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3
TRIBUTOS: CONCEITOS, ESPÉCIES E ELEMENTOS FUNDAMENTAIS
OBJETIVO DO CAPÍTULO
Trazer os conceitos de tributos, impostos, taxas e contribuições, além de explicar algumas divisões conceituais dos tributos e termos como fato gerador, base de cálculo e alíquotas. Ao final do capítulo, será possível:
a.Identificar e compreender as principais diferenças e semelhanças entre os tributos: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições sociais, econômicas e especiais.
b.Analisar alguns impostos, buscando compreender seu fato gerador e sua base de cálculo.
c.Analisar diversas situações envolvendo tributos e identificar o contribuinte de fato e o contribuinte responsável.
3.1ESTRUTURA BÁSICA DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
O Sistema Tributário Nacional tem sua estrutura básica definida no Código Tributário Nacional (Lei Complementar no 5.172/66) e suas regras ditadas de forma extensa e rígida na Constituição Federal de 1988, que define:
1.Competência tributária de cada ente estatal (arts. 145 a 149 e 153 a 156).
2.Limitações constitucionais ao poder de tributar (arts. 150 a 152).
3.Repartição das receitas (arts. 157 a 162).
4.Demais normas (art. 195, Disposições Transitórias etc.).
3.2CONCEITO DE TRIBUTO
A definição de tributo pode ser obtida pela transcrição do art. 3o do Código Tributário Nacional (CTN) (Lei no 5.172/66):
Art. 3o Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Com base neste artigo destacamos alguns aspectos nos tributos, tais como:
COMPULSORIEDADE – Não é tributo o que não tiver caráter de obrigatoriedade. Por este aspecto, principalmente, e pelo fato de contribuições sociais e empréstimos compulsórios estarem regulados pelo Código Tributário Nacional (CTN) e previstos na Constituição Federal (Capítulo I, Título VI), são estes considerados pela doutrina, em geral, como tributos.
NATUREZA JURÍDICA DO TRIBUTO – É determinada pelo fato gerador da respectiva operação, sendo irrelevante para qualificar a natureza jurídica do tributo:
a)Denominação legal do produto de sua arrecadação.
b)A destinação legal do produto de sua arrecadação.
Portanto, detalhando cada termo da definição de tributo, teríamos, de forma resumida, o seguinte quadro:
 
	TRIBUTO – CARACTERÍSTICA
	EXPLICAÇÃO
	PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA
	O pagamento do tributo é obrigatório, não sendo possível fugir da sua obrigação. É algo impositivo, não opcional.
	EM MOEDA OU CUJO VALOR NELA SE POSSA EXPRIMIR
	O pagamento do tributo só poderá ser feito em R$ (moeda oficial do Brasil), não podendo, em nenhuma hipótese, ser realizado em bens ou serviços. Admite-se que o tributo seja devido em índices, tipo a UFIR, posteriormente convertidos em R$.
	QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO POR ATO ILÍCITO
	O tributo visa intervir em situações sociais ou econômicas, tributando a renda, o consumo e o patrimônio. Não pode ser considerado como punição, sendo cobrado apenas quando o contribuinte emite sinal de capacidade de pagamento. A multa, por outro lado, constitui-se sanção por ato ilícito, sendo cobrada por algum tipo de infração vinculada ao pagamento de tributo. A multa não tem (ou não deveria ter) função arrecadatória, pois visa somente coibir o ato ilícito.
	INSTITUÍDA EM LEI
	A lógica é a da representatividade, pois, como a lei é feita pelos representantes do povo, teoricamente, o povo só terá que arcar com os impostos que aceitou pagar. Tal ideia veio do direito americano, onde é manifestada no brocardo “no taxation without representation” (não haverá cobrança de tributos sem representação). Importante lembrar que há exceção somente para majoração de alíquotas de alguns impostos, mas sua instituição está preservada pelo dispositivo do CTN.
	COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA PLENAMENTE VINCULADA
	A cobrança de tributo se vincula à lei e a sua compulsoriedade. Assim, a autoridade tributária não tem poder para analisar a situação, verificando se é conveniente, justo ou não cobrar os tributos. Deve vincular a cobrança às demais definições inseridas no conceito de tributo, principalmente a obrigação compulsória de instituição por lei e o pagamento em moeda.
3.3ESPÉCIES DE TRIBUTO
O Brasil possui em sua estrutura normativa cinco espécies tributárias distintas, que são apresentadas a seguir:
»Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria (competência comum a União, estados e municípios).
»Contribuições Sociais, Econômicas e Especiais (competência da União).
»Empréstimos Compulsórios (competência da União).
Cientificamente, os tributos podem ser divididos em duas espécies: vinculados e não vinculados.
VINCULADOS são os tributos que têm relação entre a arrecadação e o serviço prestado ou a prestar pelo ESTADO. Exemplo: Taxas e Contribuições Especiais. A taxa de fiscalização sanitária, por exemplo, tem vínculo com o serviço prestado pelo ente estatal, não necessariamente com o carimbo do dinheiro arrecadado com ela. Já a COFINS tem vínculo com a destinação do dinheiro arrecadado, que deve ser direcionado à seguridade social.
NÃO VINCULADOS não possuem vínculo entre a arrecadação e a destinação, sendo que os tributos são devidos independentemente de qualquer atividade estatal relacionada ao contribuinte. Exemplo: os impostos em geral.
Em relação a sua incidência, os tributos podem ser divididos da seguinte forma:
»RENDA – Tributos cobrados sobre o produto do capital, do trabalho e da combinação de ambos. Incluem a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o Imposto de Renda (IR).
»PATRIMÔNIO – Tributos cobrados sobre o patrimônio das pessoas físicas e jurídicas. Os principais são IPTU, IPVA e ITBI.
»CONSUMO – Tributos que incidem sobre a cadeia produtiva: IPI, ICMS, ISS, II, IE, PIS, COFINS, CIDE e IOF.
»ENCARGOS SOCIAIS – Contribuições cobradas sobre a folha de pagamento: INSS, SESC, SENAC, Salário-Educação, FGTS, SEBRAE, entre outras.
A classificação mais tradicional de tributos é sua divisão em Impostos, Taxas e Contribuições, sejam sociais, de melhoria ou econômicas. Vamos entender detalhadamente o que significa cada tipo de tributo:
3.3.1IMPOSTOS
Diz o art. 16 do CTN: “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa aos contribuintes.” O imposto é de competência privativa, atribuída pela Constituição Federal, ou seja, é de competência exclusiva da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Em resumo, o imposto nasce por um ATO DO CONTRIBUINTE.
Esta definição desvincula totalmente o imposto pago do serviço prestado ao próprio contribuinte sobre o qual recaiu o ônus. O IPTU pago por um morador de um edifício de luxo localizado no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, não será destinado, necessariamente, para obras no mesmo bairro, podendo ser direcionado para diversos outros fins.
3.3.2TAXAS
A definição de taxa está no art. 77 do CTN: “As taxas [...] têm como fato gerador o exercício do poder de polícia ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte, ou posto à sua disposição.” Seu parágrafo único completa: “A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idêntico ao imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas.”
O termo poder de polícia é utilizado no sentido do poder de limitar e disciplinar, por parte da administração pública, atividades de interesses públicos, tais como: segurança, higiene, boa ordem, costumes, disciplina da produção, do mercado, tranquilidade pública e respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Assim, embora todo indivíduo seja livre e possa estabelecer-se como comércio ou indústria, não pode instalar seu estabelecimento em local que cause prejuízo a terceiros. Esse poder da administração pública de limitar o direito de instalar um estabelecimento industrial ou comercialchama-se poder de polícia.
Pelo serviço prestado de verificar as condições do local onde se pretende instalar um estabelecimento (comercial, industrial ou bancário) e por sua autorização para funcionamento, paga-se uma taxa. No caso da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro chama-se de Taxa de Licença de Funcionamento (TLF).
Em MAR/04 houve um incêndio de grandes proporções, felizmente sem nenhum ferido, num prédio localizado no centro do Rio de Janeiro, na esquina das Avenidas Rio Branco e Presidente Vargas. A imprensa discutiu muito o fato de a taxa de incêndio não ter sido direcionada integralmente para investimentos em novos aparelhos para o corpo de bombeiros.
O argumento das autoridades é de que o dinheiro arrecadado com a taxa de incêndio deve cobrir o serviço prestado pelo corpo de bombeiros, sem que os recursos sejam direcionados especificamente para a corporação.
Em síntese, a taxa nasce por um ATO DO ESTADO.
3.3.3CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA
A contribuição de melhoria, cobrada pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios, pode ser instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária para o contribuinte.
Em virtude de exigências burocráticas, a contribuição de melhoria raramente tem sido cobrada no Brasil. Nas poucas vezes em que houve a tentativa de cobrança, deixou-se de atender aos requisitos mínimos exigidos pela Lei.
3.3.4CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
As contribuições sociais representam, sem dúvida, uma quarta espécie de tributo, conforme vem sendo escrito por renomados autores da área do direito tributário.
O saudoso Professor Láudio Camargo Fabretti escreveu em seu excelente livro Contabilidade tributária o seguinte sobre a contribuição social:
“Analisando-se a relação custo/benefício para o contribuinte, verifica-se que ora seu impacto é de imposto, ora é de taxa, ou seja, é um tributo misto de imposto e taxa.”
As contribuições sociais são de dois tipos: as destinadas especificamente para atender à seguridade social, instituídas na Constituição Federal, em seu art. 195 e modificadas na Emenda Constitucional no 20/98; e as outras contribuições sociais.
As contribuições sociais direcionadas para a seguridade social incidem sobre:
a.Folha de Salários e de Terceiros – INSS
b.Faturamento ou Receita – PIS e COFINS
c.Lucro – CSLL
A seguridade social é entendida como o conjunto dos ministérios da Previdência Social, Assistência Social e Saúde.
Existem, ainda, outras contribuições sociais, não direcionadas para a seguridade social, como o PIS/PASEP, cuja destinação é para o Fundo de Amparo ao Trabalhador, vinculado ao Ministério do Trabalho e do Emprego. Outras contribuições sociais são aquelas destinadas para o sistema S: SESC, SENAC, Salário-Educação, INCRA, SEBRAE, entre outros
3.3.5CONTRIBUIÇÕES ECONÔMICAS E ESPECIAIS
As contribuições econômicas estão representadas basicamente pela CIDE (explicada em capítulo próprio), além daquelas autorizadas em lei para representação de sindicatos e profissões regulamentadas. Por exemplo, a anuidade desembolsada pelos contadores para o Conselho Federal de Contabilidade (representado pelo CRC regional) é considerada uma contribuição econômica, com característica de contribuição parafiscal, pois os recursos são administrados por entes definidos pelo Estado em benefício da categoria profissional.
Alguns autores denominam contribuições especiais o conjunto de contribuições sociais e econômicas. Outros denominam como contribuições especiais somente as contribuições sindicais e de profissões regulamentadas.
3.3.6EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS
Além dos impostos, taxas e contribuições, existe a previsão da instituição de empréstimos compulsórios, por parte da união. O EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO só pode ser instituído:
1.para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; ou
2.no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
3.4RELAÇÃO DE TRIBUTOS EXISTENTES NO BRASIL
A ótima página eletrônica www.portaltributario.com.br apresenta uma relação com os tributos existentes no Brasil, apontando um total de 92 em pesquisa realizada no mês de JUN/16. Pela relevância e qualidade da matéria, fica a recomendação do acesso à página.
3.5O QUE NÃO É CONSIDERADO TRIBUTO
Interessante é que pagamos tributos demais e ainda existem certos gastos que realizamos e que não são considerados tributos, apesar de terem o mesmo sentido para nós, contribuintes. Veja alguns casos a seguir.
3.5.1LAUDÊMIO
Laudêmio representa o valor pago pelo proprietário do domínio útil ao proprietário do domínio direto (ou pleno) sempre que se realizar uma transação onerosa do imóvel. Na venda de imóveis que originariamente pertencem à União, como todos os que se localizam na orla marítima, ocorre o pagamento do laudêmio. Conforme o novo Código Civil (Lei no 10.406/02, art. 686), quem paga o laudêmio é o vendedor.
O laudêmio não é um tributo, por representar apenas uma relação contratual, de direito obrigacional, na qual o ente público participa na condição de contratante e como tal sujeito aos princípios gerais dos contratos.
3.5.2SERVIÇOS PRESTADOS
O Estado aufere algumas receitas pela prestação de serviços oferecidos ao público de forma não gratuita. Um exemplo desse tipo de serviço é o estacionamento em vias públicas, que pode ser cobrado dos proprietários de automóveis pelo uso de espaço público.
O preço público não é nenhuma espécie de tributo (não é receita tributária), pois sua exigência não é compulsória nem tem por base o poder fiscal do Estado.
Pode-se afirmar que o preço público representa um valor monetário (em dinheiro) que o Estado (órgão público, empresa associada, permissionária ou concessionária) exige do adquirente (pessoa física ou jurídica), pela venda de um bem material (produto, mercadoria ou simples bem material) ou imaterial (serviços, locação e outros).
3.5.3MULTAS
As multas cobradas pelo Poder Público não compõem a carga tributária nacional, pelo fato de a própria definição de tributo apresentar o termo que não constitua sanção por ato ilícito. Este dispositivo define que as multas representam uma punição pelo não cumprimento de determinada obrigação.
Assim, não representam tributos, dentre outras:
a.Multas cobradas pelo atraso no pagamento de tributos, seja por autuação fiscal, seja espontânea.
b.Multas de trânsito.
c.Multas pelo atraso no envio de documentos, cobradas pelos órgãos oficiais, como Banco Central, ANATEL, ANEEL, ANP e demais órgãos reguladores.
d.Multas ambientais.
3.5.4TARIFAS
As tarifas são cobradas pelas empresas associadas, concessionárias ou permissionárias de serviços públicos federais estaduais e municipais, para permitir a justa remuneração do capital, o melhoramento e a expansão dos serviços e assegurar o equilíbrio econômico e financeiro do contrato.
Tarifa é receita originária empresarial, proveniente da intervenção do Estado, através dos seus associados, permissionários ou concessionários, na atividade econômica.
Por outro lado, a taxa é uma receita pública derivada, isto é, retirada de forma coercitiva do patrimônio dos particulares, vindo a se integrar no patrimônio do Estado.
Como explicação simples e definitiva, a tarifa visa o lucro enquanto a taxa visa o ressarcimento.
Na tarifa, o serviço é facultativo, e o pagamento, voluntário, somente havendo pagamento se existir a utilização do serviço. A tarifa é uma contraprestação de serviços de natureza comercial ou industrial, sendo muitas vezes uma espécie de serviço (teoricamente) considerado público.
Na cobrança de taxa ocorre uma contraprestação de serviços de natureza administrativa ou jurisdicional, sendo normalmente um preço tabelado.
Como exemplo de tarifa, podemos considerar a conta de água e esgoto que pagamos mensalmente. É um preço cobrado por um serviço (teoricamente) público, mas não compõe a carga tributária nacional, por representar uma relação contratual, não compulsória, embora sem alternativapor parte da grande maioria dos contribuintes, pois se estes não contratarem os serviços da concessionária de água da região, não terão o serviço, considerado essencial à vida humana.
Portanto, os valores recolhidos a título de conta de água não podem ser denominados como taxa, na medida em que não estão inseridos no conceito de tributo definido no art. 3o do CTN. Segundo o artigo, tributo é uma prestação compulsória, cobrada mediante atividade plenamente vinculada. Ora, se um dia o cidadão não quiser mais o serviço de água por ter um poço artesiano em seu terreno, poderá requerer à concessionária responsável pelo fornecimento da água o corte do serviço.
Daí nota-se que os valores recolhidos não possuem o caráter da compulsoriedade, assim como atividade de cobrança vinculada. Assim, o valor recolhido para o pagamento do serviço de fornecimento de água não é tributo e sim preço público, que tem como fundamento uma relação contratual.
3.5.5PEDÁGIO
Representa o valor cobrado sob a forma de taxa ou tarifa pela utilização de qualquer via de transporte por pessoa, veículo ou animal, com ou sem carga, levando-se em consideração seu peso, unidade e capacidade de carga, destinada à construção, conservação e melhoramentos das mesmas vias.
O pedágio, basicamente, é um preço público cobrado pela utilização de pontes ou rodovias. A quantia cobrada a título de pedágio é exigida em razão da utilização, pelo fato de circular numa determinada obra (ponte ou outra) ou via de comunicação (estrada), com o fim de amortizar o custo da obra e de atender despesas com a sua manutenção.
A receita pública auferida sob o título de pedágio é originária e facultativa. A formalização da cobrança do pedágio ocorre através da instalação, em determinado lugar estratégico de uma via natural de comunicação, de uma guarita de cobrança, havendo a obrigação de pagar certa contribuição por parte das pessoas que passam pelo referido local, que recebe serviços de infraestrutura.
Não há menção do pedágio no CTN ou na Constituição, mas alguns doutrinadores entendem que se trata de um tributo, quando for cobrado em via onde o contribuinte não tenha uma via alternativa para trafegar.
3.6ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DOS TRIBUTOS
Os elementos fundamentais de qualquer tributo são: contribuinte, fato gerador, base de cálculo e alíquota. Vamos conversar sobre cada um deles.
3.6.1FATO GERADOR
É o que faz nascer a obrigação tributária, podendo esta obrigação ser principal ou acessória. O Código Tributário Nacional (Lei no5.172/66) define fato gerador, nos arts. 114 e 115:
Art. 114: Fato Gerador da obrigação principal é a situação definida em Lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.
Art. 115: Fato Gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
Assim, a concretização do fato gerador pode fazer nascer uma obrigação principal, que sempre será de natureza pecuniária, ou seja, pagar um tributo; ou obrigações acessórias, que representam dever administrativo para o contribuinte, como, por exemplo, escrituração de livros fiscais e envio de declarações.
3.6.2CONTRIBUINTE DE FATO E CONTRIBUINTE RESPONSÁVEL
O contribuinte é o sujeito passivo da obrigação tributária que possui relação direta com o fato gerador. Por exemplo, o prestador do serviço (ISS) ou o proprietário do automóvel (IPVA).
Existem dois tipos de contribuintes: o contribuinte de fato, que efetivamente suporta o ônus tributário; e o contribuinte responsável, o qual a lei determina para responder pela obrigação tributária. Em alguns casos, o contribuinte de fato é também o responsável, enquanto em outros o contribuinte de fato é um e o contribuinte responsável é outro. Veja alguns exemplos no quadro a seguir:
 
	TRIBUTO
	CONTRIBUINTE
DE FATO
	CONTRIBUINTE RESPONSÁVEL
	INSS de empregado, descontado em folha de pagamento
	Empregado
	Empresa
	IPI cobrado do comprador na nota fiscal
	Comprador
	Vendedor
	IOF sobre um empréstimo bancário
	Pessoa Física
	Instituição Financeira
No caso do IPTU, onde o locador repassa o encargo para o locatário pagar, o proprietário locador é o contribuinte de fato e também o responsável perante o Fisco municipal. A relação jurídica entre o locador e o locatário é assunto entre particulares, sem envolver o ente público, no caso o município.
3.6.3BASE DE CÁLCULO
Normalmente, é o valor sobre o qual será aplicada a alíquota para apuração do valor do tributo a pagar, devendo ser definida através de lei complementar. A base de cálculo pode ser também uma unidade de medida, como acontece, por exemplo, com a base de cálculo de ICMS no setor de bebidas em alguns estados, que considera o litro vendido. Na CIDE-Combustíveis, por exemplo, a base de cálculo é obtida na venda de cada mil litros de gasolina, sendo desconsiderado o valor da venda.
3.6.4ALÍQUOTA
Normalmente é o percentual definido em lei que, aplicado sobre a base de cálculo, determina o valor do tributo que deve ser pago.
As alíquotas podem ser cobradas de duas formas:
»Em percentual (ad valorem), como ocorre na maioria dos casos. Exemplos: alíquota da COFINS para empresas tributadas pelo lucro presumido, que é de 3%; alíquota do ITBI no município do Rio de Janeiro, que é de 2%.
»Por valor fixo. Exemplos: A CIDE, que é cobrada na venda de gasolina sobre uma quantidade vendida (m3), independentemente do valor da venda; e também para alguns casos referentes ao PIS e à COFINS, como a venda de refrigerantes, que pode ser cobrada sobre o litro vendido.
A alíquota pode ter ainda outra função importante de qualquer sistema tributário justo, que é a progressividade. No imposto de renda das pessoas jurídicas, por exemplo, existem duas alíquotas vigentes: uma alíquota básica, aplicada a todas as empresas (15%); e outra, que é uma alíquota adicional de 10%, cobrada apenas daquelas empresas que apresentam base de cálculo (lucro real, presumido ou arbitrado) superior a R$ 20 mil/mês.
3.7ABSORÇÃO DA LEITURA: DEZ QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA
Recomenda-se fazer as questões pelo menos um dia depois da leitura do capítulo.
Q1
É considerada uma taxa e, por extensão, um tributo, a cobrança:
(A)Da conta de água e esgoto.
(B)De estacionamento em áreas públicas por guardador autorizado.
(C)Do pedágio de uma rodovia pública.
(D)Pela fiscalização de cemitérios
(E)De multa por atraso na entrega de obrigação acessória.
Q2
Com relação às diferenças e semelhanças entre taxa e pedágio, podemos afirmar que:
(A)A taxa representa um tributo de relação contraprestacional, sendo que o contribuinte pode jamais precisar da utilização do serviço público referente à taxa por ele paga, enquanto o pedágio somente será pago em caso de utilização de via pública.
(B)A taxa representa um tributo que o contribuinte somente paga se utilizar o serviço público específico e divisível, enquanto o pedágio será devido apenas no caso de utilização de via pública.
(C)A taxa e o pedágio têm o mesmo sentido, pois ambos representam contraprestação a um serviço prestado pelo ESTADO.
(D)A taxa tem o mesmo sentido do pedágio, se diferenciando apenas pelo fato de esta ser cobrada por estados e municípios, enquanto o pedágio é cobrado por empresas privadas que administram rodovias oficiais.
(E)A taxa se diferencia do pedágio em função de a cobrança da mesma ser feita em todas as esferas: federal, estadual e municipal, enquanto o pedágio somente pode ser cobrado em vias federais e estaduais.
Q3
A taxa tem como característica:
(A)Ter como fato gerador a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível.
(B)Ser um tributo sem nenhum vínculo entre a arrecadação e o destino.
(C)Ser cobrada apenas por estados e municípios.
(D)Poder ser cobrada inclusive em função do capital das empresas.
(E)O produto de sua arrecadação deve ser distribuído com os demais entes federativos.
Q4 – Prefeitura de Angra dos Reis – Contador – FESP/2002
A situação em que o contribuinte de direitoe o contribuinte de fato são a mesma pessoa (física ou jurídica), ocorre no caso de:
(A)IPI cobrado na venda de mercadorias industrializadas.
(B)INSS descontado do empregado no pagamento.
(C)IPTU pago pelo inquilino, em nome do proprietário.
(D)) CPMF da sua conta recolhida pelo banco ao governo.
Q5
Representa um tributo não vinculado:
(A)CPMF.
(B)Contribuição de melhoria.
(C)IPVA.
(D)FGTS.
(E)PIS/PASEP.
Q6 – Prefeitura de Itaperuna – Contador – FESP/2003
A taxa distingue-se do imposto, tendo em vista que:
(A)De um modo geral taxas não são tributos.
(B)Ambos são tributos, mas o imposto tem referibilidade direta para o contribuinte e a taxa não.
(C)A taxa é um tributo que pode ser calculado em função do capital das empresas, enquanto o imposto não.
(D)A taxa é um tributo vinculado, isto é, pressupõe atividade do Estado voltada para o devedor.
Q7
Não é considerado tributo o (a):
(A)CIDE-Combustíveis.
(B)Contribuição de Melhoria.
(C)FGTS.
(D)Contribuição aos conselhos profissionais, como o CFC.
(E)Pedágio pelo uso de rodovias públicas.
Q8 – CESGRANRIO – PETROBRAS, Auditor – 2008
A prestação pecuniária compulsória em moeda, ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitui sanção de ato ilícito, instituída em lei, e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada, é a (o):
(A)Contribuição acessória.
(B)Tributo.
(C)Taxa do empréstimo compulsório.
(D)Contribuição por movimentação financeira.
(E)Imposto de melhoria.
Q9
Tem competência cumulativa, podendo ser cobrada pela União, pelos estados, municípios e pelo Distrito Federal as(os):
(A)Contribuições de Melhoria.
(B)Contribuições Sociais.
(C)Contribuições Econômicas.
(D)Contribuições Acessórias.
(E)Empréstimos Compulsórios.
Q10
Dentre os diversos tipos de classificação, os impostos podem ser diretos ou indiretos. São considerados diretos os impostos:
(A)Criados pela União em caso de guerra ou na iminência desta.
(B)Criados por força de lei complementar e de competência residual da União, e não nomeados na Constituição.
(C)Relativos apenas ao contribuinte, sem possibilidade de transferência do encargo a outrem.
(D)Relativos a operações com possibilidade de transferência do encargo a outro contribuinte.
(E)Estipulados segundo alíquotas ou percentagens incidentes sobre bases de cálculo.

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