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Crimes militares e sua delimitação 
Caroline B F Carvalho
Diante do contexto atual, a nossa Constituição Federal não define expressamente o que vem a ser crime militar, no entanto, em vários de seus artigos aparecem diversas referências, tais como nos artigos: 5º, inciso LXI, 124, § 4º, 125, § 4º e 144, § 4º. Nestes artigos há, de certa forma, a existência de crime militar. Bem como afirma o ilustre Promotor da Justiça Militar da União, Dr. Jorge César de Assis: “Crime militar é toda violação acentuada ao dever militar e aos valores das instituições militares". Os doutrinadores definiram como a qualificação do crime militar que este se faz pelo critério ratione legis, ou seja, é crime militar aquele que o Código Penal Militar (CPM) assim tipificar. Resta-nos agora definir o que vem a ser crime militar propriamente dito ou não.
Na vertente dos crimes propriamente militares estão aqueles cuja prática não seria possível se não ocorressem por militar, sendo fundamental essa qualidade do agente para vincular a característica de crime militar. Como foi mencionado, o crime militar obedece ao critério ratione legis, portanto, constata-se que o crime militar próprio é aquele que só está previsto no Código Penal Militar e só poderá ser praticado por militar. Além disso, temos os crimes militares em razão do dever jurídico de agir, que, embora não elencados expressamente nas alíneas do art. 9° do CPM, representam uma espécie de crime militar. Trata-se por exemplo, do policial militar que, à paisana ou de folga, e com armamento particular, comete fato delituoso por ter se colocado em serviço.
Por conseguinte, temos o teor do Artigo 9º do CPM onde cita que consideram-se crimes militares, em tempo de paz: “os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial”. Nesse sentido, podemos citar o motim e a revolta (artigos 149 a 153), a violência contra superior ou militar de serviço (artigos 157 a 159), a insubordinação (artigos 163 a 166), a deserção (artigos 187 a 194) e o abandono de posto e outros crimes em serviço (artigos 195 a 203).
Já os crimes impróprios se encontram definidos no mencionado artigo 9º, inciso II, do diploma militar:” os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (alterado pela L-009.299-1996)
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar.
Os crimes impróprios para serem considerados como militar necessitam de que lhe seja agregada uma nova circunstância, que passará a constituir a verdadeira elementar do tipo. São crimes impropriamente militares, o homicídio, a lesão corporal, o furto, a violação de domicílio, entre outros. De acordo com o entendimento de Jorge César de Assis, há os casos em que o civil comete crime militar, caracterizando, assim, os crimes acidentalmente militares, seja contra as instituições militares, no que dispõe o inc. III do art. 9° do CPM, seja o crime contra o serviço militar da Insubmissão (art. 183), que sendo militar, só pode ser praticado por civil.
No que tange aos crimes militares em tempo de guerra, temos o Artigo 10, onde consideram-se crimes militares em tempo de guerra:
       “I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra;
        II - os crimes militares previstos para o tempo de paz;
        III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente:
        a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado;
        b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a segurança externa do País ou podem expô-la a perigo
 IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território estrangeiro, militarmente ocupado”.
Percebemos assim que, quanto à declaração de guerra, a competência para sua decretação é privativa do Presidente da República, sempre autorizado ou referendado pelo Congresso Nacional. Desta forma, entre os crimes militares em tempo de guerra são previstos os crimes de favorecimento ao inimigo (traição, covardia, espionagem, motim e revolta, incitamento, inobservância do dever militar, dano, crimes contra a incolumidade pública, insubordinação e violência, abandono de posto, deserção e falta de apresentação, libertação, evasão e amotinamento de prisioneiros, favorecimento culposo ao inimigo, hostilidade e ordem arbitrária); os crimes contra a pessoa (homicídio, genocídio e lesão corporal); os crimes contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão e saque); bem como os crimes de rapto e violência carnal.
Diante do exposto, ficam assim considerados que os crimes militares também podem ser cometidos por civis mesmo em tempo de paz, incorrendo assim nessa espécie de competência e sujeitos ao processo e julgamento da Justiça Militar seja ela Estadual ou Federal.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Competência Criminal. JusPodivm, 2014 - 2a edição: Revista, ampliada e atualizada, p. 77-90
ASSIS, Jorge César de. Comentários ao Código Penal Militar: Parte Geral. 2.ed. Curitiba: Juruá, 1999, p. 35-37

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