Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BIOQUÍMICA FARMACÊUTICA: SINALIZAÇÃO CELULAR E ALVOS FARMACOLÓGICOS Prof: Alysson Kenned CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA John Newport Langley (1852-1926) O efeito das drogas resulta de sua interação com substâncias receptivas existentes na superfície da célula 1905 RANG H.P, 2007 Os efeitos da maioria das drogas resulta da sua interação com componentes macromoleculares do organismo Paul Ehrlich* (1854-1915) Corpora non agunt nisi fixata (as drogas não agem se não estiverem ligadas) 1913 RANG H.P, 2007 INTERAÇÃO FÁRMACO – RECEPTOR RECEPTOR Componente do organismo com o qual o agente químico deve interagir para produzir seus efeitos. O SÍTIO DE LIGAÇÃO Refere-se ao local onde o fármaco liga-se ao receptor. Cada sítio de ligação de fármacos possui características químicas singulares, que são determinadas pelas propriedades específicas dos aminoácidos o compõem. LIGAÇÃO FARMACO – RECEPTOR A estrutura tridimensional, a forma e a reatividade do sítio, bem como a estrutura inerente, a forma e a reatividade do fármaco, determinam a orientação do fármaco em relação ao receptor e estabelecem a intensidade de ligação entre essas moléculas. TIPO DE LIGAÇÃO MECANISMO FORÇA DA LIGAÇÃO VAN DER WAALS A mudança de densidade de elétrons em áreas de uma molécula ou em uma molécula como um todo resulta na geração de cargas positivas ou negativas transitórias. Essas áreas interagem com áreas transitórias de carga oposta sobre outra molécula. + HIDROGÊNIO Os átomos de hidrogênio ligados ao nitrogênio ou oxigênio tornam-se mais positivamente polarizados, permitindo a sua ligação a átomos de polarização mais negativa, como oxigênio, nitrogênio ou enxofre. + + IÔNICA Os átomos com excesso de elétrons (conferindo ao átomo uma carga negativa global) são atraídos por átomos com deficiência de elétrons (conferindo ao átomo uma carga positiva global). + + + COVALENTE Dois átomos em ligação compartilham elétrons + + + + A ligação fármaco–receptor raramente é produzida por um único tipo de interação; na verdade, é uma combinação dessas interações de ligação que proporciona ao fármaco e a seu receptor as forças necessárias para formar um complexo fármaco–receptor estável. LIGAÇÕES ENTRE RECEPTOR – FÁRMACO TIPOS DE LIGAÇÃO FÁRMACO - RECEPTOR 1. FRACAS: efeitos reversíveis • Ligações iônicas; • Pontes de hidrogênio; • Forças de van der Waals; Reversibilidade dos efeitos do fármaco, após rompimento do complexo FR. Ideal para fármacos que atuem nos receptores do nosso organismo. 2. FORTE: irreversíveis • Ligação covalente Exercem ação tóxica (prolongada) contra organismos patogênicos e outras células estranhas ao nosso organismo. EX: Quimioterápicos RELAÇÃO DOSE-EFEITO DOSE EFEITO Emax Efeito máximo -9 -8 -7 -6 -5 -4 0 25 50 75 100 DOSE EM ESCALA LOGARÍTMICA E F E IT O (% ) Variabilidade Potência In cl in aç ão Efeito máximo -9 -8 -7 -6 -5 -4 0 25 50 75 100 DOSE EM ESCALA LOGARÍTMICA E F E IT O (% ) Variabilidade Potência In cl in aç ão -9 -8 -7 -6 -5 -4 0 25 50 75 100 DOSE EM ESCALA LOGARÍTMICA E F E IT O (% ) Variabilidade Potência In cl in aç ão Fig.: Curva dose-resposta de agonistas Lei da Ação das Massas Clarke (1885- 1941) [D] + [R] [DR] Efeito TEORIA DE ARIËNS (1954) – TEORIA DA ATIVIDADE INTRÍNSECA Para produzir efeito não é necessário somente a formação do complexo F-R. O efeito farmacológico é proporcional à: Afinidade do fármaco pelo receptor para formar o complexo F-R (CLARK) Atividade intrínseca é uma medida da capacidade do fármaco em produzir um efeito farmacológico quando ligada ao seu receptor DROGAS AGONISTAS Quando a droga ativa ou estimula seus receptores, disparando uma resposta que aumenta ou diminui a função celular. Possuem as duas propriedades: AFINIDADE: devem ligar-se efetivamente aos seus receptores ATIVIDADE INTRÍNSECA: deve ser capaz de produzir uma resposta AGONISTAS TOTAIS • Têm afinidade pelo receptor • Produzem efeito máximo • Podem produzir efeito máximo ocupando pequeno número de receptores. • Mesmo em pequenas doses podem produzir resposta máxima (de acordo com sua eficácia) AGONISTAS PARCIAIS • Têm afinidade pelo receptor • Não produzem efeito máximo ANTAGONISTA Possuem afinidade, não atividade intrínseca. • Competitivos ou reversíveis (pelo aumento de concentração do agonista); • Irreversíveis (ligação muito forte com receptor, ex. ligação covalente); • Não competitivo (atua em componente celular distinto do receptor); • Fisiológico ou de efeito: dois agentes que produzem efeitos fisiológicos opostos. RELAÇÃO ENTRE A DOSE DO FÁRMACO E A RESPOSTA CLÍNICA POTÊNCIA Refere-se à quantidade de medicamento (expressa em mg) necessária para produzir um efeito, como o alívio da dor ou a redução da pressão sangüínea. Ex. 5mg da droga B alivia a dor com a mesma eficiência que 10mg da droga A. EFICÁCIA Refere-se à resposta terapêutica máxima potencial que um medicamento pode produzir. Ex. Diurético Furosemida elimina muito mais sal e água por meio da urina, que o diurético Clorotiazida. ALVO DE LIGAÇÃO DAS DROGAS As drogas agem em moléculas – receptoras (moléculas alvos) com a qual uma molécula da droga deve se combinar para produzir efeitos específicos. As principais moléculas alvos das drogas, são: 1.ENZIMAS 2.MOLÉCULAS TRASNPORTADORAS 3.CANAIS IÔNICOS 4.RECEPTORES 5.DNA/RNA ENZIMAS • Ativação de enzimas; • Inibição de enzimas (competitiva e não-competitiva). INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA (IECA) MOLÉCULAS TRANSPORTADORAS Poros constituídos por proteínas, existentes na bicamada lipídica das membranas plasmáticas; • Mecanismo de portão ou comporta; • Seletividade iônica; • Canais voltagem-dependentes (VOC); ex: anestésicos locais (Na+); • Canais operados por receptores (ROC); ex: benzodiazepínicos, receptor GABA (Cl-); receptores colinérgico muscarínicos (K+) CANAIS IÔNICOS BZD GABA BZD GABA BZD GABA HIPERPOLARIZAÇÃO BZD GABA BZD GABABZD GABA HIPERPOLARIZAÇÃO Proteína com a qual uma droga agonista endógena ou exógena interage para iniciar uma resposta celular. FUNÇÕES • Trazem sinais de fora para dentro da célula levando à modificações intracelulares. • Acoplamento ao ligante apropriado (domínio de ligação) • Propagação do sinal regulador na célula alvo (domínio efetor) Proteína efetora: promover a síntese ou liberação de uma outra molécula reguladora intracelular (Segundo mensageiro). RECEPTORES CLASSIFICAÇÃO DOS RECEPTORES • Tipo 1: Receptores ligados a canais iônicos; • Tipo 2: Receptores ligados a proteínas G; • Tipo 3: Receptores ligados a tirosina quinase • Tipo 4: Receptores intracelulares. • Rápidos • Receptores localizados na membrana • Acoplados diretamente a um canal iônico • Ex.: Receptor Nicotínico da ACh TIPO 1: IONOTRÓPICOS ESTRUTURA DO RECEPTOR NICOTÍNICO DA ACH • Localizados na membrana • Ligados à proteína G • Efetor: enzima ou canal (acoplados) • Para hormônios e transmissores lentos • Efeito intermediário • Ex: Receptor Muscarínico da ACh TIPO 2: LIGADOS À PROTEÍNA G (METABOTRÓPICOS) RECEPTOR PROTEÍNA G Enzimas alvo Adenilato ciclase Fosfolipase C Fosfolipase A2 Proteínas PKA PKC quinases [Ca2+]i eicosanóides Canais iônicos Efetores: enzimas, canais iônicos, proteínas contráteis, etc AMPc IP3 DAG AA 2ºs mensageiros RECEPTORES ACOPLADOS A PROTEINA G FOSFOLIPASE C GDP AGONISTA Ca2+ Ca2+Ca2+ IP3 (+) GTP GDP FOSFOLIPASE C AGONISTA R GTP GTP GS X Ca2+Ca2+ Ca2+ Ca2+ PKC IP3 DAG PKC SISTEMA PLC/IP3 DAG = diacetilglicerol IP3 = inositol trifosfato Inativação por desfosforilização GDP AGONISTA GTP GDP AGONISTA GTP ADENILATO CICLASE ADENILATO CICLASE GTP GS (+) PKAFOSFORILAÇÃOPROTEÍNA AMPc ATP R SISTEMA AC/AMPC OBS: Proteína G (Gs; Gi; Gq) sendo que a Gs i Gi estimula ou inibi a adenilato ciclase cAMPC – catalisa fosforilização de serina – a qual pode ativar ou inibir a enzima alvo ou canais REGULAÇÃO CELULAR VIA cAMP • Metabolismo energético • Divisão e diferenciação celular • Transporte de íons • Proteínas contráteis no músculo liso ÍONS G Regulação de canais iônicos: controlando canais de K+ e Ca2+, afetando a excitabilidade da membrana CANAIS IÔNICOS • Localizados na membrana • Efeito lento • Medeiam as ações de citocinas, fatores de crescimento, hormônios (insulina) • Proteína RAS – Controlam as funções celulares decrescimento e diferenciação celular, transcrição de genes. TIPO 3: LIGADOS À TIROSINA QUINASE E À GUANILATO CICLASE MECANISMO DE AÇÃ DA INSULINA Domínio intra- citoplasmático COOH COOH Estrutura do receptor de insulina Receptor de insulina Cascata de fosforilações (GLUT- 4, transferrina, LDL-R e IGF 2-R) COOH NH2 NH2 β β Domínio de ligação da insulina Insulina Receptor de insulina ativado (ação tirosina- quinase intrínseca) O nome RAS é derivado do inglês: RAt Sarcoma vírus, ou vírus do sarcoma de rato), essas proteínas foram identificadas primeiramente como as proteínas oncogênicas de vírus tumorais que causam sarcomas em ratos. RAS não é somente capaz de induzir o crescimento anormal característico de células de câncer, mas é necessária para a resposta de células normais à estimulação de fator de crescimento. Receptores que ativam a via RAS: • EGF (fator de crescimento epidérmico) • NGF (fator de crescimento neuronal) • PDGF (fator de crescimento derivado de plaquetas) • VEGF (fator de crescimento vascular, que estimula a angiogênese) PROTEÍNA RAS • Citosólicos solúveis ou proteínas intranucleares • Efeito muito lento • Medeiam as ações de hormômios esteróides, tireóideos, vit. D, ácido retinóico (ligantes lipofílicos) • Atuam através da estimulação ou inibição da transcrição de genes resultando em aumento ou diminuição da síntese de proteínas • Ex:Receptor para Glicocorticóides TIPO 4: REGULAM TRANSCRIÇÃO DE DNA R Núcleo Síntese Síntese de proteínas R R mRNA MEMBRANA NUCLEAR REGULAÇÃO DOS RECEPTORES ATIVIDADE DE REVISÃO 1.Defina moléculas alvos para fármacos. 2.Cite as principais moléculas alvos de fármacos. 3.O que são segundo mensageiros? Dê exemplos. 4.Diferencie os receptores ionotrópicos dos metabotrópicos. 5.Explique os eventos bioquímicos e fisiológicos que acontece quando uma substancia agonista se liga a receptores muscarínicos M2. 6.Explique os eventos bioquímicos e fisiológicos que acontece quando uma substancia agonista se liga a receptores adrenérgicos Alfa 1. 7. Cite os tipos de ligação entre farmaco e receptor. 8. Diferencie antagonismo de agonismo. 9.Defina potencia e eficacia de um fármaco. 10.Faça um resumo sobre a atividade sinalizadora da proteína G. 11.Explique o processo de ativação da proteína RAS. 12.Diferencie taquifilaxia e dessensibilização.
Compartilhar