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CARTA DE CONTESTAÇAO EMPRESA DE ELETRICIDADE

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A 
EMPRESA DE ELETRICIDADE
REF: CARTA DE CONTESTAÇAO
UNIDADE CONSUMIDORA: XXXXX
FATURA: XX/2...
VALOR COBRADO – R$ XXXXX
NESTA
PREZADOS SENHORES,
	XXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, casado, profissão, portador do CPF nº XXXXXXXXXXX e do RG nº XXXXXXXXXX, representado neste ato por sua esposa XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileira, casada, profissão, portadora do CPF nº XXXXXXXXXX e do RG nº XXXXXXXXXX, residente e domiciliada à XXXXXXXXXXXXXXX - CEP – XXXXXXXX, bairro do XXXXXXX na cidade de XXXXXXXXXXXX.
I – DOS FATOS
O autor e sua esposa, são proprietários de uma casa residencial localizada na XXXXXXXXX, - CEP – XXXXXXXX, bairro do XXXXXXX na cidade de XXXXXXXXXXXX.
Nessa residência Exª, apenas habitavam por ocasião do episódio aqui relatado, a filha mais nova do casal, a jovem XXXXXXXXXXXXX e a esposa do autor XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, sendo que esta é XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX no município de XXXXXXXXXXXX, laborando e RESIDINDO DURANTE A SEMANA, nesta cidade, desde setembro de 2..., conforme comprovação nos anexos, e retornando para a sua residência ( em epígrafe) apenas para passar os sábados e domingos.
O autor, reside desde XXXXXXXX 2012 na cidade de XXXXXXX estado do XXXXX, para onde fora transferido e encontra-se desde então até a presente data também conforme comprovação anexada nos autos.
Em XX de janeiro de 2..., ao procurar a empresa para fornecimento de comprovantes atualizados de débitos, a srª XXXXXXXX, foi surpreendida com uma notificação em forma de processo de cobrança já instaurado sob o nº XXXXXXXXXXXX da referida empresa, atribuindo-lhe o valor absurdo e porque não dizer arbitrário de R$ XXXXXXXXX a título, segundo a empresa, de PROCEDIMENTO IRREGULAR-CONSUMO FORA DA MEDIÇÃO.
	Isto posto senhores, eis a relação de consumo e pagamento das faturas vigentes em todo o ano de XXXX e até julho de XXXX, mês a mês ( anterior ao mês de agosto de XXXXX, apontado pela EMPRESA como sendo o mês em que os valores extrapolaram absurdamente) para a unidade consumidora XXXXX ( a residência acima citada, onde moram) apresenta os seguintes valores cujas comprovações, através das faturas mensais emitidas pela EMPRESA, também encontram-se anexadas nos autos, todas religiosamente pagas:
Janeiro/2... – R$ 220,34
Fevereiro/2... – R$ 257,89
Março/2... – R$ 160,79
Abril/2... – R$ 127,70
Maio/2... – R$ 135,22
Junho/2... – R$ 170,15
Julho/2... – R$ 173,41
Agosto/2... – R$ 
Setembro/2... – R$ 149,58
Outubro/2... – R$ 167,62
Novembro/2... – R$
Dezembro/2... – R$ 115,46
Janeiro/2... – R$ 165,10
Fevereiro/2... – R$ 44,76
Março/2... – R$ 178,63
Abril/2... – R$ 216,69
Maio/2... – R$ 133,37
Junho/2... – R$ 146,63
Julho/2... – R$ 191,03
Agosto/2... – R$ 191,03
	Importante ressaltar que a Ré, emitiu um comprovante que vai também anexado nos autos, de supostos valores por ela contabilizados, mês a mês, desde janeiro de 2014, que não condizem com os valores efetivamente pagos pelos autores, passivo de explicação por parte da Ré.
A alegação da empresa, é a de que irregularidades foram detectadas no medidor de consumo de energia que fica no poste, do outro lado da rua onde está situada a residência em questão, sendo importante relatar que 02 ( dois) funcionários caracterizados apenas com fardamento da empresa XXX, em veículo caracterizado como sendo da empresa, sem portar qualquer meio de identificação e ainda sem sequer identificarem-se à filha do casal, bateram à porta e disseram haver encontrado “tal irregularidade”, tendo ambos inclusive insinuado que “poderiam dar um jeito” sem que houvesse a necessidade de o caso ir a outra esfera dentro da empresa.
Por tratar-se a autora, srª XXXXX, mulher, mãe de família, e portanto temerosa de que se tratasse de alguma cilada, a mesma não abriu a porta e a conversa deu-se da porta da casa para o pátio externo sendo que do pátio para a rua, um portão de grades separa a garagem da casa da calçada da rua, onde um deles ficou e “ofertou” tal benefício.
Tal irregularidade alegada pelos prestadores de serviços da EMPRESA é o que comumente no jargão popular, denomina-se “gato”, ou seja, segundo a empresa “após a avaliação no local ( poste) do equipamento de medição de energia elétrica, sem a presença de algum morador da residência ( embora no termo de ocorrência n° XXXX, os prestadores de serviços afirmem que a srª XXXXXX encontrava-se presente, o que é uma ilação na verdade), foram ainda segundo os mesmos, “constatadas” as irregularidades assinaladas no referido documento e que cuja cópia que foi entregue a autora, impede-nos de decifrar o que está apontado, sendo que alguns dos itens constante do referido documento, encontram-se anotados.
Em XX de janeiro de 2..., os autores receberam via correios, uma carta registrada, enviada pela EMPRESA, esclarecendo que os relatórios apresentados pelos prestadores de serviços da empresa, confirma que houve intervenções de terceiros não autorizados pela concessionária no medidor. Estas intervenções impediam que o medidor registrasse corretamente as grandezas a serem faturadas” Diante disso, foi mantido o valor de R$ XXXXXXXXX para segundo a EMPRESA, pagamento imediato sob pena de suspensão no fornecimento da energia elétrica tão importante e vital para a diminuta família, não permitindo haver manifestação num prazo de 30 dias, como é o normal de praxe em casos semelhantes.
Entretanto, necessário observar-se alguns requisitos mínimos e que configuram prática abusiva, o que para o Direito deve ser rechaçado de pronto:
a) Da impossibilidade de imputação de pseudo irregularidade aos autores: 
A imputação de responsabilidade por suposta irregularidade no medidor de energia elétrica ao autor é abusiva, desrespeitosa e no mínimo suspeita sob vários aspectos, principalmente pela atitude adotada pelos funcionários da Ré, que deixaram claro que poderiam conduzir “tal irregularidade” de outra maneira de modo que não “prejudicasse” a autora e aos seus. Mais ainda quando acompanhada de ameaça de interrupção do fornecimento de energia elétrica. 
O primeiro aspecto é o da falta de manutenção, por parte da empresa, dos equipamentos e da rede de distribuição de energia elétrica. É de responsabilidade da EMPRESA tal manutenção, como consequência lógica e jurídica da atividade empresarial que desenvolve. 
Ora, se a EMPRESA faz medições de consumo de energia mensalmente, por meio de seus prepostos, como pode levar tanto tempo para detectar suposta irregularidade no medidor de energia elétrica? 
Não pode a empresa, para compensar seu comportamento moroso com a manutenção de seus equipamentos, imputar, pura e simplesmente, de forma unilateral, a suposta irregularidade aos autores. 
Além disso, essa suposta irregularidade ( se é que de fato existiu, posto que a atitude dos funcionários aponta para extorsão mediante ameaça) pode inclusive ter derivado justamente do desgaste dos equipamentos da rede de distribuição de energia, de falha interna do medidor, de condições ambientais dos medidores não previstas pela empresa, ou mesmo ação de terceiros, desconhecida pelo autor. 
Desse modo, em razão do seu dever de manutenção, como ônus e risco da própria atividade empresarial que explora, a responsabilidade por irregularidades nos equipamentos de prestação de serviço de energia elétrica é da própria EMPRESA até prova em contrário.
Em razão disso, não se pode, com base num mero ato administrativo (uma resolução da ANEEL), e sob a ameaça de interrupção no fornecimento de energia, de forma unilateral e abusiva (por meio do mencionado TOI), atribuir ao consumidor responsabilidade pela existência de irregularidade nos aparelhos medidores de energia elétrica. 
Portanto, manifestamente incabível o artigo 105 da Resolução nº 456/00, pois, se a EMPRESA é proprietária do equipamento e responsável pela sua verificação periódica, não se pode transferir o ônus da obrigação de manutenção e guarda ao consumidor, eis que as condições gerais do contrato de prestação de serviço de energia elétrica devem estar em consonância com a lei de concessões(Lei nº 8.987/95) a qual estabelece os direitos e deveres do usuário, que não faz qualquer referência à obrigação de depositário fiel em desfavor do consumidor. 
Nesse contexto, o poder regulamentar da ANEEL extrapolou o princípio da legalidade, por estar em desacordo com o artigo 51, inciso I, do CDC. 
O segundo aspecto que demonstra a prática abusiva e desrespeitosa da Ré é imputar unilateralmente e de plano ao autor, a responsabilidade por suposta irregularidade nos medidores de energia elétrica, em flagrante desrespeito ao princípio constitucional do devido processo legal, ao princípio da boa-fé objetiva e às regras básicas de ônus da prova. 
De outro lado, é regra basilar no direito, que o ônus da prova incumbe a quem alega. Não basta a ré, unilateralmente, no documento denominado TOI, imputar a responsabilidade pela existência da suposta irregularidade à autora. Deveria, antes de qualquer providência comprovar a existência e a autoria das irregularidades para, somente depois, fazer as exigências cabíveis. 
Tal comportamento fere o Código de Defesa do Consumidor, principalmente em seus artigos 51, IV e VI e 42. 
Desse modo, pelos motivos acima expostos, é abusivo o comportamento da empresa-ré de imputar unilateralmente e de plano, fora do devido processo legal e ofendendo o princípio da boa-fé objetiva, irregularidade no medidor de energia elétrica da autora, devendo tal comportamento ser coibido pelo Poder Judiciário, conforme o já exposto acima.
b) Do cálculo virtual, hipotético do valor do suposto débito: 
A EMPRESA, para calcular a quantidade de energia que ela entende que o usuário teria consumido durante o período da suposta irregularidade, toma como critério o maior valor de consumo de energia elétrica e/ou potências ativas e reativas excedentes, ocorridos em até 12 (doze) ciclos completos de medição normal imediatamente anteriores ao início da irregularidade (Resolução 456 de 29/11/2000, da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, artigo 72, inciso I e alíneas, e inciso IV, alínea b). 
Ora, tal procedimento é calcado em um ato administrativo (Resolução da ANEEL) que não encontra arrimo em nenhuma determinação legal, ou seja, é completamente ilegal, uma vez que não cabe a uma agência reguladora legislar, ainda mais sobre direito do consumidor. 
Além de não encontrar fundamento na lei, essa resolução contraria o Código de Defesa do Consumidor, porque atribui aos usuários um consumo de energia hipotético, virtual, estimativo, não real, totalmente divorciado da quantidade de energia efetivamente consumida pelo usuário. 
Destarte, caso a EMPRESA constatasse, de acordo com o devido processo legal, irregularidade no medidor de energia elétrica da autora, durante o período mencionado, deveria ela apurar o valor devido de acordo com um método real, que mensurasse a quantidade exata do suposto consumo irregular de energia elétrica. 
Caso contrário, haverá enriquecimento ilícito e desvantagem exagerada para o consumidor, contrariando as normas do CDC, visto que o usuário só poderá ser cobrado pela energia que, de fato, consumiu. 
Desse modo, é ilegal a estimativa de cálculo feita pela ré segundo critérios exclusivos desta, com base em resolução da ANEEL, visto que tal resolução, além de não integrar o sistema de proteção ao consumidor, fere o CDC.
c) Da não responsabilidade do autor: 
Partindo-se do pressuposto de que a imputação de fraude ou adulteração é verdadeira, não se tem como determinar em que momento esta efetivamente ocorreu. Já se vislumbra nesse aspecto a subjetividade e a arbitrariedade na eleição de critérios pela EMPRESA para estimar o possível valor da energia desviada do registro.
Diante do exposto, solicitamos análises em todos os itens aqui mencionados, deixando bastante claro que outro caminho não restará que não o da justiça a fim de salvaguardar os interesses aqui feridos dos autores.
Que a dívida inexplicada e equivocada apontada como sendo dos autores, seja imediatamente cessada sob pena de ação judicial inclusive de reparação por danos morais, posto que tentativa de extorsão foi praticada em nome da empresa EMPRESA, por seus colaboradores, em flagrante desrespeito as leis, cabendo inclusive ação de cunho penal.
Nesses termos, pede e espera deferimento.
LOCAL, ESTADO, XX de XXXXX de 2...
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 AUTOR

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