescindível. 
No entanto, o seu conhecimento pode facilitar uma série de práticas 
de manejo ou silviculturais já que facilitará as inferências sobre o ciclo de 
corte ou ainda sobre o crescimento das diferentes espécies florestais. 
Apesar das falhas inerentes ao tema, em relação as florestas nativas 
tropicais, apresenta-se neste Hem uma abordagem de como obter esta 
variável a partir do incremento periódico anual. 
Definição da idade da Floresta 
Para obtenção da idade da floresta, foi utilizado o incremento 
periódico em diâmetro dentro de cada classe respectiva. Ajustaram-se 
modelos matemáticos para descrever q comportamento do incremento 
periódico em diâmetro (IP), em função do valor central das classes de 
diâmetro (DO- A construção do modelo mais adequado foi feita a partir do 
método "Stepwise". 
Definido o modelo, pode-se obter o incremento periódico anual 
correspondente ao limite inferior da menor classe. Assim, dividindo este 
valor pelo incremento periódico anual, obteve-se a idade das plantas 
correspondentes ao limite inferior da menor classe. Nesse caso 
considerou-se, conforme sugerido por Caballero e Mafleux Orjeda (1976), 
que o crescimento das plantas dominadas é semelhante. A definição da 
próxima idade é obtida adicionando-se ao limite irrferior do diâmetro o 
218 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural 
TABELA 5.5: Idade relativa e tempo de passagem, por classe de diâmetro para a floresta 
toda 
DAP 
(cm) 
IPA 
(cm) 
Classe 
de DAP 
(cm) 
Idade 
(anos) 
Tempo de 
P a s s a g e m 
(anos) 
5.00 0.240 7.50 21 20 
5,24 0.242 22 
5.48 0.244 23 
5.73 0.246 24 
5.97 0.248 25 
6,22 0.250 26 
6,47 0.252 27 
6.72 0.254 28 
6,98 0.257 29 
7.23 0.259 30 
7.49 0.261 31 
7,75 0,263 32 
8.02 0.266 33 
8.28 0.268 34 
8.55 0.270 3b 
8,82 0.273 36 
9.09 0.275 37 
9,37 0,278 3ü 
9,65 0.280 39 
Continua... 
219 
incremento periódico anual. Este novo valor de diâmetro é considerado 
como variável independente no modelo, e utilizado para obtenção do novo 
incrmento periódico anual, conforme mostrado na tabela 5.5 
Já o tempo de passagem pode ser definido como o tempo médio 
em que todas as árvores de uma classe diamétrica passam para a classe 
seguinte. Pode-se, desta maneira, definir quanto tempo uma espécie, ou um 
grupo de espécies demora para atingir uma determinada dimensão, ou seja, 
pode-se definiro ciclo do corte de uma floresta natural, tema dos mais 
relevantes para definição e implementação de planos de manejo. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 5.5: Continuação 
DAP IPA Classe Idade Tempo de 
(cm) (cm) de DAP (anos) Passagem (cm) (cm) 
(cm) (anos) 
9,93 0,283 40 
10,21 0,285 12,50 41 15 
10,50 0,288 42 
10,78 0,291 43 
11,07 0,293 44 
11,37 0.296 45 
11,66 0,299 46 
11,96 0,301 47 
12,26 0,304 48 
12,57 0,307 49 
13,18 0,313 50 
13,50 0,316 51 
13,81 0,319 52 
14,13 0,322 53 
14,45 0,325 54 
14,78 0,328 55 
15,11 0,331 17,50 56 14 
15,44 0,334 57 
15,77 0,337 58 
16,11 0,341 59 
16,45 0,344 60 
16,79 0,347 61 
17,14 0,351 62 
17,49 0,354 63 
17,84 0,357 64 
18,20 0,361 65 
18,56 0,364 66 
18,93 0,368 67 
19,29 0,372 68 
19,67 0,375 69 
20,04 0,379 22,50 70 13 
20,42 0,383 71 
Continua... 
220 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural 
TABELA 5.5: Continuação 
DAP IPA Classe Idade Tempo de 
(cm) (cm) de DAP, (anos) Passagem 
(cm) (anos) 
20,80 0,386 72 
21,19 0,390 73 
21,58 0,394 74 
21,97 0.398 75 
22,37 0,402 76 
22,77 0,406 77 
23,18 0,410 78 
23,59 0,414 79 
24,00 0,418 80 
24,42 0,422 81 
24,84 0,426 82 
25,27 0,430 27,50 83 11 
25,70 0,434 84 
26,13 0,439 85 
26,57 0,443 86 
27,01 0,447 87 
27,46 0.452 88 
27,91 0,456 89 
28,37 0,460 90 
28,83 0,455 91 
29,29 0,469 92 
29,76 0,474 93 
30,24 0,478 32,50 94 10 
30,72 0,483 95 
31,20 0,487 96 
31,69 0,492 97 
32,18 0,497 98 
32,67 0,501 99 
33,18 0,506 100 
33,68 0,510 101 
34,19 0,515 102 
34,71 0.520 103 
35,23 0,524 37,50 104 9 
Continua... 
221 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 5.5: Continuação 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
TABELA 5.5: Continuação 
DAP 
(cm) 
IPA 
(cm) 
Classe 
de DAP 
(cm) 
Idade 
(anos) 
Tempo de 
Passagem 
(anos) 
DAP 
(cm) 
54,11 
IPA 
(cm) 
0,648 
DAP 
(cm) 
54,11 
IPA 
(cm) 
0,648 
35,75 0,529 105 54.76 0,650 
36,28 0,533 106 55,41 0,652 
36,81 0,538 107 56,06 0,654 
37,35 0,543 108 56,71 0,656 
37,89 0,547 109 57,37 0,658 
28,44 0,552 110 58,03 t 0,659 
38,99 0,556 111 58,68 0,661 
39,55 0,561 112 59,35 0,662 
40,11 0.565 42,50 113 9 60,01 0,663 
40,67 0,569 114 60,67 0,664 
41,24 0,574 115 i 61,33 0,664 
41,82 0,578 116 62,00 0,665 
42,39 0,582 117 62,66 0,665 
42,98 0,587 118 63,33 0,665 
43,56 0,591 119 63,99 0,665 
44,15 0,595 120 64,66 0,665 
44,75 0,599 121 65,32 0,664 
45,35 0,603 47,50 122 8 65,99 0,664 
45,95 0,607 123 66,65 0,663 
46,56 0,611 124 67,31 0,662 
47,17 0,614 125 67,93 0,661 
47,78 0,618 126 68,64 0,660 
48,40 0,621 127 69,30 0,659 
49,02 0,625 128 69,96 0,657 
49,65 0,628 129 70,61 0,655 
50,28 0,631 52,50 130 8 71,27 0,653 
50,91 0,634 131 71,92 0,651 
51,54 0.637 132 72,57 0,649 
52,18 0,640 133 73,22 0,647 
52,82 0,643 134 73,87 0,644 
53,46 0,645 135 74,51 
75,15 
0,642 
Continua... 
74,51 
75,15 0,639 
Classe 
de DAP 
57,50 
62,50 
67,50 
72,50 
Idade 
(anos) 
136 
137 
138 
139 
140 
141 
142 
143 
144 
145 
146 
147 
148 
149 
150 
151 
152 
153 
154 
155 
156 
157 
158 
159 
160 
161 
162 
163 
164 
165 
166 
167 
168 
Tempo de 
Passagem 
(anos) 
222 
223 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Analisando a Tabela 5.5, pode-se verificar que uma planta com 94 
anos de idade tem DAP igual a 30,2 cm, ao atingir 50,3, vai ter 130 anos, 
portanto gastou 36 anos para crescer 20,1 cm, ou seja, esta informação 
toma-se de vital importância para o sucesso de um plano de manejo 
que visa a exploração de toras com DAP mínimo de 50 cm, por exemplo. 
O tempo de passagem entre classes diamétricas é apresentado na Figura 
5.6. 
p o-l—. i .—i—,—i—, [ . i , i . | — , — i — , — i — , — | — — — | 
O 12.5 22 ,5 32,5 42 ,5 52,5 62,5* 72,5 
Classes de diâmetro (cm) 
FIGURA 5.6: Tempo de passagem em anos entre as classes de diâmetro 
224 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
225 
5.4. DEFINIÇÃO DO PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO 
ESPACIAL DAS ESPÉCIES DE UMA FLORESTA 
NATIVA 
A definição da distribuição espacial das espécies que compõem 
uma floresta nativa é uma informação extremamente importante para balizar 
o manejador florestal na definição de critérios para selecionar as espécies a 
serem removidas da população. O conhecimento deste tema juntamente 
com a análise estrutural da floresta, particularmente a densidade relativa, 
aliada a outras informações tais como a estrutura balanceada da floresta 
remanescente, pode viabilizar a elaboração e execução de planos de 
manejo que tenham compromisso com a sustentabilidade da floresta. 
Nesta nota a definição do grau de dispersão das espécies na área, 
será obtida a partir do índice de morisita (Id), citado por Brower e Zar (1977) 
e Mello (1995). Este índice é calculado pela expressão: 
n . Ç S ^ - N ) 
Id = 
N . ( N - 1 ) 
em que: 
Id = índice de morisita 
n = número total de parcelas amostradas 
N = número todal de indivíduos por espécie, contidas nas n parcelas 
z 2 = quadrado do número de indivíduos por espécie por parcela. 
A dispersão dos indivíduos a nível de espécie, pode ser agregada, 
aleatória e uniforme, conforme ilustrado na Figura 5.7 e conforme os valores 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
obtidos do índice de Morisita. Para Id > 1 a distribuição é agregada; para 
Id = 1 a distribuição é aleatória; e para Id = 0 a distribuição é uniforme. Vale 
ressaltar que a distribuição uniforme é de ocorrência rara e que a grande 
maioria das espécies que compõem uma floresta nativa tem padrão de 
distribuição agregado. 
. distribuição agregada 
x distribuição aleatória 
o distribuição uniforme 
FIGURA 5.7. Ilustração do padrão de distribuição das espécies de uma floresta nativa 
226 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
227 
Para identificar a significância do índice de Morisita é utilizado o 
teste de qui-quadrado, como apresentado a seguir: 
n . E z 2 
X = n 
N 
em que: 
X 2 r valor de qui-quadrado 
n, N, z 2 = já definidos anteriormente 
Se o índice de Morisita não diferir significativamente de 1 o padrão 
de distribuição das espécies é aleatório. Este fato ocorre se o valor de 
qui-quadrado calculado for menor que o valor tabelado. No entanto, se o 
valor de qui-quadrado for maior que o tabelado a espécie apresentará um 
padrão de distribuição agregado ou uniforme. Assim, se o valor do índice de 
Morisita (Id) for menor que 1 a espécie tende a um padrão de distribuição 
uniforme e se este valor é maior que 1 a espécie terá um padrão de 
distribuição agregado. No anexo 1 é apresentada a Tabela de qui-quadrado. 
Na Tabela 5.7 é apresentada a ocorrência de duas espécies em 
cada uma das 70 parcelas que compuseram o inventário de uma floresta 
nativa na região de Lavras. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 5.7. Ocorrência de duas espécies em uma amostra realizada em floresta nativa 
N° da ocorrência da 
Espécie 1 
N° da ocorrência da 
Espécie 2 
N° de parcelas em que as 
espécies 1 e 2 ocorreram 
1 0 20 
2 1 12 
3 2 22 
4 3 6 
5 4 8 
6 6 2 
TOTAL 70 
Cálculo do índice de Morisita para espécie 1: 
n = 20+ 12+ 22+ 6 + 8 + 2= 70 
N = (20 .1)+ (12 . 2)+ (22 . 3)+ (6 . 4)+ (8 . 5)+ ( 2 .6 )= 186 
Ez 2 = [20.(12)]+ [12.(2 2)]+ [22.(32)]+ [6.(42)]+ [8.(52)]+ [2.(62)] = 634 
então o índice de Morisita será: 
_ 634-186 _ _ 448 
Id = 7 0 . 
186.(186-1) 
í . t o . r — i = o 
J L 34410 J 
9114 
Para observar o padrão de dispersão, utiliza-seo teste 
qui-quadrado. 
,2 _ [
634 _• 
70 1 
186 J - 186= 238,602 - 186= 52,602 
228 
Modelagzm da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
229 
O valor de x 2 para 69 graus de liberdade e nível de significância 
a = 0,05 é igual 84,417. Como o valor calculado é inferior ao valor tabelar, o 
índice de Morisita não difere significativamente de 1, indicando que a 
espécie 1 tem padrão de distribuição aleatória. 
Cálculo do índice de Morisita para a Espécie 2: 
n = 20+ 12+ 22+ 6 + 8 + 2 = 70 
N = (20 . 0)+ (12 .1)+ (22 . 2)+ (6 . 3)+ (8 . 4)+ (2 . 5 )= 118 
Xz 2 = [20.(02)]+ [12.(12)]+ [22.(22)]+ [6.(32)]+ [8.(4 2)]+ [2.(62)] = 354 
então o índice de Morisita será: 
[
354-118 236 , 
j = 70 . f 1 = 1,1966 
118.(118-1) i L 13.806 J 
Para observar o padrão de dispersão, utiliza-se o teste 
qui-quadrado. 
354 
X2 = T 7 0 • 1 - 113= 92,000 
L 118 J 
O valor tabelar de %2 para 69 graus de liberdade e nível de 
significância a = 0,05 é igual a 84,417. Como o valor calculado é superior ao 
valor tabelar, o índice de Morisita difere significativamente de 1. Como o 
valor do índice de Morisita é maior que 1 (1,1966), então a espécie 2 tem 
padrão de distribuição agregado. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
230 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
231 
5.5. A ANÁLISE DA VEGETAÇÃO 
A comunidade florestal apresenta-se constantemente sofrendo 
mudanças em sua estrutura, fisionomia e composição floíistica, fato este que 
perdura até que a floresta atinja o estado clímax. Mesmo nesta circunstância 
morte de árvores por causas naturais ou não, ainda implicarão em 
mudanças na floresta, ainda que em menor proporção. 
Uma maneira de detectar o estádio em que a floresta se encontra, 
assim como as alterações que estas sofrem é realizar a análise estrutural da 
vegetação ali existente, de tal modo que possam ser observados os 
aspectos que envolvem as espécies quando consideradas isoladamente 
(aspectos autoecológicos) e as interações relativas aos indivíduos que 
compõem a comunidade florestal (aspectos sinecológicos). 
A análise estrutural é especificamente justificada, quando 
intervenções estão sendo planejadas, para serem efetuadas numa 
comunidade florestal qualquer. Por exemplo, área sujeita a mineração, área 
sujeita a inundações provenientes da construção de hidroelétricas, áreas 
sujeitas a manejo sustentando, área onde vai ser implantado um 
empreendimento qualquer, de tal modo a auxiliar tanto na recomposição da 
área ou áreas vizinhas, com vegetação nativa, como na manutenção de 
diversidade fiorística e na definição do potencial lenheiro, no caso da 
implementação do manejo sustentado. 
Os objetivos da análise estrutural são: 
1. Manter compromisso da diversidade fiorística se intervenções 
com base em regime de manejo sustentado são previstas para a 
floresta natural. 
2. Compreender como as espécies florestais vivem em comunidade, 
bem como sua importância para a mesma. 
3. Verificar como é a distribuição espacial de cada espécie numa 
floresta natural. 
4. Auxiliar na definição de planos ou estratégia de revegetação de 
áreas degradadas, com espécies nativas. 
A seguir, apresenta-se uma abordagem da estrutura horizontal e 
vertical para uma floresta natural. 
5.5.1. Estrutura Horizontal 
Indica a participação, na comunidade, de cada espécie vegetal em 
relação às outras e a forma em que esta se encontra distribuída 
espacialmente na área. 
Para a sua análise os índices utilizados são: 
a) Densidade 
Avalia o grau de participação das diferentes espécies identificadas 
na comunidade vegetal (Lamprecht, 1962; Galvão, 1988). Este índice 
refere-se ao número de indivíduos de cada espécie, dentro de uma 
associação vegetal por unidade de superfície. Pode ser expresso pela: 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
232 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural 
DoA = Sg/ha 
onde: 
DoA = Dominãncia absoluta em m2/ha 
g = área seccional de cada espécie, encontrada pela expressão: 
Cap 2 t i Dap 2 
g = ou g = 
4ji 4 
onde: 
Cap = circunferência a 1,30 m do solo 
Dap = diâmetro a 1,30 m do solo 
7c = constante trigonométrica pi = 3,1416 
ha = hectare 
233 
• Densidade Absoluta 
Indica o número total de indivíduos de uma determinada espécie por 
unidade de área: 
DA = n/ha, 
onde: 
DA = Densidade Absoluta 
n = número total de indivíduos amostrados de cada espécie 
ha = hectare 
• Densidade Relativa 
Indica o número de indivíduos de uma determinada espécie em 
relação ao total de indivíduos de todas as espécies identificadas no 
levantamento: 
n/ha 
DR = • 100, 
N/ha 
onde: 
DR = Densidade Relativa (%) * 
N = Número total de indivíduos amostrados, de todas as espécies do 
levantamento 
n = Número total de indivíduos amostrados de cada espécie 
ha = hectare 
b) Dominãncia 
É conceituada originalmente por muitos autores, como sendo, a 
medida da projeção da copa dos indivíduos sobre o solo. Esta informação, 
além de questionável é de difícil obtenção, tornando o método não usual. 
Outros estudos foram desenvolvidos e correlacionaram este 
parâmetro à área basal ou área seccional dos fustes. Esta forma de 
obtenção de dados é mais precisa, prática e portanto mais usual. Este índice 
pode ser expresso pela: 
- Dominãncia absoluta: soma das áreas seccionais dos indivíduos 
pertencentes a uma mesma espécie, por unidade de área. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
234 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
^ Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
235 
- Dominância relativa: indica a porcentagem da área basal de 
cada espécie que compõe a área basal total de todas as árvores 
de todas as espécies, por unidade de área: 
g/ha 
DoR = . 100 
G/ha 
onde: 
DoR = Dominância relativa (%) 
G = área basal total de todas as espécies encontradas 
c) índice de Valor de Cobertura 
A combinação dos valores relativos de densidade e dominância, 
possibilitam o cálculo do índice do valor de cobertura (IVC) de cada espécie, 
expresso pela fórmula: 
IVC = DR+ DoR 
d) Freqüência • 
Expressa o conceito estatístico relacionado com a uniformidade de 
distribuição horizontal de cada espécie no terreno, caracterizando a 
ocorrência das mesmas dentro das parcelas em que ela ocorre. Este índice 
pode ser expresso pela: • 
- Freqüência absoluta: expressa a porcentagem de parcelas em 
que cada espécie ocorre: 
n° de parcelas com ocorrência da espécie 
FA = . 100 
n° total de parcelas 
- i Freqüência relativa: é a porcentagem de ocorrência de uma 
espécie em relação à soma das freqüências absolutas de todas 
as espécies. 
FA 
FR = . 100 
E FA 
Embora os dados estruturais de Densidade, Dominância e 
Freqüência revelem aspectos essenciais da composição fiorística, estes são 
isolados e parciais. Curtis (1959), propôs um índice que combina os valores 
relativos dos dados com a finalidade de conferir uma nota global para cada 
espécie da comunidade vegetal, sendo este o índice de Valor de 
Importância. 
e) índice de Valor de Importância (IVI) 
É a combinação da soma dos valores relativos de Densidade, 
Dominância e Freqüência de cada espécie: 
IVI = DR + Dor + FR 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
236 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
237 
Este índice permite uma visão mais ampla da posição da espécie 
caracterizando sua importância no conglomerado total do povoamento. 
5.5.2. Estrutura Vertical 
Através da análise da estruturavertical de uma floresta pode-se 
obter pelo menos um indício sobre o estádio sucessional em que se 
encontra a espécie em estudo, podendo verificar também qual a espécie 
mais promissora para compor um povoamento dinâmico. 
Finol (1971), propôs a inclusão deste estudo na Análise Estrutural de 
uma comunidade vegetal, visando caracterizar melhor e de modo mais 
verdadeiro a ordem de importância das espécies estudadas, apresentando 
para isso um novo parâmetro: posição sociológica. 
a) Posição Sociológica 
A estrutura sociológica das espécies possibilita conhecer sobre a 
composição florística dos distintos estratos da floresta no sentido vertical, 
além do papel das diferentes espécies em cada um deles (Hosokawa, 1982). 
Neste estudo, normalmente se considera três estratos. Os limites 
dos estratos serão definidos pela variabilidade da altura idas espécies 
observadas na área em questão. 
O estrato inferior será composto pelas árvores que apresentarem 
altura total (hj) inferior a média aritmética das alturas (h) de todas árvores 
mensuradas menos um desvio padrão (Sh) quantificado para esta mesma 
variável. 
O estrato médio será composto pelas árvores cuja altura total 
estiverem compreendidas entre a média aritmética menos um desvio padrão 
e a média aritmética mais um desvio padrão. Já o estrato superior será 
composto pelas árvores com altura total superior a média das alturas mais 
um desvio padrão. Sintetizando pode-se representar estas definições como: 
Estrato inferior: hj < (h - 1 Sh) 
Estrato médio : h = 1 Sh < hj < h + 1 Sh 
Estrato superior: hj > h + 1 Sh 
A presença de indivíduos de uma mesma espécie nos três estratos, 
é um indício de sua participação na estrutura da floresta quando de seu 
desenvolvimento até o clímax. Exceção se faz às espécies que, por 
características próprias, são indivíduos de sub-bosque, onde permanecem 
sob pouca luminosidade tendo porte arbustivo e herbáceo, e portanto 
sempre serão integrante da composição florística deste estrato. 
Os estratos em altura são analisados de forma a obter um valor 
numérico em função da quantidade de indivíduos presentes, obtendo o Valor 
Fitossociológico por Estrato (superior, médio e inferior), expresso em 
porcentagem: 
n° de indivíduos no estrato 
V.F. = . 100 
n° total de indivíduos observados 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
238 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
_ Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
onde: 
MA = 
M = 
PsR=-
239 
irregularidade entre os estratos. Este índice reúne os valores obtidos na 
análise da estrutura horizontal e vertical, destacando a real importância 
fitossociológica do indivíduo dentro da comunidade vegetal. 
Uma espécie pode ter alto IVI e estar presente apenas no estrato 
superior, no entanto, na dinâmica da população, essa espécie pode não ser 
tão importante, pois sua tendência é desaparecer naturalmente por não estar 
se reproduzindo e regenerando no local. Ao associar os parâmetros de 
estrutura vertical, corrige-se esta distorção podendo diminuir ou aumentar 
valores de importância de um determinado indivíduo já que é analisado sua 
participação em todos os níveis de estrutura: 
M A = Estrutura Horizontal + Estrutura Vertical 
M A = M + PsR 
índice de Valor de Importância Ampliado 
índice de Valor de Importância 
Posição Sociológica Relativa 
5.5.3. Regeneração Natural 
Este item da análise estrutural abordará temas tais como a 
densidade absoluta e relativa; freqüência relativa e absoluta e a classe de 
tamanho relativa e absoluta, todas elas ligadas a regeneração natural. 
Particularmente em relação a densidade e freqüência deve-se utilizar 
a mesma formulação apresentada no item 5.4.1. Deve-se apenas redefinir 
estas variáveis adequando-as ao tema regeneração natural (RNi). 
Para calcular o valor absoluto da Posição Sociológica de uma 
espécie, soma-se os valores fitossociológicos da mesma em cada estrato, 
sendo estes obtidos através da multiplicação do número de indivíduos da 
espécie pelo valor fitossociotógico do estrato: 
PsA= [VF (Ei). n(Ei)] + £VF (Em). n(Em)] + [VF (Es). n(Es)] 
onde: 
PsA = Posição Fitossociológica da espécie considerada 
VF = Valor Fitossocíológico do Estrato 
Ei; Em, Es = Estratos inferior, médio e superior 
n = número de indivíduos da espécie considerada 
A posição fitossociofógica relativa (PsR) para cada espécie, será 
expressa em porcentagem do valor absoiuto desta, em relação ao total dos 
valores absolutos de todas as espécies. 
PsA 
PsR = . 1 0 0 
Z PsA 
Estes índices darão tsma idéia da distribuição dos indivíduos na 
estrutura vertical da vegetação, quanto a regularidade e gradiente de 
ocorrência, quando normalmente é esperado uma diminuição do número de 
indivíduos ao passar do estrato inferior para o superior. 
b) índice de Valor de Importância Ampliado (fVJA) 
Esta forma de apresentação toma o estudo da estrutura da 
vegetação preciso, refletindo de modo mais verdadeiro a complexa 
composição estrutural da vegetação, na sua grande beterogeneidade e 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
240 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Eshvtural 
241 
b) Classe de Tamanho Relativa 
CATRNi 
CRTRNi = . 100 
q 
2 CATRNi 
i= 1 
em que: 
CATRNi = classe absoluta de tamanho da regeneração natural da iésima 
espécie 
CRTRNi = classe relativa de tamanho da regeneração natural da iésima 
espécie 
nij = número de indivíduos da iésima espécie na jésima classe de 
tamanho 
N = número total de indivíduos da regeneração natural 
Nj = número total de indivíduos da iésima espécie da regeneração 
natural em todas classes de tamanho 
• Regeneração Natural Relativa 
FRRNi + DRRNi + CRTRNi 
RN Ri = 
3 
em que: 
RNRi = regeneração natural da iésima espécie 
FRRNi = freqüência relativa da regeneração natural da iésima espécie 
DRRNi = densidade relativa da regeneração natural da iésima espécie 
Assim a densidade absoluta (DAi) será definida como (DARNf); a 
densidade relativa (DRi) como DRRNi; a freqüência absoluta (FAi) como 
FARNi e a freqüência relativa (FRi) como FRRNi. 
• Classes de Tamanho 
Para obtenção deste índice absoluto e relativo, far-se-á uso de uma 
série de definições, conforme encontrado na FAO (1971). 
Estas definições estão apresentadas a seguir e caracterizam 
basicamente as classes de altura: 
R = classe na qual se encontram indivíduos arbóreos com altura inferior a 
0,30 m 
u1 = classe na qual se encontram indivíduos com altura entre 0,3 m e 
1,50 m 
u2 = classe na qual se encontram indivíduos com altura entre 1,5 e 3,0 m 
E = classe na qual se encontram indivíduos que possuem altura superior a 
3,0 m e DAP inferior a 5,0 cm. 
a) Classe de Tamanho Absoluta 
q / N i \ 
CATRNi = Z nij 1 ) 
i= 1 v N ' 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
242 
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutuml 
Fuste Qualidade 1 Fuste Qualidade 2 Fuste Qualidade 3 
FIGURA 5.8: Ilustra fuste com diferentes qualidades 
a) Qualidade absoluta do fuste da iésima espécie (QAFi) 
nu Ni + ni2 N2 + r«3 N3 
QAFi = — 
N 
b) Qualidade relativa do fuste da iésima espécie (QRFi) 
QAFi 
QRFi = - 100 
q 
E QAFi 
i= 1 
243 
5.5.4. índice de Valor de Importância Ampliado e Econômico 
(IVlEAi) 
Este índice tenta associar a representatividade da estrutura 
horizontal da iésima espécie representada pelo índice de valor de 
importância (Mi); a representatividade da estrutura da iésima espécie 
representada pela posição sociológica relativa (PSRi); a representatividade 
da regeneração natural relativa da iésima espécie (RNRi); e a qualidade do 
fuste das espéciesarbóreas, na tentativa de estratificar o seu valor, expressa 
pela qualidade do fuste relativa da iésima espécie (QRFi). Assim o índice de 
valor de importância ampliado e econômico da iésima espécie (MAEi) é 
dado por: 
MEAi = M i + PSRi + RNRi + QRFi 
Para completar a abordagem é necessário quantificar a qualidade 
absoluta do fuste e a qualidade relativa do fuste. Devem ser considerados 
indivíduos arbóreos com diâmetro a, 1,30 m (DAP) > 5cm e normalmente 3 
classes de fuste, em função de sua forma, conforme ilustrado na Figura 5.8. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
em que: 
n.ii,rij2, n j 3 = número de indivíduo* da i-ésima espécie nas classes de 
qualidade de fuste 1, ? e 3 
Ni , N 2 , N3 = número total de indivíduos nas classes de qualidade de fuste 1, 
2 e 3, respectivamen e 
N = número total de indiv;duos da amostragem 
5.5.5. índice para Avaliar a Similaridade entre Tipos 
Fisionômicos 
- índice de Similarid.de de Jaccard (ISJ): permite a avaliação 
florística entre as Jiversas áreas amostradas de mesma 
fitofisionomia, assin como a comparação com outros estudos já 
desenvolvidos que \<;ilizam metodologia semelhante. É expresso 
pela seguinte fórmi la: 
ISJ = . iOO 
a + b - c 
onde: 
ISJ = índice de Similaridade 3e Jaccard 
a = número de espécies ia co.unidade A 
b = número de espécies cia comunidade B 
c = número de espécie-; -comuns t 
5.5.6. índice para Avaliar a Diversidade Florística 
- índice de Censidade d« Shannon-Wiener (H'): expressa a 
diversidade :ie espécies das comunidades vegetais e pode ser 
calculado < cajés da fómula: 
Modelagsm da Produção, Idade das Florestas Nativas, 
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural 
S ni ni 
H' = - £ In 
e= 1 N N 
V 
onde: 
i = 1...n 
S = número de espécies amostradas 
ni = número de indivíduos amostrados para a espécie i 
N = número total de indivíduos amostrados 
Log = logarítmo neperiano 
Quanto maior for o valor de H, maior a diversidade florística da 
população em estudo. 
• índice de Simpson 
S 
C = 2 ni ( n i - 1 ) / (N (N -1 ) ) 
i= 1 
em que: 
C = índice de dominãncia de Simpson 1 
ni = Número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie 
N = Número total de indivíduos amostrados 
S = Número total de espécies amostradas 
*• 
O valor estimado de C varia de 0 a 1, sendo que para valores 
próximos de 1 a diversidade é considerada menor. 
245 
6 
OPÇÕES PARA O MANEJO 
SUSTENTADO DA FLORESTA NATIVA 
Neste capítulo serão apresentadas duas opções de efetuar manejo 
em florestas: A primeira possibilidade consiste numa seqüência adequada 
para as florestas de grande porte. O autor, ao propor esta seqüência, teve 
por objetivo tornar mais didática a apresentação de uma prática de manejo. 
Naturalmente que baseou-se para tal nas várias experiências de manejo 
desenvolvidos dentro e fora do Brasil. 
Já a segunda opção, consiste na proposta desenvolvida a partir do 
projeto Manejo Sustentado do Cerrado para usos múltiplos. Este projeto é 
executado sob a coordenação do Departamento de Ciências Florestais da 
Universidade Federal de Lavras. 
1. Professor do Departamento de Ciências Florestais - UFLA 
José Roberto S. Scolforo 
247 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
6.1. O MANEJO EM FLORESTA NATIVA 
Esta opção é adequada à florestas nativas, particularmente, as de 
grande porte, e caracteriza-se por ser um sistema policíclico, que reúne 
características de vários métodos de manejo. 
Na execução do plano de manejo, cuidado especial deve ser dado 
ao procedimento de amostragem e as relações volumétricas. Se as parcelas 
forem locadas na área de maneira tendenciosa ou se forem utilizadas 
equações volumétricas inadequadas pode ser estimado um volume de 
madeira/ha superior ao existente para as espécies de valor econômico. O 
proponente do "manejo" poderá então obter um crédito acima do real para 
exploração das espécies de valor econômico. Poderá então adquirir a 
preços irrisórios madeira clandestina de pessoas que estão efetuando corte 
ilegal. Existe neste caso um negócio que tem como alvo principal obter 
madeira a custo zero e gerar mais rapidamente áreas para pecuária. 
É freqüente as explicações por parte dos pseudo-empresários que 
a prática do manejo não é economicamente viável. Assim como várias 
outras ações na área tecnológica e industrial, não se deve avaliar esta 
prática desvinculada do empreendimento florestal. Se considerada de forma 
verticalizada, procurando cada vez mais agregar valor ao produto, advindo 
da atividade de manejo da floresta, é que a prática florestal via manejo 
florestal alcançará êxito, propiciando emprego e bem estar aos cidadãos 
existentes nas regiões tropicais. Esta mesma lógica está sendo adotada hoje 
na Malásia, cujo governo, planificou que este país deve agregar cada vez 
mais valor ao produto florestal estabelecendo de forma programada a efetiva 
parceria da atividade agrária com a industrial. Se tal fato não ocorrer, num 
248 
. Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
249 
futuro que não está tão distante, tanto as gerações presente como as 
gerações futuras estarão vendo somente a atividade de reflorestamento 
sendo implementada em boa parte da região amazônica, principalmente na 
tentativa de recuperar o enorme contingente de área perturbada e/ou 
degradada, formada pela atividade predatória implementada hoje em várias 
regiões da Amazônia. 
O empreendedor florestal comprometido com a prática de manejo 
antes de iniciar a sua atividade deve definir bem os objetivos de seu 
empreendimento de modo a definir de forma correta a prática de manejo a 
ser implementada. Vlncuíado aos objetivos ou mesmo antecedendo a estes 
deve-se ter um bom conhecimento do mercado interno e externo. 
A seguir, apresenta-se uma seqüência para que a prática de manejo 
florestal possa ser implementada: 
a) Consiste em selecionar, através de um zoneamento, as áreas com 
potencial para aproveitamento econômico e aquelas que tem 
potencial para preservação. Em maior ou menor escala os 
zoneamentos de solo e vegetação já existem para várias regiões 
do país. 
b) Utilizando um procedimento de amostragem adequado 
(sugere-se a amostragem sistemática), com uma intensidade 
amostrai que seja representativa da área do trabalho, com 
parcelas apresentando tamanho e forma adequadas deve-se 
elaborar o plano de manejo segundo a resolução 048 de 07/07/95 
para a região Amazônica, ou a resolução 005 de 21/12/92 do 
Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, dentre outras. 
U F L A/F A ^ r e ^ W f l n g o F ^ ^ 
Não se deve negligenciar também a maneira de estimar o volume 
das árvores individuais já que o uso de estimadores tendenciosos 
pode levar a super estimativa do estoque. Este fato como já 
descrito possibilita a obtenção de crédito superior ao real para 
fins da colheita florestal sendo uma das causas do aumento do 
desmatamento. 
c) Assumindo que de fato o manejo florestal será executado há a 
necessidade de um mapa de qualidade para amparar a atividade 
de inventário florestal, assim como a subdivisão da propriedade 
florestal, em compartimeníos. 
O número de compartimentos deverá estar associado ao ciclo de 
corte e a expectativa de produção acima de um diâmetro mínimo 
comercial, do grupo de espécies que se tem interesse. Assim se 
a indústria tem capacidade de processar 5.600 m 3 de madeira 
por ano, se o ciclo de corte é de 25 anos, se a produção média 
por ha é de 28 m 3 então cada compartimento deverá ter 200 ha e 
serão necessários 5.000 ha para que a prática de manejo seja 
eíeiuaüa. 
Estes compartimentos serão ainda subdivididos em talhões. Com 
práticas de manejo adequadas espera-se um aumento da 
produtividade, com a conseqüente redução do ciclo de cortee 
da área a ser manejada. 
250 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
O talhonamento, além de sofrer esta influência também deve 
considerar as características físicas e topográficas da região 
onde está sendo praticado o manejo florestal. 
d) Implementar um censo na área a ser manejada. Dois fatos devem 
ser considerados: o primeiro é que tradicionalmente as serrarias 
da Amazônia exploram em torno dos 250 ha de floresta por 
ano. Assim este inventário não será realizado em grandes áreas. 
O segundo é que o diâmetro mínimo para coleta das 
informações, é normalmente 25 cm. Assim efetuar o censo não é 
tão assustador quanto pode-se pensar a primeira vista. 
Uma maneira fácil de operacionalizar o censo na área, em todas 
as árvores com DAP acima de 25 cm, é subdividir os talhões em 
quadras menores de, por exemplo, 40 x 50 m. Em cada quadra 
as árvores são marcadas e representadas graficamente no mapa, 
conforme pode visualizar na Figura 6.1, ou se existir, num 
sistema de informações geográficas. Normalmente abre-se 
picadas para que este trabalho seja facilitado. Com as espécies 
mapeadas pode-se planejar a atividade de corte e remoção das 
árvores na área provocando o menor dano possível. Pode-se 
observar que em determinadas áreas há mais ocorrência de 
plantas de grande porte que em outras. 
251 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
FIGURA 6.1. Distribuição espacial das árvores em uma floresta nativa (plant; 
252 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
253 
e) Definir critérios para remoção das árvores. Este critério pode ser 
genérico ou a nível de espécie. Um dos critérios pode ser o 
diâmetro mínimo de corte (dmc). Este critério é bastante utilizado 
pela facilidade de operacionalização. 
Por exemplo, espécies como o jatobá e a faveira pela alta relação 
albumo cerne devem ter dmc superior a 70 cm, onde este 
problema é minimizado. Já o freijó pode ter dmc em torno de 45 
cm se houver interesse em sua utilização. Considerando a 
necessidade de permanecer na área no mínimo (10%) do total de 
indivíduos por espécie com DAP maior que 45 cm, como porta 
semente, deve-se com base no inventário do passo 3 definir 
estes limites. É importante notar que o beneficiamento da 
madeira tem também enorme importância neste item. 
Outro critério é utilizar os índices de regeneração ou ainda o 
índice de suscetibilidade das espécies a exploração florestal 
como definido em bases preliminares por Martíni et al (1992). 
Considerações sobre este critério são apresentados no 
Capítulo 3. 
Outro critério, a ser detalhado no item manejo da vegetação 
nativa através de corte seletivo é a associação do inventário 
quantitativo e da análise estrutural, ao conceito de floresta 
balanceada. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
254 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
TALHÃO [ 
2 5 0 m 
——-—4-
liam 
PÁTIO D 
I i ,. \ lOOm E S T R A D A S 
" L H A S S E C U N D Á R I A S 
ESTACIONAMENTO 
I . 
FIGURA 6.2. Posicionamento das estradas e pátios de estacionamentos 
g) Corte de Cipós 
Esta operação pode e deve ser feita de 6 meses a 1 ano antes da 
intervenção na área de maneira que os cipós cortados tenham 
tempo de secar. Então com as chuvas este material seco na 
copa das árvores cairá todo para o solo. 
255 
Deve-se neste item tomar bastante cuidado para que não seja 
realizado um desbaste por alto com retirada pura e simples dos 
indivíduos de melhor forma. 
De maneira geral é o uso de uma gama de diferentes espécies, 
vinculadas aos conhecimentos de mercado, que irão caracterizar 
uma prática de manejo mais ou menos comprometida com a 
sustentabilidade. A Madeireira Mil no município de Itacoatiara, 
AM, faz uso de 47 diferentes espécies com expectativa de chegar 
a um aproveitamento de 65 espécies. Dentre estas destacam-se a 
Maçaranduba; o Louro Gamela, Rosa, Preto, Itauba; o Angelim 
Pedra, Vermelho, Rajado; Cordeiro, Cupiuba; Piquiá, Tamari e 
Amapá. O volume das espécies comerciais com diâmetro acima 
de 50 cm é de 85 m 3/ha. Sem dúvida que com um maior 
aproveitamento de espécies pode-se alcançar mais facilmente a 
prática de manejo sustentado. 
0 Definida a marcação das espécies no mapa e o critério de 
remoção das árvores/espécies pode-se então definir a rede de 
estradas e os pátios de acumulação de árvores de maneira que 
haja o menor impacto possível na floresta residual, causado pela 
exploração florestal. 
A definição da posição das estradas dependem da distância 
mínima das árvores a serem exploradas. Aquela distância mínima 
que levar a um menor custo de exploração e transporte é que 
definirá a posição das estradas e pátios de estacionamento das 
toras. 
Considerando um talhonamento cujas quadras tem 40 x 50 m 
pode-se sugerir uma distância de estradas de 100 em 100 m, 
conforme ilustrado na Figura 6.2. 
U FLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Esta operação é implementada para liberar a copa das árvores 
que vão ser exploradas, evitando que estas arrastem outras 
consigo no momento da queda. As recomendações mais atuais 
prescrevem que esta operação deve ser implementada em torno 
das árvores a serem exploradas já marcadas no mapa, conforme 
mostrado no item d e realçam ainda a importância dos cipós 
para a fauna, especialmente macacos. Na Figura 6.3 é ilustrada 
esta operação 
FIGURA 6.3. Corte de Cipós 
256 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
COPA CLARA . ÁRVORES HORTAS OU DANIFICADAS 
FIGURA 6.4. Ilustra Clareira com queda orientada e com queda sem qualquer orientação e 
morte natural da árvore 
257 
rt) Quedas orientadas das árvores. Embora já apresentado no 
Capítulo 3 vale ressaltar que a queda não orientada das árvores 
provocam clareiras em 50% do ha (média de 800 m2/árvore). 
Já a queda orientada implica em drástica redução nos danos 
a floresta residual (clareiras de 23% do ha) (média de 300 a 
400 m2/planta). Só para fins comparativos a clareira média aberta 
pela morte natural das árvores de grande porte varia de 180 a 
250 m 2 . O corte das árvores devem seguir o critério "espinha de 
peixe" e ser orientado para que sejam reduzidos os danos por 
ocasião da remoção das árvores da área, conforme ilustrado na 
Figura 6.4. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
í) O Arraste 
O arraste tradicional é feito com trator de esteira ou com skider. 
Para transportar a tora o trator deve-se deslocar até esta, 
manobrar e então puxá-la. Os danos provocados são muito 
grandes nesta situação. Toma-se necessário meios menos 
impactantes de retirar a madeira da área. Um dos pontos básicos 
é reduzir ao máximo manobras de tratores na área. Para isto 
utilizar cabos de aço para conectar a tora ao trator parece ser um 
meio de impactar menos a floresta residual. Utilizar máquinas 
modernas como os Track Skider D4H, que são articulados é 
muito menos impactante do que utilizar os tradicional tratores D8. 
Além de propiciar menos compactação do solo os Skider 
articulados D4H, abrem as trilhas, seguindo o talhonamento 
definido no item c, causando muito menos impacto visual e a 
estrutura da floresta, do que a rede de estradas tradicionalmente 
abertas por tratores de grande porte. Uma ilustração deste fato é 
mostrada na Figura 6.5. Em área planas no Estado do Amazonas, 
na Madeireira Mil, o rendimento diário entre abertura de trilhas e 
pré arraste das toras é de 50 a 60 toras. 
258 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
TALHÃO | 
QUEDA DAS 
A'RVORES EM 
ESPINHA DE 
P E I X E 
pilho < WSJB 
.V 
PÁTIO DE ESTACIO 
N A M E N T O DE 
TORAS / TRANSPOR 
TE POR CAMINHÃO 
«TÉ A SERRARIA 
T R I L H A S / D 4 H TRACK SKIDER + 
SUINCHO PARA ABERTURA OE 
TRILHAS E O P R É - ARRASTE 
E S T R AD A S 
« S E C U N D Á R I A S / S K I D E R 
DE PNEU S I 2 d A R T I C U 
L A D O COM GARRA 
FIGURA 6.5: Formas de remover as toras da área explorada 
259 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
j) Pátio de Estacionamento 
Após o pré arraste até a estrada principal as toras devem ser 
removidas até o pátio de estacionamento para posteriormente 
serem transportadas até a indústria. Uma forma menos 
impactante de efetuar tal operação é fazer uso de Skider de 
pneus, articulado (Modelo 518 C ou superior) com garra para 
envolver toras de até 1,20 m de diâmetro. 
I) Traçamento 
Cada tora de cada espécie deve ter um traçamento 
particularizado em função principalmente do seu aproveitamento 
na serraria e meios de transporte. Somente o fuste é aproveitado 
num típico processo de desperdício de madeira. Vale ressaltar 
que em média o volume dos galhos correspondem de 35 a 45% 
do volume total de uma árvore. De toda a maneira efetuar o 
traçamento conforme o uso que vai ser dado a tora (serraria, 
laminação (desenrolado) ou faqueado) significa reduzir 
desperdício de madeira, e a área a ser manejada. 
Para fins de ilustração Barreto, Uhl e Yared (1993) consideram 
que o aumento da eficiência na serraria de 50 para 60% significa 
uma redução em 17% no volume necessário para gerar o mesmo 
volume de madeira serrada. 
Se considerarmos uma área anual de 250 ha sendo explorada 
segundo um critério de manejo sustentado propiciando em 
média 40 m3/ha e um ciclo de corte de 20 anos, seria necessário 
uma área total de (20 x 250) 5.000 ha. 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
261 
A colheita anual estimada para os 250 ha será de (250 x 40) 
10.000 m 3 de tora roliça o que ao ser beneficiado segundo um 
aproveitamento de 50% resultará em 5.000 m 3 de tábua. Para 
obter esta mesma quantidade de tábuas com 60% de 
aproveitamento na serrraria, seriam necessários 8.400 m 3 de 
madeira roliça o que reduziria a área manejada para 210 ha/ano 
(8.400 m 3/40 m 3) e a área do empreendimento para 4.200 ha (210 
x 40). Assim o processamento da madeira é variável fundamental 
para reduzir custo da atividade de manejo florestal. 
m) Monitoramento 
Normalmente 1 ano após o corte é feita a avaliação do 
povoamento remanescente, através da remedição das parcelas 
permanentes instaladas e medidas antes da primeira exploração. 
A proporção destas parcelas é de 1 a cada 300 ha, com área de 
medição contígua ou não de 1 ha. Estas parcelas devem ser 
remedidas periodicamente em intervalo de 5 anos e são úteis 
para demonstrar o crescimento, a mortalidade, o ingresso, enfim 
a dinâmica da floresta após a exploração. Com estas 
informações pode-se fazer de modo correto as prescrições dos 
tratos sifvicurturais, além de elaborar modelos de prognose da 
produção que permitem definir ciclo de corte para cada nível de 
intervenção. 
n) Tratos Silviculturais 
Anteriormente estes tratos silviculturais já foram descritos, 
quando efetuou-se a descrição dos sistemas silviculturais. Estes 
tratos tem por finalidade maior manter um ritmo acelerado de 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
crescimento das espécies de interesse, em todas as classes de 
estoque (regeneração, crescimento e exploração). Em síntese 
esta prática consiste na redução da competição em relação as 
árvores eleitas para serem exploradas nos próximos ciclos de 
corte. Esta prática é implementada pela eliminação de cipós e 
das árvores ou das espécies indesejáveis, normalmente por 
envenenamento, conforme ilustrado nas Figuras 6.6 e 6.7. Nestas 
são ilustradas de forma seqüencial o perfil de uma floresta antes 
e após 3 1 a exploração, antes e após cada um dos refinamentos 
praticados e após a 2 a exploração. 
10 20 30 O O 10 30 30 «0 M |m). 
FIGURA 6.6. Perfil de uma floresta sob sistema de manejo celos. A) antes da exploração 
(ano 0); B) após primeira colheita de 2 árvores (ano 0); C) após o primeiro 
refinamento (2o ano); D) antes do segundo refinamento (V^ano) 
Fonte: De Graaf, N.R. e Poles, R.L.H. 1990 
262 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
FIGURA 6.7. Perfil de uma floresta sob sistema de manejo Celos. E) após o segundo 
refinamento (9o ano); F) antes do terceiro refinamento (15° ano); G) após o 
terceiro refinamento (17° ano); H) após a segunda colheita (20 anos) A copa 
das espécies de interesse econômico estão achuriadas. 
Fonte: De Graaf. N,R. e Poles, R.L.H. 1990 
Um critério para definir quando existe competição é a copa das 
árvores não eleitas estarem impedindo a passagem de luz para 
as árvores eleitas. Este tratamento deve ser iniciado 2 a 4 anos 
após a exploração e repetido periodicamente quando as 
espécies eleitas estiverem apresentando forte redução na taxa de 
incremento periódico (observado pelo monitoramento das 
parcelas permanentes). A nível prático este período é entre 5 e 8 
anos. 
263 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
264 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
classe de diâmetro, com a análise estrutural, particularmente com a 
densidade absoluta. O padrão de distribuição espacial das espécies, 
definido por exemplo, pelo índice de Morisita, pode ser bastante útil como 
um elemento para facilitar a marcação das espécies a serem removidas. 
Para ilustrar a prática de manejo utilizar-se-á três parcelas, de 
600 m 2 cada, levantadas em cerrado senso stricto no município de 
Brasilândia, conforme apresentado no Anexo 2. 
Deve-se para gerar um plano de manejo: 
• Efetuar um inventário na área em que além de conhecer a 
estrutura diamétrica da floresta a nível de espécie seja obtidas 
informações sobre: 
- Volume; 
- Área basal; 
- Número de indivíduos; 
- Qualidade do fuste destes indivíduos; 
- Identificação dendrológica; 
- Aspectos fitossanitários; 
- Acesso à área; 
- Altura comercial e total; 
- Posição sociológica. 
Na Tabela 6.1 apresenta-se a resposta do inventário a nível de 
espécie por classe diamétrica. 
265 
6.2. O MANEJO DA VEGETAÇÃO NATIVA ATRAVÉS DE 
CORTES SELETIVOS 
O corte seletivo é uma das opções que o Engenheiro Florestal tem 
para manejar uma vegetação nativa. Deve para tal conjugar ações para 
condução da regeneração natural; estabelecer critérios para remover as 
árvores da floresta; e definir critérios de colheita que impactem o menos 
possível a população remanescente. 
Contrariamente a ação de manejo existem os predadores que 
adotam o corte seletivo para promover a remoção de árvores da vegetação 
nativa de forma estritamente mecânica e não como um sistema silvicultural. 
Neste caso o interesse é imediato em um grupo de indivíduos e qualquer 
esforço vale para obtê-los, mesmo que para tal seja necessário destruir a 
floresta. 
Uma alternativa objetiva e sensata, respeitando a harmonia do 
ambiente é o que o manejador florestal busca. Para viabilizar esta prática, 
deve-se executar um inventário florestal com uma eficiente amostragem. 
Pode-se a partir destes dados, utilizar o concerto de floresta balanceada que 
dentre outros benefícios possibilita quantificar o número de árvores que se 
pode remover por classe diamétrica, identificando classes em que existem 
problemas, ou seja, déficit de árvores. 
Definido o número de plantas a ser removido por classe de 
diâmetro, deve-se definir que espécies serão removidas de maneira que não 
haja comprometimento da diversidade fiorística, assim como deve-se definir 
quantas plantas serão removidas por classe diamétrica para cada espécie. 
Pode-se então conjugar o inventário quantitativo a nível de espécies por 
O) 
CT) 
TABELA 6.1. Inventário por espécie por classe diamétrica 
Espíeie Característica 
de 
Interesse 7 11 15 19 
Casses Diamétricu 
2J 27 Jl J5 39 4] 
Total das 
Classes deDiâmetro 
Acosmium dasycarpum Voltot 0,00 0,46 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,46 
Volfus 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 0,33 
Árvores 0,00 11,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,11 
Acosmium sub elegans Voltot 0,03 0,17 0,00 0,00 1,02 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,21 
Volfus 0,02 0,12 0,00 0,00 0,68 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,83 
Arvores 5,56 5,56 0,00 O.OO 5.56 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 16,67 
Annona crassi/lora Voltot 0,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,10 
Velíus 0,08 0,00 0,00 O.OO 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,08 
Árvores 5,56 0,00 0,00 0,00 O.OO 0,00 0,00 0,00 O.OO 0,00 5,56 
Byrsonlma eoccolobifoHú Voltot 0,08 0,47 1.35 0,00 0.00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,60 1,91 
Volfus 0,07 0,34 0,96 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0.00 1,37 
Árvores 5,56 16,67 22.22 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 44,44 
Davitla etlipttca Voltot 0,02 0,07 • 0.00 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 0,00 0,09 
Volfus 0,02 0,05 0.00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,07 
Árvores 5,56 5.56 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 11,11 
Dlospyros coccohblfolla Voltot 0,08 0,00 0,26 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 
Volfus 0,06 0,00 0,18 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,24 
Árvores 11,11 0,00 5,S6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 16,67 
Erythroxylum spl Vollot 0,07 0,00 • 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,07 
Volfus 0,0o 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 0,00 0,06 
Árvores 16,67 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 O,EO 16,67 
Erythroxylum suberosum Voltot 0,06 0,14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,21 
Volfus 0,04 0,1 f 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,15 
Árvores 5,56 5,56 O.OO 0,00 0,00 0.00 0.00 0,00 0.00 0.00 11,11 
G 
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O 
O 
Continua.... 
i 
O) 
TABELA 6,1. Continuação 
Espécie Característica 
de 
Interesse 11 15 19 
Classes DUmétricas 
23 27 31 35 39 43 
Total das 
Classes de 
Diâmetro 
Erythroxylum loríuosum Voltot 
Volfus 
Árvores 
0.03 
0,02 
5.56 
0,OÜ 
0,00 
0,00 
O.OO 
0.00 
0.00 
O.ÜO 
ü,00 
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0,U0 
0.00 
0,00 
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0,00»-
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0.00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,03 
0,02 
5,56 
Eugenia dysenterica Vollot 
Volfus 
Árvores 
0,26 
0,20 
27,78 
0,29 
0,21 
11.11 
0,37 
0,26 
5.56 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
0.00 
0,91 
0,67 
44,44 
llymenaea sugonocarpa Voltot 
Volfus 
Árvores 
0,12 
0,09 
11.11 
0,22 
0,16 
5,56 
0,52 
0,36 
5,56 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,85 
0,61 
22.22 
Kielmeyera coriacea Vollot 
Volfus 
Árvores 
0,58 
0,46 
72,22 
0,26 
0,19 
11.11 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,84 
0,65 
83,33 
Lafoensia pacari Voltot 
Volfus 
Árvores 
0,58 
0,46 
83,33 
0,42 
0.31 
27,78 
1,06 
0,76. 
27.78 
0,39 
0.27 
5,56 
0,00 
0,00 
O.OO 
1,28 . 
0.82 
5.56 
0,00 
0.00 
0.00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
3.72 
2.62 
150,00 
kíagonia pubescens Voltot 
Volfus 
Árvores 
0,24 
0,18 
22,22 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0,00 
1,92 
1,23 
5,56 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0,00 
2,16 
1,42 
27,78 
Ouratca hexaspermo Voltot 
Volfiis 
Árvores 
0,07 
0.05 
5.56 
0,00 
0,00 
0.00 
O.ÜO 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,07 
0,05 
5,56 
Piplocarpha rotundifolia Voltot 
Volfus 
Árvores 
0,04 
0,03 
5.56 
0,22 
0,16 
5.56 
0.00 
0,00 
O.ÜO 
0,00 
Ü.OO 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
O.OO 
0,00 
0,00 
O.OO 
0,00 
0,00 
0.00 
0.00 
0,00 
000 
0,00 
0,00 
N N O 
0,26 
0,19 
I I I I 
Continua... ~ ~~ ' —— '• : 1 . . . . . 
"8, 
t 3 
C 
2 
O 
••s. 
O 
C O 
S 
to 
a 
§• 
O 
TABELA 6, l. Continuação 
Espécie Característica 
de 
Interesse 7 11 15 19 
Classes ütametricas 
23 27 31 35 39 43 
TotaJ das 
Classes 
de 
Diâmetro 
Poutena ramiflora Vollot 0,41 0,38 1,72 1,40 0.00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,91 
Volfus 0,32 0,28 1,22 0,96 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,77 
Árvores 38,89 11,11 27,78 11,11 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 88,89 
Pseudobombax hngijlorum Voitot 0,00 0,00 0,00 0,54 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,54 Pseudobombax hngijlorum 
Volfus 0,00 0,00 0,00 0,38 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,38 
Árvores 0,00 0,00 0,00 5,56 o.oo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,56 
Quatea grandtflora Voitot 0,23 0,50 0,00 0,32 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,04 
Volfus 0,18 0,37 0,00 0,22 0,00 0.00 0.00 0,00 0,00 0,00 0,77 
Árvores 33,33 16,67 0,00 5,56 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 0,00 55,56 
Qualea parviflora Voitot 0,92 1,38 0,70 1,16 0.84 1.37 1.94 0,00 0,00 0,00 8,31 
Volfus 0,72 1,02 0,49 0,81 0.57 0,90 1,22 0.00 0,00 0,00 5.72 
Árvores 100,00 50,00 11,11 11,11 5,56 5,56 5,56 0,00 0,00 0,00 188,89 
Saivertia convaílariodora Voitot 0,00 0,00 0,30 0,00 1,08 0,00 0.00 0,00 0,00 0.00 1,38 
Volfus 0,00 0,00 0,22 0,00 0,72 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0,93 
Árvores 0,00 0,00 5,56 0,00 5,56 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,11 
Sclerolobium patiiculalum Voitot 0,08 0,21 0,00 0,00 0,00 0.00 0.00 0.00 0,00 0,00 0,28 
Volte 0,06 0,15 0,00 0.00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.21 
Árvores 5,56 5,56 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 11,11 
Senna ovalifolia Voitot 0,12 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0.00 0,00 0.00 0,00 0,12 
Volfus 0,09 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,09 
Árvores ti,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,11 
Syagrus flexuosa Voitot 0,00 0,03 0,00 0,00 0.00 0.00 0,00 0,00 0,00 o,oo 0,03 Syagrus flexuosa 
Volfus 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 0,03 
Árvores 0,00 5,56 0.00 0,00 0.00 0.00 0.00 0,00 11,00 0,00 5,56 
Continua... 
TABELA 6.1. Continuação 
Espécie 
Tocoyena formosa 
Vochysla rufa 
Mona 
Total dc cada classe 
de diâmetro 
Característica 
dc Classes Oiametricai 
Interesse 
Voitot 
Volfus 
Árvores 
7 
0,06 
0,04 
5,56 
11 15 19 
Vollot 0,03 
Volfus 0,03 
Ájvorcs 5,56 
Voitot 
Volfus 
Árvores 
Vollot 
Volfus 
Árvores 
0,13 
0,11 
22,22 
0,06 
0,04 
5,56 
Voitot 
Volfus 
Árvores 
4,38 
3,44 
516,67 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,97 
0,07 
5.56 
0,16 
0,12 
5,56 
5,46 
4,01 
205.56 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,58 
0,41 
11.11 
6,84 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0,68 
0,46 
5,56 
4,48 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
27 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
31 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
35 39 43 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
4,86 
122.22 
3,09 
44,44 
2,94 
1,98 
16.67 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.00 
4,57 
2.95 
16.67 
0,00 
0,00 
0,00 
1,94 
1,22 
5.56 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0.000.00 
0,00 
0.00 
0,00 
0.00 
0.00 
0,00 
0,00 
noo 
Total das 
Classes 
de 
Diâmetro 
0,06 
0,04 
5,56 
0,03 
0,03 
5,56 
0,22 
0,17 
27,78 
1,47 
1,03 
27,78 
30,61 
21,54 
o ? 7 7R 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
• Utilizando os dados do inventário, realizar a análise estrutural da 
floresta (horizontal e vertical). 
Na Tabela 6.2, apresenta-se a análise da estrutura horizontal e 
vertical das espécies que foram amostradas. 
• Utilizando os dados de estrutura diamétrica obtidos do 
inventário, ajustar uma função de distribuição, por exemplo, a 
função de Meyer, ou Vveibull. Com a função de distribuição 
diamétria ajustada pode-se conhecer a freqüência teórica da 
população através da qual pode-se obter o Quociente (q) de De 
Liocurt. Utilizando-se deste quociente, Meyer, em 1933, 
desenvolveu o conceito de floresta balanceada, que consiste em 
definir a estrutura (balanceada) desejada para a floresta 
remanescente, ou a floresta sob regime de manejo. Desta 
maneira, pode-se definir o número de árvores, o volume e a área 
basal a ser removida, de diferentes espécies e para diferentes 
usos, por classe de diâmetro. Permite definir ainda em que classe 
de diâmetro há déficit de árvores, em relação a floresta 
balanceada que estará comprometida com o conceito de manejo 
sustentado. 
270 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
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S P 3 . 8 S P E 3 E 5 2 3 S S 5 ? S 3 S8 a 3 E 8 D S 
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3.8.6 S S 5? S 8 S R 8 8 S 8 S C § 3 S 2 S R P S S 8 
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r í o* 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 6.3. Síntese do número de árvores/ha, altura, área basal/ha e volume/ha por 
classe de diâmetro 
Valor 
Central da 
Classe de 
Diâmetro 
Fo HT HF G v r VF* 
7,0 516,67 3,54 1,36 1,9884 4,5341 3,5515 
11,0 205,56 4,77 1,71 1,9535 5,6750 4,1624 
15,0 122,22 5,53 2,15 2,1598 7,0847 5.0220 
19,0 44,44 6,35 1,70 1,2601 4,6471 3,2003 
23,0 16,67 7,87 2,33 0,6925 3,1031 2,0773 
27,0 16,67 8,07 1,93 0,9543 4,3057 2,8023 
31,0 5,56 8,00 0,49 0,4193 1,8425 1,1642 
927,78 9,4278 31,1922 21,9800 
Classe = Valor Central da Classe de Diâmetro (cm) 
Fo = Freqüência Observada (N/ha) 
HF = Altura do Fuste (m) 
G = Área Basal (m2/ha) 
VT= Volume Total (m3/ha) 
HT= Altura Total (m) 
VF = Volume do fuste (m3/ha) 
Para obtenção do volume total da árvore e do volume do fuste, 
foram utilizadas equações de volume desenvolvidas para cerrado senso 
stricto por Scolforo et al (1993). 
* Valores diferem ligeiramente daqueles apresentados na Tabela 6.1. Nesta os volumes 
foram obtidos a nivel da árvores e após somados por classe diamétrica. Na Tabela 6.3 os 
volumes foram obtidos a partir do centro da classe diamétrica e da freqüência desta. 
272 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
273 
Considerando as 3 parcelas apresentadas no Anexo 2 medidas em 
março de 1996 na Fazenda Brejão, região de Brasilândia, MG. Os diâmetros 
das árvores mensuradas foram agrupadas em classes diamétrica e são 
apresentados na Tabela 6.3. 
• Volume Total 
V = 0,000506 + 0,00000497125 CAP 2 . H - 6,235642 E-9 CAP 3 . H 
R 2 = 99,61% 
Syx = 13,47% 
• Volume do Fuste 
V= 0,00000443 . C A P 2 ' 2 2 7 4 5 9 5 7 H f 0 ' 6 2 2 0 6 2 4 5 
R 2 = 99,73% 
Syx = 9,70% 
Foi então utilizado o modelo de Meyer yi = p 0 e p 1 + ei, o qual foi 
linearizado e ajustado por meio de regressão linear simples, aos dados da 
Tabela 6.3. 
yi = po e^ 1 x ' ou linearizado 
Inyi = In 0o + pi x; 
onde: 
yi = número de árvores na iésima classe de diâmetro 
> q = valor central da iésima classe de diâmetro 
Pt = parâmetros a serem estimados 
In = logaritmo natural 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
274 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
TABELA 6.4. Mostra estatística do número de árvores/ha, altura, área basal/ha, volume/ha. 
acrescidas da freqüência obtida da função de Meyer e do coeficiente de 
De Liocurt 
Classe Fo Fe HT HF G v r VF* 1 
7.0 516,67 463,78 3,54 1,36 1,9884 4.5341 3,5515 2,08 
11.0 205,56 222,11 4,77 1,71 1,9535 5,6750 4,1624 2,08 
15.0 122,22 106,37 5,53 2,15 2,1598 7,0847 5,0220 2,08 
19.0 44,44 50,94 6,35 1,70 1,2601 4,6471 3,2003 2,08 
23.0 16,67 24,40 7.87 2,33 0,6925 3,1031 2,0773 2,08 
27,0 16,67 11,68 8,07 1,93 0,9543 4,3057 2,8023 2,08 
31.0 5,56 5,60 8,00 0,49 0,4193 1,8425 1.1642 2,08 
927,78 884,88 9,4278 31,1922 21,9800 
Modelo de Meyer: Yi = poi EXP (81 i * Xi) 
Parâmetro poi: 1682.17859 
Parâmetro pi i : -0.18406 
COEF. DE DET. (R 2): 97,9% 
Classe = Valor Central da Classe de Diâmetro (cm) 
Fo = Freqüência Observada (N/ha) 
Fe = Freqüência Estimada (N/ha) 
HF = Altura do Fuste (m) 
HT= Altura Total (m) 
G = Área Basal (m2/ha) 
VF = Volume do fuste (m3/ha) 
VT= volume Total (m3/ha) 
q = Quociente de De Liocourt 
* Valores diferem ligeiramente daqueles apresentados na Tabela 6.1. Nesta os volumes 
foram obtidos a nível da árvores e após somados por classe diamétrica. Na Tabela 6.4 os 
volumes foram obtidos a partir do centro da classe diamétrica e da freqüência desta. 
275 
A equação ajustada e seu respectivo coeficiente de determinação é 
apresentada a seguir. 
In yi = 7,427845012 - 0,18406 Xj (1) 
R*= 97,9% 
Para obtenção do coeficiente de De Liocurt (q), obtém-se 
primeiramente as freqüências estimadas das classes diamétrica, a partir da 
equação (1). Após, obtém-se a razão do número de árvores entre as classes 
de diâmetro sucessivas, tal que: 
Ni 
q = 
onde: 
Ni = número de árvores da iésima classe de diâmetro 
Ni+ 1 = número de árvores da iésima mais uma classe de diâmetro 
Desta maneira há uma progressão geométrica de "q" entre as 
classes de diâmetro sucessivas, o que define segundo Meyer a estrutura de 
uma floresta balanceada. 
Ni = q N2 = q 2 N 3 = q 3 N 4 . . . = q n " 1 N n 
Na Tabela 6.4 é ilustrada esta situação juntamente com a síntese 
das estatísticas do inventário florestal. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
276 
^ I f ^ J ^ e j o ^ ^ ^ N a t j v a 
Para obter o novo valor de 8,, utiliza-se o conceito da constante de 
De Liocourt conforme mostrado a seguir. 
Q = 
P O ePi * V I ) 
Q P O e 1 3 ! ^ ! ) = P O ePiXj 
Ln Q + P I X(j + 1) = P , Xi 
Ln Q = P , X(,> D - P I Xi 
P I P V I ) -X i ) = - L n q (-1) 
P I (Xj - X i . T ) = Ln Q 
P I = 
Ln Q 
í Xi - Xç,+ 1) J 
Da mesma maneira para que seja viabilizado vários valores de área 
basal remanescente e de diâmetro máximo desejável deve-se encontrar 
nova fórmula que possibilite obter novos valores pa T ZZ 
considera-se: P o ' P a r a t a l 
A área basal por classe de diâmetro é calculada como: 
G = 
7tX 2 1 
40000 
• fl + 
7 t X 2 2 
40000 
f2 + 
7 t X 2 3 
40000 
• h + ...+t X 2 „ 
40000 
• fr, 
277 
Para obtenção de cada plano de manejo torna-se necessário definir: 
a) Novo valor do quociente de De üocourt. Se o novo valor de De 
Liocourt for menor que o valor original, então mais plantas serão 
removidas nas menores classes diamétricas. Já o contrário 
implica na remoção de um maior número de plantas de maior 
dimensão. Naturalmente que as considerações são válidas para a 
remoção de uma mesma área basal. 
b) A área basal remanescente que é desejada. Deve-se ressaltar que 
quanto menor a área basal remanescente desejada, mais árvores 
serão removidas da população, para um mesmo quociente de De 
üocourt e diâmetro máximo. Especificamente para o Estado de 
Minas Gerais deve-se observar as prescrições da Resolução 05 
de 23/12/1993. Para a Floresta Amazônica deve-se observar a 
Resolução 048 de 15 de julho de 1995. 
c) O novo diâmetro máximo desejado para efetuar a colheita na 
floresta remanescente. Também neste caso para mesmos valores 
de q e G salienta-se que menor valor de Dmax levam a uma 
maior retirada de árvores da população. Como a nova floresta 
apresenta valores menores de Dmax, então em menos tempo as 
árvores atingirão estas dimensões. Obtém-se desta maneira 
colheita em ciclos de corte menores 
A definição dos novos valores de q, G remanescente e Dmáximo 
implica na necessidade de se obter novos valores para os coeficientes Bis da 
regressão ajustada. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Como a freqüência é estimada por yi = po . e p i x i então 
substituindo fi por po . e13!*" tem-se: 
TC X 1 
40000 
. po e p i x i 
7 t X 2 2 
40000 
. po e p i x 2 • 
JtX 2 n 
40000 
po.e' Pl.Xn 
G = — - — [ x 2 i p 0 e p i x t + X 22 po e P i ^ + _+ X 2 n po e ^ ] 
40000 
40000G 
= [ Bo(X2i e p i x i + X 2 2 e p i x 2 + ... + X 2 n e * 5 ^ ) ] 
Bo = [ 
40000G 
TI (X21 e p i x i + X 22 eVfo + ... + x 2 n cP^n) ] 
Se o ajuste de Bo é feito através de regressão não linear. 
No caso deste exemplo o modelo não linear foi linearizado e o seu 
ajuste obtido por meio de regressão linear. Assim o novo po é obtido como 
40000 . G 
po= In 
7t (X21 e P1 X1 + X 22e p1*2 + ... + X2ma3c e ^ a x ) 
onde: 
Xj = valor central da classe de diâmetro 
278 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
6.2.1. Geração do Plano de Manejo Propriamente Dito 
Para a população objeto desta abordagem serão definidos 3 planos 
de manejo para que se possa fazer a seleção daquele que for o mais 
interessante. 
a) Plano de Manejo 1 
Considera-se agora um valor de: 
q = 2,088 
Grem. = 4,715 m 2/ha 
Dmax. = 31,0 cm 
Então os novos valores de PI e Bo são 
Ln(q) 
PI = 
X - X(j+ 1) 
Ln (2,088) 
pi = = . 0,18405 
-4 
Í G . 40000 
n 
TC £ X 2 i e p i x i 
i= 1 
PO = 6,745561073 
279 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Substituindo estes novos valores na função selecionada tem-se: 
Ln Yi = 6,745561073 - 0,18405 Xi 
Y = 850,27606 e " 0 ' 1 8 4 5 0 * 
Pode-se agora definir se há classes de diâmetro em que há déficit e 
classes em que há superávit de árvores, além de definir quantas árvores 
serão removidas, conforme observa-se na Tabela 6.5. 
TABELA 6.5. Floresta remanescente e a definição das árvores a serem removidas na opção 
de Manejo 1 
Classe Estrutura Original Est. Remanescente Est. Removida 
Fo Vo* Fe Ve Fr Vr 
7,00 516,67 4,5341 234,44 2,0574 282,23 2,4767 
11,00 205,56 5,6750 112,28 3,0998 93,28 2,5752 
15,00 122,22 7,0847 53.77 3.1170 68,45 3,9676 
19,00 44,44 4,6471 25,75 2.6928 18,69 1,9543 
23,00 16,67 3,1031 12,33 2,2964 4,33 0,8066 
27,00 16,67 4,3057 5,91 1,5261 10,76 2,7796 
31,00 5,56 1,8425 2,83 0,9382 2,73 0,9042 
927,78 31,1922 447,32 15.7277 480,46 15,4643 
Modelo de Meyer: Yi = poi EXP (pii * Xi) 
Parâmetro poi: 850,27606; Parâmetro pii: -0,18405 
Quociente de De Liocourt da Floresta Remanescente = 2.088 
Área Basal da Floresta Remanescente = 4,715 
Classe = Valor Central da Classe de Diâmetro (cm) 
Fo = Freqüência Observada (N/ha); Vo = Volume Observado (m3/ha) 
Fe = Freqüência Estimada (N/ha); Ve = Volume Estimado (m3/ha) 
Fr= Freqüência Removida (N/ha); Vr = Volume Removido (m3/ha) 
* Valores diferem ligeiramente daqueles apresentados na Tabela 6.1. Nesta os volumes 
foram obtidos a nível da árvores e após somados por classe diamétrica. Na Tabela 6.5 os 
volumes foram obtidos a partir do centro da classe diamétrica e da freqüência desta. 
280 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
281 
Utilizando a combinação do inventário florestal por espécie, por 
classe diamétrica e a análise estrutural pode-se gerar o plano de manejo. 
Para tal adotou-se as seguintes restrições: 
• Operacionalização do Manejo. 
• Só serão removidas espécies com densidade relativa maior ou 
igual a 1%. 
• Em qualquer circunstância para as espécies a serem removidas 
existe a restrição de permanência de 10% das plantas por classe 
de diâmetro. Este fato ocorrerá quando a prescrição obtida do 
plano de manejo na classe diamétrica é superior ou igual ao 
número de plantas nesta mesma classe, para as espécies com 
densidade relativa > 1. 
• Todas as árvores mortas deverão ser removidas. 
• Todas frutíferas protegidas portei não poderão ser cortadas. 
• As classes diamétricas, que apresentarem déficit de árvores não 
poderão sofrer qualquer remoção. 
• O critério de remoção para as espécies por classe de diâmetro, 
com densidade relativa > 1, desde que respeitem as restrições 
anteriores é dada por: 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
282 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
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Z Z A 
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D 
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•S 
Z Z A 
283 
NED 
Remoção = 
n n 
E NED - Z NAEDRD 
i= 1 i= 1 
em que: 
NED = Número de árvores da Espécie i na classe 
Diamétrica i 
n = Número de espécies 
NAEDRD = Número de Árvores das Espécies com Densidade 
Relativa < 1 na classe de Diâmetro i 
• De forma complementar, para facilitar a operação de marcação 
das árvores da iésima espécie, a ser removida, definiu-se para 
cada espécie o seu padrão de distribuição espacial, utilizando o 
índice de Morisita. 
Na Tabela 6.6 é então apresentado o Plano de Manejo 1, incluindo o 
nome das espécies a serem removidas (pode ser também o nome regional), 
o número de árvores existentes por classe diamétrica (NORIG), o número de 
árvores a ser removida por classe diamétrica (NREMOV) e o padrão de 
distribuição espacial das espécies. 
Eugenia dysemenca Nong 
Nrcmo 
Dislr 
Hymenaea sligonocarpa Norig 
Nrcmo 
Dislr 
Norig 
Nremo 
Dislr 
Norig 
Nrcmo 
Distr 
Nong 
Nremo 
Distr 
Kielmeyera coriacea 
Lafoensia pacan 
Magonia pubescens 
Píptocarpha rottmdifoiia Norig 
Nrcmo 
Distr 
Pouleria ramiflora Norig 
Nremo 
Distr 
2V.8 
16,2 5,3 3,4 
Padrão dc Distribuição Aleatório 
11.1 5,6 5,6 
6,5 2,7 3,4 
Padrão de Distribuição Aleatório 
72 2 11,1 0,0 
42.2 5,3 0,0 
Padrão de Distribuição Aleatório 
83.3 27,8 27,8 
48,7 13,3 17,1 
Padrão de Distribuição Aleatório 
22,2 0,0 0,0 
13,0 0,0 0,0 
Padrão dc Distribuição Aleatório 
5,6 5,6 0,0 
3,2 2,7 0,0 
Padrão dc Distribuição Agregado 
38,9 11,1 27,8 
22,7 5,3 17,1 
Padrão de Distribuição Aleatório 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
5,6 
3,1 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
11,1 
6,2 
0,0 
0.0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
Continua... 
TABELA 6.6. Continuação 
Espécie 
Qualea grandíflora 
Qualeaparvi/lora 
Salvertla convaílartodora 
Sclerobium paniculalum 
Senna ovalifolia 
Vochysia rufa 
Mona 
Caracter. 
de 
Interesse 
Classes Diamétrica 
Norig 
Nremo 
Distr 
Nong 
Nrcmo 
Distr 
Norig 
Nremo 
Distr 
Norig 
Nrcmo 
Distr 
Norig 
Nrcmo 
Distr 
Norig 
Nrcmo 
Distr 
Norig 
Nrcmo 
Distr 
11,00 
33,3 16,7 
19.5 8,0 
Padrão de Distribuição Aleatório 
15,0 
0,0 
0,0 
100,0 50,0 11 | 
58.4 24,0 6,8 
Padrão de Distribuição Aleatório 
0,0 0,0 
0,0 0,0 
Padrão de Distribuição Aleatório 
5,6 5,6 
3,2 2,7 
Padrão de Distribuição Agregado 
5,6 
3,4 
0,0 
0,0 
11.1 0,0 0,0 
6.5 0,0 0,0 
Padrão de Distribuição Agregado 
2 2 . 2 5,6 0,0 
13,0 2,7 0,0 
Padrão de Distribuição Aleatório 
5.6 5,6 11,1 
5,6 5,6 U , l 
Padrão de Distnbuíção Aleatório 
19,0 
5,6 
3,1 
11,1 
6.2 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
5,6 
5,6 
23.0 
0,0 
0,0 
5,6 
1,4 
5,6 
1,4 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestai 
286 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
TABELA 6.7. Floresta remanescente e a definição das árvores a serem removidas na opção 
de Manejo 2 
Classe Estrutura Original Est. Remanescente Est. Removida 
Fo Vo* Fe Ve Fr Vr 
7,00 516,67 4,5341 140,89 1,2364 375,78 3,2977 
11,00 205,56 5.6750 82,88 2,2880 122,68 3,3869 
15,00 122.22 7,0847 48,75 2,8259 73,47 4.2588 
19,00 44,44 4,6471 28,68 2.9984 15,77 1.6486 
23,00 16.67 3,1031 16,87 3,1407 -0,20 -0,0376 
27,00 * 16,67 4,3057 9,92 2.5635 6,74 1,7422 
31,00 5,56 1,8425 5,84 1.9358 -0,28 -0,0933 
927.78 31,1922 333,82 16.9887 593,96 14,2034 
Modelo de Meyer: Yi = poi EXP (Pu * Xi); Parâmetro poi:356,58600; Parâmetro pli: -0,13266 
Quociente de De Liocourt da Floresta Remanescente = 1.70 
Área Basal da Floresta Remanescente = 4,715 
Classe = Valor Central da Classe de Diâmetro (cm) 
Fo = Freqüência Observada (N/ha); Vo = Volume Observado (m3/ha) 
Fe = Freqüência Estimada (N/ha); Ve = Volume Estimado (m3/ha) 
Fr= Freqüência Removida (N/ha); Vr = Volume Removido (m3/ha) 
Utilizando a combinação do inventário florestal por espécie por 
classe diamétrica e a análise estrutural pode-se gerar o plano de manejo. De 
maneira complementar obteve-se o padrão de distribuição espacial das 
espécies a serem removidas. 
Na Tabela 6.8 é então apresentado o Plano de Manejo 2, incluindo o 
nome das espécies a serem removidas (pode ser também o nome regional), 
o número de árvores existentes por classe diamétrica (NORIG), o número de 
árvores a ser removida por classe diamétrica (NREMOV) e o padrão de 
distribuição espacial das espécies. 
* Valores diferem ligeiramente daqueles apresentados na Tabela 6.1. Nesta os volumes 
foram obtidos a nível da árvores e após somados por classe diamétrica. Na Tabela 6.7 os 
volumes foram obtidos a partir do centro da classe diamétrica e da freqüência desta. 
287 
b) Plano de Manejo 2 
Considera-se agora um valor de: 
q = 1,7 
Grem. = 4,715 m 2/ha 
Dmax= 31,0 cm 
Então os novos valores de p 0 e pi são: 
In (1,7) 
Bi = = -0,13266 
- 4 
po = 5,876575445 
Substituindo estes novos valores na função selecionada tem-se: 
In y i = 5,876575445 - 0,13266 Xi ou 
y i = 356,586 e " ° - 1 3 2 6 6 X i 
Pode-se agora definir se há classes de diâmetro em que há déficit e 
classes em que há superávit de árvores, além de definir quantas árvores 
serão removidas, conforme observa-se na Tabela 6.7. 
Pode-se observar neste caso que as classes de diâmetro com valor 
central 23 e 31 cm apresentam déficit de árvores para manter uma estrutura 
balanceada. 
TABELA 6.8. Plano de Manejo 2 
Espécie Caracter, 
de 
Gasses Diamétrica 
Interesse 7,0 11,00 15,0 19,0 23.0 27,0 31,0 
Acosmmm dasycarpum Norig 0,0 11,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Nrcmo 0,0 7,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Distr Padrão de Distribuição Agregado 
Acosmium sub elegans Norig 5,6 5,6 0,0 0,0 5,6 0,0 0,0 
Nremo 4,3 3,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Distr Padrão dc Distribuição Aleatório 
Byrsonima coccolobifolia Norig 5,6 16,7 22,2 0,0 0,0 0,0 o.o 
Nremo 4,3 10,5 14,7 0,0 0,0 0,0 0,0 
Distr Padrão de Distribuição Aleatório 
Davilla elliptíca Norig 5,6 5,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Nrcmo 4,3 3,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Distr Padrão de Distribuição Agregado 
Diospyros coccolobifolia Norig 11,1 0,0 5,6 0,0 0,0 0,0 0,0 
Nrcmo 8,6 0,0 3,7 0,0 0,0 0,0 0,0 
Distr Padrão de Distribuição Agregado 
Erythroxylum spl Norig 16,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Nremo 13,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Distr Padrão de Distribuição Aleatório 
Erylhroxylum suberosum Norig 5,6 5,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Nrcmo 4,3 3,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Distr Padrão dc Distribuição Aleatório 
Contínua... 
TABELA 6.8. ComÍfluac5o 
Espécie Caracter, 
de 
Classes Diamétrica 
Interesse 7,0 11,00 15,0 19,0 23,0 27,0 31,0 
Eugenia dysenieriea Nõrig 
Nrcmo 
Distr 
27,8 
21,6 7,0 
Padrão dc Distribuição Aleatório 
5,6 
3,7 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
Hymenaea sligonocarpa Norig 
Nremo 
Distr 
11,1 5,6 
8,6 3,5 
Padrão dc Distribuição Aleatório 
5,6 
3,7 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0.0 
0,0 
0,0 
Kieímeyera coriacea Norig 
Nremo 
Distr 
72,2 11,1 
56,2 7,0 
Padrão dc Distribuição Aleatório 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
Lafoensia pacari Norig 
Nremo 
Distr 
83,3 27,8 
64,8 17,5 
Padrão dc Distribuição Aleatório 
27,8 
18,4 
5,6 
2,6 
0,0 
0,0 
5,6 
0,0 
0,0 
0,0 
Magonia pubescens Norig 
Nrcmo 
Distr 
22.2 0,0 
17.3 0,0 
Padrão de Distribuição Aleatório 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
5,6 
0,0 
0,0 
0,0 
Piptocarpha rotundifolia Norig 
Nremo 
Distr 
5,6 5,6 
4,3 3,5 
Padrão dc Distribuição Agregado 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
Poulena ramiflora Norig 
Nrcmo 
Distr 
38,9 11,1 
30,2 7,0 
Padrão dc Distribuição Aleatório 
27,8 
18,4 
11,1 
5,3 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
a 
3 
S 
C 
O .5 
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1 
I 
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o E . 5 
Z Z D 
o 
5 
290 
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa 
291 
c) Plano de Manejo 3 
Considera-se agora um valor de: 
q = 2,50 
G R E M . = 4,715 m2/ha 
D M A X = 31 cm 
í 
Então os novos valores de p 0 e Bi são: 
In (2,50) 
Bi = = -0,22907 
- 4 
po = 7,404965985 
Substituindo estes valores na função selecionada tem-se: 
In yj = 7,404965985 - 0,22907 Xi ou 
yi = 1644,12891 e " ° ' 2 2 9 0 7 X i 
Pode-se agora definir se há classes de diâmetro em que há déficit e 
classes em que há superávit de árvores, além de definir quantas árvores 
serão removidas, conforme observa-se na Tabela 6.9. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 6.9. Floresta remanescente e a definição das árvores a serem removidas na opção 
de Manejo 3 _ _ 
Classe Estrutura Original Est. Remanescente Est. Removida 
Fo Vo* Fe Ve Fr Vr 
7,00 516,67 4,5341 330,78 2,9028 185,89 1,6313 
11,00 205,56 5.6750 132,31 3,6529 73,24 2,0221 
15,00 122,22 7,0847 52,92 3.0678 69,30 4,0168 
19,00 44 44 4,6471 21,17 2,2135 23.27 2,4336 
23,00 16,67 3,1031 8,47 1,5766 8,20 1,5265 
27,00 16,67 4,3057 3,39 0,8751 13,28 3,4306 
31,00 5,56 1,8425 1,35 0,4493 4,20 1,3931 
927,78 31,1922 550,40 14,7380 377,33 16,4540 
Modelo de Meyer:Yi = Boi EXP (pü * X,) 
Parâmetro poi: 1644,12891 
Parâmetro pli: -0,22907 
Quociente de De Liocourt da Floresta Remanescente = 2,50 
Área Basal da FlorestaRemanescente = 4,715 m2/ha 
Classe = Valor Central da Classe de Diâmetro (cm) 
Fo = Freqüência Observada (N/ha) 
Vo = Volume Observado (m3/ha) 
Fe = Freqüência Estimada (N/ha) 
Ve = Volume Estimado (m3/ha) 
Fr= Freqüência Removida (N/ha) 
Vr = Volume Removido (m3/ha) 
• Valores diferem ligeiramente daqueles apresentados na Tabela 6.1. Nesta os volumes 
foram obtidos a nível da árvores e após somados por classe diamétrica. Na Tabela 6.9 os 
volumes foram obtidos a partir do centro da classe diamétrica e da freqüência desta. 
292 
Opções para o .\ íanejo Sustentado da Floresta Nativa 
293 
Utilizando a combinação do inventário florestal por espécie, por 
classe diamétrica e a análise estrutural pode-se gerar o plano de manejo. De 
maneira complementar obteve-se o padrão de distribuição espacial das 
espécies a serem removidas. 
Na Tabela 6.10 é então apresentado o Plano de Manejo 3, incluindo 
o nome das espécies a serem removidas (pode ser também nome regional), 
o número de árvores existentes por classe diamétrica (NORIG), o número de 
árvores a ser removida por classe diamétrica (NREMOV) e o padrão de 
distribuição espacial das espécies. 
TABELA 6.10. Plano de Maneio 3 
Espécie Caracter. Ouses Diamétrica 
de 
Interesse 7,0 11,00 15,0 19,0 23,0 27,0 31,0 
Acosmmm dmycarpum Norig 0,0 11,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Nremo 0,0 4,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Distr Padrão de Distribuição Agregado 
Acosmium sub eíegans Norig 5,6 5.6 0,0 0,0 5.6 0,0 0,0 
Nremo 2.1 2,1 0,0 0,0 2,7 0,0 0,0 
Distr Padrão de Distribuição Aleatório 
Byrsonima coccolobifolia Norig 5,6 16,7 22,2 0,0 0,0 0,0 0,0 
Nrcmo 2,1 6,3 13,9 0,0 0,0 0,0 0,0 
Distr Padrão de Distribuição Aleatório 
Davilla elllpltca Norig 5,6 5.6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Nrcmo 2,1 2,1 0.0 0.0 0.0 0,0 0,0 
Distr Padrão dc Distribuição Agregado 
Dlnspyros coccolobifolia Norig 11,1 0,0 5,6 0,0 0.0 0,0 0,0 
Nrcmo 4,3 0,0 3.5 0,0 0.0 0,0 0,0 
Distr Padrão dc Distribuição Agregado 
Erylhroxylum spl Norig 16,7 0,0 0.0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Nremo 6,4 0,0 0.0 0,0 0.0 0,0 0,0 
Distr Padrão de Distribuição Aleatório 
Eryihroxylum suberosum Norig 5,6 5,6 0,0 0,0 0.0 0,0 0,0 
Nrcmo 2,1 2,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
Distr Padrão de Distribuição Agregado 
Continua... 
TABELA 6,10. Continuação • 
Espécie Caracter. Classes Diamétrica 
de 
Interesse 7,0 ü p O ISjO 19j0 23*0 
Eugenia Jysentenca Norig 
Nrcmo 
Distr 
27,8 11,1 5,6 
10,7 4,2 3,5 
Padrão de Distribuição Aleatório 
0,0 
0,0 
"0 ,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
Hymenaea sligonocarpa Norig 
Nrcmo 
Distr 
11,1 5,6 5,6 
4,3 2,1 3,5 
Padrão de Distribuição Aleatório 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0.0 
0.0 
0,0 
0,0 
Kielmeyera conacea Norig 
Nremo 
Distr 
72,2 11,1 0,0 
27,8 4,2 0,0 
Padrão de Distribuição Aleatório 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
Lafoensia pacari Norig 
Nremo 
Distr 
83,3 27,8 27.8 
32,0 10,5 17,3 
Padrão de Distribuição Aleatório 
5,6 
3,9 
0.0 
0,0 
5,6 
4,4 
0,0 
0,0 
Magonía pubescens Norig 
Nremo 
Distr 
22,2 0,0 0,0 
8,5 0.0 0,0 
Padrão de Distribuição Aleatório 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
5,6 
4,4 
0,0 
0,0 
Piptocarpha roíundtfolla Norig 
Nrcmo 
Distr 
5.6 5,6 0,0 
2,1 2,1 0,0 
Padrão de Distribuição Agregado 
0,0 
0,0 
0.0 
0.0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
Pouleria ramiflora Norig 
Nremo 
Distr 
38,9 11,1 27,8 
15,0 4,2 17,3 
Padrão de Distribuição Aleatório 
11,1 
7,8 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
0,0 
Continua... 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
U Ü P 
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2 
296 
Opções para o Planejo Sustentado da Floresta Nativa 
297 
Após a definição do plano de manejo, pode-se definir o uso das 
espécies em função de sua dimensão, forma do fuste e qualidade da 
madeira para: carvão; lenha; moirões; frutíferas; medicinais; serraria; 
dormentes, portas. 
Pode-se agora saber qual o volume de madeira removida para 
carvão / espécie e por classe de diâmetro, para moirões / espécies / por 
classe de diâmetro, para serraria / espécie / por classe de diâmetro, etc. 
Quantificado o volume / espécie / classe de diâmetro / pode-se fazer 
análise de investimento desde que os custos envolvidos em cada atividade 
tenham sido computados. 
Para que se possa intervir na área, é necessário que esta seja 
subdividida em compartimentos, nos quais se fará preferencialmente 
intervenções anuais. Esta subdivisão da área, pode-se basear no controle 
por área (se a propriedade tem 1000 ha e o ciclo de corte é de 10 anos, 
faz-se intervenções anuais em compartimento com 100 hectares), no 
controle por volume e na combinação do controle área-volume. 
Feita a intervenção no primeiro compartimento, deve-se estabelecer 
um programa de monitoramento do mesmo, para que se conheça como é o 
desenvolvimento da regeneração natural, de modo a conseguir, ao longo 
dos anos, estabelecer o ciclo de corte apropriado para o tipo florestal em 
questão. 
ESTUDO DA REGENERAÇÃO 
NATURAL VISANDO A 
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS 
DEGRADADAS E O MANEJO 
FLORESTAL 
Natalino Calegário 
7.1. INTRODUÇÃO 
O estudo de aspectos relacionados direta ou indiretamente com a 
regeneração natural de indivíduos vegetais presentes em povoamentos 
naturais heterogêneos e multiâneos, se não mais, é tão importante quando 
comparados com aqueles estudos conduzidos enfocando indivíduos de 
idade mais elevada considerados como estoque de crescimento e de 
exploração. Tal importância se torna inquestionável quando consideramos 
que as características quantitativas e qualitativas da floresta adulta vão ser 
conseqüência de processos dinâmicos bióticos e abióticos da regeneração 
-Professor do Departamento de Ciências Florestais - UFLA 
299 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
300 
Estudo da Regeneração Natural Visando a Recuperação de 
Áreas Degradadas e o Manejo Florestal 
301 
possibilidade de sucesso, ou seja, mesmo sendo um processo artificial, o 
mesmo tenta imitar o natural, o que, indubitavelmente, terá maiores 
possibilidades de acerto. 
Outra situação que poderia ser considerada como recolonização 
artificial, porém combinada com a natural, seria a presença de regeneração 
natural associada com povoamentos homogêneos, exóticos e equiâneos. 
Tal fato pode ser observado com bastante freqüência em empresas florestais 
que reflorestam com alguma espécie para fins comerciais. Em alguns casos, 
quando existem fontes de propágulos próximas à áreas com povoamentos 
homogêneos, a regeneração natural de espécies vegetais nativas, com alta 
diversidade, iniciam um processo de recolonização natural que, com o 
passar do tempo, devido à impossibilidade da espécie exótica em se 
regenerar, passa a ser um povoamento natural, heterogêneo e multiâneo. A 
espécie exótica, no início do processo, passa a ter uma função física, 
principalmente, de espécie pioneira. Com técnicas de manejo, com remoção 
seletiva e controlada da espécie exótica, este processo pode ser acelerado, 
obtendo-se uma floresta com alta biodiversidade em um espaço de tempo 
menor. 
7.2. O MANEJO FLORESTAL E A REGENERAÇÃO 
NATURAL 
A sustentabilidade, como principio básico do manejo florestal de 
povoamentos naturais, para ser atingida, dentre outras coisas, deve-se 
considerar aspectos relacionados com regeneração natural de espécies 
remanescentes ocorrentes na população e verificar a capacidade destas 
espécies emse reproduzir. Aspectos relacionados com os impactos sobre a 
regeneração, caso ocorram intervenções, como corte seletivo, também 
natural, aqui representada por indivíduos vegetais jovens com potencial 
genético variado e que, consequentemente, dará prosseguimento à 
manutenção da biodiversidade da floresta, nos seus mais diversos estádios 
sucessionais e, também, nas suas subdivisões físicas e biológicas. 
A regeneração natural pode ser influenciada por diversos fatores, 
dependendo do estádio sucessional da floresta e este interagindo com 
outros fatores como climáticos, fisiográficos, bióticos, edáficos e, até 
mesmo, devido à fatores antrópicos. Em cada situação, a floresta responde 
de determinada forma com o objetivo principal de conduzir sua manutenção 
quantitativa e qualitativa adquirida com sua evolução. Como exemplo, 
poderíamos considerar a interação entre os fatores climáticos e bióticos. 
Existindo vegetação próximo de determinada área que sofreu algum 
distúrbio, correntes de ar geradas com o fator clima atuaria como fator de 
dispersão de diásporos, os quais iriam atuar na recolonização da citada 
área. Tal análise poderia ser feita para os outros citados fatores, combinando 
dois ou mais deles. Hoje, com o desenvolvimento da ciência, o fator 
antrópico possui importância decisiva na recuperação de determinadas 
áreas, através da regeneração natural ou artificial. 
A recolonização artificial, com a aplicação de técnicas apropriadas, 
está cada vez mais sendo utilizada com o objetivo principal de recuperação 
de áreas degradadas. Muitas vezes esta recolonização é exigida por 
legislação específica. O que ocorre, em alguns casos, é que a seleção de 
espécies para a citada recolonização não é feita observando critérios como 
adaptação e nível sucessional, colocando em risco o processo. Portanto, a 
recolonização com espécies nativas do local, de boa qualidade e 
pertencentes a níveis sucessionais inferiores, como pioneiras, teria grande 
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Estudo da Regeneração Natural Visando a Recuperação de 
Áreas Degradadas e o Manejo Florestal 
identificar tais grupos de espécies, observou a existência de cinco grupos: 
1) aquelas espécies que já se encontravam presentes no local e que 
sobreviveram às mudanças no meio ambiente; 2) as espécies que se 
encontravam dormentes no banco de sementes, mas que não germinavam 
devido à limitações de luz, temperatura e outros fatores mecânicos; 3) as 
espécies que já estavam presentes no sub-oosque e representadas por 
plântulas ou por indivíduos em estádio juvenil de desenvolvimento, mas, 
com as mudanças ambientais, tais indivíduos foram estimulados a se 
desenvolver; 4) espécies que apareceram devido à brotação de raízes 
advindas de povoamentos adjacentes; e 5) as espécies invasoras que, por 
algum processo de dispersão, apareceram na área durante o tempo em que 
a clareira permaneceu aberta. Portanto, como pode-se observar, a citada 
recolonização se mostra como um processo complexo, dinâmico e que, 
devido a um elevado número de variáveis envolvidas, torna-se de difícil 
controle. 
No caso do manejo florestal com vista ao rendimento sustentado, 
quando consideramos o lado operacional do mesmo, está implícito que, de 
uma forma ou de outra, serão geradas várias clareiras de tamanhos variados 
e que, conforme citado anteriormente, as mesmas serão recolonizadas e 
terão, muito provavelmente, diversidade e composição fiorística diferente da 
floresta original e, como conseqüência, esta mudança afetará as 
características do povoamento, estando a mesma dependente da 
intensidade da intervenção e do processo tecnológico utilizado no manejo. 
Portanto, o acompanhamento das mudanças no povoamento torna-se de 
fundamental importância para o sucesso do manejo florestal visando o 
rendimento sustentado. 
devem ser considerados. Pouco se tem exigido, em termos de legislação, 
com o objetivo de se ter um melhor controle sobre a dinâmica da população 
remanescente considerada como regeneração. Um exemplo de legislação 
que dá um enfoque mais específico para o estudo da regeneração natural 
trata-se da resolução 005, de 21 de dezembro de 1992, que dispõe sobre 
normas para elaboração de planos de manejo florestal no estado de Minas 
Gerais. Em tais normas, existe um item que dispõe sobre a obrigatoriedade 
de serem observados em subparcelas indivíduos vegetais com diâmetro à 
altura do peito menor do que 5,0 centímetros. Porém, na maioria dos planos 
de manejo, ao menos aqueles que têm sido observados, não existe nenhum 
estudo específico sobre regeneração natural. 
O que não pode deixar de ser relevante é que as futuras 
características qualitativas e quantitativas, de qualquer povoamento sob 
plano de manejo florestal que vise a sustentabilidade, vai depender da 
qualidade e quantidade da regeneração natural, tendo como destaque os 
aspectos relacionados com a diversidade e composição forísticas. Caso isto 
não seja observado, existe um grande risco do povoamento, que possua 
elevada diversidade fiorística, se tomar mais rtomagêneo e, como 
conseqüência, perder sua função ecológica e, também, econômica, já que 
algumas espécies de destacado valor comercial podem ser extintas do 
processo. 
Quando ocorre algum distúrbio em uma floresta, com causas 
naturais ou não, gerando a abertura de clareiras, existe uma reação do 
ambiente de repovoar o mais rápido possível o local. Neste repovoamento, 
vários grupos de espécies podem estar presentes com a função de 
manutenção da cobertura vegetal. Gómes-Pompa (1991), com o objetivo de 
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natural são estimados os parâmetros absolutos e relativos da Densidade e 
da Freqüência, para cada espécie, conforme expressões abaixo e propostas 
porFinol (1971): 
DAi = Ni /área (ha) 
DRi = (DA" / DAT) * 100 
FAi = (NUi/NUT)*100 
FRi = (FAi/FAT)*100 
onde: 
DAi = Densidade absoluta para a i-ésima espécie; 
Ni = Número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie; 
DRi = Densidade relativa para a i-ésima espécie; 
DAT = Soma de todas as densidades absolutas; 
FAi = Freqüência absoluta para a i-ésima espécie; 
NUi = Número total de unidades amostrais em que ocorreu a 
i-ésima espécie; 
NUT = Número total de unidades amostradas; 
FRi = Freqüência relativa para a i-ésima espécie; 
FAT = Soma de todas as freqüências absolutas. 
Uma diferença básica no estudo da regeneração natural, quando 
comparado com as análises que consideram os indivíduos adultos, é que 
não estima parâmetros relativos à dominãncia pelo fato de não se ter valores 
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7.3. METODOLOGIA PARA ESTUDO DA REGENERAÇÃO 
NATURAL 
Muitos estudos têm sido desenvolvidos com o objetivo principal de 
desenvolver metodologias visando o estudo da regeneração natural em 
floresta heterogênea. Muitos destes estudos possuem pontos comuns e não 
comuns, sendo que as variações se devem, principalmente, às diferenças 
ambientais entre as áreas em que estão sendo conduzidos os estudos, seja 
eles objetivando o manejo sustentado ou não. 
Na maioria das vezes, são considerados como regeneração natural 
aqueles indivíduos cujo Diâmetro à Altura do Peito (DAP) é inferior a 5,0 cm, 
ou seja, com Circunferência à Altura do Peito (CAP) menor do que 15,7 cm. 
Para florestas cujos indivíduos possuam diâmetros com valores 
relativamente elevados, este limite pode subir para um valor de DAP igual a 
15,0 cm. Em contrapartida, para florestas jovens e que possuam valores 
relativamente pequenos de DAP, este limite pode ser reduzido para uma 
CAP de 5,0 cm. 
Normalmente para o estudo da regeneração natural utiliza-se de 
sub-unidades amostrais localizadas

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