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FISIOLOGIA Unidade 2

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Unidade II
Unidade II
5 ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA NERVOSO
De maneira simplificada, podemos dizer que a função do sistema nervoso é relacionar o animal 
com o ambiente em que está inserido. Essa função é cumprida pelo nosso sistema nervoso através da 
interação existente entre suas duas divisões anatômicas: o sistema nervoso central (SNC) e o sistema 
nervoso periférico (SNP).
Vamos relembrar como são compostos o SNC e o SNP. Como são muitas as estruturas que os 
compõem, sugerimos que essa descrição seja acompanhada da observação das figuras indicadas.
Então, vamos iniciar pelo sistema nervoso central, que é constituído pelo encéfalo e pela medula 
espinhal. O encéfalo é o conjunto de todos os elementos que ficam localizados dentro da caixa craniana, 
e a medula é uma estrutura prolongada que se projeta para fora dela, por dentro do forame vertebral 
(canal formado pela junção das vértebras espinhais sobrepostas).
Em razão do encéfalo ficar localizado dentro do crânio, muita gente faz confusão, achando que 
apenas o encéfalo faz parte do SNC. Elas estão enganadas!
 Observação
Em uma vértebra típica, o forame vertebral é a abertura formada pelo 
segmento anterior do corpo da vértebra e a parte posterior, o arco da 
vértebra. O forame vertebral começa na vértebra cervical 1 (C1) e continua 
até a porção inferior da vértebra lombar 5 (L5).
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FISIOLOGIA APLICADA À ATIVIDADE MOTORA
Lobo parietal
Prosencéfalo
Mesencéfalo
Rombencéfalo
Lobo occipital
Cervical
Torácica
Lombar
Sacra
Sulco central
Giro pós-central
Giro pré-cerebral
Gânglios da base
Lobo frontal
7. Hemisférios 
cerebrais
Lobo temporal
6. Diencéfalo
Tronco cerebral
5. Mesencéfalo
4. Cerebelo
3. Ponte
2. Bulbo
1. Medula espinhal
Figura 8 – O sistema nervoso central
Vamos detalhar mais um pouco as diferentes divisões do sistema nervoso. Isso nos ajudará a não 
fazer confusões com os vários termos que utilizaremos mais adiante e a entender como o sistema 
nervoso consegue gerenciar tantas funções ao mesmo tempo. Vamos continuar por esse sistema.
5.1 O sistema nervoso central
Já sabemos que o sistema nervoso central é composto pelo encéfalo e pela medula espinhal. Porém, 
é necessário esclarecer que, ao todo, são pelo menos sete as estruturas que subdividem o SNC. São elas:
• a medula espinhal;
• o bulbo;
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Unidade II
• a ponte;
• o mesencéfalo;
• o cerebelo;
• o diencéfalo; e
• os hemisférios cerebrais.
Ou seja, o que, de maneira simplificada, nos referimos por encéfalo trata-se, na realidade, de uma 
composição de seis estruturas numeradas de dois a sete. Uma curiosidade sobre essas estruturas é que 
cada uma delas tem simetria bilateral. O que isso significa? Significa que, se dividirmos essas estruturas 
no plano sagital (cortando-as em metades direita e esquerda), ambos os lados resultantes dessa divisão 
serão iguais. No entanto, isso não quer dizer que cada uma das partes realiza exatamente as mesmas 
funções, como poderemos compreender mais adiante.
Algumas das estruturas que compõem o encéfalo estão associadas anatômica e/ou funcionalmente, 
por isso os anatomistas algumas vezes se referem a elas por um termo que as agrupa. Por exemplo, os 
hemisférios cerebrais direito e esquerdo são denominados conjuntamente como telencéfalo, enquanto 
o tálamo e o hipotálamo formam o diencéfalo. Por sua vez, quando usamos a palavra cérebro, estamos 
nos referindo ao telencéfalo e ao diencéfalo unidos. Interessante, não é mesmo? Normalmente chamamos 
tudo que está dentro da caixa craniana de cérebro, mas agora você já sabe que não é exatamente isso.
A junção do bulbo, da ponte e do mesencéfalo forma o tronco encefálico. Se quisermos simplificar, 
podemos dizer que o encéfalo é formado pelo cérebro, pelo tronco encefálico e pelo cerebelo.
Ficou perdido na explicação? Procure reler o parágrafo anterior, enquanto vai identificando essas 
estruturas na esquematização a seguir. Você deve começar a observação da figura da esquerda para a 
direita, e de cima para baixo. Ao mesmo tempo, identifique as estruturas nela.
Encéfalo
Cérebro
Tronco 
encefálico Ponte
Diencéfalo
Telencéfalo Hemisférios cerebrais
Tálamo
Hipotálamo
Cerebelo Mesencéfalo
Bulbo
Figura 9 – Organização hierárquica do encéfalo
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FISIOLOGIA APLICADA À ATIVIDADE MOTORA
Lobo parietal
Giro cingulado
Corpo caloso
Cerebelo
Medula espinhal
Bulbo
Ponte
Mesencéfalo
Biencéfalo
Hipófise
Hipotálamo
Tálamo
Fómix
Medula óssea
Tecido mole extracraniano
Lobo occipital
Lobo frontal
Figura 10 – Os três componentes do encéfalo e suas subestruturas
Agora que conhecemos as estruturas do SNC, nos próximos tópicos vamos falar sobre algumas 
características desses componentes e sobre suas principais funções. Começaremos de baixo para cima, 
ou seja, estudando a medula espinhal.
5.1.1 Medula espinhal
A medula espinhal é a parte caudal (mais baixa, inferior e afastada da cabeça) do sistema 
nervoso central. É um prolongamento que se estende desde a base do crânio até a primeira vértebra 
lombar. A palavra “medula” significa miolo, e indica que está dentro de alguma estrutura. A medula 
situa-se no interior do canal medular. Mas ela não percorre toda a coluna vertebral: seu limite 
inferior termina próximo à vértebra L2 (a segunda vértebra lombar).
Na parte cranial, a medula faz limite com o bulbo, próximo ao nível do forame magno do osso 
occipital. No homem em idade adulta a medula chega a ter aproximadamente 45 cm de comprimento, 
e é um pouco menor nas mulheres, já que normalmente a estatura média delas é menor que a deles.
A medula espinhal recebe informações que vêm da pele, dos músculos, das articulações, bem como 
de órgãos internos, por meio de neurônios sensoriais (mais adiante vamos falar deles). É nela que está 
o corpo dos neurônios motores que são responsáveis pelos movimentos voluntários (intencionais) e 
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reflexos (não intencionais). Portanto, você pode concluir que a medula é um local muito importante 
para integração da informação sensorial, isto é, conhecimento do que está acontecendo dentro e fora 
do corpo, o que é essencial para a geração dos movimentos e interação com o ambiente.
Em nós humanos, a medula espinhal é composta por 31 pares de nervos espinhais. As raízes dorsal 
(posterior) e ventral (anterior) se juntam e formam um nervo periférico. A informação que é captada nos 
músculos, nas vísceras e na pele (informação sensorial) chega até a medula pelo ramo posterior da raiz dorsal. 
Enquanto o comando para os músculos gerarem tensão (vindo da medula) chega através da raiz ventral.
 Lembrete
A medula faz parte do SNC, mas seus 31 pares de nervos espinhais 
fazem parte do sistema nervoso periférico.
Coluna dorsal Para o tronco 
encefálico
Neurônio do gânglio 
da raiz dorsal
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Figura 11 – Entradas sensoriais e motoras na medula espinhal
5.1.2 Tronco cerebral
As três estruturas que falaremos a seguir: o bulbo, a ponte e o mesencéfalo, formam uma porção 
contínua que é chamada de tronco cerebral ou tronco encefálico. O tronco cerebral fica localizado deforma contínua com relação à extremidade rostral da medula espinhal.
 Observação
O termo rostral significa na região mais anterior ou mais superior, mas 
ao nos referirmos às regiões do SNC, devemos usar o termo rostral e caudal, 
em vez de anterior e posterior, respectivamente.
Ele recebe informações sensoriais provindas da pele e das articulações da cabeça, do pescoço e da face, 
bem como contém os neurônios motores que controlam as ações dos músculos da cabeça e do pescoço. 
O tronco também está relacionado com sentidos especializados como a audição, gustação e o equilíbrio.
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FISIOLOGIA APLICADA À ATIVIDADE MOTORA
Toda as informações sensoriais, além dos comandos motores que chegam e partem do tronco, são 
transmitidos por meio dos 12 pares de nervos cranianos. Lembra-se deles? Eles fazem parte do sistema 
nervoso periférico, sobre o qual falaremos mais adiante.
5.1.2.1 O bulbo
O bulbo, que também pode ser chamado de medula oblonga, fica localizado logo acima da medula 
espinhal. Essa estrutura contém vários centros responsáveis pelas funções autonômicas vitais. Sabe o 
que é isso? São aquelas funções que precisam acontecer para nos manter vivos, tais como a respiração, 
digestão, pressão sanguínea e os batimentos cardíacos. Elas são chamadas de autonômicas porque 
acontecem independentemente do nosso controle consciente.
5.1.2.2 A ponte
A ponte está disposta de modo rostral ao bulbo. Ela é uma protuberância que pode ser notada na parte 
anterior do tronco cerebral. A ponte contém uma grande quantidade de neurônios que retransmitem as 
informações dos hemisférios cerebrais ao cerebelo. Por isso recebe o nome de ponte, porque faz a comunicação 
entre duas importantes estruturas do sistema nervoso central: os hemisférios cerebrais e o cerebelo.
5.1.2.3 O mesencéfalo
O mesencéfalo é o menor componente entre as estruturas que compõem o tronco cerebral e está 
situado de modo rostral à ponte. É responsável por controlar muitas funções sensoriais e motoras, 
entre elas os movimentos dos olhos e os reflexos visuais e auditivos. Não obstante, algumas regiões do 
mesencéfalo também participam do controle motor dos músculos esqueléticos.
5.1.3 O cerebelo
Em latim, a palavra cerebelo significa “pequeno cérebro”. Ele tem localização caudal em relação à 
ponte e ao bulbo, e se projeta em direção à nuca. Anatomicamente, é a estrutura neural com maior 
densidade de neurônios; apesar de ter apenas 10% do volume do encéfalo, contém 50% do total de 
neurônios. Além de conter cerca da metade dos neurônios do encéfalo, o cerebelo tem um padrão de 
organização que se assemelha àquele do córtex cerebral.
Funcionalmente, o cerebelo participa de funções motoras, sensoriais, atencionais e cognitivas. 
Para isso, tem conexões diretas e indiretas com praticamente todo o sistema nervoso central. 
O cerebelo recebe entradas de neurônios sensoriais vindas da medula espinhal, entradas de neurônios 
motores provindas do córtex cerebral, e entradas de neurônios derivadas dos órgãos vestibulares, 
que captam informações sobre o equilíbrio corporal. O cerebelo integra todas essas informações para 
coordenar a atividade de diferentes grupos musculares durante o movimento.
Aliás, as funções cerebelares mais importantes são as motoras, por exemplo, no controle postural, no tônus 
muscular (contração basal dos músculos), na realização de movimentos com precisão e delicadeza, na realização 
de movimentos com alto grau de complexidade, na aprendizagem motora e na correção de erros de movimentos.
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5.1.4 O diencéfalo
O diencéfalo está localizado de modo rostral ao mesencéfalo e é composto por duas estruturas: 
o hipotálamo e o tálamo. O hipotálamo fica sob o tálamo. É constituído por neurônios no sentido 
clássico, bem como por neurônios que exercem suas funções por intermédio de hormônios. Tem 
importante função no controle das funções autonômicas, endócrinas e viscerais. O tálamo, por usa 
vez, processa a maior parte das informações que chega ao córtex cerebral, oriunda das demais partes 
do sistema nervoso. Além dessas funções, é responsável pela regulação da consciência, do sono e do 
estado de alerta.
5.1.5 Os hemisférios cerebrais
Os hemisférios cerebrais são formados pelo córtex cerebral e três estruturas situadas em sua 
profundidade: os gânglios da base, o hipocampo e o núcleo amigdaloide. Dentre eles, os gânglios da 
base são as estruturas que participam da regulação do desempenho motor, enquanto o hipocampo 
participa de diversos aspectos do armazenamento de memórias; já o núcleo amigdaloide coordena as 
respostas autonômicas e endócrinas, em conjunto com os estados emocionais.
Os hemisférios cerebrais direito e esquerdo são unidos por feixes de fibras (tratos) denominados 
corpo caloso, que permite a comunicação entre eles. Sobre os dois hemisférios, posiciona-se a camada 
enrugada do córtex cerebral, que é dividida em quatro lobos: o frontal, o parietal, o temporal e o 
occipital. Os lobos realizam funções gerais distintas. O lobo frontal é responsável pelo intelecto e pelo 
controle motor; o lobo temporal pelo estímulo auditivo e sua interpretação; o lobo parietal pelo estímulo 
sensorial geral e sua interpretação; e o lobo occipital pelo estímulo visual e sua interpretação.
Os lobos cerebrais são constituídos por circunvoluções, separadas por fissuras, cuja função é 
aumentar ao máximo a área de superfície do córtex cerebral sem exigir um aumento correspondente do 
volume cerebral.
Lobo frontal Lobo parietal
Lobo occipital
Lobo temporal
Figura 12 – Lobos e sulcos do córtex cerebral
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FISIOLOGIA APLICADA À ATIVIDADE MOTORA
Muitas áreas do córtex cerebral são implicadas com o processamento de informações sensoriais 
e/ou de comandos motores. Estas áreas são referidas como áreas primárias, secundárias e terciárias 
(sensoriais ou motoras), dependendo do nível de processamento de informação realizado. Por exemplo, 
o córtex motor primário (localizado no lobo frontal) medeia movimentos voluntários dos membros e 
do tronco. Ele é referido como primário porque contém neurônios que se projetam diretamente para a 
medula espinhal para ativar os neurônios motores somáticos (aqueles responsáveis pela ativação das 
fibras musculares esqueléticas).
5.2 O sistema nervoso periférico
Anatomicamente, o sistema nervoso periférico é constituído pelo grupo de neurônios chamados de 
gânglios, pelos nervos espinhais e pelas terminações nervosas, que ficam fora do encéfalo e da medula 
espinhal. Os nervos são compostos por 12 pares cranianos e 31 pares espinhais.
O SNC e o SNP são separados anatomicamente, mas são interligados funcionalmente. Isso quer 
dizer que podemos diferenciar as estruturas que compõem cada um deles, mas que uma divisão (parte) 
depende e influencia a outra, quando desempenha suas funções.
Divisão sensorial
(aferente)
Divisão motora
(eferente)
Sistema 
nervoso 
autônomo
(involuntário)
Divisão 
simpática
Divisão 
parassimpática
Sistema 
nervoso 
somático
(voluntário)
Sistema nervoso periférico
• Nervos cranianos
• Nervos espinhais
Sistema nervoso central
• Encéfalo
• Medula espinhal
Figura 13 – O sistema nervoso periférico
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O SNP é subdividido em sistema nervoso somático (SNS) e sistema nervoso autonômico (SNA). 
O SNS abastece o SNC com informaçõessensitivas a respeito do que ocorre nos músculos e membros 
(por exemplo, grau de tensão e de alongamento, velocidade de encurtamento, angulação articular, 
posicionamento dos segmentos), bem como a respeito do que ocorre no ambiente fora do corpo 
(sensações térmicas, iluminação, som etc.). Essas informações são fornecidas ao SNC pelos neurônios 
sensoriais e gânglios cranianos, os quais inervam a pele, os músculos e as articulações. Uma curiosidade 
a respeito dos neurônios motores somáticos – que inervam os músculos esqueléticos – é que eles têm 
seus corpos localizados na medula, que faz parte do sistema nervoso central. Ficou confuso? Antes de 
prosseguirmos, observe o quadro seguinte para organizar todas essas nomenclaturas.
Quadro 1 – Relação entre as divisões componentes do sistema nervoso
Sistema nervoso
Sistema nervoso central Sistema nervoso periférico
Encéfalo Medula
Gânglios, nervos, terminações nervosas
Sistema nervoso autônomo (involuntário) Sistema nervoso somático(voluntário)
Hemisférios 
cerebrais, diencéfalo, 
mesencéfalo, 
cerebelo, ponte e 
bulbo
Substâncias 
cinzenta e 
branca
Simpático Parassimpático Entérico Sensorial Motor
O SNA é a parte do SNP que controla o funcionamento das vísceras, dos músculos lisos e das glândulas 
exócrinas (glândulas sudoríparas, sebáceas, salivares). O SNP é constituído de três subunidades: sistema 
nervoso simpático, sistema nervoso parassimpático e sistema nervoso entérico.
Resumidamente, podemos dizer que o sistema nervoso simpático controla as respostas do organismo 
ao estresse; o parassimpático é responsável por controlar os recursos do corpo e por restaurar o equilíbrio 
do estado de repouso (quadro 2). O entérico, por sua vez, é uma rede de neurônios que controla a 
musculatura lisa do intestino. Apesar de poder funcionar de maneira independente, suas funções podem 
ser controladas pelos sistemas simpático e parassimpático.
Quadro 2 – Efeitos dos sistemas nervosos simpático e parassimpático sobre vários órgãos
Órgão/sistema‑alvo Efeitos simpáticos Efeitos parassimpáticos
Miocárdio Aumento da frequência cardíaca e da força de contratilidade do miocárdio Diminui a taxa de contração
Coração: vasos 
coronarianos Vasodilatação Vasoconstrição
Pulmões Broncodilatação Broncoconstrição
Vasos sanguíneos
Aumenta a pressão arterial; vasoconstrição visceral e na pele; 
vasodilatação nos músculos esqueléticos e cardíaco, durante o 
exercício.
Pequeno ou nenhum efeito
Fígado Estimula a liberação da glicose Nenhum efeito
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FISIOLOGIA APLICADA À ATIVIDADE MOTORA
Metabolismo celular Aumento da taxa metabólica Nenhum efeito
Tecido adiposo Estimula a lipólise Nenhum efeito
Glândulas sudoríparas Aumenta a sudorese Nenhum efeito 
Glândulas adrenais Estimula secreção de adrenalina e noradrenalina Nenhum efeito
Sistema digestivo Diminui a atividade das glândulas e dos músculos; contrai os esfíncteres
Aumenta o peristaltismo e a 
secreção glandular; relaxa os 
esfíncteres
Rins Provoca vasoconstrição; diminui a produção de urina. Nenhum efeito
Adaptado de: Wilmore e Costill (2001, p. 70).
 Lembrete
Cérebro não é sinônimo de encéfalo. Cérebro é o mesmo que hemisférios 
cerebrais, uma parte do encéfalo. O encéfalo é ainda composto pelo tálamo, 
hipotálamo, cerebelo, mesencéfalo, ponte e bulbo.
6 AS CÉLULAS NEURAIS
Existem dois tipos de células no sistema nervoso: as células da glia e os neurônios. Ambas as 
células, por usa vez, apresentam-se em subtipos, que estão envolvidos em funções distintas.
6.1 As células da glia
As células da glia ou gliócitos são células que, junto com os neurônios, constituem o sistema nervoso. 
Comparadas aos neurônios, elas são menores, tão numerosas quantos eles, mas possuem diferentes 
formas, e estão associadas a diferentes funções. São responsáveis pela sustentação, proteção e nutrição 
dos neurônios. Além disso, agem isolando os neurônios uns dos outros, evitando, assim, interferências 
na condução do impulso nervoso. Elas ainda regulam a composição química dos líquidos intercelulares, 
removem excretas e fagocitam restos celulares do sistema nervoso.
Alguns tipos comuns de células da glia são os astrócitos, as micróglias, os oligodendrócitos, as células 
de Schwann e as células ependimárias. A figura seguinte ilustra os astrócitos e os oligodendrócitos.
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Axônio Núcleo
Extremidade 
interna
Axônio Axônio
Axônio
Oligodendrócito
Oligodendrócito na 
substância branca
A. Oligodendrócito
1
2
B. Célula de Schwann C. Astrócito
Oligodendrócito 
perineural
Neurônio
Neurônio
Célula de 
Schwann
Camadas de 
mielina
Nodos de 
Ranvier
Capilar
Pé terminal
Pé terminal Astrócito 
fibroso
Figura 14 – Células da glia: astrócitos e oligodendrócitos
Os astrócitos são as células da glia de maior tamanho. Eles são equipados com um número bem 
elevado de prolongamentos, que são também muito longos se comparados às outras células da glia. 
Outra característica que se destaca nos astrócitos é que a disposição dos seus prolongamentos lhe 
confere um formato de estrela. Essas células realizam o transporte de nutrientes para os neurônios e 
agem como tecido cicatrizante em áreas danificadas do SNC.
Os oligodendrócitos são células da glia bem pequenas quando comparadas aos demais tipos. 
São bastante semelhantes aos astrócitos, porém menores e com menos prolongamentos. São responsáveis 
pelo isolamento e proteção dos neurônios, função que realizam produzindo e mantendo a mielina de 
neurônios do SNC. As células de Schwann também são responsáveis pela produção da mielina, porém 
em neurônios do SNP. Ela envolve um segmento do axônio, enrolando-se em volta deste e em torno 
de si mesma, adquirindo aspecto de “fatia de cebola”. O corpo e as organelas celulares ficam restritos 
à periferia da célula. Essa bainha de mielina isola eletricamente os neurônios, evitando a interferência 
da atividade elétrica de um neurônio em outro neurônio vizinho. Além disso, esse isolamento restrito a 
algumas regiões do axônio faz com que a propagação de impulsos nervosos seja realizada em velocidade 
mais elevada em comparação à velocidade de propagação em axônios não mielinizados.
As micróglias também são células da glia bastante pequenas, que apresentam corpo celular alongado 
e prolongamentos com espículas. Elas possuem alto poder fagocitário, representando uma variedade de 
macrófagos que atuam na defesa do sistema nervoso. Fagocitam corpos estranhos e restos celulares, 
atuando, portanto, na proteção e manutenção do sistema nervoso central.
As células ependimárias têm forma de cubo ou coluna que constituem a neuroglia epitelial. 
Apresentam um arranjo epitelial, revestindo as cavidades do encéfalo e da medula espinhal e são 
responsáveis pela produção do liquor.
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6.2 O neurônio
O neurônio é a célula neural responsável pela geração e propagação de informação. Essa célula 
produz impulsos elétricos que são transmitidos de um neurônio para outro como se fossem fios 
elétricos interligados. Graças a essa propriedade dos neurônios, o sistema nervoso pode coletar 
informações do meio ambiente (sensações térmicas, iluminação, sons, gostos, cheiros etc.), bem 
como de órgãos e vísceras, as quais são utilizadas para interagir com o mundo exterior e se 
ajustar a ele. Os comandos enviados pelo sistema nervoso para os órgãos e sistemas, para ajustar 
o organismo àscondições do ambiente, também são realizados por impulsos enviados pelos 
neurônios. Para entendermos como esses sinais acontecem e como são transmitidos de célula 
para célula, precisamos nos familiarizar com a estrutura do neurônio, conhecer seus diferentes 
tipos e algumas particularidades de suas estruturas.
6.2.1 Estrutura do neurônio
Vamos começar enfatizando que o neurônio é uma célula, portanto, assim como qualquer outra de 
nosso organismo, contém membrana, organelas, citoplasma e núcleo.
Cada célula do nosso organismo é especializada para desempenhar determinadas funções, conforme 
os órgãos e sistemas que compõem. Os neurônios são as células capazes de se comunicar com outras 
células e órgãos, e fazem isso por intermédio de sinais elétricos que chamamos informalmente de 
impulsos nervosos, ou, da maneira que seria mais adequada, de potenciais de ação (PA).
O PA funciona como uma espécie de código, portanto, ele precisa ser decifrado por regiões 
específicas do sistema nervoso e pelos órgãos efetores que o recebem como ordem proveniente dos 
centros superiores (encéfalo). Por exemplo, quando estamos num ambiente quente, começamos a suar 
numa tentativa de resfriar o corpo. A secreção de suor pela glândula sudorípara acontece por ordem 
do sistema nervoso (o hipotálamo é a estrutura envolvida nessa função). Por sua vez, o SNC modula 
essa ordem tendo como base as informações que chegam a ele enviadas por receptores sensoriais que 
monitoram a superfície corporal (veja o esquema a seguir).
Já sabemos que a informação “está calor”, bem como a ordem/comando “secrete suor”, são enviados 
na forma de potenciais de ação. Mas como o sistema nervoso diferencia a informação faz “muito calor” 
de faz “pouco calor”, e como as glândulas sudoríparas sabem quanto suor devem secretar? Essa parte 
da informação está relacionada à frequência dos impulsos elétricos emitidos pelos receptores sensoriais 
e pelo SNC.
Os neurônios modulam a frequência dos impulsos emitidos para codificar a informação. 
Quanto maior a frequência de impulsos, maior a relevância/magnitude da informação. Ou seja, 
no caso do nosso exemplo, quanto maior a frequência dos PA que chegam ao sistema nervoso a 
partir da superfície da pele, maior é a temperatura que os receptores térmicos estão aferindo, e 
quanto maior a frequência de PA que chegam para as glândulas sudoríparas, maior é a quantidade 
de suor que devem secretar.
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Unidade II
Receptores sensoriais (1) → SNC (2) → Órgão efetor (3)
• (1) coleta informação do ambiente/órgão internos;
• (2) decodifica a informação/gera comando; e
• (3) realiza a tarefa.
Vários outros processos que ocorrem no nosso organismo, como a aprendizagem, memorização, visão, o 
movimento etc., dependem da capacidade que os neurônios têm de se comunicarem entre si, bem como de 
se comunicarem com as células que compõem os órgãos efetores. O conhecimento desse aspecto, além de 
muitas outras funções do sistema nervoso, teve início, e evoluiu imensamente, a partir dos estudos pioneiros 
do fisiologista inglês Edgar Douglas Adrian sobre as propriedades do sistema nervoso em nível celular.
Um exemplo da evolução desse conhecimento é fornecido por um estudo recente, em que um grupo 
de pesquisadores brasileiros fez uma série de descobertas interessantes, entre elas de que nosso encéfalo 
é composto por cerca de 86 bilhões de neurônios, um número inferior aos 100 bilhões antes estimados.
Nesse estudo também foi descoberto que os neurônios compõem cerca de 50% das células do 
encéfalo, e não apenas 10% como pensavam os neurocientistas e, ainda, que o número de neurônios 
que temos depende do tamanho do crânio. Quanto maior o crânio, mais neurônios ele possui!
De acordo com isso, a comparação (também nesse estudo) do cérebro humano com o de um elefante 
mostrou que temos três vezes menos neurônios que o elefante. Intrigante, não? Porque se o número 
de neurônios é determinante da nossa capacidade intelectual, então deveríamos ser menos inteligentes 
que os elefantes, entretanto, nós sabemos que isso não é verdade, pelo menos para a maioria dos 
humanos e dos elefantes.
A explicação para essa questão, que também foi verificada nesse estudo, é que a nossa inteligência 
não depende do número total de neurônios no encéfalo, mas do número total de neurônios existentes 
no córtex cerebral, que forma as estruturas superiores responsáveis pelas nossas capacidades de atenção 
e raciocínio. Nessa região, os elefantes têm menos neurônios que nós, humanos.
Naturalmente, sendo tão grande o número de neurônios em nosso encéfalo e estes estando 
envolvidos em diferentes funções, é de se esperar que os neurônios não sejam todos iguais. Nas seções 
adiante vamos conhecer os diferentes tipos de neurônios e suas funções. Antes disso, vamos analisar o 
tipo de neurônio mais comum, pois conhecendo suas características ficará mais fácil conhecermos os 
demais tipos de neurônios, bem como facilitará nossa compreensão de como eles são capazes de gerar 
os sinais que usam para se comunicar.
6.2.2 Sinais neurais
Em muitos trechos deste livro-texto dissemos que os neurônios são células capazes de produzir e 
propagar informação através dos impulsos elétricos que geram. Na verdade, os neurônios produzem 
dois tipos diferentes de sinais: os sinais locais e os propagados. Um sinal local tem a função de estimular 
ou de inibir o neurônio a disparar um potencial de ação, que é um sinal propagado.
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FISIOLOGIA APLICADA À ATIVIDADE MOTORA
O conhecimento da anatomia do neurônio e de detalhes de sua estrutura é fundamental para 
compreendermos como os neurônios geram esses sinais e as diferenças entre eles. Então, antes de nos 
aprofundarmos no estudo do sinal local e do PA, vamos aprender mais sobre a anatomia dos neurônios.
6.2.2.1 A anatomia do neurônio
A figura a seguir é uma representação típica de um neurônio, que usaremos para esse propósito.
Dendritos
Terminais axônicos
Bainha de mielina
Axônio
Soma
Figura 15 – Anatomia de um neurônio típico
Vamos começar pelo corpo do neurônio. O formato do corpo do neurônio, que também pode 
ser chamado de soma, varia conforme o tipo de neurônio, mas em todos os neurônios essa é a região 
celular que se destaca em razão do seu grande volume.
O soma é a região metabólica da célula responsável pela síntese de todas as proteínas neuronais. 
Ela contém o núcleo e as organelas para a fabricação de ácido ribonucleico (ARN) e proteínas. Em todos 
os neurônios, essa região é a responsável pela geração dos potenciais de ação, que são gerados mais 
precisamente num local denominado cone axônico. O cone axônico é a região do corpo, em forma de cone, 
logo no início do prolongamento maior que parte do corpo (axônio). O cone também pode ser chamado de 
zona de gatilho, por ser o local onde são gerados os impulsos usados para produzir a comunicação entre 
células. Além dessas funções, o soma pode ser um espaço de recepção de estímulos oriundos de outras 
células, embora essa função seja realizada principalmente pelos dendritos. Apesar de desempenhar essas 
funções tão importantes, o volume do soma representa menos de 10% do volume total da célula.
Os dendritos são os prolongamentos menores, mais numerosos e em formato de ramos, como os 
galhos de uma árvore, que se projetam a partir do corpo do neurônio. Essas ramificações funcionam 
como antenas receptoras de sinais provenientes de outras células neurais. É comum que os neurônios 
recebam informações vindas de centenas ou milhares de outras células, por intermédio dos dendritos. 
Os sinais recebidos neles se propagam pela membranado neurônio com a finalidade de atingir o cone 
axônico. Esses sinais são os chamados de sinais locais.
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Unidade II
No cone axônico, os sinais locais são integrados e podem estimular ou inibir a geração de um 
potencial de ação. Os sinais locais têm amplitude muito pequena que pode variar de apenas 0,1 a 
10 mV – o que depende da magnitude do estímulo que o desencadeou. Além de sua amplitude ser 
baixa, ela decai em razão da distância que percorre na membrana, de maneira que o sinal não pode ser 
conduzido além de 1 ou 2 mm. Por essa razão, para serem transmitidos por distâncias maiores, os sinais 
locais precisam ser ampliados, caso contrário, são dissipados e podem não chegar ao cone axônico. 
A ampliação dos sinais locais acontece pelos mecanismos de somação (sobre o qual trataremos mais 
adiante). Para que um PA seja gerado, os sinais locais devem chegar no cone axônico com amplitude de 
15 mV. Chamamos esse limite mínimo de limiar de excitação.
No caso dessa integração ser suficiente para atingir ou ultrapassar o limiar de excitação, o PA gerado 
se propagará pelo axônio do neurônio até atingir sua extremidade mais distal, onde estão localizados 
os botões sinápticos.
 Observação
Os sinais provenientes de outras células, recebidos na região dos 
dendritos, são denominados potenciais locais, em vez de potenciais de 
ação, pois são diferentes destes últimos.
O axônio é o maior prolongamento que parte do corpo do neurônio. O comprimento de um axônio 
pode variar de alguns poucos milímetros até metros, dependendo da região do sistema nervoso onde a 
célula se encontra e também de sua função.
Os axônios de alguns tipos de neurônios são embainhados por mielina ao longo de grande parte 
de seu comprimento. A bainha de mielina está enrolada em camadas concêntricas e em intervalos ao 
longo do axônio – semelhante ao modo que se enrola a fita isolante em um fio elétrico. Alguns trechos 
do axônio não são revestidos por mielina, formando os chamados nódulos de Ranvier. A bainha de 
mielina presente nos neurônios do sistema nervosos central é produzida pelos oligodendrócitos, mas nos 
neurônios periféricos a mielina é formada pela célula de Schwann. Os potenciais de ação transitam ao 
longo do axônio, “saltando” de um nódulo de Ranvier para o próximo, o que faz com que a propagação 
do PA em neurônios mielinizados seja cinquenta vezes mais rápida que em neurônios não mielinizados.
 Lembrete
Quanto mais longo o axônio, maior o corpo celular do neurônio.
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FISIOLOGIA APLICADA À ATIVIDADE MOTORA
 Saiba mais
Outro fator que determina a velocidade de propagação dos potenciais 
de ação é o diâmetro do neurônio. A esse respeito, consulte o capítulo 9 da 
obra Fundamentos da neurociência e do comportamento:
KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSEL, T. M. Fundamentos da neurociência 
e do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
Independentemente de seu tamanho, a porção final do axônio forma ramificações para originar 
centenas de terminações axônicas. Na extremidade de cada terminação há uma estrutura proeminente 
que é denominada botão axônico. Dentro do botão axônico é armazenada uma substância química que 
pode ser chamada de substância neurotransmissora ou neurotransmissor. O neurotransmissor funciona 
como uma espécie de mensageiro, pois é por seu intermédio que a mensagem (potencial de ação) de uma 
célula é transmitida para outra em comunicações conhecidas como sinapses. Nessas comunicações, um 
neurônio pode tanto estimular quanto inibir outro neurônio a gerar um potencial de ação.
Para que não percamos o sentido, cabe realizar um pequeno resumo sobre o que tratamos nos 
últimos parágrafos.
Um neurônio é uma célula que se comunica com outras células por intermédio de sinais elétricos, 
chamados de potenciais de ação. Os potencias de ação de uma célula são gerados no cone axônico, 
e se projetam pelo axônio até atingir os botões axônicos, onde está armazenado o neurotransmissor. 
O neurotransmissor, por sua vez, é um mensageiro químico que vai transmitir a mensagem enviada por 
esse neurônio para outro neurônio. Essa transmissão normalmente acontece nos dendritos da célula 
que recebe a mensagem. A mensagem enviada de um neurônio para outro pode ser que “gere potenciais 
de ação” ou “não gere potenciais de ação”.
Se você conseguiu acompanhar, é possível que esteja se fazendo várias perguntas, tais como:
• O que é um potencial de ação?
• Como eles são gerados?
• Como são propagados para outras células?
• Como eles transmitem mensagens?
• Como essas mensagens são diferenciadas?
Para respondê-las, precisamos nos familiarizar com algumas características dos neurônios que ainda 
não comentamos.
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6.2.3 Condições celulares necessárias para a geração dos sinais neurais
A primeira característica que precisamos conhecer é o potencial da membrana em repouso (PMR). 
Esse potencial se refere à diferença de carga elétrica existente entre o interior (citoplasma) e o exterior 
da membrana (líquido extracelular), a qual se dá quando o neurônio está em repouso. Nesse sentido, é 
possível concluir que quando o neurônio está em repouso, ele não está transmitindo PA.
Nessa condição – em repouso –, o interior da célula tem carga elétrica menor que 70 milivolts (mV) 
em relação ao seu exterior. Por convenção, estipulou-se dizer que o interior da célula tem carga elétrica 
negativa se comparada ao exterior. Essa diferença de carga elétrica não é a mesma em todas as células, 
podendo ser ligeiramente maior em algumas (-80 a -90 mV), ou menor em outras (- 40 a – 60 mV).
Outro ponto que merece nossa atenção é que essa diferença de carga é apenas observada nas 
regiões próximas à membrana, mas ela é anulada se notada nas regiões afastadas da membrana, como 
ilustra a figura a seguir.
BOMBA 
de 
Na+/K+
Distribuição igual
(meio externo)
(citoplasma)
Distribuição igual
CANAL 
de K+
CANAL 
aberto 
de K+
CANAL 
de Na+
CANAL 
de 
Cl-
Figura 16 – Concentração de cargas dentro e fora da membrana
Repare que no interior do neurônio, na região bem próxima à membrana, há um acúmulo de carga 
elétrica negativa, mas do lado externo – também próximo à membrana – há uma concentração de carga 
elétrica positiva. Diferentemente, nas regiões afastadas da membrana, há uma distribuição equilibrada 
de cargas positivas e negativas, tanto do lado de dentro quanto de fora da célula. Por essa razão, 
se usarmos um voltímetro para aferir a carga elétrica dentro e fora da célula, vamos encontrar uma 
diferença de aproximadamente -70 mV no interior em relação ao exterior, apenas quando posicionamos 
os terminais nas regiões bem próximas à membrana da célula. No entanto, se afastarmos os terminais 
da membrana, essa diferença tenderá a desaparecer.
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Voltímetro
Axônio
Neurônio
Potencial da membrana 
em repouso
Microeletrodos
Figura 17 – Aferição da carga a diferentes distâncias da membrana
Quando o neurônio está em repouso (-70 mV) dizemos que a célula está polarizada. Quando o 
neurônio está ativo (transportando PA) o interior da célula fica aproximadamente 30 mV positivo 
em relação ao exterior. Nesse caso, dizemos que a célula sofreu uma despolarização. Um PA é uma 
inversão de polaridade (despolarização) que acontece em determinadotrecho da membrana e que 
percorre toda sua extensão, desde o local de sua geração (normalmente no cone axônico) até o 
botão sináptico. Ou seja, enquanto o neurônio está em repouso, em toda a extensão da membrana, 
do seu lado interno, a carga elétrica é -70 mV. Porém, durante a geração de um potencial de ação, o 
interior fica positivo em um pequeno trecho (+30 mV), caracterizando uma inversão de polaridade. 
A representação disso pode ser observada no gráfico a seguir.
30
0
-55
-70
-90
1 Tempo (ms)
Limiar de 
excitação
Figura 18 – Variação da carga no citoplasma durante um potencial de ação
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Essa inversão dura apenas 1 milissegundo (para que se tenha noção de quão rápido é, basta dividir 1 
segundo por mil, em seguida pense em algo que se consegue realizar nesse tempo). Após essa inversão, 
o trecho que sofre despolarização volta a ficar polarizado (negativo em 70 mV), e o trecho seguinte 
passa a ser despolarizado. Essa inversão momentânea de polaridade (PA) e a regeneração do potencial 
de repouso (repolarização) acontecem sucessivamente no sentido do corpo do neurônio em direção aos 
botões sinápticos.
Neurônio em repouso
Neurônio ativo
Neurônio ativo
Neurônio ativo
PA
PA
PAEstímulo
Estímulo
Estímulo
Figura 19 – Propagação do potencial de ação
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Essa é a forma que o PA se propaga ao longo do neurônio para fazer a informação chegar a 
outras células.
É possível que agora o conceito de PA tenha sido compreendido e que possamos avançar. No entanto, 
antes de começarmos a tratar de outro assunto, vale ressaltar o fato de que o PA é uma inversão de 
polaridade, portanto, ele só pode acontecer porque, quando a célula está em repouso, encontra-se 
polarizada (a carga no seu interior é -70 mV). Ou seja, o PMR é a condição fundamental para a geração 
de PA. Lembre-se disso!
 Lembrete
O potencial de ação sempre percorre a membrana do neurônio no 
mesmo sentido, partindo do cone axônico em direção ao botão sináptico, 
nunca no sentido contrário.
Sendo o PMR tão importante, isso nos leva a questionar: “por que existe essa diferença de cargas 
dentro e fora da célula, e por que ela se modifica durante um PA?”.
Respondendo de maneira direta a primeira parte da pergunta, o que produz PMR são dois fatores:
• A diferença de concentração de íons do lado de dentro em relação ao lado de fora do neurônio.
• A alta permeabilidade da membrana apenas ao potássio (K+).
6.2.3.1 Concentração de íons dentro e fora da célula
Diferentes tipos de íons são encontrados tanto no interior como no exterior da célula. O sódio (Na+), 
o potássio (K+) e o cloreto (Cl-) são encontrados tanto no citoplasma (líquido que preenche o interior 
da célula) quanto na solução corporal que banha a célula externamente. No entanto, as concentrações 
desses íons são diferentes em cada lado.
Quando o neurônio está em repouso, o citoplasma celular possui uma alta concentração de K+ e 
aníons orgânicos (A-), enquanto fora da célula há uma alta concentração de Na+ e Cl-. Além desses 
íons, o citoplasma está cheio de A-, que são aminoácidos e proteínas que não atravessam a membrana, 
portanto, são encontrados apenas no citoplasma.
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Canal 
de K+
Canal 
de Na+
Canal 
de Cl-
Canal 
aberto 
de K+
BOMBA 
de 
Na+/K+
K+
K+
K+
K+
K+
K+
K+ K+
K+
Na+
Na+
Na+
Na+
Na+
Na+
Na+
Na+
Cl-
Cl-
Cl-
Cl-
Cl-
Cl-
A-
(meio externo)
(citoplasma)
membrana
A-
A-
A-A
-A-
K+
K+
K+
K+
Figura 20 – Concentração iônica dentro e fora da célula neural em repouso
Na membrana celular existem canais pelos quais os íons podem atravessar para atingir o lado oposto. 
No entanto, isso não acontece a qualquer momento, porque esses canais permanecem fechados enquanto 
o neurônio não é estimulado (está em repouso). Cada íon tem um canal específico pelo qual pode atravessar 
a membrana. Ou seja, se os canais iônicos permanecem fechados, o íon fica do lado que está.
Quando o neurônio está em repouso, os canais de K+, Na+ e Cl- permanecem fechados, assim a 
diferença na concentração de íons é mantida em cada lado. Portanto, esses canais são fundamentais 
para manutenção do PMR.
Uma exceção a isso se dá em relação ao K+, que, além dos canais regulados, que precisam ser abertos 
para sua passagem, possui também canais na membrana que estão abertos constantemente, os chamados 
canais livres. Por isso, o K+ é o único íon que pode atravessar a membrana enquanto o neurônio está em 
repouso. É por essa razão que dizemos que a membrana tem permeabilidade seletiva ao K+.
 Saiba mais
Um canal iônico é uma proteína que atravessa a membrana. Para 
saber mais sobre esse assunto, leia o capítulo 7, “Canais iônicos”, da obra 
Fundamentos da neurociência e do comportamento:
KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSEL, T. M. Fundamentos da neurociência 
e do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
6.2.4 Força do gradiente de concentração
Reflita e tente responder à seguinte questão: para qual lado da membrana o K+ se movimenta? São 
os íons K+ que estão fora da célula que entram pelos canais livres (abertos), ou são os íons K+ que estão 
dentro (no citoplasma) que saem por eles? Pois bem, são os íons K+ que estão no citoplasma que saem. 
Por quê? Porque uma força os impulsiona para fora. Essa força é conhecida como força do gradiente 
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de concentração (FGC). A FGC tem uma direção: ela empurra o íon para o lado oposto da membrana 
onde ele está mais concentrado. Então, se o íon está mais concentrado dentro, como é o caso do K+, a 
FGC vai empurrá-lo para fora. E nos casos dos íons que estão mais concentrados do lado de fora, como 
são os casos do Na+ e do Cl-, a FGC vai empurrá-los para dentro.
Mas se o K+ pode atravessar a membrana livremente pelos canais abertos, por que os dois lados 
não ficam com a mesma concentração? Isso não acontece porque os íons K+ que saem da célula são 
enviados de volta para dentro por uma proteína que fica na membrana. Em razão da sua função, essa 
proteína é chamada de bomba de sódio e potássio. Isso mesmo, assim como você deve ter intuído, ela 
também bombeia os íons Na+ para fora, quando eles entram na célula. Quando isso acontece? Vamos 
estudar isso adiante, por enquanto, podemos adiantar que isso é possível apenas se algum estímulo 
promover a abertura dos canais de Na+.
A princípio, analisaremos um pouco mais sobre a saída do K+ da célula. Essa saída tem consequências 
importantes para a criação do PMR e para a geração do PA. Para você entendê-las, vamos nos atentar 
para o fato de que o K+ tem carga elétrica positiva (percebeu o sinal “+” na frente do K?).
Lembra-se que cargas elétricas iguais se repelem, mas que cargas diferentes se atraem? Ou seja, 
carga negativa repele carga negativa, da mesma forma acontece entre cargas positivas. No entanto, 
carga positiva atrai carga negativa. Pois então, quando o K+ (que tem carga positiva) sai da célula, ele 
arrasta atrás de si uma nuvem de íons com cargas elétricas negativas. Como esses íons (negativos) não 
conseguem atravessar a membrana, ficam depositados bem próximos a ela, do lado interno. Por sua vez, 
isso provoca a atração e o acúmulo de íons comcargas elétricas positivas no lado de fora da membrana, 
também bem próximo a ela. O resultado é o acúmulo de cargas diferentes em ambos os lados da 
membrana, que resulta no PMR.
Perceba que a diferença na concentração de um tipo de íon dentro e fora da célula cria a FGC. A maior 
concentração de K+ dentro da célula gera a força que o impulsiona para fora da célula. O movimento 
livre deste elemento para fora produz as diferenças de cargas no interior e exterior da membrana, o que 
cria o PRM (carga de -70 mV no interior do neurônio em repouso).
6.2.5 Força da carga elétrica
Além da força do gradiente de concentração, existe uma outra força que atua sobre os íons e determina 
a velocidade e o sentido (para dentro ou para fora) que eles se deslocam através da membrana celular. 
Estamos nos referindo à força da carga elétrica (FCE). Em alguns parágrafos precedentes relembramos 
que cargas iguais se repelem e que cargas diferentes se atraem. Pois bem, atente para o fato que o interior 
celular tem predominância de carga negativa e o exterior, de cargas positivas quando o neurônio está em 
repouso. Então, íons com carga elétrica negativa (Cl-) são impelidos para fora pela FCE, enquanto íons com 
carga elétrica positiva são atraídos para dentro (K+ e Na+) por ação da mesma força.
Agora vamos refletir o que acontece particularmente no caso do íon K+, que tem carga elétrica 
positiva. A FCE empurra o K+ para dentro da célula, porque no interior dela predominam cargas negativas. 
Simultaneamente, a FGC o empurra para fora, porque esse íon está mais concentrado no citoplasma. 
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Unidade II
Ou seja, no caso do K+, uma força atua contra a outra, como os membros de equipes oponentes em uma 
brincadeira de cabo de guerra.
FORA K+ ← (FGC) | (FCE) → K+ DENTRO
Lembremos que quando a célula está em repouso, o K+ sai da célula pelos canais abertos. Se essas 
forças agem uma contra a outra e ainda assim o K+ sai da célula, isso significa que a FGC (que o impele 
para fora) é maior que a FCE (que o atrai para o interior). Se pensamos na analogia do cabo de guerra, 
nessa brincadeira a corda corre para o lado de quem tem mais força, não é?
As magnitudes da força elétrica e da força do gradiente de concentração variam conforme varia a 
concentração dos íons de cada lado da membrana. Continuando a usar o K+ como exemplo, isso significa 
que se a concentração desse íon em ambos os lados for modificada, isso terá um reflexo na velocidade 
de deslocamento do íon através da membrana, ou pode mudar o sentido de seu deslocamento.
Para melhor compreensão, formulemos outro exemplo: imagine uma situação que provocasse 
a saída contínua de K+ da célula. Isso faria com que a FGC, que empurra o K+ para fora, diminuísse 
progressivamente, porque sua concentração no interior iria diminuir. Então, à medida que o 
potássio saísse, a velocidade de sua saída reduziria. A diminuição continuada da concentração do 
K+, decorrente de sua saída, iria fazer com que, num determinado momento, a FGC ficasse igual a 
FCE, e com isso, a saída de potássio fosse interrompida.
Nós usamos como exemplo o K+ para descrever as ações combinadas da FGC e da FCE sobre os íons. 
Obviamente (e você já deve ter imaginado) que o efeito dessas forças sobre o Na+ e sobre o Cl- tem 
consequências diferentes, porque o Cl- tem carga elétrica diferente do K+ e está mais concentrado fora 
da célula, o mesmo ocorre no caso do Na+, pois também está mais concentrado fora da célula.
Portanto, a FGC e a FCE podem modificar a maneira como os íons se deslocam através da membrana. 
E isso tem grande importância quando a célula está em repouso (para manter o PMR), mas também tem 
grande relevância durante a geração de um PA.
Até aqui falamos da movimentação do K+ através dos canais abertos (canais livres). No próximo 
tópico vamos tratar da movimentação dos íons pelos canais regulados.
6.2.5.1 Abertura dos canais regulados
Além da passagem do K+ pelos canais livres, o próprio K+, bem como os demais íons, podem atravessar 
a membrana quando os chamados canais regulados (que estão constantemente fechados) são abertos. 
A abertura dos canais regulados se dá pela ação de um agente químico (um neurotransmissor) ou 
físico (pressão, alongamento, temperatura etc.). Quando isso acontece, a concentração de íons dentro 
e fora da célula se modifica, podendo deixar o interior da célula mais negativo, menos negativo, ou até 
positivo. Vamos analisar o que precisa acontecer para que essas modificações sejam realizadas.
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FISIOLOGIA APLICADA À ATIVIDADE MOTORA
Já sabemos que o K+ tende a sair da célula através dos canais abertos enquanto a célula está em 
repouso. Portanto, se os canais regulados de K+ forem abertos, uma quantidade muito maior desse íon 
deixará a célula. Nesse caso, a bomba de Na+/K+ (leia-se: bomba de sódio e potássio) não conseguirá 
compensar a saída do K+. Como consequência, a saída em massa do K+ modificará a carga elétrica 
interna da membrana. Como o K+ tem carga elétrica positiva, sua saída tornará o citoplasma, que tem 
carga elétrica de -70 mV (quando está em repouso), ainda mais negativo. Por exemplo, a saída de uma 
determinada quantidade de K+ poderia tornar o citoplasma negativo em mais 10 mV, ou seja, tornando 
sua carga -80 mV. Quando isso acontece, dizemos que a célula sofreu uma hiperpolarização.
Agora vamos analisar o caso do Cl-. Ao contrário do K+, esse íon tem carga elétrica negativa e está 
mais concentrado fora da célula (quando o neurônio está em repouso). Quando os canais de Cl- são 
abertos, ele entra na célula. Porém, sua velocidade de entrada não é muito grande, porque a força 
elétrica empurra esse íon para fora. Ou seja, assim como acontece com o K+, as FGC e FCE agem em 
sentidos opostos, evitando que o Cl- se desloque com grande velocidade para o lado oposto da membrana 
onde se encontra (para o citoplasma). Consequentemente, a entrada do Cl- na célula não provocará 
uma alteração muito grande na carga interna da membrana, mas, tal como acontece com a saída do 
K+, permitirá a entrada desse íon em quantidades suficientes para tornar o citoplasma mais negativo 
(já que o Cl- tem carga negativa). Ou seja, a abertura de canais de K+ ou de canais de Cl- provocam a 
hiperpolarização da membrana (tornam o interior da célula mais negativo).
Faltou analisarmos o que acontece no caso da abertura de canais de Na+. A abertura dos canais de 
Na+ é muito interessante, porque tem algumas particularidades em relação à abertura do demais canais 
que analisamos.
Observe: o Na+ tem carga elétrica positiva e está mais concentrado fora da célula. Portanto, a FGC 
do Na+ o impele para dentro e a FCE no interior da membrana o atrai. Ou seja, diferente do que acontece 
com o K+ e com o Cl-, a duas forças agem a favor do sódio, agindo no mesmo sentido, empurrando o 
Na+ para dentro da célula!
Uma pequena entrada de Na+ na célula torna o citoplasma celular menos negativo. Quando isso 
ocorre, dizemos que a célula sofreu uma despolarização. Por exemplo, a entrada de uma pequena 
quantidade de Na+ pode despolarizar a célula em 10 mV, o que faria com que a carga no interior da 
célula passasse de -70 mV para -60 mV (repare que a consequência é oposta à da abertura dos canais 
de K+ e Cl-).
Agora vamos refletir juntos: e se a abertura dos canais de Na+ for mantida por um grande período, 
o que ocorrerá? Pois bem, se isso acontecer, a entrada de Na+ na célula será tão grande que esta ficará 
inundada com carga positiva. Consequentemente, isso provocará uma inversão na carga interna da célula. 
Ou seja, é a entrada do Na+ na célula que causa o potencial de ação(PA). Um PA é uma despolarização 
suficiente para tornar a carga elétrica do citoplasma positiva. Ele acontece apenas quando são abertos 
canais de Na+. Mas perceba que nem sempre a abertura de canais desse elemento provoca um PA.
A geração de um PA depende da quantidade de Na+ que entra na célula, o que, por sua vez, 
depende do tempo que esses canais ficam abertos. Uma abertura breve permite a entrada de uma 
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Unidade II
pequena quantidade de sódio, que pode ser insuficiente para tornar a carga do citoplasma positiva, 
porém a tornará menos negativa, por exemplo, modificando-a de -70 mV para -60 mV. Essa situação 
reflete uma despolarização de apenas 10 mV, que não induziu um PA. Para que ocorra tal potencial, 
a célula deve sofrer uma despolarização mínima de 15 mV. Essa despolarização mínima é chamada 
de limiar de excitação. Se uma despolarização dessa magnitude ocorre quando a célula está em 
repouso, a carga no citoplasma passa de -70 mV para -55 mV. Nesse caso, os canais de Na+ não são 
fechados até que a entrada de sódio torne o citoplasma positivo em 30 mV. Isso acontece porque 
essa despolarização de 15 mV promove um fluxo de corrente que induz a abertura de mais canais 
de Na+ sensíveis à voltagem.
Para simplificar: a abertura de uma quantidade de canais de sódio, suficiente para levar o potencial 
elétrico no citoplasma de -70 mV para -55 mV, promove a abertura de mais canais de Na+. Essa abertura 
adicional permitirá a entrada de Na+ em grande velocidade, que somente será interrompida quando a 
concentração de Na+ na célula for tão grande que torne o citoplasma com carga elétrica de 30 mV.
Um fato curioso é que a geração de um PA envolve a abertura de canais de Na+ e também de 
canais de K+. Durante a geração de um PA, quando o interior da célula atinge a carga de 30 mV, 
imediatamente são abertos os canais regulados de K+. Como o K+ está mais concentrado no interior da 
célula, a FGC o impulsiona para fora. Em razão de o K+ ter carga positiva, e o interior da célula agora 
estar com concentração elevada de Na+, a força elétrica também o impulsionará para fora (ao contrário 
do que ocorre quando a célula está em repouso), fazendo com que sua saída seja em grande velocidade. 
Essa saída provocará o restabelecimento progressivo do PMR, ou seja, tornará novamente o citoplasma 
negativo em relação ao exterior celular (figura a seguir).
30
0
-55
-70
-90
1 Tempo (ms)
Limiar de 
excitação
Ação da bomba 
de Na+/K+
Fechamento dos 
canais de Na+
PMR
Saída de K
+
En
tra
da
 d
e 
Na
+
Figura 21 – Eventos associados à despolarização e à repolarização do neurônio
Portanto, a ocorrência de PA envolve a abertura de canais de Na+ seguida pela abertura de canais 
de K+. A entrada de Na+ torna o citoplasma temporariamente positivo em 30 mV, o que vai durar até 
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que grande quantidade de K+ saia da célula, tornando o citoplasma novamente negativo. Aqui é preciso 
fazermos duas observações:
• A saída do K+ faz com que o citoplasma fique com carga de -90 mV (mais baixa que o PMR).
• Ao término de um PA, a concentração de Na+ e K+ dentro e fora da célula fica invertida em relação 
à que existe quando a célula está em repouso (nesse momento o Na+ estará mais concentrado 
dentro e o K+ fora).
Essas duas situações impedem temporariamente a geração de um novo PA. Por isso, a bomba 
de Na+/K+ entra em ação para “colocar ordem na casa”. Ela vai bombear o Na+ para fora e o K+ para 
dentro, até que suas concentrações voltem a ficar iguais às que produzem o PMR.
Os eventos que acabamos de descrever explicam como a célula é excitada a fim de que gere um PA, 
ou seja, o que provoca a sua despolarização. No entanto, há situações em que as células precisam ser 
impedidas/inibidas de gerar o potencial de ação. Para isso acontecer, as células devem ser hiperpolarizadas.
Lembre-se de que uma hiperpolarização ocorre quando um estímulo promove a abertura de canais 
de potássio ou cloreto. Estando a célula em repouso, a abertura de canais de K+ faz com que esse íon 
saia da célula, o que tornará o meio interno mais negativo (por exemplo: -80 mV). Da mesma maneira, a 
abertura de canais de Cl- fará que esse íon, que está mais concentrado fora da célula, entre no citoplasma 
e o torne ainda mais negativo (não se esqueça que ele é negativo!). Portanto, tanto a abertura de canais 
de K+ quanto a de canais de Cl- promovem a hiperpolarização, o que torna mais difícil a ocorrência do 
potencial de ação, pois a carga elétrica da célula fica mais longe do limiar de excitação. Por exemplo, 
quando a célula está hiperpolarizada em -80 mV, passa a ser necessária uma despolarização de 25 mV 
para que o limiar de excitação seja atingido e a célula gere um PA (-80 mV + 25 mV = -55mV).
Portanto, uma hiperpolarização é um evento que dificulta a célula de gerar PA e, consequentemente, 
de propagar a informação. Por outro lado, uma despolarização que não seja suficiente para gerar um 
PA (aquelas menores que 15 mV), ao menos facilitará sua ocorrência. Por exemplo, uma despolarização 
de 10 mV diminui o limiar de excitação de 15 mV para 5 mV. Isso significa que um evento na sequência 
que seja capaz de mudar o potencial da célula em apenas 5 mV já será suficiente para fazer a célula 
gerar PAs.
Como veremos mais adiante, é possível que um neurônio faça sinapse com apenas um outro 
neurônio, mas é bastante comum que essa comunicação aconteça simultaneamente com centenas de 
outras células. Da mesma forma, pode ser que um neurônio receba apenas entrada excitatória por parte 
de outros neurônios, mas é ainda possível que ele receba entradas excitatórias e inibitórias ao mesmo 
tempo. Ou seja, um neurônio pode ser excitado (ter sua membrana despolarizada) por algumas células 
e inibido (ter sua membrana hiperpolarizada) por outras ao mesmo tempo. Quando isso acontece, a 
integração desses sinais irá determinar se a célula gera ou não o PA.
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Unidade II
 Lembrete
Uma hiperpolarização ocorre com a abertura de canais de K+ ou de Cl-, 
o que torna o citoplasma celular mais negativo. Uma despolarização ocorre 
pela abertura de canais de Na+.
6.2.6 Classificação dos neurônios
Existem diferentes tipos de neurônios. Assim como acontece com as células da glia, os neurônios 
também são diferenciados conforme sua função. No entanto, eles também apresentam características 
comuns. O neurônio é composto por duas estruturas básicas: o corpo celular e seus prolongamentos, 
que são os dendritos e o axônio.
Na figura a seguir são ilustrados os diferentes tipos de neurônios. Uma observação importante a 
ser feita em relação à essa figura é que os neurônios são representados com o mesmo tamanho, mas 
na realidade há uma grande variação no tamanho dessas células. Como uma análise mais atenta dessa 
figura sugere, os neurônios possuem diferenças importantes em sua anatomia.
Em relação ao seu corpo, os neurônios no sistema nervoso podem apresentar uma variação média de 
10-25 mícrons de espessura. Da mesma forma, os axônios dos neurônios no sistema nervoso periférico 
podem ser muito pequenos e medir apenas alguns poucos mícrons, enquanto outros chegam a medir 
mais de um metro.
Além do tamanho, existem outras diferenças anatômicas importantes entre os neurônios. Essas 
diferenças estão relacionadas à sua localização no sistema nervoso e às funções que desempenham.
Essas distinções fizeram com que cientistas propusessem diversossistemas de classificação dos 
neurônios. Esses sistemas os categorizam de acordo com suas características funcionais, sua estrutura e 
localização no sistema nervoso.
6.2.6.1 Classificação funcional
Essa classificação é a mais simples e a que utilizaremos com mais frequência ao longo deste 
livro-texto. Assim, as demais categorizações devem ser vistas apenas como uma complementação da 
informação sobre esse assunto.
De acordo com a função que desempenham, os neurônios são de três tipos: neurônios sensoriais, 
motores e interneurônios.
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Neurônio
sensorial
Interneurônio
local
Célula 
neuroendócrina
Neurônio
motor
Interneurônio
de projeção
Modelo 
de neurônio
Sinal excitatório de 
entrada
Sinal do gatilho
Sinal
Sinal condutor 
(potencial de ação)
Sinal secretor ou 
de saída
Neurotransmissor
CapilarMúsculo
Saída
Condutor
Gatilho
Entrada
Componente
Figura 22 – Anatomia dos diferentes tipos de neurônios
Neurônios sensoriais
Essas células também podem ser chamadas de fibras ou neurônios aferentes. São responsáveis por 
transmitir informações dos tecidos e órgãos para o sistema nervoso central. São as células que permitem 
o SNC saber o que está acontecendo com os meios externo (ambiente ao nosso redor) e interno (órgãos, 
vísceras etc.).
Neurônios motores
Também denominadas fibras ou neurônios eferentes, são as células que transmitem os comandos do 
sistema nervoso central para células ou órgãos efetores. Através das células motoras (que também são 
conhecidas como motoneurônios), o SNC interfere no funcionamento dos órgãos e sistemas, bem como 
se relaciona com o meio ambiente.
 Observação
Os termos aferente e eferente igualmente são usados para se referir, de 
maneira generalizada, a neurônios que trazem ou levam informações da 
região do cérebro.
Interneurônios
São células que intermediam a comunicação de dois outros neurônios dentro de regiões específicas 
no sistema nervoso central. Um interneurônio pode ser de dos tipos: excitatório (+) ou inibitório (-). 
Um interneurônio excitatório libera neurotransmissores que normalmente promovem a abertura de 
canais de sódio. Portanto, promovem despolarização nas membranas das células que se comunicam. 
Um interneurônio inibitório libera um neurotransmissor que provoca a abertura de canais de cloreto ou 
potássio na membrana das células pós-sinápticas, logo, promovem hiperpolarização nesses neurônios.
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Os interneurônios podem ainda ser categorizados como: de projeção e locais. Os interneurônios de projeção 
são responsáveis por propagar o sinal a regiões distantes na medula, normalmente se projetam verticalmente 
dentro dela. Os interneurônios locais são fundamentais nos processos de coordenação dos movimentos. 
O interneurônio local tem alguns poucos mícrons de comprimento e se localiza na medula espinhal, 
intermediando a comunicação entre um neurônio sensorial e um motor, ou entre neurônios provenientes 
dos centros superiores encefálicos e neurônios motores inferiores. Algumas vezes essa intermediação é feita 
por dois ou três interneurônios dispostos em sequência, combinando interneurônios excitatórios e inibitórios.
Neurônio 
sensorial
Neurônio 
sensorial
Neurônio 
sensorial
Neurônio 
sensorial
Neurônio 
motor
Neurônio 
motor
Neurônio 
motor
Neurônio 
motor
Neurônio 
motor
Interneurônio 
inibitório
Interneurônio 
inibitório
Interneurônio 
inibitório
Interneurônio 
inibitório
Interneurônio 
excitatório
Interneurônio 
excitatório
Interneurônio 
excitatório
Interneurônio 
excitatório
Interneurônio 
excitatório
Interneurônio 
excitatório
Interneurônio 
inibitório
Neurônio 
sensorial(+)
(+)
(+)
(+)
(+)
(+)
(-)
(+)
(+)
(+)
(+)
(+)
(+)
(+)
(+)
(+)
(-)
(-)
(-) (+)
(+)
Figura 23 – Configuração da disposição dos interneurônios
6.2.6.2 Classificação estrutural
Essa classificação considera as diferenças anatômicas entre os neurônios, mais especificamente 
entre a forma como se apresentam seus prolongamentos (dendritos e axônio). Assim, os neurônios são 
diferenciados como:
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• Células unipolares ou pseudounipolares: são aquelas em que os dendritos e o axônio surgem do 
mesmo processo.
• Células bipolares: apresentam um axônio e um dendrito que se dissipam em direções opostas em 
relação ao soma.
• Células anaxônicas: nesses neurônios o axônio não pode ser diferenciado dos dendritos.
• Células multipolares: apresentam dois ou mais dendritos separados do axônio, e se manifestam de 
duas formas:
— Golgi I: são os neurônios cujos axônios se projetam por longas extensões.
— Golgi II: são os neurônios cujos axônios se projetam localmente.
6.2.6.3 Classificação em relação à localização no sistema nervoso
Esses neurônios, além de se diferenciarem em relação à localização em que são encontrados, também 
têm diferentes formas. São exemplos desse caso:
• Células em cesto: são interneurônios que formam um plexo denso de terminais ao redor do soma 
de uma célula-alvo (encontradas no córtex e no cerebelo).
• Células piramidais de Betz: elas se destacam por terem axônios muito longos que podem atingir 
mais de um metro de comprimento, viajando desde o hemisfério cerebral para fazer sinapse nos 
neurônios multipolares da região lombo-sacra da medula espinal.
• Células de Lugaro: são interneurônios localizados no cerebelo.
• Neurônios espinhosos médios: compreendem a maioria dos neurônios encontrados no corpo estriado.
• Células de Purkinje: grandes neurônios do cerebelo, um tipo de neurônio multipolar de Golgi.
• Células piramidais: esses neurônios recebem esse nome porque têm o corpo celular com 
formato triangular.
• Células de Renshaw: são neurônios em que ambas as terminações se comunicam com um neurônio 
motor alfa.
• Células unipolares em escova: são interneurônios com um único dendrito, com terminação com 
formato de tufo, semelhante a uma escova.
• Células granulares: uma célula de Golgi tipo II.
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• Células do corno anterior: motoneurônios localizados na medula.
• Células com formato de fuso: interneurônios que conectam áreas amplamente separadas 
do cérebro.
 Observação
O corpo estriado é um dos núcleos de base, compondo o diencéfalo. 
É formado pelo núcleo caudado e pelo núcleo lentiforme, onde estão 
localizados o putâmen e o globo pálido.
6.2.7 As sinapses
O neurônio é considerado a unidade básica do sistema nervoso, em razão de sua capacidade de gerar 
sinais pelos quais o sistema nervoso consegue se comunicar com outras células do corpo. No entanto, 
um neurônio não faz nada sozinho. É a comunicação entre neurônios, bem como entre estes e músculos, 
glândulas e órgãos, que faz nosso cérebro funcionar. A comunicação entre dois neurônios ou entre um 
neurônio e um músculo é conhecida como sinapse. No entanto, alguns autores preferem diferenciar 
essas comunicações denominando as que ocorrem entre dois ou mais neurônios de sinapse e as que 
ocorrem entre um neurônio e um músculo de junção neuromuscular ou junção mioneural.
6.2.7.1 Tipos de sinapses
Nas sinapses propriamente ditas (entre neurônios), pelo menos duas células se comunicam.O neurônio 
que envia a mensagem é chamado de célula pré‑sináptica e o que recebe, de célula pós‑sináptica.
As sinapses podem ser classificadas considerando-se três critérios:
• a maneira como os sinais são propagados de uma célula para outra;
• a região em que acontece a comunicação entre as duas células; e
• o efeito provocado pelo sinal propagado da célula pré-sináptica para a pós-sináptica.
6.2.7.2 Classificação das sinapses de acordo a propagação
Nessa forma de classificação, as sinapses podem ser chamadas de elétricas ou químicas. Essas 
sinapses se diferenciam por sua morfologia e pela maneira que o sinal é propagado de uma célula 
para outra.
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Neurônio 
pré-sináptico
Neurônio 
pós-sináptico
Sinapse elétrica
Junção 
comunicante Neurotransmissor
Receptor
Neurônio 
pré-sináptico
Neurônio 
pós-sináptico
Sinapse química
Sinal 
elétrico
Sinal 
elétrico
Sinal 
químico
Sinal 
elétrico
Figura 24 – Ilustração da sinapse elétrica e da sinapse química
Veja que há uma diferença na estrutura desses dois tipos de sinapses. Essas distinções explicam o 
modo de funcionamento de cada uma delas.
As estruturas presentes numa sinapse elétrica são:
• A membrana da célula pré-sináptica.
• As junções comunicantes.
• A membrana da célula pós-sináptica.
Por sua vez, compõem as sinapses químicas:
• A membrana da célula pré-sináptica.
• A fenda sináptica (espaço entre as duas células).
• Os canais receptores na membrana da célula pós-sináptica.
Repare que nas sinapses elétricas não há espaço entre as células. Nesse tipo de sinapse, as células 
estão praticamente coladas e existe uma abertura, como uma espécie de canal, que une as membranas 
das duas células. Esses canais são denominados junções comunicantes, pois funcionam como pontes 
entre os citoplasmas das duas células. Assim, o sinal elétrico é transmitido diretamente de uma membrana 
(da célula pré-sináptica) para a outra (na célula pós-sináptica), sem precisar do auxílio de mediadores. 
Essa é a sinapse utilizada pelo músculo cardíaco, por exemplo. As sinapses elétricas são mais rápidas 
que as químicas. No coração, graças à transmissão pelos canais comunicantes, as células cardíacas se 
contraem ao mesmo tempo, de modo ritmado.
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Unidade II
Outra característica das sinapses elétricas é que o fluxo de corrente é bidirecional. Isso significa que 
o sinal pode ser transmitido tanto da célula A para a célula B quanto no sentido contrário.
No entanto, o segundo tipo (sinapses químicas) é o mais comum de comunicação em nosso organismo. 
Nesse tipo de sinapse, não existe contato entre as duas células que se comunicam. A sinalização entre 
as células acontece por intermédio de uma substância química que o neurônio pré-sináptico libera na 
fenda sináptica (espaço entre as duas células). Essa substância, denominada neurotransmissor, funciona 
como um mensageiro que leva a mensagem da célula pré-sináptica à pós-sináptica.
Portanto, enquanto nas sinapses elétricas o sinal elétrico é propagado diretamente da célula 
pré-sináptica à pós-sináptica, na sinapse química o sinal elétrico enviado pela célula pré-sináptica deve 
produzir o sinal químico, que estimulará a geração de um sinal elétrico na célula pós-sináptica. Em razão 
da complexidade desse processo, as sinapses químicas são mais lentas que as elétricas.
 Observação
Um neurônio pode receber de mil a 100 mil entradas sinápticas de 
outros neurônios. Em média, um neurônio faz mil sinapses.
6.2.7.3 Produção do sinal químico
O evento que dá início ao sinal químico é a chegada do PA (sinal elétrico) nos terminais axônicos 
da célula pré-sináptica. O PA promove a abertura de canais de Ca2+ sensíveis à voltagem (também 
chamados de canais voltagem-dependentes) existentes na membrana da célula pré-sináptica, o que 
permite a entrada de Ca2+ nessa célula. Isso provoca a aproximação das vesículas, que armazenam a 
substância neurotransmissora para a região da dita zona ativa.
Na zona ativa as vesículas são abertas e seu conteúdo – o neurotransmissor – é despejado 
na fenda sináptica. Em seguida, as moléculas do neurotransmissor se difundem pela fenda e se 
fixam a receptores existentes nos canais da membrana da célula pós-sináptica. Esses receptores 
funcionam como uma espécie de fechadura no canal. O neurotransmissor, por sua vez, funciona 
como a chave capaz de abrir essa “fechadura” e irá promover a abertura desses canais por onde 
diferentes espécies iônicas poderão atravessar.
Normalmente, esses receptores estão localizados em canais de cálcio (Ca2+), cloreto (Cl-), ou 
potássio (K+). Dependendo de qual tipo de canal o neurotransmissor se fixar e abrir, isso irá 
produzir a excitação ou a inibição na célula que recebe a substância/sinal.
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FISIOLOGIA APLICADA À ATIVIDADE MOTORA
Terminal axônico do 
neurônio pré-sináptico
Canal receptor 
na célula pós-
sinápticaNeurônio pós-sináptica
Neurotransmissor
Vesícula sináptica
Fenda sináptica
Figura 25 – Anatomia da sinapse química
6.2.7.4 Classificação das sinapses de acordo com o local
Essa forma de classificação pode ser observada apenas em sinapses químicas. Portanto, 
considera o local, na célula pós-sináptica, onde a célula pré-sináptica irá liberar a substância 
neurotransmissora. De acordo com essa classificação, as sinapses podem ser de três tipos:
• Sinapses axodendríticas: a célula pré-sináptica se comunica com os dendritos da célula 
pós-sináptica.
• Sinapses axoaxônicas: a célula pré-sináptica se comunica com o axônio da célula pós-sináptica.
• Sinapses axossomáticas: a célula pré-sináptica se comunica com o soma da célula pós-sináptica.
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Unidade II
Dendrito
Axônio
Sinapse sobre a 
espícula
Sinapse sobre a 
haste
Sinapses 
axossomáticas
Sinapses 
axodendríticas
Sinapses 
axoaxônica
Figura 26 – Tipos locais de comunicação entre os neurônios
6.2.7.5 Classificação das sinapses de acordo com os efeitos de sinais locais
Essa forma de classificação diferencia as sinapses em excitatórias ou inibitórias. Nas sinapses 
excitatórias o neurotransmissor liberado pela célula pré-sináptica promove a abertura de canais de sódio 
(Na+) existentes na membrana da célula pós-sináptica. A abertura desses canais provoca a entrada de 
sódio no citoplasma da célula pós-sináptica que irá produzir uma despolarização na membrana da célula 
pós-sináptica. Nesse caso, dizemos que a célula foi excitada ou que sofreu excitação. A abertura de canais 
de sódio na célula pós-sináptica provoca, inicialmente, um sinal na membrana dessa célula diferente do PA, 
denominado sinal local. Se essa excitação for de magnitude suficiente (entrar uma quantidade grande de 
sódio), poderá fazer com que a célula pós-sináptica produza um potencial de ação. No caso das sinapses 
excitatórias, o sinal local é chamado de Potencial Pós‑sináptico Excitatório (PPSE).
Nas sinapses inibitórias o neurotransmissor liberado pela célula pré-sináptica promove a abertura 
de canais de Cl- ou K+ existentes na membrana da célula pós-sináptica. A entrada de cloreto no citoplasma 
da célula pós-sináptica ou a saída do potássio irá fazer com que o citoplasma da célula fique com carga 
elétrica ainda mais baixa em relação ao PRM, o que chamamos de hiperpolarização. A hiperpolarização

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