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Ação de Ressarcimento de Danos Materiais e Danos Morais. OPJ II Prof.(a) TAINARA GOMES PENEDO. Aluno: Marco Antonio dos Santos RA: 828.748 CASO Maria, desempregada, guiava o automóvel de sua propriedade pela Avenida Francisco Glicério, em Santos/SP, quando, enquanto parada no semáforo do cruzamento com a Avenida Conselheiro Nébias, uma viatura da Polícia Militar abalroou o seu veículo pela traseira. O veículo de Maria sofreu um grande estrago, tendo em vista que a viatura não conseguiu frear a tempo, já que estava em alta velocidade. Para que seja feito o conserto, Maria procurou 03 (três) oficinas mecânicas, sendo que o orçamento mais baixo alcançou o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Maria ficou ferida no acidente e, por não possuir plano de saúde, foi hospitalizada em hospital particular pelo período de 20 (vinte) dias, gastando o total de R$ 8.000,00 (oito mil reais), além de necessitar de tratamento fisioterápico pelos próximos 06 (seis) meses, o que lhe custará R$ 400,00 (quatrocentos reais) mensais, conforme comprovantes do hospital. Sabendo-se que Maria é domiciliada em São Vicente, não possuía seguro de automóvel na época do acidente e que a viatura da Polícia Militar era então dirigida pelo soldado Joaquim, lotado no Batalhão sediado em Botucatu, acione a providência judicial cabível, objetivando a reparação do dano causado a Maria. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SANTOS/SP MARIA, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portadora da cédula de identidade RG n.º..., inscrita no CPF/MF sob o n.º..., residente e domiciliada na Rua..., n.º..., bairro..., CEP..., na cidade de São Vicente, no Estado de São Paulo, por seu advogado ao final subscrito conforme procuração anexada (doc. n.º ...), com escritório profissional na Rua..., n.º..., bairro ..., CEP..., na cidade de..., no Estado de ..., para fins de intimações, vem perante Vossa Excelência ajuizar AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE DANOS MATERIAIS E DANOS MORAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE VEÍCULO, com base nos artigos 186 e 927 e seguintes do Código Civil, pelo rito sumário (art. 275, II, d, do Código de Processo Civil), em face da FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, Pessoa Jurídica de Direito Público Interno, representada por seu Procurador do Estado, inscrita no CNPJ sob o n.º..., com sede na ..., n.º ..., bairro..., CEP ..., na cidade de ..., no Estado de São Paulo, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir aduzidos: DOS FATOS A autora é proprietária do veículo ..., modelo ..., marca ..., ano ... , cor ..., conforme cópia do Certificado de Propriedade em anexo (doc. n.º...). No dia ..., de (mês), de (ano), por volta das ... horas, a requerente guiava seu automóvel pela Avenida Francisco Glicério, na cidade de Santos/SP, e, em velocidade compatível com o local, parou ao sinal vermelho do semáforo existente no cruzamento com a Avenida Conselheiro Nébias, quando seu veículo foi violentamente abalroado na parte traseira por uma viatura da Polícia Militar, então dirigida pelo soldado Joaquim, lotado no Batalhão sediado em Botucatu. Tal fato está narrado em Boletim de Ocorrência (doc. n.º...) e poderá ser comprovado através de prova testemunhal. DOS DANOS MATERIAIS Da colisão resultou dano material de grande monta no veículo da autora, porquanto a viatura não conseguiu frear a tempo, já que estava em alta velocidade, não observando as regras básicas de trânsito. Para reparar tais avarias, a autora obteve três (03) orçamentos de diferentes oficinas mecânicas (docs. n. º ... em anexo), importando o menor deles em R$ 5.000,00 (cinco mil reais). A requerente também sofreu ferimentos em razão do acidente e, por não possuir plano de saúde, teve de arcar com os gastos do hospital particular onde ficou hospitalizada, no montante de R$ 8.000,00 (oito mil reais), segundo recibo e contrato em anexo (doc. n. º...). Ademais, conforme atestado médico (doc. n. º ...), lhe foi recomendado que realizasse tratamento fisioterápico pelos próximos seis (06) meses, o que lhe custará R$ 400,00 (quatrocentos reais) mensais, perfazendo um total de R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais), conforme tabela orçamentária acostada nos autos (doc. n. º ... ). Portanto, a ré deverá restituir a autora, a título de danos materiais, o montante de R$ 15.400,00 (quinze mil e quatrocentos reais). DOS DANOS MORAIS Justifica-se a pretensão pelos danos morais devido ao sofrimento a que foi submetido a autora por ter sofrido o acidente, ultrapassando o patamar de mero desconforto típico da vida cotidiana. A lesão a bem personalíssimo, contudo, para caracterizar tal indenização, deve revestir-se de gravidade que, segundo Antunes Varela, citado por Sérgio Cavalieri Filho, “há de medir-se por um padrão objetivo e não à luz de fatores subjetivos”. Assim, para que se configure o dano moral indenizável, a dor, o sofrimento, a tristeza, devem ser tais que, fugindo à normalidade, interfiram intensamente no comportamento e no bem estar psíquicos do indivíduo. No caso sub judice, os fatos descritos ocasionaram à requerente sensações mais duradouras e nocivas ao psiquismo humano, além do aborrecimento, do transtorno, e das lesões corporais causadas pelo acidente, o que extrapola fatos cotidianos da vida moderna. No mais, quanto ao arbitramento dos danos morais, este juízo deverá levar em conta, considerando os critérios da proporcionalidade, a compensação do ofendido bem como a punição do agente do dano. DO DIREITO Evidente que os fatos narrados anteriormente estão em perfeita conformidade com as previsões legais que regem o instituto da ação de ressarcimento em questão. A conduta do preposto da requerida configura ato ilícito consoante dispõe o artigo 43 do Código Civil, porquanto aquele não agiu com o dever de cuidado necessário, acabando por ocasionar o acidente de trânsito. Assim, os danos causados à requerente deverão ser reparados pelo que dispõe o artigo 927 do mesmo estatuto. Ocorre que, sendo o dano causado por agente de pessoa jurídica de direito público interno, a responsabilidade desta é objetiva, ou seja, é prescindível a prova de culpa daquele para que a requerida seja obrigada a reparar o dano, conforme artigo 37, § 6º da atual Carta Magna, cumulado com o artigo 43 do Código Civil. Uma das teorias que procuram justificar esta responsabilidade objetiva é a teoria do risco administrativo, adotada pelo Brasil, com variantes, a qual prescreve a responsabilidade civil da Administração Pública pelos danos causados a terceiros. Segundo a teoria do risco administrativo, para que haja a responsabilização basta a ocorrência do dano causado por ato lesivo e injusto, independentemente da culpa do Estado e/ou de seus agentes. Sobre o tema, Marcio Pestana1 ensina que: A doutrina e a jurisprudência maciçamente entendem que a responsabilidade do Estado por danos causados a terceiros é do tipo objetivo, ou seja, decorrente da teoria do risco administrativo, que divisa o risco que a atividade pública gera para os administrados e na possibilidade de acarretar dano a certos membros da comunidade, impondo-lhe um ônus não suportado pelos demais. Para compensar dessa desigualdade individual, criada pela própria Administração, todos os outros componentes dacoletividade devem concorrer para a reparação do dano, por meio do erário, representado pela Fazenda Pública. 1 Direito Administrativo Brasileiro, 2ª Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2010, p. 610. Com relação a responsabilidade civil automobilística, Yussef Said Cahali, citado por Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 168), esclarece que (...) informam particularmente a responsabilidade civil do Estado pelos danos causados aos particulares dos veículos da Administração Pública, fazendo gerar daí, pelo menos, uma culpa presumida do servidor-motorista, suficiente para determinar a obrigação de reparar o dano. Impõe-se, assim, u’a maior largueza no exame da responsabilidade do Estado pelos danos resultantes do risco criado com a utilização de veículos, com a inversão do ônus probatório da excludente de culpa na causação do evento. Desta forma, a autora está dispensada da prova de culpa do agente: ela é presumida. Basta a prova do dano e da relação de causalidade entre ele e a ação ou omissão do preposto da ré. O ato lesivo já restou demonstrado através de Boletim de Ocorrência e poderá ser confirmado através de prova testemunhal. O mesmo se diz em relação aos danos materiais e morais. Ressalta-se que, embora não necessário, é razoável concluir pela culpa do agente. Isso, pois, o “croqui” do Boletim de Ocorrência e os orçamentos dos danos materiais confirmam que a colisão se deu na traseira do automóvel da autora, e (...) de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, 'culpado, em linha de princípio, é o motorista que colide por trás, invertendo-se, em razão disso, o onus probandi, cabendo a ele a prova de desoneração de sua culpa' (REsp nº 198.196-RJ, relator o eminente Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, publicado no DJ de 12.04.1999)2. Assim, pretende-se a partir da presente ação, a devida indenização por danos materiais e morais, que passou a constituir garantia constitucional (art. 5º, V e X, CF) e tem finalidade dúplice, ou seja, deve ser considerado tanto o aspecto compensatório à vítima quanto o punitivo ao causador do dano. Em caso semelhante assim foi decidido pelo Colendo Tribunal de Justiça de São Paulo3: 2 STJ, AgRg no REsp 535.627-MG, 3ª Turma, rel. Min. Ari Pargendler, j. 27-05-2008. 3 TJSP, 12ª Câmara de Direito Público, Apelação 9200185-86.2009.8.26.0000, Relator: J. M. Ribeiro de Paula, julgado em 27/11/2013. TJSP, 3ª Câmara de Direito Público, Apelação 994.02.085900-1, Relator: Marrey Uint, julgado em 02/02/2010. Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. Acidente de trânsito. Viatura municipal que passou em cruzamento desobedecendo a sinalização de parada obrigatória. Dano, conduta da Administração e nexo de causalidade presentes. Responsabilidade objetiva. Teoria do risco administrativo. Culpa exclusiva da vítima ou de terceiro não demonstrada. Dever de indenizar. Sentença de parcial procedência mantida. Recurso de apelação do réu desprovido. Ementa: Responsabilidade Civil - Indenização - Acidente de veículo causado por veículo da Fazenda do Estado - Se a Administração Pública autorizou o uso do veículo pelo seu preposto, assume a responsabilidade por danos causados a terceiros. Sentença mantida. Recurso não provido. DOS REQUERIMENTOS E DO PEDIDO Diante do exposto, a autora requer de Vossa Excelência: a) A citação, por Oficial de Justiça, da Fazenda Pública do Estado de São Paulo, na pessoa do seu Procurador, para comparecer à audiência com base no artigo 277 do Código de Processo Civil, e nela apresente contestação, sob pena de se tornarem incontroversos os fatos articulados na inicial. b) A procedência do pedido para o fim de condenar a requerida ao pagamento das seguintes quantias, a título de danos materiais, devidamente corrigidas e acrescidas de juros de mora devidos desde o evento lesivo (súmula 54/STJ): I. R$ 5.000,00 (cinco mil reais) referentes ao conserto do veículo; II. R$ 8.000,00 (oito mil reais) correspondentes às despesas hospitalares; III. R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais) referentes ao tratamento fisioterápico. c) Ainda com relação à procedência do pedido, a condenação da ré ao pagamento de danos morais, cujo valor será fixado por arbitramento judicial. d) A condenação da ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios com base nos critérios do artigo 20, § 3º do Código de Processo Civil. e) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente as de natureza testemunhal cujo rol segue ao final. Dar-se a causa o valor de R$ 15.400,00 (quinze mil e quatrocentos reais). Termos em que, pede e espera deferimento. Cidade, data. Nome e assinatura do advogado. n.º OAB/Conselho Seccional Rol de testemunhas: 1. Nome completo, profissão e endereço. 2. Nome completo, profissão e endereço.
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