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Acidentes por animais peçonhentos no Brasil

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Acidentes por animais peçonhentos no Brasil
SUMÁRIO
Acidente ofídico
Mecanismo de ação dos venenos
 Acidente botrópico
 Quadro clínico
 Exames laboratoriais
 Tratamento
	 Acidente	laquético
Quadro clínico
 Exames laboratoriais
 Tratamento
 Acidente crotálico
Quadro clínico
 Exames laboratoriais
 Tratamento
 Acidente elapídico
Quadro clínico
 Exames laboratoriais
 Tratamento
Acidente escorpiônico
Mecanismo de ação do veneno
Quadro clínico
 Exames complementares
 Tratamento
Acidente araneídico
 Loxoscelismo
 Mecanismo de ação do veneno
 Quadro clínico
 Exames complementares
 Tratamento
 Phoneutrismo
 Mecanismo de ação do veneno
 Quadro clínico
 Exames laboratoriais
 Tratamento
Latrodectismo
 Mecanismo de ação do veneno
 Quadro clínico
 Exames complementares
 Tratamento
Acidente por lagartas do gênero Lonomia
Mecanismo de ação do veneno
Quadro clínico
 Exames complementares
 Tratamento
Acidente por himenópteros
Mecanismo de ação do veneno
Quadro clínico
 Exames complementares
 Tratamento
Soroterapia
Indicações bibliográficas
5
A captura e identificação do animal auxiliam no diagnóstico, porém nem sempre isso é possível. Na prática, é a presença de manifestações 
características de cada tipo de envenenamento que orienta a intervenção a ser realizada. Desta forma, na avaliação inicial do paciente acidentado, 
é importante buscar informações como:
•Há quanto tempo ocorreu o acidente? O tempo decorrido entre a inoculação do veneno e o atendimento é um dos principais fatores prognósticos 
do envenenamento por animal peçonhento e varia conforme o tipo; 
•O que o paciente estava fazendo no momento do acidente? As circunstâncias em que o animal causou o acidente são informações essenciais 
para o raciocínio clínico diagnóstico. Se o paciente estava caminhando, manuseando algum objeto ou se comprimiu o animal contra o corpo podem 
indicar situações típicas de exposição com animal peçonhento;
•Onde aconteceu o acidente? Conhecer o ambiente ou local onde paciente se encontrava na hora da picada pode auxiliar no diagnóstico;
•O animal foi visto? É possível obter uma descrição do agente? É uma informação a ser considerada, porém deve se levar em conta que nem 
sempre é possível confiar na informação do paciente;
•Quais os sintomas e sinais apresentados pelo paciente? A anamnese deve ser orientada para a busca de manifestações clínicas locais e sis-
têmicas
A captura e identificação do animal auxiliam no 
diagnóstico, porém nem sempre isso é possível. Na 
prática, é a presença de manifestações característi-
cas de cada tipo de envenenamento que orienta a in-
tervenção a ser realizada. Desta forma, na avaliação 
inicial do paciente acidentado, é importante buscar 
informações como:
•Há quanto tempo ocorreu o acidente? O tempo de-
corrido entre a inoculação do veneno e o atendimento 
é um dos principais fatores prognósticos do envenena-
mento por animal peçonhento e varia conforme o tipo; 
•O que o paciente estava fazendo no momento do 
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASIL
Grupo Tipo de envenenamento
Serpentes
botrópico
laquético
crotálico
elapídico
Escorpiões escorpiônico
Aranhas
loxoscelismo
foneutrismo
latrodectismo
Lagartas síndrome hemorrágica por Lonomia
Abelhas multiplas picadas por abelhas e vespas
Animais peçonhentos podem causar envenenamentos que necessitam tratamento com antiveneno específi-
co, sendo os mais frequentes no Brasil os escorpiônicos e ofídicos (Quadro 1).
Quadro 1 - Animais peçonhentos relacionados a acidentes no Brasil
acidente? As circunstâncias em que o animal causou 
o acidente são informações essenciais para o para o 
raciocínio clínico diagnóstico. Se o paciente estava 
caminhando, manuseando algum objeto ou se com-
primiu o animal contra o corpo podem indicar situa-
ções típicas de exposição com animal peçonhento;
•Onde aconteceu o acidente? Conhecer o ambien-
te ou local onde paciente se encontrava na hora da 
picada pode auxiliar no diagnóstico;
•O animal foi visto? É possível obter uma descrição 
do agente? É uma informação a ser considerada, po-
rém deve se levar em conta que nem sempre é possí-
vel confiar na informação do paciente;
5
•Quais os sintomas e sinais apresentados pelo pa-
ciente? A anamnese deve ser orientada para a busca 
de manifestações clínicas locais e sistêmicas próprias 
de cada tipo de envenenamento. 
•Quais outros sinais e sintomas ocorreram na evo-
lução? No exame clínico local, deve-se atentar para 
manifestações tardias ou complicações.
No exame clínico local, atentar para descrever cor-
retamente os sinais; diferenciar equimose, cianose, 
hematoma, necrose; observar a extensão do edema 
quando presente.
Na rotina de atendimento não há exames laborato-
riais que permitam detectar a presença do veneno. 
Entretanto, os testes de coagulação são úteis para 
realização do diagnóstico, sendo utilizados também 
ACIDENTE OFÍDICO
As serpentes que causam envenenamento de importância em saúde estão distribuídas em vários gêneros; 
os textos médicos classifi cam os acidentes ofídicos em: botrópico, crotálico, laquético e elapídico (Quadro 2 e 
fi guras 1 a 5). Dentre eles, o mais frequente é o botrópico. 
Os acidentes por serpentes em geral acontecem na mata, no roçado, em quintais de chácaras e sítios e 
terrenos baldios de periferias. Na maioria dos ambientes, é característica a ocorrência sazonal, associada a 
períodos de calor e umidade. 
no monitoramento da efi cácia terapêutica.
Um grave equívoco é a noção de que há um soro 
universal capaz de neutralizar os efeitos de todo e 
qualquer envenenamento. Para cada tipo, são pro-
duzidos antivenenos, que são imunoglobulinas he-
terólogas específi cas. 
Outra falsa premissa é de que a picada por um animal 
peçonhento é sempre sinônimo de soroterapia. Existem 
muitas serpentes não peçonhentas capazes de agredir 
um indivíduo. De outra forma, uma serpente peçonhenta 
pode não injetar veneno sufi ciente para causar altera-
ções fi siopatológicas, e determinar uma “picada seca”. 
É, portanto, necessário que o paciente seja crite-
riosamente avaliado do ponto de vista clínico e labo-
ratorial para se defi nir o diagnóstico e indicar o trata-
mento específi co.
paciente? A anamnese deve ser orientada para a busca de manifestações clínicas locais e sistêmicas próprias de cada tipo de envenenamento. 
•Quais outros sinais e sintomas ocorreram na evolução? No exame clínico local, deve-se atentar para manifestações tardias ou complicações.
No exame clínico local, atentar para descrever corretamente os sinais; diferenciar equimose, cianose, hematoma, necrose; observar a extensão do 
edema quando presente.
Na rotina de atendimento não há exames laboratoriais que permitam detectar a presença do veneno. Entretanto, os testes de coagulação são 
úteis para realização do diagnóstico, sendo utilizados também no monitoramento da efi cácia terapêutica.
Um grave equívoco é a noção de que há um soro universal capaz de neutralizar os efeitos de todo e qualquer envenenamento. Para cada tipo, 
são produzidos antivenenos, que são imunoglobulinas heterólogas específi cas. 
Outra falsa premissa é de que a picada por um animal peçonhento é sempre sinônimo de soroterapia. Existem muitas serpentes não peçonhentas 
capazes de agredir um indivíduo. De outra forma, uma serpente peçonhenta pode não injetar veneno sufi ciente para causar alterações fi siopatológi-
cas, e determinar uma “picada seca”. 
É, portanto, necessário que o paciente seja criteriosamente avaliado do ponto de vista clínico e laboratorial para se defi nir o diagnóstico e indicar 
o tratamento específi co.
Acidente Ofídico
As serpentes que causam envenenamento de importância em saúde estão distribuídas em vários gêneros; os textos médicos classifi cam osacidentes ofídicos em: botrópico, crotálico, laquético e elapídico (Quadro 2 e fi guras 1 a 5). Dentre eles, o mais frequente é o botrópico. 
Os acidentes por serpentes em geral acontecem na mata, no roçado, em quintais de chácaras e sítios e terrenos baldios de periferias. Na maioria 
dos ambientes, é característica a ocorrência sazonal, associada a períodos de calor e umidade. 
6
7
Acidentes por animais peçonhentos
Tipo de 
envenenamento Gênero causador Nomes populares
Distribuição 
geográfica
Principais espécies 
causadoras de acidentes
Botrópico
Bothriopsis
Bothrocophias
Bothropoides
Bothrops 
Rhinocerophis
jararaca, jararacuçu, 
urutu, cruzeira, com-
boia; também conhe-
cida como surucucu 
em alguns locais da 
Amazônia
Ampla distribuição em 
todo território, des-
de florestas a áreas 
abertas
Bothrops atrox, B. moojeni 
(Figura 1), B. jararacuçu, B. 
erythromelas,
Bothropoides jararaca 
(Figura 2)
Rhinocerophis alternatus, 
Bothropoides neuwiedi 
Laquético Lachesis surucucu, pico-de-jaca
Floresta amazônica 
e remanescentes de 
Mata Atlântica 
Lachesis muta (Figura 3)
Crotálico Crotalus cascavel
Cerrado, regiões 
áridas e semi-áridas, 
campos abertos
Crotalus durissus (Figura 4)
Elapídico
Micrurus 
Leptomicrurus
 
coral verdadeira
Leptomicrurus: oeste 
da Amazônia
Micrurus:distribuição 
em todo o território 
nacional
Micrurus corallinus (Figura 5), 
M. frontalis, M. altirostris, 
M. surinamensis
Quadro 2 – Tipo de envenenamento, serpentes peçonhentas e distribuição geográfica no Brasil.
•Atividade inflamatória aguda: tem patogênese com-
plexa, com a participação de proteases, hialuronidases, 
fosfolipases e mediadores da resposta inflamatória. De 
ação imediata à inoculação do veneno no organismo, 
leva a lesões locais, como edema e dor, podendo evo-
luir com bolhas e necrose. Tem caráter progressivo e é 
mal neutralizado pelo antiveneno, mesmo quando ad-
ministrado nas primeiras horas após o acidente
•Atividade hemorrágica: hemorraginas provocam 
lesões na membrana basal dos capilares, levando a 
manifestações hemorrágicas locais e sistêmicas.
•Atividade coagulante: ativa a cascata de coagu-
lação sobre fator X, protrombina e/ou trombina, com 
consumo de fibrinogênio, que pode ocasionar incoa-
gulabilidade sanguínea, semelhante ao da coagula-
ção intravascular disseminada. 
•Atividade neurotóxica: neurotoxinas de ação pré-
sinaptica atuam nas terminações nervosas inibindo 
a liberação de acetilcolina na placa motora enquanto 
neurotoxinas de ação pós-sináptica impedem a ligação 
da acetilcolina no sítio receptor da placa mioneural. O 
resultado é o bloqueio neuromuscular e consequente 
paralisia motora.
•Atividade miotóxica: produz rabdomiólise sistêmi-
ca, levando à liberação de enzimas musculares e pig-
mento de mioglobina que apresenta ação nefrotóxica.
 Mecanismo de ação dos venenos
Os venenos provocam alterações na região da picada (efeito local) e à distância (efeito sistêmico), cujos 
mecanismos de ação estão classificados no quadro 3.
Quadro 3 – Atividades dos venenos das serpentes peçonhentas de importância em saúde no Brasil
Atividade Botrópico Laquético Crotálico Elapídico
Inflamação aguda +++ +++ - -
Hemorrágica +++ +++ - -
Coagulante +++ +++ ++ -
Neurotóxica - - +++ +++
Miotóxica - - +++ -
Mecanismo de ação dos venenos
Os venenos provocam alterações na região da picada (efeito local) e à distância (efeito sistêmico), cujos mecanismos de ação estão classi-
ficados no quadro 3.
•Atividade inflamatória aguda: tem patogênese complexa, com a participação de proteases, hialuronidases, fosfolipases e mediadores da res-
posta inflamatória. De ação imediata à inoculação do veneno no organismo, leva a lesões locais, como edema e dor, podendo evoluir com bolhas e 
necrose. Tem caráter progressivo e é mal neutralizado pelo antiveneno, mesmo quando administrado nas primeiras horas após o acidente
•Atividade hemorrágica: hemorraginas provocam lesões na membrana basal dos capilares, levando a manifestações hemorrágicas locais e 
sistêmicas.
•Atividade coagulante: ativa a cascata de coagulação sobre fator X, protrombina e/ou trombina, com consumo de fibrinogênio, que pode ocasio-
nar incoagulabilidade sanguínea, semelhante ao da coagulação intravascular disseminada. 
•Atividade neurotóxica: neurotoxinas de ação pré-sinaptica atuam nas terminações nervosas inibindo a liberação de acetilcolina na placa motora 
enquanto neurotoxinas de ação pós-sináptica impedem a ligação da acetilcolina no sítio receptor da placa mioneural. O resultado é o bloqueio neuro-
muscular e consequente paralisia motora.
•Atividade miotóxica: produz rabdomiólise sistêmica, levando à liberação de enzimas musculares e pigmento de mioglobina que apresenta ação 
nefrotóxica.
8
9
Acidentes por animais peçonhentos
ACIDENTE BOTRÓPICO
Representa a grande maioria dos acidentes ofídicos registrados, haven-
do diversas espécies distribuídas em todo o país. 
Quadro clínico
O acidente botrópico pode evoluir com alterações 
locais e/ou sistêmicas:
Alterações locais: Após a picada, há sangramento 
pelos orifícios de inoculação em pequena quantidade 
e o local apresenta edema e dor. Pode ser observa-
da equimose (Figura 6) na região da picada, bastan-
te tênue nas primeiras horas, e mais evidente no dia 
seguinte à picada, observando-se também em área 
de drenagem linfática regional. Bolhas podem surgir 
(Figura 7).
Alterações sistêmicas: A alteração sistêmica mais 
frequente é a incoagulabilidade sanguínea. Equimose 
(local e regional), e sangramentos espontâneos como 
gengivorragia, epistaxe e hematúria (Figura 8) podem 
ocorrer. Acidentes causados por serpentes fi lhotes po-
dem evoluir com quadro local discreto ou mesmo au-
sente, porém com evidente alteração na coagulação. 
Hematêmese, enterorragia, sangramento em sistema 
nervoso central, hipotensão e choque são mais raros.
As complicações podem ser locais ou sistêmicas:
Infecções: abscesso (Figura 9), celulite e erisipela 
na região da picada ocorrem principalmente nos casos 
moderados ou graves. As bactérias mais frequentemen-
te isoladas dos abscessos pertencem ao grupo dos ba-
cilos gram-negativos, dentre os quais se destaca a Mor-
ganella morganii.
Necrose: é mais comum quando o acidente 
ocorre nos dedos e em membro onde foi aplicado 
torniquete (Figuras 10 e 11).
Síndrome compartimental: é uma complicação 
mais rara, que geralmente ocorre nas primeiras 24 
horas após a picada. O quadro é decorrente da com-
pressão do feixe vásculo-nervoso, causada pelo ede-
ma acentuado. 
Lesão renal aguda (LRA): pode estar associada 
à hipovolemia (decorrente de sangramento ou se-
questro de líquidos na região picada), hipotensão/
choque ou coagulopatia de consumo. A lesão mais 
comum é a necrose tubular aguda e, mais raramente, 
a necrose cortical. 
O óbito pode ocorrer devido à insufi ciência renal 
aguda, hemorragia grave, choque ou septicemia. 
Quadro clínico
O acidente botrópico pode evoluir com alterações locais e/ou sis-
têmicas:
Alterações locais: Após a picada, há sangramento pelos orifícios 
de inoculação em pequena quantidade e o local apresenta edema e 
dor. Pode ser observada equimose (Figura 6) na região da picada, 
bastante tênue nas primeiras horas, e mais evidente no dia seguinte à 
picada, observando-se também em área de drenagem linfática region-
al. Bolhas podem surgir (Figura 7).
Alterações sistêmicas: A alteração sistêmica mais frequente é 
a incoagulabilidade sanguínea. Equimose (local e regional), e san-
gramentos espontâneos como gengivorragia, epistaxe e hematúria 
(Figura 8) podem ocorrer. Acidentes causados por serpentes fi lhotes 
podem evoluir com quadro local discreto ou mesmo ausente, porém 
com evidente alteração na coagulação. Hematêmese, enterorragia,sangramento em sistema nervoso central, hipotensão e choque são 
mais raros.
As complicações podem ser locais ou sistêmicas:
Infecções: abscesso (Figura 9), celulite e erisipela na região da pica-
da ocorrem principalmente nos casos moderados ou graves. As bactérias 
mais frequentemente isoladas dos abscessos pertencem ao grupo dos 
bacilos gram-negativos, dentre os quais se destaca a Morganella mor-
ganii.
Necrose: é mais comum quando o acidente ocorre nos dedos e 
em membro onde foi aplicado torniquete (Figuras 10 e 11).
Síndrome compartimental: é uma complicação mais rara, que 
geralmente ocorre nas primeiras 24 horas após a picada. O quadro 
é decorrente da compressão do feixe vásculo-nervoso, causada pelo 
edema acentuado. 
Lesão renal aguda (LRA): pode estar associada à hipovolemia 
(decorrente de sangramento ou sequestro de líquidos na região 
picada), hipotensão/choque ou coagulopatia de consumo. A lesão 
mais comum é a necrose tubular aguda e, mais raramente, a necrose 
cortical. 
O óbito pode ocorrer devido à insufi ciência renal aguda, hemorra-
gia grave, choque ou septicemia. 
Representa a grande maioria dos acidentes ofídicos registrados, haven-
10
11
Acidentes por animais peçonhentos
 Exames laboratoriais
As alterações laboratoriais que podem ser obser-
vadas estão listadas no quadro 4.
Dentre os exames complementares, os testes de 
coagulação são de fundamental importância, pois 
auxiliam no diagnóstico e são importantes para con-
trole de tratamento. 
Exame Laboratorial Ac. Botrópico Ac. Laquético Ac. Crotálico Ac. elapídico
Hemograma
Leucócitos normais ou 
leucocitose, com neu-
trofilia
Plaquetopenia pode 
ocorrer
Leucocitose com 
neutrofilia
Plaquetopenia pode 
ocorrer
Leucócitos normais 
ou leucocitose, com 
neutrofilia; 
Plaquetopenia é rara 
Leucocitose
Bioquímica
↑ Uréia e Creatinina 
pode ocorrer; 
↑ CK por efeito miotóxi-
co local do veneno de 
algumas espécies
↑DHL e BI devido a he-
mólise intravascular
Registros escassos, 
perfil bioquímico 
provavelmente 
semelhante ao do 
acidente botrópico
 ↑CK (pode estar muito 
elevada, proporcional a 
gravidade), AST, DHL 
 ↑Uréia, Creatinina e 
Potássio podem ocorrer
↓Cálcio na fase inicial 
da IRA
CK pode estar 
um pouco au-
mentada devido 
efeito miotóxico 
local do vene-
no de algumas 
espécies
Coagulação
Normal ou alargamento 
de TP, TTPA 
TC alterado
↑Fibrinogênio 
 ↓PDF e Dimero-D
Normal ou alarga-
mento de TP, TTPA 
TC alterado
↑Fibrinogênio 
 ↓PDF e Dimero-D
Normal ou alargamento 
de TP, TTPA
TC alterado
↑Fibrinogênio
↓ PDF e Dimero-D
Normal 
Urina 1
Hematúria Registros escassos 
na literatura
Normal na ausência de 
LRA
Não descrito
Quadro 4: Alterações laboratoriais que pode ser observadas, segundo o tipo de acidente ofídico
 Exames laboratoriais
As alterações laboratoriais que podem ser observadas estão listadas no quadro 4.
Dentre os exames complementares, os testes de coagulação são de fundamental importância, pois auxiliam no diagnóstico e são importantes 
para controle de tratamento. 
A alteração na coagulação não tem implicação na gravidade do quadro, porém é um importante parâmetro para avaliação da eficácia da soroter-
apia. Testes de coagulação devem ser solicitados na admissão do paciente, 12 e 24 horas após o término da soroterapia.
A alteração na coagulação não tem implicação na 
gravidade do quadro, porém é um importante parâme-
tro para avaliação da eficácia da soroterapia. Testes 
de coagulação devem ser solicitados na admissão do 
paciente, 12 e 24 horas após o término da soroterapia.
12
Os acidentes botrópicos são classificados em relação à gravidade (Quadro 5) . O antiveneno deve ser adminis-
trado o mais precocemente possível, sempre que houver evidência clínica e/ou laboratorial de envenenamento.
Tratamento
Acidente Gravidade Soro Nº de ampo-las
Botrópico
Leve (Figura 12): edema local de até 2 segmentos*; sangra-
mento em pele ou mucosas; pode haver apenas distúrbio de 
coagulação
Antibotrópico 
(SAB)
4
Moderado (Figura 13): edema que atinge 3 a 4 segmentos*; 
sangramento sem comprometimento do estado geral; teste de 
coagulação normal ou alterado
8
Grave (Figura 14): edema que atinge 5 segmentos*, hemorra-
gia grave, hipotensão/choque; teste de coagulação normal ou 
alterado
12
Crotálico
Leve: fácies miastênica pouco evidente, sem mialgia ou urina 
escura; teste de coagulação normal ou alterado
Anticrotálico 
(SAC)
5
Moderado: fácies miastênica evidente; mialgia, urina escura 
discretas; teste de coagulação normal ou alterado 10
Grave: fácies miastênica evidente; intensa mialgia, urina escu-
ra; pode haver insuficiência respiratória; teste de coagulação 
normal ou alterado
20
Laquético
Quadro local presente; pode haver sangramento; sem manifes-
tações vagais Antibotrópi-
co-laquético
(SABL)
10
Quadro local intenso,pode haver sangramento; manifestações 
vagais presentes 20
Elapídico Considerar todos os casos potencialmente graves Antielapídico (SAE) 10
Quadro 5: Tratamento específico para os acidentes ofídicos segundo a gravidade
*O membro picado é dividido em 5 segmentos: por ex.: em relação ao membro superior: 1. Mão; 2. 1/2 distal 
do antebraço; 3. 1/2 proximal do antebraço; 4. 1/2 distal do braço; 5. 1/2 proximal do braço. Do mesmo modo 
divide-se o membro inferior em 5 segmentos.
Tratamento
Os acidentes botrópicos são classificados em relação à gravidade (Quadro 5) . O antiveneno deve ser administrado o mais precocemente pos-
sível, sempre que houver evidência clínica e/ou laboratorial de envenenamento.
*O membro picado é dividido em 5 segmentos: por ex.: em relação ao membro superior: 1. Mão; 2. 1/2 distal do antebraço; 3. 1/2 proximal do ante-
braço; 4. 1/2 distal do braço; 5. 1/2 proximal do braço. Do mesmo modo divide-se o membro inferior em 5 segmentos.
13
Acidentes por animais peçonhentos
A avaliação da coagulação deve ser realizada 12 e 24 horas após o termino da administração do antiveneno. 
Caso não haja melhora da coagulopatia após 12 horas (isto é, o sangue permanece incoagulável), deve-se 
investigar se:
•Houve administração de antiveneno inapropriado, por erro no diagnóstico do tipo de envenenamento, 
•A quantidade de antiveneno administrada foi insuficiente, por erro na avaliação da gravidade.
•O antiveneno estava em condições inadequadas de conservação, com oscilação na temperatura e/ou vali-
dade fora do padrão estabelecido pelo produtor. 
Na maioria das vezes em que não houve normalização dos testes de coagulação, observa-se que o diag-
nóstico etiológico foi incorreto.
Além da administração do antiveneno específico, medidas de suporte são importantes no tratamento (Quadro 6).
A avaliação da coagulação deve ser realizada 12 e 24 horas após o termino da administração do antiveneno. Caso não haja melhora da coagu-
lopatia após 12 horas (isto é, o sangue permanece incoagulável), deve-se investigar se:
•Houve administração de antiveneno inapropriado, por erro no diagnóstico do tipo de envenenamento, 
•A quantidade de antiveneno administrada foi insuficiente, por erro na avaliação da gravidade.
•O antiveneno estava em condições inadequadas de conservação, com oscilação na temperatura e/ou validade fora do padrão estabelecido pelo 
produtor. 
Na maioria das vezes em que não houve normalização dos testes de coagulação, observa-se que o diagnóstico etiológico foi incorreto.
Além da administração do antiveneno específico, medidas de suporte são importantes no tratamento (Quadro 6).
14
Conduta
Acidentes
Botrópico Laquético Crotálico Elapídico
Jejum Inicialmente o paciente deve permanecer em jejum, pelo 
risco de náuseas e vômitos, durante a infusão da soroterapia. 
Terminada a infusão do antiveneno, avaliar as condiçõesclínicas do 
paciente para liberação da dieta.
X X X X
Drenagem postural Havendo edema, manter o membro atingido 
elevado; reavaliar a conduta em caso de síndrome compartimental. X X - -
Hidratação Manter hidratação adequada com cristaloide, precoce-
mente, para prevenir LRA. X X X -
Analgesia Especialmente nos acidente botrópico e laquético; em 
geral há boa resposta com analgésico do tipo dipirona.Se necessá-
rio, opióides; evitar anti-infl amatórios não hormonais.
X X X X
Antibiótico Na presença de infecção secundária, administrar anti-
microbianos com atividade sobre bacilos gram-negativos (especial-
mente Morganella), cocos G+ e anaeróbios.
X X - -
Diurético Na presença de oligúria, com o paciente já adequada-
mente hidratado, estimular diurese com o uso de diurético de alça 
do tipo Furosemida
X X X -
Procedimento cirúrgico Drenar abscesso no momento apropriado; 
debridar áreas com necrose após sua delimitação. Na suspeita de 
síndrome compartimental, avaliar de forma criteriosa a indicação de 
fasciotomia.
X X - -
Derivados de sangue Plasma fresco, crioprecipitado ou plaquetas 
não são indicados para correção dos distúrbios de hemostasia. O 
sangramento espontâneo cessa pouco após o início da soroterapia. 
Em caso de procedimento invasivos/cirúrgicos antes da reversão da 
coagulopatia, pode ser necessária a reposição desses fatores.
X X X -
Diálise Na presença de Lesão Renal Aguda, solicitar avaliação da 
Nefrologia. X X X -
Ventilação mecânica Para os pacientes com comprometimento da 
mecânica respiratória. - - X X
Profi laxia antitetânica Atualizar a carteira vacinal do paciente. X X X X
Quadro 6: Tratamento geral do acidentes ofídicos
15
Acidentes por animais peçonhentos
ACIDENTE LAQUÉTICO
As serpentes do gênero Lachesis são encontradas, em baixa 
densidade populacional, nas fl orestas da Amazônia e na Mata 
Atlântica da região Nordeste até o norte do Rio de Janeiro. Decorre 
disso a baixa frequência de acidentes no país. 
ACIDENTE LAQUÉTICO
As serpentes do gênero Lachesis são encontradas, em baixa densidade populacional, nas fl orestas da Amazônia e na Mata Atlântica da 
região Nordeste até o norte do Rio de Janeiro. Decorre disso a baixa frequência de acidentes no país. 
Quadro clínico
Como seu veneno apresenta atividades fi siopatológicas semelhantes ao das serpentes que causam o acidente botrópico, o quadro clínico pode 
ser indistinguível. Diferencia-se, no entanto, o envenenamento laquético quando da presença de manifestações vagomiméticas, cujo mecanismo 
de ação do veneno não se encontra bem estabelecido. O quadro de náuseas, vômitos, sudorese, dores abdominais, diarréia, hipotensão e choque 
sugere fortemente o diagnóstico; sua ausência, no entanto, não descarta a possibilidade de acidente laquético. 
Exames laboratoriais
Em relação a exames complementares, há poucos dados em literatura (Quadro 4)
Tratamento
O tratamento é feito com soro antibotrópico-laquético (SABL) 10 ou 20 ampolas, a depender da ausência ou presença das manifestações vagomiméti-
cas (Quadro 5). 
As condutas gerais seguem a mesma orientação do acidente botrópico (Quadro 6). Em pacientes com hipotensão, deve-se fazer inicialmente 
expansão com cristalóide e, posteriormente, avaliar necessidade de administrar droga vasoativa. Na presença de bradicardia com instabilidade hemod-
inâmica, usar atropina (0,05mg/kg para crianças e 0,5 mg para adultos).
 Quadro clínico
Como seu veneno apresenta atividades fi siopato-
lógicas semelhantes ao das serpentes que causam o 
acidente botrópico, o quadro clínico pode ser indistin-
guível. Diferencia-se, no entanto, o envenenamento 
laquético quando da presença de manifestações va-
gomiméticas, cujo mecanismo de ação do veneno não 
se encontra bem estabelecido. O quadro de náuseas, 
vômitos, sudorese, dores abdominais, diarréia, hipo-
tensão e choque sugere fortemente o diagnóstico; sua 
ausência, no entanto, não descarta a possibilidade de 
acidente laquético. 
Exames laboratoriais
Em relação a exames complementares, há poucos 
dados em literatura (Quadro 4)
Atlântica da região Nordeste até o norte do Rio de Janeiro. Decorre 
Tratamento
O tratamento é feito com soro antibotrópico-laquético 
(SABL) 10 ou 20 ampolas, a depender da ausência ou 
presença das manifestações vagomiméticas (Quadro 5). 
As condutas gerais seguem a mesma orientação 
do acidente botrópico (Quadro 6). Em pacientes com 
hipotensão, deve-se fazer inicialmente expansão com 
cristalóide e, posteriormente, avaliar necessidade de 
administrar droga vasoativa. Na presença de bradi-
cardia com instabilidade hemodinâmica, usar atropina 
(0,05mg/kg para crianças e 0,5 mg para adultos).
16
ACIDENTE CROTÁLICO
Representa a segunda causa de acidente ofídico no país. 
Quadro clínico
Alterações pouco proeminentes na região da picada como edema, eritema 
e dor são observadas (Figura 15). As queixas iniciais são visão turva e “olhos 
pesados”. O paciente evolui com ptose palpebral, diplopia, podendo apresentar 
difi culdade para deglutição e ptose mandibular. Casos graves podem progredir com insufi ciência respiratória. 
Mesmo que o paciente apresente distúrbio na coagulação, raramente ocorrem sangramentos como gengi-
vorraria e equimoses.
A rabdomiólise, evidenciada clinicamente como mialgia, colúria (por mioglobinuria), pode levar à a LRA, 
complicação observada no acidente crotálico.
Eventualmente, o quadro clínico pode se instalar mais lentamente, o que torna necessário manter uma ob-
servação mais rigorosa e prolongada.
ACIDENTE CROTÁLICO
Representa a segunda causa de acidente ofídico no país. 
Quadro clínico
Alterações pouco proeminentes na região da picada como edema, eritema e dor são observadas (Figura 15). As queixas iniciais são visão turva e 
“olhos pesados”. O paciente evolui com ptose palpebral, diplopia, podendo apresentar difi culdade para deglutição e ptose mandibular. Casos graves 
podem progredir com insufi ciência respiratória. 
Mesmo que o paciente apresente distúrbio na coagulação, raramente ocorrem sangramentos como gengivorraria e equimoses.
A rabdomiólise, evidenciada clinicamente como mialgia, colúria (por mioglobinuria), pode levar à a LRA, complicação observada no acidente 
crotálico.
Eventualmente, o quadro clínico pode se instalar mais lentamente, o que torna necessário manter uma observação mais rigorosa e prolongada.
Exames laboratoriais
Os exames laboratoriais indicam a intensidade da rabdomiólise, com a elevação do nível sérico de creatinoquinase (CK), desidrogenase lática (LDH). 
A coagulopatia está presente em cerca de 50% dos casos. 
O hemograma pode mostrar leucocitose com neutrofi lia. 
Aumento de uréia e creatinina podem ocorrer; na fase oligúrica da LRA além de hiperpotassemia, podem ser encontrados acidose metabólica, níveis 
elevados de fósforo e diminuição de cálcio sérico (Quadro 4). 
Exames laboratoriais
Os exames laboratoriais indicam a intensidade da 
rabdomiólise, com a elevação do nível sérico de crea-
tinoquinase (CK), desidrogenase lática (LDH). 
A coagulopatia está presente em cerca de 50% dos 
casos. 
O hemograma pode mostrar leucocitose com neu-
trofi lia. 
Aumento de uréia e creatinina podem ocorrer; na 
fase oligúrica da LRA além de hiperpotassemia, podem 
ser encontrados acidose metabólica, níveis elevados 
e dor são observadas
pesados”. O paciente evolui com ptose palpebral, diplopia, podendo apresentar 
de fósforo e diminuição de cálcio sérico (Quadro 4). 
Na fase de recuperação da LRA os níveis de cálcio 
no soro podem estar bastante elevados.
Tratamento
Está indicado o soro anticrotálico (SAC) ou, na sua 
ausência, o antibotrópico-crotálico (SABC), como mos-
tra o quadro 5. As medidas de suporte estão descritas 
no quadro 6.
17
Acidentes por animais peçonhentos
Quadroclínico
À semelhança do envenenamento crotálico, a au-
sência da ação infl amatória local faz com que a região 
da picada não apresente alterações signifi cativas (Fi-
gura 16), sendo evidente o quadro sistêmico neurotó-
xico: turvação visual, diplopia, ptose palpebral, ptose 
mandibular, difi culdade para deglutição, sialorréia. 
Mialgia discreta localizada e, mais raramente a 
distância da região picada, pode ocorrer. Outras ma-
nifestações, como náuseas ou vômitos também são 
observadas. 
Em casos graves o paciente pode evoluir com disp-
neia e insufi ciência respiratória por paralisia da mus-
culatura respiratória. 
Exames laboratoriais
As alterações laboratoriais encontradas estão des-
critas no quadro 4.
ACIDENTE ELAPÍDICO
Na família Elapidae estão as corais verdadeiras que apresentam dois gêne-
ros no Brasil: Micrurus e Leptomicrurus. O acidente elapídico é raro, pois essas 
serpentes possuem hábitos subterrâneos, boca pequena e presa não articulada, 
o que difi culta a inoculação do veneno.
ros no Brasil: Micrurus e Leptomicrurus. O acidente elapídico é raro, pois essas 
serpentes possuem hábitos subterrâneos, boca pequena e presa não articulada, 
18
Tratamento
O soro antielapídico (SAEL) é indicado na dose de 
10 ampolas, não havendo classifi cação de intensida-
de do envenenamento devido à escassez de dados 
clínicos (Quadro 5). 
É importante observar com atenção o padrão res-
piratório do paciente e, em caso de insufi ciência res-
piratória, o paciente deve ser submetido à intubação 
orotraqueal e ventilação mecânica. 
Na presença de insufi ciência respiratória aguda, su-
gere-se fazer teste terapêutico com anticolinesterásicos, 
do tipo neostigmine, na tentativa de reverter os fenôme-
nos neuroparalíticos: neostigmine (prostigmine) por via 
intravenosa (50mg/Kg), precedida da injeção de atropi-
Mecanismo de ação do veneno
O veneno escorpiônico atua sobre os canais de sódio voltagem dependen-
te, promovendo a despolarização das terminações nervosas sensitivas, mo-
toras e do sistema nervoso autônomo, com liberação maciça de neurotransmissores 
adrenérgicos e colinérgicos. As manifestações sistêmicas observadas no envenenamento são decorrentes 
das ações destes neurotransmissores.
na IV, para prevenir os efeitos muscarínicos da acetilco-
lina, principalmente a bradicardia e a hipersecreção (0,5 
mg para adulto e 50mg/Kg/dose para criança). 
Em geral, a resposta é rápida. Em caso de melhora 
da sintomatologia paralítica, recomenda-se dose de 
manutenção (50-100mg/Kg, IV, a cada 4 horas ou in-
tervalos menores, ou por infusão continua, iniciando 
com 25mg/Kg/hora) sempre precedida da administra-
ção de atropina. Dependendo da resposta do pacien-
te, pode haver maior espaçamento entre as doses, até 
que ocorra a recuperação do quadro. Não havendo 
resposta ao teste terapêutico, não se deve manter o 
anticolinesterásico.
ACIDENTE ESCORPIÔNICO
Os escorpiões têm ampla distribuição no Brasil, porém, nos últimos anos, os registros de aci-
dentes têm apresentado aumento signifi cativo. Somente o gênero Tityus é considerado de importância em 
saúde e a espécie T. serrulatus (Figura 17) está associada a casos graves em crianças. A letalidade 
desses acidentes é baixa (0,2%), porém a maioria dos óbitos ocorre em me-
nores de 14 anos de idade.
O veneno escorpiônico atua sobre os canais de sódio voltagem dependen-
Os escorpiões têm ampla distribuição no Brasil, porém, nos últimos anos, os registros de aci-
dentes têm apresentado aumento signifi cativo. Somente o gênero 
saúde e a espécie T. serrulatus 
desses acidentes é baixa (0,2%), porém a maioria dos óbitos ocorre em me-
nores de 14 anos de idade.
19
Acidentes por animais peçonhentos
Quadro clínico
O envenenamento evolui com quadro local e me-
nos frequentemente alterações sistêmicas:
Local: a dor é a principal manifestação e ocorre 
imediatamente após a picada. Sua intensidade é va-
riável, sendo às vezes insuportável. São observados 
também eritema, sudorese e piloereção.
Sistêmico: decorre da hiperatividade do sistema 
nervoso autônomo; surgem náuseas, vômitos, sudo-
rese, sialorréia, agitação, taquipnéia e taquicardia, 
convulsão, coma, bradicardia, insuficiência cardíaca, 
edema agudo de pulmão, choque. As manifestações 
sistêmicas são mais frequentes em crianças.
A intensidade e a frequência dos vômitos é um 
sinal premonitório sensível da gravidade do enve-
nenamento. As manifestações sistêmicas surgem 
precocemente, de forma que nas primeiras duas a 
três horas a gravidade do acidente está definida.Na 
região Norte do Brasil, acidentes por T. obscurus são 
descritos com manifestações do tipo sensação de 
“choque elétrico” pelo corpo, com mioclonia, disme-
tria, disartria e ataxia da marcha.
Exames complementares
As alterações laboratoriais são observadas nos ca-
sos com manifestação sistêmica. São descritas:
Hemograma: leucocitose com neutrofilia;
Bioquímica: hiperglicemia, hiperamilasemia, hipo-
potassemia e hiponatremia; em casos graves a CK , 
CKMb e troponina I podem estar aumentadas;
Testes de coagulação: não há alteração;
ECG: arritmias como taquicardia ou bradicardia si-
nusal, extrassístoles ventriculares, alterações simila-
res às encontradas no infarto agudo do miocárdio, blo-
queio de condução atrioventricular ou intraventricular;
Rx Tórax: aumento da área cardíaca, congestão 
pulmonar;
Ecocardiograma: nas formas graves pode-se ob-
servar hipocinesia transitória do septo interventricular 
e da parede posterior do ventrículo esquerdo.
Tratamento
O antiveneno está indicado para os casos com ma-
nifestações sistêmicas (moderados e graves) e a dose 
a ser administrada varia conforme a gravidade (qua-
dro 7). O antiveneno não está indicado para pacientes 
com quadro leve.
Para a dor intensa fazer infiltração local ou bloqueio 
com anestésico, do tipo lidocaína 2%, sem vasocons-
trictor (2-3ml/dose); eventualmente, quando necessário 
repetir o anestésico, associar analgésico opióide; quan-
do a dor for de menor intensidade, analgésicos orais e 
compressas mornas no local podem ser suficientes. 
Na presença de manifestações sistêmicas, o pa-
ciente deve ser monitorado com atenção, preferencial-
mente em UTI. Para os casos com vômitos profusos, 
20
Quadro 7: Tratamento dos acidentes escorpiônicos e por Phoneutria segundo a gravidade
além da hidratação parenteral (que deve ser cuidadosa 
devido ao risco de edema pulmonar), pode ser adminis-
trada a metoclopramida. Na presença de insuficiência 
cardíaca/edema agudo de pulmão, a hidratação deve 
ser cuidadosa; administrar diurético de alça (furosemi-
Acidente Gravidade Soro Nº de ampolas Tratamento geral
Escorpiônico
Leve: dor, eritema, sudorese, piloereção, 
parestesia na região da picada
Antiescopiônico
(SAEsc)
ou
Antiaracnídico	
(SAA)
-
Calor local analgésico oral. 
Em	dor	intensa:	infiltração	local	ou	
bloqueio anestésico, associado ou 
não a analgésico opióide
Moderado: quadro local e uma ou mais 
manifestações como: náuseas, vômitos, 
sudorese, sialorréia discretos, agitação, 
taquipnéia e taquicardia
2-3
Monitoramento dos parâmetros 
vitais, hidratação parenteral 
cautelosa, metoclopramida em caso 
de vômitos profusos
Grave: Além das manifestações acima: 
vômitos profusos e incoercíveis, 
sudorese profusa, sialorréia intensa, 
prostração, convulsão, coma bradicardia, 
insuficiência	 cardíaca,	 edema	 agudo	 de	
pulmão, choque
4-6
Internação	em	UTI,	diurético	
de alça, oxigenioterapia, 
dobutamina,	ventilação	mecânica	e	
noradrenalina, se necessário
Foneutrismo
Leve: dor, edema, eritema, sudorese, 
parestesia local
Antiaracnídico	
(SAA)
-
Calor local analgésico oral. 
Em	dor	intensa:	infiltração	local	ou	
bloqueio anestésico, associado ou 
não a analgésico opióideModerado: quadro local associado à 
sudorese, vômitos ocasionais, agitação, 
hipertensão arterial 2-4
Monitoramento dos parâmetros 
vitais, hidratação parenteral 
cautelosa, metoclopramida em caso 
de vômitos profusos
Grave: sudorese profusa, priapismo, 
vômitos requentes, arritmia, choque, 
edema agudo de pulmão 5-10
Internação	em	UTI,	diurético	
de alça, oxigenioterapia, 
dobutamina,		ventilação	mecânica	e	
noradrenalina se necessário
da), oxigênio e se necessário, dobutamina e ventilação 
mecânica. Em paciente com bradicardia com instabili-
dade hemodinâmica, usar atropina IV. Havendo hipo-
tensão ou choque, não relacionados a hipovolemia, 
administrar dobutamina/noradrenalina.
21
Acidentes por animais peçonhentos
As aranhas consideradas de importância em saúde no Brasil pertencem a três gêneros: Loxosceles (Figura 
18), Phoneutria (Figura 19) e Latrodectus (Figura 20). O quadro 8 apresenta algumas de suas características e 
as principais informações epidemiológicas dos acidentes.
Loxosceles Phoneutria Latrodectus
Característi	cas	do	agente Nome popular: “aranha mar-
rom” (Figura16)
Tamanho: 3-4 cm
Coloração: marrom
Comportamento: não agres-
siva 
Habitat: vive sob telhas, 
ti	jolos,	madeiras;	no	interior	
de domicílios, é encontrada 
em porões, atrás de móveis e 
cantos escuros.
Nome popular: “aranha armadeira” 
(Figura 17)
Tamanho:	ati	nge	até	15	cm	de	
envergadura Coloração: marrom-a-
cinzentada 
Comportamento: em postura de 
defesa eleva as patas dianteiras, 
apoiando-se sobre as traseiras. Tem 
hábitos noturnos. 
Habitat: encontrada em cachos de 
banana, palmeiras, debaixo de tron-
cos caídos, pilhas de madeira e en-
tulhos;	dentro	das	casas	se	esconde	
dentro dos calçados e roupas.
Nome popular:” viúva-ne-
gra”	ou	“fl	amenguinha”	
(Figura18);
Tamanho:	 a	 fêmea	 adulta	
ati	nge	3	cm	de	envergadura
Coloração: marrom, ou pre-
ta e vermelha, possui no 
ventre um desenho em for-
ma de ampulheta
Epidemiologia do acidente Causa a maioria dos acidentes 
araneídicos no país, principal-
mente no Sudeste e Sul, espe-
cialmente na região metropo-
litana	de	Curiti	ba	(Paraná).
Os acidentes estão relaciona-
dos	 aos	 atos	de	 vesti	r	 e	 dor-
mir,	ati	ngindo	com	maior	fre-
quência	a	 região	proximal	de	
membros e o tronco.
Acidentes mais frequentes no Sul e 
Sudeste.
Os acidentes ocorrem em cir-
cunstâncias como calçar, limpeza 
de	quintal,	jardim,	ao	manusear	
legumes, verduras e frutas, prin-
cipalmente bananas, sendo mais 
acometi	dos	mãos	e	pés.
Acidentes	raros.	As	fêmeas	
causam o acidente, em 
geral quando comprimidas 
contra o corpo.
As aranhas consideradas de importância em saúde no Brasil pertencem a três gêneros: Loxosceles (Figura 18), Phoneutria (Figura 19) e Latro-
dectus (Figura 20). O quadro 8 apresenta algumas de suas características e as principais informações epidemiológicas dos acidentes.
ACIDENTE ARANEÍDICO
Quadro 8: Características das aranhas de importância médica no Brasil
22
LOXOSCELISMO
Mecanismo de ação do veneno
 O veneno da aranha Loxosceles ativa o sistema complemento, células endotelial, 
epitelial e plaquetas, levando obstrução de pequenos vasos e liberação de mediadores 
infl amatórios com consequente infi ltração de polimormonucleares no local da inoculação 
do veneno. Além disso, há a ação de enzimas hidrolíticas que degradam moléculas da mem-
brana basal, resultando dessas ações, lesão cutâneo-necrótica. Também, pode ser observada 
no loxoscelismo a presença de hemólise intravascular, decorrente da ação do veneno sobre metaloproteina-
ses endógenas que, uma vez ativadas, agem sobre proteínas da membrana de hemácias, tornando-as susceptí-
veis a ação do complemento. O principal componente do veneno de Loxosceles responsável tanto pela necrose 
cutânea quanto pela hemólise é uma proteína de 32 a 35kDa, com atividade esfi ngomielinase-D.
LOXOSCELISMO
Mecanismo de ação do veneno
O veneno da aranha Loxosceles ativa o sistema complemento, células endotelial, epitelial e plaquetas, levando obstrução de pequenos vasos 
e liberação de mediadores infl amatórios com consequente infi ltração de polimormonucleares no local da inoculação do veneno. Além disso, há a 
ação de enzimas hidrolíticas que degradam moléculas da membrana basal, resultando dessas ações, lesão cutâneo-necrótica. Também, pode ser 
observada no loxoscelismo a presença de hemólise intravascular, decorrente da ação do veneno sobre metaloproteinases endógenas que, uma 
vez ativadas, agem sobre proteínas da membrana de hemácias, tornando-as susceptíveis a ação do complemento. O principal componente do 
veneno de Loxosceles responsável tanto pela necrose cutânea quanto pela hemólise é uma proteína de 32 a 35kDa, com atividade esfi ngomieli-
nase-D.
Quadro clínico
O loxoscelismo pode ser classifi cado em duas 
formas:
Forma Cutânea. É a forma clínica mais frequente. 
O quadro, de instalação lenta e progressiva, inicia-se 
com dor discreta após a picada e que regride. Em pe-
ríodo que pode variar de 4 a 8 horas, a dor reaparece 
juntamente com edema e eritema. Na evolução, nas 
primeiras 24 horas, surgem áreas de equimose, mes-
cladas com eritema violáceo e palidez, formando a 
chamada “placa marmórea” (Figura 21), muitas vezes 
com eritema ao redor. 
A lesão pode evoluir com necrose seca (Figura 22) 
e úlcera. Infecção secundária pode ocorrer, na fase de 
crosta necrótica. 
Associado à lesão de pele, não são infrequentes 
fenômenos gerais como febre, náuseas, vômitos, ton-
tura, cefaléia e exantema macular ou maculopapular, 
por vezes pruriginoso.
Forma cutâneohemolítica. É rara e não proporcio-
nal ao comprometimento cutâneo. As manifestações 
clínicas relacionadas à hemólise intravascular, como 
do veneno. Além disso, há a ação de enzimas hidrolíticas que degradam moléculas da mem-
23
Acidentes por animais peçonhentos
anemia aguda, icterícia, hemoglobinúria, na grande 
maioria dos casos, surgem nas primeiras 72 horas do 
envenenamento. Lesão renal aguda (LRA) pode ser 
observada e, com menor frequência, coagulação in-
travascular disseminada (CIVD).
Exames complementares
Na forma cutânea pode ser encontrada leucocito-
se com neutrofilia. Em pacientes com intenso qua-
dro flogístico local pode haver lesão muscular com 
consequente aumento sérico de enzimas musculares 
como CK, DHL e AST.
Nos casos que evoluem com hemólise observa-se 
anemia, leucocitose com neutrofilia, reticulocitose, 
aumento de DHL, de bilirrubina total com predomínio 
de bilirrubinas indireta e diminuição da haptoglobina 
livre. Plaquetopenia, alterações de uréia e creatinina 
Forma Cutânea Forma Cutâneo-hemolítica
Prednisona: 5 a 7 dias
40 mg/d (adulto); 1 mg/kg/d (criança)
Prednisona: 1 mg/kg/d , 5 a 7 dias
Soro antiloxoscélico (SALox) ou antiaracnídico (SAA): 5 ampolas Soro antiloxoscélico (SALox) ou 
antiaracnídico (SAA): 10 ampolas 
 -
- correção de alterações eletrolíticas e de 
distúrbios do equilíbrio ácido-base 
- diálise 
- concentrado de hemácias
- analgesia de acordo com a intensidade da dor
- antihistamínico: para os casos com exantema pruriginoso
- antibiótico: se houver infecção secundária (com espectro para microorganismos usuais da flora da pele, como por 
exemplo, cefalexina)
- debridamento cirúrgico, quando há delimitação da necrose
- cirurgia plástica reparadora; se necessário
e dos testes de coagulação podem ocorrer. Pacientes 
que evoluem com LRA, podem apresentar alterações 
eletrolíticas e distúrbios do equilíbrio ácido-base.
Tratamento
Na forma cutânea, tem se recomendado o an-
tiveneno específico (soro antiaracnídico ou o soro an-
tiloxoscélico) na fase inicial, usualmente nas primeiras 
48 horas após o acidente e corticosteroides. Entretan-
to, quanto maior o tempo ocorrido após o acidente, 
menor é aeficácia da soroterapia sobre a evolução da 
lesão cutânea. Na forma cutâneo-hemolítica é indica-
da a administração de corticosteroide e a soroterapia 
específica, independente do tempo decorrido após a 
picada.
No quadro 9 estão resumidas as medidas terapêuti-
cas recomendadas.
 Quadro 9: Medidas terapêuticas indicadas para o loxoscelismo
*Soro	antiloxoscélico	(SALox)		ou	soro	antiaracnídico	(SAA)	–	1	ampola	=	5	ml
24
 PHONEUTRISMO
Mecanismo de ação do veneno
A fração Phoneutriatoxina 2 (PhTx2) do veneno de P. nigriventer é identifi cada como 
principal componente tóxico responsável pelas alterações observadas nos acidentes. 
Age sobre os canais de sódio voltagem dependente e leva à despolarização de fi bras 
musculares esqueléticas e de terminações nervosas sensitivas, motoras e do sistema ner-
voso autônomo. As manifestações sistêmicas, que raramente são observadas nesses aci-
dentes, são decorrentes da liberação de neurotransmissores (catecolaminas e acetilcolina).
 PHONEUTRISMO
Mecanismo de ação do veneno
A fração Phoneutriatoxina 2 (PhTx2) do veneno de P. nigriventer é identifi cada como 
principal componente tóxico responsável pelas alterações observadas nos acidentes. 
Age sobre os canais de sódio voltagem dependente e leva à despolarização de fi bras 
musculares esqueléticas e de terminações nervosas sensitivas, motoras e do sistema ner-
voso autônomo. As manifestações sistêmicas, que raramente são observadas nesses aci-
dentes, são decorrentes da liberação de neurotransmissores (catecolaminas e acetilcolina).
Quadro clínico
Predominam as manifestações locais. A dor imedia-
ta é o sintoma mais frequente, podendo ser de forte 
intensidade e irradiar-se até a raiz do membro afetado. 
Cessada a dor mais intensa, os pacientes referem pa-
restesia na região da picada. Outras manifestações, 
como edema (Figura 23) e eritema também são co-
muns; sudorese e mais raramente, fasciculações, po-
dem ser observadas no local da picada. 
Raramente, associadas ao quadro local, ocorrem 
manifestações sistêmicas como vômitos, sudorese, 
hipertensão arterial, priapismo, bradicardia, hipoten-
são arterial, arritmias, edema agudo do pulmão, con-
vulsões e coma. As alterações sistêmicas resultam da 
hiperatividade do sistema nervoso autônomo e, quan-
do ocorrem, são mais frequentes em crianças.
Do ponto de vista clínico, o foneutrismo apresenta 
manifestações similares ao escorpionismo e, quando 
o animal não é visualizado, pode não ser possível di-
ferenciar um acidente do outro.
25
Acidentes por animais peçonhentos
Exames complementares
Em casos graves é descrita leucocitose com neu-
trofi lia, hiperglicemia e acidose metabólica. 
Tratamento
O antiveneno está indicado nos casos com mani-
festações sistêmicas em crianças e em todos os ca-
sos graves (quadro 7). O soro a ser administrado é o 
soro antiaracnídico (SAA).
O tratamento sintomático objetiva o alívio da dor, 
sendo, na maioria dos casos, a única medida terapêu-
tica necessária. Quando a dor é intensa, é recomen-
dado bloqueio ou infi ltração local de anestésico, do 
tipo lidocaína 2%, sem vasoconstrictor, 2 a 3 mL. 
Quando houver necessidade de repetir o anestési-
co local, analgésicos opioides podem ser associados. 
Se a dor não é de forte intensidade, analgésicos de 
uso oral e compressas mornas no local podem ser su-
fi cientes. Não utilizar compressas frias ou de gelo.
O paciente que evolui com manifestações sistêmi-
cas deve ser internado, preferencialmente em unidade 
de terapia intensiva, e o tratamento segue os princí-
pios do tratamento para o escorpionismo grave.
LATRODECTISMO
Mecanismo de ação do veneno
O principal componente tóxico do veneno latrodéctico é a alfa-latrotoxina, uma neurotoxina com atividade 
pré-sináptica. Sua ação leva a aumento Ca++ intracelular e liberação maciça de neurotransmissores adrenér-
gicos, colinérgicos e GABA (acido gama-amino-butírico).
Mecanismo de ação do veneno
O principal componente tóxico do veneno latrodéctico é a alfa-latrotoxina, uma neurotoxina com atividade 
pré-sináptica. Sua ação leva a aumento Ca++ intracelular e liberação maciça de neurotransmissores adrenér-
gicos, colinérgicos e GABA (acido gama-amino-butírico).
Quadro clínico
Após a picada, há dor local imediata que pode ser 
intensa e irradiar-se aos gânglios linfáticos regionais. A 
dor pode se generalizar e ocorrer tremores, agitação, 
contraturas musculares, dor abdominal. São descritos 
trismo, blefaroconjuntivite, sudorese, hipertensão ar-
terial, taquicardia que pode evoluir para bradicardia, 
retenção urinária, priapismo e choque.
Exames complementares
Não há descrição na literatura brasileira de altera-
ções laboratoriais.
Tratamento
O soro antilatrodéctico não está disponível no Bra-
sil atualmente. 
O tratamento sintomático inclui analgésicos e ben-
zodiazepínicos do tipo diazepam (5 a 10 mg em adul-
tos, 1 a 2 mg/kg/dose em crianças, IV a cada 4 horas), 
clorpromazina (25 a 50 mg em adultos, 0,55 mg/kg/
dose em crianças, IM a cada 8 horas) até a reversão 
da sintomatologia do envenenamento.
26
Várias famílias e gêneros de lagartas (Figura 24 e 
25) denominadas urticantes podem causar acidentes 
benignos com repercussão limitada ao local de conta-
to das cerdas com a pele. Apenas o gênero Lonomia 
(Figura 26) é responsável por quadro sistêmico que 
pode levar a complicações e óbito decorrente de san-
gramentos.
Acidentes causados por Lonomia são particular-
mente importantes na região Sul, que concentra a 
maioria dos casos registrados em todo o país, apesar 
do registro de acidentes em quase todo o Brasil.
Mecanismo de ação do veneno
O veneno de Lonomia provoca distúrbio na coa-
gulação sanguínea, por dois mecanismos: atividade 
pró-coagulante do veneno por ativação de um ou mais 
fatores de coagulação, como fator X e protrombina (L. 
obliqua) e ação fi brinolítica além da pró-coagulante (L. 
achelous). O resultado fi nal se traduz no consumo dos 
fatores de coagulação e consequente incoagulabilida-
de sanguinea. Também é descrita atividade hemolítica 
do veneno.
ACIDENTE POR LAGARTA DO GÊNERO LONOMIA
27
Acidentes por animais peçonhentos
Quadro clínico
Local: de início imediato, é indistinguível daquele 
causado por lagartas de outros gêneros ou famílias. 
São observados: dor em queimação, muitas vezes 
intensa e irradiada para o membro, e eventualmente 
com prurido discreto; edema e eritema (Figura 27), 
muitas vezes com lesões puntiformes decorrentes da 
compressão das cerdas na pele (Figura 28); infarta-
mento ganglionar regional, vesiculação e, mais rara-
mente, bolhas e necrose na área do contato na evolu-
ção durante as primeiras 24 horas. 
Sistêmico: alguns pacientes podem evoluir com a 
chamada síndrome hemorrágica, que se instalam al-
gumas horas após o acidente. Manifestações inespe-
cíficas como cefaleia, mal estar, náuseas e dor ab-
dominal podem ocorrer, muitas vezes associados ou 
antecedendo o aparecimento de sangramentos. O 
quadro hemorrágico mais frequente inclui equimoses 
(Figura 29) e hematomas de aparecimento espontâ-
neo ou provocados por traumatismo/ venopunção, 
gengivorragia e hematúria (Figura 30). Epistaxe e 
sangramentos em outros sítios que podem determinar 
maior gravidade como hematêmese, hemoptise e he-
morragia intracraniana são relatados. 
Lesão renal aguda e mais raramente insuficiência 
renal crônica são complicações descritas.
Exames complementares
Provas de coagulação (Tempo de Protrombina, 
Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada, Tempo de 
Trombina e Tempo de Coagulação (TC)): cerca de 
50% dos pacientes acidentados por Lonomia apre-
sentam distúrbio na coagulação sanguínea, com ou 
sem sangramentos, cuja melhora costuma ocorrer 24 
horas após a administração do antiveneno específico. 
Contagemde plaquetas pode estar alterada, so-
bretudo nos casos graves; 
Bilirrubina total e indireta e DHL encontram-se ele-
vadas quando há hemólise; 
Uréia e creatinina devem ser avaliadas nos quadros 
com síndrome hemorrágica para detecção de LRA. 
Tratamento
O tratamento específico com soro antilonômico 
(Salon) está indicado para os casos moderados e gra-
ves, ou seja, aqueles que evoluem com coagulopatia 
(quadro 10).
Para a dor que ocorre logo após o contato pode ser 
utilizado compressas frias ou geladas.
Nas formas com alteração sistêmica, deve se fazer 
a correção da anemia com concentrado de hemácias 
quando necessário.
Não há indicação para administração de plasma, 
fatores de coagulação ou vitamina K para reversão da 
coagulopatia, que ocorre após a administração do an-
tiveneno. Importante lembrar ainda que os plasma/
fatores de coagulação não devem ser administrados 
na ausência do antiveneno, pois sua utilização nessas 
situações está associada a piora ou demora na recu-
peração da síndrome hemorrágica.
Expansão com cristaloide deve ser iniciada pre-
cocemente; se paciente evoluir com LRA oligúria, o 
aporte hídrico deve ser reavaliado. 
Na presença de LRA, fazer correção de distúrbios 
eletrolíticos, de alterações do equilíbrio ácido-base e 
avaliar os critérios para indicação de diálise.
28
Quadro 10: Tratamento do envenenamento por Lonomia segundo a gravidade
Acidente Gravidade Soro Nº de ampolas Tratamento geral
Acidente por 
Lonomia
Leve: quadro	local	apenas;	teste	de	coagu-
lação normal
Antilonômico
(SALon)
-
Compressa	com	gelo	ou	água	gelada;	
analgesia de acordo com a inten-
sidade da dor
Moderado:	quadro	local	presente	ou	não;	
sangramento pode ou não ocorrer (quando 
presente:	em	pele	e/ou	mucosas);	teste	de	
coagulação alterado
5
Expansão com cristalóide e monitora-
mento da função renal
Grave: independente do quadro local, 
presença de sangramento em vísceras ou 
complicações com risco de morte ao pa-
ciente;	teste	de	coagulação	alterado
10
Expansão com cristalóide e monitora-
mento da função renal, reposição de 
hemácias se necessário. Não admin-
istrar plasma, fatores de coagulação 
ou	vitamina	K	como	alternativa	ao	
antiveneno
29
Acidentes por animais peçonhentos
Na ordem Himenoptera estão incluídas as abelhas, 
vespas e formigas. Podem causar quadro alérgico, 
decorrente de poucas picadas, em pessoa previamen-
te sensibilizada, ou quadro tóxico, devido ataque por 
múltiplas abelhas ou vespas.
Poucas informações são disponíveis sobre ataques 
causados por himenópteros, cuja ocorrência aumen-
tou a partir da década de 1950, quando foram intro-
duzidas acidentalmente abelhas africanas no Brasil, 
ocorrendo rápida expansão de abelhas africanizadas 
pelo continente. 
Serão aqui abordados apenas os acidentes decor-
rentes de ataques maciços. 
Mecanismo de ação do veneno 
Dentre os componentes do veneno das abelhas 
destacam-se fosfolipases e melitina que atuam, de for-
ma sinérgica, levando à lise de membranas celulares. 
O peptídio degranulador de mastócitos (PDM) é res-
ponsável pela liberação de mediadores de mastócitos 
e basófi los, como a histamina, serotonina e derivados 
do ácido araquidônico. Estão presentes também no 
veneno aminas biogênicos como histamina, seroto-
nina, dopamina e noradrenalina, que podem levar a 
vasodilatação, aumento da permeabilidade capilar e 
intoxicação adrenérgica.
 
Quadro clínico
A reação tóxica sistêmica causada por múltiplas 
picadas inicia-se com uma intoxicação histamínica, 
com sensação de prurido, rubor e calor generalizados, 
podendo surgir pápulas e placas urticariformes disse-
minadas, hipotensão, taquicardia, cefaleia, náuseas 
e/ou vômitos, cólicas abdominais e broncoespasmo. 
Seguem-se manifestações de intoxicação adrenérgi-
ca (taquicardia, sudorese, hipertermia) rabdomiólise e 
hemólise. Convulsões e arritmias cardíacas são me-
nos frequentes. 
Complicações como insufi ciência respiratória agu-
da, LRA e CIVD podem ocorrer.
Exames complementares
São observados: 
Hemograma: anemia, leucocitose com neutrofi lia, 
plaquetopenia, reticulocitose.
Bioquímica: elevação de CPK, AST, ALT, DHL, bilir-
rubina total com predomínio de indireta, hemoglobina 
livre, diminuição dos níveis séricos de haptoglobina li-
vre. Uréia e creatinina devem ser solicitadas para ava-
liar a função renal, bem como eletrólitos como sódio e 
potássio e gasometria.
Tratamento
Não existe antiveneno disponível no Brasil, sendo 
o tratamento feito com medidas de suporte: 
•retirada do ferrão imediatamente após o acidente 
e de forma cuidadosa, para não comprimir a glândula 
presente no aguilhão.
•anti-histamínico e corticosteroides; 
•expansão com cristaloide para os casos de hipo-
tensão, bem como para facilitar a excreção de mio e 
hemoglobina. 
•para o controle da intoxicação adrenérgica reco-
menda-se prazosin;
•dependendo da complicação, avaliar a necessida-
de de diálise, ventilação mecânica.
Estima-se que acidentes com mais de 500 picadas 
sejam potencialmente letais. O prognóstico depende 
de atendimento e condições de suporte adequados 
que devem ser realizados precocemente. 
SOROTERAPIA
Os soros antivenenos são concentrados de imuno-
globulinas específi cas e purifi cadas obtidas pela hipe-
rimunização de cavalos com venenos dos diferentes 
animais peçonhentos. Devem ser utilizado em pacien-
tes com manifestações clinico-laboratoriais do enve-
nenamento. É necessário considerar a possibilidade 
de haver picada sem envenenamento (“picada seca”).
A administração do antiveneno deve ser específi ca 
de acordo com o tipo de envenenamento, indepen-
dentemente do animal causador do acidente ter sido 
identifi cado ou não e baseado na presença de mani-
festações clínicas. Não existe no Brasil um antivene-
no polivalente.
O tempo decorrido entre acidente e tratamento é 
fator prognóstico de fundamental importância. Por 
exemplo, para os acidentes ofídicos, intervalos maio-
res que 6 a 12 horas estão mais fortemente associa-
dos a complicações locais e sistêmicas. 
ACIDENTE POR HIMENÓPTEROS
30
Os soros antivenenos são concentrados de imuno-
globulinas específicas e purificadas obtidas pela hipe-
rimunização 
O sucesso do tratamento depende também da 
quantidade adequada segundo a gravidade do enve-
nenamento. Quando indicado, o número de ampolas 
não depende da idade ou peso corporal do paciente. 
A via de administração é endovenosa, podendo o 
antiveneno ser diluído em SF ou SG5% na proporção 
de 1:5 a 1:10, e em quantidade compatível com capa-
cidade do paciente em receber o aporte hídrico. Em 
acidentes escorpiônicos, onde há risco de edema pul-
monar, indica-se infundir o antiveneno mais concen-
trado ou mesmo administrá-lo sem diluição.
Os soros antivenenos são concentrados de imuno-
globulinas específicas e purificadas obtidas pela hipe-
rimunização 
O sucesso do tratamento depende também da 
quantidade adequada segundo a gravidade do enve-
nenamento. Quando indicado, o número de ampolas 
não depende da idade ou peso corporal do paciente. 
A via de administração é endovenosa, podendo o 
antiveneno ser diluído em SF ou SG5% na proporção 
de 1:5 a 1:10, e em quantidade compatível com capa-
cidade do paciente em receber o aporte hídrico. Em 
acidentes escorpiônicos, onde há risco de edema pul-
monar, indica-se infundir o antiveneno mais concen-
trado ou mesmo administrá-lo sem diluição.
Todo o paciente que receber antiveneno deve ser in-
ternado por, pelo menos, 24 horas e o tratamento deve 
ser feito preferencialmente em ambiente hospitalar. 
Por sua natureza heteróloga, os antivenenos po-
dem causar reações precoces (anafilática ou anafilac-
tóide) e tardias (doença do soro). A reação precoce 
pode ocorrer durante a infusão e nas primeirashoras 
após a soroterapia. 
A administração prévia de anti-histamínicos (difeni-
dramina 50 mg EV em adultos e 1 mg/kg em crianças) 
e corticosteróides (hidrocortisona 300 a 500 mg em 
adultos, e 4 a 8 mg/kg em crianças) pode diminuir a 
frequência e/ou intensidade das manifestações alér-
gicas, porém não previnem totalmente o aparecimen-
to de reações que variam desde urticária até choque 
anafilático. Portanto a soroterapia deve ser adminis-
trada sob supervisão. 
Teste de sensibilidade ao soro não deve ser reali-
zado, pois tem baixo valor preditivo. 
Na vigência de reações precoces, a soroterapia 
deve ser interrompida e as manifestações tratadas de 
acordo com a intensidade e localização. A droga de 
escolha é a adrenalina (para adulto, 1/3 ampola por 
via subcutânea). Após tratada a reação precoce, a so-
roterapia deve ser reiniciada mais diluída e em infusão 
mais lenta, sob estrita observação.
Embora de baixa frequência, a doença do soro 
pode determinar o aparecimento, 5 a 21 dias após a 
soroterapia, de febre, artralgia, urticária, adenomega-
lia. O tratamento com prednisona por via oral (adultos: 
20 a 40 mg/dia, crianças: 1 mg/kg/dia) por 5 a 7 dias 
mostra resultados satisfatórios.
Todos os soros antivenenos produzidos no Brasil 
(Instituto Butantan-SP, Fundação Ezequiel Dias-MG, 
Instituto Vital Brazil-RJ e Centro de Produção e Pes-
quisa em Imunobiológicos-PR) são adquiridos pelo 
Ministério de Saúde que distribui às secretarias esta-
duais de saúde e estas, por sua vez, a hospitais cre-
denciados em municípios estratégicos, não havendo, 
portanto, venda comercial no país.
31
Acidentes por animais peçonhentos
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