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MANEJO FLORESTAL
José Roberto S. Scolforo
UFLA - Universidade Federal de Lavras
FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão
LAVRAS(MG)..J997
Ficha Catalográfica preparada pela Seção de Classificação e Catalogação da
Biblioteca Central da UFLA
Scolforo, José Roberto Soares
Manejo florestal / José Roberto Soares Scolforo.
- Lavras : UFLA/FAEPE, 1997.
438 p . : il.
Bibliografia.
1. Floresta - Manejo. 2. Ciência florestal. 3. Silvicultura. 4. Floresta nativa.
5. Floresta plantada. 6. Essência florestal. 7. Manejo sustentado.
I. Universidade Çederal de Lavras. II. Titulo.
CDD-634.92
TEXTO REVISADO PELO AUTOR
© 1997 FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão
PROIBIDA A REPRODUÇÃO DO TODO OU PARTE, POR QUALQUER
MEIO, SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DA FAEPE.
Curso de Especialização - Pós-Graduação Tato Sertsu" por Tutoria à Distância
PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO FLORESTAL
Convênio:
UFLA - Universidade Federa! de Lavras
FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão
Reitor da UFLA:
FABIANO RIBEIRO DO VALE
Presidente do Conselho Deliberativo da FAEPE:
DOUGLAS ANTÔNIO DE CARVALHO
Chefe do Departamento de Engenharia Florestal:
ANTÔNIO DONIZETE DE OLIVEIRA
Coordenador do Curso:
JOSÉ ROBERTO SOARES SCOLFORO
Digitação e Editoração Eletrônica:
CENTRO DE EDITORAÇÃO ELETRÔNICA - FAEPE
Impressão:
GRÁFICA UNIVERSITÁRIA - UFLA
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO 1
2. MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS
Revisão sobre Manejo Florestal 3
2.1. MANEJO FLORESTAL NÂ ÁSIA 6
2.2. MANEJO FLORESTAL NA ÁFRICA 14
2.3. MANEJO FLORESTAL NA AMÉRICA 18
2.4. MANEJO FLORESTAL NO BRASIL . . 28
2.4.1. Experiências de Manejo Florestal realizadas''
no Brasil 32
3. MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS
Pontos Críticos no Manejo Florestal 51
3.1. CRESCIMENTO DAS ESPÉCIES SOB REGIME DE
MANEJO 52
3.2. EFICIÊNCIA DO PROCESSO TECNOLÓGICO
NO BENEFICIAMENTO DA MADEIRA E NO
ASPECTO SILVICULTURAL 57
3.3. EFEITOS DA EXPLORAÇÃO E DO TRANSPORTE
NA REGENERAÇÃO NATURAL E ESTRUTURA
REMANESCENTE 72
3.4. A ECONOMICIDADE DO PROCESSO QUE
ENVOLVE A ATIVIDADE DE MANEJO
FLORESTAL SUSTENTADO 76
3.4.1. O Uso da Floresta comparado a Outros Usos
da Terra na Região de Taiiândia-PA 76
iii
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
3.4.2. Custos e Lucros na Exploração de Madeira
em Paragominas-PA 79
3.4.3. Análise de Investimento: Comparação entre
o Manejo Florestal, Pecuária e Agricultura na
Região de Paragominas-PA 82
3.4.4. Custos e Benefícios da Atividade de
Manejo Florestal 98
3.4.5. O Manejo Florestal Sustentado visto como
um Investimento 100
3.4.6. A Comercialização Clandestina de Madeira . 101
3.4.7. Viabilidade Econômica do Manejo
Florestal Sustentado 102
3.5. SUSCEPTIBIUDADE DAS ESPÉCIES
FLORESTAIS ÀS PRÁTICAS DE
EXPLORAÇÃO 113
4. SISTEMAS SILVICULTURAIS 117
4.1. MÉTODO DE SUBSTITUIÇÃO 122
4.1.1. Sistema Agro Florestal 123
^ 4.1.1.1. Sistemas Silvipastoris 126
4.1.1.2. Sistemas Agrossilvipastoris 127
4.2. MÉTODO DE TRANSFORMAÇÃO DO
POVOAMENTO OU CONVERSÃO 128
4.2.1. Corte de Melhoramento 130
4.2.2. Método de Enriquecimento 131
4.2.2.1. Métodos de Enriquecimento de
Anderson 135
4.2.2.2. Método de Enriquecimento
Mexicano 136
4.2.2.3. Método de Enriquecimento
Caimital (Venezuela) 136
índice
4.2.3. Método de Transformação por Via da Sucessão
Dirigida 137
4.2.3.1. Sistema de Corte Raso 137
4.2.3.2. Sistema de Seleção ou Sistema de
Corte Seletivo 145
4.2.3.3. Sistema de Floresta de Cobertura
(Shelterwood system) 151
4.2.3.4. Sistema de Talhadia 173
4.2.3.5. Sistema Celos de Manejo 185
5. MODELAGEM DA PRODUÇÃO, IDADE DAS FLORESTAS
NATIVAS, DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ESPÉCIES E A
ANÁLISE ESTRUTURAL 189
5.1. MODELO DE PRODUÇÃO BASEADO NA RAZÃO
DE MOVIMENTAÇÃO DOS DIÂMETROS 190
5.1.1. Equações para Gerar o Modelo de
Prognose 197
5.1.2. Modelo de Produção 205
5.2. O MODELO DE PRODUÇÃO ATRAVÉS DA
MATRIZ DE TRANSIÇÃO 210
5.2.1. Matriz de Transição e a Prognose 211
5.2.2. Aplicação do Procedimento 213
5.2.3. Estado Estável ou de Equilíbrio da Floresta . 216
5.2.4. Estados Absorventes 217
5.3. IDADE DA FLORESTA NATIVA 218
5.4. DEFINIÇÃO DO PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO
ESPACIAL DAS ESPÉCIES DE UMA FLORESTA
NATIVA 225
5.5. A ANÁUSE DA VEGETAÇÃO 230
5.5.1. Estrutura Horizontal 231
5.5.2. Estrutura Vertical 236
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
5.5.3. Regeneração Natural 239
5.5.4. índice de Valor de Importância Ampliado e
Econômico (MEAi) 242
5.5.5. índice para Avaliar a Similaridade entre Tipos
Fisionômicos 244
6. OPÇÕES PARA O MANEJO SUSTENTADO DA
FLORESTA NATIVA 247
6.1. O MANEJO EM FLORESTA NATIVA 248
6.2. O MANEJO DA VEGETAÇÃO NATIVA ATRAVÉS
DE CORTES SELETIVOS 264
6.21 Geração do Plano de Manejo Propriamente
Dito 279
7. ESTUDO DA REGENERAÇÃO NATURAL VISANDO A
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E O MANEJO
FLORESTAL 299
7.1. INTRODUÇÃO 299
7.2. O MANEJO FLORESTAL E A REGENERAÇÃO
NATURAL 3 0 1
7.3. METODOLOGIA PARA ESTUDO DA
REGENERAÇÃO NATURAL 304
7.3.1. Parâmetros Fitossociológicos da
Regeneração Natural 304
7.3.2. Exemplos de Estimativas de Parâmetros . . . 308
8. O MANEJO DE FLORESTAS PLANTADAS 313
8.1. O SETOR FLORESTAL NO SUL 316
8.2. PRODUTOS FLORESTAIS - TORAS/TORETES . . 317
8.3. O MANEJO FLORESTAL 320
8.3.1. Ferramentas do Manejo Florestal 320
índice
8.3.2. Regimes de Manejo de Rnus 324
8.3.3. Considerações Finais 327
8.3.4. Comparação entre os Regimes 333
8.4. O MANEJO DE FLORESTAS DE Eucalyptus . . . . 336
8.4.1. Implicações dos Desbastes em Eucalyptus . 340
8.4.2. Manejo em Sítios pouco Produtivos 344
8.4.3. Desbastes com Remanescentes 345
8.5. O USO DE MODELOS DE PRODUÇÃO COMO
ELEMENTO DE TOMADA DE DECISÃO 346
8.5.1. Prognose e Avaliação Econômica da Produção
de Madeira de Rnus caríbaea var.
hondurensis em Sistema de Corte Raso . . . 347
9. ESPAÇAMENTO : . . . . - 381
9.1. FATORES DETERMINANTES DO ESPAÇAMENTO
DE PLANTIO 382
9.1.1. Qualidade do Sítio 383
9.1.2. Espécie 384
9.1.3. Objetivos de Manejo e Condições de
Mercado 385
9.1.4. Método de Colheita 387
9.2. OS EFEITOS DO ESPAÇAMENTO 387
9.2.1. Número de Tratos Culturais 388
9.2.2. Taxa de Mortalidade e Dominância 388
9.2.3. Volume / Sortimento de Madeira 389
9.2.4. Idade de Estagnação / Ciclo do Corte . . . . 394
9.2.5. Qualidade da Madeira 396
9.2.6. Desenvolvimento Radicial e da Copa 398
9.2.7. Custos de Produção 399
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
9.3. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL 401
9.3.1. Espaçamento Regular 401
9.3.2. Espaçamento Semi Regular 403
9.3.3. Espaçamento Irregular 403
9.4. CONSIDERAÇÕES GERAIS 404
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 407
ANEXOS 427
viii
1
INTRODUÇÃO
De maneira geral, o Manejo Florestal está centrado no conceito da
utilização de forma sensata e sustentada dos recursos florestais, de modo
que as gerações futuras possam usufruir pelo menos os mesmos benefícios
da geração presente.
Esta terminologia, pode ser abordada segundo dois enfoques.
Manejo Florestal é visto como uma prática em que o objetivo maior é
aumentar a qualidade do produto final, sua dimensão e se possível a sua
quantidade, observando em todas as fases a viabilidade sócio-econômica e
ambiental do processo produtivo. Um segundo enfoque, considera Manejo
Florestal como um processo de tomada de decisão. Neste contexto o
profissional florestal necessita ter uma visão global de planejamento florestal,
utilizando-se para tal, modelos matemáticos que possibilitem a previsão da
produção, assim como gerenciar toda esta gama de informações através de
planos de manejos em que a otimização seja a tônica do processo.Naturalmente que, seja em florestas homogêneas, seja em
vegetação nativa o manejador florestal deve balizar suas decisões em
informações biológicas, econômicas, sociais, ambientais e de mercado, de
1
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
2
MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS
REVISÃO SOBRE MANEJO FLORESTAL
José Roberto S. Scolforo
Para se ter uma melhor idéia da distribuição das florestas no mundo,
apresenta-se na Tabela 2.1, em linhas gerais, uma proporção das florestas
tropicais por continente, bem como de todos os tipos florestais juntos.
Pode-se verificar que o continente americano apresenta o maior percentual
de florestas tropicais do planeta, assim como dos demais tipos florestais.
Pela Figura 2.1, constata-se que, do total de 3,6047 bilhões de hectares
existentes em 1980, 53% correspondiam às florestas tropicais, o que prova a
sua importância. Devido a sua fragilidade e por estarem situadas em regiões
onde o aspecto sócio-econômico é ainda mais frágil, essas florestas vêm
despertando cada dia mais preocupações nos países desenvolvidos.
Professor do Departamento de Ciências Florestais - UFLA
3
modo a propiciar que a sustentabifidade desta prática, perpetue a atividade
florestal no local onde o empreendimento estiver sendo executado.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 2.1. Extensão das Florestas Mundiais e Tropicais ao Final de 1980
Países Tropicais Todos os Países
Continente - — • —•
/Região
N°
Países
Área
de
Terra
Área
Florestal
N°
Países
Área
de
Terra
Área
Florestal
Milhão
ha
Milhão
ha
% Milhão
ha
Milhão
ha %
África 46 2.237,3 701,2 31,3 56 2.964,6 709,3 23,9
América 39 1.651,6 889,8 53,9 49 3.892,7 1.435,8 36,9
Ásia 22 900,2 303,4 33,7 42 2.677,3 491,8 18,4
Europa - - - • 32 2.700,0 876,5 32,5
Pacífico 16 54,2 42,6 78,6 24 842,9 91,3 10,8
Mundo 123 4.843,3 1.937,0 40,0 203 13.077,5 3.604,7 27,6
Fonte: (Troensegaard, 1990) em Technical Wbrkshop to Explore Options for Global
Forestry Management, 1991
Troensegaard, J. (1990) Present Patterns and Rates of Forest Loss
In Tropical Forestry response Options to Global Climate Change, Conference Proceedings
São Paulo, Jan. 1990, p.71-84
Extraído de STCP - Desenvolvimento Sustentado do Setor Florestal / Curitiba - PR
Março/92
4
Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
F o n t e : ( The World's Tropical Forests. Washington. 1980 - Modi f icado ), em Tropical
Forest Report, 1991.
In. STCP - Desenvolvimento Sustentado do Setor Flor estai - Cur i t iba- Morço/92
FIGURA 2.1. Distribuição das Florestas Tropicais no Mundo
UFLA/FAEPE - Manejo FbKStal
6
Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
7
Apresenta-se a seguir uma breve descrição, das práticas de manejo
florestal nas florestas tropicais do planeta.
2.1. MANEJO FLORESTAL NA ÁSIA
Foi nesse continente, mais precisamente na índia, que em 1906
surgiram os primeiros tratamentos silviculfurais aplicados ao manejo
florestal. A partir de então uma série de concepções vêm sendo
desenvolvidas, buscando basicamente a sua adequação às diferentes
regiões ecológicas e tipos florestais diferenciados. Todos os métodos
desenvolvidos baseiam-se em dois conceitos:
- Sistema Monocíclico
- Sistema Policíclico
O Sistema monocíclico produz povoamentos uniformes, sendo
comumente empregados nas florestas de coníferas do sul da Ásia. Neste
sistema, em uma só operação é abatido a totalidade do estoque comercial.
O objetivo é a formação de florestas altas, equiâneas, destinadas à
explorações e operações de regeneração, dentro de rotações previamente
estabelecidas. São exemplos típicos, o sistema malaio uniforme (SMU) e o
sistema tropical de cobertura.
Já o Sistema policíclico objetiva uma produção contínua de
madeira de espécies comerciais, propiciando um razoável equilíbrio
ecológico e garantindo uma regeneração natural adequada, além de manter
mais ou menos inalterada a composição florística e a estrutura original
da floresta. Este sistema caracteriza-se ainda por possibilitar corte seletivo
com ou sem aplicação de melhoramentos ao povoamento residual.
O objetivo é a obtenção de uma floresta alta, multiânea manejada, composta
predominantemente por espécies comerciais. São exemplos típicos deste
sistema o método filipino de corte seletivo e o método indonésio de corte
seletivo. Embora o sistema policíclico esteja mais próximo do processo
natural, ele tem como principal desvantagem os danos que ciclicamente vão
se repetir na floresta residual.
Apresenta-se a seguir um breve histórico dos trabalhos de manejo
florestal sustentado no Continente Asiático.
Os países do Sudeste Asiático são responsáveis por 80% do
mercado de produtos provenientes de florestas tropicais. Nas Tabelas 2.2 e
2.3 são apresentadas a nível informativo a distribuição de área e taxas de
desmatamento dos países do Sudeste Asiático e Brasil, e a produção de
toras e madeira serrada no Sudeste Asiático.
Pode-se observar na Tabela 2.2 que Malásia e Indonésia são os
países asiáticos onde a taxa de desmatamento anual é maior. Este fato
ocorre principalmente pelo interesse em plantio de seringueira, óleo de
palma e agricultura. Em países como o Camboja, Laos e Vietnã há
substituição da floresta pela cultura do arroz.
Da Tabela 2.3 observa-se que Indonésia e Malásia juntas são
responsáveis por 88% da produção de toras para serraria e laminação. Vale
no entanto ressaltar que na maioria dos países asiáticos, 75% da madeira em
média são consumidos como lenha e carvão, chegando a 92% e 91% na
Tailândia e Laos, respectivamente.
Diogo Guido
Realce
Diogo Guido
Realce
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 2.2. Distribuição de área e taxas de desmatamento dos países do Sudeste Asiático
e Brasil (excluindo-se Brunei e Singapura)
Pais Área
Total
(1.000 ha.)
Área
Florestal
(1.000 ha.)
% da
Área
Florestada
Taxa de
Desmatamento
Anual
(1.000 ha.)
Taxa Anual de
Desmatamento
(% da Área
do País)
Mianmá 65.655 32.399 47,9 105 0,3 (85-89)
Indonésia 181.157 113.433 62,6 1.100 0,6 (83-89)
Camboja 16.152 13.372 82,8 -
Laos 23.080 12.700 55,0 129 1,0 (80-90)
Vietnã 32.549 9.850 30,3 300 3,0 (80-90)
Malásia 32.855 19.330 58,8 396 1,9 (80-90)
Tailândia 51.089 14.100 27,6 385 2,3 (90-91)
Filipinas 29.817 10.350 34,7 316 3,1 (80-89)
Total 432.235 225.534 52,17 2.731 1.2
Brasil ^ 845.651 493.030 58,3 - -
Amazônia
Brasileira
337.000 306.00 91,0 1.700** 0,5 (78-88)
(*) Não existem dados disponíveis "
{ " ) Os dados divergem bastante. 1.400 (FAO 1985); 3.000 (INPE 1987); 1.700 (INPE 1988)
Fonte: FAO (1991)
Fonte: Silvicultura set/out. 1994.
8
Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
TABELA 2.3. Produção de toras e madeira serrada no sudeste asiático (1992)
País Produção de Toras
(1.000 m3)
Produção de Madeira Serrada
e Dormentes (1.000 m 3)
1980 1990 Cresc.
(%)
1980 1990 Cresc.
(%)
Mianmá 2.782 4.150 4,1 200 466 -
Indonésia 28.109 27.464 -0,2 4.815 9.145 6,6
Camboja - 110 - - 4.3 -
Laos 130 213 5,0 41 16 -9,0
Vietnã 1.626 3.246 7,2 473 600 2,4
Malásia 27.928 41.011 3,9 6.235 8.275 3.0
Tailândia 2.554 492 -15 1.543 1.356 -13
Filipinas 1.529 841 -5,8 759 488 -4,3
Total 64.656 77.527 1,8 14.066 20.389 3,7
Fonte: FAO, 1992
Fonte: Silvicultura set/out 1994
i v • Malásia
A Malásia é dividida em duas partes. A Peninsular, onde vivem 15,3
milhões de habitantes e onde é implementado um sistema de manejo
seletivo de alta qualidade, nas florestas tropicais. Na região este sistema
ampara-se num forte controledo governo, num detalhado sistema de
inventário, num sistema de exploração menos impactante à floresta residual
e no monitoramento da floresta remanescente. A segunda parte é a Malásia
Insular, formada pelos estados de Sarawak e Sabah, onde a exploração
madeireira é a principal atividade econômica.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
Conforme Masson (1983), a Malásia possuiu 459 mil hectares de
florestas sujeitas ao regime de manejo. Os sistemas aplicados variam de
local ou de região para região, além das variações temporais.
A prática silvicultural conhecida como corte de melhoramento era
aplicada para eliminar, basicamente, a Eugeissona tristis do sub-bosque, de
modo a beneficiar a Pallaquim guta, fonte de látex. Outras espécies como
Dryobalanops aromatica eram beneficiadas por esta prática. O mais
conhecido sistema de manejo florestal na Malásia é o sistema malaio
uniforme, aplicado em florestas de dipterocarpus, e o seu sucesso
baseou-se num adequado estoque de mudas das espécies de valor
econômico; se tal fato não ocorrer, o sistema está fadado ao insucesso.
Talvez os mais sérios problemas encontrados sejam o excesso de danos
causados ao povoamento residual, se usados sistemas de corte e colheita
inapropriados; a economicidade do processo, devido à obtenção de
colheitas em intervalos de tempo, relativamente longos; além da
necessidade de grandes extensões de áreas florestais para viabilizá-los.
Outro sistema utilizado na Malásia é o sistema de manejo seletivo,
que consiste de um rápido inventário pré-corte para definir o regime de corte
e a marcação das árvores para exploração, procurando-se determinar os
tratamentos silviculturais. Se o ciclo de corte for de 25 a 30 anos, o limite
máximo é de 45 a 50 cm, deixando pelo menos 32 árvores por ha, de boa
forma, com diâmetro entre 30 e 45 cm, segundo Tang (1987). Conforme
Abdul Rashid (1983), citado por Silva (1989), em Trengganu, na Malásia
Peninsular, a produção obtida sob este regime varia de 11,8 a 127,6 m 3 /ha;
com número de árvores de 6,2 a 46fha e o diâmetro mínimo de corte de
45 a 65 cm. O incremento em diâmetro das espécies comerciais sujeitas a
10
Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
11
este sistema está entre 0,8 a 1 cm/ano e o incremento bruto em volume,
entre 2,0 e 2,5 m3/ano, para as mesmas espécies.
Deve-se considerar que a base de todos os procedimentos citados
envolve a regeneração natural e que, segundo VUi (1985), o questionamento
hoje na Malásia refere-se à viabilidade econômica das florestas manejadas.
No entanto, um ambicioso programa para agregar cada vez mais valor ao
produto orientado da floresta vem sendo fortemente apoiado pelo governo,
no sentido cfe tornar este país um referencial no aproveitamento dos
produtos oriundos da floresta.
A seguir considera-se especificamente sobre o manejo realizados
em Sarawak e Sabah.
a) Sarawak
Para florestas de dipterocarpus, Hutchinson (1981) sugere a adoção
de desbastes de liberação. No entanto, Lee (1982) considera que é
precipitado concluir ser este método apropriado em Sarawak, haja visto a
falta de definição de estoque, taxas de crescimento, além de haver muitas
suposições nas conclusões obtidas de que este método é apropriado para a
região em questão.
Esses tratamentos de desbaste de liberação têm sido considerados
por Jonkers (1988) como superiores ao sistema malaio uniforme modificado,
sugerido por Lee e Lai(1977), haja visto os menores custos envolvidos. O
mesmo autor considera ainda que o sistema malaio uniforme muda
radicalmente a estrutura da floresta, sendo portanto ecologicamente
indesejável, além de propiciar um maior aparecimento de espécies pioneiras
PJ^-A/FAEPE - Manejo Florestal
e do cipós. Assim, parece necessário que mais observações sejam
implementadas para haver uma comparação mais efetiva dos dois
proctuiimentos. No entanto, a adoção do desbaste de liberação é prática
correnie no serviço florestal de Sarawak.
b) Sabah
Conforme Higuchi (1987), a partir de 1975 o sistema malaio uniforme
foi akmdonado. Em seu lugar passou a ser utilizado o sistema de CAP
míninM, que compreende o corte de cipós, efetuado dois anos antes da
operarão de abate, com o objetivo de reduzir os danos desta operação;
uma operação combinada do inventário de regeneração natural, pelo
método de amostragem linear, com envenenamento para eliminar a
competição; e uma operação que envolve o inventário da regeneração
natural <? u m tratamento de liberação.
• Indonésia
•\ exploração das florestas neste país vem migrando de região
para região em virtude do programa de ocupação das áreas do país. Assim
na decaia de 60, 89% da madeira era proveniente de Java, Sumatra e
Madeira Na década de 70, 65% da madeira explorada vinha de r^alimantã e
hoje esí* produção vem de Irian Jaya. Vale ressaltar que embora seja
membro < j a OPEP, 83% da madeira colhida na Indonésia é utilizada para
carvão # lenha. Este país apresenta em contraposição a este fato um
ambicio;so programa de reftorestamento, com praticamente 9 milhões de ha
já implantados sendo 1/4 deste total destinado a produção. Dentre as
espécies j e maior destaque no programa de reflorestamento pode-se citar a
12
Manejo de Florestas .Vztivas
Re\'isão sobre Manejo Fk-^estal
13
Tectona grandis (+ W0.000 ha), Dalbergia latifolia, Acácia mangium,
Swetenia macrophyln, £ urophyla e E deglupta.
, O sistema de manejo adotado nas florestas tropicais é o seletivo,
considerando um diâmetro mínimo de 50 cm para exploração das árvores
de valor comercial, devendo ser deixado pelo menos 25 delas com mais de
35 cm de diâmetro por hectare. O incremento em diâmetro das 25
árvores/ha da floresta residual é considerado de 1 cm/ano; assim, ao fir.al de
um ciclo de 35 anos el;is podem apresentar, em média, 70 cm de diâmetro.
Deve-se considerar que esta realidade é restrita à floresta com grande
número de árvores dc espécies de valor comercial.
• Filipinas
Dois são os sistemas predominantes neste país. O sistema de ^orte
seletivo, estabelecendo que 70% do número de árvores das classes de 15 a
65 cm devem ser deixadas na floresta residual, assim como 40% das ár.ores
na classe de 70 cm; nas classes acima de 75 cm todas as árvores são
removidas. O ciclo de corte esperado varia de 30 a 40 anos, dependenco da
taxa de crescimento, o maior questionamento ao método é que não há
assistência silvicultural posterior à exploração.
O segundo sistema silvicultural, segundo Reyes (1978-a::. é
o método muda-árvore, com plantio suplementar quando neces-sário.
É necessário que sejam deixadas no povoamento residual de 16 s 20
árvores/ha para suprir a regeneração natural. Enquanto o primeiro sistema é
aplicado à floresta de dipterocarpus, o segundo é aplicado para pinus e
floresta de mangrove.
ÜFLA/FAEPE - Manejo Florestal
14
Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
15
silviculturais que propiciem rotações economicamente viáveis em menor
tempo e ecologicamente aceitáveis, não poderiam ser exercitadas.
• Nigéria
Conforme Baur (1964) as práticas de manejo intensivo neste país
datam de 1944, com a introdução do sistema tropical de cobertura, que
visava a produção de povoamentos mais ou menos uniformes. Esta prática
caracterizava-se por compreender uma série de tratamentos antes e após a
exploração, com o intuito de induzir a regeneração das espécies de valor
comercial.
De acordo com Lowe (1984), durante a década de 50, 200.000
hectares de floresta foram manejadas nas regiões oeste e centro-oeste da
Nigéria. Os povoamentos tinham em média 200 m 3/ha, sendo removidas
5 árvores em média/ha, com um diâmetro mínimo, que para algumasespécies chegava a 80 cm, produzindo em média 20 m 3/ha.
Este método foi questionado a partir da década de 60, devido,
dentre outras razões, ao alto custo envolvido nas atividades antes e após as
explorações, como a limpeza de cipós, por exemplo. A partir de então houve
um fortalecimento da atividade de reflorestamento e principalmente da
atividade agroflorestal. No entanto, o abandono do sistema pode ser
creditado também a outros fatores como a independência política da
Nigéria, o que propiciou uma redistribuição dos técnicos, até então
concentrados na região oeste e centro-oeste, para o restante do país. Este
fato acabou interferindo na capacidade do serviço florestal. Também a
pressão pelo uso da terra, além de aumentar a taxa de exploração,
• índia
É neste país que se encontra a maior parte das florestas tropicais
manejadas. O sistema de corte seletivo é aplicado em picea e abies e o
sistema de cobertura em folhosas, cedros e pinus.
A produtividade média estimada destas florestas é de 1,0 m3/ha/ano
para folhosas e 2,9 m3/ha/ano para coníferas.
2.2. MANEJO FLORESTAL NA ÁFRICA
É apresentado a seguir um breve histórico dos trabalhos de manejo
florestal sustentado nos países africanos.
• Uganda
Os problemas políticos afetaram, neste país, dentre outras coisas, o
programa de manejo de florestas nativas, que de certa forma vem sendo
reabilitado nos últimos anos. Pode-se considerar que até 1952 a prática de
manejo baseava-se simplesmente no enriquecimento ou em plantios
intensivos definidos como compensatórios; a partir de então, o sistema
policíclico começou a ser utilizado no país. No entanto, Dawkins (1958),
citado por Silva (1989), enfatiza que o sistema policíclico deveria ser
substituído pelo sistema monocíclico e enumera uma série de razões, a
saber, os danos causados no corte podem alterar o ciclo, assim como o
prognóstico da produção; não existe evidência de que plantas jovens
suprimidas de qualquer espécie respondam à liberação; devido à baixa
produção obtida em um sistema policíclico (0,5 m3/ha/ano), ciclos de corte
menores podem levar a colheitas antieconômicas. Assim, a base do sistema
policíclico, que é aumentar a produtividade da floresta através de práticas
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
16
Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
'Classe I e Classe II: árvores selecionadas para aproveitamento futuro
17
incrementou o uso de práticas artificiais, principalmente do sistema
"taungya".
A principal crítica ao sistema de cobertura, no entanto, está
relacionada à dificuldade de sua implementação, de modo que possa
privilegiar a regeneração natural e a dificuldade de checar onde o trabalho
tem sido bem feito.
• Costa do Marfim
Conforme Catinot (1965), impressionado com os resultados do
método de cobertura na Nigéria, o serviço florestal da Costa do Marfim
decidiu, na década de 50, investir na técnica denominada de melhoramento
dos povoamentos nativos, em detrimento do método de plantio em linha, até
então utilizado.
A forma de atuação obedeceu a duas etapas: uma primeira, em que
foram consideradas as florestas secundárias, e, posteriormente, uma
segunda fase com a conversão das florestas primárias em florestas de ciclo
longo. Nestes casos, o que se fez foi um inventário detalhado para se ter a
possibilidade de estabelecer tabelas de produção das espécies comerciais,
corte de cipós e eliminação das espécies indesejáveis. Este procedimento,
corte de limpeza e eliminação foram feitos durante dez anos erfi intervalo de
três anos. A resposta a estes tratamentos foram desalentadoras durante a
década de 1960.
Novas tentativas a partir de 1976 voltaram a trazer alento aos
manejadores florestais na Costa do Marfim, através de estudos de dinâmica
da população, após as intervenções silviculturais. Os resultados obtidos
indicaram um aumento de 50 a 100% no desenvolvimento em diâmetro,
principalmente nas plantas de médio porte de interesse comercial, após
realização de desbaste nas plantas de interesse não-comercial. A prática de
desbaste implementado tem como objetivo privilegiar as espécies
comerciais em relação às espécies não-comerciais, já que cortes não
seguidos de tratamentos silviculturais têm pouco impacto no crescimento
das espécies comerciais.
• Gana
Este pais possui, conforme a FAO (1989), 16.788 km 2 de área
florestal permanente com floresta úmida e 6.810 km 2 de cobertura com
savanas.
O sistema de seleção empregado em Gana consiste no
mapeamento contendo as espécies comerciais com mais de 2,1 m de
circunferência. O povoamento é subdividido em compartimentos de 128 ha
cada e a interferência é feita somente em povoamentos onde existam pelo
menos 9 árvores não-maduras de espécies comerciais, por hectare. São
feitas limpezas para liberar as espécies definidas como de interesse
econômico, que tenham circunferência entre 0,3 e 1,5 m (10 a 48 cm de
DAP), da competição dos cipós e das árvores menos valiosas. Também são
feitas limpezas pesadas para privilegiar as espécies da classe I*, em um raio
de 4 metros em tomo destas, além de cortadas e/ou envenenadas todas as
árvores que sombream as da classe I. Para ajudar as árvores da classe II*
são feitas limpezas menos pesadas que as anteriores.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
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Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
19
Estas limpezas são posteriores ao corte e mais tarde, associadas
com o mapa que contém as espécies comerciais, são denominadas de
atividades combinadas. Tal procedimento foi implementado em 312 k m 2 por
ano, no período compreendido entre 1958 e 1971, até que surgiram dúvidas
à sua eficácia. O ciclo de corte era de 25 anos. A partir desta data
substituiu-se o método original por cortes de recuperação em que o CAP foi
de 3,36 m e o ciclo de corte foi reduzido para 15 anos. Ainda não há
resposta a estas mudanças no sistema de intervenção efetuado em Gana.
2.3. MANEJO FLORESTAL NA AMÉRICA
A seguir apresenta-se um breve histórico de manejo florestal na
América.
• Suriname
Proveniente de esforço conjunto entre a Universidade de Agricultura
de Wageningen - Holanda - e a "Anton de Kom University of Suriname", o
Suriname tem desenvolvido um sistema de produção de madeira em base
sustentável, conforme Boxman et al (1985). Este sistema compreendeu dois
aspectos independentes: um deles foi o denominado Sistema de Exploração
CELOS, que teve como base melhorar e desenvolver técnicas para reduzir
os danos à floresta residual e os custos da exploração. O segundo aspecto
foi o Sistema Silvicultural CELOS, que procurou aumentar a produção das
espécies comerciais dentro do povoamento, de modo a ter um ciclo de corte
de 20 a 25 anos. Os resultados das pesquisas indicaram que este último é
factível econômica e ecologicamente.
O Suriname tem 16.382.000 hectares, com 90% de sua área coberta
pela floresta tropical. Desde 1950, tentativas de desenvolvimento das
florestas do Suriname tem sido testadas, incluindo regeneração artificial,
inclusive com o plantio de 9.000 hectares de Pinus caribaea sob a floresta
tropical úmida. Com o insucesso desta prática foi então desenvolvido, pelas
duas universidades já mencionadas, um sistema policíclico para produção
sustentada em florestas tropicais. Conforme Boxman et al (1985), De Graaf
(1986) e De Graaf e Poels (1990), os sistemas desenvolvidos podem ser
caracterizados como:
- Sistema de Exploração CELOS (CHS): a diferença deste sistema para os
demais está na meticulosa organização do trabalho, no uso de técnicas
especiais de exploração e na ênfase no inventário como essencial ao
plano. Foi constatado que considerável redução dos danos pode ser
obtida a partirdesse sistema que tem como características básicas:
inventário, que propicia reconhecimento do terreno e enumeração das
espécies comerciais um ano antes do corte; planejamento, que inclui a
demarcação das unidades de corte e a delimitação dos tratamentos
silviculturais; determinação do corte, propiciando selecionar as árvores a
serem cortadas de acordo com as necessidades de colheita, além das
considerações silviculturais e ecológicas; preparação para o corte, que
consiste na abertura de estradas e trilhas na floresta para serem usadas
nos sucessivos ciclos, controlando os possíveis danos; organização do
corte com definição de seu direcionamento além da sistematização do
mesmo; uso de guincho, para reduzir movimentação de tratores para
remoção das toras, com cabos que permitam a máquina arrastar a tora;
uso de tratores de roda em grandes distâncias nas trilhas já abertas,
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20
Manejo de Florestas Nativas
Re\'isão sobre Manejo Florestal
TABELA 2.4. Distribuição do Volume (m3/ha) de todas as espécies e de um grupo de
30 espécies comerciais em 16 parcelas de 1 ha antes e após o tratamento
silvicultural
Classe de Diâmetro
5-15 15-30 30-45 45-60 60-75 75-90 90-105 Total
Todas espécies em
1975 17 59 69 60 63 31 9 308
Todas espécies em
1979 15 44 31 15 6 1 1 113
Espécies comerciais
em 1976 0 4,1 9,1 6,1 2 0.4 0,5 22,2
Espécies comerciais
em 1982 0 4,5 15 10,4 3,1 1.1 0 32,1
Um terceiro refinamento ainda é implementado com o objetivo
principal de remover cipós para preparar o novo corte em torno dos 20-25
anos, reduzindo assim os danos da exploração e eliminando pequenas
árvores de espécies indesejáveis que poderiam sufocar as pequenas plantas
de interesse comercial. Este refinamento é implementado poucos anos antes
do corte.
• Peru
As informações básicas sobre a situação florestal no Peru estão em
conformidade com a FAO (1981). Dos 126 milhões de hectares que,
aproximadamente, compõem o território peruano, 28 milhões são ocupados
21
para propiciar menos danos ao solo; registro das toras e árvores
cortadas para se ter um cadastro dos dados; rotação de trabalhadores
para promover maior responsabilidade por ocasião da operação de
corte.
- Já o Sistema Silvicultural CELOS (CSS) é implementado após a
exploração, visando aumentar o desenvolvimento das espécies
remanescentes de interesse comercial. O primeiro refinamento é feito
para que haja um aumento da representação das espécies comerciais
em relação às não-comerciais e é implementado um a dois anos após o
corte. Recentemente não é mais feito em toda a área, mas somente num
raio de 10 metros daquela planta que se quer liberar da concorrência,
eliminando-se as não-comerciais com mais de 20 cm de diâmetro e os
cipós. Esta vegetação cortada vai incorporar mais rapidamente
nutrientes ao solo e, normalmente, há um acréscimo em diâmetro de 4
para 10 mm e um aumento da taxa de mortalidade de 1,5 para 2% ao
ano a partir da aplicação do método. Neste refinamento ocorre redução
da área basal de 31 para 16 m 2/ha, podendo chegar a 12 m 2/ha.
Aproximadamente 8 a 10 anos após o primeiro refinamento é feito um
segundo, já que a taxa de crescimento começa a declinar. Este
refinamento é similar ao primeiro, só que elimirjando plantas
não-comerciais acima de 10 cm de diâmetro. Após este refinamento as
comerciais predominam, conforme pode-se ver na Tabela 2.4.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
22
Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
23
por floresta nativa e foram declarados pelo governo como reservas florestais
para produção sustentada de madeira.
O sistema de utilização destas florestas é por meio de contratos que
são assinados com o Estado por um período que pode variar de dois a
dez anos, sujeito à renovação e em áreas não superiores a 100.000 hectares.
A segunda alternativa consiste na permissão dada pelo Estado para
exploração de área florestal, para agricultura, florestas comunitárias e
plantações. A duração da permissão varia de acordo com o volume cortado
e com a área.
Com relação ao sistema de exploração da floresta, pode-se salientar
que o mesmo caracteriza-se pelo extrativismo, com a colheita de 1 a 2
m3/ha/ano, principalmente de Cedrela odorata, Aniba sp e Calophyllum
brasiliensis.
Quanto à pesquisa e manejo florestal, Silva (1989) cita que um
sistema foi estabelecido, com base nas características da floresta tropical
úmida, para regeneração em aberturas criadas sob a floresta. As faixas de
exploração estão distantes de 30 a 40 m, com comprimento e largura
variável, dependendo da topografia e logística. Novas faixas de exploração
espaçadas de 100 m estão sendo testadas.
O ciclo de corte previsto em bases sustentáveis é de 30 a 35 anos.
A extração de madeira é feita com animais (bois e búfalos) e o sistema leva a
menores custos e impactos na floresta residual. No entanto, só é factível de
acordo com o porte das árvores e as dimensões reduzidas da área sujeita à
exploração.
• Trinidade
Segundo Palmer (1987), citado por Silva (1989), o sistema
silvicultural desenvolvido na "Arena Forest Reserve" em Trinidade, chamado
de Sistema Arena de Cobertura, é considerado um exemplo de sucesso de
manejo silvicultural de floresta tropical úmida.
Foi desenvolvido em área utilizada em 1890 para agricultura e
abandonada íposteriormente por causa da não-possibilidade de sustentação
desta prática, já que estava assentada em solo de baixa produtividade.
Subseqüentemente, esta área, após ser abandonada, teve sua regeneração
natural explorada, o que propiciou um novo e menor crescimento
interlaçado com cipós e capim navalha. Os trabalhos silviculturais foram
iniciados em1927, consistindo de limpezas e plantio de espécies comerciais.
Após uma série de plantios e outras operações verificou-se que a
regeneração natural foi mais abundante do que esperado e o plantio foi
suprimido em 1945.
Os tratamentos silviculturais foram sistematizados a partir de 1952,
com operações de corte de cipós e desbastes, cuja madeira era carreada
para produção de carvão. Com a utilização do petróleo a partir da metade
da década de 50, o programa começou a sofrer alguns problemas
operacionais, já que o produto advindo do desbaste não mais tinha um
mercado definido.
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• Colômbia
Delgado e Valejo (1977) apresentaram um histórico das florestas na
Colômbia entre 1900 e 1968, em que mostram a predominância de quatro
aspectos:
- a exploração seletiva de espécies comerciais;
- a escassa participação das comunidades locais nos benefícios auferidos
pela atividade florestal;
- a falta de um efetivo controle do Estado na exploração das florestas,
assim como no controle da regeneração e;
- a falta de interesse na conservação da floresta.
Em que pese a criação do Instituto Nacional do Desenvolvimento
Florestal - Indereno, em 1968, é urgente o estabelecimento de uma
estratégia que permita mudanças no modelo de utilização presente dos
recursos florestais.
Estima-se que existam 5,3 milhões de hectares de florestas tropicais
úmidas, as quais podem propiciar 138,4 milhões de m 3 de madeira de
interesse comercial para a indústria, com base no modelo atual. No entanto,
este volume pode chegar a 428 milhões de m 3 , se mudanças no sistema de
exploração forem implementadas e se espécies menos conhecidas forem
também utilizadas.
Com relação à atividade de pesquisa em regeneração natural,
atenção especial tem sido dada à floresta "cativai" a qual apresenta
24
Manejo de Florestas Nativas
Re\'isão sobre Manejo Florestal
25
alta capacidade para regeneração natural e alta produtividade debiomassa. É menos heterogênea e apresenta como espécies dominante a
Prioria copaifera (cativo), as quais necessitam de 55 a 60 anos para
atingirem a dimensão de 60 cm de diâmetro.
• Venezuela
Neste país a área florestal reservada para produção é de 12,8
milhões de hectares ou 14,8% da área do país (Silva, 1989).
Três são os modelos de utilização da floresta: permissões anuais é o
predominante, caracteriza-se por ser aplicado em áreas de até 5.000
hectares e para um pequeno volume de madeira, não existindo obrigações
após a exploração. Normalmente são aplicados àquelas terras que são
desmatadas para serem utilizadas para agricultura. O segundo modelo é
pouco usado hoje em dia e denomina-se "leilões". Neste caso a área florestal
contém um número de espécies comerciais e são vendidas pela melhor
oferta. A administração e manejo estão sob tutela do Estado. O terceiro
modelo são as florestas de concessão, cujos contratos estabelecem-se por
longo tempo (acima de cinqüenta anos) entre o governo e companhias que
têm condições de implementar manejo destas florestas. Neste caso, os
planos de manejo podem ser elaborados por engenheiros florestais e
supervisionados por engenheiros florestais da administração pública. De
acordo com uma pesquisa de opiniões, este modelo é o mais promissor
com respeito ao manejo, conservação e avaliação dos recursos florestais,
gerando também benefícios sócio-econômicos para a população local.
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26
Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
27
• México Tropical, América Central e Ilhas do Caribe
Aproximadamente 24% do México, América Central e Ilhas do
Caribe estão cobertos por florestas, conforme Wadsworth (1993). Deste
total, menos de 1/3 permanece inalterado. Aproximadamente 11% das
florestas são fontes potenciais de madeira comercial. No entanto, apenas 2%
são manejados objetivando sustentar uma produção de madeira comercial.
A cada ano a área das florestas inalteradas é reduzida em 2,2%.
Wadsworth (1993) considera que qualquer proposta de manejo deve
respeitar a diferença que existe entre duas modalidades de floresta.
A floresta primária, que segundo a FAO (1981) são aquelas que não têm sido
objeto de exploração significativa nos últimos 80 anos. A outra modalidade é
constituída por aquelas que têm sido objeto de corte parcial ou que tenham
surgido naturalmente após um desmatamento, sendo denominadas de
florestas secundárias. Com relação a esta última, elas podem ser muito
diferentes inicialmente, mas ao longo do tempo sua progressão natural
tenderá a reduzir diferenças em relação à floresta primária, até que os
tratamentos silviculturais sejam os mesmos.
De acordo com o mesmo autor, as florestas primárias requerem
somente um manejo que salvaguarde sua conservação. O uso deve
limitar-se a investigação não-intervencionista, a visitas educativas, ao
ecoturismo, dentre outras. Já a produção de madeira comercial, a partir das
florestas tropicais, tem sido frustrada porque poucas espécies são
comercialmente aproveitáveis; a maioria destas têm sido removidas até dos
bosques secundários. Rendimentos de 1-3 m3/ha/ano (Baur, 1964) têm
levado à conclusão de que a madeira tropical, produzida de maneira
econômica, virá somente de plantações (Wadsworth, 1965).
Com relação às florestas secundárias, a experiência tem mostrado
que elas em geral têm excesso de árvores, o que impede o crescimento
rápido de árvores individuais, conforme Wadsworth (1947), citado por
Wadsworth (1993). Em uma floresta secundária avançada em Porto Rico,
82% das árvores encontravam-se na posição do dossel intermediário e
suprimido. Estas árvores do futuro cresciam a um quinto da velocidade das
árvores dominantes.
Hutchinson (1993), citado por Wadsworth (1993), tem mostrado que
a redução no total de árvores pode aumentar o crescimento das restantes.
Aquelas de espécies de madeira comercial na Costa Rica, quando recebiam
uma maior iluminação, em conseqüência da remoção das árvores
não-comerciais, duplicavam seu crescimento em área seccional após 17
meses do tratamento, o que perdurou nos 52 meses subsequentes.
Em Porto Rico, a experiência tem demonstrado que as espécies
arbóreas de florestas secundárias variam grandemente em termos do seu
potencial comercial. Utilizando-se de duzentas e duas parcelas de 1 hectare
cada, pôde-se constatar que 15% da área basal utilizável do povoamento era
de espécies exploradas para construção de móveis, 32% consistia de
espécies apropriadas somente para serraria e 35% da área basal era de
espécies aproveitáveis somente para lenha. As diferenças de valores entre
madeira para diferentes usos pode atingir cinqüenta vezes, o que sem
dúvida vai estimular práticas de manejo mais seletivas.
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Manejo de Florestas Nativas
Re\'isão sobre Manejo Florestal
Uma técnica que pode viabilizar o decréscimo da taxa de
desmatamento é a prática de manejo florestal sustentado. Embora no Brasil
as experiências sejam incipientes, pode-se destacar, entre outros, os
trabalhos realizados por Cruz (1991), Thibau et al. (1982), Jesus, Menandro e
Thibau (1984a,b), Jesus. Souza e Garcia (1992), Jesus e Menandro (1984,
1984), Higuchi e Vieira (1990). Souza (1989), Lamprecht (1990), Silva (1989,
1990,1991,1993); Veríssimo etal. (1992), Barreto, Uhl e Yared (1993), Uhl et
al. (1990), Almeida e Uhl (1993), Uhl et al. (1992), Yared e Souza (1993),
Souza et al. (1993), Vale et al. (1994), Scolforo, Mello e Lima (1994), Tabai
(1994), Volpato (1994) e Scolforo (1995), Scolforo et al. (1996). Nestas
experiências, têm predominado os estudos da regeneração da floresta
residual após intervenção; dos diferentes níveis de intervenção; dos danos
causados à população residual no momento da exploração e transporte,
dentre outros.
29
Também de acordo com Wadsworth (1993), a experiência tem
demonstrado que a eliminação de árvores com menor potencial pode
melhorar significativamente a qualidade do povoamento residual. Um
tratamento aplicado a 3.000 ha de floresta secundária em Porto Rico
aumentou em 43% a proporção de área basal correspondente às espécies
comerciais desejadas do povoamento. Esta eliminação, para ser eficiente,
deve concentrar-se não na eliminação de árvores menos promissoras, mas
sim na liberação das mais promissoras. As principais competidoras, das
espécies comerciais promissoras, são as que ultrapassam o comprimento
lateral de suas copas. Além destas, aquelas situadas nos estratos
intermediário e inferior, independente de seu DAP e proximidade, pelo
menos em florestas úmidas são competidoras em potencial.
2.4. MANEJO FLORESTAL NO BRASIL
Antes de analisar as experiências de manejo florestal no Brasil,
apresentam-se a seguir a distribuição e a área original das florestas tropicais
na Amazônia Legal Brasileira.
Entre os tipos florestais apresentados na Figura 2.2, o de maior
significado é a Floresta Ombrófila Densa, seguido da Floresta Ombrófila
Aberta. í
Com relação a Tabela 2.5, pode-se verificar que 87% da área total da
Amazônia Brasileira era tomada por florestas. Já a Tabela 2.6 mostra que em
Roraima, Amazonas e Amapá, praticamente não ocorreram desmatamentos
em escala significativa, enquanto que Estados como o Maranhão já
desmataram 70% da sua cobertura florestal existente originalmente.
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FIGURA 2.2. Distribuição das Florestas Tropicais na Amazônia Legal Brasileira
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Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
TABELA 2.5. Área Florestal Original da Amazônia Legal Brasileira
ÁREA TOTAL (1) ÁREA FLORESTAL ORIGINAL (2)
ESTADO
(Milhão ha) (Milhão ha) % em Relação ao Total
Maranhão26,0 15.5 60
Tocantis 26,9 5,8 21
Rondônia 23,8 22.4 94
Mato Grosso 80,2 58.5 73
Pará 124,6 121.8 98
Acre 15,4 15,4 100
Roraima 22,5 18,8 83
Amazonas 156,7 156,1 100
Amapá 14,2 13.2 93
TOTAL 490,3 427,5 87
(1) Área constante da Amazônia Legal
(2) Fonte: FEARNSIDE 1991/1990, CIMA 1991.
TABELA 2.6. Área Desmatada e Área Remanescente da Amazônia Legal Brasileira
Estados
Área Área Desmatada Área Remanescente
Estados Florestal
Original
Milhão ha Milhão ha (%) Milhão ha (%)
Maranhão 15,5 10,9 70 4,6 30
Tocantis 5,8 2,3 40 3,5 60
Rondônia 22,4 3,4 15 19,0 85
Mato Grosso 58,5 8,4 14 50,3 86
Pará 121,8 14,3 12 107,2 88
Acre 15,4 1,0 6 14,5 94
Roraima 18,8 0,4 2 18,4 98
Amazonas 156,1 2.1 1 154,5 99
Amapá 13,2 0,2 1 13,0 99
TOTAL 427.5 43,0 10 385,0 90
Fonte: FEARNSIDE 1991/1990, CIMA 1991
31
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Manejo de Florestas Nativas
Re\'isão sobre Manejo Florestal
33
Além desse trabalho, outras atividades experimentais vêm sendo
desenvolvidas na área. Uma destas, implementada pela EMBRAPA, está
situada numa área onde o volume médio de todas as plantas com mais de
45 cm de diâmetro varia de 150 a 180 m3/ha, podendo chegar a 200 m 3/ha.
As espécies mais comuns que formam o extrato emergente da floresta são a
Bertholietia excelsa, Couratari spp, Dinisia excelsa, Hymenaea courbaril,
Manilkara huberí, Parkia spp, Pithecellobium spp e Tabebuia serratifolia.
O sub-bosque é em geral aberto, com alta ocorrência da Duguetia
echinophora, Rinorea fiavescens e R. adianensis. As atividades principais da
pesquisa foram:
- 1975: inventário pré-exploratório com 100% de intensidade; ensaio de
anelagem em 20 espécies com 10 cm < DAP < 50 cm, sendo
consideradas 20 árv./ha; corte de cipós; primeira amostragem de
regeneração.
- 1979: exploração da área com remoção de 16 plantas/ha e volume de 75
m 3/ha.
- 1981: parcelas permanentes foram estabelecidas, além da segunda
amostragem de regeneração.
- 1982: remedição nas parcelas permanentes instaladas no ano anterior.
- 1983: remedição nas parcelas permanentes.
- 1985: terceira amostragem de regeneração, além de nova remedição
nas parcelas permanentes.
- 1987: remedição nas parcelas permanentes.
A seguir apresenta-se um breve histórico das experiências de
manejo florestal no Brasil.
2.4.1. Experiências de Manejo Florestal realizadas no Brasil
• Floresta Nacional de Tapajós
Foram instalados blocos de 100 ha para que neles a iniciativa
privada pudesse implementar a prática de manejo sustentado. Dos 1000 ha
inicialmente estabelecidos 10% foram viabilizados pela empresa CEMEX.
Dos dados do inventário florestal, estimou-se a ocorrência de 20,6
árvores por hectare, com DAP superior ou igual a 55 cm. O volume estimado
para estas árvores foi de 119,7 m 3/ha sendo que 44,2 m 3/ha foram
considerados aptos para comercialização. Devido à diferenças de método
de cálculo deste volume, concluiu-se que o volume possível de exploração,
descontados os defeitos nas toras, foi de 27,7 m 3/ha.
Os tratamentos previstos inicialmente não puderam ser
concretizados por problemas orçamentários. No entanto, o monitoramento
da regeneração natural e do crescimento das espécies florestais está sendo
implementado, já tendo sido feitas três avaliações em parcelas de 1 ha de
área cada, cujos dados ainda não estão disponíveis por não ter sido possível
sua análise. No entanto, através de observações visuais, pode-se constatar
que treze anos após a intervenção não há clareiras ou qualquer vestígio
aparente que mostre a degradação da floresta submetida à exploração, o
que constitui aparentemente um bom desenvolvimento.
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Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
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O objetivo da pesquisa foi verificar o comportamento da produção
sustentada na Flona de Tapajós a partir da regeneração natural. Como
resultados verificou-se que o incremento médio anual em diâmetro foi de
0,5 cm/ano para as espécies comerciais e de 1 cm/ano para as pioneiras;
houve um aumento na ocorrência de cipós, o que indica a necessidade de
tratamentos de refinamento; aumento do estoque de regeneração das
espécies comerciais e das com potencial Muro; após o quarto ano houve
indicativo da redução do benefício propiciado pela liberação e, ainda, o
aumento da mortalidade que estabilizou após o décimo ano.
• Manejo Florestal na Região de Manaus - Projeto BIONTE
O BIONTE é um projeto iniciado em 1980 (sob os auspícios do
Convênio CNPQ-INPA/BID/FINEP). Uma nova «ase foi financiada pelo
Convênio MCT-INPA/ODA, aprovado em junho/92 e com encerramento
previsto para dezembro/96.
O projeto está sendo executado na Estação ZF-2 do INPA,
localizada aproximadamente 90 km ao norte de Manaus, Estado do
Amazonas, em uma amostra representativa da floresta amazônica densa
de terra-firme. A primeira colheita florestal, usando diferentes intensidades
de corte, ocorreu em 1987 e sob a chancela do BIONTE um dos tratamentos
de 1987 foi repetido em 1993.
Objetivos Gerais
Florestal: definir um sistema de colheita seletiva de madeira que seja
técnica e economicamente viável e que não comprometa o funcionamento
do ecossistema.
Ecológico: estudar parâmetros de sustentabilidade do ecossistema
sob manejo florestal, além de biomassa e volume de madeira, tais como:
estoque de íiutrientes, ciclagem de nutrientes, classes de perturbação,
química, física e biologia do solo e hidrologia do sistema.
O Experimento
• Pressuposto do BIONTE: a co-existência da exuberante floresta
amazônica e a baixa fertilidade dos solos, está associada, entre
outras interações obrigatórias, às estratégias de conservação e
de ciclagem de nutrientes dentro do próprio sistema.
• Hipótese Científica: do ponto de vista ecológico, a
sustentabilidade do manejo florestal é determinada pelo efeito
das operações de corte seletivo sobre a sucessão vegetal, a
ciclagem de nutrientes e água e as propriedades físicas, químicas
e biológicas dos solos.
• Delineamento Estatístico: split-plot (com e sem tratos
silviculturais).
Tratamentos: (i) parcelas exploradas em 1987, 4 ha, 3 repetições;
(ii) parcelas exploradas em 1993, 4 ha, 3 repetições; (iii) parcelas
testemunhas, 4 ha, 3 repetições.
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'Altura comercial: Altura até a base da copa ou até as primeiras inserções significativas
dos galhos
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Manejo de Florestas Nativas
Re\>isão sobre Manejo Florestal
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*Pt = exp (0,097595+ 2,069532 In (d) + 0,811727 In (h))
onde:
Pt = peso verde do tronco (ton) R 2 = 0,9843
EPR= ± 0,9843 In ton
b) Avaliação do peso de partes de uma árvore
De forma preliminar para este estudo foram avaliadas 319 árvores
que geraram um peso seco médio, em valores percentuais, como segue:
Tronco 61%
í Galhos grossos 23,40%
Copa 39% { Galhos finos 13,65%
l Folhas 1,95%
c) Avaliação de água nas árvores
Da massa verde total de uma árvore em pé, aproximadamente 40%
é de água.
d) Estimativa da quantidade de carbono na floresta
* No tronco 48% da massa seca
* Liteira 39% da massa seca
* Plântulas 47% da massa seca
* Mudas 49% da massa seca
* Galhos finos 47% da massa seca
Coleta de Dados: as observações são feitas dentro de parcelas
permanentes de um hectare cada, preservando, no entanto, as
peculiaridades metodológicas de cada componente de pesquisa.
O tratamento de corte foi a remoção de 50% da área basal de
espécies listadas e os sub-tratamentos serão constituídos de tratos
silviculturais (desbastes, limpezas, corte de cipós, anelamento de espécies
que competem com as listadas, etc).
Resultados Alcançados:
Serão apresentados algunsdos resultados alcançados os quais
são válidos para as florestas densas sobre latossolo amarelo, ocorrentes em
terra firme, na região de Manaus.
a) Ao ser realizado um inventário florestal para fins de manejo, pode-se
utilizar para a obtenção de estimativas de biomassa florestal total e do
tronco as seguintes funções:
* Pto = exp (2,062632 + 2,344377 In (d) + 0,371549 In (h))
onde:
In = logarítimo neperiano R 2 = 0,8608
Pto = peso verde total da árvore (ton) EPR = ± 0,2912 Inlon
d = diâmetro a 1,30 m (m)
h = altura comercial (m)*
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e) Tratamentos silviculturais após corte
São recomendados a partir do quarto ano após intervenção na
floresta. O motivo desta prescrição é devido ao balanço negativo ocorrente
no volume comercial total, dado as perdas provocadas pela exploração
serem maiores que o crescimento ocorrentes nas árvores remanescentes na
floresta. A taxa de recrutamento (novas plantas ingressas na primeira classe
de medição), nessas condições, supera a taxa de mortalidade.
f) Crescimento das árvores
De forma preliminar pode-se considerar que:
As árvores com maiores dap's tendem a crescer mais do que as de
menores dap's.
O incremento periódico anual - IPA, pode alcançar 4-5 m 3/ha/ano, a
partir do 4 o ano após a intervenção. Desta estimativa, 2/3 são de espécies
não comerciais e 1/3 de comerciais.
O incremento médio anual - ICA do diâmetro (dap) das espécies
comerciais pode alcançar 0,3 a 0,4 cm/ano após a intervenção.
g) Estudo de custos nas operações com a moto-serra
O ciclo de trabalho completo (envolvendo todas as operações do
corte), para as condições em que o estudo foi realizado, foi em média de
aproximadamente 13 minutos para cada árvore abatida. A produtividade
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Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
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média para o abate e destopamento (seccionamento na ponta fina comercial
da árvore) foi de 12,74 m3/hora de trabalho. O custo operacional total da
moto-serra calculado foi de R$ 0,90/m3.
h) Germinação de sementes
Foi observado que houve um aumento no número de sementes
germinadas de 10/m 2 em áreas sem perturbação para 70/m 2 nas áreas de
maior distúrbio. Em todas as classes de distúrbio, o banco de sementes
(presentes no solo no momento da exploração) foi o maior responsável pela
composição da regeneração natural, verificada pela germinação de
sementes nesta área. Em áreas de maior perturbação este número chegou a
ser até quatro vezes superior ao promovido pela chuva de sementes.
• Manejo Florestal sustentado na Floresta de Linhares-ES
Esta reserva, com aproximadamente 20.000 ha de mata atlântica,
pertence à Companhia Vale do Rio Doce e, dentre outros, foi instalado, em
1980, um experimento numa área de 22,5 ha, cujo objetivo principal era
investigar as respostas do ecossistema florestal (floresta densa de tabuleiro
sem nenhuma interferência) aos diversos tipos de interferência, além de
desenvolver metodologia para exploração comercial em bases sustentadas.
Os tratamentos testados foram: testemunha; redução de 15% da
área basal a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; redução de 30%
da área basal a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; redução de
45% da área basal a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; retirada
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• Experiência da Companhia Vale do Rio Doce na Região Amazônica
Embora instalados em locais e épocas diferentes, as experiências da
Companhia Vale do Rio Doce na região Norte do Brasil sempre foram
estabelecidas dentro da mesma filosofia, incluindo, normalmente,
tratamentos com os ilustrados a seguir:
- testemunha;
- corte raso, à exceção de alguma espécie protegida por lei,
como a castanha-do-Pará;
- eliminação de cipós;
- remoção total ou parcial das árvores com diâmetro acima de
determinado diâmetro que pode ser 45, 60 ou 80 cm e, por
vezes, a eliminação de todas as plantas abaixo de determinado
diâmetro, normalmente 10 cm.
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Manejo de Florestas Nativas
Re\nsão sobre Manejo Florestal
Dentre os experimentos de manejo estabelecidos, pode-se citar
aqueles implantados:
a) no município de Marabá, no Estado do Pará, instalado em 1984 e
cuja produção de madeira é mostrada na Tabela 2.7.
TABELA 2.7. Produção de madeira na floresta de Marabá-PA para diferentes tratamentos
Tratamentos Madeira Serrada
m3/ha
Lenha
st/ha
Madeira Inaproveitável
m3/ha
. corte raso menos
castanha do Pará 36 466 155
. remoção das árvores
com DAP = > 45 cm 30 245 116
. remoção das árvores
com DAP = > 60 cm 27 191 68
Obs.: o tratamento 1 foi a testemunha
b) no município de Oriximiná, no Estado do Pará, em floresta
primitiva do médio Amazonas; neste caso as produções
decorrentes dos cinco tratamentos instalados na área são
apresentados na Tabela 2.8.
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dos indivíduos com DAP entre 10 e 80 cm. Em seguida, redução de 15% da
área basal remanescente, a partir dos maiores indivíduos e seletivamente;
remoção dos indivíduos com DAP > 80 cm e redução de 20% da área
basal remanescente, a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; corte
raso; remoção dos indivíduos com DAP > 50 cm e redução de 25% da área
basal, a partir dos maiores indivíduos e seletivamente.
Em todos os tratamentos foi efetuado um inventário nas plantas com
mais de 5 cm de diâmetro, além de ser efetuada a limpeza de cipós.
Avaliações quantificando o que foi removido e a floresta residual também
foram considerados.
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QUADRO 2.8.Produçâo de madeira na floresta de Oriximiná. no Pará
Tratamentos Madeira Serrada Lenha
m3/ha st/ha
corte raso 42 5 1 0
. remover árvore com DAP = > 45 cm
deixando 2 como porta sementes 35 257
. remover árvore com DAP = > 60 cm e < 20cm
deixando 2 como porta sementes 27 295
. remover árvore com DAP = > 60 cm e < 20cm 15 268
Obs.: tratamento 1 foi testemunha
c) manejo florestal em Buriticupu, no Estado do Maranhão, em
floresta mesofídica perenifólia do rio Pindaré, situada em 9.400 ha
de reserva da Companhia Vale do Ro Doce, com produção
estimada, por hectare, 15 a 20 m 3 para serraria e 250 estéres (st)
de lenha, a partir dos dados do inventário. Após instalados os
tratamentos obteve-se as produções mostradas na Tabela 2.9.
TABELA 2.9. Produção de madeira na floresta de Buritícupu-MA, para diferentes
. tratamentos
Tratamentos Madeira Serrada Lenha
m /ha st/ha
.corte raso 1 9 ^
. remover todas árvores com DAP = > 45cm 15 248
. remover todas árvore com DAP> 10cm e < 60cm
deixando apenas elementos de boa forma no
povoamento residual , ^5 61
Obs.: o diâmetro considerado para lenha foi < = 35cm e para serraria = > 35cm
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Revisão sobre Manejo Florestal
d) no município de Serra Azul, no Estado do Pará, instalado em mata
secundária, com idade em torno de 15 anos. A produção de
madeira é mostrada na Tabela 2.10, para os diferentes
tratamentos.
TABELA 2.10. Produção de madeira na floresta de Serra Azul - PA para diferentes
tratamentos
f
Tratamentos Madeira Serrada m3/ha
Lenha
st/ha .
. corte raso 00 180,06
. corte seletivo na espécie e fenótipo
independente das classes diamétricas 00 165.62
. Remoção de plantas com DAP < = 10cm
deixando no povoamento 100 arv/ha com
potencial comercial 00 191,08
Obs.: o tratamento 1 foi a testemunha
• Manejo Florestal em Paragominas
Esta região é hoje uma das que mais sofre pressões de
desmatamento no Estado do Pará, com a existência de 137 serrarias no
município, que exploram em torno de 33.000 hectares/ano. Com o objetivo
de fornecer subsídios técnicos aos madeireiros, o Instituto do Homem e
Meio Ambiente - Imazon vem desenvolvendouma série de estudos sobre
manejo florestal, em que a preocupação maior é sistematizar as etapas
envolvidas no manejo florestal, com avaliação de custos de cada etapa.
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Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
TABELA 2.11. Produção de três áreas florestais sujeitas a regime de manejo florestal em
Paragominas - PA
Características gerais das áreas
sujeitas a manejo
Estatísticas pi árvores cortadas 1
Áreas
2 3
Média das
três
áreas
. tamanho da área (ha) 115 37 16 56
. n" de plantas cortadas/ha 3 7 9 6,4
. volume cortado m3/ha 18 35 62 38
. n° de espécies cortadas 57 35 43 45
. média dos diâmetros(cm) 75 73 73 74
. desvio padrão dos diâmetros 20 18 20 -
. comprimento da copa (m) 18,4 16,5 20,5 18
. desvio padrão da copa 5 3,9 4,3 -
. volume médio por áwore (m3) 6,1 5,2 6,4 5,9
. desvio padrão dos volumes 3,9 3,5 4,7 -
. diâmetro máximo 161 170 150 160
. diâmetro mínimo 40 39 40 40
Na Tabela 2.12 são apresentados dados referentes aos danos
causados pela exploração nas três áreas florestais estudadas.
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Os estudos envolvem três diferentes áreas florestais na região, cujos
resultados obtidos, após a remoção das espécies florestais, são
apresentados na Tabela 2.11.
Após três anos de avaliações, tem-se constatado que o crescimento
em diâmetro, nas áreas manejadas, é em média de 0,8 cm/ano; e em
florestas não-manejadas de 0,3 cm/ano.
Nessa pesquisa, diferentemente daquelas implementadas por outros
autores, busca-se sintetizar o que é feito pelos madeireiros que atuam na
região, seguir as recomendações dos pesquisadores de manejo florestal ao
invés de estabelecer tratamentos que impliquem em diferentes reduções de
área basal. Definindo assim:
• Impactos do corte e remoção das árvores no estoque
remanescente e na regeneração natural;
• métodos de marcação, assim como orientação na queda das
árvores, que minimizem os danos à floresta residual;
• práticas que minimizem os impactos causados pela remoção das
árvores cortadas na floresta remanescente, através da definição
de distâncias mínimas de transportes e de usos de cabos que
propiciem menor movimentação de máquinas na área florestal;
• época para corte de cipós;
• avaliação econômica das práticas de manejo;
• impacto da abertura de clareira na regeneração das espécies
existentes.
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TABELA 2.12. Danos causados na extração de madeira em três áreas de exploração
em Paragominas-PA
Características
mensuradas
1
Áreas
2 3
Média
das três
áreas
1. número de árvores colhidas/ha 2.9 6.9 9,3 6,4
2. danos causados pela exploração:
. nas árv. com DAP > = lOcm (n/ha) 121 130 193 148
. na área basal de árv. c/DAP > = 10cm(m2/ha) 5 6,6 7,6 6,4
. no volume das árv. c/DAP > = 10 cm (m3/ha) 47 63 77 62
. no espaço de abertura do dossel pela atividade
de exploração (m2/ha) 2500 4.500 4.400 3.800
3. índices de danos: 41
. arv. danificada / arv. extraídas 2,6 19 20 27
. m danificado / m J extraído 37 1.8 1,2 1,9
. m de estrada aberta / arv. extraída
2
186 38 43 39
. m estrada e pátio aberto / arv. extraída
2 _i
862 219 249 218
. m de dossel aberto / arv. extraída 652 473 662
Fonte: Veríssimo et al, 1993
• Manejo Florestal sustentado em áreas de Várzea Rivular
Segundo Cruz (1991), embora as florestas de várzea da Amazônia
tenham menos potencial madeireiro do que as de terra firme, elas são
responsáveis por boa parte do abastecimento da matéria bruta das
indústrias da região de Manaus, devido ao baixo custo de transporte e ao
mercado já tradicional das espécies mais conhecidas. Ainda segundo este
autor, "a exploração madeireira em florestas de várzea é caracterizada pelo
empirismo e rudimentarismo dos métodos empregados, pelo reduzido
compromisso das indústrias madeireiras com o manejo florestal sustentado,
pela insuficiência ou inexistência de conhecimentos científicos sobre
46
Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
47
auto-ecologia e silvicultura das espécies e pela própria exploração seletiva,
que é exigência do mercado de madeiras".
Essa seletividade de espécies propicia o exaurimento das florestas
de várzea quando a interferência é mais intensa, caso típico da sumaúma
(Ceiba pentandra), haja visto a ausência de indivíduos nas classes
diamétricas inferiores àquelas exploradas (Cruz, 1991).
Segundo Schubart (1983), citado por Cruz (1991), estas florestas
inundadas ocupam de 5 a 10% da área da Amazônia.
• Manejo Florestal na Madeireira Mil
Esta empresa está situada na região de Itacoatiara no Estado do
Amazonas e embora seja um empreendimento novo, é um dos que mais se
aproxima da verdadeira prática do manejo florestal sustentado,
considerando de forma adequada os cinco componentes básicos do
manejo, quais sejam:
1. Conhecimento e acesso ao mercado.
2. Inventário 100% para planejamento das atividades.
3. Sistemas silviculturais seletivos baseados em aproveitamento de
grande número de espécies.
4. Exploração e transporte florestal.
5. Monitoramento e correção das práticas do manejo.
A seguir apresenta-se uma síntese do plano de manejo sustentado
desenvolvido:
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a) Base: Sistema Celos
b) Premissa: corte seletivo de 40 m 3/ha de 47 espécies com previsão
de expansão para 65. Os compartimentos anuais tem
aproximadamente 2.000 ha (produtivos), com ciclo de corte
previsto de 25 anos. Produção de 80.000 m 3 de madeira por ano,
gerando de 40 a 45 mil m 3 de madeira serrada.
c) Principais Atividades
Cronologia Atividades
4 anos antes corte - Definição das espécies comerciais
- Inventário amostrai - conglomerado -0 ,1% amostragem
- Estimativa de áreas produtivas e de preservação através de satélite
ou fotografia aérea
3 anos antes corte - Medição topográfica da área
- Elaboração e aprovação do Plano de Manejo - IBAMA
2 anos antes corte - Estudo topográfico dos compartimentos e estradas
- Delimitação dos talhóes (10 ha) (250 m x 400 m)
- Inventário 100% das espécies comerciais
- Corte de cipós
- Implantação das parcelas permanentes
- Construção de estradas
1 ano antes corte - Análise final dados inventário
- Planejamento das atividades de exploração *
0 - EXPLORAÇÃO E TRANSPORTE DE MADEIRA
1 ano após corte - Primeira medição das parcelas permanentes após a exploração
cada 3 a 5 anos - Medição das parcelas permanentes
- Tratamentos silviculturais
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Manejo de Florestas Nativas
Revisão sobre Manejo Florestal
49
d) Informações gerais sobre o projeto
O projeto teve início em 1993, e tem como objetivo a
industrialização de madeira procedente de florestas tropicais manejadas em
sistema florestal sustentado.
A área total do projeto é de 80.900 ha, sendo que 64,5% (52.200 ha)
deste total foi destinado a produção, existem 5.500 ha desmatados e o
restante é área de preservação.
O número de espécies aproveitadas é de 47, existindo a perspectiva
deste ser aumentado para 67. As principais espécies são:
- Maçaranduba, Louro Gamela, Rosa, Preto, Itauba, Angelim Pedra,
Vermelho, fójado, Cardeiro, Cupiuba, Piquia, Tauari, Amapá.
Em termos médio as áreas inventariadas apresentam um volume
total (diâmetro > 5 cm) igual a 500 m3/ha; volume de espécies comerciais
(diâmetro > 5 cm) igual a 200 m 3/ha; volume das 47 espécies comerciais
(diâmetro > 50 cm) igual a 85 m3/ha; e volume programado para ser
cortado por ocasião da exploração igual a 430 m 3/ha.
• Manejo sustentado do Cerrado para Uso Múltiplo
O cerrado brasileiro ocupa uma área de 201,8 milhões de ha. Deste
total 75,3 milhões foram desmatados,sendo que 20,0 milhões são
improdutivos, 35,0 milhões estão ocupados com pastagens plantadas, 13,5
milhões com culturas anuais e 3,3 milhões com culturas perenes (incluindo o
refiorestamento), dentre outros. Existem ainda 113,2 milhões de ha que são
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
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3
MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS
PONTOS CRÍTICOS NO MANEJO FLORESTAL
José Roberto S. Scolforo1
Após o breve histórico das experiências de manejo realizadas no
mundo e em particular no Brasil, pode-se agora considerar que os
problemas técnicos e econômicos do manejo florestal são decorrentes da:
a) falta de informações consistentes do crescimento das espécies
sob regime de manejo;
b) falta de eficiência do processo tecnológico no beneficiamento da
madeira;
c) economicidade do manejo florestal sustentado;
d) suscetibilidade das espécies florestais à exploração florestal;
e) relação entre a ocupação da Amazônia Oriental e o manejo
florestal sustentado;
f) exploração e transporte: fatores determinantes para o manejo
florestal; análise dos danos.
1 Professor do Departamento de Ciências Florestais - UFLA
51
utilizados, predominantemente, como pastagens nativas (83,5 milhões de
ha), vegetação nativa manejada (16,5 milhões de ha) e 10,4 milhões de ha
com reservas indígenas. Por último. 13,2 milhões de ha são considerados
paisagens naturais preservadas. Estes fatos, juntamente, com a importância
do setor florestal para o Estado de Minas Gerais, levaram um grupo de
profissionais da UFLA a definirem em 1994 pela adoção do manejo da
vegetação do cerrado como urna das linhas básicas do curso de Mestrado
em Engenharia Florestal desta Instituição.
O projeto tem como objetivo central gerar conhecimentos
multidisciplinares sobre o ecossistema cerrado visando propor planos de
manejo sustentado para uso múltiplo de seus recursos naturais como,
madeira, cortiça, produtos medicinais, frutos, mel, fauna, dentre outros.
Serão estudadas, ainda, as relações da vegetação do cerrado com a cultura
de Eucalyptus spp culturas agrícolas e pastagens.
O projeto é coordenado pelo Departamento de Ciências Florestais -
UFLA contando com o suporte financeiro do Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico/Conselho Nacional de Pesquisas/
Ciências Ambientais - PADCT/CNPqOAMB e está sendo desenvolvido em
cinco propriedades existentes nas regiões norte e noroeste de Minas Gerais,
abrangendo tipologias de cerrado "senso stricto". De forma dispersa, nestas
regiões, são realizados os estudos sobre propagação e melhoramento
genético de espécies do cerrado e também os estudos de sócio-economia.
O projeto Manejo Sustentado do Cerrado conta com parceria da
Universidade Federal de Lavras - UFLA, Mannesmann Florestal e
Instituto Estadual de Florestas - EEF.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
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Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
53
A seguir será feita uma abordagem detalhada de cada um dos itens
anteriores, para demonstrar como eles são limitantes para a implementação
do manejo florestal.
3.1. CRESCIMENTO DAS ESPÉCIES SOB REGIME
DE MANEJO
Neste caso, o maior interesse é definir como o manejo florestal
interfere ou pode afetar a produção de madeira.
A maior ou menor intensidade da regeneração natural depende das
condições de sítio (fatores edáficos, climáticos e fisiográficos), da
composição florística da floresta existente, do nível de interferência
implementado na floresta e do sistema de exploração e transporte utilizado.
Estes fatores definirão uma maior ou menor intensidade luminosa e
aumentarão o risco de queimadas (ocorre uma diminuição da umidade
relativa nas áreas que sofreram intervenção), os quais, isoladamente ou em
conjunto, influenciarão na regeneração natural e no crescimento das
árvores.
Em que pese os vários ensaios definidos para a região Amazônica,
visando o desenvolvimento sustentado, pode-se considerar que as
informações de crescimento sobre as várias espécies de interesse
comercial, de potencial futuro, e mesmo aquelas definidas como sem valor,
são insuficientes para que decisões práticas e concretas sobre a atividade
de manejo sejam implementadas. Fica difícil estabelecer um processo de
convencimento do madeireiro na medida que, tanto a experiência como o
conhecimento do comportamento destas espécies quando sujeitas ou não à
intervenção, são incipientes.
As informações disponíveis na literatura mundial, De Graaf (1986),
Jonkers (1988) e Silva (1989), enfatizam que a taxa média de
mortalidade/ano está em tomo de 1,5% e o crescimento em diâmetro na
floresta não-manejada, entre 0,1 e 0,4 cm/ano. Já quando é implementado o
manejo, há um acréscimo na mortalidade para 2% ao ano, assim como na
taxa de crescimento das árvores remanescentes que está entre 0,6 e
1,0 cm/ano (De Graaf, 1986 e Jonkers, 1988).
Segundo Silva (1989) este acréscimo para as árvores da Floresta
Nacional de Tapajós varia com a espécie e com o grau de tolerância da
mesma. Foram a Cecropia sciadophylla e Cecropia pecicoma que
apresentaram os maiores crescimentos para o período avaliado (2,1 e
1,4 cm por ano, respectivamente). A maioria das espécies pioneiras cresceu
1 cm/ano. Já com relação às espécies clímax, a Duguetia echinophora, a
Paussandra denslfíora e a Rinorea flavenscens apresentaram baixo
incremento anual, ou seja, 0,1 cm/ano. Algumas clímax pertencentes
ao dossel superior e de valor comercial, como a Carapa guianensis e
Wola melinanii apresentaram incrementos relativamente altos em torno de
1,4 cm/ano.
O mesmo autor considera ainda que a variação no crescimento em
diâmetro é muito alta em todos os grupos de espécies, com coeficientes de
variação freqüentemente superior a 100%, mostrando que a diversidade de
condições ambientais influencia o crescimento. Salientou ainda que, embora
a intervenção na floresta tivesse sido bastante alta, a sua influência marcante
no desenvolvimento em diâmetro cessou três a quatro anos após a
exploração.
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Ainda segundo o mesmo autor, a média do crescimento em
diâmetro para 297 espécies com DAP > 5 cm foi de 0,5 cm/ano no período
avaliado e que, para um grupo de vinte e nove espécies de interesse
comercial, este mesmo valor foi encontrado.
A seguir, na Figura 3.1 é mostrado o incremento periódico anual em
diâmetro (IPA), face a diferentes intensidades de fuz.
I ' - 3
C l â l l f l w oilaacruo
1 : e x p r e s s a i n c r e m e n t o em d i â m e t r o das á r v o r e s recebendo i l u m i n a ç ã o
t o t a l s u p e r i o r .
2 : e x p r e s s a o i n c r e m e n t o em d i â m e t r o das á r v o r e s p a r c i a l m e n t e cob
t a s por copas das á r v o r e s v i z i n h a s .
3: e: :prcssa o i n c r e m e n t o em d i â m e t r o das á r v o r e s completamente
b r e a das ou recebendo apenas luz d i f u s a .
FIGURA 3.1. Crescimento em diâmetro em função da intensidade de luz
54
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
Com relação à mortalidade, pode-se verificar um acréscimo logo
após a intervenção, e uma estabilização após dez anos decorridos da
exploração. As taxas variam de acordo com o grupo ecológico considerado,
conforme mostrado na Tabela 3.1.
TABELA 3.1. Taxas de mortalidade das espécies pioneiras comparadas com outras
categorias (%/ano)
Grupo
jde
espécies
Período Grupo
jde
espécies 1981-83 1983-87 1981-S7
Espécies pioneiras 3,9 6,1 4,7
Todas as espécies 2,1 3,8 2,8
Espécies comerciais 1,6 2,6 1,8
Espécies potenciais 1,3 2,8 2,2
Espécies não comerciais 2,4 4,2 3,1
Fonte: Silva, 1993
Se refinamentos são implementados, De Graaf (1986) e Jonkers
(1988) afirmam que noSuriname houve um acréscimo entre 4% e 42% no
incremento médio anual (IMA no DAP). Em Paragominas-PA, Veríssimo et
al., (1992), considerando uma taxa de mortalidade de 2% ao ano e
crescimento em diâmetro de 0,8 cm e 0,3 cm para florestas sujeitas e
não-sujeitas ao manejo, verificou que após 35 anos, a população manejada
apresentou um ganho de 22 m 3 em volume, para árvores de interesse
comercial com DAP maior ou igual a 30 cm. Barreto, Uhl e Yared (1993)
constataram que a taxa de mortalidade em Paragominas, durante dois anos
de avaliação, foi de 2% ao ano, o que está em conformidade ao apresentado
55
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
56
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
57
objetiva do assunto é a falta destas taxas de crescimento e mortalidade por
região ou micro-região ecológica para um período de tempo maior. Do
ponto de vista de continuidade de pesquisa, as informações disponíveis na
literatura têm, no máximo, quatorze anos. A experiência mais antiga, a de
Curuá-Una (Pará), sofreu problemas de continuidade e mesmo se tal fato
não tivesse ocorrido, não seria possível generalizá-lo para o restante da
Amazônia.
Caso a simulação desenvolvida para verificar a taxa de retorno
propiciado pelo manejo houvesse utilizado uma taxa de mortalidade de 3%
ao ano, ao invés de 2%, no final de vinte anos existiriam duas árvores de
valor comercial, ou 8,3 m 3/ha a menos, conforme Barreto, Uhl e Yared
(1993). Esses fatos vem reforçar a posição de que ainda são insuficientes as
informações sobre crescimento em diâmetro e taxa de mortalidade para as
florestas brasileiras.
3.2. EFICIÊNCIA DO PROCESSO TECNOLÓGICO NO
BENEFICIAMENTO DA MADEIRA E NO ASPECTO
SILVICULTURAL
Para fins de análise, cinco cenários são considerados. O primeiro
considera a melhoria da atividade de processamento da madeira com um
maior aproveitamento da tora roliça. Um segundo cenário caracteriza-se
pelo uso de produtos não-madeiráveis; nestes casos o interesse não está
na forma extrativista de obtenção do produto e sim no processo
tecnológico. O terceiro é caracterizado pela redução da exploração
altamente seletiva que reflete a atividade nos modelos atuais. O quarto
mostra a falta de tecnologia no aproveitamento das áreas de várzea. Já o
quinto considera a opção do reflorestamento.
por Silva (1989), De Graaf (1986) e Jonkers (1988). Com relação ao
crescimento médio em diâmetro, verificou-se uma taxa de crescimento de
0,35 cm/ano para as árvores dominadas por cipós e/ou danos leves; de 0,6
cm/ano para as árvores livres de cipós e danos; e as gravemente danificadas
após a exploração apresentaram taxas de 0,2 cm/ano.
Ainda com relação ao crescimento em diâmetro, Silva (1989)
assume uma menor taxa de crescimento para as árvores menores que
30 cm, com 0,2 cm/ano na fase 1 (entre a primeira e a segunda explorações)
e de 0,3 cm/ano na segunda fase (entre a segunda e a terceira explorações),
caso nenhum manejo seja implementado. Com manejo, esta taxa pode ser
de 0,4 a 0,5 cm/ano na primeira fase e de 0,6 a 0,8 cm na segunda. Estas
considerações foram muito mais baseadas na experiência do pesquisador,
do que em medições de campo, ao longo dos tempos correspondentes ás
duas fases consideradas e foram utilizadas por Barreto, Uhl e Yared (1993)
para simular a economicidade do processo de manejo, conforme será
discutido mais adiante.
Embora plantas de mesma espécie tenham uma menor taxa de
crescimento, em função da menor luminosidade no sub-bosque, a exatidão
dessa afirmativa é ainda insatisfatória no que se refere ao caso brasileiro.
Pela simulação feita por Barreto, Uhl e Yared (1993), em dois
cenários, a adoção das taxas de 0,4 cm/ano (fase 1) e 0,6 cm/ano (fase 2)
para o primeiro cenário, 0,5 cm/ano (fase 1) e 0,8 cm/ano (fase 2) para o
segundo, possibilitou definir ciclo de corte de trinta anos para o cenário I e
de vinte anos para o cenário II. Comprovou-se então que pequenas
alterações nas taxas de crescimento e/ou de mortalidade podem levar à
produções muito diferentes. Assim, o que dificulta uma abordagem mais
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
Cenário I - Melhoria da atividade de processamento da madeira com
um maior aproveitamento da tora roliça
Uhl et a! (1990), considerando o aspecto tecnológico das serrarias
existentes em Tailândia, Estado do Pará, constataram que 13 serrarias
utilizavam equipamentos antigos; 33 usavam serra-fita e 2 delas possuíam
máquinas rotativas para a produção de laminado para fabricação de
compensados.
Na região de Paragominas-PA, Veríssimo et al (1992) constataram a
existência, em 1989, de 238 serrarias, das quais mais de 70% foram
instaladas após 1980. Consideram que cada serraria produz, em média,
4300 m 3 de madeira serrada/ano, provenientes de 9.200 m 3 de toras roliças.
Conforme Barreto, Uhl e Yared (1993), 80% destas serrarias processam
menos que 12.000 m 3 de tora/ano.
Apresenta-se a seguir dois casos abordando simulações que
incluem diferentes percentuais de madeira senada através de melhoria no
processo tecnológico.
• Primeiro caso: Tailândia, Estado do Pará
Considerando uma serraria com produção mensal de 320 m 3 , Uhl et
al (1990) alcançaram os seguintes resultados:
- Renda bruta mensal: 320 m 3 x US$ 90 = US$ 28.800. sendo US$ 90 o
preço de venda da madeira senada
- Custo de produção
58
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
a) Aproveitamento de 50% do volume de tora na serraria
Custo da matéria-prima US$ 11.520
Custo do processamento US$ 5.549
Custo total US$17.069
Receita líquida mensal US$ 11.731 (28.800-17.069)
J
b) Aproveitamento de 34% do volume de tora na serraria
Custo da matéria prima US$17.280
Custo do processamento US$ 6.160
Custo total US$23.440
Receita líquida mensal US$ 5.360 (28.800-23.440)
• Segundo caso: Paragominas, Estado do Pará
Barreto, Uhl e Yared (1993), ao efetuarem estudo sobre o retomo do
investimento do manejo, que será abordado em outro item, consideraram
que as análises econômicas feitas não podem ser consideradas como
definitivas, já que a atividade é de longo prazo e que mudanças nos
processos tecnológico, econômico e político podem alterar as conclusões
obtidas.
59
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
60
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
TABELA 3.2.Potencialidadesde produtos não madeiráveis
Nome Vulgar Nome Científico Usos
Pau-rosa Aniba duckey Óleos essenciais para perfume
Castanha-do-Pará Bertholletia excelsa
Seringueira Hevea brasíüensis
Andiroba Garapa guianensis
Amêndoas comestíveis
Produção de látex/borracha
Uso medicinal de cascas, folhas e
sementes (inchações, amigdalite,
faringite, sabão, etc)
Amapá-doce Brosium paringrioides Medicina caseira (tuberculose,
fraqueza em geral e doenças
intestinais)
Fava-barbatimão Styphnodendron pulcherrimum Medicina caseira (anti-diarréico,
hemostástico, hemorragias uterinas,
afecções escorblsticas e hérnias)
Continua....
61
Assim, simulando uma mudança no aproveitamento da serraria de
50% (considera 2 m 3 de tora para 1m 3 de madeira serrada) para 60% do
volume de tora roliça, reduziu-se em 17% o volume necessário para gerar o
mesmo volume de madeira serrada. Trouxe ainda implicações diretas na
redução da área sujeita à exploração, nos custos de exploração e de
transporte e, consequentemente, no custo total do manejo.
Com os dois casos reais apresentados, em que pese seu caráter
genérico, já que é esperado que espécies diferentes tenham percentuais de
aproveitamento diferentes, torna-se evidente que a atividade de manejo é
influenciada pelo processo tecnológicoadotado na fase industrial de
serraria. A análise feita indica que, ainda de forma preliminar, a adoção de
medidas que visem a melhoria do processo tecnológico de beneficiamento
de madeira pode ser importante na viabilização do manejo florestal, por
grande parte das empresas madeireiras.
Cenário II - Uso de produtos não-madeireiros
Um outro ponto relevante é o aproveitamento ainda bastante
incipiente e extrativista de uma série de produtos não-madeiráveis, os quais,
dependendo da região, vão ter maior ou menor importância. Podem ser
resultantes da produção de sementes, leites vegetais, cascas e óleos
medicinais, dentre outros. Na Tabela 3.2 são apresentadas algumas das
espécies e sua utilização.
Um ensaio sobre os custos e lucratividade destes produtos foi
desenvolvido por Oliveira et al. (1993) para a população ribeirinha da Flona
de Tapajós, em Santarém do Pará, após levantamento no comércio local.
Foram consideradas aquelas espécies que, de fato, são comercializáveis em
Santarém. Na Tabela 3.3, apresenta este estudo de caso, podendo-se
verificar que a receita por hectare é de US$ 437,88, com custos de US$ 2,72
e um lucro de US$ 435,18 em termos relativos, o lucro representa 99,4% da
receita do podutor.
Dentre os quinze produtos não-madeiráveis avaliados destaca-se a
importância do cumaru, que representa 50% da receita dos ribeirinhos e 60%
da receita do mercado de Santarém, conforme pode-se observar na Figura
3.2. Este fato ocorre porque suas sementes são utilizadas como
aromatizante na indústria de tabaco, chocolate e bebidas.
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TABELA 3.3. Freqüência media dc ocorrência, proôwao anual, receitas e custos.
pelos nbcinnhos da Flona do Tapajós
Rcf. Espécie
N°dc
Adores/
ha(l)
Produto
Produção
Urud. por
Árvore
Preço Venda Receita
Custo (2) Lucro
1 Andiroba
2 Ama pá-doce
3 Barbatimão
4 Copaiba
5 Cumaru
6 Castanha -do-pará
7 Julal-açu
8 Maçaranduba
9 Mupuré
10 Pau-d'arco-roxo
11 Piquiá
12 Preciosa
13 Quinarana
14 Scnngucira
15 Sucuuba
4,6 óleo 1
0.3 iene 1
kg 0.3 casca
1
kg
0,2 óleo 1
0.2 semente kg
t>,1 amêndoa 1
0.8 resina tg
2.2 látex kg
0,9 leile 1
0.3 casca kg
0,2 óleo 1
0.2 casca kg
1.3 casca kg
0,6 látex kg
1.0 leite 1
12
15
12
80
350
125
30
1
6
35
10
10
10
3
11
P
1,58
0.79
1.58
1,58
3.16
0.47
0,70
0.79
0,79
0,79
1.58
0,16
0,79
1.58
0.79
S
3.16
1,89
6.32
3.16
11.84
1,58
2.37
1,80
2,37
3,16
4,74
1.18
3.16
3,16
2.37
P
87,22
3.56
5,69
25,28
221,20
41,12
14,22
1.24
4,27
8,30
3.16
0,32
10,27
2.84
8,69
437.88
S
174.23
8.50
22.75
50.58
828,80
136.25
42.66
3.48
12,80
33.18
9,48
2,36
41,08
5,69
28.07
400,04
Total
P
0.92
0.06
0.06
0,04
0.04
0.14
0.12
0.44
0,16
0.06
0.04
0.04
0.28
0,12
0.20
90.53
3.63
5.74
26.24
222.11
46.37
14.45
1,77
4,59
8,44
3,28
0,34
10.44
2.66
9.25
2 72 450.34
P = produtor
S = Santarém
( l )DAP maior igual 30 cm
(2) custo produtor = custo dc mão-de-obra
USS 1,00 = CR$ 6.333,00 (30/09/92)
86.30 83.90
3,50 4,87
5,63 17,01
25.24 24.32
221.16 606.62
40.88 91,88
14.10 28.21
1,30 1,71
4,09 8,21
8,24 24,74
3.12 6.20
0,28 2.02
10.01 30,64
2.72 2.63
8.94 16.72
435.18 949.75
3»
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UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
FIGURA 3.2. Lucro ao Nivel do Produtor e no Mercado de Santarém
64
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
TABELA 3.4. Quantidade e Valor da Produção e da Exportação de Produtos nâo
Madeireiros, no Estado do Pará
1986
Espécies Unid. Produção Exportação
Quant Valor Quant. Valor*
Castanha-do-Paná t 17.229 54.797 14.942 15.968
Copalba t 7 172 - -
Cumaru t 456 10.291 - -
Seringueira t 2.744 25.214 - -
Maçaranduba t 375 2.281 - -
valores em CR$ 1.000,00
Valor* = valor FOB
Continua...
65
Corra relação às estatísticas oficiais, pouco se tem a respeito desses
produtos como fonte de divisas. A produção e exportação pelo Estado do
Pará é mostrada na Tabela 3.4.
Verifica-se que nos anos mais recentes a contribuição dos produtos
não-madeireiros tem sofrido um decréscimo acentuado, inclusive a
castanha-do-Pará. Pode-se constatar que a falta de tecnologia, associada à
não-comprovação científica das propriedades medicinais advindas das
espécies florestais, ao lado da ausência de divulgação destes produtos são
os responsáveis pelo seu fraco desempenho mercadológico.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 3.4.Continuação
Espécies
1987
Unid. Produção Exportação
Castanha-do-Pará
Copafba
Cumaru
Seringueira
Maçaranduba
Quant. Valor
17.955
4
333
2650
299
Valores em CR$ 1.000,00
Valor* = valor FOB
Continua».
TABELA 3.4.Coritinuação
Espécies
154.907
345
9.300
79.961
9.928
Quant.
13.515
Valor*
20.453
1988 1989
Unid. Exportação
Quant. Valor* Quant. Valor*
Castanha-do-Pará t 12.492 18.353 9.253 15.299
Copalba . -
Cumaru ,
Seringueira , _
Maçaranduba t —
Valores em CR$ 1.000,00 —
Valor* = valor FOB
Fonte. Anuário 1986/1989/1990
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
Cenário III - Seletividade das espécies florestais
Neste cenário o aspecto tecnológico das madeiras de espécies
tropicais, além de conhecidos com propriedade, devem ser divulgados nos
mercados interno e externo, através de uma estratégia comercial que
associe sua utilização ao sistema de manejo sustentado.
De acordo com Neyra (1992), a exploração madeireira altamente
seletiva e não acompanhada de planos de manejo facilita a deterioração dos
povoamentos, a perda gradual do seu valor econômico e a intervenção na
área para outros fins que não seja o florestal, comprometendo a estabilidade
do ecossistema em questão.
Segundo o mesmo autor, embora cada vez mais espécies sejam
utilizadas na região de Santarém, dez espécies representaram 80% do
volume de madeira exportados dos Estados do Pará e Amapá, nos últimos
cinco anos. Destacam-se o mogno (Swietenia macrophyla) com 40,06%, a
virola (Wola surinamensis) com 21,08%, o jatobá (Hymenaea courbaríf) com
10,02%, dentre outras.
Segundo ainda Neyra (1992), a indústria madeireira comercializa em
tomo de 40 das 70 espécies comercializadas em Santarém. Ressalta-se que
das 25 empresas existentes na região, uma utiliza até 28 diferentes espécies;
outras 13 utilizam entre 6 e 16 diferentes espécies e as empresas restantes
utilizamaté 5 diferentes espécies. Esta mesma lógica parece predominar em
toda a região Amazônica.
Assim, um trabalho sério de divulgação das características das
espécies alternativas em todas as serrarias, movelarias e centros de
67
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
68
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
3.6 e 3.7 são ilustradas três situações que caracterizam o potencial
madeireira das florestas de várzea.
TABELA 3.5.Potencial madeireiro para florestas de várzea em m3/ha
Área Volume médio Volume total Volume médio Volume
ha m3/ha 1.000 m
3 comercial comercial total ha
m3/ha 1.000 m 3
6.500.000 90 585.000 30 195.000
Fonte: Pandolfo, 1978
TABELA 3.6.Potencial madeireiro para florestas densas de várzea em m3/ha
Área Volume médio Volume médio
ha m3/ha comercial
40.148.348 90 30
Fonte: Nascimento e Homma, 1984
TABELA 3.7. Área de florestas de várzea no Estado do Amazonas e volume de madeira
de espécies comerciais acima de 50 cm de DAP em m3/ha
Área
Volume médio comercial (m3/ha)
Área
ha Principais espécies Todas
(12)
20.000.000 12 54
Fonte: Bruce, 1978
69
comercialização existentes no Brasil, com uma maior divulgação no exterior,
são ações fundamentais para que a prática expansionista e altamente
seletiva da atividade seja substancialmente reduzida.
Cenário IV - Falta de tecnologia no aproveitamento das potencialidades
das áreas de várzea
Com relação às florestas de várzea, pode-se considerar, segundo
Cruz (1991), que tanto as pesquisas silviculturais como as de manejo
florestal sustentado são muito reduzidas quando comparadas às de terra
firme, daí a necessidade de orientá-las para que contemplem este
ecossistema vital para o mercado madeireira regional.
Com relação ao aproveitamento para laminação e serraria, as
florestas de várzea, em que pese sua área restrita em relação à floresta de
terra firme, vinham sendo as mais exploradas, pelo menos até 1979,
conforme Costa Filho et al (1979). Isto ocorre, principalmente, porque as
madeiras com peso específico menor como a ucuúba (Víro/a surínamensis),
a andiroba (Carapa guianensis), a jacareúba (Callophyllum brasiliensis), o
louro inhami (Ocotea cymbaruum), o assacú (Hura crepiíans), a sumaúma
(Ceiba petandra) e diversas outras são comercializadas para este fim. No
entanto, as pesquisas para condução da regeneração natural dessas
espécies e de outras mais são altamente incipientes e o que esfiá exploração
vem acarretando, segundo Cruz (1991), é um exaurimento ou
depauperamento das reservas produtoras de madeira.
Com relação ao potencial madeireira, inventários realizados nas
áreas de várzea levam a um volume médio de 90 m 3/ha, sendo que para fins
de aproveitamento este volume está em tomo de 30 m 3/ha. Nas Tabelas 3.5,
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
70
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
71
Dentre as principais espécies encontradas nas florestas de várzea
pode-se citar: sumaúma, muiratinga, jacareúba, copaiba, macacarecuia,
gaúcho, virola, louro inhami, louro preto, assacú, cedro e macacaúba.
Pode-se verificar, nas tabelas apresentadas, que as florestas de
várzea não diferem em demasia das florestas de terra firme quando se
compara a sua produção média por hectare das árvores de interesse
comercial. As florestas de várzea levam uma grande vantagem em relação
às demais no item transporte; no entanto, dado às suas características
bastante especiais, estudos mais aprofundados deveriam ser
implementados, principalmente no controle da regeneração natural, já que
estas áreas ficam submersas por um período considerável do ano.
Cenário V - A opção do reflorestamento
Embora possa parecer esdrúxula, esta abordagem é pertinente já
que pode ser uma alternativa à opção do manejo sustentado, principalmente
em área que já sofreram processo de degradação. Além de ser apoiada por
vários pesquisadores, esta alternativa é vista com bons olhos por
empresários do setor florestal, especificamente no Estado do Pará.
Wadsworth (1993), citando Wadsworth (1S65) ao comparar a
economicidade das florestas nativas e das plantações, enfatiza que, com
rendimentos da floresta nativas de 1 a 3 m3/ha/ano, pode-se afirmar que a
madeira tropical, produzida de maneira econômica, virá somente das
plantações.
SUDAM (1979) cita que a partir de ensaios siviculturais realizados
em Curuá-Una, já existe uma série de espécies florestais nativas, cuja
rusticidade as indica como potencialmente aptas para utilização em
reflorestamentos. São elas: morototó, para-pará (caroba), cupiuba, tatajuba,
cajuaçu, castanheira, fava arara, tucupi, fava de várzea, marupá, quaruba,
ucuúba de terra firme e cuiarana de caroço. Enfatiza ainda, meliaceae como
andiroba e cedro, devem ser estudadas com maior empenho porque
existem indicadores de que em determinadas condições de luminosidade,
são muito pouco afetadas por lagartas, além de terem bom
desenvoMrrjento. Concluem ainda que as comparações de desenvolvimento
entre as espécies plantadas e as provenientes da regeneração natural, levam
a acreditar que as técnicas tradicionais utilizadas em reflorestamento, na
Amazônia, não fornecem resultados satisfatórios para muitas espécies de
valor comercial.
Embora as conclusões apresentadas não sejam definitivas, elas
possibilitam perceber alguma potencialidade no plantio de espécies da
Amazônia. Vale considerar que o domínio da técnica de melhoramento das
espécies florestais, de conservação do solo e nutrição, das práticas de
manejo, da qualidade de sementes e da dinâmica de populações, podem
propiciar a geração de modelos para recuperação de áreas degradadas que
estejam engajadas à realidade da região tropical.
Quanto à possibilidade de reflorestamento em várzeas Dubois
(1970), destaca a Wola surínamensis (ucuúba) como a espécie prioritária,
pois sua silvicultura já é bem conhecida graças à pesquisas realizadas no
Suriname (que chegaram a rotação de 40 a 45 anos para a mesma) e
recomenda também como espécies de potencial a Carapa guianensis
(andiroba), Hura crepitans (assacú). Ainda segundo Dubois (1970), as
experiências obtidas no Suriname indicam que as várzeas baixas deveriam
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
72
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
73
abertas e novas clareiras serão acrescentadas, o que levará à alteração da
composição florística e mesmo do valor da floresta remanescente; ocorrerá
novos danos à floresta residual, com a quebra de árvores durante o
processo de derrubada.
Um outro cenário é constituído pelos danos que ocorrem ã floresta
residual durante o processo de exploração. Conforme Uhl et al (1990), na
região de Tailândia-PA são exploradas duas árvores por hectare, em média,
produzindo 16 rrfVha e também 0,37 árvore/ha de madeira ocadas,
derrubadas e não aproveitadas. Nesta região, para cada 8 m 3 de madeira
extraída são danificados 9,6 m 3 , ou o correspondente a 26 árvores com
diâmetro a 1,30 m maior ou igual a 10 cm. Considerando a exploração, os
danos são de 52 árvores com DAP > 10 cm, dentre as 495 plantas
existentes por hectare. Pode-se dizer que 33% deles são em função das
clareiras, 22% pelo estabelecimento das áreas de embarque e 45% pela
abertura de estradas de exploração. Quanto ao tipo, pode-se considerar que
46% das árvores foram cortadas para abertura de estradas e área de
embarque de toras, 4 1 % foram quebradas, 8% foram arrancadas e 5% foram
rasgadas, sendo que estas três últimas modalidades situavam-se nas
clareiras formadas pela derrubada das árvores de valor econômico. Com
relação à qualificação das árvores danificadas, pode-se dizer que 5% são
madeiras de valor econômico,29% de médio valor econômico, 16% de
baixo valor e 50% é constituído por espécies sem valor econômico atual.
Na região de Paragominas-PA Veríssimo et al (1992) consideram
que, em média, são exploradas 6,4 plantas/ha, produzindo 38 m 3/ha. Neste
caso, os danos médios quantificados são de 148 árvores/ha com mais de
10cm, que corresponde a uma área basal de 6,4 m 2/ha e a um volume de
ser submetidas a programas de regeneração natural, enquanto nas várzeas
altas poder-se-ia utilizar as plantas artificiais. Também em terra firme Alencar
(1981), verificou que a jacareúba (Callophyllum angulare) apresentou maior
desenvolvimento a plena luz, enquanto Volpato et al (1972) mostraram que a
Carapa guianensis (andiroba) apresentou desenvolvimento mais satisfatório
quando crescendo em sombreamento parcial.
Informações pessoais de técnicos do IBAMA na região de Santarém
indicam que plantios de mogno estão sendo efetuados com sucesso, até o
presente momento, por empresários da região.
O fato é que este tópico, embora controvertido, merece ser avaliado
como uma das formas da atividade florestal concorrer com a atividade
agropecuária, além de constituir uma alternativa à manutenção da floresta
nativa em muitas regiões da Amazônia.
3.3. EFEITOS DA EXPLORAÇÃO E DO TRANSPORTE NA
REGENERAÇÃO NATURAL E ESTRUTURA
REMANESCENTE
Deve-se considerar dois cenários para este tópico. O primeiro deles
é formado quando, por falta de mercado imediato, uma série de espécies
florestais são deixadas na área; algum tempo após a intervenção, por serem
novamente valorizadas, volta-se a interferir na área. Neste caso, em
intervalos de tempo não muito amplos, de cinco a quinze anos, a nova
interferência implica em danos à população remanescente, principalmente
pela atividade de exploração e remoção das árvores. Pode-se considerar,
dentre outras coisas, que retira-se um volume muitas vezes superior ao que
seria admissível, comprometendo a sua exploração futura; há alteração da
estrutura remanescente, pois novas estradas para fins de remoção serão
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
74
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
FIGURA 3.3. Danos à cobertura florestal por intensidade de área basal
62 m 3/ha. Em termos individuais estes índices podem ser expressos como:
27 árvores danificadas por cada árvore extraída; 1,9 m 3 danificado para cada
1,0 m 3 extraído; 39 m de estrada construída para cada árvore extraída;
218 m 2 de estrada e pátio construídos para cada árvore extraída e 662 m 2 de
clareira por queda da árvore a ser utilizada. Em condições naturais este
último valor situa-se entre 150 e 300 m 2 .
Do total de espécies danificadas na exploração, 32% foram das
utilizadas nas serrarias, 44% foram utfeadas na construção civil e 24% foram
espécies sem uso comercial ainda definido.
Boxman et al (1985), estudando os efeitos da exploração na floresta
remanescente, informam que o sistema de colheita CELOS reduziu tanto os
custos quanto os danos propiciados pela operação de exploração florestal
no Suriname. Para melhor ilustrar o fato apresenta-se, na Figura 3.3, a
redução percentual dos danos em relação a diferentes níveis de remoção
para a floresta residual e para diferentes técnicas de exploração das árvores
na floresta.
Pode-se verificar que, para remoção de 4 m2/ha de área basal, a
exploração controlada com uso de guincho acarreta danos que
correspondem a 1/3 daqueles causados pela exploração sem controle.
Pelo visto a exploração florestal é um dos fatores que merecem
atenção especial no processo de viabilizar as práticas de manejo florestal
em bases sustentadas, considerando-se os danos causados à floresta
residual, a alteração na intensidade de luz e os custos relativamente altos.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
3.4. A ECONOMICIDADE DO PROCESSO QUE ENVOLVE
A ATIVIDADE DE MANEJO FLORESTAL
SUSTENTADO
Esta talvez seja a razão principal que explica porque o manejo
florestal não é uma atividade difundida no meio empresarial. Ou seja, não
existe uma percepção clara da relação custo/benefício propiciada pela
atividade.
Será feito, a seguir, um desdobramento de várias abordagens
econômicas sobre o assunto.
3.4.1. O Uso da Floresta comparado a Outros Usos da Terra
na Região de Tailândia-PA
O estudo aqui discutido refere-se a uma abordagem, conforme
encontrado em Uhl et al (1990).
Considerou-se, para fins comparativos, as atividades de exploração
madeireira na floresta, a pecuária e a agricultura de subsistência.
- Exploração madeireira: considerando um crescimento de
0,5cm/ano em diâmetro, após vinte anos ter-se-ia uma receita
de US$ 770, correspondendo a USS 38,5/ha/ario. Um maior
detalhamento deste fato pode ser encontrado na Tabela 3.8.
76
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
Volumes Valor Valor
Área
1
Área
2
Área
3
Média
USS (') Total
Logo após exploraçâc
valor alto
valor médio
valor baixo
3
26
53
22
42
102
26
10
85
16
26
80
21
23,10
15,40
7,70
600,60
1232,00
161,70
Total 101 170 111 127 1994,30
20 anos após com
crescimento lento
valor alto
valor médio
valor baixo
30
65
27
48
121
32
12
97
20
30
94
26
23,10
15,40
7,70
693,00
1447,60
200,20
Total 122 201 129 150 2340,80
20 anos após com
crescimento razoável
valor alto
valor médio
valor baixo
35
78
32
56
141
38
14
117
24
35
112
31
23,10
15,40
7,7
808,50
1724,80
238,70
Total 145 235 155 178 2.772,00
(*) valor da madeira em tora foi considerado como USS 30/m3 - valor alto, USS 20/m3 - valor
médio e US$ 1Q?m3 - valor baixo, de acordo com valor da madeira praticado na Amazônia
Oriental em 1990. Porém, esses valores sâo baseados em volume Francom que eqüivale
aproximadamente a 77% do volume real. Devido ao fato de termos usado o volume real
nessa tabela, foi necessário reduziro valor da madeira em 23%.
Fonte: Uhl et al, 1990
77
TABELA 3.8. Volume (m3/ha)e valor (US$) da madeira proveniente das árvores de valor
econômico > = 40 cm de DAP restante na floresta de Tailândia após uma
exploração seletiva e projeções sobre acumulação de madeira durante
um ciclo de rotação de 20 anos, considerando crescimento lento
(0,25 cm/ano) e crescimento razoável (0,5 cm/ano)
Volume (m3/ha)
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
78
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
79
- Pecuária: conforme Mattos et al, citado por Uhl et al (1990), o
rendimento da pecuária na região central do Pará está em torno de
US$ 50/ha/ano. Foi considerado, para obtenção deste valor, 0,75
cabeças de gado/ha, um ganho médio em peso de 0,3kg/dia e o preço
de US$ 0,65/kg de gado vivo (0,75 cabeça de gado x 0,3 kg/dia x
US$ 0,65/kg x 365 dias = US$ 53).
- Agricultura de corte e queima: segundo Vasey (1979), são necessários
dez anos de pousio entre cultivos para haver biomassa suficiente que
gere nutrientes para manter cultivos durante dois anos, de modo que
esta prática seja sustentada (consórcio de arroz, milho e mandioca; o
arroz e o milho são colhidos no primeiro ano e a mandioca no segundo).
Um hectare cultivado gera US$ 460, o que corresponde a um capital
acumulado de USS 46/ha/ano. Nesta abordagem não foram
considerados os custos de produção, colheita e de transporte dos
produtos. Os custos para madeira podem ser menores, conforme Uhl et
al. (1990), porque:
• usa-se menos moto-serra para desmatar que para a agricultura e
pecuária, cujo desmatamento é em 100% da área;
• o custo para manter a floresta para explorações ocasionais é
relativamente baixo; retira-se de 25 a 50 m3/ha a cada vinte anos, o
que requermenos mão-de-obra, em tomo de 30 a 60 horas de
trabalho/ha;
• o custo de transporte é menor.
A pecuária é a mais interessante dentre as três atividades citadas,
embora, de modo geral, a rentabilidade não varie muito. No entanto,
pode-se considerar que o estudo realizado é bastante simplista ao assumir
muitas suposições que podem não se concretizar. Uma abordagem mais
apropriada deve certamente considerar custos, receitas e os benefícios
indiretos gerados pelas atividades mencionadas. A floresta, além de ser um
bem puramente econômico, ou ainda apenas o habitat para manutenção da
fauna e da fidra, é um bem com implicações múltiplas, abrangendo aspectos
econômicos, políticos, sociais, culturais e ecológicos (Carvalho, 1990).
3.4.2. Custos e Lucros na Exploração de Madeira em
Paragominas-PA
Os dados e informações aqui apresentados referem-se aos estudos
de Veríssimo et al. (1992).
Dois cenários foram considerados para fins de análise. O primeiro,
em que o empreendedor somente faz a exploração da madeira e um
segundo cenário em que, além desta atividade, ocorre também o
processamento da madeira.
A área de estudo apresenta uma produção média de 38 m3/ha/ano,
com amplitude de diâmetro para exploração variando entre 40 e 160 cm.
Nas Tabelas 3.9 e 3.10, respectivamente, são apresentados os custos de
exploração e transporte de 9.200 m 3 de toras roliças e os custos de
operação e lucro de uma típica serraria de Paragominas.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 3.9. Estimativa dos custos de exploração e transporte durante uma estação de
colheita (7 meses), com volume retirado de 9.200 m 3 de madeira roliça em
Paragominas-PA
Categoria Custo em USS
Custo de exploração
-corte 16.940
-salário 14.840
- benefícios 8.607
-alimentação 6.000
-combustível 10.262
-taxa florestal 14.168
-manutenção de equipamentos 19.000
- depreciação 24.373
Total 114-190
Custo de transporte
-salário 7.140
-benefícios 4.140
-combustível 18.280
-manutenção 15.000
- depreciação 31.200
Total 75.760
Custo total de exploração e transporte (1+ 2) 189.950
Valor da produção 253.000
Custo do capital investido (6% a./a.) 16.296
Excedente operacional 63.050 ^
Lucro líquido 46.754
Valor do investimento em equipamento 406.400
Margem de lucro (excedente / valor da produção) = 24,9%
Retorno do capital (excedente / valor do investimento) = 15,5%
Fonte: Verissimo et al (1992)
80
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
TABELA 3.10. Estimativa dos custos anuais de operação e lucro de uma serraria típica
de Paragomínas-PA
Produção (m3) 4.300
Valor da produção 670.800
Custo de produção (material colhido) 253.000
Custo de processamento
- salário 47.568
- benefícios 27.590
- energia 9.823
-combustível 3.000
-manutenção 13.020
-depreciação 15.526
- telefone 3.500
-almoxarifado 1.700
- carro 3.650
- salário proprietário 18.000
- taxas 98.272
Custo total 494.649
Excedente operacional 176.151
Custo do capital investido 6.157
Lucro liquido 169.994
Valordos equipamentos 172.200
Margem de lucro (excedente / valor produção) 26,3 %
Retomo do capital (excedente / valor investimento) 102,3 %
Analisando a Tabela 3.9 sobre exploração madeireira, observa-se
que a margem de lucro (excedente operacional/valor da produção) é de
24,9%, enquanto o retomo do capital investido (em equipamentos, máquinas
e material de transporte) é de 15,5%. Estes percentuais estão bastante
próximos da rentabilidade média na economia brasileira. Entretanto, os
valores da Tabela 3.10, relativos às atividades de processamento, revelam
81
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
82
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
feitos segundo métodos diferentes e sem considerar as variações no
processo de comercialização.
O estudo considera os seguintes pontos:
- caracterização econômica da atividade madeireira;
- caracterização econômica da atividade pecuária;
- ^caracterização econômica da atividade agrícola;
- caracterização social da atividade madeireira, da pecuária e
agricultura;
- comparação das atividades madeireiras, de pecuária e
agricultura, quando considerado o uso extensivo e o intensivo;
- análise de um dos benefícios indiretos do manejo florestal
sustentado;
- avaliação de sustentabilidade ou não das atividades madeireira,
pecuária e agricultura no município de Paragominas-PA.
a) Caracterização econômica da atividade madeireira
Considerou-se a geração de emprego quando a atividade madeireira
é feita de forma extensiva e fazendo uso do conceito de manejo sustentado.
De acordo com a Tabela 3.11, pode-se observar que o manejo sustentado
fez com que a renda, o imposto e o emprego gerado aumentassem em três
vezes em relação à prática tradicional de exploração da floresta.
83
que, embora a margem de lucro seja normal (26,3%), a taxa de retorno ao
capital investido chega a 102,3%, um percentual extremamente elevado em
qualquer atividade produtiva. Esta discrepância de rentabilidade explica
porque a atividade de processamento está dissociada, quase sempre, da
exploração de madeira. A ofecfa por parte de madeíreiros clandestinos ou
originária de operações de desmatamento autorizadas, reduz o preço de
mercado, tornando assim, a exploração formal e comercial pouco atrativa
economicamente.
A baixa rentabilidade da exploração seria reduzida mais ainda se
técnicas de manejo sustentado fossem adotadas. Ou seja, do ponto de vista
privado não existem estímulos para que o suprimento seja de fontes de
exploração sustentáveis.
3.4.3. Análise de Investimento: Comparação entre o Manejo
Florestal, Pecuária e Agricultura na Região de
Paragominas-PA
Um dos grandes dogmas acerca da ocupação racional da Amazônia
diz respeito a trabalhos de análise de investimento, os quais podem fornecer
subsídios para desenvolvimento de tecnologia. Asseguram que
determinadas práticas predatórias possam ser substituídas por outras que
incorporem desenvolvimento sustentável, não previlegiando as
monoculturas e propiciando o desenvolvimento harmônico da região.
Almeida e Uhl (1993) desenvolveram estudos baseados nestes
dogmas e, em que pese o esforço realizado, alguns pontos foram
subestimados nas análises, principalmente a avaliação mais clara e
econômica dos benefícios indiretos do manejo e a comparação de trabalhos
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TABELA 3.11. Renda, lucro, capital e imposto gerados pela atividade madeireira tipica-
mente extensiva e da atividade madeireira baseada no manejo florestal,
no município de Paragominas-PA
Modelo Predominante
Atividade madeireira extensiva -
ciclo de corte de 90 anos - US$/ha
Alternativa
Atividade com manejo ciclo
de corte de 30 anos US$/ha
Renda 31 (2.772/90)2 92 (2.772/30)2
Lucro 11 (961/90)3 28 (848/30)"
Capital 27 (2.391/90)5 83 (2.503/30)6
Imposto7 4 (333/90) 11 (333/30)
Fonte: Almeida e Uhl, 1996
Observações:
1. Os números entre parênteses são baseados nos trabalhos de Veríssimo
et al. (1992) e foram divididos pelo ciclo de corte de 90 anos quando
atividade é praticada sem manejo e de 30 anos quando praticada com
manejo.
2. A renda da extração madeireira sem manejo foi determinada dividindo-se
a renda total anual de uma serraria típica de Paragominas pela área média
total explorada por ano (US$ 670.800 -=- 242 ha = US$ 2.772/ha, Veríssimo
et al, 1992). Após considerar o ciclo de corte, a renda por hectare/ano é de
US$ 31 (US$ 2.772/90 anos).
3. O custo total da extração e processamento de madeira é de US$ 438.239
ou USS 1.810,9/ha, para 242 ha explorados por ano (Veríssimo et al, 1992).
Não se considerou o custode capital e acrescentou-se US$ 6.640 ao custo
de manutenção de equipamentos de extração (Johan, comunicação
pessoal). Portanto, o lucro da atividade é de USS 961 (US$ 2.772 - US$
1.810,9) ou US$ 11/ha, considerando o ciclo de corte (90 anos).
84
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
85
4. No caso da atividade praticada com manejo tem-se a mesma renda
liquida de US$961, subtraído o custo de manejo florestal de US$ 112,5,
que é igual a um lucro liquido de USS 848/ha. Considerando o ciclo de corte
(30 anos), a renda anual é de US$ 28/ha.
5. O capital inicial investido em uma serraria típica de Paragominas que faz
exploração de 242 ha/ano e processa 4300 m3 de madeira serrada por ano é
igual a USS 78.600 -s- 242 ha = USS 2.391/ha. Estes custos envolvem todas
as máquinas e equipamentos necessários (Veríssimo et al, 1992).
Considerando o ciclo de corte, o investimento é de US$27 ha/ano.
6. Considera-se o mesmo investimento em equipamentos da atividade
praticada sem manejo (US$ 2.391) e adiciona-se o valor de USS 112,5
referente ao investimento em manejo. Obtém-se, então, um investimento
total de USS 2.503, ou USS 83/ha/ano, considerando-se o ciclo de corte
(30 anos).
7. Renda bruta multiplicada pela alíquota de 12% referente a produtos que
são exportados do Estado (USS 2.772 x 0,12 = US$ 333).
b) Caracterização econômica da atividade pecuária
A Tabela 3.12 demonstra que a pecuária intensiva aumenta em mais
de três vezes a renda, o imposto e o lucro, quando comparada aos métodos
tradicionais.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 3.12. Renda, lucro, capital e imposto gerados pela pecuária tipicamente
extensiva e pela pecuária com reformarsde pastos no município de
Paragominas-PA (US$/ ha/ano)
Modelo Predominante
Pecuária de corte
(pastos não reformados)
Alternativa
Pecuária de corte
(pastos reformados)
Renda1 31 104
Lucro1 6 55
Capital 3072 5393
Imposto4 5 18
Observações:
1. Fonte: calculado com base nos dados de M. Mattos e O Uhl, 1996.
2. O capital necessário por Etectare para a pecuária de corte em pastos não
reformados é de US$ 307/ha, considerando-se infra-estrutura, equipamentos
e animais.
3. O investimento total para reformar um hectare é de US$ 539,3/ha
(M. Mattos e C. Uhl, 1996), não considerando-se a infra-estrutura.
4. Renda multiplicada pela aíiquota de 17%, considerando que a carne é
comercializada dentro do Estado do Pará.
c) Caracterização econômica da atividade agrícola
Neste caso, utilizando os dados da Tabela 3.13, pode-se considerar
que a agricultura intensiva gera vinte e seis vezes mais renda, vinte e quatro
vezes mais imposto e lucro que a agricultura de corte e queima.
86
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
TABELA 3.13. Renda, lucro, capital e imposto gerados pela agricultura de corte e queima e de cultivo perene no município de Paraqominas-PA. (USS / na/anoj
Modelo Predominante
Agricultura extensiva
(de corte e queima)
Alternativa
Agricultura intensiva
(de plantas perenes)
Renda 90(1.079/12)
2 2366*
Lucro 33Í391/12)
2 8024
Capital | 24(291/12)
5 2.6956
Imposto 15(183/12)
7 367a
Fonte: Almeida e Uhl, 1996
Observações:
1. Os valores entre parênteses são de A Toniollo e O Uhl, 1996. Esses
número foram divididos pelo ciclo de uso da agricultura de corte e queima
de doze anos (dois anos para o plantio e a colheita e dez anos de pousio).
2. Toniollo e Uhl, 1996 (não consideramos o custo do adubo de US$16,80).
3. A renda média de 1 hectare de laranja, maracujá e pimenta plantados
em proporções iguais é de US$ 2.366. Esta média considerou a renda bruta
do maracujá de US$ 1.733/ha (Sagri, comunicação pessoal), da laranja de
US$ 2.700/ha (Ribeiro, 1989), e a da pimenta de US$ 2.665/ha (Albuquerque
etal , 1989).
4. O lucro de 1 hectare de maracujá é de US$ 369; de 1 hectare de laranja é
de US$ 1.627 e de pimenta é de USS 409. A renda média desses três cultivos
é de USS 802/ha (Ribeiro 1989, Albuquerque et al 1989 e Sagri. comunicação
pessoal).
87
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
5. O valor do investimento total é de US$ 291,44 (A. Toniollo e C. Uhl, 1996).
Considerou-se US$ 280,6 para diárias (9,05 x US$ 31) e US$ 10,84 para
sementes de arroz e milho.
6. O investimento necessário para implantação de 1 hectare de maracujá é
de US$ 1.920 (Sagri, comunicação pessoal), o de um laranjal é de US$ 1.897
(Ribeiro, 1988), e o de pimenta é de US$ 4.269 (Albuquerque et al, 1989). A
média de investimento por 1 hectare desses três cultivos é de US$ 2.695.
7. Renda de USS 1.079 multiplicado pela alíquota de 17%.
8. O imposto gerado em 1 hectare de pimenta é de 13% sobre a renda bruta
de US$ 2.665 (US$ 346), 17% sobre a renda bruta de 1 hectare de maracujá
de USS 1.733 (USS 295) e 17% sobre a renda bruta de 1 hectare de laranja
de USS 2.700 (US$ 459). A renda média é de US$ 367/ha.
d) Caracterização social da atividade madeireira, da pecuária e
agricultura
Utilizando-se os dados da Tabela 3.14, pode-se considerar que o
aumento no uso de mão-de-obra para a atividade de manejo é de duas
vezes e meia; que o uso da pecuária intensiva não tem implicação no
aumento da mão-de-obra e que a agricultura intensiva aumenta, em
aproximadamente onze vezes, a necessidade de mão-de-obra^em relação à
prática de agricultura de corte e queima.
88
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
Hectares necessários para
empregar uma pessoa
Atividade madeüega
1
Modelo predominante: exploração extensiva 5731
Alternativa: exploração de madeira d manejo 191 2
Pecuária de coife
Modelo predominante: pecuária extensiva 29 3
Alternativa: pecisááa em pastos reformados 293
Agricultura
Modelo predomiianie: agricultura de corte e queima 164
Alternativa: cultisos perenes 1.45
Observações:
1. O modelo predominante de exploração de madeira extensiva (sem
manejo) utiliza uma equipe de 38 pessoas, sendo 10 na extração e 28 na
serraria. O numero de hectares explorados é de 242 ha (Veríssimo et al,
1992); portanto, o número de hectares explorados por homem empregado é
de 6,37 (242/38) que, multiplicado pelo ciclo de corte (90 anos), é igual a 573
ha explorados por homem empregado.
2. Considerando que uma serraria que pratica o manejo florestal tem um
acréscimo pequeno de mão-de-obra (1,13 homens/hora/ha/ano, Barreto, Uhl
e Yared, 1993) temos que 6,37 ha são explorados por cada homem
empregado (ver nota 1). Como o ciclo de corte é reduzido (30 anos) esse
modelo emprega 1 pessoa para cada 191 ha explorados (6,37 x 30 anos).
3. A pecuária do tipo extensiva necessita 4.480 homens/dia (560 ha x 8
homens/dia/ha) para limpeza do pasto ou 17 pessoas/ha/ano (considera o
89
TABELA 3.14. O potencial de geração de empregos da atividade madeireira, da pecuária
eagricultura, segundo os usos predominantes (extensivos) e usando
teimas alternativas de uso do solo no município de Paragominas-PA
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
e) Comparação das atividades madeireíras, de pecuária e agricultura,
quando considerado o uso extensivo e o intensivo
Já ficou claro nos itens anteriores o reflexo de se aplicar práticas
intensivas para geração de emprego e renda municipal, através de novos
investimentos, principalmente no comércio e infra-estrutura.
Utilizando-se os dados da Tabela 3.15, sujeito a duas taxas de
desconto ao ano (6 e 12%), pode-se verificar que a atividade de extração de
madeira sem compra de terras e com aplicação do manejo florestal leva a
um valor líquido relativamente próximo ao da pecuária intensiva (para uma
taxa de desconto de 6%). À medida que se aumenta a taxa de desconto em
qualquer das situações, com e sem manejo constata-seque o valor presente
líquido é maior que o da pecuária.
90
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
TABELA 3.15. Valor presente liquido e taxa interna de retorno da extração e
processamento de madeira sem manejo e da extração e processamento
de madeira com manejo florestal, no município de Paragominas-PA
Atividade
1. Não considera o investimento em terras:
extração e processamento de madeira (sem manejo)
extração e processamento de madeira (com manejo)
extração de madeira (sem manejo)
extração de madeira (com manejo)3
Valor
presente
US$/ha
6%
164
459
35
145
12%
75
189
12
49
Taxa
Interna
de
Retorno
108
103
29
33
2. Considera o investimento inicial em terras
extração e processamento de madeira (sem manejo)
extração e processamento de madeira (com manejo)
extração de madeira (sem manejo)
extração de madeira (com manejo)
36
318
-93
-36
-52
55
-115
-123
8
16
2
5
3. Pecuária
extensiva (sem reforma)
intensiva (pastos com reforma)
-285
516
-279
•8
-0,1
13
4. Agricultura
extensiva (corte e queima)4
intensiva (culturas perenes)5
648
13.502
384
6.049
236
70
Observações:
1. Essa análise é feita considerando o ciclo de 90 anos. Ver os investimentos
nas Tabelas 3.12, 3.13 e 3.14. Os reinvestimentos foram feitos segundo a
vida útil de cada investimento (baseado em Veríssimo et al, 1992; M. Mattos
eC. Uhl, 1996).
91
ano com 262 dias úteis). O número de pessoas empregadas será de 17 no
trabalho temporário mais dois empregos fixos. O número de hectare por
pessoa empregada é igual a 29 (554 ha +• 19 pessoas). O mesmo número é
utilizado para pecuária em pastos reformados, porque máquinas são usadas
para a reforma e manutenção dos pastos.
4. A agricultura de corte e queima requer 189 homens/dia que, dividido por
262 dias úteis no ano é igual a 0,72 pessoas/ano/ha, ou 1 pessoa para cada
1,33 ha. Considerando o ciclo da cultura de 10 anos mais 2 anos de cultivo,
então 1 homem será empregado para cada 15,9 ha (1,33 x 12 ha).
5. A média anual de homens/dia necessária para implantação e manutenção
de 1 ha de cultivos perenes é de 183 [laranja (105) + pimenta (342) +
maracujá (103)], dividido por 3 ou 0,70 homens/ano. Dividindo 1 ha por 0,7
temos 1 pessoa empregada para cada 1,4 ha explorados.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
2. Considerando o preço da mata de US$ 150/ha. Quando o valor da terra foi
considerado deduziu-se, dos custos da atividade, o custo de compra de
direito de exploração (US$70/ha). Quando a atividade é praticada sem
manejo, considerou-se a compra inicial de 21.780 ha (242x90 anos) e
quando praticada com manejo considerou-se a compra de 7.260 ha (242x30
anos).
3. Com manejo, considerou-se a ocorrência de três cortes no período de 90
anos. O custo do manejo foi baseado em Barreto, Uhl e Yared (1993),
conforme o tempo em que ocorrem: US$ 21,6 no ano dois; US$ 12,4 no ano
um e US$ 44 no ano zero; US$ 31,3 no ano quinze e USS 0,80 nos anos
cinco, vinte e dois. Quando os custos de manejo foram incluídos, deduziu-se
dos custos o valor referente à taxa do IBAMA.
4. Considerou-se a receita do primeiro ano de cultivo resultante da venda do
arroz e do milho (US$ 180/ha), e do segundo ano resultante da venda de
mandioca (US$ 899). Considerou-se os custos, no primeiro ano, de US$ 340,
referentes ao plantio, tratos culturais, colheitas e custos de comercialização
do arroz e milho; e no segundo ano, de US$ 362/ha, referente à colheita,
processamento e transporte da mandioca (A. Toniollo e C. Uhl, 1996).
5. Considerou-se o ciclo de vida do plantio de maracujá de três anos; para
os demais plantios, doze anos.
Situação inversa acontece quando considera-se a agricultura em
relação a atividade madeireira, com ou sem manejo e com ou sem a
aquisição de terra. Há um claro e definido valor presente maior para a
atividade de agricultura.
92
Manejo de Florestas Nativas
^ _ Pontos Críticos no Manejo Florestal
93
Conforme Almeida e Uhl (1993), deve-se considerar que, embora a
agricultura apresente maiores valores presentes, as culturas perenes sofrem
restrição de mercado e grande flutuação nos preços. Assim, apesar do valor
presente ser alto, um pequeno produtor sofrerá todas as flutuações dos
mercados locais. Exemplificando: em 1991 o preço do maracujá era de
US$0,22/kg e em 1992 caiu para US$0,11/kg trazendo prejuízo para os
agricultores. Outro problema relevante é o fato de que o pequeno agricultor
não tem produção suficiente para compensar o transporte para outras
regiões.
Com relação à taxa de retomo, verifica-se uma melhor remuneração
para a atividade de agricultura extensiva e para a atividade madeireira que
não consideram investimento em terras. Neste caso, a implementação ou
não de manejo leva a valores idênticos na taxa de retorno do capital
investido. No entanto, como esta atividade é de longo prazo, ou seja, trinta
anos com manejo e noventa anos sem manejo, o retorno do capital não é
interessante para o madeireiro quando necessários investimentos em
manejo. Já com relação à prática de exploração sem manejo florestal, como
o ciclo é muito longo para reaproveitar a floresta, pode-se pensar que a
tendência mais provávei do uso do solo seja explorar a madeira e converter
a área em pastagem (Almeida e Uhl, 1993). É neste ponto que o município
corre o risco de, no médio prazo, acabar com a atividade madeireira pela
falta de florestas, o que certamente ocasionará graves impactos ambientais
à região.
Outro aspecto que merece atenção é a análise do custo de capital
da terra. Só para exemplificar o custo de 1 ha de mata, em 1973, era de
US$44 na região, contra US$ 278 em 1992, o que implica um ganho de
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
94
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
TABELA3.16. Carbono liberado pela atividade madeireira, a pecuária e agricultura no
município de Paragominas-PA
Toneladas de carbono liberado
Exploração de madeira sem manejo 29
1
Exploração de madeira com manejo 68
2
Pecuária 168
3
Agricultura f 137
4
Fonte: Almeida e Uhl, 1996
Observações:
1. A exploração de madeira sem manejo resulta na destruição de 25% da
área basal (Veríssimo et al., 1993). Considerando-se que 50% da biomassa
são compostos de carbono, então 44 t de carbono é liberado através do
processo de decomposição após a extração de madeira. Durante o período
de 90 anos de recuperação, a floresta recuperará a biomassa perdida.
Assim, a média do carbono liberado durante 90 anos é de 221 (44/2). Nesse
tipo de extração, 38 m 3 de madeira é extraído da floresta, sendo 50% desse
volume transformados em pó de serra e resíduos, que são rapidamente
liberados como C O 2 para a atmosfera. Considerando-se o peso específico
de aproximadamente 0,7, a quantidade de carbono liberado é de 6,65 (38 m 3
x 0,5 x 0,7 x 0,5). Assim, o total de carbono liberado com esse tipo de uso do
solo é de 29 t/ha (22 + 7).
2. Conforme Almeida e Uhl (1996), o manejo reduz 50% da biomassa
florestal ou 175 t/ha (350 t x 0,50). Durante o período de 30 anos de
recuperação a floresta reacumula 80% da biomassa original, alcançando 280
t/ha. Assim, o volume médio acumulado de biomassa, considerando-se os
30 anos de rotação, é de 227,5 [((280 - 175V2) + 175)]. A redução média de
biomassa é de 122,5 t/ha (350 - 228), que representa 61,2 t de carbono
95
532%. No mesmo período, o retomo sobre investimento em terras de
lavouras e pecuária gerou, respectivamente, 169% e 128%. Este fato mostra
que a análise econômica das atividades não pode ser desvinculada do
retorno fornecido pela propriedade da terra (Almeida e Uhl, 1993).f) Análise de um dos benefícios indiretos do manejo florestal
sustentado
A alteração da cobertura florestal leva a uma diminuição da
biomassa e consequentemente, um acréscimo na emissão de carbono na
atmosfera. Conforme Uhl et al (1988), uma floresta virgem possui em torno
de 350 t/ha de biomassa, sendo 300 t/ha relativa à parte área e segundo
Nepstad (1989), 50 t/ha relativo à parte abaixo da superfície. De acordo com
o mesmo autor, a biomassa de pastagem/ha está em tomo de 15 toneladas.
Segundo Almeida e Uhl (1993) uma forma de avaliar a quantidade de
carbono liberado de cada atividade é determinar a diferença entre o valor do
carbono estocado de uma floresta virgem e a quantidade de biomassa
perdida como resultado de cada uso do solo. Assim, na Tabela 3.16 pode-se
verificar que a atividade florestal, seja com ou sem manejo, é a que
apresenta menor dano ambiental com relação a este item, já que tanto a
pecuária como a agricultura intensiva liberam seis vezes mais carbono que a
atividade florestal sem manejo e duas vezes e meia mais que a atividade
florestal com manejo.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
96
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
97
liberado. Considerando-se que 38 m 3 de madeira são explorados, temos um
acréscimo de carbono liberado de 6,65 (ver nota 1). O total de carbono
liberado é de 68 t/ha. Devido aos produtos de madeira durarem mais que 30
anos, esses dados superestiam a liberação de carbono.
3. Um hectare de pasto contém 15 t de biomassa comparado com 350 t da
floresta natural, Nepstad, 1989.
A emissão de carbono é de 1681 (3351 x 0,5).
4. Uma capoeira de 10 anos possui aproximadamente 751 de biomassa (Uhl
et al. 1988). Como essa capoeira é cortada a cada 10 anos, considera-se
que a perda média de biomassa é de 37,5 t/ha (75 t/2). Assim, a perda de
carbono é de 156 t [(350 t - 37,5) x 0,5]. O mesmo valor é usado para a
agricultura com cultivos perenes, dado que esse sistema acumula 40
toneladas de biomassa por ha (Subler, 1993).
g) Avaliação da sustentabilidade ou não da atividade madeireira,
pecuária e agrícola no município de Paragominas-PA
Neste caso a partir do trabalho de Almeida e Uhl (1993) será
abordado o estudo elaborado para o município de Paragominas o qual tem
sua área ocupada com 1.600.000 ha de florestas, 352.000 ha já desmatados
para pecuária, 242.000 ha explorados pela atividade madeireira e 263.000 ha
por capoeira.
Este estudo será considerado a partir de três cenários, x
Cenário 1: nenhuma das atividades é sustentável
Neste cenário considera-se que a prática de exploração aplicada
atualmente a uma taxa de 33.000 ha/ano não é sustentável e portanto a
previsão é que em trinta anos os recursos florestais sejam exauridos ou
degradados no município. Com relação a pecuária, estima-se a partir de
amostragem realizada pela Embrapa que 36% encontram-se degradadas e
outros 43% abandonados, provavelmente pelo uso de práticas não
sustentáveis (Watrin, 1990). Com relação a 30.000 ha utilizados para a
agricultura, predominantemente a de corte e queima, acredita-se que a não
sustentabilidade está associada ao pequeno período de pousio de 5 anos
praticado na região, quando seriam necessários 10 ou 11 anos. A não
observância deste prazo leva a um decréscimo gradual do rendimento e da
perda de fertilidade do solo.
Cenário 2: neste caso algumas pressuposições devem ser
consideradas, quais sejam: que não haja mais desmatamento; pecuária
extensiva será implementada em propriedades com mais de 100 ha e nas
propriedades com menos de 100 ha implementar a prática da agricultura de
corte e queima.
Neste cenário como as práticas a serem implementadas são
extensivas, 1.400.000 ha seriam utilizados para exploração madeireira,
585.000 ha para pecuária e 30.000 ha para agricultura de corte e queima, o
que resultaria numa receita de 60 milhões de dólares, um lucro de 20
milhões de dólares e um volume de 24 mil empregos.
Cenário 3: neste caso algumas pressuposições devem ser
consideradas, quais sejam: que seja aplicado o manejo florestal sustentado;
pecuária intensiva será implementada em propriedades com mais de 100 ha
e nas propriedades com menos de 100 ha, implementar prática de
agricultura perene em partes iguais com pecuária leiteira.
Neste cenário como as práticas a serem implementadas são
intensivas, a receita seria de 230 milhões de dólares, contra 60 milhões do
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
98
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
99
cenário 2, o lucro seria de 85 milhões contra 20 milhões do cenário 2 e o
volume de emprego seria o dobro do cenário 2, ou seja, 40.000.
3.4.4. Custos e Benefícios da Atividade de Manejo Florestal
Antes de formular os custos do manejo, vale salientar os pontos
básicos da prática denominada de manejo florestal sustentado:
- inventário pré-corte onde se procurará marcar as árvores
desejáveis para corte, orientação de queda e distância mínima
para retirada;
- corte de cipós feito um ano antes da exploração, para reduzir
danos no momento de derrubar e colher a árvore, além de
reduzir a competição de copa;
- refinamento do povoamento e desbaste de liberação, um, dez e
vinte anos após a exploração.
Considerando estes fatores, os custos do manejo na região de
Paragominas, conforme Veríssimo et al., (1992), são:
• Inventário de pré-corte: US$ 20/ha
• Corte de cipós antes da primeira exploração: USS 25/ha
• Três desbastes pós-cortes (1/10/20 anos após exploração):
US$ 45/ha
Total do manejo: US$ 180/ha
Assim, uma serraria típica de Paragominas-PA teria como custo de
manejo um valor conespondente a US$ 43.560 (242 ha x USS 180). Como
beneficio pelo corte de cipós e pelo planejamento obtido a partir do
inventário pré-corte, espera-se redução em 50% dos danos com a
exploração, de acordo com Marn e Jonkers (1981), Appank e Putz (1984) e
Hendrison (1990). Desta maneira, espera-se, segundo Veríssimo et al.,
(1992), que mais 24 árvores/ha de valor econômico sejam encontradas com
DAP > lOcm. Considerando que o corte de cipós e tratamento gerem 22
m 3 de madeira e o planejamento do corte outros 10 m 3 , a diferença em
volume entre o povoamento manejado e o não-manejado será de 32 m 3 .
Assim, o povoamento não-manejado, por apresentar taxas de crescimento
muito baixas (0 a 2,5 m3/ha/ano), demoraria pelo menos mais de 35 anos
para atingir o mesmo volume que aquele povoamento manejado.
Assim, dois cenários podem ser idealizados para ilustrar o retomo
do investimento em manejo florestal.
Cenário I
O retorno ao investimento em manejo pode ser o volume extra
propiciado pelo próprio manejo. Neste caso, como o empreendedor florestal
paga atualmente de US$ 1 a USS 3/m 3 por árvore na floresta, a atividade de
manejo não seria compensadora, já que incorreria em custo de US$ 5/rn3
(US$ 180 do custo do manejo/ha/32 m 3 adicionais do manejo/ha).
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
Cenário II
A proposição para análise do retorno do investimento será oposta à
apresentada no Cenário I. Nesse caso, o retorno do investimento em manejo
considerará aquele acréscimo em volume serrado proveniente do manejo.
Conforme já mostrado (ver Tabela 3.9), o lucro por metro cúbico foi de
US$23,6. Como o volume extra gerado no manejo foi de 32 m 3 , ter-se-ia uma
receita da ordem de US$ 755/ha (32 m 3 x US$ 23,6).
Embora os dois cenários não sejam os ideais, pode-se verificar
pelos ensaios que o segundo deles propicia uma taxa de retorno de 4,9%
sendo, portanto, uma alternativa para se realizar manejo sem incorrer em
prejuízo. Logicamente, esta alternativa é danosa ao empresário florestal;
mudanças na legislação e medidas (facilidades de crédito) para melhoraro
processo tecnológico de aproveitamento da madeira devem ser
considerados.
3.4.5. O Manejo Florestal Sustentado visto como um
Investimento
A Amazônia tem vocação florestal uma vez que suas florestas são
de grande porte e fazem parte de um sistema ecológico muito sensível, onde
a manutenção da diversidade florestal é fundamental para manutenção da
fertilidade dos solos. *
Lamprecht (1990) considera possível certas alterações na estrutura
e composição florística da Amazônia. Porém, cuidados especiais devem ser
tomados para se determinar o grau de modificação possível. Deve-se
considerar que os bio-elementos estão armazenados na fitomassa e não nos
solos, como nas latitudes mais moderadas. Uma homogeneização drástica
100
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
101
poderia conduzir à perturbações no abastecimento de nutrientes aos
povoamentos domesticados. Conforme Fittkau (1982), a diversidade
florística deve ser mantida, pois em sítios pouco produtivos pode ocorrer um
colapso do ciclo de nutrientes, caso não haja uma atenção para este fato.
Reafirma-se, assim, um dos inúmeros benefícios indiretos da manutenção da
floresta. As vantagens do manejo florestal, portanto, não devem ser
analisadas apenas sob a ótica econômica, ou seja, das taxas internas de
retorno. Diversos benefícios sociais, na maioria das vezes não percebidos
pelo empresário, devem ser considerados nesta análise, além dos
ecológicos, pela manutenção do uso florestal da área; conservação da
diversidade e dos habitais naturais e conservação do solo, entre outros.
Deve-se considerar que a adoção de planos de manejo transformam as
atividades de exploração madeireira em atividades permanentes, gerando
emprego e renda para as regiões onde são implantadas. A manutenção das
áreas florestais, por outro lado, tem também características de uso múltiplo,
possibilitando às populações locais manterem atividades extrativistas
tradicionais, muitas delas importantes na geração da renda familiar.
3.4.6. A Comercialização Clandestina de Madeira
Neyra (1992) identificou que um dos problemas mais sérios
encontrados na região de Santarém é a colocação de madeira às portas das
serrarias. Quase sempre esta oferta é ilegal, oriunda da derrubada da
floresta, visando habilitar terras para agricultura ou simplesmente são
extrações dos povoamentos sem planos de manejo e supervisão da
entidade fiscalizadora.
Esta mesma modalidade de comércio foi verificada em outras
regiões da Amazônia pelos denominados toureiros. No Maranhão, este
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
102
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
de
Estudo Exploração
(D
cípotencial de uso
(2)
s/potencial
de uso (3)
lotai
Qualid.
1
Qualid.
2
I n° átvores/ha 3 13 14 17 44
vol. madeira/ha 18 19 19 27 65
II n° árvores/ha 7 19 16 32 67
vol. madeira/ha 35,4 31 27 52 110
III n" árvores/ha 9,5 15 23 19 57
vol. madeira/ha 62 29 55 40 124
Média 6,5 16 17 22 55
38 27 33 40 100
1 - Fonte: Veríssimo et al, 1992
2 - inclui árvores em boas condições de crescimento das espécies serradas atualmente
(Qualid. 1) ou daquelas de potencial de uso futuro (Qualid. 2)
3 - inclui árvores seriamente danificadas e/ou aquelas de espécies sem valor madeireiro
OBS.: a intensidade de extração variou devido a disponibilidade de madeira em cada área e
nâo devido à técnicas de extração. O diâmetro das árvores exploradas variou de 39 a 170 cm
e o diâmetro médio foi de 74 cm.
Para gerar a Tabela 3.18 que contém a prognose do que acontece
com a floresta após a primeira exploração utilizou-se, além da base citada
acima, uma taxa de mortalidade de 2% ao ano, além de três diferentes
103
comércio é feito pelos "corujinhas"'„ assim conhecidos por atuarem ao
anoitecer. Por não agregarem quaisquer custos sociais, impostos e outros
aos preços de seus produtos, acabam gerando um desequilíbrio nos preços,
diminuindo ainda mais a competitividade do manejo florestal.
3.4.7. Viabilidade Econômica do Manejo Florestal Sustentado
Conforme simulações efetuadas por Barreto et al (1993), a produção
advinda de uma floresta manejada é duas vezes e meia maior que a
produção de uma floresta não-manejada.
O caso abordado para este cenário inclui o inventário de três áreas
florestais na região de Paragominas-PA onde foi considerado, em média, a
remoção de 6,4 árvores/ha, com DAP > 39 cm e < 170 cm, ou seja, o DAP
médio foi de 74 cm, com um volume médio de 38 m 3/ha (o volume
médio/árvore é de 6 m 3 ) . São considerados, ainda, a densidade das árvores
remanescentes, com uso comercial presente, uso potencial futuro e sem
potencial de uso, para as plantas com, mais de 30 cm de DAP, conforme
pode-se verificar na Tabela 3.17.
Para viabilizar o terceiro corte foram inventariadas as plantas com
diâmetro entre 10 e 29,9 cm (não apresentadas na Tabela 3.17), sendo que
47 árvores/ha apresentaram valor comercial, 65 árvores/ha potencial futuro e
50 árvores sem potencial de uso, pois apresentavam-se danificadas.
A base para estabelecer a possibilidade de implementar um
segundo e um terceiro cortes basearam-se em informações de Marn e
Jonkers (1981) e Hendrison (1990) os quais afirmam que o planejamento da
atividade de exploração, além de reduzir os danos em 30% (em relação a
exploração tradicional), propiciam uma redução de custo de 20%.
TABELA 3.17. Intensidade de exploração de madeira e a densidade de árvores com
DAP > 30 cm remanescentes na floresta explorada, conforme o valor
madeireiro. Paragominas-PA
Densidade de Árvores
Área Intensidade Remanescentes
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
104
Manejo de Florestas Nativas
^ P°ntos Críticos no Manejo Florestal
Todas árvores selecionadas 3 Árvores exploráveis 4
N"/ha Vol/ha Vol árv. N°/ha Vol/ha Vol árv.
c/manejo 1 12,7 47 3,7 9,5 39 4.1
s/manejo 2 10,7 26,7 2.5 4,2 16 3.8
Diferença 2 20,3 1.2 5,3 23 0,3
CICLO DE CORTE DE 30 ANOS
ESPÉCIES DE VALOR ATUAL
Todas árvores selecionadas Árvores exploráveis
Vol/ha Vol árv. N°/ha Vol/ha Vol árv.
c/manejo 10,5 41,8 3,98 9 38,2 4,24
s/manejo 8.8 25 2,84 4,35 16,8 3,87
Diferença 1,7 16,8 1,14 4,65 21,4 0,37
1. Considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,8 cm/ano para ciclo de 20 anos e 0,6
pra ciclo de 30 anos. Também considerou-se o aumento no estoque de árvores devido â
redução dos danosem 30% através do planejamento da exploração.
2. Considerou-se a taxa de crescimento diamébico de 0,3 cm/ano em ambos os ciclos de
corte para o estoque presente na floresta após a exploração.
3. Este estoque é o resultado da aplicação de mortalidade de 2%/ano ao estoque inicial de
árvores com DAP > 30 cm emboas condições de c r e s c i m e n t o p r e s e n t e s na floresta logo
após 1 ' e x p l o r a ç ã O -
4. São árvores, dentee as árvores selecionadas, com diâmetro maior ou igual 50 cm na época
do 2 o corte. Considerou-se este diâmetro mínimo para exploração devido ao fato de que
diâmetro menores apresentam baixo rendimento durante a serragem.
Fonte: Barreto, Uhle Yared (1993)
Continua....
105
TA BELA 3.18. Estimativa do número e do volume de árvores/ha e do volume médio das
árvores presentes na floresta 20 e 30 anos após o 1 o corte de madeira
segundo a aplicação ou nâo de manejo florestal
CICLO DE CORTE DE 20 ANOS
ESPÉCIES DE VALOR ATUAL
situações. Uma primeira, para a floresta não-manejada, cuja taxa de
crescimento em diâmetro fosse de 0,3 cm/ano; uma segunda que define um
ciclo de corte de vinte anos, ao assumir um crescimento do diâmetro de
0,8cm/ano e uma terceira que possibilitou definir um ciclo de corte de trinta
anos, ao assumir uma taxa de crescimento em diâmetrode 0,6 cm/ano.
Assim, ao analisar a Tabela 3.18, pode-se verificar a ocorrência de
um volume de 39 m 3 para as espécies de valor comercial presente e de 43,4
m 3 /ha para as espécies com potencial de uso futuro, quando considerou-se
um ciclo de vinte anos. Já para a situação onde não ocorreu a prática de
manejo, o volume foi de 16 m 3 /ha para as espécies com potencial de uso
futuro. O mesmo raciocínio deve ser feito para o ciclo de trinta anos.
Para gerar a Tabela 3.19, com a prognose do que acontece com a
floresta após a segunda exploração utilizou-se da redução dos danos pelo
planejamento da exploração, uma taxa de mortalidade de 2% ao ano, além
de três diferentes cenários. Um primeiro para a floresta não-manejada, que
considerou um crescimento do diâmetro de 0,2 cm/ano na fase 1 (intervalo
entre a primeira e a segunda explorações, plantas ainda pequenas) e
0,3cm/ano na fase 2 (intervalo entre a segunda e a terceira explorações,
plantas com mais de 30 cm de DAP). Um segundo cenário considerou um
crescimento médio do diâmetro de 0,5 cm/ano na fase 1 e de 0,8 cm/ano na
fase 2, o que possibilitou definir um ciclo de corte de vinte anos, um terceiro
cenário considerou um crescimento médio em diâmetro de 0,4 cm/ano na
fase 1 e 0,6 cm/ano na fase 2, o que possibilitou definir um ciclo de corte de
trinta anos.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 3,18. Continuação
CICLO DE CORTE DE 20 ANOS
ESPÉCIES CílPOTENCIAL DE USO FUTURO
Todas árvores selecionadas Árvores exploráveis
N0/ha Vol/ha Vol árv. N°/ha Vol/ha Vol árv.
c/manejo 1 12,7 49.5 3.9 10 43,4 4,34
s/manejo 2 11,4 30,6 2,7 4,6 1S.9 4.1
Diferença 1,3 18.4 1.2 5,4 24,5 0,24
CICLO DE CORTE DE 30 ANOS
ESPÉCIES C/POTENCIAL DE USO FUTURO
Todas árvores selecionadas Árvores exploráveis
N°/ha Vol/ha Voíárv. N°/ha VoSha Vol árv.
c/manejo 10,5 44.1 4.2 9,13 40,9 4,48
s/manejo 9,4 28,2 3 4,18 19.9 4,14
Diferença 1,1 15,9 1.2 4,95 2t 0,34
1. Considerou-se a taxa de crescimento diamé&ico de 0,8 cm/ano para cido de 20 anos e 0,6
pra ciclo de 30 anos. Também considerou-se o aumento no estoque de árvores devido â
redução dos danos em 30% através do planejamento da exploração.
2. Considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,3 cm/ano em ambos os ciclos de
corte para o estoque presente na floresta apósa exploração.
3. Este estoque é o resultado da aplicação de mortalidade de 2%/ano ao estoque inicial de
árvores com DAP > 30 cm emboas condições de crescimento presentes na floresta logo
após 1 1 exploração.
4. São árvores, dentre as árvores selecionadas, com diâmetro maior ou igual 50 cm na época
do 2 o corte. Considerou-se este diâmetro mfcsmo para exploração devido ao fato de que
diâmetro menores apresentam baixo rendimento durante a serragem.
Fonte: Barreto, Uhl e Yared (1993)
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
Ao analisar a Tabela 3.19, verifica-se a ocorrência de um volume de
45,6 m 3/ha para as espécies de valor comercial atual é de 78,3 m 3/ha para as
espécies com potencial de uso futuro, quando se considera um ciclo de
corte de vinte anos (mais os vinte anos anteriores = quarenta anos). Já para
a situação onde não ocorreu a prática de manejo, o volume foi de 17 m /ha
para as espécies de valor comercial e de 23 m 3/ha para as árvores com
potencial de uso futuro. O mesmo raciocínio deve ser feito para o ciclo de
trinta anos. 1
Assim pode-se concluir que:
- o cenário 2 possibilita madeira para corte já aos vinte e quarenta
anos após a primeira exploração;
- o cenário 3 possibilita madeira para corte aos trinta e sessenta
anos após a primeira exploração;
- o cenário 1, além de apresentar volume disponível duas vezes e
meia menor que os dos demais cenários, implicará num custo
de exploração 40% superior ao de quando o manejo é
implementado para o segundo corte, conforme Barreto, Uhl e
Yared (1993).
107
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 3.19. Estimativa do número e do volume de árvores/ha e do volume médio das
árvores presentes na floresta após 40 e 60 anos da primeira exploração
segundo a aplicação ou não de Manejo Florestal
CICLO DE CORTE DE 20 ANOS
ESPÉCIES DE VALOR ATUAL
Todas árvores selecionadas 3 Árvores exploráveis 4
N°/ha Vol/ha Vol árv. N°/ha Vol/ha Vol árv.
c/manejo 1 21,8 63,2 2,9 10 45,6 4,56
s/manejo 2 19,7 31,4 1,59 5 17 3,4
Diferença 2,1 31,8 1,31 5 28,6 1,16
CICLO DE CORTE DE 30 ANOS
ESPÉCIES DE VALOR ATUAL
Todas árvores selecionadas Árvores exploráveis
N°/ha Vol/ha Vol árv. N°/ha Vol/ha Vol árv.
c/manejo 14,3 48,8 3,41 8,4 39 4,7
s/manejo 10,8 18,7 1,73 5,1 16.5 3,8
Diferença 3,5 30,1 1,68 3,3 22.5 0,9
1. Considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,5 cm/ano no período de 20 anos
entre 1° e 2° cortes e 0,8 cm/ano no período de 20 anos entre o 2° e 3 o cortes. Também
considerou-se o aumento no estoque de árvores devido à redução dos danos em 30%
através do planejamento da exploração.
2. Para ambos os ciclos considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,2 cm/ano entre
o período do 1° e 2° cortes e 0,3 cm/ano entre o período do 2° e 3 o cortes para o estoque
presente na floresta explorada sem manejo.
3. Este estoque é o resultado da aplicação de mortalidade de 2%/ano ao longo do ciclo de
corte ao estoque de árvores com DAP entre 10-30cm emboas condições de crescimento
presentes na floresta logo após 1 o corte. Também considerou-se as árvores selecionadas
após 1° corte que não chegaram ao tamanho adequado para exploração (DAP maior ou
igual a 50cm) no 2° corte.
4. São árvores, dentre as árvores selecionadas, com diâmetro maior ou iguaf 50 cm na época
do 3° corte. Considerou-se este diâmetro mínimo para exploração devido ao fato de que
diâmetro menores apresentam baixo rendimento durante a serragem.
5. Assumiu-se que estas espécies nâo foram exploradas no 2° corte.
6. Considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,4 cm/ano durante 30 anos entre 1 o e
2° cortes e 0,6 cm/ano para o período entre o 2° e 3 o cortes (30 anos). Além disso
considerou-se o aumento no estoque devido â redução dos danos em 30% através do
planejamento da exploração.
Continua....
108
Manejo de Florestas Nativas
_ Pontos Críticos no Manejo Florestal
ESPÉCIES C/POTENCIAL DE USO F imipr t
Todas árvores selecionadas Arvores exploráveis
N°/ha Votfha Vol árv. N"/ha Vol/ha Vol árv.
c/manejo 1 38.7 111.3 2,88 15.7 78.3 4,99
s/manejo 2 30.4 43.9 1,44 7,1 23 3,24
Diferença 8,3 67,4 1,44 8,6 55.3 1 75
CICLO DE CORTE DE 30 ANOS
ESPÉCIES C/POTENCIAL DE USO FUTURO
Todas árvores selecionadas Árvores exploráveis
N°/ha Vol/ha Vol árv. N°/ha Vol/ha Vol árv.
c/manejo 25.8 84,8 3,29 12^ 6 60 476
s/manejo 21 372 1,77 6,64 22.2 3^34
Diferença 4JJ 47j> 1_J52 5J6 37j$ 1,42
1. Considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,5 cm/ano no período de 20 anos
entre 1 o e 2° cortes e 0,8 cm/ano no período de 20 anos entre o 2° e 3° cortes. Também
considerou-se o aumento no estoque de árvores devido à redução dos danos em 30%
através do planejamento da exploração.
2. Para ambos os ciclos considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,2 cm/ano entre
o período do 1 o e 2° cortes e 0,3 cm/ano entre o período do 2° e 3 o cortes para o estoque
presente na floresta explorada sem manejo.
3. Este estoque é o resultado da aplicação de mortalidade de 2%/ano ao longo do ciclo de
corte ao estoque de árvores com DAP entre 10-30cm emboas condições de crescimento
presentes na floresta logo após 1* corte. Também considerou-se as árvores selecionadas
após I o corte que não chegaram ao tamanho adequado para exploração (DAP maior ou
igual a 50 cm) no 2° corte.
4. Sâo árvores, dentre as árvores selecionadas, com diâmetro maior ou igual 50 cm na época
do 3° corte. Considerou-seeste diâmetro mínimo para exploração devido ao fato de que
diâmetro menores apresentam baixo rendimento durante a serragem.
5. Assumiu-se que estas espécies não foram exploradas no 2° corte.
6. Considerou-se a taxa de crescimento diamétrico de 0,4 cm/ano durante 30 anos entre 1 o e
2° cortes e 0,6 cm/ano para o período entre o 2 o e 3 o cortes (30 anos). Além disso
considerou-se o aumento no estoque devido à redução dos danos em 30% através do
planejamento da exploração.
Fonte: Barreto, Uhl e Yared (1993)
109
TABELA 3.19. Continuação
_ CICLO DE CORTE DE 20 ANOS
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
110
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
111
- investimento em tecnologia deve ser compatível com outras
atividades estimuladas pelos governos;
- necessidade de minimização dos custos do manejo.
Esses itens, aliados à disponibilidade dos técnicos de manejo e a
uma assistência técnica eficiente podem viabilizar a atividade.
Foi demonstrado também que a atividade de manejo integrada à
atividade industrial (processamento da madeira) é viável, embora a grande
questão seja como arcar com os USS 180/ha de custo da atividade de
manejo.
Com as Tabelas 3.18 e 3.19, que apresentam as prognoses das
produções para o segundo e terceiro cortes, pode-se fazer avaliações
econômicas considerando as diferenças entre o volume da floresta sujeita a
regime de manejo e a não-manejada, para ciclos de corte de trinta e vinte
anos.
O ciclo de corte de trinta anos apresenta taxa de retomo positiva
(3,7%),apenas com a redução de 20% nos custos de exploração no primeiro
corte. Já a redução no ciclo de corte para vinte anos, com ou sem redução
nos custos de exploração do primeiro corte apresenta taxa de retorno
positiva. No entanto, em nenhuma situação a rentabilidade é superior a 6%
a.a., que seria o mínimo de remuneração financeira na economia brasileira.
Observa-se também na Tabela 3.20 que, em todos os anos, o preço da
madeira deveria crescer de 1,5% a 9,6% a.a para viabilizar as técnicas de
manejo. Ou seja, crescer dos US$ 2,0/m3 atuais para até US$ 31,0/m 3.
Nos exemplos desenvolvidos por Barreto, Uhl e Yared (1993) e
Veríssimo et al (1992) verificam-se alguns pontos abordados anteriormente e
que influenciam nas conclusões obtidas. São eles:
- os benefícios indiretos do manejo devem ser quantificados;
- a suposição de crescimento e mortalidade não possibilita que o
trabalho possa ser conclusivo;
- a atuação dos "corujinhas" e a feita de fiscalização são
desestímulos à aplicação do plano de manejo;
- reduções no ICMS ou incentivos técnicos e creditícios aos
empresários do setor podem viabilizara atividade;
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 3.20. Análise de Investimento em Manejo Florestal considerando simulações do
aumento do crescimento das árvores e redução de custos da extração
madeireira
Resultado das simulações
com manejo
TIR (2)
Taxa de aumen-
to real no preço
da madeira em
pé para
remunerar
investimento a
taxa de
6%/ano ( 3 )
Valor da
madeira em pé
ao fim do ciclo
de corte para
remunerar
investimento a
juros de 6%/ano
Redução
dos custos
da extração
em 20%
Ciclo de corte
Diferença de
volume (1)
30 anos
21,4mJ/ha ^ não
3.7 6,4%/ano
9,6%/ano
US$12,9/m3
USS 31,0/m J
sim 5,6 1,5%/ano US$3,13/m3
Ciclo de corte 20 anos f
Diferença de \
volume (1) 23 m3/ha não 2& 6,4%/ano USS 3,9/m3
1. Considera-se a diferença do volume explorável entre a floresta manejada e não manejada
ao final de ciclo de corte.
2. O investimento considerou o custo do capital investido na terra e com as despesas com
técnicas de manejo. O retorno considerou: o valor da diferença do volume explorável com e
sem manejo; a economia por redução no custo da extração em 20% devido ao planejamento
da extração e a economia de 40% no custo da T extração com manejo devjdo ao fato de
que, sem manejo, seria explorado pelo menos o dobro da área manejada para produzir o
mesmo volume. O valor das árvores em pé em Paragominas é em média de USS 2,0 m 3 O
custo da extração sem transporte até a serraria usado para os cálculos foi de US$340,0/ha
(baseado em Veríssimo et al, 1992).
3. Devido ao fato de que o retorno do manejo considerando o preço atual da madeira em pé
ficou abaixo do mínimo oferecido pelo mercado (6%/ano) estimou-se o aumento necessário
no valor da madeira para igualar o retorno ao investimento mínimo de mercado.
Fonte: Barreto, Uhl e Yared (1993)
112
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
3.5. SUSCEPTIBILIDADE DAS ESPÉCIES FLORESTAIS
ÀS PRÁTICAS DE EXPLORAÇÃO
Analisa-se a seguir como a exploração florestal e mesmo as
práticas de manejo podem afetara manutenção ou não de uma determinada
espécie florestal na área em questão. No sentido de melhor conhecer a
estrutura da floresta e sua composição florística, deve-se realizar
investigações que clarifiquem como as intervenções podem influenciar na
permanência ou não de espécies florestais.
Uma primeira abordagem deste item pode ser encontrada em
Martini et al (1992) em que foram usados critérios tais como:
- capacidade de dispersar sementes a longas distâncias;
- boa representação no estoque de regeneração;
- capacidade de crescer rapidamente;
- capacidade de rebrotar quando danificadas na exploração;
- capacidade de suportar fogo;
- ocorrência em toda a Amazônia;
- ocorrência comum de indivíduos adultos.
Além de aspectos ecológicos apresentados, considerou-se outros
fatores como a pressão sobre a espécie para fins de exploração, a
densidade e os usos alternativos da madeira, habitat, dentre outros.
113
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
114
Manejo de Florestas Nativas
Pontos Críticos no Manejo Florestal
115
Com vistas a identificar a espécie como mais ou menos suscetível
aos impactos da exploração madeireira, estabeleceu-se notas de 1 a 3
pontos para cada uma das sete características ecológicas avaliadas. Assim,
se uma espécie apresentar alta intensidade de regeneração natural ela
receberá nota 3; se apresentar média intensidade de regeneração receberá
nota 2 e se não houve ou existir pouco estoque de regeneração natural
receberá nota 1. O primeiro caso expressa que, se forem removidos
indivíduos adultos, existirá um número grande de plantas desta espécies
para ocupar seu lugar; o último caso expressão contrário. Esta mesma linha
interpretativa pode ser exercitada nas outras seis características ecológicas
consideradas.
A Tabela 3.21 mostra as espécies que apresentaram maior potencial
de serem ameaçadas com as interferências e as que apresentaram maior
potencial de serem beneficiadas por estas, dentre as trezentas e sete
estudadas.
Assim, embora empiricamente, pode-se definir que aquelas espécies
com menos que treze pontos são potencialmente ameaçadas após
interferência na floresta, enquanto as acima de dezessete pontos têm boas
possibilidades de experimentar aumento populacional após interferências.
Pode-se destacar neste caso o ipê amarelo {Tabebuia serratifolia) e o cedro
(Cedrela odorata).
Estas conclusões são preliminares, por ser um primeiro estudo e por
necessitar de um melhor detalhamento de metodologia, já que considera
todos os parâmetros ecológicos como igualmente importantes na
sobrevivência, além do que as informações de crescimento e de dispersão
de sementes são insuficientes, dentre outros. No entanto, a aplicação de
práticas de manejo que tenham compromisso em manter a diversidade e em
obter maior rentabilidade econômica pode ser altamente dependente deste
tipo de estudo. Assim, investigações que possibilitem tomar o método mais
objetivo e amparado em constataçõesmais científicas devem ser
empreendidas, dado o caráter benéfico que estas podem propiciar ao
manejo florestal.
\
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
II
l l
I
l i li l i fí l! j | o . S l ! | S í ! 5 5 j S ? í s í õ 3 I ' : I f . | . ? T " 5 j í é i l i
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116
SISTEMAS SILVICULTURAIS
José Roberto S. Scolforo1 2
Fernando Fisher
José Roberto Rodrigues2
Fausto Weimar Acerbi Jr.|
Frederico Aparecido Pulz
Neste capítulo o objetivo é apresentar os diferentes sistemas
silviculturais existentes e também discorrer sobre alternativas de implantar
manejo florestal sustentado.
Os sistemas silviculturais são um conjunto de intervenções do
homem na floresta, tais como, debastes de árvores, a remoção e a
substituição por novas culturas, de modo a aumentar sua produtivade. Um
sistema silvicultural é caracterizado pelo método de regeneração utilizado, e
pelo arranjo no espaço da cultura em questão, de modo a facilitar sua
proteção e colheita.
1 . Professor do Departamento de Ciências Florestais - UFLA
2 . Estudante de Pós-Graduaçâo em Engenharia Florestal - UFLA
117
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
118
Sistemas Silviculturais
A seguir são apresentadas considerações sobre estas duas
situações.
Dentre os sistemas silviculturais que visam o manejo florestal
sustentado pode-se subdividi-los em métodos de substituição e métodos
de transformação. Os métodos de transformação, podem ainda, em função
dos objetivos, ser subdivididos em:
a) método de transformação do povoamento, através das técnicas
de enriquecimento, melhoramento, refinamento, etc.
b) método de transformação através da regeneração (natural, e em
alguns casos artificial) combinada com a exploração. Este
método é também denominado de sucessão dirigida.
Os métodos de sucessão dirigida, conforme a prática ou conjunto
de práticas silviculturais adotadas, pode ainda serem divididos em sistemas
monocíclicos e policíclicos.
No sistema Monocíclico todo o estoque de madeira comercializavel
existente na floresta é explorado em uma única operação silvicultural, tendo
como meta a transformação ou substituição da floresta nativa em uma
floresta alta equiânea e homogênea quanto a composição das espécies.
Neste caso, leva-se em conta principalmente os objetivos econômicos da
atividade e a ocorrência da espécie de interesse comercial na área.
Este sistema foi desenvolvido nas florestas equatoriais de
Dipterocarpaceae, devido a simplicidade de sua estrutura e composição o
que propiciou a sua aplicação com sucesso.
119
Já o Manejo Floresta] tem como primeira ação a determinação do
potencial da propriedade, identificando as principais restrições a prática
da atividade florestal. Pode-se a partir desta caracterização definir ações
de produção, de preservação e de conservação do recurso florestal.
Em síntese, pode-se planejar a atividade florestal, visando aumentar a
qualidade do produto final e se possível sua quantidade, observando em
todas as etapas a viabilidade econômica, social e ambiental do processo
produtivo.
Para atingir tais objetivos faz uso dos sistemas silviculturais, dos
métodos de medição e amostragem, do conhecimento da estrutura e
dinâmica da floresta, dos sistemas de colheita floresta!, dos métodos de
análise de investimento e economia ambiental, dos sistemas de
comercialização, dos métodos de classificação da produtividade da floresta,
e dos modelos de prognose da estrutura da floresta, dentre outros.
Os sistemas silviculturais podem ser definidos para duas diferentes
situações. A primeira é aquela em que a floresta é produtiva, podendo ser
conduzida segundo o sistema monocíclico ou pelo sistema policíclico. Neste
caso deve-se estimular a regeneração natural principalmeraSe das espécies
que se tem interesse econômico, propiciando ainda, atravésde refinamentos
e corte de liberação um maior desenvolvimento destas.
Uma segunda situação é quando a área objeto do manejo não é
produtiva do ponto de vista econômico. Nesta situação serão utilizadas
técnicas de enriquecimentos e melhoramento na tentativa de tornar a
floresta produtiva. Após a constatação deste fato estas serão conduzidas
segundo ós sistemas de manejo adotados nas florestas produtivas.
Diogo Guido
Realce
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
No sistema Policíclico as operações silviculturais são aplicadas
apenas em uma fração da floresta (talhões) pré-determinada de acordo com
o tamanho da área a ser manejada e o ciclo de corte estabelecido em
função da qualidade do sítio. Neste caso a intenção é a transformação da
floresta nativa çm uma floresta alta multiânea heterogênea, porém com
predominância das espécies de valor econômico, levando-se em conta os
aspectos econômicos, e ecológicos (qualidade do sítio e manutenção da
estrutura da floresta).
Em seguida, será feita uma abordagem dos principais sistemas
empregados aos métodos de transformação e substituição das florestas.
Antes de iniciar a abordagem é apresentada uma síntese dos diferentes
sistemas para melhor compreendê-los.
120
Sistem as Silviculturais
I. Mctodo dc Transformação
ou conversão >
Cone dc melhoramento
Mctodo dc enriqueci-
mento
Regeneração natural
ou sucessão dirigida
Andcrson
McxBcaoo
Cainntal
Sistema dc corte
r:iso
Sistema dc sele-
ção on cone
SClCUVT)
Sistcra dc Fio
resta dc cober-
lura
. Sistema dc ta-
lhada
Com regeneração natural
Com regeneração Artificial
Seleção dc grupo
Sistema uniforme dc floresta
dc cobertura
Sistema dc floresta de cober-
tura cm grupo ou sistema dc
regeneração cm grupo
Sistema irregular dc floresta
dc cobertura
Sistema cm faixa
Sistema dc Floresta dc
cobertura
. Sistema dc faixa cm
grupo
Sistema tropical dc floresta dc
cobertura
Sistema dc talhadia simples
. Sistema dc talhadia dc seleção
Sistema dc talhadia composta
Sistema dc Cclos
II. Mctodo dc substíiuição I Sistema agro-florcsial
Sistema süvipastoril
Sistema Agrosilvipasioril
121
Diogo Guido
Realce
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
4.1. MÉTODO DE SUBSTITUIÇÃO
Os métodos de substituição consistem basicamente em remover
toda a cobertura florestal existente, em uma única operação (corte raso), e
em seguida destinar a área à outra atividade, como por exemplo: o
reflorestamento com monocultura florestal {Eucalyptus spp). As técnicas
empregadas neste método são as mais diversas possíveis, variando de
acordo com as características da floresta, do sítio e da atiadade a qual se
aplicará na área.
Também é utilizado quando a floresta existente está bastante
degradada, contém poucas espécies de valor econômico e as espécies
remanescentes não tem crescimento suficiente em altura para atingir o
dossel superior.
Esta prática pode ser recomendada para as situações:
onde:
• a nova colheita inclui espécies que demandam luz::
• a terra para agricultura é escassa e o sistema agrossilvicultural
Taungya é desejável;
• as brotações da talhadia não apresentam crescimento favorável
para uma nova colheita.
A regeneração de uma área explorada com a prática de corte raso,
pode ser feita por brotação de cepas, regeneração por sementes, plantios
puros ou por sistemas consorciados como o sistema agrossilvicultural
Taungya, que é o mais conhecido dentre os vários existentes.
122
Sistemas Silviculturais
4.1.1. Sistema Agro Florestal
O cultivo de árvores destinadas à produção de madeira, de espécies
frutíferas e palmeiras, em combinação com culturas agrícolas e/ou criação
de animais é bastante difundido e pode assumir diversas formas de
consorciação.
A combinação de floresta, culturas agrícolas e/ou criação de
animais,devidamente organizada e estruturada, proporciona uma situação
harmônica tanto para a colheita agrícola no campo como para os animais,
mantendo a fertilidade do solo e protegendo-o contra a erosão, além da
produção de lenha e madeira.
Estes sistemas ou práticas podem ser classificados em sistemas
agrossilviculturais no qual culturas agrícolas desenvolvem-se em consórcio
com espécies arbóreas ou arbustivas; sistemas silvipastoris onde as árvores
providenciam forragens e cobertura da pastagem aos animais (normalmente
bovinos); sistemas agrossilvipastoris nas quais combinam-se todas as três
atividades (agricultura, silvicultura e criação de gado).
O sistema Taungya é o mais antigo dos sistemas agrossilviculturais,
trata-se de um sistema simples e barato de plantio consorciado de árvores e
culturas agrícolas. Consiste basicamente, na derrubada de áreas florestais,
com utilização máxima desse produto, as sobras são queimadas, então é
feita a semeadura a lanço ou plantio de culturas agrícolas junto com
espécies arbóreas. Durante 2 a 3 anos, dependendo do desenvolvimento
das espécies florestais, esta área fica disponível ao agricultor que logo após
a última safra, abandona a área. A partir de então o técnico florestal conduz
a nova formação florestal composta por espécies de valor comercial.
123
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
124
Sistemas Silviculturais
TABELA 4.1. Resumo da seqüência das principais operações envolvidas no Método
Taungya do Sistema Agrossilvicultural
Atividades Período
1 - Exploração da Madeira Comercial (se houver) a
2 - Registro da área destinada a transformação e divisão das
sub-unidades (parcelas) e entrega dessas aos agricultores a+ 1
3 - Corte da regeneração e queima dos resíduos (preparo da
área para receber a cultura agrícola - plantio em faixa) a+ 2
4 - Plantio simultâneo da cultura agrícola e espécies florestais (em faixa) a+ 3
5 - Tratos culturais e silviculturais (capina, poda, adubação) a+ (3+ n)
6 - Colheita da cultura agrícola e novo plantio a+ (3+ n)
7 - Condução da Floresta Regenerada e Acompanhamento do seu
desenvolvimento (inventário) a+ (n'-1)
8 - Exploração Total ou Parcial da floresta a+ n'
a = ano da exploração comercial
n = ciclo do cultivo agrícola
n' = ciclo de corte da floresta.
O sistema agrossilvicultural toma-se um verdadeiro sistema de
manejo quando os serviços e benefícios gerados pelos dois componentes,
tornarem-se harmonicamente sustentáveis.
• Principais Vantagens e Desvantagens do Sistema
Agrossilvicultural
Vantagens: Cobertura constante do solo, evitando danos por
erosão; diminuição dos riscos causados por ventos e geadas sobre as
culturas agrícolas; diversificação da renda; amortização dos gastos de
125
O sistema Taungya evoluiu e originou outros tipos de sistemas
agrossilviculturais (por exemplo: silvi-pastoril, agrossilvipastoríl, silvi-agrícola,
etc).
Silvi-pastoril => floresta + pastagem
Agrossilvipastoril => agricultura + floresta + pastagem
Silvi-agrícola => floresta + agricultura
Na Tabela 4.1 serão apresentadas as operações envolvidas na
implantação do sistema Agrossilvicultural, mais especificamente o método
Taungya.
Podem ser citados como exemplo clássico deste sistema, a
agricultura nômade de AQR (Agricultura Queima e Roça) e plantios de Teca
{Tectona grandis).
Na China, desde 1958, a silvicultura tem sido integrada à agricultura,
com objetivo de fortalecer a economia das comunidades rurais. As árvores
são plantadas ao longo das estradas; das margens dos rios e cursos d'água;
ao redor de culturas agrícolas e próximo às casas e vilarejos.
Durante os 2 ou 3 primeiros anos, após o plantio das mudas ou
semeadura da espécie florestal, são cultivados entre as fileiras das árvores,
cereais, legumes, forrageiras e culturas destinadas à adubação verde.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
126
Sistemas Silviculturais
4.1.1.2.Sistemas Agrossilvipastoris
Este sistema consiste de uma combinação de cultura agrícola,
silvicultura e criação de animais (normalmente gado).
Um exemplo bem sucedido do uso deste sistema é o caso descrito
por Beaton (1987), citado por Matthews (1994), no Oeste da Inglaterra, em
que inicialmente o sistema foi implantado como Agrossilvicultural e com o
passar do terrjpo foi transformado em um sistema Silvipastoril.
Foram plantadas estacas enraizadas de Populus sp espaçados de
8 m com objetivo de produzir árvores com 45 cm de diâmetro aos 22 anos
de idade. O modelo de plantio foi triangular, de maneira que as árvores
jovens espaçadas uniformemente, facilitariam o cultivo da cultura agrícola e
o controle mecânico das ervas daninhas. Repetidas podas de condução
foram executadas nas árvores jovens visando maximizar o volume de
madeira livre de nós.
No nono ano quando a última poda de condução foi executada,
obteve-se por árvore, cerca de 6 m de madeira livre de nós.
Quando as árvores apresentaram-se completamente estabelecidas,
o componente agrícola foi introduzido. Durante. 8 anos entre as faixas de
plantio das árvores foram cultivados cereais. Após esta fase de cultivo
agrícola, quando as árvores atingiram uma altura média de 10 m, foi então
plantado a pastagem (Trifolium sp) e depois de formado o pasto, introduzida
a criação de carneiro e gado.
127
implantação da atividade silvicultural; proporciona uma aparência mais
agradável à área e favorece a presença da fauna silvestre, entre outras
vantagens.
Desvantagens: Grande intensidade de intervenções acarretando
uma maior compactação do solo; difícil compatibilização entre a execução
das operações inerente a cada atividade envolvida, bem como o controle e
condução das mesmas, dentre outras.
4.1.1.1. Sistemas Silvipastoris
Na Nova Zelândia, Pinus radiata tem sido plantado nas áreas de
pastagem a cerca de 15 anos, proporcionando resultados satisfatórios até o
presente momento.
As árvores geneticamente melhoradas são plantadas em grupos ou
fileiras, em amplos espaçamentos, sendo que o número de árvores na
colheita final está entre 100 e 200/ha.
Essas árvores são protegidas contra os danos excessivos causados
pelo pastoreio animal através do emprego de técnicas de rhartejo que
regulem ou impeçam a entrada dos animais na área de plantio.
Freqüentemente as podas são feitas deixando as árvores com 3 a 4 m de
copa viva, maximizando assim a produção de madeira livre de nós.
Quando as operações são cuidadosamente planejadas e limitando a
pastagem do gado na floresta para que haja o estabelecimento das mudas
das espécies florestais, este sistema é utilizado com sucesso, como o
exemplo mencionado na Nova Zelândia.
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128
Sistem as Silviculturais
129
As conversões podem não ser apropriadas quando:
• o estoque de crescimento fornece quantidades suficientes de
madeira para satisfazer as necessidades dos empreendedores e
não há incentivos para encorajar as mudanças;
• a floresta ocupa um sítio onde a preservação é o uso mais
racional;
• a floresta tem valor de conservação (refúgio de animais
silvestres);
• a floresta é própria para o uso da recreação (por exemplo:
parques nacionais, municipais; reservas, etc);
• a qualidade estética ou o significado histórico da floresta é
expressivo para as comunidades adjacentes.
Uma característica importante nos métodos de conversão
normalmente utilizados é que o custo depende das condições presentes do
sítio e das colheitas futuras das árvores. O ganho potencial em volume e
valor da madeira será determinado pela capacidade de produção do sítio,
das práticas silviculturais, do potencial de crescimento das espécies, da
procedência e das cultivares usadas na conversãoda floresta.
Para planejar a conversão de uma floresta faz-se necessário
estabelecer alguns critérios, tais como:
a) Efetuar um inventário na área o qual possibilita um estudo da
análise estrutura! da floresta, permitindo assim conhecer o
estoque de crescimento por espécie e por classe diamétrica,
4.2. MÉTODO DE TRANSFORMAÇÃO DO POVOAMENTO
OU CONVERSÃO
Este método geralmente é usado na transformação de um sistema
silvicultural para outro, por exemplo, conversão do sistema de talhadia para
o de floresta alta ou corte raso para o sistema de seleção de grupos. Na
silvicultura a técnica de conversão inclui a restauração da floresta degradada
para uma condição produtiva, conduzindo-a para uma eventual
sustentabilidade através da implementação de um sistema silvicultural. A
decisão de se fazer a conversão da floresta degradada em uma condição
produtiva ou fazer uma mudança de um sistema silvicultural para outro é
normalmente baseado na produtividade, proteção e nas considerações
sociais. Sob estes aspectos a conversão é apropriada se:
• Colheita na floresta não prejudica a sua capacidade de suporte;
• Os solos são propensos a danos e há possibilidade de
degradação da floresta provocados pelo uso de um sistema
silvicultural, uma conversão para floresta alta faz-se necessário;
• O programa de política nacional é favorável;
• Há necessidade de se dar uma conotação mais industrial
quanto ao uso da floresta, bem como os produtos-advindos da
mesma;
• A qualidade estética da floresta tem que ser melhorada;
• Ocorre progressos significativos nas técnicas silviculturais.
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130
Sistem as Silviculturais
O corte de melhoramento deve ser aplicado em sítios que
apresentem um número suficiente de espécies de interesse e estas
respondam bem aos tratamentos silviculturais. Deve-se considerar ainda que
tais espécies apresentem fenótipos e genótipos de qualidade.
As árvores que apresentam defeitos, mas possuem valor comercial,
devem ser cortadas e colhidas ou então, devem ser eliminadas através de
aplicação de arboricidas visando liberar espaço para as de interesse.
Um corte de melhoramento deve ser suficiente para favorecer às
espécies com valor comercial. Segundo Mattews (1994), uma intervenção
mais pesada na área pode gerar resultados piores do que cortes mais leves
com intervalos regulares. As clareiras formadas devem favorecer a
regeneração natural ou artificia! (enriquecimento com espécies comerciais).
Se as clareiras criadas não forem suficientemente largas para
permitir a regeneração natural ou artificial, o corte de melhoramento pode
ser combinado com a prática de enriquecimento.
4.2.2. Método de Enriquecimento
O enriquecimento é utilizado para aumentar a proporção das
espécies de interesse econômico em áreas perturbadas. Nas florestas
tropicais, geralmente o enriquecimento é feito em linhas ou faixas através de
semeadura ou plantio de espécies com valor comercial. Já nas temperadas
é freqüente o plantio das espécies de interesse em espaçamentos maiores
que os usados nas tropicais. Este espaçamento é função da qualidade do
sítio (capacidade suporte) e das características ecológicas da espécie
quanto a exigência de luz e tolerância à competição.
131
forma das árvores, qualidade do fuste, aspecto fitossanitário,
dentre outras.
Aliado ao inventário florestal das espécies que compõe a área a
obtenção de informações como tipo de solo, relevo e clima
possibilitam a identificação de possíveis problemas que poderão
ocorrer na conversão da floresta.
b) Examinar os benefícios potenciais dados pela conversão,
analisando o aumento no volume das árvores e aumento na
proporção dos valores dos sortimentos como toras para a
serraria, escora para construção civil, etc.
Além de ocorrer uma valorização do estoque, poderá ocorrer
também uma redução no ciclo de corte através da conversão. O incremento
médio anual pode duplicar ou até mesmo triplicar trabalhando-se com
espécies nativas, agregando-se valores ainda mais expressivos com uso de
espécies exóticas adaptadas. Os investimentos utilizados na conversão da
floresta normalmente trazem retornos satisfatórios.
As principais práticas silviculturais usadas na conversão são:
4.2.1. Corte de Melhoramento
Em muitas áreas são exploradas somente espécies comerciais.
Após o corte, a população remanescente será composta por espécies
indesejáveis e espécies de valor comercial com menores dimensões.
Portanto, será necessário realizar um corte das indesejáveis para que as de
valor comercial sejam beneficiadas. Este princípio é conhecido como corte
de melhoramento.
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132
Sistemas Silviculturais
2° Passo: As faixas de plantio das árvores devem ser igual ao
diâmetro médio das copas mais 20% deste valor quando estas atingirem a
época de corte. Adotando-se esta lógica, os problemas de competição entre
as copas podem ser evitados, favorecendo o aparecimento de algumas
espécies comerciais, via semente ou regeneração natural.
Para o espaçamento entre árvores, adota-se 20% daquele praticado
entre as faixas, ou seja, se a distância entre as faixas for de 15 metros, a
distância entre árvores será de 3 metros. Isto permitirá uma futura seleção
entre as que apresentam melhor forma e crescimento.
3 o Passo: As árvores sem valor comercial e as plantas daninhas que
aparecerem nas faixas devem ser eliminadas através de capina,
envenenamento ou anelamento. Esta atividade deve ser realizada em uma
largura mínima de 2 metros na faixa durante os primeiros 12 meses.
4 o Passo: Realizar um desbaste no 3 o ou 4 o ano dos arbustos, cipós
e regeneração das espécies indesejáveis até uma altura de 4 metros. Desta
maneira o estrato superior do povoamento final será constituído quase que
na maioria pelas espécies de valor comercial.
b) Enriquecimento em Floresta Temperada
O procedimento em florestas temperadas é similar ao aplicado à
florestas tropicais. Vale ressaltar neste item duas variações na prática de
enriquecimento adotados na Grã-Bretanha.
133
a) Enriquecimento de Florestas Tropicais
A prática de enriquecimento em florestas tropicais úmidas, florestas
semi-decíduas ou decíduas, podem ser implementadas em faixas espaçadas
em intervalos iguais ou não.
Este método é melhor aplicado para as seguintes condições:
- Há necessidade de se obter madeira de grandes dimensões
para serraria, laminação, ou ainda quando a produção não é
suficiente.
- As espécies escolhidas para o plantio devem apresentar um
rápido crescimento em diâmetro, bem como possuir
características silviculturais para desenvolverem-se sob alta
intensidade de luz. Haja visto que estas espécies irão ocupar
áreas submetidas a corte raso ou sob clareiras.
- Redução nos riscos de incêndio na floresta remanescente.
Um cuidado a ser tomado quando da escolha das espécies que
serão plantadas na área é com relação ao número, ou seja, deve-se manter
um estoque com várias espécies de valor comercial, o que permitirá também
a manutenção da diversidade da floresta. '
Principais passos utilizados na aplicação da prática de
enriquecimento:
1 o Passo: Definir as espécies a serem utilizadas e qual diâmetro
mínimo para corte.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
- Nas áreas limpas ou nas clareiras plantar espécies mais
produtivas, para obter melhores resultados (produção de
madeira).
- Plantio de uma ou mais espécies de interesse sob faixa e em
intervalos regulares, ou seja, o proprietário ou empresa florestal
além de manter uma cobertura florestal na área, possui um
estoque suficiente de espécies com alto valor comercial, o que
acaba por agregar uma maior rentabiidade.A largura das faixas
varia de 19 até 21 m, o que é suficiente para 6 até 7 fileiras de
plantas obedecendo um espaçamento entre linhas de 3 m.
Principais Vantagens de aplicar o método de enriquecimento:
- a regeneração natural das espécies de interesse é deficiente ou
insuficiente, tanto em distribuição corno em número, e não pode
ser induzida em suficiente quantidade e distribuição, devido a
carência de mudas ou se as condições ecológicas não são
favoráveis para o desenvolvimento;
- o estoque das espécies de interesse será superior ao original,
visto que haverá plantio e condução da regeneração natural das
mesmas;
- necessita obter um produto de melhor qualidade e maior
quantidade, em função da introdução de um produto
melhorado; e as condições da floresta nativa são mantidas
sendo, apenas uma porção da área alterada;
134
Sistem as Silviculturais
- o trabalho de limpeza, plantio e exploração são restritos às
áreas definidas (faixas e linhas), ou ainda podem ser
sistematizados e facilmente controlados;
- o manejo da floresta é simplificado, ou seja, a exploração pode
ser concentrada nos locais de interesse.
Principais Desvantagens de aplicar o método de enriquecimento:
- o estoque de plantas deve ser uniforme e as operações
silviculturais devem ser rigorosamente seguidas e em tempo
hábil. Todos os trabalhos práticos precisam ser avaliados
periodicamente;
- os danos causados pelo pastoreio dos animais pode ser severo,
porque há combinação do acesso fácil para as árvores jovens e
cobertura abundante e densa;
5 - o custo total por unidade estabelecida vai depender do estado
: atual da floresta e o seu rápido estabelecimento. O
enriquecimento pode ser uma prática onerosa, dependendo das
condições da floresta a ser enriquecida (por exemplo: área
muito degradada).
4.2.2.1 .Métodos de Enriquecimento de Anderson
Neste método a plantação nas faixas não é executada isoladamente,
mas sim em grupos. O plantio nas faixas é realizado num espaçamento
135
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
136
Sistemas Silviculturais
O sistema depende de um número suficiente de regeneração natural
de espécies de interesse. A utilização de grade de disco é para diminuir a
compactação do solo, que poderia ter um efeito negativo na regeneração
natural.
4.2.3. Método de Transformação por Via da Sucessão Dirigida
4.2.3.1. Sistema de Corte Raso
O sistema de corte raso, nas suas mais variadas formas, é o sistema
silvicultural mais utilizado no mundo todo devido a fácil aplicabilidade em
diversas condições de clima, topografia, solo; devido a sua simplicidade e
também a composição de espécies e estrutura florestal.
Neste sistema toda e qualquer cobertura florestal existente na área,
deverá ser removida em uma única operação de derrubada e extração.
A(s) espéciefs) de interesse comercial são exploradas com fins
econômicos e as demais espécies são eliminadas através do corte,
anelamento ou envenenamento. Os restos vegetais poderão ser enleirados
e/ou as vezes queimados dependendo da atividade a qual deseja-se
empregar na área (reflorestamento, pecuária, agricultura, etc).
Este sistema é bastante difundido e praticado nas florestas tropicais
úmidas, principalmente na floresta Amazônica brasileira e nos cerrados do
Brasil Central. Vários outros ecossistemas brasileiros foram quase que
totalmente dizimados pelo emprego deste sistema como a Mata Atlântica e
Florestas Nativas de Araucária angustifolia no sul do País.
137
pequeno (entre 0,5 x 0,5 até 1,0 x 1,0 m), com objetivo de reduzir a
concorrência entre as espécies. Da concorrência entre elementos da mesma
espécie espera-se que os indivíduos mais vigorosos dentro de cada grupo
superem automaticamente os demais. Com isso as despesas com os tratos
culturais são mais baixas, porém os custos de instalação serão mais
elevados. Este método ainda não se estabeleceu em grande escala em
nenhuma região.
4.2.2.2.Método de Enriquecimento Mexicano
É um sistema totalmente baseado na semeadura, desenvolvido nas
florestas ricas em mogno e cedro de Yacatán. Deve-se semear Swietenia sp
(mogno) e Cedrela sp (cedro) nas vias de acesso e transporte abertas por
ocasião da exploração florestal.
Este sistema não efetua gastos com a abertura de faixas e as
despesas com a obtenção de sementes são baixas, já que estas são
recolhidas das árvores abatidas. O custo de instalação é baixo, porém, os
custos de manutenção são elevados, pois a assistência periódica nas faixas
semeadas é dificultada pela inexistência de ordenamento espacial.
4.2.Z3.Método de Enriquecimento Caimital (Venezuela)
Este método é caracterizado pela abertura de faixas com trator de
esteira sendo o solo em seguida revolvido com uma grade de disco, e a
regeneração natural é conduzida nas faixas com espécies de interesse. Os
custos são mais elevados nos tratos culturais, porém a possibilidade de
seleção é maior e mais diversificada.
UFL A/FAEPE - Manejo Florestal
O sistema de corte raso em florestas nativas só é indicado quando o
tipo florestal pré-existente não responder satisfatoriamente a nenhum outro
tratamento silvicultural ou no caso da substituição da cobertura nativa por
outra cobertura econômica e ecologicamente viável, respeitando restrições
previstas em lei e a aptidão da área.
Um sistema de corte raso eficiente deve envolver uma seqüência de
cortes e regenerações em períodos os mais regulares possíveis e em áreas
de mesmo tamanho, denominadas de talhões, nas quais o povoamento já
tenha alcançado a idade de rotação.
A forma, o tamanho e ananjo dos talhões devem ser definidas em
função do sistema de exploração e transporte florestal, já que estes
! representam aproximadamente 40 a 45% dos custos da atividade florestal.
I Deve-se respeitar ainda as condições do sítio, as práticas de manejo e
conservação do solo.
Na Figura 4.1 é mostrado um exemplo do sistema de corte raso.
138
Sistem as Silviculturais
FIGURA 4.1. Disposição dos talhões a serem explorados no sistema de corte raso
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
• Sistema de Corte Raso com Regeneração Natural
Em certas condições o sistema de corte raso pode ser seguido por
uma bem sucedida regeneração natural. A regeneração natural pode ser
obtida por meio do banco de sementes ou mudas, já existente na área ou
por meio da dispersão das sementes, das árvores adjacentes e/ou
circunvizinhas, através do vento, água ou por animais silvestres.
Este sistema é bastante simples de ser praticado e a cobertura
vegetal do solo é reestabelecida com rapidez e de forma mais segura, visto
que as novas mudas estão mais aptas morfologicamente às condições do
sitio (fatores bióticos e abióticos). Uma outra importante característica deste
sistema é redução (quase zero) das despesas necessárias com a
implantação da regeneração.
Uma importante observação a ser seguida quando optar por este
sistema, é o fato de que a derrubada (corte raso) deverá ser feita após a
dispersão das sementes da(s) espécie(s) de interesse, para que haja
redução dos danos à regeneração devido a exploração (quebra das mudas).
• Aplicação:
O caso mais conhecido de corte raso seguido de regeneração
natural, a partir do banco de sementes existente, é o caso particular da
floresta de Pinus pinaster localizada no Sudoeste da França.
Um dos mais notáveis exemplos de regeneração natural, em áreas
submetidas a corte raso, a partir do estoque de semente no solo foi descrito
para a espécie de Tectona grandis no Sudeste da índia.
140
Sistemas Silviculturais
Com relação a regeneração natural a partir da disseminação das
sementes de áreas circunvizinhas e/ou adjacentes, a forma mais comum é
através do vento(dispersão eólica) sendo menos comum pela água e por
animais silvestres. No entanto, este último agente é bastante importante nas
florestas tropicais úmidas principalmente em se tratando de grandes
distâncias de dispersão e sementes pesadas.
Na região da Costa do Pacífico, na América do Norte, espécies
como: Pseudotsuga mensesii, Tsuga heterophylla, Thuja plicata e Abies
grandis regeneram freqüentemente após o corte raso, principalmente se os
rejeitos forem queimados após a exploração.
Na Europa o corte raso com regeneração natural a partir de
florestas adjacentes ou circunvizinha tem sido sistematizado principalmente
no caso de Pinus silvestrís, embora ele também tenha sido aplicado para
outras coníferas inclusive Pfnus nigra var nigra.
Algumas variações do sistema de corte raso com regeneração
natural podem ser encontrados na literatura. Estas são apenas uma pequena
modificação do sistema original, visando uma melhor adaptação do sistema
às condições locais, tais como: astema de corte raso em blocos (Região da
Costa do Pacífico na América do Norte); sistema de corte raso em faixas
(Europa); sistema de corte raso progressivo (Alemanha); sistema de corte
raso em faixas alternadas (França e Canadá).
• Sistema de Corte Raso com Regeneração Artificial
O sistema de corte raso com regeneração artificial é mais comum
do que o sistema com regeneração natural. Sendo que o sistema de corte
141
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
142
Sistemas Silviculturais
A implantação de maciços florestais, por meio da regeneração
artificial, apresenta várias denominações de acordo com o tipo de cobertura
do solo antes da ocupação da área, as denominações mais comuns são:
florestamento - quando a área por mais de meio século atrás não tivera sido
ocupada por uma cobertura florestal e; reflorestamento - quando a área é
submetida ao corte raso parcial ou total e em seguida é efetuada a prática
de regeneração artificial,
i
• Aplicação:
O sistema de corte raso com regeneração artificial, conforme
mencionado anteriormente, é um sistema bastante difundido e aplicado no
mundo inteiro, como exemplo podemos citar: Austrália, Filipinas, índia,
Indonésia, Malásia, Porto Rico, Quênia, Alemanha, Inglaterra, América do
Norte, África, Canadá, América do Sul, entre tantos outros países e
continentes.
Aproximadamente várias centenas de espécies já foram
empregadas nos plantios desse maciços florestais com fins experimentais e
comerciais. Os gêneros mais utilizados neste sistema são: Acácia sp,
Albizzia sp, Casuarína sp, Cedrela sp, Cupressus sp, Dipterocarpus sp,
Podocarpus sp, Swietenia sp, Terminalia sp, Tectona sp, Pseudobombax sp,
Scherolobium sp, Araucária sp, Pinus sp, Eucalyptus sp, entre outros.
Na Tabela 4.2 é apresentado um quadro resumo das principais
atividades envolvidas no sistema de corte raso, tanto para o método de
regeneração natural como artificial.
143
raso com regeneração artificial, por meio de plantio de mudas é mais usado
do que a regeneração artificial através da semeadura direta, formando no
final os maciços florestais homogêneos e equiâneos.
As primeiras plantações de florestas tropicais, por meio da
regeneração artificial tiveram o seu inicio no Sudeste da Ásia, estendendo-se
posteriormente à África e em seguida, por voSta do século XVIII, alcançou as
Américas.
Uma importante prática a ser apücaria durante a implantação deste
sistema, deve ser o preparo do sitio, tanto para a semeadura direta como
para o plantio das mudas, logo após efetuado o corte raso da cobertura
florestal.
Alguns outros tratamentos silviculturais poderão ser aplicados de
acordo com as condições do sítio e a exigência da(s) espécie(s) envolvidas,
tais como: controle das plantas competidoras, aplicação de fertilizante para
suprir a demanda de nutrientes, irrigação, desbaste das espécies
indesejadas concorrente de luz e outras operações. Todas estas atividades
visam criar condições que favoreçam o rápido estabelecimento da
regeneração e consequentemente a cobertura do solo, evitando assim a
perda de nutrientes do substrato e a incidência de espécies pioneiras
indesejadas.
O sistema de corte raso com regeneração artificial é recomendado
quando a regeneração natural na área não é satisfatória ou não é possível,
quando deseja-se introduzir uma nova espécie na área (espécie exótica) ou
aumentar a proporção de uma certa espécie de interesse a qual por via da
regeneração natural não é suficiente.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 4.2. Principais atividades envolvidas no sistema de corte raso
Atividades Período
1 - Sub-divisão da floresta em seções de corte ou talhões (± 250-300 ha) (a-1)
2 - Anelamento e envenenamento das árvores indesejadas e eliminação
de cipós (visando reduzir custo da exploração) (a-1)
3 - Corte raso de toda a cobertura florestal e extração das árvores de
interesse comercial (valor econômico) a
4 - Queima ou enleiramento dos resíduos da exploração (a+ 1)
5 - Tratos silviculturais visando o estabelecimento da regeneração
natural de interesse ou preparo da área para a atividade de
regeneração artificial (a+ 3)
6 - Caso seja introduzido a regeneração artificial: plantio ou semeadura
da espécie de interesse a+ 2
7 -Tratos silviculturais de condução da regeneração e do novo
povoamento florestal a+ (2-n)
a = ano da exploração comercial
n = idade da rotação ou ciclo de corte
Vantagens: É um sistema simples e fácil de ser implementado;
permitindo a adoção de um novo sistema silvicultural e de manejo florestal;
permite melhorar as condições de sítio, através do preparo do solo,
adubação, drenagens e outros meios; permite melhorar a produção e a
qualidade do novo povoamento através do uso de espécies nativas
promissoras ou de espécies exóticas superiores; possibilita um melhor
controle da regeneração, visto que esta desenvolve-se sob a mesma idade;
144
^ Sistemas Silviculturais
145
redução dos danos ao novo povoamento pois a derrubada e extração da
madeira é feito por completo antes do estabelecimento da regeneração
(exceto no caso da regeneração natural) e apresenta uma grande economia
durante a operação de extração da madeira devido a uma maior
concentração do trabalho (em espaço e tempo).
Desvantagens: A remoção total da cobertura florestal expõe
totalmente o solo, apresentando sérios riscos de erosão; podendo ainda
produzir condições de microclima e solos desfavoráveis, além de uma maior
competição com plantas pioneiras invasoras, dificultando assim a
sobrevivência e o crescimento de plantas jovens das espécies de interesse.
Após a exploração das espécies de interesse há um acúmulo de resíduos da
extração que proporciona condições para a proliferação de pragas e
doenças. Geralmente após o corte raso introduz-se na área um povoamento
homogêneo e equiâneo, tomando a floresta menos resistente aos danos
provocados por ventos, geadas, pragas e doenças do que nos sistemas
multiâneos e heterogêneos; e do ponto de vista de estética há um impacto
visual após a operação de corte raso e também há redução da fauna
silvestre local.
4.2.3.2.Sistema de Seleção ou Sistema de Corte Seletivo
Na sua forma mais primitiva o sistema de corte seletivo se baseava
na remoção de todas as árvores que alcançassem um certo diâmetro
mínimo pré-estabelecido de acordo com o objetivo e destino da madeira
explorada, deixando apenas as árvores de menor tamanho, algumas poucas
árvores porta-sementes, afim de garantir a regeneração na área, e as árvores
sem interesse comercial.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
146
Sistem as Silviculturais
147
Tal prática, é uma mera exploração, não constituindo-se em um
sistema silvicultural e não faz partedo espectro de práticas que caracterizam
o manejo florestal. O corte seletivo como descrito no parágrafo anterior é
uma prática mecânica propiciando a degradação da floresta. Para que o
corte seletivo seja considerado um sistema silvicultural, é necessário que
haja compromisso com a produção susteratada, com retiradas periódicas em
cada talhão ou compartimento nas várias classes de idade, de maneira a
manter proporções corretas de plantas nas classes diamétricas sucessivas,
ou seja, adotar o conceito de floresta balanceada; compreender a estrutura
da floresta, respeitar a diversidade florística ou a biodiversidade; efetuar
tratamentos que privilegiem a regeneração das espécies de interesse,
eliminando-se a concorrência com as plantas invasoras. Deve-se eliminar
ainda as plantas doentes, sem vigor e que de certa forma diminuem a
potencialidade da floresta. Por útlimo, deve-se adotar um sistema de corte e
colheita que impactem o mínimo a floresta remanescente.
Desta forma pode-se concluir que o sistema de corte seletivo
quando aplicado corretamente, respeitando as leis ecológicas impostas pela
natureza, é inegavelmente uma prática de melhoramento da floresta.
Aumenta a proporção das espécies de interesse na área, através do
processo de regeneração dirigida, conduzindo-as para uma produção
sustentável e ecologicamente viável.
Atualmente este método caracteriza-se por selecionar plantas de
modo que haja uma série contínua de classes de idade e um contínuo
recrutamento, advindo da regeneração natural. A idéia é abastecer o
estoque de crescimento, de maneira que a razão entre o número de árvores
remanescente nas classes de diâmetro seja constante. Este fato indica que a
floresta é balanceada e pode ser representada pela distribuição exponencial
negativa, conforme pode-se verde forma detalhada no Capítulo 6.
A seleção de árvores na floresta toda só é possível em áreas
pequenas. Em grandes áreas florestais faz-se necessário a divisão desta em
vários blocos ou compartimentos, para operacionalizar a remoção das
árvores selecionadas, isoladas ou em pequenos grupos. Esses
compartimentos são explorados um a cada ano, estabelecendo assim o
ciclo de corte que será igual ao número de compartimentos. O ciclo de corte
é estabelecido de acordo com as características particulares da floresta,
principalmente utilizando-se informações do incremento periódico em
diâmetro das árvores.
Deve-se tomar um cuidado muito especial no estabelecimento do
ciclo de corte. Se este é muito curto, envolvendo grandes áreas, há o risco
de ocorrer uma rápida degradação da floresta o que é indesejável para
qualquer plano de manejo florestal visando a sustentabilidade, se for longo
elimina a possibilidade da prática de manejo florestal ser economicamente
viável.
Em sítios onde as condições são favoráveis a regeneração natural
deve ser conduzida, nas clareiras formadas durante o processo de
exploração. Caso contrário, serão introduzidas novas plantas na área
através da regeneração artificial.
Na Tabela 4.3 são listadas algumas das principais atividades
envolvidas do sistema de corte seletivo. A implementação destas deve ser
de acordo com as características particulares de cada área de interesse.
TJFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 4.3. Seqüência das principais atividades silviculturais envolvidas no sistema
de corte seletivo
Atividades Período
1 - Inventário detalhado, visando obter informações sobre a viabilidade
do sistema (qualidade e quantidade do estoque comercial e da
regeneração) e delimitar as unidades de exploração (3 a 20 ha) e
as vias de acesso (n-2)
2 - Marcar e mapear as árvores selecionadas, a partir de um DAP
mínimo pré-estabelecido, andamento ou envenenamento das
árvores sem interesse (com grandes copas) e remoção dos cipós (n-1)
3 - Exploração das árvores marcadas e derrubada das árvores aneladas
ou envenenadas n
4 - Reparo dos danos causados pela exploração e se necessário efetuar
a regeneração artificial n + 1
5 - Condução e acompanhamento (Inventário) do crescimento da
regeneração n + 1+ i
n
i =
= idade do ciclo de corte
: cada período após a exploração
• Aplicação:
O corte seletivo, é difundido e utilizado nas florestas dq mundo todo,
principalmente nas florestas tropicais úmidas onde há um amplo e diverso
estoque de madeiras comercializáveis e o crescimento destas, de certa
forma, ocorre rapidamente. De acordo com a região e o tipo de floresta onde
ele é aplicado algumas modificações são implementadas para ajustá-lo as
características locais.
148
Sistem as Silviculturais
Por exemplo: nas Florestas das Filipinas o sistema de seleção é
empregado para favorecer as espécies da família Dipterocarpaceae, e o
número de árvores a serem exploradas, obedece o cálculo da distribuição
balanceada das classes diamétricas (20-70 de DAP), em cada unidade de
área pré-delimitada para a exploração. Normalmente deixa-se na área
aproximadamente 60% das árvores do grupo das espécies de interesse
comercial e o ciclo de corte varia entre 30 e 40 anos.
Na Malásia o sistema de corte seletivo foi considerado como sendo
o sistema ideal para as florestas tropicais pluviais ali existentes. No entanto,
algumas observações são recomendadas para garantir a sustentabilidade
econômica e ecológica destas florestas. Sendo este também conhecido
como método do limite de circunferência desenvolvido no estado de
Sarawak.
Em Porto Rico o sistema de corte seletivo é considerado como o
mais satisfatório para as florestas pluviais das montanhas de Luqüillo. Neste
caso particular, os objetivos do uso deste sistema é a formação de maciços
florestais, com uma área basal de aproximadamente 18 m 2/ha, para um DAP
mínimo de 50 cm, com um ciclo de corte entre 5 a 10 anos dependendo da
qualidade do sftio, visando fundamentalmente proporcionar uma distribuição
balanceada dos indivíduos remanescentes em todas as classes de diâmetro
na floresta.
No Norte de Queensland o sistema é aplicado nas florestas
tropicais úmidas de Atherton, classificada como "Florestas Pluviais
Submontanas". Nesta região o ciclo de corte varia entre 15 a 20 anos, e as
espécies mais enfatizadas pelo sistema são: Flindensia braylexana e
149
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
150
Sistemas Silviculturais
151
indivíduos remanescentes é elevado podendo às vezes atingir proporções
de 1:1 ou 1:2, ou seja para cada m 3 explorado 1 ou 2 m 3 são danificados.
Sistema de Seleção de Grupo ou Sistema de Corte Seletivo em Grupo
A forma típica do sistema de corte seletivo, na qual árvores isoladas
são exploradas, é mais indicado para se trabalhar com espécies que
desenvolvem e reproduzem na sombra, o que reduz a possibilidade de ser
rapidamente suprimida pelas espécies de rápido crescimento (exigentes de
luz), geralmente sem interesse econômico.
O sistema de corte seletivo aplicado em espécies que sejam
exigentes de luz, baseia-se na remoção de um pequeno grupo de árvores na
operação de exploração e derrubada. Desta forma, pequenas clareiras são
formadas para que haja boa incidência de luz solar e estas sejam
distribuídas por toda a área. O propósito é garantir que a regeneração
natural das espécies de interesse ocorram de forma satisfatória.
Portanto, o sistema de seleção de grupo consiste apenas em uma
pequena variação do sistema de corte seletivo. As demais operações
envolvidas neste sistema são semelhantes ao do sistema anterior, assim
como as suas vantagens e desvantagens.
4.2.3.3.Sistema de Floresta de Cobertura
(Shelterwood system)
Este sistema teve a sua origem na Europa, com predominância nas
florestas de Quercus sp e Fagus sp.
Cenatopetalum apetalum, alcançando uma produção média de 30 a 48
m 3/ha emcondições de clima e sítio favorável.
Vários outros exemplos de uso deste sistema são encontrados na
literatura tanto para as florestas tropicais e sub-tropicais como também para
as florestas equatoriais. No Brasil , infelizmente, a versão original deste
procedimento e não a versão moderna, é utilizada em muitas áreas de
vegetação nativa, seja em cerrado, seja nas florestas tropicais úmidas da
Amazônia. A definição da prática de manejo baseada no sistema silvicultural
de corte seletivo, deve fortalecer a ação dos organismos públicos do país,
no sentido de cobrar que os empreendedores do setor florestal pratiquem o
verdadeiro manejo florestal.
Vantagens: Por manter uma constante cobertura florestal no solo
há uma redução dos danos causados pela erosão tais como, deslizamento
de terra em áreas inclinadas e perda de nutrientes por escorrimento
superficial das águas da chuva; reduz a possibilidade de danos causados
por ventos e geadas; boa flexibilidade do sistema, adaptando-se a qualquer
área; respeita a capacidade suporte.de produção de sítio; possibilita a
promoção do desenvolvimento das árvores com maior crescimento e com
.forma.florestal comercializável; e proporciona a manutenção da aparência
estética da floresta além de manter a fauna silvestre no local.
Desvantagens: Exige uma intensiva intervenção silvicultural; a
operação de derrubada e extração é cara e exige perícia do operador; o
sistema necessita de um bom estoque de regeneração das espécies de
interesse; o sistema é de difícil supervisão e acompanhamento de
regeneração e; durante a operação de derrubada e extração os danos aos
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
O sistema de floresta de cobertura é compreendido pela associação
do sistema de corte sucessivos da regeneração e o sistema de seleção ou
corte seletivo. Constitui-se, basicamente, na abertura do dossel através da
remoção ou eliminação das árvores, arbustos e cipós existentes na floresta
original.
Posteriormente, a esta etapa de preparação da floresta, são
introduzidas as práticas de condução da regeneração das espécies de
interesse, sob um dossel composto pelas espécies de interesse econômico.
Os principais passos a serem seguidos neste sistema são resumidos
na Tabela 4.4.
TABELA 4.4. Seqüência das principais atividades envolvidas no sistema
de Floresta de Cobertura
Atividades Período
1 - Inventário detalhado (regeneração e estoque) a-2
2 - Eliminação dos cipós e indivíduos indesejados (todos os estratos) a-1
3 - Exploração das árvores de interesse (adultas/maduras) a
4 - Condução da regeneração das espécies de interesse
(tratos silviculturais) a+ n
a = ano da exploração comercial e; n = período do ciclo de corte
Vantagens: Proporciona uma maior proteção do solo contra erosão
(escoamento superficial), menor risco de pragas e doenças, obtenção de um
produto final mais homogêneo; redução da competição entre as espécies
comerciais através do corte de melhoramento, e substituição gradual da
floresta pelas espécies desejáveis.
152
Sistemas Silviculturais
Desvantagens: Demanda um maior tempo (inicial) para obtenção
do retomo financeiro; o controle da regeneração é difícil, assim como a
execução dos cortes de exploração; e as atividades não são concentradas
em um único período, resultando em um maior custo operacional.
• Variações do sistema:
A seguir serão descritos, sucintamente, as cinco classificações do
sistema de floresta de cobertura (Shelterwood system): sistema uniforme,
sistema em grupos, sistema irregular, sistema em faixa e sistema tropical.
• Sistema Uniforme de Floresta de Cobertura ou Sistema
Uniforme
O sistema uniforme implica basicamente na abertura uniforme do
dossel superior da floresta com o propósito de favorecer a regeneração
(natural ou artificial).
Portanto, consegue-se uma floresta com um padrão mais
homogêneo com relação aos indivíduos mais jovens, conforme é ilustrado
na Figura 4.2.
153
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A R V O R E S MADURAS
ESTAGIO DE S E M E N T E
ESTÁGIO SECUNDÁRIO
E S T Á G I O FINAL
FIGURA 4.2: Ilustração do sistema uniforme mostrando sucessivos estagias de regeneração
Fonte: Matthews (1994)
Sistem as Silviculturais
Durante o estádio de desenvolvimento e crescimento da
regeneração de interesse, até que esta atinja o estádio final, o sistema é
dividido em duas etapas:
1) Fase de Preparação ou Condução: nesta etapa a regeneração,
em sua fase inicial, está sujeita à atividades de limpeza (capina,
desbastes, etc), estendendo-se até o estabelecimento
propriamente dito da regeneração.
i
2) Fase de Regeneração: inicia-se com o favorecimento das
espécies de interesse, através de cortes das espécies
indesejáveis, visando proporcionar condições para que as mudas
se estabeleçam e desenvolvam. Terminando com o corte final da
"nova" floresta.
Os cortes de regeneração podem ser subdivididos em três fases
distintas:
a) Corte de semeadura: o objetivo principal desta operação não é
'estimulara produção de sementes, mas sim promover uma maior
e melhor dispersão das sementes por toda a floresta.
Favorecendo assim a germinação, o estabelecimento das mudas,
além de propiciar uma maior infiltração de luz, a qual é de
fundamental importância para que as mudas sobrevivam e
desenvolvam-se;
b) Corte secundário: o objetivo desta operação é a remoção do
sub-bosque, do dossel superior, os quais são concorrentes por
155
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
156
Sistemas Silviculturais
TABELA 4.5. Seqüência das principais atividades envolvidas no sistema uniforme
Atividades Período
. inventário detalhado da regeneração natural e do estoque a-2
Se o estoque de regeneração for satisfatório (40% das espécies
comercializáveis estiverem regenerando e 20% atingiram o estádio
de exploração) é feito a exploração caso contrário espera-se até
atingir tal exigência.
• Exploração do estoque comercial (DAP > 40 cm) e envenenamento a
ou anelamento das árvores indesejadas (DAP > 5cm)
• Tratos silviculturais do povoamento para promover o a+ 2
desenvolvimento da regeneração
. Acompanhamento do desenvolvimento dos remanescentes a+ 5ea+ 10
através do uso de amostragem
• Rotação do povoamento "domesticado" (DAP > 60 cm) a+ 70
a = ano da exploração comercia!
As atividades neste sistema são semelhantes ao do sistema de
floresta de cobertura original, com algumas vantagens quando comparada
com os demais tipos de sistema de cobertura.
Vantagens: as operações de corte são mais simples de serem
conduzidas e são produzidos estratos com regenerações de diferentes
idades, assemelhando-se a estrutura da floresta nativa, porém com ênfase
nas espécies com boa forma florestal e de interesse comercial.
Desvantagens: maior dano ao estrato inferior em desenvolvimento
durante a exploração; as árvores porta-sementes mantidas isoladas, são
mais susceptíveis a danos pela ação do vento, entre outras.
157
água, luz e nutrientes com as espécies de interesse, A
periodicidade e a intensidade do corte secundário vai depender
das características particulares da área (qualidade do sítio) e das
espécies envolvidas (exigência de luz e tolerância a competição);
c) Corte final: nesta operação são removidas todas as árvores de
interesse, respeitando um diâmetro mínimo pré-estabelecido.
Após o corte final, as áreas de clareiras formadas pela extração
devem ser recuperadas através da regeneração dirigida (natural
ou artificial).
No sistema uniforme com regeneração natural, também chamado
de desbaste de transformação ou homogeneização via desbaste é possível
em alguns casos, entre as fases dos 3 estádios descritos, proceder um ou
mais desbastesafim de favorecer o desenvolvimento das árvores de
interesse.
O sistema uniforme com regeneração artificial é recomendado
quando a regeneração natural não for suficiente; para introduzir uma nova
espécie de interesse ou então para aumentar a proporção de uma
determinada espécie já existente na área. A introdução das novas espécies
poderá ser via semeadura direta ou plantio de mudas, sendo este último
mais eficiente, porém mais oneroso.
A seqüência das atividades envolvidas neste sistema são ilustradas
na Tabela 4.5. Utilizou-se para tal as atividades do sistema Malaio Uniforme
que constitui-se no exemplo clássico do sistema uniforme de floresta de
cobertura (Lamprecht, 1990).
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal Sistem as Silviculturais
O tamanho e a forma das clareiras artificiais depende das condições
locais (tipo de solo, topografia, relevo) e as características da(s) espécie(s)
de interesse (exigência de luz, resistência a competição, desgalhamento).
Normalmente as clareiras devem possuir entre 18-23 m de diâmetro.
Clareiras maiores propiciam ocorrência de espécies pioneiras, sem interesse
comercial.
Nestas áreas abertas são conduzidos os cortes de regeneração
(semeadura)! corte secundário e o corte final, de forma semelhante ao
sistema uniforme de floresta de cobertura.
O sistema é implantado de maneira semelhante ao sistema
uniforme, porém favorecendo não apenas indivíduos isolados de forma
uniforme, mas sim grupos de indivíduos de interesse comercial com
crescimento promissor.
As vantagens e desvantagens gerais do sistema de floresta de
cobertura, também podem ser aplicadas à este sistema, porém o sistema em
grupo apresenta ainda as seguintes particularidades.
Vantagens: por favorecer grupos de espécies com alto crescimento
e desenvolvimento, o sistema torna-se mais eficiente em florestas onde a
produção de sementes não é freqüente e vigorosa; a regeneração
desenvolve-se mais naturalmente, explorando melhor a capacidade do sitio
e a potencialidade da(s) espécie(s); há melhor controle da heterogeneidade
de espécies em regeneração pela introdução de novas espécies ou por
mecanismos de regulação da regeneração natural; há maior controle das
clareiras, quanto ao tamanho e forma.
159
Geralmente, quando o clima, as condições de regeneração e o
crescimento das mudas são favoráveis, o sistema uniforme torna-se mais
viável. Porém quando o clima e as condições de solo não são favoráveis o
sistema uniforme não é bem sucedido.
• Aplicação:
Na França o sistema de floresta de cobertura é usado para
regenerar 90% das florestas de Quercus sp e Facus sp.
Na Alemanha hoje em dia o sistema é pouco usado, ele é aplicado
nos povoamentos de Facus sp. Na Dinamarca e nos países escandinavos
ele é usado para regenerar os povoamentos de Pinus silvestrís,
principalmente na Finlândia.
O sistema uniforme com árvores porta-sementes é usado na índia e
Paquistão (Pinus roxburghii), no sudoeste dos Estados Unidos (Pinus
echinata e Pinus elliotti) e no noroeste do Himalaia (Pinus roxburghü).
• Sistema de Floresta de Cobertura em Grupo ou Sistema de
Regeneração por Grupo
A diferença entre este sistema e o sistema uniforme está no fato de
que o sistema de regeneração por grupo, favorece a regeneração de grupos
de indivíduos de interesse econômico (mesma espécie ou não).
A estratégia para promover esta regeneração é a partir das clareiras
naturais. Se estas não existirem em número suficientes, então serão abertas
clareiras, de pequeno porte, distribuídas por toda a área da floresta (clareiras
artificiais).
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
160
Sistem as Silviculturais
161
Desvantagens: Propicia condições a ocorrência de danos
causados pelo vento, principalmente nas bordas das clareiras; devido ao
grande número de pontos de regeneração, o controle é mais difícil e
oneroso; a regeneração remanescente sofre maior dano devido a maior
exposição direta ao sol e compactação do solo, provocados pelo grande
número de intervenções.
• Sistema Irregular de Floresta de Cobertura
Este sistema pode ser definido como um sistema de sucessivos
cortes de regeneração, com um longo e indefinido período de regeneração
(± 50 anos), variando de acordo com as características particulares do local
e da(s) espécie(s) envoivida(s), produzindo colheitas dos indivíduos, ainda
jovens, em diferentes estádios de regeneração.
O sistema irregular de floresta de cobertura é baseado nas
características individuais da floresta e da região onde ele é implementado.
O objetivo principal desse sistema é a qualidade e quantidade de
madeira produzida no campo, respeitando a capacidade de suporte do sítio.
Embora possa fazer uso de espécies exóticas, este método é
preferencialmente aplicado às espécies nativas da região. *
Um importante fator de melhoramento aplicado ao crescimento do
estoque de madeira é realizado através da seleção ou eliminação das
árvores com crescimento lento. Assim, a qualidade da madeira produzida no
final do ciclo de corte será mais elevada. Para estes fins, são aplicados as
operações de capina, limpeza, refinamentos, corte de regeneração
(semeadura), desbaste, corte de melhoramento entre outras atividades.
Sendo estas, aplicadas como um contínuo processo de seleção e
melhoramento da floresta.
A Figura 4.3 representa esquematicamente as etapas seqüenciais do
sistema irregular de floresta de cobertura. São evidenciadas as áreas de
abertura, destinada a regeneração dirigida enfatizando os diferentes
tamanhos e idades; a composição mista das espécies distribuídas nos
diversos estratos da floresta; e as vias de acesso para a exploração e
transporte da produção florestal.
O sistema assemelha-se ao procedimento adotado no sistema de
regeneração por grupo, com algumas diferenças particulares: as áreas
destinadas à regeneração dirigida são abertas em linhas paralelas e
espaçadas a partir de 20-30 m; a abertura das áreas é obtida através da
remoção das árvores com tronco danificados, doentes e com copas
grandes, aumentando assim a proporção de árvores com melhor forma; e as
operações de desbaste seletivo, devem ser efetuadas em toda a floresta, em
todas as classes de altura e distribuídas em intervalos de tempo regulares.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
INÍCIO DA REGENERAÇÃO
..-'Sk^M K W ....
EXTENSÃO DOS GRUPOS
P < } - - t > R 4- , p < * -
FIGURA 4.3: Sistema irregular de floresta de cobertura apresentando sucessivos estádios
de regeneração. L = limite de transporte; R = estrada principal de
extração: P= estradas secundárias
Fonte: Matthews 1994
162
•x
Sistem as Silviculturais
Vantagens: o sistema apresenta flexibilidade o que possibilita uma
boa prática de manejo da floresta, considerando-se as características
particulares para cada sítio; o incremento em volume das espécies que
propiciam madeira de valor comercial é assegurado através das condições
criadas para o desenvolvimento e crescimento das melhores árvores; e a
floresta apresenta uma maior variabilidade de atrativos e aparência para a
fauna local.
.1
Desvantagens: requer grande intensidade de operações
silviculturais e estas operações exigem grande número de mão de obra,
consequentemente onera os custos do sistema; necessita de um tempo
inicial (carência) para obtenção dos primeiros retornos financeiros; o
sistema tende a favorecer a abertura de clareira proporcionando assim o
crescimento de espécies secundárias exigentes de luz (sem interesse
econômico), causando competição com as espécies de interesse.
• Aplicação:
O sistema irregular dè floresta de cobertura é bastante utilizado nas
florestas da Alemanha e Áustria, com algumas variações em relação ao
sistema original.Embora seja um sistema silvicultural recente ele tem sido bem
desenvolvido e tem superado os outros sistemas, exceto o sistema de
seleção. Na região Norte da Alemanha, este sistema é usado associando as
espécies Fagus sp e Ao/es alba. Na Inglaterra o sistema também tem sido
utilizado com algum sucesso.
163
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
164
5istem as Silviculturais
165
• Sistema em Faixa
Este sistema difere em poucos detalhes dos outros sistemas, tendo
em comum a característica de deixar o estrato superior visando a proteção
natural do solo. Neste caso, a regeneração dirigida é conduzida em estreitas
faixas abertas na floresta.
O sistema em faixa pode ser dividido em 5 formas diferentes:
- Sistema de faixas progressivas;
- Sistema de faixas alternadas;
- Sistema de faixa em cunha;
- Sistema de cobertura em faixa;
- Sistema de faixa em grupo.
Neste módulo será abordado apenas os dois últimos sistemas.
a) Sistema de floresta de cobertura em faixa
Este sistema foi desenvolvido a partir do sistema uniforme de
floresta de cobertura, com algumas modificações. Os cortes de condução
da regeneração são realizados seguindo a direção predominante dos
ventos, evitando assim maiores danos. *
O sistema de floresta de cobertura em faixa, requer poucas
alterações para se converter em um sistema de cortes sucessivos da
regeneração (corte de semeadura, corte secundário e corte final). O
resultado final deste sistema, consiste na abertura de estreitas faixas dos
estratos superiores, com o objetivo de proporcionar um maior ou menor
ângulo de infiltração de luz à regeneração, seguindo a direção predominante
dos ventos na região.
Assim que a regeneração de interesse estiver suficientemente
estabelecida na faixa, um segundo corte de semeadura é feito ao longo de
uma segunda faixa adjacente a primeira, seguindo a direção do vento.
Quando a regeneração estiver suficientemente estabelecida na
segunda faixa, esta será submetida ao corte secundário e a primeira faixa,
aos sucessivos cortes de condução (desbaste, melhoramento, refinamento e
colheita). Na terceira faixa, adjacente a segunda é feito então o corte de
semeadura. Estes tratamentos para favorecimento da regeneração são
conduzidos progressivamente seguindo a direção dos ventos predominante
em uma série de estreitas faixas adjacentes a anterior e distribuídas
regularmente sobre toda a floresta a ser manejada.
Assim como no sistema uniforme, no sistema de floresta de
cobertura em faixa, o número, a freqüência dos cortes de condução da
regeneração, a amplitude e o espaçamento entre as faixas, variam de
acordo com a espécie, localidade, desenvolvimento de regeneração, e
outros fatores relacionados à ecologia da espécie e características do sítio.
Na prática, o número de sucessivos cortes de condução da
regeneração não são constantes para todas as faixas, já que em algumas
faixas a regeneração pode desenvolver-se mais rapidamente do que em
outras. Desta forma o número de faixas sucessivas com regeneração em um
certo tempo pode variar, embora teoricamente elas sejam geralmente 3 :
estádio de muda, estádio secundário e estádio final seguindo
respectivamente esta ordem quanto a sua idade.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
Vantagens: Proporciona uma melhor proteção da floresta contra a
ação dos ventos; favorece a regeneração das espécies exigentes de luz;
minimiza os danos ao povoamento durante as operações de corte e
extração; melhor controle do progresso da regeneração; proporciona uma
melhor aparência à floresta devido a diversidade de estratos.
Desvantagens: As atividades silviculturais não são concentradas
em uma única área, o que aumenta ainda mais os custos de condução do
povoamento; o sistema demanda um rigoroso e especifico mapeamento da
área e faixas de regeneração.
• Aplicação:
Este método segundo Matthews (1994), foi utilizado a ± 150 anos
em povoamentos puros de abeto vermelho na Noruega com adição de
espécies exigentes de luz e tolerante à sombra.
À partir da 2 a guerra vem sendo praticado no sudeste da Alemanha,
com algumas adaptações para favorecer as espécies locais.
b) Sistema de Faixa em Grupos
Este sistema é uma modificação do sistema de floresta de cobertura
em faixa. De modo geral, o planejamento com relação a abertura do dossel
e as faixas são iguais, somente o modo de como são executados esses
cortes é que difere.
166
Sistemas Silviculturais
No primeiro caso o corte de semeadura consiste de uma abertura
total do dossel dispostos em faixas espaçadas regularmente sobre toda a
área. Já para o segundo caso, a abertura do dossel superior também são
feitas em faixas, porém não é removida toda a cobertura florestal da faixa.
A intenção é de favorecer grupos de espécies de interesse e com
crescimento superior.
São abertas pequenas clareiras com um diâmetro médio variando
entre 30-50 m, dependendo do sítio e das características ecológicas da(s)
espécie(s) envolvida(s).
Estas clareiras destinadas a favorecer o desenvolvimento dos
grupos de espécies de interesse são ampliadas continuamente com o
passar dos anos.
O progresso dos cortes (de regeneração, secundário e colheita) e a
forma das faixas são pouco regulares neste sistema, quando comparadas
com o sistema de floresta de cobertura em faixa.
Vantagens: A regeneração pode ser estabelecida de maneira mais
simples e rápida, por favorecer. grupos de indivíduos com melhor
desenvolvimento; a formação de estratos de diferentes idades e tamanho,
proporcionam uma melhor proteção aos estádios mais jovens; os
povoamentos mistos podem ser facilmente conduzidos; e a aparência dá
floresta torna-se mais atrante à fauna.
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168
Sistem as Silviculíurais
COPA CLARA: ÁRVORES ANELADAS OU ENVENENADAS
COPA ESCURA: DE INTERESSE COMERCIAL
FIGURA 4.4. Esquema do Método Tropical de Regeneração sob Cobertura (Tropical
Shelterwood System) segundo Catinot 1965
Fonte: Lamprecht (1990)
169
Desvantagem: A maior desvantagem está nos danos causados ao
estoque de regeneração das espécies de interesse, durante a exploração.
Estes danos tomam-se maiores quando a área possui uma inclinação
elevada.
Este sistema foi amplamente utilizado por H. von Huber, do serviço
florestal alemão, especificamente na Bavária e toda Europa Central.
• Sistema Tropical de Floresta de Cobertura
Este sistema é uma modificação do sistema uniforme de floresta de
cobertura adaptado às florestas tropicais úmida, na qual o corte de
semeadura consiste de uma abertura geral do dossel superior. Esta abertura
é feita pelo corte de cipós, progressiva redução do estoque de árvores
medianas através de desbastes, e anelamento e envenenamento das árvores
sem interesse comercial.
O sistema tropical de floresta de cobertura consiste basicamente na
conversão da floresta nativa em uma floresta mais uniforme, sob o ponto de
vista da altura e homogeneidade da composição das espécies de interesse
econômico, conforme mostra a Figura 4.4.
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170
Sistemas Silviculturais
inferiores desenvolvam-se e ocupem o dossel superior, formando assim um
sistema policíclico de exploração da floresta.
TABELA 4.6. Síntese das principais atividades envolvidas no sistema tropical de
de floresta de cobertura, nas suas mais variadas formas de aplicação
Atividades Período
1 - Inventário detalhado e demarcação das sub-áreas de regeneração
(talhões com ± 250 ha) a - 2
2 - Remoção das trepadeiras e eliminação das árvores indesejadas
(envenenamento ou anelamento) a - 1
3 - Exploração das árvores "maduras" da(s) espécie(s) de interesse e
remoção do sub-bosque indesejado a
4 - Tratos silviculturais (favorecer osindivíduos de interesse e
eliminar os danos ocasionados durante a exploração), se
necessário, efetuar a regeneração artificial a + 1
5 - Corte de melhoramento e seleção (desbaste), limpeza do
sub-bosque (eliminação dos indivíduos indesejados) e remoção
de cipós a + (2 a 6)
6 - Acompanhamento do crescimento do povoamento (Inventário) e
. exploração das árvores "maduras" tempo de exploração da floresta a + n
a = ano de exploração n = período do ciclo de corte
Todas estas operações devem ser conduzidas separadamente nos talhões de regeneração
de forma intercalada com ações anuais.
Vantagens: O estoque de crescimento poderá ser enriquecido com
espécie(s) de interesse através da condução da regeneração ou por
regeneração artificial; a divisão da floresta em talhões de regeneração,
favorece o controle e acompanhamento do desenvolvimento e crescimento
da(s) espécie(s) de interesse; o custo total da regeneração é reduzido; a
171
As atividades de condução da regeneração são reduzidas,
geralmente, em duas operações: cortes de semeadura (regeneração) e
cortes de melhoramento e seleção, incluindo o desbaste.
Normalmente os cortes de semeadura consistem simplesmente, na
liberação da regeneração já existente, embora ooorram situações em que se
faz necessário o emprego da regeneração artificial.
Os cortes de melhoramento e seleção são utilizados para explorar a
madeira das "árvores maduras", assim como, remover as árvores defeituosas
e sem valor comercial, que estiverem competindo e interferindo
negativamente no desenvolvimento dos indivíduos de maior interesse.
O sistema tropical de floresta de cobertura difere do sistema
uniforme nos seguintes aspectos: o sistema tropical de cobertura mantém o
dossel superior da floresta fechada, formando uma cobertura alta da floresta
das espécies de interesse com boas características florestais e boa
produção de sementes; difere ainda por manter na floresta, todos os
indivíduos da(s) espécie(s) de interesse pertencentes as diversas classes de
desenvolvimento.
Este sistema é bastante difundido nas florestas tropicais do mundo,
variando de acordo com as características particulares de cada região.
A seguir na Tabela 4.6, serão apresentados de maneira resumida, as
principais atividades envolvidas no sistema tropical de florestade cobertura.
Os cortes na floresta prosseguem através da seleção e
melhoramento, explorando as árvores "maduras" e eliminando as
indesejadas, proporcionando condições favoráveis para que os estratos
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172
Sistem as Silvicultumis
Na índia o sistema é aplicado às florestas onde a espécie Shorea
robusta (Dipterocarpaceae) apresenta um padrão agregado de distribuição
sobre uma área com uma ampla variação edáfica e climática. Nestas
florestas, 5-6 anos após a primeira intervenção inicia-se o desbaste da
regeneração e uma gradual remoção do sub bosque. O processo de
transformação da floresta, completa-se por volta do 10° -12° ano.
Em síntese o objetivo do sistema neste caso baseia-se em elevar o
dossel superior das espécies de interesse e reduzir o número de classes de
idade na floresta.
O sistema tropical de floresta de cobertura é também aplicado em
outras regiões, obtendo resultados satisfatórios como no caso da Nigéria,
Guiana Inglesa e Trinidad e Tobago. Em alguns casos, o sistema original
sofreu modificações, objetivando-se proporcionar melhores condições de
desenvolvimento da espécie de interesse e ajustar o sistema às condições
locais. Estas modificações são conhecidas por outras denominações como:
"Método do plantio sob abrigo temporário em Trinidad e Tobago, entre
outros.
4.2.3.4.Sistema de Talhadia
Basicamente os sistemas de talhadia são métodos de reprodução
vegetativa das florestas, através da condução de brotações ou raízes das
árvores cortadas ou aneladas.
O sistema de talhadia em sua forma original, pode ser dividido em
três outros diferentes sistemas de acordo com a prática silvicultural adotada,
173
regeneração desenvolve-se em condições de rápido estabelecimento e
desenvolvimento; não expõe o solo, com isso reduz os riscos de erosão;
mantém na área as árvores porta-sementes até que a regeneração seja
estabelecida.
Desvantagem: Só produz receita após um certo período de tempo
gasto na preparação da floresta, ou seja, apresenta um alto custo inicial de
transformação da floresta.
• Aplicação:
Na Malásia o sistema tem sido aplicado nas florestas de
Dipterocarpaceas, com uma estrutura de multi-estoque, a qual é conhecido
como "Sistema Malaio Uniforme".
O ponto chave do sucesso deste sistema é a presença constante
na floresta, dos cortes de condução da regeneração, favorecendo
as espécies de interesse, principalmente a espécie Shorea leprosula
(Dipterocarpaceae).
Em Uganda, o sistema é aplicado em 2 grandes grupos de florestas
tropicais semi-decídua. O primeiro ocorre na Costa Norte e Noroeste do lago
Víctória, chamado de Mengo do Sul; o segundo grande grupo, este/ide-se
do Norte de Masindi ao Sul de Ruanda, chamado de floresta de Budongo,
Bugoma e Toro. As espécies predominantes nas florestas mistas destas
áreas são: Khaya anthotheca, Entandrophragma angolense, £ cylindricum,
E utile, Lovoa brownii, Chlorophora excelsa, entre outras, incluindo alguns
gêneros da família Meliaceae com valor comercial.
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174
Sistemas Silviculturais
Na Inglaterra o censo de 1979-1982 revela que a área ocupada pelo
sistema de talhadia simples é cerca de 25.711 ha, com uma rotação média
entre 7-9 anos com 1.500 brotações/ha.
TABELA 4.7. Seqüência das principais atividades envolvidas no sistema de talhadia
Atividades Época
1 - Inventário do estoque e divisão da área em sub-unidades de ações a-1
(talhões) *
2 - Exploração parcial (seleção) ou total (corte raso) da(s) espécie(s) de
interesse a
3-Eliminação dos indivíduos indesejados (anelamento ou
envenenamento) e limpeza dotalhão visando proporcionar
condições para um bom desenvolvimento das brotações a+ 1
4 - No caso de talhadia composta, caso a reg. natural não seja suficiente
para a(s) espécie(s) de interesse, é necessário ocupar as áreas
abertas (clareiras) pela exploração com a reg. artificial, enfatizando
a(s) espécie(s) de interesse a+ 1
. 5 - Tratos silviculturais de condução das brotações (desbaste, poda,
adubação, limpeza dos competidores indesejadose combate de
pragas e doenças) a+ (1,2...,n-l)
6 - Acompanhamento do desenvolvimento das brotações e/ou
indivíduos de alto fuste no caso da talhadia composta
(Inventário Periódico) a+ (2,4...,n-1)
7 - Ap.atingir o ciclo de corte, no caso das brotações ou árvores de alto
fuste na talhadia composta, faz-se a nova exploração e repete-se este
procedimento a+ n
n = Idade do ciclo de corte ou rotação a = ano de exploração
175
sendo eles: Sistema de Talhadia Simples, Sistema de Tafiaslia de Seleção e
Sistema de Talhadia Composta.
Na Tabela 4.7 é apresentado um quadro cora as principais
atividades envolvidas no Sistema de Talhadia. Estas atividades podem ser
implementadas ou substituídas por outras de acordo cora as características
locais (clima, solo, topografia, etc) e o tipo de fosesta envolvida
(características das espécies de interesse), bem como em função do tipo de
talhadia praticado (simples, de seleção ou composta).
O sistema de talhadia poderá ser aplicado em povoamentos
equiâneos e homogêneos impJantados através da regeneração artificial após
praticado o corte raso da cobertura florestal (p.ex.: reflorestamento com
Eucalipto).
*
Com surgimento da eletrificação rural após a 1 a Guerra Mundial, do
combustível e gás natural após a 2 a Grande Guerra, o sistema de talhadia
em florestasnaturais na Europa em geral, teve uma significativa redução.
Na França atualmente estima-se uma área de aproximadamente 5
milhões de ha destinado ao sistema de talhadia, com uma produção anual
variando entre 1,5 a 5 m 3/ha dependendo da espécie táilizada e das
características do sítio.
Na Itália 3,6 milhões de ha de floresta são destatailos à talhadia
simples ou talhadia composta, e estas vêem sendo abandonadas desde
1950 devido a imigração da população rural para as zonas urbanas.
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176
Sistemas Silviculturais
cepa, mas com o passar dos anos os brotos com menor vigor vão sendo
eliminados naturalmente, permanecendo cerca de 2 a 15 brotos/cepa.
Especificamente para espécies do gênero Eucalyptus a prática da desbrota
é freqüente. Neste caso deixa-se 2 a 3 brotos nas cepas cujo diâmetro é
superior ou igual a média quadrática destas, ou 1 broto quando a cepa tem
diâmetro inferior a média quadrática das cepas do povoamento florestal.
Cepas de grande porte, não formam brotações vigorosas, portanto a
produção de brotos a partir dessas, deverá restringir-se a árvores de pouca
idade, não mais que 40 anos.
Algumas espécies regeneram livremente através de rebentos,
brotações das raízes. Este tipo de reprodução vegetativa é bastante comum
nas regiões de cerrado no Brasil Central. Muitas dessas espécies que
regeneram por rebentos, normalmente produzem ao mesmo tempo
brotações das cepas.
As árvores devem ser abatidas próximo ao solo (5-10 cm), visando
proporcionar o surgimento das brotações das cepas ao nível do solo,
facilitando assim as atividades silviculturais posteriores, e evitar a formação
de raízes adicionais e independentes indesejadas.
O corte de colheita deve ser efetuado durante a estação de menor
atividade fisiológica das árvores. Se o corte for efetuado durante a estação
de inverno, os riscos das cepas serem danificadas pela geada aumentam,
reduzindo consequentemente o número e o vigor das brotações. Na prática,
o período para se proceder o corte dependerá também da disponibilidade
de mão de obra.
177
Nas florestas sub-tropicais de O/ea cuspidata e Acácia modesta, no
Paquistão, estas espécies são trabalhadas sob o regime do sistema de
talhadia de seleção, explorando as árvores com um diâmetro mínimo
variando entre 15 e 20 cm em uma altura de 30 cm acima do nível do solo
Na República Federativa da Alemanha atualmente são ocupados
95.000 ha pelo sistema de talhadia composta, principalmente nas florestas
comunitárias do Oeste e Sudoeste da República.
Nas Florestas Tropicais são poucas as informações conhecidas para
o sistema de talhadia composta, embora na índia este sistema envolva cerca
de 1,6 milhões de ha, suprindo a demanda local de lenha, madeira de
pequeno tamanho e outros fins.
No Brasil o sistema de talhadia mais utilizado é o sistema de talhadia
simples, praticado nos povoamentos de Eucalyptus spp destinado à
produção de celulose, papel e madeira para a indústria moveleira.
• Sistema de Talhadia Simples
O termo 'Talhadia Simples" é usado para distinguir, o sistema de
talhadia original, do sistema de talhadia composto.
O sistema de Talhadia Simples envolve a reprodução dos vegetais
por meio de brotações das cepas ou rebentos.
O número de brotos e o vigor destes, variam consideravelmente
entre as espécies e de acordo com o sítio e o clima onde estas se
desenvolvem. Normalmente surgem inúmeros brotos a partir de uma única
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Na Tansânia, experimentos feitos com Cássia sianea, apresentou o
mês de maio como o período mais favorável para o corte das árvores
destinado a condução de suas brotações.
O Sistema de Talhadia Simples é uma técnica essencialmente
destinada à produção de madeira para fins energéticos (lenha ou carvão) ou
para obtenção de madeira de pequeno a médio tamanho (p.ex.: escoras
para a construção civil, pequenas peças de madeira, etc), bem como para o
abastecimento de matéria prima às indústrias de papel e celulose, visto que
em todos estes empregos não se exige grandes diâmetros das toras.
No Brasil os povoamentos equiâneos de Eucalyptus spp, sob o
sistema de talhadia simples apresentam uma rotação que varia de 7-10 anos,
de acordo com as condições do sítio. No caso dos objetivos serem a
obtenção de produtos para serraria, o ciclo de corte varia entre 15-25 anos,
dependendo da produtividade do local e da dimensão, final do produto
desejado.
No Sistema de Talhadia Simples a rotação é determinada
principalmente com base no tamanho do produto final desejado.
Vantagens: é um sistema simples e fácil 'de ser conduzido, a
reprodução dos. vegetais é normalmente mais segura e mais barata do que
via semente, o crescimento inicial é mais rápido, a prática do desbaste
fornece produtos num menor tempo antecipando a geração de receitas,
homogeneidade da produção e da qualidade do produto final.
178
Sistemas Silviculturais
Desvantagens: o produto final é geralmente de pequeno a médio
tamanho e o sucesso financeiro do sistema dependerá da existência de
mercado para tal produto; a aparência do povoamento é monótona
(povoamento equiâneos e homogêneos); grande número de mão de obra
envolvida devido as várias intervenções necessárias; grande extração de
nutrientes do solo, principalmente nos sistemas de curta rotação, entre
outras desvantagens,
x
• Sistema de Talhadia Seletivo
É uma variação do sistema de talhadia simples onde o resultado
final é geralmente a obtenção de uma floresta multiânea e mista quanto a
composição de espécies.
Em síntese o Sistema de Talhadia Seletivo é similar ao Sistema
Seletivo em Floresta Alta', onde um diâmetro mínimo de exploração é frxado
de acordo com as dimensões do produto final e a idade estimada em que as
brotações atingirão esse diâmetro. Essa idade determinará a rotação.,
A área deve ser dividida em talhões de acordo com a rotação, ou
seja o número de talhões deverá ser igual ao número de anos necessário
para que as brotações completem o seu ciclo de corte. Apenas os indivíduos
que tiverem alcançado o diâmetro mínimo de exploração serão colhidos.
Na prática este sistema varia em detalhe à cada caso, por exemplo:
rotação de 30 anos com dois ciclos de corte de 15 anos ou três ciclos de
corte de 10 anos cada; rotação de 27 anos com três ciclos de 9 anos cada
ou rotação de 21 anos com 3 ciclos de 7 anos cada.
179
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180
Sistemas Silviculturais
181
brotações das cepas e; o segundo formado por um estrato superior com
idade desigual, chamado de dossel superior, originado a partir da
reprodução por alto fuste (sementes ou mudas - natural ou artificial),
conforme mostra a Figura 4.5.
Em síntese o sistema é uma mistura de árvores formadas a partir da
brotação das cepas crescendo sob um dossel formado por árvores
formadas pela reprodução de alto fuste. Resultando em produtos de várias
dimensões.
O propósito de se deixar o dossel superior na área é de providenciar
uma certa quantidade de madeira de maior dimensão, produzir sementes
para a regeneração natural (árvores porta sementes). E, em alguns casos,
proporcionar uma proteção ao sub-bosque contra os possíveis danos de
vento e geadas, bem como a exposição direta a luz solar no caso das
espécies pouco tolerantes ao sol.
O ciclo de corte é fixado de acordo com o tamanho da área, a qual
é subdividida nas muitas unidades de ações anuais (talhões) conforme a
idade de rotação (igual ao sistema de talhadia simples).
Junto com cada ação anual de derrubada (exploração do talhão) as
seguintes operações devem ser conduzidas simultaneamente:
• O sub-bosque deve ser abatido através do corte raso, como no
sistema de talhadia simples.• Um certo número de árvores do estrato superior deve ser abatido
(a partir do diâmetro mínimo estabelecido) e o restante deve ser
preservado para os próximos ciclos de corte, garantindo assim a
Este sistema é geralmente usado em solos menos produtivos e
normalmente pedregosos; em campos acidentados inóspito para a
agricultura e onde as árvores das floresta nativas não atingem grandes
dimensões.
Vantagens: O solo permanece constantemente coberto diminuindo
assim os riscos de erosão, devido aos constantes cortes de exploração dos
indivíduos que alcançam o diâmetro mínimo explorável, além do desbaste
das competidoras. Há uma antecipação na geração de receita, entre outras
vantagens.
Desvantagens: A operação de exploração é mais trabalhosa e
danifica os indivíduos remanescentes menores. O desenvolvimento dos
brotos é menor que no sistema de talhadia simples e exige um rígido
controle do desenvolvimento das brotações e acompanhamento do estoque
de produção.
• Sistema de Talhadia Composta
É uma variação do sistema de talhadia simples na qual populações
sob regeneração, a partir de brotações de cepas, são formadas sob o fossei
superior composto por árvores advindas da regeneração por meio de
sementes ou mudas.
O Sistema de Talhadia Composta tem dois componentes distintos, o
primeiro formado por um estrato inferior com idade uniforme, chamado de
bosque ou arvoredo, e originado da reprodução vegetativa por meio das
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ANTES DO CORTE
APOS O CORTE
FIGURA 4.5. Ilustração do Sistema de Talhadia Composta
Sistemas Silviculturais
Estas operações devem ser repetidas regularmente a cada ciclo de
corte. No caso do exemplo citado na Figura 4.5, as ações de exploração do
sub-bosque (arvoretas formadas a partir de brotações das cepas) tiveram
seu ciclo de corte estipulado em 25 anos e o estrato superior (originário de
árvores formadas através da reprodução por alto fuste) uma rotação de 100
anos, com ciclos de cortes (exploração) variando em função do
desenvolvimento das árvores (até alcançarem o diâmetro mínimo de
exploração). t
A seleção das árvores para serem abatidas ou preservadas deve
levar em conta o número médio de árvores por unidade de área, sua
distribuição sobre a área e manter uma correta proporção de árvores por
classes de idade e tamanho (manutenção da estrutura original da floresta).
O número de árvores ou volume da madeira (área basal) a ser
preservado, depende da importância ecológica relativa desta espécie no
dossel superior e nos estratos inferiores da floresta.
A derrubada de exploração não é restrita apenas àquelas árvores
que tenham alcançado o diâmetro mínimo de exploração, mas também
inclui a remoção das árvores mortas, defeituosas, doentes e aquelas sem
interesse comercial, que ocupam grande parte do dossel (copas grandes).
A remoção pode se estender às árvores sadias, .mas que estejam em
excesso, causando competição entre si (desbaste).
Os tratos silviculturais devem se estender por todo o período de
desenvolvimento de ambos estratos, compreendendo as seguintes
atividades: a) limpeza - consiste na remoção das ervas daninhas, espécies
indesejadas e cipós; b) desbaste - tem por objetivo livrar as árvores jovens
183
proteção dos estratos inferiores e a produção de sementes para
a regeneração natural futura.
• As aberturas na floresta, causadas por morte natural das cepas e
árvores do dossel superior ou pela exploração (em ambos
estratos) devem ser ocupadas pela condução da regeneração
natural ou se necessário introdução da regeneração artificial,
com ênfase nas espécies de interesse, garantindo assim o
suprimento de ambos os estratos às explorações futuras.
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184
Sistemas Silviculturais
4.2.3.5.Sistema Celos de Manejo
A exploração comercial da madeira em florestas tropicais da
América do Sul, na maioria das vezes fica restrita a um número muito
pequeno de espécies. Na tentativa de reverter este quadro, bem como
explorar estas áreas de maneira sustentável, a Universidade de Wageningen
na Holanda e a Universidade Anton de Kom no Suriname, desenvolveram em
conjunto o sistema de manejo CE3-OS.
A sigla CELOS é uma abreviação holandesa para Centre for
Agricultural Research in Suriname. Este sistema teve início em 1965 e foi
interrompido em 1983, por questões políticas.
Basicamente o sistema CELOS compreende dois aspectos
independentes; um primeiro onde a floresta é submetida a técnicas ou tratos
silviculturais, para reduzir os danos à floresta residual, bem como os custos
da exploração e um segundo, visando aumentar a produção das espécies
de valor comercial, com redução do ciclo de corte.
Conforme esses princípios, o Sistema de Manejo Celos - SMC foi
desenvolvido nas florestas tropicais do Suriname, compreendendo dois
aspectos: o Sistema Celos de exploração e o Sistema Celos Silvicultural.
O Sistema Celos de exploração consiste em uma meticulosa
organização do trabalho, ou seja, uso de técnicas especiais de exploração e
ênfase no inventário como essencial ao plano, resultando em uma
considerável redução dos danos à floresta residual. Este sistema inclui a
elaboração de mapas com as características do terreno e localização das
árvores a serem cortadas; planejamento e abertura de trilhas para a
185
promissoras e as brotações das cepas com crescimento vantajoso da
competição, assim como eliminar as árvores mortas e doentes; e c) poda -
visa produzir madeira livre de nó e de boa qualidade como produto final da
exploração (colheita).
Vantagens: Fornece material de diferentes tamanhos e em uma
considerável variedade de espécies, suprindo a demanda local de materiais
de pequeno, médio e grande porte (lenha, poste, madeira para serraria, etc);
produz rápido retorno financeiro; exige um pequeno investimento inicial
quando comparado com muitos outros sistemas; providencia uma melhor
cobertura do solo e consequentemente minimiza os danos por erosão; e a
grande diversidade de espécies e estratos (classes de diâmetro e idade)
propicia uma boa aparência à floresta; além de permitir a presença e
manutenção da fauna silvestre local.
Desvantagens: É difícil de ser aplicado corretamente, mantendo um
balanço adequado entre estoque do sub-bosque (brotações de cepas) e
dossel superior (reprodução por alto fuste) e uma correta distribuição
desses indivíduos nas classes de idade e diâmetro; o crescimento do
sub-bosque abaixo do dossel superior é em geral menos vigoroso do que na
talhadia simples e; a colheita do produto final requer mais trabalho (mão de
obra) do que áreas de tamanho equivalente sob o sistema de talhadia
simples.
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186
Sistem as Silviculturais
plantas de interesse comercial. Este refinamento é implementado poucos
anos antes do corte.
TABELA 4.8- Distribuição do volume (m3/ha) de todas as espécies e de um grupo de 30
espécies comerciais em 16 parcelas de 1 ha antes e após o tratamento
silvicultural
Classes de Diâmetro
5-15 15-30 30-45 45-60 60-75 75-30 90-105 Total
Todas espécies em
1975 17 59 69 60 63 31 9
308
Todas espécies em
1979 15 44 31 15 6 1 1
113
Espécies comerciais
em 1976 0 4.1 9,1 6,1 2 0,4 0,5
22,2
Espécies comerciais
em 1982 0 4,5 15 10,4 3,1 1,1 0
34,1
Segundo Boxman et al. (1985), o Sistema de Manejo Celos
proporciona, para as florestas tropicais ue l e n a m ™ ^
exploração superior a 20 m 3/ha de madeira comercia! de alta qualidade, em
um per,íodo de ciclo de corte variando de 25-30 anos.
A Tabela 4.9 representa a seqüência das principais atividades
envolvidas no Sistema de Manejo Celos.
187
localização das árvores a serem cortadas etransportadas; extração da
madeira através de arraste por guirtcho (caso possível) e registro do fluxo de
toras. Com o uso deste sistema, o custo da exploração reduz-se em torno
de 10-20% e os danos da exploração em 50% (Boxman et al., 1985).
Já o Sistema Silvicultural CELOS é implementado após a
exploração, visando aumentar o desenvolvimento das espécies
remanescentes de interesse comercial. O primeiro refinamento é feito para
que haja um aumento da representação das espécies comerciais em relação
às não-comerciais e é implementado um a dois anos após o corte.
Recentemente não mais é feito em toda a área, mas spmente num raio de 10
metros daquela planta que se quer íãoerarda concorrência, eliminando-se as
não-comerciais com mais de 20 cm e os cipós. Esta vegetação cortada vai
incorporar mais rapidamente nutrientes ao solo e, normalmente, há um
acréscimo em diâmetro de 4 para 10 mm e um aumento- da taxa de
mortalidade de 1,5 para 2% ao ano a partir da aplicação do método. Neste
refinamento ocorre redução da área basal de 31 para 12 a 16 m 2/ha.
Aproximadamente 8 a 10 anos após o primeiro refinamento é feito
um segundo, já que a taxa de crescimento começa a declinar. Este
refinamento é similar ao primeiro, só que eSiminando plantas não-comerciais
acima de 10 cm de diâmetro. Após este refinamento as comerciais
predominam, conforme pode-se ver na Tabela 4.8.
Um terceiro refinamento ainda é implementado com o objetivo
principal de remover cipós para preparar o novo corte em torno dos 20-25
anos, reduzindo assim os danos da exploração e eliminando pequenas
árvores de espécies indesejáveis que poderiam suplantar as pequenas
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TABELA 4.9. Seqüência das principais atividades envolvidas no Sistema de Manejo Celos
Atividades Período (anos)
1 - Inventário detalhado do estoque comercial e regeneração;
enumeração das árvores de interesse comercial (a-2)
2 - Demarcação das sub-unidades de ação, estabelecimento das vias
de acesso e transporte das árvores abatidas e localização das
árvores selecionadas para exploração a-1
3 - Exploração das árvores selecionadas (marcadas) a
4 - Registro das toras a
5 - Extração das toras através de guinchos a+ (1/12)
6 - Trato silvicultural de condução dos remanescentes da exploração
(1 o refinamento e remoção dos cipós), se necessário regeneração
artificial a+ 2
7 - 2 o refinamento e remoção de cipós a+ 10
8 - Preparação para 2 a exploração (remoção de cipó) a+ (n-1)
a = ano da exploração e n = idade do ciclo de corte
Obs: Estas atividades devem ser repetidas, a partir de cada novo
ciclo de corte.
Recomendações Finais ,
Por fim pode-se afirmar, com base no exposto acima que não há um
sistema silvicultural perfeito. Deve-se portanto, ajustar as atividades de tratos
silviculturais e os princípios destes sistemas às características particulares
do sítio e da(s) espécie(s) objeto do manejo buscando com isso a
sustentabilidade da floresta e a economicidade da atividade ou do
empreendimento florestal.
188
5
MODELAGEM DA PRODUÇÃO, IDADE
DAS FLORESTAS NATIVAS,
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS
ESPÉCIES E A ANÁLISE ESTRUTURAL
José Roberto S. Scolforo
2
Frederico Aparecido Pulz
José Marâo de Melo
O Brasil é um pas com grande vocação florestal, apresentando em
tomo de 6,8 milhões de hectares de florestas plantadas e 385 milhões de
florestas nativas. Nas florestas plantadas, a base cadastral, em conjunto com
o inventário florestal contínuo, permite um eficiente acompanhamento do
crescimento e da produção, os quais possibilitam definir claramente a
rotação física e também a rotação econômica, amparando tais definições em
modelos de classificação de sítio e modelos de prognose da produção.
. Professores do Departamento de Ciências Florestais - UFLA
2. Estudante de Pós Graduação em Engenharia Florestal
189
r
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
190
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural
191
de intervenção; dos danos causados à população residual no momento da
exploração e transporte, dentre outros. No tocante aos modelos de
prognose, e em que pese a impossibilidade de efetuar classificação através
do método de índice de sítio e da dificuldade de se ter controle da idade
nestas populações, é possível desenvolver ou aplicar a teoria de projeção de
tabelas do povoamento às florestas nativas. Podem-se citar, dentre outros,
os trabalhos de Adams e Ek (1974), Linch e Moser Jr. (1986), Moser (1972),
Turnbull (1963), Bolton e Meldahl (1989). No Brasil, as experiências em
prognose da produção estão restritas a trabalhos desenvolvidos por Silva
(1989), através do Standpro, desenvolvido por Kofod em 1982 e atualizado
por Korsgaard em 1988. Este modelo baseou-se no tempo de passagem e
no quociente de "De Liocurt", e foi utilizado para realizar projeções na
Floresta Nacional do Tapajós, com o objetivo de simular os efeitos de
tratamentos silviculturais nos parâmetros do povoamento (crescimento,
mortalidade, ingressos e movimento das árvores). Este autor recomenda
que o ciclo de corte deve ser de 25 a 30 anos após a 1 a colheita para a
floresta em questão.
Outros trabalhos foram desenvolvidos por Azevedo (1993), Freitas e
Higuchi (1993) e Higuchi (1987) todos eles fazendo uso da cadeia de
Markov. Neste procedimento, estudam-se os fenômenos, a partir de um
estado inicial, os quais passam por uma seqüência de estados, sendo que a
transição entre os estados ocorre segundo uma probabilidade.
Scolforo et al. (1996) utilizou o método razão de movimentação dos
diâmetros para gerar as tabelas de produção. A seguir apresenta-se como
construir um modelo de produção baseado no método citado.
Nas florestas nativas, além de toda a complexidade de sua
composição, com um grande número de espécies apresentando as mais
diferentes características silviculturais, ecológicas e tecnológicas, poucas
são as informações de como as plantas crescem, seja em áreas intactas,
seja em áreas exploradas, ou ainda em áreas sujeitas a regime de manejo.
Um dos importantes pontos a serem abordados para estas florestas é a
definição do ciclo de corte, e também o conhecimento de como o número
de árvores por classe de diâmetro evolui ao longo do tempo. Muitos outros
pontos são relevantes para que as florestas nativas possam ser utilizadas em
bases sustentadas podendo-se citar: o conhecimento da distribuição
espacial das espécies; a fitossociologia; a suscetibüidade das espécies
florestais à exploração; a economicidade do manejo sustentado; uma maior
eficiência no processo de beneficiamento e aproveitamento da madeira, a
racionalização das técnicas de exploração e transporte, dente outras.
| 5.1.' MODELO DE PRODUÇÃO BASEADO NA RAZÃO DE
MOVIMENTAÇÃO DOS DIÂMETROS
j As experiências com manejo de florestas nativas no Brasil são ainda
em número reduzido. Podem-se citar, dentre outros, os trabalhos realizados
por Cruz (1991), Thibau et al. (1982), Jesus, Menandro e Thibau (1984a,b),
Jesus, Souza e Garcia (1992), Jesus e Menandro (1984, 1984), Higuchi e
Vieira (1990), Souza (1989), Lamprecht (1990), Silva (1989, 1990, 1991,
1993); Veríssimo et al. (1992), Barreto, Uhl e Yared (1S93), Uhl et al. (1990),
Almeida e Uhl (1993), UW et al. (1992), Yared e Souza (1993), Souza et al.
(1993), Vale et al. (1994), Scolforo, Mello e Lima (1994), Tabai (1994), Volpato
(1994) e Scolforo (1995). Nestas experiências, têm predominado os estudos
da regeneração da floresta residual após intervenção; dos diferentes níveis
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Área
Foi utilizado um remanescente de floresta semidecídua montana em
Lavras, conforme classificação definida por Oliveira-Filho,Scolforo e Mello
(1994), na região sul de Minas Gerais (21°13'40"S, 44°57'50"W, 925 m de
altitude), cuja área total é de 5,8 ha. O clima é do tipo Cwb de Koppen
(mesotérmico com verões amenos e estiagem de inverno). A precipitação e
a temperatura média anual são 1493,2 mm e 19,3°C, respectivamente, com
66% da precipitação ocorrendo no período de novembro a fevereiro (Vilela e
Ramalho, 1979).
Fonte de Dados
Foram distribuídas, na área em questão, 126 parcelas, nas quais, no
primeiro inventário em 1987, efetuou-se medição da circunferência à altura
do peito (CAP) de todas as árvores com CAP > 15,7 cm. No segundo
inventário, realizado em 1992, foram medidas, além da CAP de cada árvore,
a altura do fuste comercial e também sua qualidade (1 = fustes retilineos;
2 = fustes ligeiramente tortuosos; 3 = defeituosos ou mortos) e o estado
fitossanitário das árvores (1 = árvore sadia; 2 = árvores doentes ou
atacadas por inseto; 3 = árvores mortas/ocas), detectando-se 146 espécies
distribuídas em 52 famílias. *
192
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
193
Quantificação do Incremento Periódico, da Mortalidade e do
Recrutamento na Floresta
Para um estudo mais detalhado da dinâmica da floresta, foi obtido
para cada espécie e por classe de tamanho, o incremento periódico do
diâmetro, o incremento periódico da área basal e o número de árvores que
gerou tal informação, utilizando-se para tal o software "SISNAT" (Sistema
para Florestas Naturais).
Como ingresso ou recrutamento consideraram-se todas as plantas
que no 2 o inventário entraram no processo de medição. Também a
quantificação da mortalidade foi obtida após a realização do 2° inventário.
Para obter a estimativa do número de árvores mortas, foram
ajustados uma série de modelos matemáticos disponíveis em literatura,
conforme apresentado na Tabela 5.1.
Para obter a estimativa do recrutamento foram ajustados uma série
de modelos matemáticos disponíveis na literatura. Partindo do
conhecimento prévio do comportamento desta variável em floresta nativa,
pode-se ajustar uma série de outros modelos, cujo melhor desempenho
pode ser verificado no modelo (4), mostrado juntamente com os demais na
Tabela 5.2.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 5.1. Modelos para expressar o comportamento da mortalidade de plantas em
florestas nativas
Autor Modelo
AdamseEk(1974) M t = po Ni O)
Hamilton (1974)
1
M =
1 + exp(p0 + PiG + P2D,)
(2)
Moser (1972)
5 NM
-= poNt
St
(3)
Exponencial negativa
Scolforo etal., 1996
Mi = PoeP"" (4)
em que:
Mt = número de árvores mortas num período de tempo especifico
Nt = número de árvores vivas num período de tempo específico
M = probabilidade de mortalidade de árvores num período de tempo específico
G = área basal/ha
Di= Diâmetro a 1,30 m em cm
NM = número de árvores mortas num período de tempo específico
Mi = número de árvores mortas num período de tempo específico
di = valor central da iésima classe de diâmetro
pi = parâmetros a serem estimados
e, exp = exponencial
194
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural
TABELA 5.2. Modelos para expressar o comportamento do recrutamento de plantas em
floresta nativa
Autor Modelo
Moser (1972) lt = P o e-pKGt/Nt) d)
Adamse Ek(1974)
lt =
_ gmi + g2n2
R 1
+ ... + gnnk pi
(2) lt = Po 1
l i m + n2 + ... + nic J
(2)
Davidson et al.^1989) it = p 0 N t p 1 exp(-p 2GtP 3 . Nf1) (3)
Exponencial negativa
Scolforo et al., 1996
li = PoePidi (4)
em que:
lt = recrutamento das plantas num período de tempo específico
Gt = crescimento em área basal num período de tempo especifico
Nt = número de árvores sobreviventes num período de tempo específico
gi = área basal na iésima classe de diâmetro
ni = número de árvores na iésima classe de diâmetro
li = recrutamento das plantas num período de tempo especifico
di = valor central da iésima classe de diâmetro
e, exp = exponencial
p, = parâmetros a serem estimados
Modelagem em Floresta Natural
De forma complementar ao item anterior foi aplicada a teoria de
projeção das tabelas do povoamento a florestas nativas. O uso destas
baseia-se em dois pontos: um primeiro é a necessidade de existirem dados
de incrementos em diâmetro, e um segundo, de como eles podem ser
aplicados. Deve-se considerar que mudanças na estrutura da floresta
colocam em xeque informações de incremento passado existentes para o
povoamento em questão. Neste caso, projeções por períodos longos não
são recomendáveis.
195
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
195
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural
percentual de árvores que avançam uma classe de diâmetro em relação ao
terceiro dígito a partir da direita. No exemplo, 15% das árvores movem-se
duas classes de diâmetro, e as 85% restantes movem-se uma classe de
diâmetro, com nenhuma árvore permanecendo na classe original. Se o
incremento for 0,8 cm, e a amplitude da classe 2 cm, a razão de
movimentação é 40%. Assim, 40% das árvores ou espécies movem-se uma
classe de diâmetro e 60% permanecem na classe de diâmetro original.
Após implementada a movimentação por classe de diâmetro,
descontam-se. as árvores mortas, utilizando-se equação que estima esta
variável. Deve-se também agregar às árvores existentes em cada classe de
diâmetro, o número de árvores que ingressaram no processo de medição.
5.1.1. Equações para Gerar o Modelo de Prognose
Mortalidade
Dentre os modelos ajustados da Tabela 5.2, pode-se observar
através da análise do coeficiente de determinação (R 2), do erro padrão da
estimativa (Syx) e da distribuição dos resíduos, que o modelo 4 foi o mais
eficiente para estimar a mortalidade das árvores.
Observou-se que o maior número de árvores mortas está
concentrado na menor classe de diâmetro, conforme apresentado na Figura
5.1. Pode-se verificar nesta figura que o comportamento do número de
árvores mortas em relação às classes de diâmetro segue o padrão da
função exponencial negativa, o que é confirmado ao verificar a equação.
197
O uso de projeção das tabelas do povoamento deve estar
condicionado a algumas perguntas. Será que árvores que há 20 anos tinham
30 cm de DAP e cresciam a uma taxa de 0,8 cm/ano, continuam mantendo
esta taxa? Se não mantém, qual a nova taxa de crescimento, e a partir de
que momento esta sofre alterações? Outras dúvidas podem existir. Por
exemplo, se hoje existem árvores com 30 cm, crescendo a uma taxa de
0,6 cm/ano, isto quer dizer que daqui a 10 ou 15 anos, quando a floresta
pode ter outra estrutura, devido a causas naturais ou intervenções
provocadas pelo homem, que árvores com 30 cm continuarão a crescer à
taxa de 0,6 cm/ano?
Dentre os métodos disponíveis na literatura, utilizou-se o do
incremento diamétrico médio, reconhecendo dispersão dentro da classe de
diâmetro. Este método pode ser utilizado, mesmo quando a distribuição dos
diâmetros não é conhecida na classe de diâmetro, assumindo-se que esta é
uniforme. Dentro desta suposição, a proporção de árvores que avançaram
no lado direito da classe pode ser definida como a razão de movimento.
IP
m = . 100
AD
em que:
m = razão de movimento; $
IP = incremento periódico do DAP;
AD= intervalo da classe de diâmetro.
Assim, considerando um incremento de 2,3 cm e um intervalo de
classe com amplitude de 2 cm, então a razão de movimento é 115%
[(2,3/2,0). 100 = 115%]. Neste caso, os dois dígitos à direita expressam o
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
Mj= 1046,95835 e" 0 ' 3R 2 = 99,2%
Syx= ± 3,089 arv/ha
Syx%= 25,01%
"»' • i . • »1 i • . — . — . — • — i — . — , — , — , — , — ,
7,5 12,5 17,5 22£ 27,5 32,5 37,5 42,5 47,5 5 2 £ 57,5 GZfi 67,5 72,5
Classes d« diâmetro (cm)
FIGURA 5.1. Número de árvores mortas/ha/classe de diâmetro
No entanto, embora morram mais árvores suprimidas na floresta,
pode-se observar na Figura 5.2 que uma maior proporção de árvores mortas
é encontrada nas maiores classes de diâmetro, já que a distribuição
198
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural
4,3
4 •
3,5
3
2,5 4
2
1.5
I •
0,5
O . . . < 1,U i, 1 t -JhhL , ,
7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5 37,5 42£ 47.5 52£ 57,5 6ZS 67,5 72,5
C l o s s e s d e d i â m e t r o (cm)
FIGURA 5.2. Valor percentual de árvores mortas/classe de diâmetro
199
decrescente, típica das florestas nativas, deixa claro um menor número de
árvores nestas classes. Assim, qualquer modalidade que ocorra nestas
classes assume um alto valor percentual. Em termos médios para a floresta,
obteve-se que o percentual de árvores mortas é de 1%, o que está em
conformidade com valores obtidos por De Graaf (1986), Jonkers (1988) e
Silva (1989).
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
Recrutamento
Da mesma forma que para a mortalidade o modelo 4 foi o que
apresentou melhor desempenho na estimativa do recrutamento, conforme
ilustrado a seguir.
I i= 32.887,3423 e " 0 ' 6 7 1 6 *
r 2 = 99,99%
Syx = ± 0,31 arv/ha
Syx%= 3,48%
Como ilustrado na Figura 5.3, o ingresso das árvores no processo
de medição é quase que total na primeira classe de medição. Este valor
anual correspondeu a 5,5% do total de árvores, após 5 anos de
monitoramento. Este resultado é semelhante ao encontrado por Silva (1993)
na Floresta Nacional de Tapajós, cuja taxa de ingresso anual foi de 5,4%
após 7 anos de monitoramento da Floresta. Quando comparado ao número
de árvores mortas no período de 5 anos (59 árvores/ha), pode-se constatar
que o recrutamento (155 árvores/ha) supera em mais de 2,5 vezes, o que
caracteriza o processo de desenvolvimento da floresta.
Com relação aos grupos de espécies considerados na floresta em
questão, verificou-se que as espécies frutíferas foram as que apresentaram
maior ingresso no processo de medição, (116,4 indivíduos ao ano), seguidas
das clímax exigentes de luz (71,6 indivíduos ao ano); das clímax tolerantes à
200
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
2 5 0
J = 2 0 °
£ 1 5 0
c
E IOO o
O)
7,5 12,5 17,5 22fi 2*5 32.5 375 42J5 475 5?5 575 62,5 675 72.5
C l o s s e s d e d i â m e t r o ( c m )
FIGURA 5.3. Ingresso de árvores no processo de medição
* A soma destes valores difere do número de recrutamento (155/ha/ano); já que uma mesma
espécie pode compor um ou mais grupos (frutíferas..... pioneiras).
201
sombra (56,1 indivíduos ao ano),niaTesíéãe7^o7ri^^
(27,7 indivíduos ao ano); e das pioneiras (6,9 indivíduos ao ano)*.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
Equações para Expressar o Incremento Periódico
Utilizando-se os valores de ãncremento periódico obtidos para a
mata toda, para as espécies comerciais, para as espécies clímax exigentes
de luz, para as espécies clímax tolerantes à sombra, para as espécies
frutíferas e para as espécies pioneiras, pode-se através do método
"Stpewise", construir modelos que expressam o comportamento do
incremento periódico em relação às classes de diâmetro, conforme
apresentado na Tabela 5.3.
Na Figura 5.4, são apresentadas, respectivamente, as curvas de
incremento periódico estimados, em relação aos valores reais, por grupo de
espécies, conforme equações apresentadas na Tabela 5.3.
Conforme se pode constatar na Figura 5.4 (a), o incremento
periódico é menor nas menores classes de diâmetro, progredindo com o
aumento destas, e por fim apresenta a desaceleração nas maiores classes
de diâmetro. Em média, pode-se verificar que o incremento periódico anual
(IPA) nas classes menores que 27,5 cm de diâmetro (valor central da classe)
é de 0,324 cm. Nas classes de 32,5 a 47,5 este valor é de 0,57 cm. Já nas
classes de 52,5 a 67,5 cm, este valor é de 0,624 cm, e nas classes maiores
que 67,5 cm, este crescimento é de 0,488 cm.
Verificou-se ainda, que das 146 espécies estudadas, que a X/lopia
brasiliensis, Rollinia sylvatica, Sclerolobium rugosum pluríjugum, Piptadenia
gonoacantha, fícus pertusa, Zanthoxylum rhoifolium, Solanum inaequale,
Alchornea triplinervea apresentam crescimento destacado em diâmetro,
com taxas anuais médias de 0,68 cm, 0,78 cm, 0,64 cm, 0,92 cm, 0,66 cm,
0,60 cm, 0,64 cm, 1,08 cm, respectivamente.
202
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutura!
TABELA 5.3. Equações que
espécie
estimam o incremento periódico (1987-1992) por grupo de
Grupo de Espécie Equações
(%)
Syx
(Ln/cm)
Mata toda Ln(IP) = 0,037847 CLD - 0,000298 CLD2 93,3 0,263
Espécies comerciais Ln(IP) = 0,0304 CLD - 3,676286 E-S CLD4 92,2 0,305
Espécies clímax
exigentes de luz
Ln(IP) = 0,03319 CLD - 2,525192 E-6 CLD3 95,2 0,253
Espécies clímax
tolerantes à sombra
Ln(IP) = 0,054064 CLD - 0,000432 CLD2 90,0 0,424
Espécies frutíferas Ln(IP) = 0,056958 CLD - 0,000559 CLD2 95,1 0,276
Espécies pioneiras Ln(IP) = 0,073848 CLD - 0,000679 CLD2 96,6 0,249
em que:
Ln = logaritmo na base e;
CLD = valor central da classe de diâmetro;
IP = incremento periódico (1987 -1992);
R2 = coeficiente de determinação;
Syx = erro padrão da estimativa (Ln/cm).
203
U F L A / F A E P E j J ^ ^ ^
e<
7-
6
5
4
3
2
I
O
L „ ( I P ) ' ° P 3 7 8 4 ,
CLD _ O , 0 O 0 2 3 8 C L D
r2 = 9 3 , 3 %
— Eitimodo
m Ob«r«0<10
L n ( I P ) = 0 , 0 3 0 4
C L D _ 3 , 6 T 6 2 B E - 8 C L D '
^ = 9 2 , 2 1 % Í
B * - . 9 5 , 2 2 %
£ o -o.òoossgcto'1
# = 9 5 , 1 3 %
, e ) C L A S S E S DE D I Â M E T R O C o l
L n ( l P ) « 0 , 0 5 4 0 6 4 4
C L D - 0 , 0 0 0 4 3 2 C L I T •
r2 I 90,01 % ^
1196
O I2,S 22,5 32,5 ' 5 2 5 ' 62 ,5 72,5
ld )
Ln(IP>>0.0T3e48 .
CLD — O , 0OOS79 C L D
r2= 9 6 , 6 5 % ' '
125 2 2 5 3 2 5 42.5 5 ^ 5 6 2 . 5 72,5
( f ) C L A S S E S DE D I Â M E T R O t e m )
FIGURA
C L A S S E S DE u i » ™ * - —
5 A incremento P ^ ^ S S í 3 S 5 ' ^ K
f e S ^ S S ^ S S Í l sombra; e) frutKeras; O pioneiras
204
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural
205
5.1.2. Modelo de Produção
Desenvolveu-se ainda o modelo de prognose da estrutura da
floresta em questão. Foi utilizada estrutura original da floresta, obtida do
inventário realizado em 1992, e então quantificado o percentual de
movimentação em função da classe de diâmetro.
A Tabela 5.4 mostra a prognose da estrutura de uma floresta
semidecídua montana, num período de 20 anos. Foram considerados 4
períodos de 5 anos para efeito das prognoses, nos quais se detectou a
movimentação de árvores por classe de diâmetro, descontaram-se as
árvores mortas em cada classe de diâmetro e acrescentaram-se os
recrutamentos também por classe de diâmetro.
Conforme se pode observar nesta tabela, a estrutura da floresta na
menor classe de diâmetro permance inalterada ao longo dos 20 anos de
prognóstico. Nas demais classes de diâmetro, há um aumento progressivo
do número de árvores, o que demonstra o desenvolvimento da floresta.
Assim, se for desejado implementar o manejo na floresta em
questão, pode-se observar que, no período de 20 anos, houve um acréscimo
de 176,4; 169,4; 77; 34,5; 25,3; 18,6; 11,9; 3,7; 3,5; 2,8;3,0; 2,3; 0,8 e 0,6
árvores, respectivamente nas classes com valor central igual a 12,5; 17,5;
22,5; 27,5; 32,5; 37,5; 42,5; 47,5; 52,5; 57,5; 62,5; 67,5; 72,5; 77,5.
TABELA 5.4. Prognose da estrutura de um floresta semldecidua montana.
CI .ASSESDE V D E IP R A / \ O D E " i DE ARVORES V 1)1- ARVORTS V D E A R V O R T - S V D E A R V O R E S V I I I . POP RJ-SID
D I Â M E T R O -VRVORES (ou) M O V I M E N T A Ç Ã O M O V I M E N T A N D O - M O V I M E N T A N I X K S E NAS APÓS A MORTAS I N O R O W T H tfOS 1
Sli NAS CI .VSS1S CI -UiSES D E D I Â M E T R O M O V I M E N T A Ç Ã O \NOS
l )E D I Â M E T R O
0 1 j " 0 1 1
1
3-10 181.7 1.71 u "76" " " 2 4 ~ 441.6 140,1 441.6 7.1.6 211.1 581,5
1
1013 187.9 1,64 11 67 3J 125.9 61.0 266.0 12.5 7.4 260.»
1 1 3-10 96.8 l . l l 10 70 10 67.8 29.0 129.8 1.1 0.1 138.0 1 35-10 56.7 1.75 15 63 15 16.9 19.8 65.9 0,4 0.1 61.1 1
13-30 J7.I 1,96 19 ( 1 19 11.6 14.1 41.9 0,1 42.1 0 1 0 J 3 15.9 2.28 44 14 46 1.6 7.1 11.1 21.1 0
35-40 9.7 2.10 4« 54 46 5,2 4.1 12.5 12.5
8.0 0 40-15 6.2 7.19 44 56 44 1.1 ! .7 8.0
12.5
8.0 0
4 ! 50 2.6 4.65 91 7 91 0.1 2.4 1.9 2.9
3 10-33 1.0 5,10 10] os 2 0.98 0.02 1.4 2.4 3 1 3 4 0 1,0 4.20 84 16 84 0.1 0,8 l . l l 1.18 s ( .0 *5 n.6 1.17 Cl )7 6.1 o. : 0.4 1,01 1.01
65-70 M M - 57 41 57 0,4 0 , I |
70-71 0,2 ! ,50 So 50 50 0,1 0.1 0,1 0,1
71.«Q • 0,1 0,1
C I .U iSES D E
D I Â M E T R O
S* DE ARV M U V I M l i N 1 ANÍX>-f ík NAS t'LuiSl!s l l l-
D I Â M E T R O
0 1 J
N U M E R O DE ARV APOS A
M O V I M E N T A Ç Ã O
V DE ARVORES
MORTAS
N'!)!-. INOHOSVni TO!' RESIDUAL
APOS 10 ANOS
1-10 445.5 140.0 441.5 71.6 211.5 581.4
10-15 174.8 86.1 114.8 12.5 7.4 109.7
13-10 89.6 18 4 173.7 2.1 " 3 173,9
10.13 41.6 22.9 81,0 0,4 10.6
13-30 25-8 16.5 4IL7 0.1 4S.6
10-15 12.5 10.6 29,0
0.1
!9.0
15-10 6,8 S.7 17.4 17.4
40-43 4.3 l.J 10.1 . 10.1 43-30 0.3 1.7 1.7 1.7
10-33 2,11 0.05 1,7 1.7
55-60 0.1 0,98 2.33 2,55
60-65 D.4 0.61 1.4,1 1,41
65-70 0,17 0,1) 0.79 0.79
70-73 0.03 0.01 0.18 0.18
75-80 0.1 0 15 0.15
Conimuaçao n>
CLASSES DE V D E ARV M O V I M K N I A N D O . S E NAS CLASSES DE NUMERO Dl". ARV U-OSA V DE ARVORES V DE I N O R O V . T I I POP, RESIDUAL
D I Â M E T R O D I Â M E T R O
0 1 2
M O V I M E N T A Ç Ã O MORTAS APÔS 15 ANOS
5-10 443.4 140,0 441.4 71.6 213.5 581,1
10-13 207.5 102.3 J47.5 12.5 7.4 342,4
13-10 121,0 52.3 321.2 1.1 0 J 231.4
20-2 5 52.4 38,2 104.6 0.4 104.3
2 5 1 0 29.6 19.0 37.8 0.1 57.7
10-15 11.7 13.3 14.7 • 34,7
13-40 9,4 8,0 33,7 • 23,7
40-41 4,3 IJ.7 13 , '
45-10 0,3 3.4 l . i - • 4.8
50-55 3.6 0,1 1.4 1.4
5 5 * 0 0.4 1.13 1.0 - 1.0
6 0 4 3 0.53 0.9 1.1 • 3,8
65-70 0.14 0,43 1.1 1.2
70-75 0.14 0,14 0.6 0.6
75-80 0.15 0.1 0.1
Cünlmuiçdo .
CLASSES DE N" l )E A R V M Ü V 1 M E N T A N D C V S E NAS CLASSES D E N1AÍERO DE ARV APOS A V DE ARVORES V DF. I N G R O W T H POP RESIDUAL
D I Â M E T R O D I Â M E T R O
0 1 3
M O V I M E N T A Ç Ã O MORTAS APOS 30 ANOS
3-10 443.3 140.0 441.1 73.6 213.3 181,3
10-13 129,4 113,0 369.4 17,5 7.4 164,3
13-10 135.0 66.4 268,0 2,1 0 J 366,3
30-21 67.7 36.3 114.1 0.4 133,7
33-30 11.2 22.3 71,7 0,1 71,6
10-15 18.7 16.0 41.3 41.3
13-40 11,1 10,4 21.3 • • 28.3
40-43 7.7 6.0 11,1 • • 18.1
45-50 0.1 4,5 6.1 • 6.3
50-55 3.1 0,1 4.5 4.3
5 5 * 0 0.5 3.3 ).« • - 3,8
60-63 1,0 1.8 3.4 3,6
63-70 0.3 0.7 2 J 2.1
70-75 0.1 0.3 1.0 1,0
75 80 0.1
0.6
0.6
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
208
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
i i i i i i i ) | j——j———j——|-——p-
7.5 ÍZJS (7,5 22,5 2 ? 5 32.5 37,5 42,5 47,5 52,5 57,5 62,5 67,5 72,5 77,5
Classes de diõmefro
FIGURA 5.5. Evolução da floresta por classe de diâmetro num período de 20 anos
209
Pode-se constatar na Tabela 5.4 e na Figura 5.5 que a mata terá no
futuro potencial para estar sujeita a urn plano de manejo em bases
sustentadas, já que o número de árvores/ha nas classes de diâmetro >
52,5 cm (limite inferior 50 cm) aumentou de 2,8 para 15,8, o que demonstra
potencial para aproveitamento futuro da mata se as taxas de crescimento
em diâmetro se mantiverem como as atuais.
Observe na Tabela 5.4 que, de 35 a 50 cm de diâmetro, existem 18,5
árvores, as quais gastarão, no máximo, 25 anos para atingir a classe de 52,5
de diâmetro. Esta mesma lógica é observada em relação às demais classes
de diâmetro. Pode-se, desta maneira, definir que um ciclo de corte de 20 a
25 anos é apropriado para que haja movimentação de 13 árvores para as
classes com diâmetro mínimo de corte de 50 cm. Considerando que, na
estrutura original, 30% dos indivíduos existentes tem potencial para
comercialização, então se pode inferir que 3,9 árvores/ha com valor
comercial terão dimensões acima de 50 cm de DAP. Para fins comparativos,
Uhl et al., (1990) cita que em Tailândia, no Pará, são removidos em média de
2 a 3 árvores com volume de 18 m 3 por hectare. Em Paragominas, uma das
mais produtivas áreas do Pará, Barreto, Uhl e Yared (1993) citam que em
três áreas experimentais, utilizadas por sua equipe, são removidas em média
6,8 árvores por hectare, com volume médio de 38 m 3 .
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
5.2. O MODELO DE PRODUÇÃO ATRAVÉS DA MATRIZ
DE TRANSIÇÃO
Dentre os modelos por classe de diâmetro, a cadeia de Markov ou
matriz de transição é um importante instrumento para viabilizar a prognose
da produção em florestas nativas. A prognose a partir deste método é feita
através da estimativa da probabilidade de transição dos diâmetros entre
classes diamétricas, ou seja, projetá-los para o futuro, a partir da matriz de
probabilidade de transição. As probabilidades da matriz de transição em um
determinado período de medição são obtidas pela razão das mudanças
ocorridas numa classe diamétrica, tais como: árvores que mudaram de
classe, árvores mortas e árvores que permaneceram na classe, pelo número
de árvores existentes na classe diamétrica, em questão, no início do período
de crescimento.
Estas projeções não devem ser realizadas para período de tempo
longo, haja visto que o desempenho dos modelos é condicionado a dois
pontos básicos. Um primeiro considera que o incremento periódico em
diâmetro das árvores da floresta, obtido nas parcelas permanentes, tem o
comportamento no futuro idêntico ao obtido por ocasião das avaliações
realizadas nas parcelas permanentes. Neste caso assume-se que apesar de
mudanças em sua estrutura, a floresta continuará no futuro a apresentar
mesmo crescimento periódico que aquele detectado por ocasião da
avaliação das parcelas permanentes. Esta característica ou propriedade do
modelo em questão é denominada de transição estacionaria.
Um segundo ponto básico é que a projeção da estrutura da floresta
depende somente do estado atual, não sofrendo efeito de qualquer
210
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies eA nálise Estrutural
11 Í2 13 Í4 in
ai 0 0 0 0 ... 0
b 2 a2 0 0 0 ... 0
C3 b 3 a3 0 0 ... 0
0 C4 b< a4 0 ... 0
0 0 cs bs as ... 0
0 0 0 Cn bn a n
Onde:
in = classes de diâmetro
211
característica passada da floresta. Esta característica ou propriedade do
modelo considerado é definida como propriedade Markoviana.
5.2.1. Matriz de Transição e a Prognose
A probabilidade de transição de cada período de projeção é obtida
da matriz G, como representada a seguir:
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
Número de árvores vivas que permaneceram na iésima classe diamétrica no
período de tempo (At)
ai = —
Número de árvores existentes na iésima classe diamétrica no tempo t.
Número de árvores vivas que migraram da iésima classe diamétrica para a
iésima classe diamétrica+ 1 no período de tempo (At)
bi = —
Número de árvores existentes na iésima classe diamétrica no tempo t.
Número de árvores vivas que migraram da iésima classe diamétrica para a
iésima classe diamétrica + 2 no período de tempo (At)
Ci = —
Número de árvores existentes na iésima classe diamétrica no tempo t.
em que:
t : início do período de crescimento considerado
At : intervalo de tempo entre o início e o fim do período de crescimento
considerado
Seja para ai, bi, ci, a condição é que a árvore continue viva e não
seja colhida no intervalo de tempo considerado.
Deve-se considerar que em qualquer vegetação ocorrem
mortalidade de árvores (mi), assim como ingresso (li) ou recrutamento na
menor classe diamétrica. Em que cada uma destas variáveis é expressa por:
Número de árvores vivas na iésima classe diamétrica no tempo t mais a
mortalidade no intervalo de tempo (At)
mi =
Número de árvores existentes na iésima classe diamétrica no tempo t.
212
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
X l t + A t
0 0 0 " Y " V
J 2 t + A t a 2 0 0 Y ,
Y
* 3 t + A t b 3
a 3 . . 0 Y 3 t I x 3 t
= 0 c 4 K - 0 +
0 0 c 5 . . 0
Y 0 Ò 0 . . n n Y n t . In,
213
Já o recrutamento pode ser expresso pela função exponencial
negativa conforme mostrada a seguir:
li = po . • °i
5.2.2. Aplicação do Procedimento
A projeção da estrutura da floresta pode ser obtida como se segue:
Yt + Ai = G . Y« + l i t ( 1 )
onde:
Yt+ At = n° de árvores projetadas
G = probabilidade de transição por classe diamétrica
Yt = freqüência da classe de diâmetro
lit = ingresso
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
214
Modelai/n da Produção, Idade das Florestas Nativas
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural
215
A seguir é apresentado um exemplo de como operar a
representação matricial (1) e assim efetuar uma prognose do número de
árvores de uma floresta nativa, pelo período de 5 anos. A base de dados
para efetuar a prognose, advém de dois inventários florestais realizados em
1990 e 1995. Foram mensuradas todas plantas com mais de 5,0 cm de
diâmetro tomados a 1,30 m de altura.
A freqüência observada de árvores por classe diamétrica, é
apresentada no vetor coluna no Exemplo 1. O recrutamento foi estimado
pela equação: li = 32.887,3423. e " 0 , 6 7 1 6 a com coeficiente de determinação
(R2) igual a 99,99% e erro padrão residual em percentagem (Syx%) igual a
3,48%.
A passagem ou "outgrowth", de árvores da iésima classe de
diâmetro para a iésima + 1 ou iésima + 2 classes, assim como aquelas que
permaneceram na mesma classe diamétrica no período entre os dois
inventários, possibilitou gerar a matriz de transição, conforme pode-se ver
no Exemplo 1.
UFL A/FAEPE - Manejo Florestal
216
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural
217
I : vetor que contém os ingressos
Y* : expressa estado de equilíbrio da estrutura da floresta
(se a igualdade das operações for constatada)
Identificado este estado pode-se inferir que a floresta está em
clímax. Vale ressaltar que mesmo neste estado, mortalidade e recrutamento
continuam a ocorrer sem que no entanto a floresta sofra mudanças drásticas
em sua estrutura.
5.2.4. Estados Absorventes
A característica básica deste estado é quando a probabilidade
de transição de uma classe diamétrica para outra é igual a zero.
A probabilidade existe somente das árvores permanecerem na mesma
classe diamétrica, como a definição de ai. Não ocorre a passagem de
árvores para a iésima classe + 1 ou + 2, conforme representado pelas
probabilidades bi e CÍ.
Desta maneira as prognoses das freqüências das classes de
diâmetro anteriores não podem ultrapassar a classe que apresenta estado
absorvente. Há então um acréscimo de árvores continuamente nesta classe.
Este acréscimo será mais intenso a medida em que mais prognoses forem
efetuadas, já que as árvores não mais saem desta classe.
A ocorrência deste estado absorvente, compromete as prognoses
das freqüências da floresta e impedem também que o estado de equilíbrio
seja detectado.
Generalizando a expressão (1) ela assume a forma:
n-1 .
Y n . Ai = G n . Y 0 + Z G1.1(n-i) (2)
i= o
em que:
n : n períodos de prognose
Y, At, G, Y 0 , 1 : já definidos anteriormente
Por exemplo se for efetuada uma nova projeção a expressão (1)
evolui para a forma:
Y2 . At = G 2 . Y 0 + G In + Ii2
5.2.3. Estado Estável ou de Equilíbrio da Floresta
Este estado indica que independentemente do número de
prognoses que sejam efetuadas, o número de árvores da floresta permanece
constante nas várias classes diamétricas.
Este estado pode ser identificado a partir das expressões quando:
Yt+ At = Yt = Y* e h = li*
em que:
Y* = ( l 0 - G)"1 . li ^
sendo:
\<z : matriz identidade de mesma ordem que a matriz de transição (G)
G : matriz de probabilidade de transição
( )~1 : matriz inversa
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
5 . 3 . IDADE DA FLORESTA NATIVA
A dificuldade no controle desta variável em florestas nativas
multiâneas, cujas espécies na sua grande maioria não apresentam árvores
com anéis de crescimento visíveis, é imprescindível.
No entanto, o seu conhecimento pode facilitar uma série de práticas
de manejo ou silviculturais já que facilitará as inferências sobre o ciclo de
corte ou ainda sobre o crescimento das diferentes espécies florestais.
Apesar das falhas inerentes ao tema, em relação as florestas nativas
tropicais, apresenta-se neste Hem uma abordagem de como obter esta
variável a partir do incremento periódico anual.
Definição da idade da Floresta
Para obtenção da idade da floresta, foi utilizado o incremento
periódico em diâmetro dentro de cada classe respectiva. Ajustaram-se
modelos matemáticos para descrever q comportamento do incremento
periódico em diâmetro (IP), em função do valor central das classes de
diâmetro (DO- A construção do modelo mais adequado foi feita a partir do
método "Stepwise".
Definido o modelo, pode-se obter o incremento periódico anual
correspondente ao limite inferior da menor classe. Assim, dividindo este
valor pelo incremento periódico anual, obteve-se a idade das plantas
correspondentes ao limite inferior da menor classe. Nesse caso
considerou-se, conforme sugerido por Caballero e Mafleux Orjeda (1976),
que o crescimento das plantas dominadas é semelhante. A definição da
próxima idade é obtida adicionando-se ao limite irrferior do diâmetro o
218
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural
TABELA 5.5: Idade relativa e tempo de passagem, por classe de diâmetro para a floresta
toda
DAP
(cm)
IPA
(cm)
Classe
de DAP
(cm)
Idade
(anos)
Tempo de
P a s s a g e m
(anos)
5.00 0.240 7.50 21 20
5,24 0.242 22
5.48 0.244 23
5.73 0.246 24
5.97 0.248 25
6,22 0.250 26
6,47 0.252 27
6.72 0.254 28
6,98 0.257 29
7.23 0.259 30
7.49 0.261 31
7,75 0,263 32
8.02 0.266 33
8.28 0.268 34
8.55 0.270 3b
8,82 0.273 36
9.09 0.275 37
9,37 0,278 3ü
9,65 0.280 39
Continua...
219
incremento periódico anual. Este novo valor de diâmetro é considerado
como variável independente no modelo, e utilizado para obtenção do novo
incrmento periódico anual, conforme mostrado na tabela 5.5
Já o tempo de passagem pode ser definido como o tempo médio
em que todas as árvores de uma classe diamétrica passam para a classe
seguinte. Pode-se, desta maneira, definir quanto tempo uma espécie, ou um
grupo de espécies demora para atingir uma determinada dimensão, ou seja,
pode-se definiro ciclo do corte de uma floresta natural, tema dos mais
relevantes para definição e implementação de planos de manejo.
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TABELA 5.5: Continuação
DAP IPA Classe Idade Tempo de
(cm) (cm) de DAP (anos) Passagem (cm) (cm)
(cm) (anos)
9,93 0,283 40
10,21 0,285 12,50 41 15
10,50 0,288 42
10,78 0,291 43
11,07 0,293 44
11,37 0.296 45
11,66 0,299 46
11,96 0,301 47
12,26 0,304 48
12,57 0,307 49
13,18 0,313 50
13,50 0,316 51
13,81 0,319 52
14,13 0,322 53
14,45 0,325 54
14,78 0,328 55
15,11 0,331 17,50 56 14
15,44 0,334 57
15,77 0,337 58
16,11 0,341 59
16,45 0,344 60
16,79 0,347 61
17,14 0,351 62
17,49 0,354 63
17,84 0,357 64
18,20 0,361 65
18,56 0,364 66
18,93 0,368 67
19,29 0,372 68
19,67 0,375 69
20,04 0,379 22,50 70 13
20,42 0,383 71
Continua...
220
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural
TABELA 5.5: Continuação
DAP IPA Classe Idade Tempo de
(cm) (cm) de DAP, (anos) Passagem
(cm) (anos)
20,80 0,386 72
21,19 0,390 73
21,58 0,394 74
21,97 0.398 75
22,37 0,402 76
22,77 0,406 77
23,18 0,410 78
23,59 0,414 79
24,00 0,418 80
24,42 0,422 81
24,84 0,426 82
25,27 0,430 27,50 83 11
25,70 0,434 84
26,13 0,439 85
26,57 0,443 86
27,01 0,447 87
27,46 0.452 88
27,91 0,456 89
28,37 0,460 90
28,83 0,455 91
29,29 0,469 92
29,76 0,474 93
30,24 0,478 32,50 94 10
30,72 0,483 95
31,20 0,487 96
31,69 0,492 97
32,18 0,497 98
32,67 0,501 99
33,18 0,506 100
33,68 0,510 101
34,19 0,515 102
34,71 0.520 103
35,23 0,524 37,50 104 9
Continua...
221
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 5.5: Continuação
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
TABELA 5.5: Continuação
DAP
(cm)
IPA
(cm)
Classe
de DAP
(cm)
Idade
(anos)
Tempo de
Passagem
(anos)
DAP
(cm)
54,11
IPA
(cm)
0,648
DAP
(cm)
54,11
IPA
(cm)
0,648
35,75 0,529 105 54.76 0,650
36,28 0,533 106 55,41 0,652
36,81 0,538 107 56,06 0,654
37,35 0,543 108 56,71 0,656
37,89 0,547 109 57,37 0,658
28,44 0,552 110 58,03 t 0,659
38,99 0,556 111 58,68 0,661
39,55 0,561 112 59,35 0,662
40,11 0.565 42,50 113 9 60,01 0,663
40,67 0,569 114 60,67 0,664
41,24 0,574 115 i 61,33 0,664
41,82 0,578 116 62,00 0,665
42,39 0,582 117 62,66 0,665
42,98 0,587 118 63,33 0,665
43,56 0,591 119 63,99 0,665
44,15 0,595 120 64,66 0,665
44,75 0,599 121 65,32 0,664
45,35 0,603 47,50 122 8 65,99 0,664
45,95 0,607 123 66,65 0,663
46,56 0,611 124 67,31 0,662
47,17 0,614 125 67,93 0,661
47,78 0,618 126 68,64 0,660
48,40 0,621 127 69,30 0,659
49,02 0,625 128 69,96 0,657
49,65 0,628 129 70,61 0,655
50,28 0,631 52,50 130 8 71,27 0,653
50,91 0,634 131 71,92 0,651
51,54 0.637 132 72,57 0,649
52,18 0,640 133 73,22 0,647
52,82 0,643 134 73,87 0,644
53,46 0,645 135 74,51
75,15
0,642
Continua...
74,51
75,15 0,639
Classe
de DAP
57,50
62,50
67,50
72,50
Idade
(anos)
136
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150
151
152
153
154
155
156
157
158
159
160
161
162
163
164
165
166
167
168
Tempo de
Passagem
(anos)
222
223
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
Analisando a Tabela 5.5, pode-se verificar que uma planta com 94
anos de idade tem DAP igual a 30,2 cm, ao atingir 50,3, vai ter 130 anos,
portanto gastou 36 anos para crescer 20,1 cm, ou seja, esta informação
toma-se de vital importância para o sucesso de um plano de manejo
que visa a exploração de toras com DAP mínimo de 50 cm, por exemplo.
O tempo de passagem entre classes diamétricas é apresentado na Figura
5.6.
p o-l—. i .—i—,—i—, [ . i , i . | — , — i — , — i — , — | — — — |
O 12.5 22 ,5 32,5 42 ,5 52,5 62,5* 72,5
Classes de diâmetro (cm)
FIGURA 5.6: Tempo de passagem em anos entre as classes de diâmetro
224
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
225
5.4. DEFINIÇÃO DO PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO
ESPACIAL DAS ESPÉCIES DE UMA FLORESTA
NATIVA
A definição da distribuição espacial das espécies que compõem
uma floresta nativa é uma informação extremamente importante para balizar
o manejador florestal na definição de critérios para selecionar as espécies a
serem removidas da população. O conhecimento deste tema juntamente
com a análise estrutural da floresta, particularmente a densidade relativa,
aliada a outras informações tais como a estrutura balanceada da floresta
remanescente, pode viabilizar a elaboração e execução de planos de
manejo que tenham compromisso com a sustentabilidade da floresta.
Nesta nota a definição do grau de dispersão das espécies na área,
será obtida a partir do índice de morisita (Id), citado por Brower e Zar (1977)
e Mello (1995). Este índice é calculado pela expressão:
n . Ç S ^ - N )
Id =
N . ( N - 1 )
em que:
Id = índice de morisita
n = número total de parcelas amostradas
N = número todal de indivíduos por espécie, contidas nas n parcelas
z 2 = quadrado do número de indivíduos por espécie por parcela.
A dispersão dos indivíduos a nível de espécie, pode ser agregada,
aleatória e uniforme, conforme ilustrado na Figura 5.7 e conforme os valores
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
obtidos do índice de Morisita. Para Id > 1 a distribuição é agregada; para
Id = 1 a distribuição é aleatória; e para Id = 0 a distribuição é uniforme. Vale
ressaltar que a distribuição uniforme é de ocorrência rara e que a grande
maioria das espécies que compõem uma floresta nativa tem padrão de
distribuição agregado.
. distribuição agregada
x distribuição aleatória
o distribuição uniforme
FIGURA 5.7. Ilustração do padrão de distribuição das espécies de uma floresta nativa
226
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
227
Para identificar a significância do índice de Morisita é utilizado o
teste de qui-quadrado, como apresentado a seguir:
n . E z 2
X = n
N
em que:
X 2 r valor de qui-quadrado
n, N, z 2 = já definidos anteriormente
Se o índice de Morisita não diferir significativamente de 1 o padrão
de distribuição das espécies é aleatório. Este fato ocorre se o valor de
qui-quadrado calculado for menor que o valor tabelado. No entanto, se o
valor de qui-quadrado for maior que o tabelado a espécie apresentará um
padrão de distribuição agregado ou uniforme. Assim, se o valor do índice de
Morisita (Id) for menor que 1 a espécie tende a um padrão de distribuição
uniforme e se este valor é maior que 1 a espécie terá um padrão de
distribuição agregado. No anexo 1 é apresentada a Tabela de qui-quadrado.
Na Tabela 5.7 é apresentada a ocorrência de duas espécies em
cada uma das 70 parcelas que compuseram o inventário de uma floresta
nativa na região de Lavras.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 5.7. Ocorrência de duas espécies em uma amostra realizada em floresta nativa
N° da ocorrência da
Espécie 1
N° da ocorrência da
Espécie 2
N° de parcelas em que as
espécies 1 e 2 ocorreram
1 0 20
2 1 12
3 2 22
4 3 6
5 4 8
6 6 2
TOTAL 70
Cálculo do índice de Morisita para espécie 1:
n = 20+ 12+ 22+ 6 + 8 + 2= 70
N = (20 .1)+ (12 . 2)+ (22 . 3)+ (6 . 4)+ (8 . 5)+ ( 2 .6 )= 186
Ez 2 = [20.(12)]+ [12.(2 2)]+ [22.(32)]+ [6.(42)]+ [8.(52)]+ [2.(62)] = 634
então o índice de Morisita será:
_ 634-186 _ _ 448
Id = 7 0 .
186.(186-1)
í . t o . r — i = o
J L 34410 J
9114
Para observar o padrão de dispersão, utiliza-seo teste
qui-quadrado.
,2 _ [
634 _•
70 1
186 J - 186= 238,602 - 186= 52,602
228
Modelagzm da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
229
O valor de x 2 para 69 graus de liberdade e nível de significância
a = 0,05 é igual 84,417. Como o valor calculado é inferior ao valor tabelar, o
índice de Morisita não difere significativamente de 1, indicando que a
espécie 1 tem padrão de distribuição aleatória.
Cálculo do índice de Morisita para a Espécie 2:
n = 20+ 12+ 22+ 6 + 8 + 2 = 70
N = (20 . 0)+ (12 .1)+ (22 . 2)+ (6 . 3)+ (8 . 4)+ (2 . 5 )= 118
Xz 2 = [20.(02)]+ [12.(12)]+ [22.(22)]+ [6.(32)]+ [8.(4 2)]+ [2.(62)] = 354
então o índice de Morisita será:
[
354-118 236 ,
j = 70 . f 1 = 1,1966
118.(118-1) i L 13.806 J
Para observar o padrão de dispersão, utiliza-se o teste
qui-quadrado.
354
X2 = T 7 0 • 1 - 113= 92,000
L 118 J
O valor tabelar de %2 para 69 graus de liberdade e nível de
significância a = 0,05 é igual a 84,417. Como o valor calculado é superior ao
valor tabelar, o índice de Morisita difere significativamente de 1. Como o
valor do índice de Morisita é maior que 1 (1,1966), então a espécie 2 tem
padrão de distribuição agregado.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
230
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
231
5.5. A ANÁLISE DA VEGETAÇÃO
A comunidade florestal apresenta-se constantemente sofrendo
mudanças em sua estrutura, fisionomia e composição floíistica, fato este que
perdura até que a floresta atinja o estado clímax. Mesmo nesta circunstância
morte de árvores por causas naturais ou não, ainda implicarão em
mudanças na floresta, ainda que em menor proporção.
Uma maneira de detectar o estádio em que a floresta se encontra,
assim como as alterações que estas sofrem é realizar a análise estrutural da
vegetação ali existente, de tal modo que possam ser observados os
aspectos que envolvem as espécies quando consideradas isoladamente
(aspectos autoecológicos) e as interações relativas aos indivíduos que
compõem a comunidade florestal (aspectos sinecológicos).
A análise estrutural é especificamente justificada, quando
intervenções estão sendo planejadas, para serem efetuadas numa
comunidade florestal qualquer. Por exemplo, área sujeita a mineração, área
sujeita a inundações provenientes da construção de hidroelétricas, áreas
sujeitas a manejo sustentando, área onde vai ser implantado um
empreendimento qualquer, de tal modo a auxiliar tanto na recomposição da
área ou áreas vizinhas, com vegetação nativa, como na manutenção de
diversidade fiorística e na definição do potencial lenheiro, no caso da
implementação do manejo sustentado.
Os objetivos da análise estrutural são:
1. Manter compromisso da diversidade fiorística se intervenções
com base em regime de manejo sustentado são previstas para a
floresta natural.
2. Compreender como as espécies florestais vivem em comunidade,
bem como sua importância para a mesma.
3. Verificar como é a distribuição espacial de cada espécie numa
floresta natural.
4. Auxiliar na definição de planos ou estratégia de revegetação de
áreas degradadas, com espécies nativas.
A seguir, apresenta-se uma abordagem da estrutura horizontal e
vertical para uma floresta natural.
5.5.1. Estrutura Horizontal
Indica a participação, na comunidade, de cada espécie vegetal em
relação às outras e a forma em que esta se encontra distribuída
espacialmente na área.
Para a sua análise os índices utilizados são:
a) Densidade
Avalia o grau de participação das diferentes espécies identificadas
na comunidade vegetal (Lamprecht, 1962; Galvão, 1988). Este índice
refere-se ao número de indivíduos de cada espécie, dentro de uma
associação vegetal por unidade de superfície. Pode ser expresso pela:
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
232
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e Análise Estrutural
DoA = Sg/ha
onde:
DoA = Dominãncia absoluta em m2/ha
g = área seccional de cada espécie, encontrada pela expressão:
Cap 2 t i Dap 2
g = ou g =
4ji 4
onde:
Cap = circunferência a 1,30 m do solo
Dap = diâmetro a 1,30 m do solo
7c = constante trigonométrica pi = 3,1416
ha = hectare
233
• Densidade Absoluta
Indica o número total de indivíduos de uma determinada espécie por
unidade de área:
DA = n/ha,
onde:
DA = Densidade Absoluta
n = número total de indivíduos amostrados de cada espécie
ha = hectare
• Densidade Relativa
Indica o número de indivíduos de uma determinada espécie em
relação ao total de indivíduos de todas as espécies identificadas no
levantamento:
n/ha
DR = • 100,
N/ha
onde:
DR = Densidade Relativa (%) *
N = Número total de indivíduos amostrados, de todas as espécies do
levantamento
n = Número total de indivíduos amostrados de cada espécie
ha = hectare
b) Dominãncia
É conceituada originalmente por muitos autores, como sendo, a
medida da projeção da copa dos indivíduos sobre o solo. Esta informação,
além de questionável é de difícil obtenção, tornando o método não usual.
Outros estudos foram desenvolvidos e correlacionaram este
parâmetro à área basal ou área seccional dos fustes. Esta forma de
obtenção de dados é mais precisa, prática e portanto mais usual. Este índice
pode ser expresso pela:
- Dominãncia absoluta: soma das áreas seccionais dos indivíduos
pertencentes a uma mesma espécie, por unidade de área.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
234
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
^ Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
235
- Dominância relativa: indica a porcentagem da área basal de
cada espécie que compõe a área basal total de todas as árvores
de todas as espécies, por unidade de área:
g/ha
DoR = . 100
G/ha
onde:
DoR = Dominância relativa (%)
G = área basal total de todas as espécies encontradas
c) índice de Valor de Cobertura
A combinação dos valores relativos de densidade e dominância,
possibilitam o cálculo do índice do valor de cobertura (IVC) de cada espécie,
expresso pela fórmula:
IVC = DR+ DoR
d) Freqüência •
Expressa o conceito estatístico relacionado com a uniformidade de
distribuição horizontal de cada espécie no terreno, caracterizando a
ocorrência das mesmas dentro das parcelas em que ela ocorre. Este índice
pode ser expresso pela: •
- Freqüência absoluta: expressa a porcentagem de parcelas em
que cada espécie ocorre:
n° de parcelas com ocorrência da espécie
FA = . 100
n° total de parcelas
- i Freqüência relativa: é a porcentagem de ocorrência de uma
espécie em relação à soma das freqüências absolutas de todas
as espécies.
FA
FR = . 100
E FA
Embora os dados estruturais de Densidade, Dominância e
Freqüência revelem aspectos essenciais da composição fiorística, estes são
isolados e parciais. Curtis (1959), propôs um índice que combina os valores
relativos dos dados com a finalidade de conferir uma nota global para cada
espécie da comunidade vegetal, sendo este o índice de Valor de
Importância.
e) índice de Valor de Importância (IVI)
É a combinação da soma dos valores relativos de Densidade,
Dominância e Freqüência de cada espécie:
IVI = DR + Dor + FR
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
236
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
237
Este índice permite uma visão mais ampla da posição da espécie
caracterizando sua importância no conglomerado total do povoamento.
5.5.2. Estrutura Vertical
Através da análise da estruturavertical de uma floresta pode-se
obter pelo menos um indício sobre o estádio sucessional em que se
encontra a espécie em estudo, podendo verificar também qual a espécie
mais promissora para compor um povoamento dinâmico.
Finol (1971), propôs a inclusão deste estudo na Análise Estrutural de
uma comunidade vegetal, visando caracterizar melhor e de modo mais
verdadeiro a ordem de importância das espécies estudadas, apresentando
para isso um novo parâmetro: posição sociológica.
a) Posição Sociológica
A estrutura sociológica das espécies possibilita conhecer sobre a
composição florística dos distintos estratos da floresta no sentido vertical,
além do papel das diferentes espécies em cada um deles (Hosokawa, 1982).
Neste estudo, normalmente se considera três estratos. Os limites
dos estratos serão definidos pela variabilidade da altura idas espécies
observadas na área em questão.
O estrato inferior será composto pelas árvores que apresentarem
altura total (hj) inferior a média aritmética das alturas (h) de todas árvores
mensuradas menos um desvio padrão (Sh) quantificado para esta mesma
variável.
O estrato médio será composto pelas árvores cuja altura total
estiverem compreendidas entre a média aritmética menos um desvio padrão
e a média aritmética mais um desvio padrão. Já o estrato superior será
composto pelas árvores com altura total superior a média das alturas mais
um desvio padrão. Sintetizando pode-se representar estas definições como:
Estrato inferior: hj < (h - 1 Sh)
Estrato médio : h = 1 Sh < hj < h + 1 Sh
Estrato superior: hj > h + 1 Sh
A presença de indivíduos de uma mesma espécie nos três estratos,
é um indício de sua participação na estrutura da floresta quando de seu
desenvolvimento até o clímax. Exceção se faz às espécies que, por
características próprias, são indivíduos de sub-bosque, onde permanecem
sob pouca luminosidade tendo porte arbustivo e herbáceo, e portanto
sempre serão integrante da composição florística deste estrato.
Os estratos em altura são analisados de forma a obter um valor
numérico em função da quantidade de indivíduos presentes, obtendo o Valor
Fitossociológico por Estrato (superior, médio e inferior), expresso em
porcentagem:
n° de indivíduos no estrato
V.F. = . 100
n° total de indivíduos observados
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
238
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
_ Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
onde:
MA =
M =
PsR=-
239
irregularidade entre os estratos. Este índice reúne os valores obtidos na
análise da estrutura horizontal e vertical, destacando a real importância
fitossociológica do indivíduo dentro da comunidade vegetal.
Uma espécie pode ter alto IVI e estar presente apenas no estrato
superior, no entanto, na dinâmica da população, essa espécie pode não ser
tão importante, pois sua tendência é desaparecer naturalmente por não estar
se reproduzindo e regenerando no local. Ao associar os parâmetros de
estrutura vertical, corrige-se esta distorção podendo diminuir ou aumentar
valores de importância de um determinado indivíduo já que é analisado sua
participação em todos os níveis de estrutura:
M A = Estrutura Horizontal + Estrutura Vertical
M A = M + PsR
índice de Valor de Importância Ampliado
índice de Valor de Importância
Posição Sociológica Relativa
5.5.3. Regeneração Natural
Este item da análise estrutural abordará temas tais como a
densidade absoluta e relativa; freqüência relativa e absoluta e a classe de
tamanho relativa e absoluta, todas elas ligadas a regeneração natural.
Particularmente em relação a densidade e freqüência deve-se utilizar
a mesma formulação apresentada no item 5.4.1. Deve-se apenas redefinir
estas variáveis adequando-as ao tema regeneração natural (RNi).
Para calcular o valor absoluto da Posição Sociológica de uma
espécie, soma-se os valores fitossociológicos da mesma em cada estrato,
sendo estes obtidos através da multiplicação do número de indivíduos da
espécie pelo valor fitossociotógico do estrato:
PsA= [VF (Ei). n(Ei)] + £VF (Em). n(Em)] + [VF (Es). n(Es)]
onde:
PsA = Posição Fitossociológica da espécie considerada
VF = Valor Fitossocíológico do Estrato
Ei; Em, Es = Estratos inferior, médio e superior
n = número de indivíduos da espécie considerada
A posição fitossociofógica relativa (PsR) para cada espécie, será
expressa em porcentagem do valor absoiuto desta, em relação ao total dos
valores absolutos de todas as espécies.
PsA
PsR = . 1 0 0
Z PsA
Estes índices darão tsma idéia da distribuição dos indivíduos na
estrutura vertical da vegetação, quanto a regularidade e gradiente de
ocorrência, quando normalmente é esperado uma diminuição do número de
indivíduos ao passar do estrato inferior para o superior.
b) índice de Valor de Importância Ampliado (fVJA)
Esta forma de apresentação toma o estudo da estrutura da
vegetação preciso, refletindo de modo mais verdadeiro a complexa
composição estrutural da vegetação, na sua grande beterogeneidade e
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
240
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Eshvtural
241
b) Classe de Tamanho Relativa
CATRNi
CRTRNi = . 100
q
2 CATRNi
i= 1
em que:
CATRNi = classe absoluta de tamanho da regeneração natural da iésima
espécie
CRTRNi = classe relativa de tamanho da regeneração natural da iésima
espécie
nij = número de indivíduos da iésima espécie na jésima classe de
tamanho
N = número total de indivíduos da regeneração natural
Nj = número total de indivíduos da iésima espécie da regeneração
natural em todas classes de tamanho
• Regeneração Natural Relativa
FRRNi + DRRNi + CRTRNi
RN Ri =
3
em que:
RNRi = regeneração natural da iésima espécie
FRRNi = freqüência relativa da regeneração natural da iésima espécie
DRRNi = densidade relativa da regeneração natural da iésima espécie
Assim a densidade absoluta (DAi) será definida como (DARNf); a
densidade relativa (DRi) como DRRNi; a freqüência absoluta (FAi) como
FARNi e a freqüência relativa (FRi) como FRRNi.
• Classes de Tamanho
Para obtenção deste índice absoluto e relativo, far-se-á uso de uma
série de definições, conforme encontrado na FAO (1971).
Estas definições estão apresentadas a seguir e caracterizam
basicamente as classes de altura:
R = classe na qual se encontram indivíduos arbóreos com altura inferior a
0,30 m
u1 = classe na qual se encontram indivíduos com altura entre 0,3 m e
1,50 m
u2 = classe na qual se encontram indivíduos com altura entre 1,5 e 3,0 m
E = classe na qual se encontram indivíduos que possuem altura superior a
3,0 m e DAP inferior a 5,0 cm.
a) Classe de Tamanho Absoluta
q / N i \
CATRNi = Z nij 1 )
i= 1 v N '
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
242
Modelagem da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutuml
Fuste Qualidade 1 Fuste Qualidade 2 Fuste Qualidade 3
FIGURA 5.8: Ilustra fuste com diferentes qualidades
a) Qualidade absoluta do fuste da iésima espécie (QAFi)
nu Ni + ni2 N2 + r«3 N3
QAFi = —
N
b) Qualidade relativa do fuste da iésima espécie (QRFi)
QAFi
QRFi = - 100
q
E QAFi
i= 1
243
5.5.4. índice de Valor de Importância Ampliado e Econômico
(IVlEAi)
Este índice tenta associar a representatividade da estrutura
horizontal da iésima espécie representada pelo índice de valor de
importância (Mi); a representatividade da estrutura da iésima espécie
representada pela posição sociológica relativa (PSRi); a representatividade
da regeneração natural relativa da iésima espécie (RNRi); e a qualidade do
fuste das espéciesarbóreas, na tentativa de estratificar o seu valor, expressa
pela qualidade do fuste relativa da iésima espécie (QRFi). Assim o índice de
valor de importância ampliado e econômico da iésima espécie (MAEi) é
dado por:
MEAi = M i + PSRi + RNRi + QRFi
Para completar a abordagem é necessário quantificar a qualidade
absoluta do fuste e a qualidade relativa do fuste. Devem ser considerados
indivíduos arbóreos com diâmetro a, 1,30 m (DAP) > 5cm e normalmente 3
classes de fuste, em função de sua forma, conforme ilustrado na Figura 5.8.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
em que:
n.ii,rij2, n j 3 = número de indivíduo* da i-ésima espécie nas classes de
qualidade de fuste 1, ? e 3
Ni , N 2 , N3 = número total de indivíduos nas classes de qualidade de fuste 1,
2 e 3, respectivamen e
N = número total de indiv;duos da amostragem
5.5.5. índice para Avaliar a Similaridade entre Tipos
Fisionômicos
- índice de Similarid.de de Jaccard (ISJ): permite a avaliação
florística entre as Jiversas áreas amostradas de mesma
fitofisionomia, assin como a comparação com outros estudos já
desenvolvidos que \<;ilizam metodologia semelhante. É expresso
pela seguinte fórmi la:
ISJ = . iOO
a + b - c
onde:
ISJ = índice de Similaridade 3e Jaccard
a = número de espécies ia co.unidade A
b = número de espécies cia comunidade B
c = número de espécie-; -comuns t
5.5.6. índice para Avaliar a Diversidade Florística
- índice de Censidade d« Shannon-Wiener (H'): expressa a
diversidade :ie espécies das comunidades vegetais e pode ser
calculado < cajés da fómula:
Modelagsm da Produção, Idade das Florestas Nativas,
Distribuição Espacial das Espécies e A nálise Estrutural
S ni ni
H' = - £ In
e= 1 N N
V
onde:
i = 1...n
S = número de espécies amostradas
ni = número de indivíduos amostrados para a espécie i
N = número total de indivíduos amostrados
Log = logarítmo neperiano
Quanto maior for o valor de H, maior a diversidade florística da
população em estudo.
• índice de Simpson
S
C = 2 ni ( n i - 1 ) / (N (N -1 ) )
i= 1
em que:
C = índice de dominãncia de Simpson 1
ni = Número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie
N = Número total de indivíduos amostrados
S = Número total de espécies amostradas
*•
O valor estimado de C varia de 0 a 1, sendo que para valores
próximos de 1 a diversidade é considerada menor.
245
6
OPÇÕES PARA O MANEJO
SUSTENTADO DA FLORESTA NATIVA
Neste capítulo serão apresentadas duas opções de efetuar manejo
em florestas: A primeira possibilidade consiste numa seqüência adequada
para as florestas de grande porte. O autor, ao propor esta seqüência, teve
por objetivo tornar mais didática a apresentação de uma prática de manejo.
Naturalmente que baseou-se para tal nas várias experiências de manejo
desenvolvidos dentro e fora do Brasil.
Já a segunda opção, consiste na proposta desenvolvida a partir do
projeto Manejo Sustentado do Cerrado para usos múltiplos. Este projeto é
executado sob a coordenação do Departamento de Ciências Florestais da
Universidade Federal de Lavras.
1. Professor do Departamento de Ciências Florestais - UFLA
José Roberto S. Scolforo
247
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
6.1. O MANEJO EM FLORESTA NATIVA
Esta opção é adequada à florestas nativas, particularmente, as de
grande porte, e caracteriza-se por ser um sistema policíclico, que reúne
características de vários métodos de manejo.
Na execução do plano de manejo, cuidado especial deve ser dado
ao procedimento de amostragem e as relações volumétricas. Se as parcelas
forem locadas na área de maneira tendenciosa ou se forem utilizadas
equações volumétricas inadequadas pode ser estimado um volume de
madeira/ha superior ao existente para as espécies de valor econômico. O
proponente do "manejo" poderá então obter um crédito acima do real para
exploração das espécies de valor econômico. Poderá então adquirir a
preços irrisórios madeira clandestina de pessoas que estão efetuando corte
ilegal. Existe neste caso um negócio que tem como alvo principal obter
madeira a custo zero e gerar mais rapidamente áreas para pecuária.
É freqüente as explicações por parte dos pseudo-empresários que
a prática do manejo não é economicamente viável. Assim como várias
outras ações na área tecnológica e industrial, não se deve avaliar esta
prática desvinculada do empreendimento florestal. Se considerada de forma
verticalizada, procurando cada vez mais agregar valor ao produto, advindo
da atividade de manejo da floresta, é que a prática florestal via manejo
florestal alcançará êxito, propiciando emprego e bem estar aos cidadãos
existentes nas regiões tropicais. Esta mesma lógica está sendo adotada hoje
na Malásia, cujo governo, planificou que este país deve agregar cada vez
mais valor ao produto florestal estabelecendo de forma programada a efetiva
parceria da atividade agrária com a industrial. Se tal fato não ocorrer, num
248
. Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
249
futuro que não está tão distante, tanto as gerações presente como as
gerações futuras estarão vendo somente a atividade de reflorestamento
sendo implementada em boa parte da região amazônica, principalmente na
tentativa de recuperar o enorme contingente de área perturbada e/ou
degradada, formada pela atividade predatória implementada hoje em várias
regiões da Amazônia.
O empreendedor florestal comprometido com a prática de manejo
antes de iniciar a sua atividade deve definir bem os objetivos de seu
empreendimento de modo a definir de forma correta a prática de manejo a
ser implementada. Vlncuíado aos objetivos ou mesmo antecedendo a estes
deve-se ter um bom conhecimento do mercado interno e externo.
A seguir, apresenta-se uma seqüência para que a prática de manejo
florestal possa ser implementada:
a) Consiste em selecionar, através de um zoneamento, as áreas com
potencial para aproveitamento econômico e aquelas que tem
potencial para preservação. Em maior ou menor escala os
zoneamentos de solo e vegetação já existem para várias regiões
do país.
b) Utilizando um procedimento de amostragem adequado
(sugere-se a amostragem sistemática), com uma intensidade
amostrai que seja representativa da área do trabalho, com
parcelas apresentando tamanho e forma adequadas deve-se
elaborar o plano de manejo segundo a resolução 048 de 07/07/95
para a região Amazônica, ou a resolução 005 de 21/12/92 do
Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, dentre outras.
U F L A/F A ^ r e ^ W f l n g o F ^ ^
Não se deve negligenciar também a maneira de estimar o volume
das árvores individuais já que o uso de estimadores tendenciosos
pode levar a super estimativa do estoque. Este fato como já
descrito possibilita a obtenção de crédito superior ao real para
fins da colheita florestal sendo uma das causas do aumento do
desmatamento.
c) Assumindo que de fato o manejo florestal será executado há a
necessidade de um mapa de qualidade para amparar a atividade
de inventário florestal, assim como a subdivisão da propriedade
florestal, em compartimeníos.
O número de compartimentos deverá estar associado ao ciclo de
corte e a expectativa de produção acima de um diâmetro mínimo
comercial, do grupo de espécies que se tem interesse. Assim se
a indústria tem capacidade de processar 5.600 m 3 de madeira
por ano, se o ciclo de corte é de 25 anos, se a produção média
por ha é de 28 m 3 então cada compartimento deverá ter 200 ha e
serão necessários 5.000 ha para que a prática de manejo seja
eíeiuaüa.
Estes compartimentos serão ainda subdivididos em talhões. Com
práticas de manejo adequadas espera-se um aumento da
produtividade, com a conseqüente redução do ciclo de cortee
da área a ser manejada.
250
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
O talhonamento, além de sofrer esta influência também deve
considerar as características físicas e topográficas da região
onde está sendo praticado o manejo florestal.
d) Implementar um censo na área a ser manejada. Dois fatos devem
ser considerados: o primeiro é que tradicionalmente as serrarias
da Amazônia exploram em torno dos 250 ha de floresta por
ano. Assim este inventário não será realizado em grandes áreas.
O segundo é que o diâmetro mínimo para coleta das
informações, é normalmente 25 cm. Assim efetuar o censo não é
tão assustador quanto pode-se pensar a primeira vista.
Uma maneira fácil de operacionalizar o censo na área, em todas
as árvores com DAP acima de 25 cm, é subdividir os talhões em
quadras menores de, por exemplo, 40 x 50 m. Em cada quadra
as árvores são marcadas e representadas graficamente no mapa,
conforme pode visualizar na Figura 6.1, ou se existir, num
sistema de informações geográficas. Normalmente abre-se
picadas para que este trabalho seja facilitado. Com as espécies
mapeadas pode-se planejar a atividade de corte e remoção das
árvores na área provocando o menor dano possível. Pode-se
observar que em determinadas áreas há mais ocorrência de
plantas de grande porte que em outras.
251
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
FIGURA 6.1. Distribuição espacial das árvores em uma floresta nativa (plant;
252
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
253
e) Definir critérios para remoção das árvores. Este critério pode ser
genérico ou a nível de espécie. Um dos critérios pode ser o
diâmetro mínimo de corte (dmc). Este critério é bastante utilizado
pela facilidade de operacionalização.
Por exemplo, espécies como o jatobá e a faveira pela alta relação
albumo cerne devem ter dmc superior a 70 cm, onde este
problema é minimizado. Já o freijó pode ter dmc em torno de 45
cm se houver interesse em sua utilização. Considerando a
necessidade de permanecer na área no mínimo (10%) do total de
indivíduos por espécie com DAP maior que 45 cm, como porta
semente, deve-se com base no inventário do passo 3 definir
estes limites. É importante notar que o beneficiamento da
madeira tem também enorme importância neste item.
Outro critério é utilizar os índices de regeneração ou ainda o
índice de suscetibilidade das espécies a exploração florestal
como definido em bases preliminares por Martíni et al (1992).
Considerações sobre este critério são apresentados no
Capítulo 3.
Outro critério, a ser detalhado no item manejo da vegetação
nativa através de corte seletivo é a associação do inventário
quantitativo e da análise estrutural, ao conceito de floresta
balanceada.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
254
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
TALHÃO [
2 5 0 m
——-—4-
liam
PÁTIO D
I i ,. \ lOOm E S T R A D A S
" L H A S S E C U N D Á R I A S
ESTACIONAMENTO
I .
FIGURA 6.2. Posicionamento das estradas e pátios de estacionamentos
g) Corte de Cipós
Esta operação pode e deve ser feita de 6 meses a 1 ano antes da
intervenção na área de maneira que os cipós cortados tenham
tempo de secar. Então com as chuvas este material seco na
copa das árvores cairá todo para o solo.
255
Deve-se neste item tomar bastante cuidado para que não seja
realizado um desbaste por alto com retirada pura e simples dos
indivíduos de melhor forma.
De maneira geral é o uso de uma gama de diferentes espécies,
vinculadas aos conhecimentos de mercado, que irão caracterizar
uma prática de manejo mais ou menos comprometida com a
sustentabilidade. A Madeireira Mil no município de Itacoatiara,
AM, faz uso de 47 diferentes espécies com expectativa de chegar
a um aproveitamento de 65 espécies. Dentre estas destacam-se a
Maçaranduba; o Louro Gamela, Rosa, Preto, Itauba; o Angelim
Pedra, Vermelho, Rajado; Cordeiro, Cupiuba; Piquiá, Tamari e
Amapá. O volume das espécies comerciais com diâmetro acima
de 50 cm é de 85 m 3/ha. Sem dúvida que com um maior
aproveitamento de espécies pode-se alcançar mais facilmente a
prática de manejo sustentado.
0 Definida a marcação das espécies no mapa e o critério de
remoção das árvores/espécies pode-se então definir a rede de
estradas e os pátios de acumulação de árvores de maneira que
haja o menor impacto possível na floresta residual, causado pela
exploração florestal.
A definição da posição das estradas dependem da distância
mínima das árvores a serem exploradas. Aquela distância mínima
que levar a um menor custo de exploração e transporte é que
definirá a posição das estradas e pátios de estacionamento das
toras.
Considerando um talhonamento cujas quadras tem 40 x 50 m
pode-se sugerir uma distância de estradas de 100 em 100 m,
conforme ilustrado na Figura 6.2.
U FLA/FAEPE - Manejo Florestal
Esta operação é implementada para liberar a copa das árvores
que vão ser exploradas, evitando que estas arrastem outras
consigo no momento da queda. As recomendações mais atuais
prescrevem que esta operação deve ser implementada em torno
das árvores a serem exploradas já marcadas no mapa, conforme
mostrado no item d e realçam ainda a importância dos cipós
para a fauna, especialmente macacos. Na Figura 6.3 é ilustrada
esta operação
FIGURA 6.3. Corte de Cipós
256
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
COPA CLARA . ÁRVORES HORTAS OU DANIFICADAS
FIGURA 6.4. Ilustra Clareira com queda orientada e com queda sem qualquer orientação e
morte natural da árvore
257
rt) Quedas orientadas das árvores. Embora já apresentado no
Capítulo 3 vale ressaltar que a queda não orientada das árvores
provocam clareiras em 50% do ha (média de 800 m2/árvore).
Já a queda orientada implica em drástica redução nos danos
a floresta residual (clareiras de 23% do ha) (média de 300 a
400 m2/planta). Só para fins comparativos a clareira média aberta
pela morte natural das árvores de grande porte varia de 180 a
250 m 2 . O corte das árvores devem seguir o critério "espinha de
peixe" e ser orientado para que sejam reduzidos os danos por
ocasião da remoção das árvores da área, conforme ilustrado na
Figura 6.4.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
í) O Arraste
O arraste tradicional é feito com trator de esteira ou com skider.
Para transportar a tora o trator deve-se deslocar até esta,
manobrar e então puxá-la. Os danos provocados são muito
grandes nesta situação. Toma-se necessário meios menos
impactantes de retirar a madeira da área. Um dos pontos básicos
é reduzir ao máximo manobras de tratores na área. Para isto
utilizar cabos de aço para conectar a tora ao trator parece ser um
meio de impactar menos a floresta residual. Utilizar máquinas
modernas como os Track Skider D4H, que são articulados é
muito menos impactante do que utilizar os tradicional tratores D8.
Além de propiciar menos compactação do solo os Skider
articulados D4H, abrem as trilhas, seguindo o talhonamento
definido no item c, causando muito menos impacto visual e a
estrutura da floresta, do que a rede de estradas tradicionalmente
abertas por tratores de grande porte. Uma ilustração deste fato é
mostrada na Figura 6.5. Em área planas no Estado do Amazonas,
na Madeireira Mil, o rendimento diário entre abertura de trilhas e
pré arraste das toras é de 50 a 60 toras.
258
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
TALHÃO |
QUEDA DAS
A'RVORES EM
ESPINHA DE
P E I X E
pilho < WSJB
.V
PÁTIO DE ESTACIO
N A M E N T O DE
TORAS / TRANSPOR
TE POR CAMINHÃO
«TÉ A SERRARIA
T R I L H A S / D 4 H TRACK SKIDER +
SUINCHO PARA ABERTURA OE
TRILHAS E O P R É - ARRASTE
E S T R AD A S
« S E C U N D Á R I A S / S K I D E R
DE PNEU S I 2 d A R T I C U
L A D O COM GARRA
FIGURA 6.5: Formas de remover as toras da área explorada
259
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
j) Pátio de Estacionamento
Após o pré arraste até a estrada principal as toras devem ser
removidas até o pátio de estacionamento para posteriormente
serem transportadas até a indústria. Uma forma menos
impactante de efetuar tal operação é fazer uso de Skider de
pneus, articulado (Modelo 518 C ou superior) com garra para
envolver toras de até 1,20 m de diâmetro.
I) Traçamento
Cada tora de cada espécie deve ter um traçamento
particularizado em função principalmente do seu aproveitamento
na serraria e meios de transporte. Somente o fuste é aproveitado
num típico processo de desperdício de madeira. Vale ressaltar
que em média o volume dos galhos correspondem de 35 a 45%
do volume total de uma árvore. De toda a maneira efetuar o
traçamento conforme o uso que vai ser dado a tora (serraria,
laminação (desenrolado) ou faqueado) significa reduzir
desperdício de madeira, e a área a ser manejada.
Para fins de ilustração Barreto, Uhl e Yared (1993) consideram
que o aumento da eficiência na serraria de 50 para 60% significa
uma redução em 17% no volume necessário para gerar o mesmo
volume de madeira serrada.
Se considerarmos uma área anual de 250 ha sendo explorada
segundo um critério de manejo sustentado propiciando em
média 40 m3/ha e um ciclo de corte de 20 anos, seria necessário
uma área total de (20 x 250) 5.000 ha.
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
261
A colheita anual estimada para os 250 ha será de (250 x 40)
10.000 m 3 de tora roliça o que ao ser beneficiado segundo um
aproveitamento de 50% resultará em 5.000 m 3 de tábua. Para
obter esta mesma quantidade de tábuas com 60% de
aproveitamento na serrraria, seriam necessários 8.400 m 3 de
madeira roliça o que reduziria a área manejada para 210 ha/ano
(8.400 m 3/40 m 3) e a área do empreendimento para 4.200 ha (210
x 40). Assim o processamento da madeira é variável fundamental
para reduzir custo da atividade de manejo florestal.
m) Monitoramento
Normalmente 1 ano após o corte é feita a avaliação do
povoamento remanescente, através da remedição das parcelas
permanentes instaladas e medidas antes da primeira exploração.
A proporção destas parcelas é de 1 a cada 300 ha, com área de
medição contígua ou não de 1 ha. Estas parcelas devem ser
remedidas periodicamente em intervalo de 5 anos e são úteis
para demonstrar o crescimento, a mortalidade, o ingresso, enfim
a dinâmica da floresta após a exploração. Com estas
informações pode-se fazer de modo correto as prescrições dos
tratos sifvicurturais, além de elaborar modelos de prognose da
produção que permitem definir ciclo de corte para cada nível de
intervenção.
n) Tratos Silviculturais
Anteriormente estes tratos silviculturais já foram descritos,
quando efetuou-se a descrição dos sistemas silviculturais. Estes
tratos tem por finalidade maior manter um ritmo acelerado de
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
crescimento das espécies de interesse, em todas as classes de
estoque (regeneração, crescimento e exploração). Em síntese
esta prática consiste na redução da competição em relação as
árvores eleitas para serem exploradas nos próximos ciclos de
corte. Esta prática é implementada pela eliminação de cipós e
das árvores ou das espécies indesejáveis, normalmente por
envenenamento, conforme ilustrado nas Figuras 6.6 e 6.7. Nestas
são ilustradas de forma seqüencial o perfil de uma floresta antes
e após 3 1 a exploração, antes e após cada um dos refinamentos
praticados e após a 2 a exploração.
10 20 30 O O 10 30 30 «0 M |m).
FIGURA 6.6. Perfil de uma floresta sob sistema de manejo celos. A) antes da exploração
(ano 0); B) após primeira colheita de 2 árvores (ano 0); C) após o primeiro
refinamento (2o ano); D) antes do segundo refinamento (V^ano)
Fonte: De Graaf, N.R. e Poles, R.L.H. 1990
262
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
FIGURA 6.7. Perfil de uma floresta sob sistema de manejo Celos. E) após o segundo
refinamento (9o ano); F) antes do terceiro refinamento (15° ano); G) após o
terceiro refinamento (17° ano); H) após a segunda colheita (20 anos) A copa
das espécies de interesse econômico estão achuriadas.
Fonte: De Graaf. N,R. e Poles, R.L.H. 1990
Um critério para definir quando existe competição é a copa das
árvores não eleitas estarem impedindo a passagem de luz para
as árvores eleitas. Este tratamento deve ser iniciado 2 a 4 anos
após a exploração e repetido periodicamente quando as
espécies eleitas estiverem apresentando forte redução na taxa de
incremento periódico (observado pelo monitoramento das
parcelas permanentes). A nível prático este período é entre 5 e 8
anos.
263
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
264
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
classe de diâmetro, com a análise estrutural, particularmente com a
densidade absoluta. O padrão de distribuição espacial das espécies,
definido por exemplo, pelo índice de Morisita, pode ser bastante útil como
um elemento para facilitar a marcação das espécies a serem removidas.
Para ilustrar a prática de manejo utilizar-se-á três parcelas, de
600 m 2 cada, levantadas em cerrado senso stricto no município de
Brasilândia, conforme apresentado no Anexo 2.
Deve-se para gerar um plano de manejo:
• Efetuar um inventário na área em que além de conhecer a
estrutura diamétrica da floresta a nível de espécie seja obtidas
informações sobre:
- Volume;
- Área basal;
- Número de indivíduos;
- Qualidade do fuste destes indivíduos;
- Identificação dendrológica;
- Aspectos fitossanitários;
- Acesso à área;
- Altura comercial e total;
- Posição sociológica.
Na Tabela 6.1 apresenta-se a resposta do inventário a nível de
espécie por classe diamétrica.
265
6.2. O MANEJO DA VEGETAÇÃO NATIVA ATRAVÉS DE
CORTES SELETIVOS
O corte seletivo é uma das opções que o Engenheiro Florestal tem
para manejar uma vegetação nativa. Deve para tal conjugar ações para
condução da regeneração natural; estabelecer critérios para remover as
árvores da floresta; e definir critérios de colheita que impactem o menos
possível a população remanescente.
Contrariamente a ação de manejo existem os predadores que
adotam o corte seletivo para promover a remoção de árvores da vegetação
nativa de forma estritamente mecânica e não como um sistema silvicultural.
Neste caso o interesse é imediato em um grupo de indivíduos e qualquer
esforço vale para obtê-los, mesmo que para tal seja necessário destruir a
floresta.
Uma alternativa objetiva e sensata, respeitando a harmonia do
ambiente é o que o manejador florestal busca. Para viabilizar esta prática,
deve-se executar um inventário florestal com uma eficiente amostragem.
Pode-se a partir destes dados, utilizar o concerto de floresta balanceada que
dentre outros benefícios possibilita quantificar o número de árvores que se
pode remover por classe diamétrica, identificando classes em que existem
problemas, ou seja, déficit de árvores.
Definido o número de plantas a ser removido por classe de
diâmetro, deve-se definir que espécies serão removidas de maneira que não
haja comprometimento da diversidade fiorística, assim como deve-se definir
quantas plantas serão removidas por classe diamétrica para cada espécie.
Pode-se então conjugar o inventário quantitativo a nível de espécies por
O)
CT)
TABELA 6.1. Inventário por espécie por classe diamétrica
Espíeie Característica
de
Interesse 7 11 15 19
Casses Diamétricu
2J 27 Jl J5 39 4]
Total das
Classes deDiâmetro
Acosmium dasycarpum Voltot 0,00 0,46 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,46
Volfus 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 0,33
Árvores 0,00 11,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,11
Acosmium sub elegans Voltot 0,03 0,17 0,00 0,00 1,02 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,21
Volfus 0,02 0,12 0,00 0,00 0,68 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,83
Arvores 5,56 5,56 0,00 O.OO 5.56 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 16,67
Annona crassi/lora Voltot 0,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,10
Velíus 0,08 0,00 0,00 O.OO 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,08
Árvores 5,56 0,00 0,00 0,00 O.OO 0,00 0,00 0,00 O.OO 0,00 5,56
Byrsonlma eoccolobifoHú Voltot 0,08 0,47 1.35 0,00 0.00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,60 1,91
Volfus 0,07 0,34 0,96 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0.00 1,37
Árvores 5,56 16,67 22.22 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 44,44
Davitla etlipttca Voltot 0,02 0,07 • 0.00 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 0,00 0,09
Volfus 0,02 0,05 0.00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,07
Árvores 5,56 5.56 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 11,11
Dlospyros coccohblfolla Voltot 0,08 0,00 0,26 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33
Volfus 0,06 0,00 0,18 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,24
Árvores 11,11 0,00 5,S6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 16,67
Erythroxylum spl Vollot 0,07 0,00 • 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,07
Volfus 0,0o 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 0,00 0,06
Árvores 16,67 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 O,EO 16,67
Erythroxylum suberosum Voltot 0,06 0,14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,21
Volfus 0,04 0,1 f 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,15
Árvores 5,56 5,56 O.OO 0,00 0,00 0.00 0.00 0,00 0.00 0.00 11,11
G
-d r >
>
m
••d
T N
I
!
O
O
Continua....
i
O)
TABELA 6,1. Continuação
Espécie Característica
de
Interesse 11 15 19
Classes DUmétricas
23 27 31 35 39 43
Total das
Classes de
Diâmetro
Erythroxylum loríuosum Voltot
Volfus
Árvores
0.03
0,02
5.56
0,OÜ
0,00
0,00
O.OO
0.00
0.00
O.ÜO
ü,00
0,00
0,U0
0.00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00»-
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,03
0,02
5,56
Eugenia dysenterica Vollot
Volfus
Árvores
0,26
0,20
27,78
0,29
0,21
11.11
0,37
0,26
5.56
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
0.00
0,91
0,67
44,44
llymenaea sugonocarpa Voltot
Volfus
Árvores
0,12
0,09
11.11
0,22
0,16
5,56
0,52
0,36
5,56
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,85
0,61
22.22
Kielmeyera coriacea Vollot
Volfus
Árvores
0,58
0,46
72,22
0,26
0,19
11.11
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,84
0,65
83,33
Lafoensia pacari Voltot
Volfus
Árvores
0,58
0,46
83,33
0,42
0.31
27,78
1,06
0,76.
27.78
0,39
0.27
5,56
0,00
0,00
O.OO
1,28 .
0.82
5.56
0,00
0.00
0.00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
3.72
2.62
150,00
kíagonia pubescens Voltot
Volfus
Árvores
0,24
0,18
22,22
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
1,92
1,23
5,56
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
2,16
1,42
27,78
Ouratca hexaspermo Voltot
Volfiis
Árvores
0,07
0.05
5.56
0,00
0,00
0.00
O.ÜO
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,07
0,05
5,56
Piplocarpha rotundifolia Voltot
Volfus
Árvores
0,04
0,03
5.56
0,22
0,16
5.56
0.00
0,00
O.ÜO
0,00
Ü.OO
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
O.OO
0,00
0,00
O.OO
0,00
0,00
0.00
0.00
0,00
000
0,00
0,00
N N O
0,26
0,19
I I I I
Continua... ~ ~~ ' —— '• : 1 . . . . .
"8,
t 3
C
2
O
••s.
O
C O
S
to
a
§•
O
TABELA 6, l. Continuação
Espécie Característica
de
Interesse 7 11 15 19
Classes ütametricas
23 27 31 35 39 43
TotaJ das
Classes
de
Diâmetro
Poutena ramiflora Vollot 0,41 0,38 1,72 1,40 0.00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,91
Volfus 0,32 0,28 1,22 0,96 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,77
Árvores 38,89 11,11 27,78 11,11 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 88,89
Pseudobombax hngijlorum Voitot 0,00 0,00 0,00 0,54 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,54 Pseudobombax hngijlorum
Volfus 0,00 0,00 0,00 0,38 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,38
Árvores 0,00 0,00 0,00 5,56 o.oo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,56
Quatea grandtflora Voitot 0,23 0,50 0,00 0,32 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,04
Volfus 0,18 0,37 0,00 0,22 0,00 0.00 0.00 0,00 0,00 0,00 0,77
Árvores 33,33 16,67 0,00 5,56 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 0,00 55,56
Qualea parviflora Voitot 0,92 1,38 0,70 1,16 0.84 1.37 1.94 0,00 0,00 0,00 8,31
Volfus 0,72 1,02 0,49 0,81 0.57 0,90 1,22 0.00 0,00 0,00 5.72
Árvores 100,00 50,00 11,11 11,11 5,56 5,56 5,56 0,00 0,00 0,00 188,89
Saivertia convaílariodora Voitot 0,00 0,00 0,30 0,00 1,08 0,00 0.00 0,00 0,00 0.00 1,38
Volfus 0,00 0,00 0,22 0,00 0,72 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0,93
Árvores 0,00 0,00 5,56 0,00 5,56 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,11
Sclerolobium patiiculalum Voitot 0,08 0,21 0,00 0,00 0,00 0.00 0.00 0.00 0,00 0,00 0,28
Volte 0,06 0,15 0,00 0.00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.21
Árvores 5,56 5,56 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 11,11
Senna ovalifolia Voitot 0,12 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0.00 0,00 0.00 0,00 0,12
Volfus 0,09 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,09
Árvores ti,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,11
Syagrus flexuosa Voitot 0,00 0,03 0,00 0,00 0.00 0.00 0,00 0,00 0,00 o,oo 0,03 Syagrus flexuosa
Volfus 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0,00 0,00 0,03
Árvores 0,00 5,56 0.00 0,00 0.00 0.00 0.00 0,00 11,00 0,00 5,56
Continua...
TABELA 6.1. Continuação
Espécie
Tocoyena formosa
Vochysla rufa
Mona
Total dc cada classe
de diâmetro
Característica
dc Classes Oiametricai
Interesse
Voitot
Volfus
Árvores
7
0,06
0,04
5,56
11 15 19
Vollot 0,03
Volfus 0,03
Ájvorcs 5,56
Voitot
Volfus
Árvores
Vollot
Volfus
Árvores
0,13
0,11
22,22
0,06
0,04
5,56
Voitot
Volfus
Árvores
4,38
3,44
516,67
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,97
0,07
5.56
0,16
0,12
5,56
5,46
4,01
205.56
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,58
0,41
11.11
6,84
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0,68
0,46
5,56
4,48
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
27
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
31
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
35 39 43
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
4,86
122.22
3,09
44,44
2,94
1,98
16.67
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
4,57
2.95
16.67
0,00
0,00
0,00
1,94
1,22
5.56
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.000.00
0,00
0.00
0,00
0.00
0.00
0,00
0,00
noo
Total das
Classes
de
Diâmetro
0,06
0,04
5,56
0,03
0,03
5,56
0,22
0,17
27,78
1,47
1,03
27,78
30,61
21,54
o ? 7 7R
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
• Utilizando os dados do inventário, realizar a análise estrutural da
floresta (horizontal e vertical).
Na Tabela 6.2, apresenta-se a análise da estrutura horizontal e
vertical das espécies que foram amostradas.
• Utilizando os dados de estrutura diamétrica obtidos do
inventário, ajustar uma função de distribuição, por exemplo, a
função de Meyer, ou Vveibull. Com a função de distribuição
diamétria ajustada pode-se conhecer a freqüência teórica da
população através da qual pode-se obter o Quociente (q) de De
Liocurt. Utilizando-se deste quociente, Meyer, em 1933,
desenvolveu o conceito de floresta balanceada, que consiste em
definir a estrutura (balanceada) desejada para a floresta
remanescente, ou a floresta sob regime de manejo. Desta
maneira, pode-se definir o número de árvores, o volume e a área
basal a ser removida, de diferentes espécies e para diferentes
usos, por classe de diâmetro. Permite definir ainda em que classe
de diâmetro há déficit de árvores, em relação a floresta
balanceada que estará comprometida com o conceito de manejo
sustentado.
270
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
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UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 6.3. Síntese do número de árvores/ha, altura, área basal/ha e volume/ha por
classe de diâmetro
Valor
Central da
Classe de
Diâmetro
Fo HT HF G v r VF*
7,0 516,67 3,54 1,36 1,9884 4,5341 3,5515
11,0 205,56 4,77 1,71 1,9535 5,6750 4,1624
15,0 122,22 5,53 2,15 2,1598 7,0847 5.0220
19,0 44,44 6,35 1,70 1,2601 4,6471 3,2003
23,0 16,67 7,87 2,33 0,6925 3,1031 2,0773
27,0 16,67 8,07 1,93 0,9543 4,3057 2,8023
31,0 5,56 8,00 0,49 0,4193 1,8425 1,1642
927,78 9,4278 31,1922 21,9800
Classe = Valor Central da Classe de Diâmetro (cm)
Fo = Freqüência Observada (N/ha)
HF = Altura do Fuste (m)
G = Área Basal (m2/ha)
VT= Volume Total (m3/ha)
HT= Altura Total (m)
VF = Volume do fuste (m3/ha)
Para obtenção do volume total da árvore e do volume do fuste,
foram utilizadas equações de volume desenvolvidas para cerrado senso
stricto por Scolforo et al (1993).
* Valores diferem ligeiramente daqueles apresentados na Tabela 6.1. Nesta os volumes
foram obtidos a nivel da árvores e após somados por classe diamétrica. Na Tabela 6.3 os
volumes foram obtidos a partir do centro da classe diamétrica e da freqüência desta.
272
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
273
Considerando as 3 parcelas apresentadas no Anexo 2 medidas em
março de 1996 na Fazenda Brejão, região de Brasilândia, MG. Os diâmetros
das árvores mensuradas foram agrupadas em classes diamétrica e são
apresentados na Tabela 6.3.
• Volume Total
V = 0,000506 + 0,00000497125 CAP 2 . H - 6,235642 E-9 CAP 3 . H
R 2 = 99,61%
Syx = 13,47%
• Volume do Fuste
V= 0,00000443 . C A P 2 ' 2 2 7 4 5 9 5 7 H f 0 ' 6 2 2 0 6 2 4 5
R 2 = 99,73%
Syx = 9,70%
Foi então utilizado o modelo de Meyer yi = p 0 e p 1 + ei, o qual foi
linearizado e ajustado por meio de regressão linear simples, aos dados da
Tabela 6.3.
yi = po e^ 1 x ' ou linearizado
Inyi = In 0o + pi x;
onde:
yi = número de árvores na iésima classe de diâmetro
> q = valor central da iésima classe de diâmetro
Pt = parâmetros a serem estimados
In = logaritmo natural
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
274
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
TABELA 6.4. Mostra estatística do número de árvores/ha, altura, área basal/ha, volume/ha.
acrescidas da freqüência obtida da função de Meyer e do coeficiente de
De Liocurt
Classe Fo Fe HT HF G v r VF* 1
7.0 516,67 463,78 3,54 1,36 1,9884 4.5341 3,5515 2,08
11.0 205,56 222,11 4,77 1,71 1,9535 5,6750 4,1624 2,08
15.0 122,22 106,37 5,53 2,15 2,1598 7,0847 5,0220 2,08
19.0 44,44 50,94 6,35 1,70 1,2601 4,6471 3,2003 2,08
23.0 16,67 24,40 7.87 2,33 0,6925 3,1031 2,0773 2,08
27,0 16,67 11,68 8,07 1,93 0,9543 4,3057 2,8023 2,08
31.0 5,56 5,60 8,00 0,49 0,4193 1,8425 1.1642 2,08
927,78 884,88 9,4278 31,1922 21,9800
Modelo de Meyer: Yi = poi EXP (81 i * Xi)
Parâmetro poi: 1682.17859
Parâmetro pi i : -0.18406
COEF. DE DET. (R 2): 97,9%
Classe = Valor Central da Classe de Diâmetro (cm)
Fo = Freqüência Observada (N/ha)
Fe = Freqüência Estimada (N/ha)
HF = Altura do Fuste (m)
HT= Altura Total (m)
G = Área Basal (m2/ha)
VF = Volume do fuste (m3/ha)
VT= volume Total (m3/ha)
q = Quociente de De Liocourt
* Valores diferem ligeiramente daqueles apresentados na Tabela 6.1. Nesta os volumes
foram obtidos a nível da árvores e após somados por classe diamétrica. Na Tabela 6.4 os
volumes foram obtidos a partir do centro da classe diamétrica e da freqüência desta.
275
A equação ajustada e seu respectivo coeficiente de determinação é
apresentada a seguir.
In yi = 7,427845012 - 0,18406 Xj (1)
R*= 97,9%
Para obtenção do coeficiente de De Liocurt (q), obtém-se
primeiramente as freqüências estimadas das classes diamétrica, a partir da
equação (1). Após, obtém-se a razão do número de árvores entre as classes
de diâmetro sucessivas, tal que:
Ni
q =
onde:
Ni = número de árvores da iésima classe de diâmetro
Ni+ 1 = número de árvores da iésima mais uma classe de diâmetro
Desta maneira há uma progressão geométrica de "q" entre as
classes de diâmetro sucessivas, o que define segundo Meyer a estrutura de
uma floresta balanceada.
Ni = q N2 = q 2 N 3 = q 3 N 4 . . . = q n " 1 N n
Na Tabela 6.4 é ilustrada esta situação juntamente com a síntese
das estatísticas do inventário florestal.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
276
^ I f ^ J ^ e j o ^ ^ ^ N a t j v a
Para obter o novo valor de 8,, utiliza-se o conceito da constante de
De Liocourt conforme mostrado a seguir.
Q =
P O ePi * V I )
Q P O e 1 3 ! ^ ! ) = P O ePiXj
Ln Q + P I X(j + 1) = P , Xi
Ln Q = P , X(,> D - P I Xi
P I P V I ) -X i ) = - L n q (-1)
P I (Xj - X i . T ) = Ln Q
P I =
Ln Q
í Xi - Xç,+ 1) J
Da mesma maneira para que seja viabilizado vários valores de área
basal remanescente e de diâmetro máximo desejável deve-se encontrar
nova fórmula que possibilite obter novos valores pa T ZZ
considera-se: P o ' P a r a t a l
A área basal por classe de diâmetro é calculada como:
G =
7tX 2 1
40000
• fl +
7 t X 2 2
40000
f2 +
7 t X 2 3
40000
• h + ...+t X 2 „
40000
• fr,
277
Para obtenção de cada plano de manejo torna-se necessário definir:
a) Novo valor do quociente de De üocourt. Se o novo valor de De
Liocourt for menor que o valor original, então mais plantas serão
removidas nas menores classes diamétricas. Já o contrário
implica na remoção de um maior número de plantas de maior
dimensão. Naturalmente que as considerações são válidas para a
remoção de uma mesma área basal.
b) A área basal remanescente que é desejada. Deve-se ressaltar que
quanto menor a área basal remanescente desejada, mais árvores
serão removidas da população, para um mesmo quociente de De
üocourt e diâmetro máximo. Especificamente para o Estado de
Minas Gerais deve-se observar as prescrições da Resolução 05
de 23/12/1993. Para a Floresta Amazônica deve-se observar a
Resolução 048 de 15 de julho de 1995.
c) O novo diâmetro máximo desejado para efetuar a colheita na
floresta remanescente. Também neste caso para mesmos valores
de q e G salienta-se que menor valor de Dmax levam a uma
maior retirada de árvores da população. Como a nova floresta
apresenta valores menores de Dmax, então em menos tempo as
árvores atingirão estas dimensões. Obtém-se desta maneira
colheita em ciclos de corte menores
A definição dos novos valores de q, G remanescente e Dmáximo
implica na necessidade de se obter novos valores para os coeficientes Bis da
regressão ajustada.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
Como a freqüência é estimada por yi = po . e p i x i então
substituindo fi por po . e13!*" tem-se:
TC X 1
40000
. po e p i x i
7 t X 2 2
40000
. po e p i x 2 •
JtX 2 n
40000
po.e' Pl.Xn
G = — - — [ x 2 i p 0 e p i x t + X 22 po e P i ^ + _+ X 2 n po e ^ ]
40000
40000G
= [ Bo(X2i e p i x i + X 2 2 e p i x 2 + ... + X 2 n e * 5 ^ ) ]
Bo = [
40000G
TI (X21 e p i x i + X 22 eVfo + ... + x 2 n cP^n) ]
Se o ajuste de Bo é feito através de regressão não linear.
No caso deste exemplo o modelo não linear foi linearizado e o seu
ajuste obtido por meio de regressão linear. Assim o novo po é obtido como
40000 . G
po= In
7t (X21 e P1 X1 + X 22e p1*2 + ... + X2ma3c e ^ a x )
onde:
Xj = valor central da classe de diâmetro
278
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
6.2.1. Geração do Plano de Manejo Propriamente Dito
Para a população objeto desta abordagem serão definidos 3 planos
de manejo para que se possa fazer a seleção daquele que for o mais
interessante.
a) Plano de Manejo 1
Considera-se agora um valor de:
q = 2,088
Grem. = 4,715 m 2/ha
Dmax. = 31,0 cm
Então os novos valores de PI e Bo são
Ln(q)
PI =
X - X(j+ 1)
Ln (2,088)
pi = = . 0,18405
-4
Í G . 40000
n
TC £ X 2 i e p i x i
i= 1
PO = 6,745561073
279
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
Substituindo estes novos valores na função selecionada tem-se:
Ln Yi = 6,745561073 - 0,18405 Xi
Y = 850,27606 e " 0 ' 1 8 4 5 0 *
Pode-se agora definir se há classes de diâmetro em que há déficit e
classes em que há superávit de árvores, além de definir quantas árvores
serão removidas, conforme observa-se na Tabela 6.5.
TABELA 6.5. Floresta remanescente e a definição das árvores a serem removidas na opção
de Manejo 1
Classe Estrutura Original Est. Remanescente Est. Removida
Fo Vo* Fe Ve Fr Vr
7,00 516,67 4,5341 234,44 2,0574 282,23 2,4767
11,00 205,56 5,6750 112,28 3,0998 93,28 2,5752
15,00 122,22 7,0847 53.77 3.1170 68,45 3,9676
19,00 44,44 4,6471 25,75 2.6928 18,69 1,9543
23,00 16,67 3,1031 12,33 2,2964 4,33 0,8066
27,00 16,67 4,3057 5,91 1,5261 10,76 2,7796
31,00 5,56 1,8425 2,83 0,9382 2,73 0,9042
927,78 31,1922 447,32 15.7277 480,46 15,4643
Modelo de Meyer: Yi = poi EXP (pii * Xi)
Parâmetro poi: 850,27606; Parâmetro pii: -0,18405
Quociente de De Liocourt da Floresta Remanescente = 2.088
Área Basal da Floresta Remanescente = 4,715
Classe = Valor Central da Classe de Diâmetro (cm)
Fo = Freqüência Observada (N/ha); Vo = Volume Observado (m3/ha)
Fe = Freqüência Estimada (N/ha); Ve = Volume Estimado (m3/ha)
Fr= Freqüência Removida (N/ha); Vr = Volume Removido (m3/ha)
* Valores diferem ligeiramente daqueles apresentados na Tabela 6.1. Nesta os volumes
foram obtidos a nível da árvores e após somados por classe diamétrica. Na Tabela 6.5 os
volumes foram obtidos a partir do centro da classe diamétrica e da freqüência desta.
280
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
281
Utilizando a combinação do inventário florestal por espécie, por
classe diamétrica e a análise estrutural pode-se gerar o plano de manejo.
Para tal adotou-se as seguintes restrições:
• Operacionalização do Manejo.
• Só serão removidas espécies com densidade relativa maior ou
igual a 1%.
• Em qualquer circunstância para as espécies a serem removidas
existe a restrição de permanência de 10% das plantas por classe
de diâmetro. Este fato ocorrerá quando a prescrição obtida do
plano de manejo na classe diamétrica é superior ou igual ao
número de plantas nesta mesma classe, para as espécies com
densidade relativa > 1.
• Todas as árvores mortas deverão ser removidas.
• Todas frutíferas protegidas portei não poderão ser cortadas.
• As classes diamétricas, que apresentarem déficit de árvores não
poderão sofrer qualquer remoção.
• O critério de remoção para as espécies por classe de diâmetro,
com densidade relativa > 1, desde que respeitem as restrições
anteriores é dada por:
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
282
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
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D
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Z Z A
283
NED
Remoção =
n n
E NED - Z NAEDRD
i= 1 i= 1
em que:
NED = Número de árvores da Espécie i na classe
Diamétrica i
n = Número de espécies
NAEDRD = Número de Árvores das Espécies com Densidade
Relativa < 1 na classe de Diâmetro i
• De forma complementar, para facilitar a operação de marcação
das árvores da iésima espécie, a ser removida, definiu-se para
cada espécie o seu padrão de distribuição espacial, utilizando o
índice de Morisita.
Na Tabela 6.6 é então apresentado o Plano de Manejo 1, incluindo o
nome das espécies a serem removidas (pode ser também o nome regional),
o número de árvores existentes por classe diamétrica (NORIG), o número de
árvores a ser removida por classe diamétrica (NREMOV) e o padrão de
distribuição espacial das espécies.
Eugenia dysemenca Nong
Nrcmo
Dislr
Hymenaea sligonocarpa Norig
Nrcmo
Dislr
Norig
Nremo
Dislr
Norig
Nrcmo
Distr
Nong
Nremo
Distr
Kielmeyera coriacea
Lafoensia pacan
Magonia pubescens
Píptocarpha rottmdifoiia Norig
Nrcmo
Distr
Pouleria ramiflora Norig
Nremo
Distr
2V.8
16,2 5,3 3,4
Padrão dc Distribuição Aleatório
11.1 5,6 5,6
6,5 2,7 3,4
Padrão de Distribuição Aleatório
72 2 11,1 0,0
42.2 5,3 0,0
Padrão de Distribuição Aleatório
83.3 27,8 27,8
48,7 13,3 17,1
Padrão de Distribuição Aleatório
22,2 0,0 0,0
13,0 0,0 0,0
Padrão dc Distribuição Aleatório
5,6 5,6 0,0
3,2 2,7 0,0
Padrão dc Distribuição Agregado
38,9 11,1 27,8
22,7 5,3 17,1
Padrão de Distribuição Aleatório
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
5,6
3,1
0,0
0,0
0,0
0,0
11,1
6,2
0,0
0.0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Continua...
TABELA 6.6. Continuação
Espécie
Qualea grandíflora
Qualeaparvi/lora
Salvertla convaílartodora
Sclerobium paniculalum
Senna ovalifolia
Vochysia rufa
Mona
Caracter.
de
Interesse
Classes Diamétrica
Norig
Nremo
Distr
Nong
Nrcmo
Distr
Norig
Nremo
Distr
Norig
Nrcmo
Distr
Norig
Nrcmo
Distr
Norig
Nrcmo
Distr
Norig
Nrcmo
Distr
11,00
33,3 16,7
19.5 8,0
Padrão de Distribuição Aleatório
15,0
0,0
0,0
100,0 50,0 11 |
58.4 24,0 6,8
Padrão de Distribuição Aleatório
0,0 0,0
0,0 0,0
Padrão de Distribuição Aleatório
5,6 5,6
3,2 2,7
Padrão de Distribuição Agregado
5,6
3,4
0,0
0,0
11.1 0,0 0,0
6.5 0,0 0,0
Padrão de Distribuição Agregado
2 2 . 2 5,6 0,0
13,0 2,7 0,0
Padrão de Distribuição Aleatório
5.6 5,6 11,1
5,6 5,6 U , l
Padrão de Distnbuíção Aleatório
19,0
5,6
3,1
11,1
6.2
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
5,6
5,6
23.0
0,0
0,0
5,6
1,4
5,6
1,4
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
UFLA/FAEPE - Manejo Florestai
286
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
TABELA 6.7. Floresta remanescente e a definição das árvores a serem removidas na opção
de Manejo 2
Classe Estrutura Original Est. Remanescente Est. Removida
Fo Vo* Fe Ve Fr Vr
7,00 516,67 4,5341 140,89 1,2364 375,78 3,2977
11,00 205,56 5.6750 82,88 2,2880 122,68 3,3869
15,00 122.22 7,0847 48,75 2,8259 73,47 4.2588
19,00 44,44 4,6471 28,68 2.9984 15,77 1.6486
23,00 16.67 3,1031 16,87 3,1407 -0,20 -0,0376
27,00 * 16,67 4,3057 9,92 2.5635 6,74 1,7422
31,00 5,56 1,8425 5,84 1.9358 -0,28 -0,0933
927.78 31,1922 333,82 16.9887 593,96 14,2034
Modelo de Meyer: Yi = poi EXP (Pu * Xi); Parâmetro poi:356,58600; Parâmetro pli: -0,13266
Quociente de De Liocourt da Floresta Remanescente = 1.70
Área Basal da Floresta Remanescente = 4,715
Classe = Valor Central da Classe de Diâmetro (cm)
Fo = Freqüência Observada (N/ha); Vo = Volume Observado (m3/ha)
Fe = Freqüência Estimada (N/ha); Ve = Volume Estimado (m3/ha)
Fr= Freqüência Removida (N/ha); Vr = Volume Removido (m3/ha)
Utilizando a combinação do inventário florestal por espécie por
classe diamétrica e a análise estrutural pode-se gerar o plano de manejo. De
maneira complementar obteve-se o padrão de distribuição espacial das
espécies a serem removidas.
Na Tabela 6.8 é então apresentado o Plano de Manejo 2, incluindo o
nome das espécies a serem removidas (pode ser também o nome regional),
o número de árvores existentes por classe diamétrica (NORIG), o número de
árvores a ser removida por classe diamétrica (NREMOV) e o padrão de
distribuição espacial das espécies.
* Valores diferem ligeiramente daqueles apresentados na Tabela 6.1. Nesta os volumes
foram obtidos a nível da árvores e após somados por classe diamétrica. Na Tabela 6.7 os
volumes foram obtidos a partir do centro da classe diamétrica e da freqüência desta.
287
b) Plano de Manejo 2
Considera-se agora um valor de:
q = 1,7
Grem. = 4,715 m 2/ha
Dmax= 31,0 cm
Então os novos valores de p 0 e pi são:
In (1,7)
Bi = = -0,13266
- 4
po = 5,876575445
Substituindo estes novos valores na função selecionada tem-se:
In y i = 5,876575445 - 0,13266 Xi ou
y i = 356,586 e " ° - 1 3 2 6 6 X i
Pode-se agora definir se há classes de diâmetro em que há déficit e
classes em que há superávit de árvores, além de definir quantas árvores
serão removidas, conforme observa-se na Tabela 6.7.
Pode-se observar neste caso que as classes de diâmetro com valor
central 23 e 31 cm apresentam déficit de árvores para manter uma estrutura
balanceada.
TABELA 6.8. Plano de Manejo 2
Espécie Caracter,
de
Gasses Diamétrica
Interesse 7,0 11,00 15,0 19,0 23.0 27,0 31,0
Acosmmm dasycarpum Norig 0,0 11,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Nrcmo 0,0 7,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Distr Padrão de Distribuição Agregado
Acosmium sub elegans Norig 5,6 5,6 0,0 0,0 5,6 0,0 0,0
Nremo 4,3 3,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Distr Padrão dc Distribuição Aleatório
Byrsonima coccolobifolia Norig 5,6 16,7 22,2 0,0 0,0 0,0 o.o
Nremo 4,3 10,5 14,7 0,0 0,0 0,0 0,0
Distr Padrão de Distribuição Aleatório
Davilla elliptíca Norig 5,6 5,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Nrcmo 4,3 3,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Distr Padrão de Distribuição Agregado
Diospyros coccolobifolia Norig 11,1 0,0 5,6 0,0 0,0 0,0 0,0
Nrcmo 8,6 0,0 3,7 0,0 0,0 0,0 0,0
Distr Padrão de Distribuição Agregado
Erythroxylum spl Norig 16,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Nremo 13,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Distr Padrão de Distribuição Aleatório
Erylhroxylum suberosum Norig 5,6 5,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Nrcmo 4,3 3,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Distr Padrão dc Distribuição Aleatório
Contínua...
TABELA 6.8. ComÍfluac5o
Espécie Caracter,
de
Classes Diamétrica
Interesse 7,0 11,00 15,0 19,0 23,0 27,0 31,0
Eugenia dysenieriea Nõrig
Nrcmo
Distr
27,8
21,6 7,0
Padrão dc Distribuição Aleatório
5,6
3,7
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Hymenaea sligonocarpa Norig
Nremo
Distr
11,1 5,6
8,6 3,5
Padrão dc Distribuição Aleatório
5,6
3,7
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0.0
0,0
0,0
Kieímeyera coriacea Norig
Nremo
Distr
72,2 11,1
56,2 7,0
Padrão dc Distribuição Aleatório
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Lafoensia pacari Norig
Nremo
Distr
83,3 27,8
64,8 17,5
Padrão dc Distribuição Aleatório
27,8
18,4
5,6
2,6
0,0
0,0
5,6
0,0
0,0
0,0
Magonia pubescens Norig
Nrcmo
Distr
22.2 0,0
17.3 0,0
Padrão de Distribuição Aleatório
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
5,6
0,0
0,0
0,0
Piptocarpha rotundifolia Norig
Nremo
Distr
5,6 5,6
4,3 3,5
Padrão dc Distribuição Agregado
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Poulena ramiflora Norig
Nrcmo
Distr
38,9 11,1
30,2 7,0
Padrão dc Distribuição Aleatório
27,8
18,4
11,1
5,3
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
a
3
S
C
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o
5
290
Opções para o Manejo Sustentado da Floresta Nativa
291
c) Plano de Manejo 3
Considera-se agora um valor de:
q = 2,50
G R E M . = 4,715 m2/ha
D M A X = 31 cm
í
Então os novos valores de p 0 e Bi são:
In (2,50)
Bi = = -0,22907
- 4
po = 7,404965985
Substituindo estes valores na função selecionada tem-se:
In yj = 7,404965985 - 0,22907 Xi ou
yi = 1644,12891 e " ° ' 2 2 9 0 7 X i
Pode-se agora definir se há classes de diâmetro em que há déficit e
classes em que há superávit de árvores, além de definir quantas árvores
serão removidas, conforme observa-se na Tabela 6.9.
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
TABELA 6.9. Floresta remanescente e a definição das árvores a serem removidas na opção
de Manejo 3 _ _
Classe Estrutura Original Est. Remanescente Est. Removida
Fo Vo* Fe Ve Fr Vr
7,00 516,67 4,5341 330,78 2,9028 185,89 1,6313
11,00 205,56 5.6750 132,31 3,6529 73,24 2,0221
15,00 122,22 7,0847 52,92 3.0678 69,30 4,0168
19,00 44 44 4,6471 21,17 2,2135 23.27 2,4336
23,00 16,67 3,1031 8,47 1,5766 8,20 1,5265
27,00 16,67 4,3057 3,39 0,8751 13,28 3,4306
31,00 5,56 1,8425 1,35 0,4493 4,20 1,3931
927,78 31,1922 550,40 14,7380 377,33 16,4540
Modelo de Meyer:Yi = Boi EXP (pü * X,)
Parâmetro poi: 1644,12891
Parâmetro pli: -0,22907
Quociente de De Liocourt da Floresta Remanescente = 2,50
Área Basal da FlorestaRemanescente = 4,715 m2/ha
Classe = Valor Central da Classe de Diâmetro (cm)
Fo = Freqüência Observada (N/ha)
Vo = Volume Observado (m3/ha)
Fe = Freqüência Estimada (N/ha)
Ve = Volume Estimado (m3/ha)
Fr= Freqüência Removida (N/ha)
Vr = Volume Removido (m3/ha)
• Valores diferem ligeiramente daqueles apresentados na Tabela 6.1. Nesta os volumes
foram obtidos a nível da árvores e após somados por classe diamétrica. Na Tabela 6.9 os
volumes foram obtidos a partir do centro da classe diamétrica e da freqüência desta.
292
Opções para o .\ íanejo Sustentado da Floresta Nativa
293
Utilizando a combinação do inventário florestal por espécie, por
classe diamétrica e a análise estrutural pode-se gerar o plano de manejo. De
maneira complementar obteve-se o padrão de distribuição espacial das
espécies a serem removidas.
Na Tabela 6.10 é então apresentado o Plano de Manejo 3, incluindo
o nome das espécies a serem removidas (pode ser também nome regional),
o número de árvores existentes por classe diamétrica (NORIG), o número de
árvores a ser removida por classe diamétrica (NREMOV) e o padrão de
distribuição espacial das espécies.
TABELA 6.10. Plano de Maneio 3
Espécie Caracter. Ouses Diamétrica
de
Interesse 7,0 11,00 15,0 19,0 23,0 27,0 31,0
Acosmmm dmycarpum Norig 0,0 11,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Nremo 0,0 4,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Distr Padrão de Distribuição Agregado
Acosmium sub eíegans Norig 5,6 5.6 0,0 0,0 5.6 0,0 0,0
Nremo 2.1 2,1 0,0 0,0 2,7 0,0 0,0
Distr Padrão de Distribuição Aleatório
Byrsonima coccolobifolia Norig 5,6 16,7 22,2 0,0 0,0 0,0 0,0
Nrcmo 2,1 6,3 13,9 0,0 0,0 0,0 0,0
Distr Padrão de Distribuição Aleatório
Davilla elllpltca Norig 5,6 5.6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Nrcmo 2,1 2,1 0.0 0.0 0.0 0,0 0,0
Distr Padrão dc Distribuição Agregado
Dlnspyros coccolobifolia Norig 11,1 0,0 5,6 0,0 0.0 0,0 0,0
Nrcmo 4,3 0,0 3.5 0,0 0.0 0,0 0,0
Distr Padrão dc Distribuição Agregado
Erylhroxylum spl Norig 16,7 0,0 0.0 0,0 0,0 0,0 0,0
Nremo 6,4 0,0 0.0 0,0 0.0 0,0 0,0
Distr Padrão de Distribuição Aleatório
Eryihroxylum suberosum Norig 5,6 5,6 0,0 0,0 0.0 0,0 0,0
Nrcmo 2,1 2,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Distr Padrão de Distribuição Agregado
Continua...
TABELA 6,10. Continuação •
Espécie Caracter. Classes Diamétrica
de
Interesse 7,0 ü p O ISjO 19j0 23*0
Eugenia Jysentenca Norig
Nrcmo
Distr
27,8 11,1 5,6
10,7 4,2 3,5
Padrão de Distribuição Aleatório
0,0
0,0
"0 ,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Hymenaea sligonocarpa Norig
Nrcmo
Distr
11,1 5,6 5,6
4,3 2,1 3,5
Padrão de Distribuição Aleatório
0,0
0,0
0,0
0,0
0.0
0.0
0,0
0,0
Kielmeyera conacea Norig
Nremo
Distr
72,2 11,1 0,0
27,8 4,2 0,0
Padrão de Distribuição Aleatório
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Lafoensia pacari Norig
Nremo
Distr
83,3 27,8 27.8
32,0 10,5 17,3
Padrão de Distribuição Aleatório
5,6
3,9
0.0
0,0
5,6
4,4
0,0
0,0
Magonía pubescens Norig
Nremo
Distr
22,2 0,0 0,0
8,5 0.0 0,0
Padrão de Distribuição Aleatório
0,0
0,0
0,0
0,0
5,6
4,4
0,0
0,0
Piptocarpha roíundtfolla Norig
Nrcmo
Distr
5.6 5,6 0,0
2,1 2,1 0,0
Padrão de Distribuição Agregado
0,0
0,0
0.0
0.0
0,0
0,0
0,0
0,0
Pouleria ramiflora Norig
Nremo
Distr
38,9 11,1 27,8
15,0 4,2 17,3
Padrão de Distribuição Aleatório
11,1
7,8
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Continua...
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
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296
Opções para o Planejo Sustentado da Floresta Nativa
297
Após a definição do plano de manejo, pode-se definir o uso das
espécies em função de sua dimensão, forma do fuste e qualidade da
madeira para: carvão; lenha; moirões; frutíferas; medicinais; serraria;
dormentes, portas.
Pode-se agora saber qual o volume de madeira removida para
carvão / espécie e por classe de diâmetro, para moirões / espécies / por
classe de diâmetro, para serraria / espécie / por classe de diâmetro, etc.
Quantificado o volume / espécie / classe de diâmetro / pode-se fazer
análise de investimento desde que os custos envolvidos em cada atividade
tenham sido computados.
Para que se possa intervir na área, é necessário que esta seja
subdividida em compartimentos, nos quais se fará preferencialmente
intervenções anuais. Esta subdivisão da área, pode-se basear no controle
por área (se a propriedade tem 1000 ha e o ciclo de corte é de 10 anos,
faz-se intervenções anuais em compartimento com 100 hectares), no
controle por volume e na combinação do controle área-volume.
Feita a intervenção no primeiro compartimento, deve-se estabelecer
um programa de monitoramento do mesmo, para que se conheça como é o
desenvolvimento da regeneração natural, de modo a conseguir, ao longo
dos anos, estabelecer o ciclo de corte apropriado para o tipo florestal em
questão.
ESTUDO DA REGENERAÇÃO
NATURAL VISANDO A
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS
DEGRADADAS E O MANEJO
FLORESTAL
Natalino Calegário
7.1. INTRODUÇÃO
O estudo de aspectos relacionados direta ou indiretamente com a
regeneração natural de indivíduos vegetais presentes em povoamentos
naturais heterogêneos e multiâneos, se não mais, é tão importante quando
comparados com aqueles estudos conduzidos enfocando indivíduos de
idade mais elevada considerados como estoque de crescimento e de
exploração. Tal importância se torna inquestionável quando consideramos
que as características quantitativas e qualitativas da floresta adulta vão ser
conseqüência de processos dinâmicos bióticos e abióticos da regeneração
-Professor do Departamento de Ciências Florestais - UFLA
299
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
300
Estudo da Regeneração Natural Visando a Recuperação de
Áreas Degradadas e o Manejo Florestal
301
possibilidade de sucesso, ou seja, mesmo sendo um processo artificial, o
mesmo tenta imitar o natural, o que, indubitavelmente, terá maiores
possibilidades de acerto.
Outra situação que poderia ser considerada como recolonização
artificial, porém combinada com a natural, seria a presença de regeneração
natural associada com povoamentos homogêneos, exóticos e equiâneos.
Tal fato pode ser observado com bastante freqüência em empresas florestais
que reflorestam com alguma espécie para fins comerciais. Em alguns casos,
quando existem fontes de propágulos próximas à áreas com povoamentos
homogêneos, a regeneração natural de espécies vegetais nativas, com alta
diversidade, iniciam um processo de recolonização natural que, com o
passar do tempo, devido à impossibilidade da espécie exótica em se
regenerar, passa a ser um povoamento natural, heterogêneo e multiâneo. A
espécie exótica, no início do processo, passa a ter uma função física,
principalmente, de espécie pioneira. Com técnicas de manejo, com remoção
seletiva e controlada da espécie exótica, este processo pode ser acelerado,
obtendo-se uma floresta com alta biodiversidade em um espaço de tempo
menor.
7.2. O MANEJO FLORESTAL E A REGENERAÇÃO
NATURAL
A sustentabilidade, como principio básico do manejo florestal de
povoamentos naturais, para ser atingida, dentre outras coisas, deve-se
considerar aspectos relacionados com regeneração natural de espécies
remanescentes ocorrentes na população e verificar a capacidade destas
espécies emse reproduzir. Aspectos relacionados com os impactos sobre a
regeneração, caso ocorram intervenções, como corte seletivo, também
natural, aqui representada por indivíduos vegetais jovens com potencial
genético variado e que, consequentemente, dará prosseguimento à
manutenção da biodiversidade da floresta, nos seus mais diversos estádios
sucessionais e, também, nas suas subdivisões físicas e biológicas.
A regeneração natural pode ser influenciada por diversos fatores,
dependendo do estádio sucessional da floresta e este interagindo com
outros fatores como climáticos, fisiográficos, bióticos, edáficos e, até
mesmo, devido à fatores antrópicos. Em cada situação, a floresta responde
de determinada forma com o objetivo principal de conduzir sua manutenção
quantitativa e qualitativa adquirida com sua evolução. Como exemplo,
poderíamos considerar a interação entre os fatores climáticos e bióticos.
Existindo vegetação próximo de determinada área que sofreu algum
distúrbio, correntes de ar geradas com o fator clima atuaria como fator de
dispersão de diásporos, os quais iriam atuar na recolonização da citada
área. Tal análise poderia ser feita para os outros citados fatores, combinando
dois ou mais deles. Hoje, com o desenvolvimento da ciência, o fator
antrópico possui importância decisiva na recuperação de determinadas
áreas, através da regeneração natural ou artificial.
A recolonização artificial, com a aplicação de técnicas apropriadas,
está cada vez mais sendo utilizada com o objetivo principal de recuperação
de áreas degradadas. Muitas vezes esta recolonização é exigida por
legislação específica. O que ocorre, em alguns casos, é que a seleção de
espécies para a citada recolonização não é feita observando critérios como
adaptação e nível sucessional, colocando em risco o processo. Portanto, a
recolonização com espécies nativas do local, de boa qualidade e
pertencentes a níveis sucessionais inferiores, como pioneiras, teria grande
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
302
Estudo da Regeneração Natural Visando a Recuperação de
Áreas Degradadas e o Manejo Florestal
identificar tais grupos de espécies, observou a existência de cinco grupos:
1) aquelas espécies que já se encontravam presentes no local e que
sobreviveram às mudanças no meio ambiente; 2) as espécies que se
encontravam dormentes no banco de sementes, mas que não germinavam
devido à limitações de luz, temperatura e outros fatores mecânicos; 3) as
espécies que já estavam presentes no sub-oosque e representadas por
plântulas ou por indivíduos em estádio juvenil de desenvolvimento, mas,
com as mudanças ambientais, tais indivíduos foram estimulados a se
desenvolver; 4) espécies que apareceram devido à brotação de raízes
advindas de povoamentos adjacentes; e 5) as espécies invasoras que, por
algum processo de dispersão, apareceram na área durante o tempo em que
a clareira permaneceu aberta. Portanto, como pode-se observar, a citada
recolonização se mostra como um processo complexo, dinâmico e que,
devido a um elevado número de variáveis envolvidas, torna-se de difícil
controle.
No caso do manejo florestal com vista ao rendimento sustentado,
quando consideramos o lado operacional do mesmo, está implícito que, de
uma forma ou de outra, serão geradas várias clareiras de tamanhos variados
e que, conforme citado anteriormente, as mesmas serão recolonizadas e
terão, muito provavelmente, diversidade e composição fiorística diferente da
floresta original e, como conseqüência, esta mudança afetará as
características do povoamento, estando a mesma dependente da
intensidade da intervenção e do processo tecnológico utilizado no manejo.
Portanto, o acompanhamento das mudanças no povoamento torna-se de
fundamental importância para o sucesso do manejo florestal visando o
rendimento sustentado.
devem ser considerados. Pouco se tem exigido, em termos de legislação,
com o objetivo de se ter um melhor controle sobre a dinâmica da população
remanescente considerada como regeneração. Um exemplo de legislação
que dá um enfoque mais específico para o estudo da regeneração natural
trata-se da resolução 005, de 21 de dezembro de 1992, que dispõe sobre
normas para elaboração de planos de manejo florestal no estado de Minas
Gerais. Em tais normas, existe um item que dispõe sobre a obrigatoriedade
de serem observados em subparcelas indivíduos vegetais com diâmetro à
altura do peito menor do que 5,0 centímetros. Porém, na maioria dos planos
de manejo, ao menos aqueles que têm sido observados, não existe nenhum
estudo específico sobre regeneração natural.
O que não pode deixar de ser relevante é que as futuras
características qualitativas e quantitativas, de qualquer povoamento sob
plano de manejo florestal que vise a sustentabilidade, vai depender da
qualidade e quantidade da regeneração natural, tendo como destaque os
aspectos relacionados com a diversidade e composição forísticas. Caso isto
não seja observado, existe um grande risco do povoamento, que possua
elevada diversidade fiorística, se tomar mais rtomagêneo e, como
conseqüência, perder sua função ecológica e, também, econômica, já que
algumas espécies de destacado valor comercial podem ser extintas do
processo.
Quando ocorre algum distúrbio em uma floresta, com causas
naturais ou não, gerando a abertura de clareiras, existe uma reação do
ambiente de repovoar o mais rápido possível o local. Neste repovoamento,
vários grupos de espécies podem estar presentes com a função de
manutenção da cobertura vegetal. Gómes-Pompa (1991), com o objetivo de
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal
304
Estudo da Regeneração Natural Visando a Recuperação de
Áreas Degradadas e o Manejo Florestal
natural são estimados os parâmetros absolutos e relativos da Densidade e
da Freqüência, para cada espécie, conforme expressões abaixo e propostas
porFinol (1971):
DAi = Ni /área (ha)
DRi = (DA" / DAT) * 100
FAi = (NUi/NUT)*100
FRi = (FAi/FAT)*100
onde:
DAi = Densidade absoluta para a i-ésima espécie;
Ni = Número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie;
DRi = Densidade relativa para a i-ésima espécie;
DAT = Soma de todas as densidades absolutas;
FAi = Freqüência absoluta para a i-ésima espécie;
NUi = Número total de unidades amostrais em que ocorreu a
i-ésima espécie;
NUT = Número total de unidades amostradas;
FRi = Freqüência relativa para a i-ésima espécie;
FAT = Soma de todas as freqüências absolutas.
Uma diferença básica no estudo da regeneração natural, quando
comparado com as análises que consideram os indivíduos adultos, é que
não estima parâmetros relativos à dominãncia pelo fato de não se ter valores
305
7.3. METODOLOGIA PARA ESTUDO DA REGENERAÇÃO
NATURAL
Muitos estudos têm sido desenvolvidos com o objetivo principal de
desenvolver metodologias visando o estudo da regeneração natural em
floresta heterogênea. Muitos destes estudos possuem pontos comuns e não
comuns, sendo que as variações se devem, principalmente, às diferenças
ambientais entre as áreas em que estão sendo conduzidos os estudos, seja
eles objetivando o manejo sustentado ou não.
Na maioria das vezes, são considerados como regeneração natural
aqueles indivíduos cujo Diâmetro à Altura do Peito (DAP) é inferior a 5,0 cm,
ou seja, com Circunferência à Altura do Peito (CAP) menor do que 15,7 cm.
Para florestas cujos indivíduos possuam diâmetros com valores
relativamente elevados, este limite pode subir para um valor de DAP igual a
15,0 cm. Em contrapartida, para florestas jovens e que possuam valores
relativamente pequenos de DAP, este limite pode ser reduzido para uma
CAP de 5,0 cm.
Normalmente para o estudo da regeneração natural utiliza-se de
sub-unidades amostrais localizadas