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Prof. Pâmella Pugas Divinópolis Março, 2017 Engenharia de Produção LOGÍSTICA I Instituto de Ensino Superior e Pesquisa - INESP 1 SUMÁRIO PLANO DE ENSINO PROPOSTA PARA O TIM UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO CONCEITUAL ........................................................................... 6 1. Conceitos e histórico da Logística e Cadeia de Suprimentos ...................................................... 6 Praticando 1: O que faz o profissional de Logística? ..................................................................... 11 2. Nível de Serviço aos clientes ..................................................................................................... 14 Praticando 2: Nível de Serviço ....................................................................................................... 16 3. Processamento de Pedidos – ciclo de pedido do cliente ............................................................ 17 Praticando 3: Pesquisa dos sistemas e tecnologias de informação aplicados à logística. .............. 20 4. Sistemas de Informações Logísticas .......................................................................................... 22 UNIDADE 2 – LOGÍSTICA REVERSA ...................................................................................... 24 Praticando 4: Artigos para leitura .................................................................................................. 24 Exercícios de Revisão I .................................................................................................................. 32 UNIDADE 3 – PROCESSO DE SUPRIMENTOS ....................................................................... 33 1. Compras Empresariais ............................................................................................................... 33 2. Fases do Processo de Compra .................................................................................................... 35 Praticando 5: Elaborando um processo de compra ........................................................................ 36 3. Situações especiais em compras ................................................................................................ 38 UNIDADE 4 – DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTE .................................................................... 42 1. Planejamento da Distribuição Física .......................................................................................... 42 Praticando 6: Estudo de Caso – Canais de Distribuição Empresa Bomfrio ................................... 44 2. Localização das Instalações ....................................................................................................... 46 2.1 Ponderação dos fatores ............................................................................................................. 46 Praticando 7: Exercícios Ponderação de fatores ............................................................................ 49 2.2 Centro de gravidade (centróide) ............................................................................................... 50 2.3 Ponto de Equilíbrio Locacional ................................................................................................ 54 Praticando 8: Exercícios Centro de Gravidade e Ponto de Equilíbrio ........................................... 56 2 Exercícios de revisão II .................................................................................................................. 58 3. Sistemas de Transporte .............................................................................................................. 60 4. O transporte Inter e Multimodal ................................................................................................. 65 5. Prestadores de Serviços logísticos ............................................................................................. 67 6. Modais de Transporte................................................................................................................. 70 Praticando 9: A matriz de transporte brasileira .............................................................................. 70 6.1 Modal Rodoviário .................................................................................................................... 71 6.2 Modal Dutoviário ..................................................................................................................... 73 6.3 Modal Aéreo ............................................................................................................................ 75 6.4 Modal Fluviolacustre ............................................................................................................... 78 6.5 Modal Ferroviário .................................................................................................................... 81 6.6 Modal Marítimo ....................................................................................................................... 86 REFERENCIAL............................................................................................................................. 90 3 Plano de Ensino – Logística I Carga Horária: 72 Aulas semanais: 4 Ano: 2017 Semestre: 1º Turma: 4º ENG. Produção Professor: Pâmella Gabriela Oliveira Pugas EMENTA Logística e Cadeia de Suprimentos. Nível de Serviço e Processamento de Pedidos. Sistemas de Informações Logísticas. Estratégias de localização. Suprimentos: fornecedores, obtenção e negociação. Distribuição e transporte. Logística reversa. OBJETIVOS Trazer aos alunos os principais conceitos relacionados à logística e cadeia de suprimentos, capacitando-os a participarem de equipes de trabalho nas áreas de suprimentos e distribuição, bem como explorando conhecimentos do nível de serviço ao cliente, localização das instalações e logística reversa. PROGRAMAS DA DISCIPLINA Unidade 1 – Introdução conceitual - Conceitos e histórico da Logística e Cadeia de Suprimentos - Nível de serviço aos clientes - Processamento de pedidos - Sistemas de Informações Logísticas Unidade 2 – Logística reversa Unidade 3 – Processo de suprimentos - Compras Empresariais - Fases do Processo de Compra - Situações especiais em compras Unidade 4 – Distribuição e transporte - Planejamento da distribuição física - Localização das Instalações - Sistema de transporte - Modais de Transporte METODOLOGIA Aulas expositivas; Leituras e pesquisas; Apresentação e discussão de vídeos; Exercícios práticos; Debate de atualidades; Estudos de Caso; Trabalho Interdisciplinar; Palestra. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO NOTA 1 = Prova 20 pontos, Exercícios 10 pontos. NOTA 2 = Prova 20 pontos; Exercícios 15 pontos. NOTA 3 = TIM 15 pontos, Prova 10 pontos, Trabalho 10 pontos. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 4 BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. (7) BALLOU, Ronald H.. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. (5) BOWERSOX, Donald J.. Gestão da cadeia de suprimentos e logística. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. (1) BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR COUGHLAN, A. T. et al. Canais de Marketing e Distribuição. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. 461 p. (3) FLEURY, P. F. WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. 376 p. (2) NOVAES, Antônio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação e avaliação. 2.ed. Rio de Janeiro:Elsevier; 2004. (2) POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 203 p. (3) SLACK, Nigel ; CHAMBERS, Stuart ; JOHNSTON, Robert. Administração da produção. 2. ed. 10. reimp. São Paulo: Atlas, 2009. 747 p. (5) ATENÇÃO: 1 – Atividades reconhecidas como plágio (tanto de colegas quanto da internet) serão zeradas, sem direito à reposição e com comunicação à coordenação do curso. 2 – A presença de notebooks e celulares só será aceita com autorização do professor, para acompanhamento das aulas. 3 – Reposição de exercícios apenas para aqueles feitos em sala e com justificativa plausível. O aluno deverá procurar o professor e solicitar a reposição. 5 PROPOSTA PARA O TRABALHO INTEGRADOR MULTIDISCIPLINAR (TIM) DISCIPLINA: Logística I PROF: Pâmella Pugas Objetivo: Descrever o processo logístico da empresa, dando ênfase à logística de distribuição. 1. Representar por meio de uma figura, como ocorre o processo logístico da empresa desenvolvida no TIM (ciclo do pedido do cliente). Os processos representados na figura devem vir acompanhados de uma breve explicação. 2. Representar por meio de uma figura, como ocorre o processo logístico reverso da empresa desenvolvida no TIM (pós-venda e pós-consumo). Os processos representados na figura devem vir acompanhados de uma breve explicação. 3. Apresentar como será o processo de distribuição da empresa, indicando quais os canais utilizados e os agentes envolvidos neste processo. Indicar ainda qual o modal que irá utilizar para a distribuição dos produtos, justificando sua escolha de acordo com a característica do modal. 4. Fazer o estudo da localização da Fábrica utilizando o método da ponderação de fatores. 6 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO CONCEITUAL 1. Conceitos e histórico da Logística e Cadeia de Suprimentos Texto de apoio 1 – A era da logística Os estilistas da espanhola Zara, fabricante e rede de varejo de roupas que rapidamente está se tornando uma marca de moda globalizada, descobriram um jeito de lançar coleções numa velocidade maior do que a da maioria de seus concorrentes. Mais da metade da produção da empresa é confeccionada na sede de La Coruña, na Espanha. A fabricação é própria ou fica a cargo de pequenos parceiros instalados nos arredores da unidade. As roupas são feitas em pequenos lotes e distribuídas por caminhão para entrega na Europa ou por avião para as lojas que a rede possui mundo afora, inclusive no Brasil. Ao contratar pequenos fornecedores que atuam vizinhos à fábrica mãe, a Zara ganhou um tempo precioso e tempo é quase tudo numa economia viciada em velocidade. Enquanto uma empresa que produz roupas na Ásia leva até nove meses para colocar um novo modelo nas lojas, a Zara faz isso em pouco mais de um mês. O efeito desse processo é visível. Como a rede evita a produção em massa, a renovação dos modelos é intensa. Para o consumidor, a impressão que fica (uma expressão da verdade, por sinal) é a de uma marca vibrante, com energia suficiente para apresentar novidades não a cada verão ou inverno, mas sempre. A estratégia só funciona graças à eficiência logística da Zara, que permite que um vestido fabricado em La Coruña apareça poucas semanas depois na vitrine de uma loja como a do Morumbi Shopping, na zona sul de São Paulo. Poucos conceitos são tão mal compreendidos no mundo dos negócios quanto a logística. A experiência da Zara descrita acima poderia ser, para muitos, apenas um exemplo do bom uso de instrumentos de marketing. Também é isso. Mas o coração do sucesso da empresa é sua grande capacidade de despachar seus produtos. Isso envolve fatores como inteligência estratégica, administração da produção, gestão de parceiros e controle de estoques. Ao contrário da visão tradicional, logística é muito, muito mais que o transporte de mercadorias. Sua importância na última década tornou-se tão vital para a produtividade, a eficiência e a rentabilidade dos negócios que logística virou espertamente slogan de uma série de companhias que nada mais fazem que carregar caminhões. Mas, numa simplificação, pode-se dizer que contar com uma boa logística significa colocar o produto no lugar certo, na hora e na quantidade certa, a preços competitivos. "A logística está presente em praticamente todas as atividades empresariais", diz Adalberto Panzan, presidente da Associação Brasileira de Logística (Aslog). Estima-se que os custos logísticos movimentem 3,2 trilhões de dólares ao ano em todo o mundo. Nos últimos anos, a globalização colocou a logística em um novo patamar. Com o aumento brutal da circulação de mercadorias e a pressão incessante por reduzir custos e aumentar as vendas, as empresas voltaram os olhos para a importância de desenvolver uma cadeia de suprimentos eficiente. Isso implica a coordenação das diversas partes envolvidas num processo produtivo do fornecedor da matéria prima aos parceiros responsáveis pelo desenvolvimento do projeto, passando pela operação de frotas de transporte, pelo recebimento de encomendas e até pelo recolhimento de pagamentos. Em certo sentido, é possível comparar os bens que circulam no mundo com a avalanche de informações presentes na internet. Tanto as mercadorias "físicas" como as "virtuais" estão se tornando cada vez mais abrangentes, exigindo das empresas uma rápida adaptação para atender a um mercado em permanente mudança. 7 Para tornar sua cadeia de suprimentos mais ágil e competitiva e dedicar mais tempo ao próprio negócio, empresas como a Cisco Systems, maior fabricante mundial de equipamentos de rede para internet, terceirizam grande parte de sua produção. Esse processo exige elevado grau de planejamento logístico, já que envolve parceria com dezenas de outras empresas. A própria Cisco admite que a terceirização lhe permitiu crescer mais depressa do que se operasse as próprias unidades de montagem de equipamentos. Na indústria automobilística, com suas centenas de fornecedores, a sofisticação da logística é vital. Em sua fábrica em Bangalore, na Índia, a japonesa Toyota exige que a entrega de peças seja feita Just in time na quantidade necessária e no momento certo. As entregas na fábrica de Bangalore acontecem a cada 2 horas e com um índice de falhas próximo de zero. No mundo globalizado, as operadoras de transportes expressos estão se tornando gigantes dos negócios, empresas com enorme potencial e com grande capacidade de interferência para o bem e para o mal no dia a dia de seus clientes. Nos Estados Unidos, a UPS, que transporta 14 milhões de pacotes por dia, criou uma facilidade para quem precisa consertar computadores laptop da marca japonesa Toshiba. Quando o laptop chega a um de seus centros de distribuição, é levado para um armazém onde o reparo não é feito pela Toshiba, mas pela própria UPS. Seus técnicos são treinados por profissionais da Toshiba. Mas não deixa de ser surpreendente o fato de que uma empresa de entregas expressas realize reparos em equipamentos eletrônicos. Nesse caso, UPS e Toshiba entraram em acordo para tornar a vida do cliente mais fácil. Por que envolver duas companhias gigantes em um processo que, na prática, poderia ficar sob a responsabilidade de apenas uma delas? No Brasil, os serviços logísticos sofrem com os gargalos históricos que impedem que o país cresça no mesmo ritmo de emergentes como a China. Rodovias precárias, linha ferroviária ultrapassada, aeroportos insuficientes, portos defasados são obstáculos à expansão acelerada e à sofisticação do negócio. Mesmo com todas as deficiências estruturais, o setor vemregistrando bons índices de crescimento. Em 2005, a logística movimentou aproximadamente 214 bilhões de reais no país, valor que deverá ser 20% maior neste ano. Mas há muito para ser feito, especialmente no desenvolvimento tecnológico. Segundo um estudo da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas, 4% de todas as empresas instaladas no Brasil empregam alguma tecnologia em logística. Nos Estados Unidos, esse percentual é quase duas vezes maior. "Um país só se desenvolve de verdade se concentrar esforços para modernizar suas operações logísticas", diz Panzan, da Aslog. "Sem isso, ficará relegado a um segundo plano no cenário econômico internacional." (Segalla e Caires, para Exame.com, 2006) Faça a leitura do Texto de apoio 1 e responda as seguintes questões: O que é logística? O que é cadeia de suprimentos? Qual a importância de ambas para as organizações? 8 De acordo com Machline (2011) o desenvolvimento da logística no Brasil ocorreu de forma semelhante aos Estados Unidos, porém com alguns anos de defasagem. O foco de interesse nas décadas de 1950 e 1960 era o transporte, que foi ampliado para a função administrativa ‘logística empresarial’ nas décadas de 1970 e 1980. Essa função administrativa, numa visão mais abrangente, incorporava ao transporte a gestão dos estoques, o armazenamento, os depósitos, a informação e a comunicação. A partir dos anos 1990, prevaleceu a visão da cadeia de suprimentos, que constituía um alargamento (e também um alongamento) da noção de logística empresarial, estendendo essa última a toda a cadeia de fornecedores, a montante, e a toda a cadeia de clientes, a jusante da empresa. Os tópicos de logística e cadeias de suprimentos estão entre os que mais têm recebido atenção por parte dos gestores. Nas universidades, assuntos tradicionalmente ensinados sob os nomes de gestão de materiais, armazenamento, administração de almoxarifados, transportes, hoje são englobados sob a denominação genérica de logística e/ou cadeias de suprimento. Figura 2: Eras da Logística. Fonte: Machline (2011) Muitos estudiosos consideram que os novos termos não passam de uma criação semântica, que a expressão cadeia de suprimento é apenas um elegante sinônimo de logística e que logística, por sua vez, é um lindo modismo para dizer transporte. Outros, esquecidos de que a logística abrange a entrada de materiais na empresa (inputs), o transporte interno (material handling), a saída (outputs) e a reversa, ou seja, a reciclagem (reverse), reduzem a logística à distribuição dos bens finais. Portanto, torna-se importante destacar que os nomes de logística e cadeia de suprimento não constituem apenas modas terminológicas, mas encerram conceitos inovadores de integração de funções e interligação entre empresas (MACHLINE, 2011). 9 O que é logística? “As atividades logísticas são a ponte que faz a ligação entre locais de produção e mercados separados por tempo e distâncias” (BALLOU, 2006). Ou seja, logística é a essência do comércio, ela liga produção e mercado = todos os bens de consumo utilizam de processos logísticos. Termo tem origem francesa, do verbo “loge”, que significa alojar “a parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realização de: projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material para fins operativos ou administrativos” Dicionário Aurélio “Logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes” Ballou (2006) Figura 3: Processo Logístico direto e reverso. 10 O canal físico de suprimento: lacuna em tempo e espaço entre as fontes materiais imediatas de uma empresa e seus pontos de processamento. O canal físico de distribuição: lacuna de tempo e espaço entre os pontos de processamento da empresa e seus clientes. Canal de logística reverso O que é Supply Chain Management?? Gestão da Cadeia de Suprimentos = “Administração sinérgica dos canais de abastecimento de todos os participantes da cadeia de valor, através da integração de seus processos de negócios. Envolve o conjunto de processos e organizações desde a fonte de matéria-prima até o cliente final” (RAZZOLINI FILHO, 2001). Porque a logística é tão importante para as empresas?? Criação de valor = tempo e lugar certo Custos são significativos; Expectativas do cliente estão aumentando; Linhas de suprimento e distribuição se tornam mais complexas (Ex: Toyota); Logística como estratégia (Ex: Zara); Agrega valor ao cliente - clientes querem respostas rápidas e padronizadas (Ex: UPS). Assim a empresa que planejar corretamente seu processo logístico alcançará: • Redução de custos • Redução de capital (investimentos) – just in time, terceirização. • Melhoria de serviço (além da concorrência) • Atividades Primárias: - Transportes - Manutenção de estoques - Processamento de pedidos Atividades de apoio: - Armazenagem - Manuseio; Embalagem - Obtenção (Compras) - Manutenção da Informação 11 Praticando 1: O que faz o profissional de Logística? a) ENTREVISTA COM ISRAEL GRUDTNER Na busca por ilustrar da melhor maneira possível as diferentes possibilidades profissionais para a área de logística, temos visto uma série de matérias sobre carreira e profissão. Dentre elas, entrevistamos profissionais da área para entender melhor a área, as responsabilidades e quais as sugestões que eles fazem para aqueles que desejem entrar nesse mercado. Hoje entrevistaremos Israel Grüdtner, Engenheiro de Produção da Petrobras, atuando na área de Suprimentos. Ele tem experiência como analista de logística de uma grande rede de supermercados e já atuou como consultor e professor na área de sistemas de armazenagem e estoques. Israel é graduado em Engenharia de Produção Elétrica e possui mestrado em Engenharia de Produção na área de logística e transportes, ambos pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente cursa especialização em Administração de Empresas pelo ISAE/FGV. Na entrevista ele destaca que o profissional de logística deve ter a visão sistêmica, analisando custos e processos. Ele destaca ainda que o profissional deve ter o CHA (se você não sabe o que é o CHA, leia a entrevista na íntegra abaixo e confira também a matéria O que você precisa saber para conseguir um estágio ou emprego onde este assunto é recorrente). Israel, como é o seu trabalho e as atividades que são sua responsabilidade como Engenheiro de Produção na área de suprimentos? A área em que trabalho é responsável pela aquisição e manutenção dos estoques de materiais necessários ao funcionamento da planta de produção. Especificamente, atuo na análise de reposição de materiais, visando manter o nível de estoque de insumos e sobressalentes adequado ao nível de serviço exigido, buscando a melhor relação custo x benefício possível. Qual a sua formação e como ela ajuda na execução de suas tarefas? Sou formado em Engenharia de Produção Elétrica e Mestre em Engenharia de Produção, ambos pela UFSC. No meu dia a dia utilizo principalmente conhecimentos em logística, estatística e análise de custos e de processos, todos abordados no curso de Engenharia de Produção. Em quais outros cargos/atividades na área logística você atuou antes da sua atual ocupação? O que você destaca destas experiências?Atuei como Consultor tendo desenvolvido projetos em empresas do setor industrial, atacadista e varejista. Neste período aprendi muito sobre a cadeia de suprimento, conhecendo a nível macro os processos e interfaces entre os elos da cadeia. Posteriormente, atuei como Analista de Logística em uma empresa do setor varejista, onde aprendi bastante sobre as atividades de planejamento de estoques e armazenagem e movimentação de materiais. Considero que estas experiências complementam-se no que diz respeito a minha formação profissional, pois como consultor atuei nos níveis estratégico e tático, enquanto que como analista estive mais próximo do operacional. Acredito que a visão sistêmica necessária ao profissional de logística é construída a partir de experiências diversas como estas. Que tipo de cursos você recomenda que sejam feitos para alguém que deseje ingressar neste setor? 12 O profissional que atua na área de logística deve ter, no mínimo, conhecimentos sobre análise de custos e processos e estatística. Além do conhecimento, ele deve desenvolver visão sistêmica, ou seja, analisar as situações sempre pensando além do que está sendo visto momentaneamente. Esta visão é fundamental quando fazemos parte da cadeia de suprimento; uma decisão equivocada pode impactar significativamente outros elos da cadeia. Destaco ainda, que a tecnologia da informação tem importante papel nos processos logísticos e está em constante evolução; desta forma, este profissional tem que estar sempre se atualizando, acompanhando a mídia especializada (como o Logística Descomplicada, por exemplo), realizando cursos, assim como participando de congressos ou outros eventos. Para seguir com sucesso nesta carreira, o que você sugere aos leitores do Logística Descomplicada? Assim como para várias outras carreiras, entendo que o profissional deve desenvolver as competências necessárias a realização das atividades logísticas. Em resumo, deve-se estar fundamentado em 3 pilares: (1) Conhecimento (buscar sempre saber mais); (2) Habilidade (saber como colocar em prática o conhecimento adquirido); (3) Atitude (colocar em prática o conhecimento adquirido). b) Profissão e carreira em logística: o que faz o profissional de logística? Tradicionalmente, formados em administração, economia e engenharia atuam na área. Hoje, com a popularização dos cursos de tecnologia em logística, o número de profissionais no mercado aumentou. * Por Fernanda Nogueira Um profissional flexível, disposto a trabalhar em horários alternativos e interessado no funcionamento de outras áreas da empresa é a pessoa ideal para atuar no setor de logística de fábricas, distribuidoras, atacadistas e varejistas do país. O especialista em logística é responsável pela administração de materiais e recursos usados em uma empresa. Controla o estoque e a armazenagem, planeja a movimentação interna e a distribuição entre fábricas, centros de distribuição e varejo. Comunica-se com fornecedores e clientes e opera sistemas eletrônicos. Com o mercado aquecido devido ao crescimento da economia, profissionais formados em administração, economia e engenharias em geral são procurados para a função. O objetivo é usar os espaços de armazenagem de materiais da melhor forma possível, planejar o transporte desses produtos, tudo de forma rápida e com custo baixo. Segundo o gerente de operações logísticas da DHL Express, Amaury Vitor, indústrias farmacêuticas, o setor ferroviário e empresas de comércio eletrônico são algumas das áreas que mais recrutam especialistas em logística atualmente. “Essas são áreas que buscam profissionais especializados”, disse. Quem entra na área em uma função especializada, no caso de conhecer um material, um processo industrial ou um produto, por exemplo, como os engenheiros, ganha mais no início de carreira. Enquanto um técnico e os formados em administração e economia entram na função com ganhos de dois a três salários mínimos, um engenheiro ganha de seis a oito salários mínimos, segundo Vitor. 13 Quem pretende trabalhar na área precisa ter conhecimentos em informática, para trabalhar com bancos de dados e sistemas, e tem de saber falar outras línguas, para se comunicar com fornecedores e clientes de várias partes do mundo. Na DHL Express, Vitor é responsável pela distribuição interna de produtos entre os centros de distribuição da empresa. Trabalha em parceria com outros profissionais, como a gerente de engenharia e projetos especiais Roberta Zerbini, formada em engenharia de alimentos. Roberta desenvolve projetos para clientes que precisam de soluções customizadas e cuida ainda do planejamento de rotas de distribuição e do tamanho das filiais e de espaços em aeroportos. Outra profissional que atua na área de logística da empresa é Diana Oliveira, formada em direito, e responsável pela regularização dos serviços da empresa perante órgãos públicos, como a Receita Federal e a Infraero. O que faz o profissional de logística? É o responsável pela administração de materiais e recursos numa empresa, para otimizar o uso dos espaços e reduzir o tempo e o custo de cada processo. Controla o estoque e a armazenagem, planeja a movimentação interna e a distribuição entre fábricas, centros de distribuição e varejo. Comunica- se com fornecedores e clientes e opera sistemas eletrônicos. Qual o perfil do profissional de logística? Ser flexível, ter disponibilidade de horários e para viajar, gostar de trabalhar em equipes, saber outras línguas e ter conhecimentos de informática. Onde atua o profissional de logística? Atua em fábricas, canais de distribuição, como portos, aeroportos, empresas de transporte, atacadistas e varejistas. O que estudar para ser um profissional de logística? Hoje existem cursos técnicos em logísticas, tecnólogos (graduação tecnológica) ou mesmo bacharelados na área. Ainda é possível estudar Engenharias, Administração ou Economia. Qual o salário inicial médio de um profissional de logística? O salário varia com a região, o porte da empresa e a qualidade do profissional. Em termos gerais, para nível técnico, formados em cursos tecnólogos, administração ou economia o salário inicial será entre 2 e 4 salários mínimos (menor para cursos mais básicos, maior para os cursos mais avançados). Para graduados em engenharias, o salário inicial chega a ser de 6 a 8 salários mínimos. * Fonte: G1 Guia de Carreiras, por Fernanda Nogueira Relacionando os dois textos, discuta as questões abaixo: 1 – Indique qual a função do profissional de logística. 2 – Apresente as áreas de atuação do profissional de logística. 3 – É uma área promissora para o engenheiro de produção? Por quê? 14 2. Nível de Serviço aos clientes “Quem pensa que o cliente não é importante deveria tentar sobreviver sem ele durante 90 dias.” “O nível de serviço é definido como sendo a qualidade (prazo combinado/atendido, confiabilidade, integridade da carga, atendimento, etc) do serviço prestado na ótica do cliente”. Propósito de atender as exigências dos clientes Difícil de explicar, pois cada cliente tem uma expectativa Sempre atentar-se para a relação custo-benefício A satisfação transcende o desempenho operacional e inclui aspectos dos relacionamentos pessoais e interpessoais. Etapas do nível se serviço 1. Pré-transação: conhecer o tipo de serviço que será prestado - negociação 2. Transação: processo logístico realmente se realiza 3. Pós-transação: suporte ao produto em campo (montagem, reparos,reclamações) Vídeo Inicial – Sobre o ‘Customer Service’ 15 Figura 3: Elementos do Nível de Serviço. Fonte: Adaptado de Ballou (2006) Capacidade de oferecer os 7 R’s (C’s): Necessidade de “todos” os serviços serem bem prestados, senão todo o nível é comprometido. Right Product Right Place Right Price Right Customer Right Condition Right Time Right Quantity Produto certo, Local certo, Preço certo, Cliente certo, Condições certas, Tempo certo, Quantidade certas. 16 Custos x Serviços De acordo com Ballou (2006) os serviços prestados aos clientes são resultados do estabelecimento de níveis de atividades logísticas, assim, cada nível de serviço tem seu próprio custo. A medida que os níveis das atividades são incrementados para dar conta do crescimento dos níveis de serviço ao cliente, os custos aumentam em ritmo igualmente rápido. Desta forma a empresa deve criar valor para o cliente, levando em consideração não apenas os benefícios alcançados com um ótimo nível de serviço, mas também com o custo relacionado a este nível. Figura 4: Logística e Valor para o Cliente. Fonte: Adaptado de Christopher (1999) Inicialmente é preciso identificar a receita e os custos logísticos de cada nível de serviço. Com essas informações, o lucro máximo será concretizado no ponto em que a variação das receitas for maior que a variação nos custos. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Praticando 2: Nível de Serviço A Cleanco Chemical Company vende compostos de limpeza num cenário altamente competitivo para restaurantes, hospitais e escolas. O prazo de entrega dos pedidos determina a viabilidade de uma venda. O sistema de distribuição pode ser projetado de maneira a proporcionar deferentes níveis médios de prazos de entrega conforme número e localização dos armazéns, níveis de estoque e processamento de pedidos. O gerente da distribuição física fez as estimativas a seguir a respeito da maneira de como o serviço afeta as vendas e o custo de fornecer os níveis de serviço: Percentual dos pedidos entregues no mesmo dia 50 60 70 80 90 95 100 Vendas anuais estimadas (em milhões) 4,0 8,0 10,0 11,0 11,5 11,8 12,0 Custo de Distribuição (em milhões) 5,8 6,0 6,5 7,0 8,1 9,0 14,0 a) A partir dos dados apresentados na tabela, qual o nível de serviços a companhia deveria proporcionar? b) Que influência a concorrência teria na decisão sobre o nível de serviço? 17 3. Processamento de Pedidos – ciclo de pedido do cliente O tempo do ciclo de pedido é definido como o tempo transcorrido entre o momento do pedido do cliente (ordem de compra ou requisição do serviço) até a entrega do produto ou serviço ao cliente. Abrange todos os eventos mensuráveis em tempo do prazo total para a entrega de uma encomenda (BALLOU, 2006). Figura 5: Componentes do ciclo de pedidos do cliente. Fonte: Ballou (2006) O processamento de pedidos é representado por uma variedade de atividades incluídas no ciclo de pedido do cliente. Ele demonstra o fluxo logístico interno de um pedido, refere-se ao processo de transação, especificado no tópico sobre nível de serviço. Portanto, compreende-se da venda à entrega final ao cliente. Entender o processamento de pedidos aumenta o nível de serviço ao cliente e irá depender do tipo de pedido que estaremos tratando. Processamento de Pedidos – Vídeo Logística da Natura Cosméticos 18 Etapas do processamento Figura 6: Elementos típicos do processamento de pedidos. Fonte: Ballou (2006) 1. Preparação (Emissão) - Após a negociação, faz-se a formalização do pedido: dados do produto; dados do cliente. - Coleta das informações necessárias sobre produtos pretendidos e a requisição formal dos produtos a serem adquiridos. - Atualmente, as tecnologias têm facilitado essa preparação. 2. Transmissão - Transferência dos documentos do pedido do seu ponto de origem para aquele em que pode ser manuseado, pode ser feito de forma manual ou eletrônica. 3. Recebimento (verificação) - Verificar a exatidão das informações (descrição, quantidade, preço...) - Conferir a disponibilidade dos itens encomendados - Preparar documentação de pedidos (atrasados/cancelados) - Verificar a situação de crédito do cliente - Transcrever informações ao pedido e fazer o faturamento 19 4. Atendimento dos pedidos (expedição) - Adquirir itens mediante retirada de estoque, produção ou compra - Embalar os itens para embarque - Programar embarque de entregas (consolidação da carga) - Preparar documentação para embarque 5. Relatório da situação atual do pedido - Acompanhar e localizar o pedido ao longo de todo o seu ciclo - Comunicar ao cliente a localização exata do pedido no ciclo e previsão de entrega O que pode influenciar a forma e o tempo do processamento de pedidos? a) Tipo da Empresa: - Pedido Industrial - Pedido do Cliente - Pedidos de varejo - Pedidos via web Exemplo: Processamento de Pedidos Industriais A Samson-Packard Company produz mangueiras, válvulas e conectores para uso industrial de acordo com as especificações do cliente, processa 50 pedidos por dia, tem um tempo de ciclo total entre 15 e 25 dias e um tempo de ciclo de processamento entre 4 e 8 dias. O seu sistema de processamento de pedidos foi projetado da seguinte forma: Os pedidos do cliente são remetidos via postal ou telefone para a sede da empresa pelo vendedor ou diretamente pelo cliente. Os pedidos não são feitos pela internet porque os clientes têm receio que os detalhes de encomenda sejam vistos pela concorrência. Em alguns casos, poucos, é usado o sistema EDI. Quando a sede recebe um pedido, este é transcrito resumidamente por um funcionário para um formulário. Os pedidos são encaminhados diariamente para o gerente de vendas. O gerente de vendas analisa os pedidos e redige instruções para os pedidos dos clientes com necessidades diferenciadas. Os pedidos são enviados para os funcionários encarregados de preparar as encomendas, que transcrevem as informações do pedido para os formulários da empresa. Os pedidos são enviados para o departamento de contabilidade, onde se analisam os créditos, passando de seguida para o departamento de vendas para conferir os preços. O departamento de dados codifica as informações dos pedidos no computador para serem transmitidas à fábrica, que faz uma verificação geral do pedido. O representante do serviço ao cliente confere o pedido, transmitindo-o à fábrica adequada. Uma notificação é enviada ao cliente por e-mail conferindo o recebimento do pedido (Ballou, 2006) 20 b) Procedimentos operacionais - qual a prioridade? - Prioridade ao consumidor - Data prometida - Lifo (Último a entrar, Primeiro a sair) - Fifo (Primeiro a entrar, Primeiro a sair) - Pedidos menores primeiro - Pedidos maiores primeiro c) Políticas de serviço ao cliente d) Políticas de transporte e) Processamento paralelo x sequencial ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Praticando 3: Pesquisa dos sistemas e tecnologias de informação aplicados à logística. Cada grupo será responsável por um sistema ou tecnologia e deverá apresentar para a turma um resumo de no máximo uma página respondendo as seguintesquestões: Quais as principais funções do sistema ou tecnologia Quais os principais ganhos para a empresa (pontos positivos) Existem restrições para sua implantação? Quais? (pontos negativos) 1. ERP (enterprise resource planning) 2. WMS (warehouse management system) 3. TMS (transportation management system) 4. CRM (customer relationship management) 5. EDI (eletronic data interchange) 6. DRP – Planejamento das necessidades de distribuição 7. RFID (radio frequency identification) 8. Código de Barras 9. Internet 10. GPS 11. Computador de Bordo 12. Roteirizador Obs: Seguir o modelo especificado na página 21 para o resumo 21 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR E PESQUISA - INESP SISTEMAS E TECNOLOGIAS E INFORMAÇÃO APLICADOS À LOGÍSTICA (INSERIR TEMA DO GRUPO) Nome dos Componentes: Disciplina: Logística I Professora Pâmella Pugas FUNÇÕES: PONTOS POSITIVOS: PONTOS NEGATIVOS: REFERÊNCIAS: 22 4. Sistemas de Informações Logísticas Os sistemas de informações logísticas funcionam como elos que ligam as atividades logísticas em um processo integrado, combinando hardware e software para medir, controlar e gerenciar as operações logísticas. Estas operações podem ocorrer tanto dentro de uma empresa específica, bem como ao longo de toda cadeia de suprimentos. É importante que se tenha conhecimento dos processos logísticos, sabendo quais são as melhores práticas a serem utilizadas em cada momento Alguns benefícios para os processos logísticos: - Redução do valor do estoque e da falta de material - Melhoria do nível de serviços e no atendimento aos clientes - Aumento da eficiência operacional - melhor utilização dos recursos - Agiliza processo de tomada de decisões - Disponibilidade de dados - Aumento da velocidade de localização das informações e diminuição da manipulação de documentos - Informações on-line O sistema de informação precisa ser abrangente e ter a capacidade suficiente para permitir a comunicação não apenas entre as áreas funcionais da empresa, mas também entre os membros do canal de suprimentos. São três os principais sistemas utilizados pela logística: Sistema de Gerenciamento de pedidos (SGP ou OMS) Sistema de Gerenciamento de armazéns (SGA ou WMS) Sistema de Gerenciamento de Transporte (SGT ou TMS) 23 Figura 7: Sistemas de informação logística. Fonte: Ballou (2006) ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 24 UNIDADE 2 – LOGÍSTICA REVERSA Praticando 4: Artigos para leitura Texto de Apoio 2. DESAFIOS DA LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO NO BRASIL Paulo Roberto Leite - Presidente do CLRB Logistica Reversa Afirmar que vivemos em um mercado crescentemente competitivo é cair em lugar comum, pois as evidencias estão por toda parte. O nível de informações permitido pelos atuais meios de comunicação sobre todas as atividades humanas tem se traduzido em impactos importantes sobre as atitudes e expectativas das empresas e de seus clientes, sejam clientes nas cadeias de suprimentos ou consumidores finais. A discutida globalização, característica marcante das décadas subsequentes aos anos 80, decorrente de melhorias nos transportes, tecnologia e comunicações, entre outros aspectos, contribuiu para o aumento exponencial das quantidades de produtos fabricados e distribuídos em todos os micro segmentos de mercados em todas as partes do mundo. Da mesma forma criou uma busca incansável por inovações e diversificação dos produtos, resultando em ciclos de vida mercadológica cada vez menores. E, embora isto se observe principalmente nos itens de tecnologia de informática e comunicações o fenômeno ocorre, em maior ou menor grau, em todos os setores do consumo. Como resultado, tem-se um volume cada vez maior de produtos retornados, seja para remanufatura e reuso, seja para a correta destinação final. A logística reversa é a área da logística empresarial que fecha o ciclo dos fluxos logísticos empresariais tradicionais da chamada logística direta: de suprimentos, internos à organização e de distribuição de mercadorias na direção do mercado, ocupando-se com os diversos fluxos de retorno de mercadorias, sob a forma de produtos de pós-venda ou de pós-consumo. Embora utilizando as mesmas técnicas e ferramentas da logística direta, mas por tratar de retorno de produtos a Logística Reversa tem sua atividade relacionada com a satisfação dos clientes e com garantia de sustentabilidade empresarial. Empresas estrategicamente perspicazes percebem o seu impacto no relacionamento com os clientes e com o público em geral, e pelo reflexo em sua imagem. A experiência tem mostrado que as empresas se posicionam de forma diferente ao tratar do retorno de produtos ainda não usados (defeitos em geral, assistência técnica, legislação, recall, etc.) e do retorno de produtos já usados (fim de vida útil, obsoletos, etc.) denominados as operações voltadas a cada um deles, respectivamente, Logística Reversa de pós-venda e de pós- consumo conforme LEITE (2003). As condições peculiares do retorno de produtos usados ou Logística Reversa de pós-consumo justificam de certa forma esta diferença de comportamento. Algumas delas podem assim ser destacadas: • O tempo decorrido entre a transação de venda e o retorno do produto usado é em geral longo para produtos duráveis. • Os produtos ou matérias primas recuperados concorrem no mercado, direta ou indiretamente, com os produtos ou matérias primas originais, evidenciando conflitos de interesses de intensidade variada dependendo do setor. • A responsabilidade pelo equacionamento da Logística Reversa do retorno destes produtos é “difusa” entre o fabricante, os distribuidores e os varejistas. Vídeo Logística Reversa – Globo Ecologia 25 • O retorno de produto usado que possui componente de valor agregado alto tem interesse diferenciado daquele que não o possui, gerando condições de retorno radicalmente diferentes. No primeiro caso existe necessidade de um fator modificador de mercado pois o retorno, mesmo que não organizado eficientemente, acontecerá pela remuneração natural dos participantes das cadeias reversas. • O retorno de produtos usados cujo valor agregado de um de seus componentes não justifica economicamente uma cadeia reversa organizada requer um fator modificador de mercado que vem em forma de uma legislação. • Os custos das operações de retorno de produtos usados são geralmente relevantes, pelas características dos produtos, pela rede logística reversa que não aproveita a sinergia da rede de ida para o mercado, pela necessidade de processamentos intermediários ou embalagens especiais, pela eficiência operacional baixa, etc. A “difusa responsabilidade” entre os agentes envolvidos com a Logística Reversa de pós- consumo, assim como o impacto causado no mercado pelos produtos ou matérias primas reaproveitados, parece justificar a demora observada na implantação de alguns programas organizados de Logística Reversa no país. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS - lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010) e sua regulamentação (decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010), coloca o ônus do equacionamento da Logística Reversa dos produtos usados sobre as empresas das cadeias de suprimentos que levam os produtos ao mercado, enfatizando um dos aspectos acima mencionados, o compartilhamento de responsabilidades. Dos produtos relacionados naPNRS: I - agrotóxicos, II - pilhas e baterias; III - pneus; IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes, somente os dois últimos não apresentavam legislação própria à época da promulgação da PNRS. Para todos estes produtos foi previsto na lei a obrigação de retorno de suas embalagens. Deixar às empresas e seus órgãos associativos a organização dos planos setoriais de Logística Reversa a serem transformados posterirormente em Acordos Setoriais foi a solução adotada, no entanto a heterogeneidade de produtos a serem logisticamente tratados e a experiência acumulada diferem entre os diversos setores. Vale lembrar que os setores de Agrotóxicos, Pneus e Óleos Lubrificantes, com programas de Logística Reversa implantados há mais de 10 anos, embora com desempenhos diferentes entre si apresentam avanços interessantes. O caso das embalagens de Agrotóxicos pode ser considerado um benchmark nacional e internacional, caracterizando-se por uma legislação especifica em seu acordo setorial que o distingue pela participação de todos os elos da cadeia. De uma forma geral os desafios da Logística Reversa são relevantes pelas características dos produtos retornados e pelas condições gerais de heterogeneidade dos produtos, que determinam soluções logísticas adequadas a cada caso. Citemos somente como lembrança a forma de coletar, transportar, armazenar, consolidar, processar industrialmente, selecionar e destinar os produtos ou materiais constituintes, que exigirão diferentes soluções. Aspectos como localizações das fontes de entrada do produto na cadeia reversa, dimensões físicas e peso do produto; densidade; estado físico; periculosidade, fragilidade, valor agregado do produto; quantidades disponíveis nos locais de coleta; necessidade de embalagem; processamentos prévios para movimentação; etc., exigirão igualmente soluções adaptadas a cada caso. Portanto a identificação e equacionamento de todos estes aspectos citados, bem como as informações correspondentes entre os diversos elos das cadeias reversas são vitais para a sua eficiência. 26 A execução da PNRS oferece adicionalmente desafios próprios de diversas naturezas que examinamos sucintamente. 1) Conflito de interesses Duas categorias de conflito podem ser lembradas: entre empresas produtoras originais e empresas de reaproveitamento de resíduos e entre os elos das cadeias diretas. O reaproveitamento inteligente de matérias primas e componentes podem ser inseridos nas estratégias empresariais, evitando o que Christensen e Raynor (2003) chamam de “disruptura” de mercado, ou seja, a criação de concorrentes com qualidade de produto equivalente e com preços reduzidos, gradativamente aceitos pelo, pela redução de preconceitos e existência de certificações de qualidade. Ações colaborativas, inovadoras e pragmáticas entre fabricantes, distribuidores, comerciantes e inter setoriais, poderão transformar problemas de compartilhamento de responsabilidades em oportunidades de negócios. 2) Divulgação da PNRS Pesquisas confirmam e a observação permite identificar a falta absoluta de notícias e informações na mídia em geral acerca da PNRS. O público consumidor não está absolutamente informado e os principais agentes envolvidos com a Logística Reversa estão pouco informados acerca das resoluções e dos objetivos principais da PNRS. Torna-se imperativo melhorar este cenário através de divulgação, por parte de governo e empresas responsáveis e envolvidas na PNRS, de forma a dar ciência e permitir a consecução de ações e obtenção de resultados. Informações sobre as resoluções e discussões realizadas nos comitês da PNRS deveriam vir a público com alguma frequência, permitindo que aquele agentes diretamente interessados nos programas futuros possam assegurar e avaliar os recursos necessários para sua consecução. É de conhecimento geral a existência de preconceitos sobre os produtos reaproveitados ou com conteúdo de reciclados, que poderiam ser bem entendidos e aceitos através de divulgação adequada, além do que poderiam incentivar a certificação de qualidade destes processos e dos itens deles resultantes. 3) Desafios dos Transportes A logística reversa e a PNRS sofrem as dificuldades geradas atualmente pela distorção na matriz de transporte brasileira, que tem uma predominância de mais de 60% do modal rodoviário. Como característica, os produtos de pós-consumo apresentam valor agregado e relação peso/volume baixos, exigindo modais de baixo custo. Os mais indicados nestes casos são os de cabotagem e fluviais, que sabemos serem pouco disponíveis e incentivados no país. Muitos são os exemplos de cadeias reversas de produtos usados, embora com tecnologia disponível e processos dominados, que não são factíveis devido aos custos de transporte nas enormes distancias brasileiras. Este cenário não será resolvido em curto prazo e, será necessário conviver com ele por muito tempo, além de representar um desafio futuro. 4) Desafios no Reaproveitamento O parque industrial das cadeias reversas de reaproveitamento de produtos usados no Brasil caracteriza-se pela sua dispersão geográfica e por ser constituído por micro ou pequenas empresas, com intensivo uso de mão de obra e baixa tecnologia, redundando em produtividade também baixa. As estimativas mais recentes para o Brasil revelam que as capacidades existentes não serão suficientes para o tratamento das quantidades previstas pela PNRS. Processos de reaproveitamento com tecnologia e normas de trabalho adequadas, tanto quanto outros processos industriais, podem ser realizados com produtividade e sucesso empresarial. Normalmente os produtos que tiveram sua reciclagem ou remanufatura realizadas com rigor de processos e em condições corretas, apresentam custos inferiores aos produtos ou matérias primas originais e sua reintegração ao processo produtivo é o objetivo principal da PNRS. Deveríamos portanto estar presenciando um avanço importante nesta área, inclusive com incentivos de diversas naturezas, para a adequação do parque industrial de reaproveitamento no Brasil. 27 Será necessário o aumento de escala e melhoria significativa de tecnologia para a garantia de sistemas organizados de reaproveitamento. Torna-se necessário, outrossim, a geração de empresas de porte maior que trabalhem com normas e certificações, que possam garantir um trabalho racional e profissional nesta área e para que haja consistência de produção e qualidade nos resultados. Ainda encontra-se em estágio embrionário a normatização e certificações que possam garantir consistência em qualidade nesta área. Leite (2013), baseado em estudos brasileiros, menciona que no caso dos eletroeletrônicos as condições industriais estão aquém das necessidades futuras possíveis para o reaproveitamento mesmo que parcial do “lixo eletrônico” brasileiro. 5) Custos gerais de Logística Reversa Embora os custos de reaproveitamento, realizados com escala, qualidade e com processos adequados sejam compensadores de uma forma geral, os custos de Logística Reversa propriamente dita, ou seja, os custos operacionais de coleta, transporte, manuseio, etc., são por natureza altos, quando comparados com a logística direta. Neste sentido, embora se saiba que alguns dos desafios acima mencionados sejam de longo prazo, algumas oportunidades existem, como por exemplo: • Adequação dos projetos dos produtos às necessidades de reaproveitamento reduzindo os custos envolvidos. Isto envolve uniformização de materiais, redução de soldas e ligações permanentes, identificação das partes, uso dos conceitos de rastreabilidade, etc. • Organização eficiente da rede de atividades da Logística Reversa: formas de coleta, transportes, localizaçãodestas atividades, processamentos intermediários, etc. • Aumento das escalas de atividades em todas as áreas das cadeias reversas de pós-consumo propiciando melhores tecnologias, consistência e qualidade nas atividades. • Implantação tecnologias de tratamento de resíduos sólidos com alto desempenho para escalas maiores. • Destinação de recursos adequados para capacitação de mão de obra qualificada e recursos em equipamentos. • Adequação de soluções e incentivos governamentais para áreas industriais e comerciais que estejam envolvidas com a execução de programas de Logística Reversa. Este aspecto é de vital importância na medida em que, além das conhecidas tributações redundantes que oneram muito os produtos reaproveitados e o seu uso posterior, seriam necessários incentivos em forma de financiamentos para melhorias tecnológicas, condições especiais de transporte, entre outras providencias e inovações necessárias a esta área, que poderá gerar um PIB de economia reversa considerável, além de apreciável quantidade de empregos. Planos de Logística Reversa referindo-se à PNRS têm sido apresentados com certa frequência, principalmente na esfera estadual, através de chamamento para “compromissos setoriais” estaduais, provavelmente com a intenção de intensificar ações e reduzir os prazos de instalação de programas de Logística Reversa nas unidades da Federação. No entanto, é baixa a percepção, da sociedade e dos envolvidos com estas áreas, de ações efetivas de implantação destes programas de Logística Reversa. Embora as dificuldades para a implantação de programas de logística reversa apresentadas acima sejam muitas, os prazos estipulados pelos responsáveis do governo já foram há muito superados. Aguardamos esperançosos que sejam postos em prática. Referências bibliográficas CHRISTENSEN, CALYTON M. E RAYNOR MICHAEL E. – O Crescimento pela Inovação – editora Campus , São Paulo, 2003. LEITE, PAULO ROBERTO – Logística Reversa – Meio Ambiente e Competitividade – editora Pearson Education Selo Prentice Hall , São Paulo, 2003. LEITE,PAULO ROBERTO - Peculiaridades Da Logística Reversa De REEE (Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos)- Revista Tecnologistica abril 2013. 28 Texto de Apoio 3. LOGÍSTICA REVERSA [DE PÓS-VENDA] EFICAZ EM CINCO ATITUDES Ciashop - (fevereiro de 2012) A logística do e-commerce é muito discutida atualmente e, por mais que se fale em entregas de encomendas, há sempre o que discutir e rever sobre o assunto. Isso porque um processo logístico eficiente é muito cobrado das empresas virtuais, pelos próprios consumidores adeptos do comércio eletrônico. Ao se tratar, especificamente, de logística reversa há muito a ser analisado, pois apesar de ser bom para o cliente (afinal receberá outro produto, caso o seu esteja com algum problema), e bom para o lojista (que terá a oportunidade de provar ser uma empresa comprometida), ninguém quer passar pelos transtornos de realizar um processo logístico ao contrário. No entanto, é preciso estar sempre preparado. Fazendo essas considerações, separamos algumas atitudes que, certamente, serão úteis na preparação de uma logística reversa mais eficaz, quando esta se fizer necessário: 1. Faça um atendimento de primeira. Não passe a tratar o cliente com desprezo quando o mesmo solicitar que o produto seja trocado ou devolvido para a loja. Lembre-se que falhas acontecem e que o consumidor tem o direito de fazer essa solicitação segundo o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor. Portanto, atenda bem, acalme o cliente, analise o caso e trace os próximos procedimentos; 2. Tenha uma equipe preparada para reverter a situação. Na web, a velocidade das ações é fundamental, por isso, é importante contar com pessoas preparadas para receber tais solicitações e providenciar o processo de troca/devolução de maneira rápida e profissional. Pois, tanto a logística tradicional quanto a reversa engloba níveis de serviço, armazenagem, transporte, estoque, fluxo de materiais e sistema de informação; 3. Providencie pontos de troca. Para lojas virtuais que possuem filiais físicas ou conveniadas, é interessante oferecer a possibilidade de o cliente entrar em contato com um ponto de troca mais próximo, para realizar a troca por um novo produto ou fazer a devolução do mesmo, facilitando o processo logístico e tornando-o mais rápido; 4. Combine as condições de entrega. Um processo já adotado por algumas empresas virtuais é combinar a retirada do produto em uma data programada e enviar o outro item para que seja entregue no ato da retirada do primeiro. Dessa forma, uni-se o fluxo logístico de entrega com a logística reversa; 5. Foque a satisfação do consumidor. Além de a concorrência ser grande nas vendas virtuais, uma falha pode representar um motivo justo para o cliente mudar de loja. Por isso, ao receber a solicitação de troca ou devolução é preciso ter o foco na satisfação do cliente, ou seja, ser eficiente ao ponto de o consumidor reconhecer que sua loja é realmente comprometida e responsável ao solucionar um problema. Empresas online que não possuem um processo logístico reverso bem elaborado perdem clientes pela falta de uma solução ao lidar com situações inesperadas. Na mesma proporção, preparar a loja virtual para atender solicitações de troca e devoluções quando preciso, faz com que a organização conquiste mais credibilidade e reconhecimento no comércio eletrônico. Faça a leitura dos Textos de apoio e responda as seguintes questões: – Como é o cenário do mercado atual com relação a logística reversa? – Qual o conceito de logística reversa? Quais os tipos de logística reversa? – Por que as empresas se posicionam de forma diferente com relação a logística reversa? – O que é a Política Nacional de Resíduos Sólidos? – Quais os desafios para a logística reversa de pós-consumo? – Como organizar uma logística reversa de pós-venda de forma eficaz? – Qual a relação da logística reversa com o sistema de e-commerce? 29 O que é Logística Reversa? Como ela se subdivide? O aumento de interesse na logística reversa ocorre principalmente devido a: Legislação e Questões Ambientais Benefícios econômicos do reaproveitamento Razões competitivas – Diferenciação por serviço; “Em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura....” STOCK (1992:73) “Processo de planejamento, implementação e controle do fluxo de materiais do ponto de consumo ao ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor ou realizar um descarte adequado” LACERDA (2009) Um planejamento de Logística Reversa envolve praticamente os mesmos elementos de um plano logístico convencional: nível de serviço, armazenagem, transporte, nível de estoques, fluxo de materiais e sistema de informações. Figura 8: Representação Esquemática dos Processos Logísticos Direto e Reverso: Fonte: Lacerda (2009). Processo envolve uma estrutura para recebimento, classificação e expedição de produtos retornados, bem como um novo processo no caso de uma nova saída desse mesmo produto. Irá depender do tipo de material e do motivo pelo qual eles entram no sistema. Assim a Logística reversa pode ser dividida em Logística Reversa de Pós-Venda e Logística Reversa de Pós- Consumo. 30 Logística Reversa de Pós-Venda O ciclo de vida do produto não termina mais ao chegar no consumidor final. Parte dos produtos necessita retornar aos fornecedores por razões comerciais, garantias dadas pelos fabricantes, erros no processamento de pedidos e falhas de funcionamento. Figura9: Logística reversa de Pós-venda: Fonte: Leite (2009). Logística Reversa de Pós-Consumo Administrar não somente a entrega do produto ao cliente, mas também o seu retorno, direcionando- o para ser descartado ou reutilizado. Figura 10: Logística reversa de Pós-consumo: Fonte: Leite (2009). 31 Figura 11: Atividade Típica do Processo Logístivo Reverso. Fonte: Lacerda (2009). “A Logística Reversa não serve necessariamente para aprimorar a produtividade logística. No entanto, o movimento reverso é justificado sobre uma base social e deve ser acomodado no planejamento do sistema logístico. [...]. O ponto importante é que a estratégia logística não poderá ser formulada sem uma consideração cuidadosa dos requerimentos da logística reversa”. Bowersox et al (2001). ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 32 Exercícios de Revisão I 1. Defina, com suas palavras, os conceitos de logística e cadeia de suprimentos (supply chain management). Apresente sua importância para as organizações. 2. Cite quais são as atividades primárias e de apoio da logística. 3. Discorra sobre o desenvolvimento do termo logística. 4. Para o desenvolvimento de um bom nível de serviços é necessário que a empresa observe algumas etapas. Que etapas são essas? 5. A Cia. Alonso de Auto Peças Ltda. distribui peças para oficinas de reparo de automóveis localizadas em grande área metropolitana. Embora se trate de um mercado competitivo, a Cia. Alonso gostaria de oferecer níveis de estoque adequados às oficinas atendidas, ao mesmo tempo em que deseja maximizar seus lucros. Ela é sabedora de que, à medida que aumenta a percentagem média de atendimentos aos clientes (nível de serviço), maior é seu custo de estoques. A fim de determinar a influência dos níveis de estoque no percentual de atendimento aos clientes, a Alonso fez um levantamento dos principais itens de seu estoque nos últimos seis meses. A seguinte tabela foi preparada: A partir dos dados apresentados nessa tabela, pode-se concluir que o maior lucro ocorrerá quando o nível de serviço for equivalente a: (A) 80%. (B) 85%. (C) 90%. (D) 95%. (E) 98%. 6. Qual a importância dos Sistemas de Informações para a Logística? Cite no mínimo três benefícios para o processo logístico com a implantação de sistemas de informações. 7. Aponte quais os três principais sistemas de informação utilizados pela logística, falando resumidamente de suas principais funções. 8. O que é logística reversa? Como ela se subdivide? Exemplifique. 9. Por que as empresas começaram a se preocupar com a logística reversa? 33 UNIDADE 3 – PROCESSO DE SUPRIMENTOS 1. Compras Empresariais “Compra empresarial é a função do sistema de suprimentos responsável pela aquisição de bens e serviços necessários para a empresa cumprir seus objetivos relacionados com produção, venda, operação, distribuição, manutenção, transporte, administração e prestação de serviços” (MONTE ALTO, PINHEIRO e ALVES, 2011). Objetivos: Obter um fluxo contínuo de suprimentos a fim de atender aos programas de produção Coordenar esse fluxo de maneira que seja aplicado um mínimo de investimento que afete a operacionalidade da empresa Comprar materiais e insumos aos menores preços, obedecendo a padrões de quantidade e qualidade definidos Procurar dentro de uma negociação justa e honrada as melhores condições para a empresa, e em bons termos de pagamento Para determinar a quantidade a ser comprada, é necessária uma previsão da necessidade de suprimentos, que será desenvolvida de acordo com as necessidades da produção (ou, no caso de prestação de serviços, necessidades operacionais). Figura 8: Relacionamento entre Programação da produção e suprimento de materiais. Fonte: Ballou (2006) 34 O Comprador Seleciona e qualifica fornecedores Avalia desempenho de fornecedores Negocia contratos e programa as compras Compara preço, qualidade e serviço Pesquisa bens e serviços e avalia o valor recebido Mensura a qualidade recebida Prevê mudanças de preços e às vezes de demanda Especifica a forma que os produtos devem ser recebidos Função do comprador é muito sensível e está sujeita a princípios de conduta nos negócios, já que ele lida com grandes somas de dinheiro. Ele chega a alcançar grande poder e prestígio com os fornecedores e mesmo com o pessoal da própria empresa - princípios de Conduta nos negócios - Ética Quadro 1: Atitudes antiéticas. Fonte: (MONTE ALTO, PINHEIRO e ALVES, 2011). Dinâmica: Laranjas Ugli 35 2. Fases do Processo de Compra a) Fase de análise da solicitação de compra Possibilita o esclarecimento de todos os detalhes para que se realize uma boa compra. Necessário uma análise criteriosa: - Qualidade Adequada - Descrição - Unidade de compra - Quantidade - Embalagem - Prazo de entrega ao cliente interno - Condições de pagamento - Aplicação - Garantia b) Fase de seleção de fontes de fornecimentos Busca dos fornecedores aptos a participar da próxima fase (licitação) Eficiência de Compras está diretamente ligada ao grau de atendimento e ao relacionamento entre o comprador e o fornecedor Departamento de Compras deve manter em seu cadastro um registro de no mínimo três fornecedores para cada tipo de material. Não é recomendado uma empresa depender do fornecimento de apenas uma fonte, sem qualquer alternativa. c) Fase de solicitação de propostas aos fornecedores (cotação) Apresentam suas propostas procurando informar preços, prazos e condições de pagamento. Consulta pode ser: - Verbal - Escrita - Eletrônica d) Fase de análise e julgamento de propostas Fase mais crítica e complexa – efetua-se o exame, a comparação e a escolha das condições técnicas e comerciais oferecidas. Perguntas a serem feitas: - As especificações foram atendidas? A qualidade é adequada? - Será necessário interação com outras áreas? - Como está o mercado ofertado? (preços) - Quais as condições de entrega e de pagamento? Sugestão: fazer um quadro comparativo Fornecedor: toda empresa interessada em suprir as necessidades de outra empresa (matéria- prima, serviços e mão-de-obra) 36 Praticando 5: Elaborando um processo de compra - Escolher um produto para compra. Fazer uma requisição de compra que aponte: descrição, unidade de compra, quantidade, embalagem, qualidade, prazo de entrega, condições de pagamento, aplicação e garantia desejada. - Escolher três fornecedores potenciais e fazer o seu cadastro. - Fazer cotação com os três fornecedores escolhidos, indicando a forma de contato - Fazer quadro comparativo e indicar o fornecedor escolhido, justificando esta escolha e) Fase de negociação Saber negociar é uma das habilidades mais exigidas de um comprador. Importante que o negociador conheça as características do bem ou do contrato negociado. Importante ter conhecimento interpessoal dos negociadores. Normalmente o comprador negocia: Condições de pagamento: comprador procura sempre melhorar a condição de pagamento ou obter descontos no preço sem que outras condições sejam afetadas. É fundamental a avaliação das diferenças de preços à vista e com parcelamento. Esta avaliação deve ser feita em conjunto com o departamento financeiro. Preço: é importante que o comprador conheça e utilize a análise preço-custo e tenha conhecimentodos sistemas de custos, especialmente na formação dos preços e impacto dos impostos. Prazos: os prazos para recebimento da mercadoria são fixados de acordo com as necessidades da produção. Embora Compras não defina prazos, deve trabalhar para que os mesmos sejam cumpridos pelos fornecedores, pois o não cumprimento desses prazos normalmente implicam em custos adicionais. Condições de descontos: no caso de descontos em função da quantidade comprada, a análise é vital, pois é preciso determinar se a redução no preço compensa os custos operacionais devido a maiores níveis de estoque. Frete: Com maior abrangência geográfica dos negócios, o frete representa uma parcela muito maior do custo dos produtos. Atentar-se para se o frete é tipo: FOB (free on board) = comprador assume todos os riscos e custos com o transporte da mercadoria. CIF (cost, insurance & freight) = o fornecedor é responsável por todos os custos e riscos com a entrega da mercadoria. Dinâmica: balas 37 Texto de Apoio 2: 7 características essenciais de um bom negociador Comunicar-se bem e falar 'não' na hora certa são atributos dos negociadores profissionais Priscila Zuini, de São Paulo – Todo mundo já nasce sabendo negociar. Esta é a visão dos especialistas no assunto. A grande diferença, no entanto, é saber fazer este processo de forma consciente. “O negociador profissional tem consciência de todo o processo de influência, de convencimento e de abordagem”, diz Mário Rodrigues, diretor do Instituto Brasileiro de Vendas (IBVendas). Ser um negociador melhor inclui entender que esta não é uma situação de conflito. “A negociação só acontece porque existem partes com ideias distintas. Se não tiver tensão, não precisa negociar”, indica Rodrigues. Isso não significa que toda negociação deve ser uma batalha. “Não é uma luta. Os dois lados têm que sair felizes”, diz Ortega. 1. Busque a objeção Tendo em vista que a negociação é uma situação de tensão, é preciso enxergar a objeção do cliente como um sinal de compra. “Gostar de objeção e do questionamento é negociar bem. Quando a pessoa propõe uma barreira, ela quer um convencimento e indica que quer comprar com você”, ensina Ortega. Falta de objeção indica falta de interesse do cliente. 2. Estar pronto para o “não” Para Ortega, saber dizer 'não' é essencial para ser um negociador que tem lucros. “Quando aprende a dizer não, passa a ser mais comandante da negociação”, explica. Segundo ele, os empreendedores não podem se intimidar e nem se omitir durante a negociação. Mesmo negando um desconto maior, por exemplo, é preciso propor algo para agradar o cliente. 3. Criar empatia A empatia é uma das qualidades indispensáveis, segundo Rodrigues. “O bom negociador está acostumado a lidar com gente. É capaz de se colocar no lugar do outro”, explica. As pessoas gostam de se sentir confortáveis na hora da venda. “Negociação se faz com clima empático e não trágico. Tem que criar sintonia com o cliente para evitar conflito”, diz Ortega. 4. Ter calma Não se mostrar muito ansioso ou afobado é importante. “É preciso calma. Cale-se e venda. Meça a opinião do cliente conforme as respostas dele”, diz Ortega. Ouvir o cliente é essencial para conduzir a negociação. Usando os argumentos do próprio consumidor fica mais fácil entender o que ele quer e auxiliar na tomada de decisão. 5. Ser comunicativo e criativo A comunicação também é uma característica comum aos empreendedores que negociam bem. “É uma coisa mais natural, mas existem técnicas que ajudam a desenvolver. É fundamental passar claramente sua posição para mostrar detalhes que o cliente talvez não tenha visto”, indica Rodrigues. 6. Ter capacidade investigativa Faça perguntas. Este é o conselho para quem quer aprender a negociar melhor. Ter capacidade investigativa para descobrir o que o cliente quer de verdade com a compra é bastante relevante. “Não se dar por satisfeito com as primeiras respostas ajuda muito”, afirma Rodrigues. 7. Ter tino comercial Pode parecer óbvio que os empreendedores precisam de tenacidade comercial, já que seu objetivo é vender algo. Mas Rodrigues explica que esta habilidade vai além disto. “É a capacidade de fazer acontecer, um senso de urgência, de não perder oportunidades”, diz. 38 f) Fase de contratação: colocação da ordem de compra Definição das condições de contratação – evitar problemas e custos posteriores g) Fase de Administração do fornecimento Garantir que as condições contratadas sejam efetivamente cumpridas pelo fornecedor = acompanhamento, avaliação e controle ATENÇÃO PARA: Solicitação de compra: recomendações, identificação, padrões e unidades de fornecimento devem estar claros e definidos. Seleção e Avaliação de fornecedores: encontrar fornecedores que possuam condições de fornecer os materiais necessários dentro das quantidades, dos padrões de qualidade, no prazo determinado, com preços competitivos e com as melhores condições de pagamento. Relacionamento com fornecedores: confiança mútua como instrumento eficaz. Quanto mais clara e aberta a negociação, maiores são as chances de boa compra. Princípio da Alavancagem em compras: Pequena redução de custo na aquisição gera um impacto mais do que proporcional nos lucros da empresa. Para conseguir alavancagem os compradores: renegociam contratos, oferecem ajuda, mantém pressão, reduz número de fornecedores (escala). 3. Situações especiais em compras Compras no setor público Aquisições de qualquer natureza obedecem à lei 8.666/93. Licitações – procedimento administrativo para compras e contratações no serviço público; propicia igualdade de oportunidades entre os participantes. As modalidades de licitação são: - Concorrência: contratos de grande porte - compras e serviços acima de R$ 650 mil; obras e serviços de engenharia acima de R$ 1,5 milhão. - Tomada de preço: compras e serviços de R$ 80 mil até R$ 650 mil. Obras e serviços de engenharia de R$ 150 mil até R$ 1,5 milhão. - Convite: solicitação escrita a pelo menos três interessados. Compras e serviços de R$ 8 mil até R$ 80 mil, obras e serviços de engenharia de R$ 15 mil até R$ 150 mil - Concurso: escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores - Leilão: venda de bens móveis inservíveis ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis. Processos licitatórios 39 Dispensa e Inexigibilidade: é inexigível e dispensada à licitação quando houver inviabilidade de competição, ou seja, para aquisição de materiais, equipamentos e prestação de serviços exclusivos de um fornecedor ou empresa. Necessária comprovação de um órgão competente, sindicato ou entidades equivalentes. Pregão: lei 10.520/02 para aquisição de bens e serviços comuns, independente do valor estimado da contratação, em que o fornecimento é feito por meio de propostas e lances. Existe o Pregão Presencial em que é aberto a Seção frente participação dos interessados e Pregão Eletrônico onde é feito a compra por meio eletrônico, computador e internet. Compras eletrônicas “Compra eletrônica é todo o processo de aquisição de bens e serviços utilizando a internet como meio para selecionar a proposta mais vantajosa para atender as necessidades da empresa” (MONTE ALTO, PINHEIRO e ALVES, 2011). Tipos mais comuns no Brasil: B2B – Business to Business - Transações de comércio entre empresas B2C – Business to Consumer - Comércio entre empresa e consumidor B2G – Business
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