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Resumo sobre concepções de justiça

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--------------------------------------------Justiça--------------------------------------------
Entre muitas significações de justiça, podemos assinalar duas fundamentais: uma subjetiva e uma objetiva. Muitas vezes falamos da justiça como uma qualidade da pessoa, como virtude ou perfeição subjetiva. Outras vezes empregamos a palavra justiça para designar objetivamente uma qualidade da ordem social, nesse sentido falamos da justiça de uma lei as instituições pó extensão a palavra justiça também é empregada para designar o Poder Judiciário e seus órgãos.
Depois de observar esses conceitos devemos dizer que em sentido direto e próprio, justiça significa “ a virtude” ou a vontade de constante de dar a cada um o seu direito.
A justiça em sua acepção subjetiva, apresenta 3 significações de extensão diferente. 
 A) Sentido Latíssimo: justiça significa a virtude em geral. O conjunto de todas as virtudes. Justiça significa nesse caso a Santidade;
 B) Sentido Lato: numa acepção menos ampla, “justiça” significa apenas o conjunto das virtudes sociais ou virtudes de relação e convivência humana. Justiça se encaixa em uma das 4 virtudes cardeais, as demais são: prudência, temperança e coragem, essas virtudes podem ser exercidas isoladamente;
 C) Sentido Estrito: em sentido estrito e próprio, a justiça, consiste essencialmente em dar a outrem o que lhe é devido segundo uma igualdade, conforme a definição de S. Tomás.
Correspondem as características essenciais da justiça propriamente dita:
- A Alteridade (alteritas); A Alteridade consiste fundamentalmente em respeito a pessoa do próximo. Por isso, a 1ª condição para que a justiça se realize é a existência de pelo menos 2 pessoas;
- O Devido (debitum); deve existir um vínculo obrigacional entre eles por exemplo, A paga a B uma determinada quantia, mas para dizer que houve justiça se da parte de A existisse um dever estrito (debitum) de pagar a B e da parte de B o direito de exigir (exigibilidade) a quantia de A. O devido legal está presente na lei, ou seja, vincula a todos o seu cumprimento, caso haja a não observância ao preceito da lei o Estado poderá impor sanção. Também sendo chamada de norma de garantia são as que garantem a ordem social. O devido moral é subjetivo, está presente em cada indivíduo, ou seja, é impossível fazer vincular a todos o que é subjetivo, por isso ao Estado não interessa punir o descumprimento dessas normas morais, também chamadas normas de aperfeiçoamento, pois visam aperfeiçoar a convivência em sociedade;
- A Igualdade (a equalitas): A igualdade é, pois, uma equivalência de quantidade. Na justiça, de forma analógica e adaptada à natureza moral das relações 	humanas, é essa também a significação de igualdade.
Também podemos dizer que a igualdade na justiça se realiza de duas formas:
 A) A igualdade simples ou absoluta é a equivalência entre 2 objetos, que se verifica nas relações de troca, o comprador de um objeto que vale 1000 deve efetivar um pagamento de igual valor;
 B) Igualdade proporcional ou relativa é a que se realiza na distribuição dos benefícios e encargos entre os membros de uma comunidade: se A, que contribui com 50, recebe 5; B, que contribui com 80, receberá 8.
Separadamente se observa outra distinção: 
 a) A Igualdade Formal: consiste em tratar os iguais com igualdade, ou seja, tratar todos igualitariamente já que todos somos dotados de inteligência e vontade livre;
 b) A Igualdade Real: consiste em tratar os desiguais com desigualdade, isto é, tratar individualmente as pessoas, observação tendência atual do direito ex: Estatuto do Idoso, ECA, Lei Maria da Penha, etc.
-------------------------------------Justiça Comutativa----------------------------------------
A justiça comutativa tem sido modernamente a mais desconhecida e a mais injuriada das justiças. É comum entre os juristas identificá-la como o campo dos contratos, tanto que alguns chegam a proclamar que “o que é contratual é justo”. Vale frisarmos que a justiça comutativa como princípio diretor das relações entre particulares, impondo deveres que vão desde o respeito a vida, à personalidade e à dignidade de cada momento.
Na justiça comutativa, a pluralidade de pessoas (alteritas) se realiza sob a forma de uma relação entre particulares. O debitum se apresenta como um devido rigoroso e estrito. E a igualdade simples e formal. Essa é a estrutura da justiça comutativa que também é chamada de corretiva ou sinalagmática. Comutativa do latim commutare, porque versa sobre permutas ou trocas, corretiva porque seu objetivo é corrigir ou retificar a igualdade nas relações entre particulares. Sinalagmática, porque é bilateral.
A justiça comutativa rege as relações entre particulares. Por particular devemos entender: a pessoa física, a pessoa jurídica, o Estado como particular e o Estado nas comunidades internacional.
A P.F. é fácil entender, pois o sujeito é um particular. A P.J quando em suas relações quando em suas relações com outras pessoas. O Estado figura como particular, como, por exemplo em locações de prédios pelo governo, em que esta figura como simples inquilino. Os Estados internacionais figuram como particulares em acordos internacionais.
O devido na j. comutativa devemos começar a estudá-la analisando a natureza desse débito rigoroso. Nesse tipo de justiça o devido é mais rigoroso, porque se trata de assegurar à pessoa o respeito a um direito que já lhe é próprio. O devido pode apresentar-se sob duas modalidades.
 a) negativa ou respeito à personalidade do próximo, que por sua vez se subdivide:
 a.1) A pessoa em si mesma, na sua dignidade moral e integridade física, nessa modalidade não se deve ofender diretamente o direito de outrem;
 a.2) em sua projeção externa, no seu trabalho, nas obras materiais e intelectuais e nos bens adquiridos; nessa modalidade não se deve ofender indiretamente o direito de outrem, já que uma pessoa ofende o direito de propriedade da outra pessoa;
 b) O cumprimento de obrigações positivas.
Para analisar este último tópico devemos levar em conta 1º quais são as obrigações abrangidas?
A) Prestações de serviço; o empreiteiro é obrigado a fazer a obra contratada;
B) Entrega de mercadoria; o vendedor é obrigado a entregar o objeto comprado;
C) Pagamento de quantia; o responsável por um atropelamento é obrigado a pagar uma indenização à vítima.
Dando continuação a analise pontual do débito, agora devemos observar de onde emanam estas obrigações;
A-) Contrato; vincula as partes a cumprir o convencionado, por exemplo contrato de trabalho;
B-) Uma declaração unilateral de vontade; uma vez emitida, torna-se exigível, por exemplo promessa de recompensa;
C-) Em um delito ou ato ilícito; decorre do dever de indenizar o dano;
D-) Em uma imposição da lei; essas obrigações estão previstas na lei, por exemplo a pensão alimentícia.
E-) Exigências da natureza; obrigações naturais, por exemplo a dívida de jogo.
Para finalizar, falta apenas pontuar as principais violações:
A-) Crimes em geral; por exemplo a lesão corporal, a calúnia, a violação de direitos autorais, etc.;
B-) Descumprimento de quaisquer obrigações; o inadimplente, ou seja, a pessoa não faz o combinado.
A finalidade dessa justiça é estabelecer igualdade entre as partes, mas essa igualdade apresenta-se sob forma diferente nas diversas espécies de justiça. Na comutativa é a igualdade simples e formal. É simples porque consiste numa relação se uma pessoa compra uma mercadoria que vale 1000, deve pagar 1000. a igualdade é formal, pois trata de igualar simplesmente uma coisa a outra, sem levar em conta a condição das pessoas3 . Por isso, o símbolo da j. comutativa é uma balança, com dois pratos, sustentados por uma mulher com os olhos vendados para não ver as partes.
----------------------------------------Justiça Distributiva-------------------------------------
A partir de agora passamos a analisar a segunda espécie de justiça. Para começar, façamos um breve resumo, cabe a justiça distributiva regular a aplicação dos recursos dacoletividade às diversas regiões ou setores da vida social, disciplinar fixação dos impostos e sua progressividade, o voto plural nas sociedades anônimas, a participação dos empregados nos lucros, na gestão ou na propriedade da empresa, a aplicação do salário-família, etc.
Nessa espécie de justiça a pluralidade de pessoas apresenta-se como relação entre a comunidade e seus membros, o devido consiste em assegurar aos membros da coletividade uma equitativa participação no bem comum e a igualdade é proporcional ou relativa. Assim podemos dizer que a justiça distributiva se efetua através de um estado de participação equitativa de setores e encargos sociais. Nesse sentido, podemos apontar que da sociedade atual existe violações em vários níveis:
A-) 	O desnível entre nações industrializados (EUA) e nações subdesenvolvidas (Etiópia);
B-) O desnível entre regiões de um mesmo país, no Brasil, a desigualdade de condições entre o nordeste e o sul; 
C-) Desnível entre os setores econômicos primário, secundário e terciário;
D-) O Desnível entre classes sociais, por exemplo, em São Paulo a diferença entre bairro do Morumbi e o de Heliópolis.
Começando a observar os 3 tópicos dessa justiça, podemos concluir que a alteridade se realiza entre a comunidade e o particular, ou seja, a sociedade dá a cada um de seus membros. Nesse ponto surge um problema delicado, alguns autores têm concepções variadas sobre a distinção de sociedade e particular.
1-) Teoria da ficção: a pessoa é real e a sociedade são inventadas, ou seja, uma ficção do direito;
2-) Teoria organicista: a sociedade é real e não é possível pensar em um indivíduo isolado. Durkheim chegou a afirmar que o homem só é homem porque vive em sociedade;
3-) Teoria da instituição: o indivíduo é real e a sociedade também, cada um com seus direitos e deveres distintos. Para nós é a hipótese mais correta4.
Antes de passar para o devido, vale ressaltar que essa justiça vale para qualquer tipo de sociedade.
O debitum é a exigência de a comunidade assegurar aos indivíduos uma equitativa participação do bem comum. Para que se torne exigível, deve haver um devido legal e estrito e é justamente isso que também acontece nesse tipo de justiça. A extensão na distributiva abrange um quadro de deveres negativos, por exemplo o direito à vida, à honra, à liberdade, à propriedade e etc. como também a segurança, a distribuição dos benefícios e a preocupação com as gerações futuras. Deve ser lembrado, que não apenas os benefícios são distribuídos, mas também os encargos sociais.
A igualdade é proporcional, pois trata de dividir proporcionalmente os bens sociais, mas o critério para se estabelecer essa proporção não deve ser uno, mas sim variar conforme o caso e misturando critérios, como por exemplo a dignidade com necessidade no caso de programas assistenciais.
A aplicação da justiça distributiva é feita em várias espécies de sociedade, entre elas por exemplo o Estado, família, a empresa e associações.
-----------------------------------------Justiça Social------------------------------------------
Justiça social é o nome novo de uma virtude antiga que era conhecida por J. geral ou legal.
Como as demais espécies de justiça, a social também consiste em dar a outrem, no caso os membros da sociedade dão a esta; o que lhe é devido, no caso sua contribuição para o bem comum; segundo uma igualdade proporcional.
O conceito de J. social é de fato o mesmíssimo conceito que S. Tomas e Aristóteles indicavam como termo da justiça geral ou legal. A expressão justiça geral tem por objeto o bem “geral” ou comum e a denominação J. legal é facilmente explicável, pois é a finalidade da lei fixar o bem comum.
A alteridade se realiza através de uma relação em que o particular dá a sociedade, ou seja, o indivíduo é o devedor e a comunidade credora. Cada particular dá a sua contribuição para o bem comum.
Nesta espécie de J. o débito é a exigência de bens materiais para poder contribuir com o bem comum. Para melhor fixação é necessário a análise do conceito de bem comum. Esse conceito está enraizado na vida digna, todos os bens necessários a dignidade humana faz parte do bem comum, como por exemplo, saúde, segurança, educação, alimentação e etc.
A igualdade é proporcional e real, pois cada pessoa deve contribuir conforme sua capacidade. Os governantes e donos de empresas devem contribuir com a maior parte, pois não se deve cobrar tanto de pessoas humildes que tem apenas para sua subsistência. O Estado sozinho não teria condições de garantir o bem comum, por isso cada um, na medida do possível, contribuir para que a União possa ter como diminuir essa desigualdade existente em nosso país.
A J. social deve estar presente na elaboração de qualquer lei, porque toda norma jurídica tem por finalidade o bem comum, mas também deve estar presente na solidariedade, isto é, num serviço voluntário ou em doações para entidades assistenciais, assim cada um pode ajudar a diminuir a desigualdade.

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