Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal da Paraíba Departamento de Química Soluções Prof. Ricardo Alexandre Cavalcanti de Lima João Pessoa - Paraíba Soluções aquosas de substâncias inorgânicas 2.1 – Natureza das soluções Solução → mistura homogênea de duas ou mais substâncias Solução → Soluto (s) + Solvente (s) Componente que é dissolvido (em geral o menos abundante) Agente da dissolução (em geral, está em maior proporção) Solução verdadeira Aquela em que as partículas do soluto dissolvido são moleculares ou iônicas em tamanho, com dimensões, em geral, na faixa de 0,1 a 1 nm ( 10-8 a 10-7 cm). As partículas do soluto são distribuídas ao acaso. Classificações das soluções 1- Quanto ao estado físico do solvente a) sólida - ligas metálicas - amálgama de ouro (Au(Hg)) - H2 em paládio - ouro de 12 quilates : partes iguais de Au e Ag - moeda de níquel: 25% w/w dissolvido em Cu Informação : ouro puro → 24 quilates b) líquida - NaCl em H2O - álcool em H2O - O2 em H2O ( OD → um dos parâmetros de qualidade de H2O ) - um coquetel de bebidas c) gasosa - ar puro ≡ mistura de N2 , O2 e outros gases Não constituem soluções - neblina → moléculas de H2O em gotas grandes o suficiente para serem visíveis ( ≡ suspensão de H2O no ar ) - coberturas de sorvete - suspensões de antibióticos Quanto ao estado físico do solvente, interessa- nos as soluções líquidas com o solvente água Soluções líquidas de interesse no laboratório Soluto mols de soluto/L % em peso (soluto) Densidade (g/mL) HCl 12 36 1,18 HNO3 16 72 1,42 H2SO4 18 96 1,84 NH3 15 28 0,90 2) Quanto à proporção entre soluto e solvente a) diluídas ( ≤ 0,1 mol/L ) b) concentradas ( > 0,1 mol/L ) 3) Quanto à solubilidade do soluto no solvente Solubilidade quantidade de soluto que se dissolve numa dada quantidade de solvente sob condições determinadas de T e p) a) saturada : contém a máxima quantidade de soluto dissolvido em um dado volume de solvente a uma dada temperatura. Exs. : Açúcar → 200g / 100 ml ( 20ºC ) CaSO4 → 0,2 g / 100 ml ( 20ºC ) b) insaturada: contém uma quantidade de soluto dissolvido inferior à solubilidade. c) supersaturada: contém mais soluto dissolvido que na solução saturada. Representação do comportamento de uma solução supersaturada após alguns dias de preparação e repouso da solução. Atenção! saturada ≠ concentrada insaturada ≠ diluída Exs. : S de BaSO4 = 2,3x10 -4 g/100mL (~10-5 mol/L) S de BaCl2 = 37,24 g/100mL (~ 1,79 mol/L ) T = 18ºC Como se formam as soluções ? Qual o mecanismo do processo de dissolução? Depende das intensidades relativas de 3 forças atrativas : a) forças soluto-soluto (antes da dissolução) b) forças solvente-solvente (antes da dissolução) c) forças soluto-solvente ↓ alta solubilidade de um sólido em um líquido - fracas forças soluto-soluto → medidas pela energia reticular do sólido - fortes forças soluto-solvente → medidas pela energia de solvatação Outros fatores importantes: - temperatura - pressão (soluto gasoso) Fatores que afetam a solubilidade - Temperatura regra geral: P/ maioria dos sólidos → S ↑ qdo. T ↑ Ex. : NaCl , KNO3 etc. Exceção : Li2SO4 → S ↓ com ↑ T Variação da solubilidade de alguns sais com a temperatura. Continuando a classificação : 4) Quanto à natureza das partículas dispersas a) eletrolíticas ( ou iônicas ) → partículas dispersas → íons + e - → conduzem corrente elétrica Exs. : NaCl , NaOH , HCl etc.... ( ácidos , bases e sais em geral ) b) não eletrolíticas ( ou moleculares ) → partículas dispersas → moléculas não conduzem corrente elétrica Exs. : etanol , açúcar etc... Conceito de eletrólito e não – eletrólito ↓ depende do solvente Exs.: NaCl em H2O → eletrolítica NaCl em hexano → não eletrolítica II.5. Eletrólise → processo em que ocorrem reações químicas pela passagem de corrente elétrica ( - ) Cátodo → 2H+ +2e- → H2 (g) ( + ) Ânodo → 2Cl- → Cl2 (g) + 2e - Reação química nos eletrodos ↓ decomposição de HCl Reações que ocorrem durante a eletrólise podem ser estudadas numa cela eletrolítica Outra característica das soluções não- eletrolíticas → o nº de partículas em solução é igual ao nº de partículas dissolvidas eletrolíticas → o nº de partículas em solução é 2, 3 ou mais vezes o nº de partículas dissolvidas Para explicar essas características das soluções eletrolíticas. Para explicar esta característica das soluções eletrolíticas Teoria da Dissociação Eletrolítica (Svante Arrhenius, 1887) Postulados de Arrhenius 1) Os eletrólitos quando se dissolvem em água se dissociam em íons. 2) Na eletrólise de soluções eletrolíticas os íons + migram para o eletrodo – e os – migram para o eletrodo + 3) Os eletrólitos se classificam em : a) fortes → dissociam completa/ em solução b) fracos → dissociam pouco em solução 4) A dissociação eletrolítica é um processo reversível que varia com o grau de diluição Representação da Dissociação Eletrolítica KCl K+ + Cl- MgCl2 Mg 2+ + 2 Cl- Al2(SO4)3 2 Al 3+ + 3 SO4 2- 5) A condutância da solução é relacionada à fração ionizada. o nº de partículas liberadas pela dissociação dos eletrólitos em água varia com o tipo de eletrólito. a migração dos íons durante a eletrólise ocorre devido à atração eletrostática dos íons pelo eletrodo de carga oposta. A teoria de Arrhenius explica os seguintes fatos: dissociadontecompletame1 odissociaçãhán0 1a0deiavar Grau de dissociação ou de ionização ( ) parâmetro que avalia a tendência de um soluto à dissociação ( ou à ionização ) fração das moléculas efetivamente dissociadas moléculasdetotaln issociadasmoléculasdden º º de um eletrólito → determinado por métodos experimentais : a) Crioscopia abaixamento do ponto de congelamento (ΔTc) b) Ebulioscopia elevação do ponto de ebulição (ΔTe ) ΔTc e ΔTe são proporcionais ao nº de partículas dissolvidas em solução c) medidas de condutância → condutância equivalente da solução de concentração c → condutância equivalente à diluição infinita O C A condutância de um eletrólito depende: do nº de íons em solução da mobilidade dos íons Com base no grau de dissociação as substâncias inorgânicas são classificadas em : - Eletrólitos fortes → ácidos e bases fortes, sais. - Eletrólitos fracos → ácidos e bases fracas Tabela 1. Classificação dos Eletrólitos Eletrólitos fortes Eletrólitos fracos Os ácidos inorgânicos: HNO3, HClO4, H2SO4, HCl, HI, HBr, HClO3, HBrO3 Hidróxidos alcalinos e alcali- no terrosos e alguns hidróxi- dos de metais pesados A maioria dos sais Muitos ácidos inorgânicos como: H2CO3, H3BO3, H3PO4 H2S, H2SO3 Amônia e a maioria das bases orgânicas A maioria dos ácidos orgânicos Halogenetos, cianetos e tiocianatos de Hg, Zn e Cd Para explicar o comportamento dos eletrólitos fortes Teoria Moderna dos Eletrólitos Fortes Para eletrólitos fracos → quanto maior a diluição maior o grau de dissociação (conforme Arrhenius) CH3COOH CH3COO - + H+ Dissociação envolve ionização mas proporção de íons pequena Eletrólitos fortes → geralmente constituídos de íons no estado sólido → soluções completamente ionizadas NaCl → Na+ + Cl- Comportamento esperado k proporcional a c = constante independente de c Nº de íons em solução é constante independente da diluição Condutância equivalente de eletrólito forte e fraco. ( Fonte: Otto A.Olhweiler, Análise Quantitativa.3 ) Comportamento observado na prática : varia com c Como a condutividade ( k )varia com c na prática ? Causas do desvio da proporcionalidade Efeito da atração interiônica Ao migrarem para o eletrodo de carga oposta, os íons (+) são atraídos pelos íons (-) presentes na solução, retardando a migração. Efeito eletroforético Íons rodeados de moléculas de água têm dificuldade de migrar através da solução em virtude do atrito entre os íons solvatados. Visualização de uma solução eletrolítica hipotética Para explicar este comportamento Teoria da Atração Interiônica (Debye – Hückel,1923) Teoria dos pares iônicos ( Bjerrum, 1926) Atividade e coeficiente de atividade As forças eletrostáticas de atração e repulsão entre os íons de um eletrólito forte, entre outros fatores, têm influência sobre a capacidade de reação destes íons. atividade Definição: Atividade (a) de um íon é sua concentração efetiva ou atuante nas reações químicas. Ex. Se a atividade dos íons H+ e Cl- numa solução 0,1 mol/L de HCl for 0,0814 que estes íons atuam nas reações como se a sua concentração não fosse 0,1 mol/L mas sim 0,0814 íon-g/L. Coeficiente de atividade (f) = razão entre atividade de um íon e a sua concentração analítica No ex.: f = 0,0814 / 0,1 significa Generalizando, f = a / c onde, f = fator ou coeficiente de atividade a = atividade (mol/L) c = concentração (mol/L) Assim, A atividade (a) de um íon A é igual ao produto da sua concentração pelo fator de atividade correspondente aA = fA x [A] Na teoria dos eletrólitos fortes, f serve para medir a ação das forças interiônicas sobre a atividade química do íon. Se f < 1 a < c o íon é influenciado em seus movimentos e comporta- se como se a sua concentração fosse mais baixa que sua concentração real. Se f = 1 a = c e o íon atua quimicamente, em função da sua concentração na solução. Para os eletrólitos fortes, f=1 somente em soluções extremamente diluídas (~0,0001mol/L). Para soluções diluídas de eletrólitos fracos, f 1 e a = c Inicialmente, os fatores de atividade foram introduzidos de modo empírico. Em seguida, a teoria dos eletrólitos fortes permitiu calcular teoricamente os valores de f. Como? O fator de atividade, f, de um dado íon depende de sua concentração e também da concentração de todos os outros íons em solução. Força iônica, µ ou I (Lewis e Randall, 1921) grandeza que determina a tensão do campo elétrico existente na solução. A expressão matemática de µ é a seguinte: )( 2 1 )( 2 1 22 11 2 nnii ZCZCouZC onde: µ = força iônica; ci = concentração molar do componente i Zi = carga iônica do componente i µ solução = soma das forças iônicas devidas aos compostos individuais f diminui com o aumento de µ (ou I) µ (ou I) é função das concentrações e das cargas de todos os íons presentes na solução. A correlação entre fator de atividade e força iônica pode ser deduzida a partir das equações quantitativas da teoria Debye-Hückel-Onsager (lei limite de DH). 2i333 023 i Z TR1000 2 Ne43,0flog onde: e = carga do elétron N = constante de Avogadro R = constante dos gases ρ0 = densidade do solvente ε = constante dielétrica do solvente T = temperatura absoluta Introduzindo os valores adequados das constantes e dados físicos para soluções aquosas diluídas à temperatura ambiente (T = 298 K), a expressão pode ser simplificada para: Atenção! Esta equação aplica-se a soluções com µ 0,01. 251,0log ii Zf 2591,0log ii Zf 251,0log ii Zf Para soluções com valores de µ > 0,01, Deve-se utilizar a equação de Debye-Hückel ampliada 1 .Z.509,0flog 2ii
Compartilhar