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HABEAS DATA E O DIREITO À INFORMAÇÃO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS
CURSO DE DIREITO
MARINA MARIA DIAS MARTINS RIBEIRO
HABEAS DATA E O DIREITO À INFORMAÇÃO
Coronel Fabriciano
2015
MARINA MARIA DIAS MARTINS RIBEIRO
HABEAS DATA E O DIREITO À INFORMAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.
Orientadora: Serciane Bousada Peçanha
Coronel Fabriciano
2015
MARINA MARIA DIAS MARTINS RIBEIRO
HABEAS DATA E O DIREITO À INFORMAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.
Aprovada em:___/___/_____. Por:
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
Dedico este trabalho a Deus, aos meus pais, aos meus irmãos e a todos meus familiares.
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me capacitado para superar todos os obstáculos durante estes cincos anos de curso. A minha família e o meu namorado pelo carinho, apoio e incentivo. Aos amigos pela força e compreensão nos momentos de estudos. Aos professores e colegas de curso pelos momentos que passamos juntos. A minha professora orientadora Serciane Bousada Peçanha pelo suporte dado na realização deste trabalho. E a todos que acreditaram e me ajudaram nesta caminhada.
“Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se as que lá existem são executadas, pois boas leis há por toda parte.” 
(MONTESQUIEU, 1748)
RESUMO
	
Esta monografia apresenta um breve estudo sobre o habeas data e o direito à informação. O habeas data é um remédio constitucional que foi consagrado no ordenamento jurídico brasileiro a partir da Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso LXXII, que tem como objeto garantir ao cidadão o acesso às informações de caráter pessoal, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de entidades de caráter público. Com a instituição do habeas data, fazia-se necessária a edição de uma lei específica que o disciplinasse, assim, foi editada a Lei nº 9.507/1997 para regular o direito de acesso a informações e disciplinar o rito processual do habeas data. Esse trabalho teve como objetivo demonstrar os principais aspectos referentes ao habeas data, identificando o direito por lei protegido (direito de informação, retificação e anotação de dados personalíssimos contido no art. 5º, LXXII da CRFB/88 ) em contraponto com os direitos de informação de interesse particular, coletivo ou geral e de certidão (art. 5º, XXXIII e XXXIV CRFB/88) que serão requeridos via o mandado de segurança. 
Palavras-chave: Habeas data. Direito à informação. Remédio constitucional.
ABSTRACT
 This paper presents a brief study on habeas data and the right to information. Habeas Data is a constitutional remedy which has been enshrined in the Brazilian legal system since the 1988 Federal Constitution, in Article 5, paragraph LXXII, whose object assure citizens access to personal information, contained in records or banks data from government entities or public character entities. With the institution of habeas data, editing a specific law it was required that the disciplinasse thus was enacted Law No. 9,507 / 1997 to regulate the right of access to information and regulate the legal proceedings of habeas data. This study aimed to demonstrate the main aspects relating to habeas data, identifying the right by law protected (right to information, rectification and annotation very personal data contained in Art. 5, LXXII of CRFB / 88) as opposed to the rights of information Of particular interest, collective or general and certificate (art. 5, XXXIII and XXXIV CRFB / 88) that will be required via the injunction.
Keywords: Habeas data. Right to information. Constitutional remedy.
SUMÁRIO
– INTRODUÇÃO............................................................................................... 7
– NATUREZA PROCESSUAL, ORIGEM E PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO.................................................................................................. 8
– Previsão legal............................................................................................. 12
– Objeto tutelado........................................................................................... 13
– O direito de informação, retificação e anotação............................... 14
– O direito de informação....................................................................... 15
– O direito de certidão............................................................................ 19
– O Habeas Data e o princípio da publicidade........................................... 20
– CARACTERÍSTICAS DO HABEAS DATA................................................. 26
– Legitimidade Ativa..................................................................................... 26
 – Legitimidade Passiva............................................................................... 28
 – Requisitos essenciais.............................................................................. 28
 – Liminar....................................................................................................... 30
 – Da falta de dilação probatória.................................................................. 30
 – Da gratuidade da ação e da condenação em custas e honorários de sucumbência ............................................................................................... 33
– CONCLUSÃO.............................................................................................. 34
REFERÊNCIAS................................................................................................... 35
�
1 – INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar os principais aspectos referentes ao habeas data, a fim de identificar o direito por lei protegido: direito de informação, retificação e anotação de dados personalíssimos (art. 5º, LXXII da CRFB/88) e diferenciá-lo dos direitos de informação de interesse particular, coletivo ou geral e de certidão (art. 5º, XXXIII e XXXIV CRFB/88) que serão requeridos por outro remédio constitucional: o mandado de segurança.
O estudo realizado está divido em dois capítulos, sendo o primeiro dedicado a apresentar a natureza processual do referido remédio constitucional, suas origens até a Constituição Federal de 1988, sua prioridade na tramitação, previsão legal e o objeto tutelado. 
Nesse primeiro capítulo ainda serão abordados os três direitos e garantias ligados à informação e à publicidade dos atos do Poder Público (arts. 5º, XXXIII; XXXIV, “b” e LXXII da CRFB/88) e sua tutela jurisdicional. 
Já o segundo capítulo apresentará as principais características desse remédio constitucional tais como a legitimidade ativa e passiva do instituto, além dos requisitos essenciais para sua impetração, concessão de liminar, a falta de dilação probatória, a gratuidade da ação e a condenação de custas e honorários pela parte vencida.
No entanto, ao fazer essa reflexão, é importante compreender que instituto do habeas data não se trata necessariamente de novidade no ordenamento jurídico brasileiro, pois foi consagrado na Constituição Federal de 1988. Contudo, só com a publicação da Lei nº 9.507/1997, é que foi possível ter eficácia real na sua aplicação. 
Apesar da instrumentalidade dessa ação ter sido efetivadahá mais de uma década, percebe-se a sua pouca utilização, servindo as partes, na maioria das vezes, da ação ordinária de exibição de documentos para garantir os direitos tutelados pelo presente remédio constitucional. 
Diante disso, vê-se a relevância dessa monografia, pois visa discutir as características desse instituto e demonstrar as vantagens em se utilizar o Habeas Data que permitirá ao impetrante, a celeridade e economia processual, especialmente, quanto à prioridade do julgamento da demanda (segundo o texto constitucional, serão julgados prioritariamente, o Habeas Corpus e o Habeas Data) , bem como a economia das custas judiciais, não incorrendo à parte o risco de condenação, em caso de julgamento pela improcedência do pedido.
 
 Para atingir esse objetivo, utilizou-se como metodologia uma pesquisa aplicada com abordagem qualitativa, e usando como técnica de pesquisa um levantamento bibliográfico de doutrinas, leis, jurisprudências e artigos.
2 – NATUREZA PROCESSUAL, ORIGEM E PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO
O habeas data é o remédio constitucional cabível para garantir às pessoas físicas ou jurídicas o direito de obter, retificar ou contestar (essas são as três pretensões possíveis) informações pessoais do impetrante (tem que ser informação da própria pessoa, e não de terceiros), constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público (entidades privadas que dão acesso aos dados, exemplo: Serasa ou Serviço de Proteção de Crédito). 
Habeas data é o meio constitucional posto à disposição de pessoa física ou jurídica para lhe assegurar o conhecimento de registros concernentes ao postulante e constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis ao público, para retificação de seus dados pessoais (CF, art. 5º, LLXXII, “a” e “b”) (MEIRELLES et al., 2013, p. 339).
	
Segundo Silva (2013, p. 455):
O habeas data (art. 5º, LXXII) é um remédio constitucional que tem por objeto proteger a esfera íntima dos indivíduos contra: (a) usos abusivos de registros de dados pessoais coletados por meios fraudulentos, desleais ou ilícitos; (b) introdução nesses registros de dados sensíveis (assim chamados os de origem racial, opinião política, filosófica ou religiosa, filiação partidária e sindical, orientação sexual, etc.); (c) conservação de dados falsos com fins diversos dos autorizados em lei.
De acordo com Mello (2012, p. 971) o habeas data:
É o instrumento processual cabível para assegurar o conhecimento ou a retificação de informações relativas à vida do impetrante constantes de registros de bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, entidades estas últimas como sendo as que armazenam ditas informações par utilização do público a que servem, como o Serviço de Proteção ao Crédito, por exemplo.
Quanto à natureza processual do habeas data, existe consenso entre os autores, que definem ser uma ação constitucional de caráter civil, a qual possui rito sumário. Trata-se de ação judicial, uma vez que invoca uma tutela jurisdicional, deve preencher os requisitos processuais e as condições da ação.
Para Meirelles et al. (2013, p. 340), o habeas data:
Trata-se de uma ação civil especial que deverá desenvolver-se em duas fases, a menos que o impetrante já conheça o teor dos registros a serem retificados ou complementados, quando, então, pediria à Justiça que o retificasse, mediante as provas que exibisse ou viesse a produzir. 
Nesse sentido, Moraes (2011, p. 151) dispõe:
O habeas data é uma ação constitucional, de caráter civil, conteúdo e rito sumário, que tem por objeto a proteção do direito líquido e certo do impetrante em conhecer todas as informações e registros relativos à sua pessoa e constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis ao público, para eventual retificação de seus dados pessoais.
A origem do habeas data remonta à década de 1970, na Europa. Os primeiros países que conferiram ao indivíduo o direito de acesso às informações de dados foram à França, com a lei de proteção à intimidade, Lei nº 70.643, de 17 de julho de 1970, e a Alemanha, com a lei de Land de Hesse de 07 de outubro de 1970, seguida posteriormente pela Swedish Data Act of May de 1973 (FERNANDES, 2012, on line).
O instituto também tem sua origem apontada na legislação dos Estados Unidos, por meio da edição em 1974, do Freedom of Information Act, alterado em 1978 pelo Freedom of Information Reform Act, mediante o qual foi possibilitado o acesso da população a relevantes informações constantes de registros e bancos de dados públicos.
Porém, foi na Europa que foi conferido ao indivíduo, pela primeira vez em nível constitucional, a possibilidade de ter acesso às informações constantes de bancos de dados, com o advento da Constituição de Portugal, editada em 1976, e a Constituição da Espanha de 1978, que também se preocupou com o uso da informática em detrimento dos direitos à honra e a intimidade das pessoas, dispondo expressamente sobre o tema.
No direito Francês foi instituído normas bastante avançadas sobre o direito de conhecer e retificar dados pessoais constantes de fichários e registros informáticos, prevendo inclusive sanções penais rigorosas para os casos de violação deste direito, destaque para a Lei nº 78-17, relativa à informática, aos fichários e às liberdades, de 06 de janeiro de 1978 (FERNANDES, 2012, on line).
De acordo com AUAD FILHO (2010, on line): “Na Argentina, após a revisão constitucional de 1994, foi introduzido um instituto assemelhado ao habeas data, sob a forma de Acción Expedita y Rápida de Amparo. Tal disposição constitucional foi regulamentada pela Lei Federal nº 25.326, de 2000”.Segundo Meirelles et al. (2013, p. 340):
O habeas data, embora sem denominação específica, já constava da Constituição de Portugal de 1976 (art. 35º) e da Constituição da Espanha de 1978 (art. 105, “b”). Mas antes dessas Constituições já fora estabelecido por legislação ordinária nos Estados Unidos, ou seja, pelo Freedom of Information Act de 1974, alterado pelo Freedom of Information Reform Act de 1978, visando a possibilitar o acesso do particular às informações constantes de registros públicos ou particulares permitidos ao público. Na França, a Lei sobre Informática e Liberdades, de 6.1.78, garante o direito de acesso e retificação de dados pessoais constantes de registros de caráter público. O habeas data também foi introduzido na Argentina quando da revisão constitucional de 1994, como mais uma das modalidades de acción expedida y rápida de amparo (art. 43). [...]. Na Argentina a matéria está tratada na Lei Federal n. 25.326, de outubro/2000.
Para Fernandes (2012, online): “Na América Latina, a proteção de dados pessoais passou a ganhar força, sobretudo a partir da década de 1980, com o processo de redemocratização e a abertura política de diversos países recém-saídos de regimes autoritários”.
No direito Brasileiro, foi o período da ditadura militar (anos de chumbo) pelo qual passou o Brasil entre 1964 a 1985, o grande motivador para a criação do habeas data. 
Nesse período foi criado um órgão da Presidência da República, o Serviço Nacional de Informações (SNI) por intermédio da Lei nº 4.341, de 13 de junho de 1964, que teria como finalidade “superintender e coordenar, em todo o território nacional, as atividades de informação e contra informação, em particular as que interessem à Segurança Nacional” (BRASIL, 1964, on line). Mas esse órgão armazenava dados pessoais obtidos por vários meios, incluindo coação física e psicológica.
	
Contudo, a ditadura militar, fruto do golpe militar de 1964, tendia a controlar a vida dos brasileiros se valendo de um órgão criado para atender à segurança nacional, quando na verdade reprimia os que não eram a favor do regime ditatorial. Eram arquivados de forma sigilosa, dados e informações referentes a convicções filosóficas, políticas, religiosas e orientações pessoais dos cidadãos, violentandoa intimidade e a vida privada das pessoas.
Durante o período ditadura militar o cidadão que quisesse obter esses dados utilizava-se de outros remédios constitucionais, como o mandado de segurança ou até mesmo o habeas corpus. Porém, quase sempre não era possível conseguir tais dados, seja por alegações de técnica processual, seja pela argumentação de sigilo de informações por força de segurança nacional.
Com o fim da ditadura militar e o processo de redemocratização do país, veio à necessidade de defender o direito do cidadão de obter dos órgãos públicos ou de entidades de serviço público informações que sobre si possuíam, inclusive podendo postular sua retificação (AUAD FILHO, 2010, on line).
Segundo Fernandes (2012, on line): “Com a redemocratização, era importante a criação de um remédio que possibilitasse o acesso a essas informações pessoais armazenadas nos arquivos governamentais ao longo das duas décadas de ditadura militar e nos registros de caráter público.” 
Com isso, surgiu então a necessidade de que fosse criado um instituto jurídico com previsão inclusive na Constituição Federal, que fosse específico para a declaração desses direitos.
Neste sentido, foi idealizado como ação constitucional o instituto do habeas data, que foi consagrado na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso LXXII, que garantiu ao cidadão acesso a informações de caráter pessoal registradas em órgãos do Estado, facultando ao interessado retificar tais informações.
Desta forma, o habeas data foi uma das mais relevantes e importantes inovações trazidas pela Constituição Federal de 1988, constituiu-se em uma garantia constitucional, sob a forma de ação constitucional, visando o direito de informação (AUAD FILHO, 2010, on line).
Nesse sentido, Bahia (2015, p. 45) dispõe:
A criação do habeas data pelo constituinte de 1988 tem estreita relação com os “anos de chumbo” vivenciados pelos brasileiros na época da ditadura militar. Como é fato notório, autoridades faziam uso da prática repugnável de colher informações sobre a vida das pessoas que se insurgiam contra o regime, numa completa violação ao direito fundamental à intimidade.
.
Com a instituição do habeas data, fazia-se necessária a edição de uma lei específica que o disciplinasse, assim, foi editada a Lei nº 9.507/1997 para regular o direito de acesso a informações e disciplinar o rito processual do habeas data, através dessa lei foi também incluída a hipótese de impetrar o habeas data para se fazer anotação, explicação ou contestação referente às informações constantes de banco de dados ou entidades governamentais.
A Lei nº 9.507/97 traz outro aspecto importante do habeas data em seu artigo 19, onde dispõe que os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, com exceção do habeas corpus e mandado de segurança.
Estabelece o artigo 19, da Lei nº 9.507/97:
Art. 19. Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto habeas-corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator (BRASIL, 1997, on line).
De acordo com Meirelles et al. (2013, p. 357):
Ao longo de toda a Lei n. 9.507/1997 percebe-se a grande preocupação do legislador com a celeridade do procedimento, tanto na fase extrajudicial quanto em juízo. São estabelecidos prazos de 5 dias para o parecer do Ministério Público e para a prolação da sentença (art.12) e o prazo de 24 horas para conclusão, a partir da distribuição, além da prioridade sobre os demais feitos judiciais, excetuados o habeas corpus e o mandado de segurança (art. 19). Também determina a lei que nos tribunais sejam levados a julgamento na primeira sessão seguinte à conclusão ao relator.
O fato do habeas data ser um remédio constitucional criado para garantir a proteção da intimidade e da privacidade de todos, ele deve ter uma reposta judicial célere, por isso a Lei nº 9.507/1997 prevê que o mesmo terá prioridade sobre os demais feitos judiciais, exceto o habeas corpus e o mandado de segurança.
2.1 – Previsão legal
A Constituição Federal de 1988 criou o habeas data, que está previsto no artigo 5°, LXXII, nos seguintes termos:
Art. 5º, LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; (BRASIL, 1988, on line).
Com a criação da Constituição Federal de 1988, instituindo o habeas data, fazia-se necessária a edição de uma lei específica que disciplinasse este novo instituto. Assim, foi editada a Lei nº 9.507, de 12-11-1997, que tem como ementa “regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito processual do habeas data”, composta por 23 artigos.
O artigo 7° da Lei nº 9.507/97 repete a redação do inciso LXXII, do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988. Porém, acrescentou-se uma terceira hipótese de cabimento do habeas data, não prevista na Constituição Federal de 1988, que é a prevista no inciso III, do artigo 7º, da Lei nº 9.507/97.
Estabelece o artigo 7º, da Lei n. 9.507/97:
Art. 7° Conceder-se-á habeas data:
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável. (BRASIL, 1988, on line).
Portanto o habeas data poderá ser concedido para obter, retificar ou contestar informações pessoais do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
2.2 – Objeto tutelado
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu que o objeto do habeas data fosse o acesso às informações referentes à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de entidades de caráter público (serviço de proteção de crédito), e o artigo 7º, inciso III, da Lei nº 9.507/97 instituiu mais uma hipótese de cabimento do habeas data possibilitando a anotação, exclusão, complementação ou até mesmo contestação desses dados. 
De acordo com Dantas (2013, p. 387):
O habeas data tem por objetivo precípuo não apenas o simples acesso a informações pessoais do impetrante, constantes de bancos de dados governamentais ou de caráter público, para conhecimento eventual retificação ou justificação, mas também a proteção do indivíduo contra eventuais abusos perpetrados contra o seu direito à proteção da intimidade, vida privada, da honra e da imagem da pessoa, além da inviolabilidade das comunicações de dados.
 
Para Silva (2013, p. 457):
O objeto do habeas data consiste em assegurar: a) o direito de acesso e conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais e de entidades de caráter público; b) o direito à retificação desses dados, importando isso em atualização, correção e até a supressão, quando incorretos.
Portanto, na ação de habeas data se postula as prestações de informações negadas pelo órgão detentor de registros ou bancos de dados onde constam as informações pretendidas pelo impetrante.
2.2.1 – O direito de informação, retificação e anotação (Lei n. 9.507/97).
O direito de informação, retificação e anotação são direitos assegurados a todos os cidadãos desde que as informações requeridas sejam relativas ao impetrante, não podendo ser informações de terceiros, excepcionalmente poderá ser requerida informaçõesde terceiro morto, desde que o impetrante seja herdeiro ou cônjuge supérstite do falecido, nesse sentido segue jurisprudência no âmbito do Supremo Tribunal Federal:
HABEAS DATA – DADOS DE CÔNJUGE FALECIDO – LEGITIMIDADE DO SUPÉRSTITE. Conforme alcance do artigo 5º, inciso LXXII, alínea “a” da Constituição Federal, é assegurado ao cônjuge supérstite o conhecimento de informações relativas ao falecido, constantes de registros ou bancos de não é meio próprio ao revolvimento da prova, também não servindo dados de entidades governamentais ou de caráter público. RECURSO EXTRAORDINÁRIO – MATÉRIA FÁTICA E LEGAL. O recurso extraordinário à interpretação de normas estritamente legais. (RE 589257 AgR, Relator(a):  Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, julgado em 05/08/2014, Acórdão Eletrônico DJe-164 Divulgação 25-08-2014 Publicação 26-08-2014) (BRASIL, 2014, on line).
Segundo Dantas (2013, p. 391): “O cônjuge supérstite ou sucessores do interessado falecido, por exceção, podem sim valer-se do habeas data, nos termos previstos pela Carta Magna, desde que haja uma fundada razão para tanto”.
Sendo recusada a concessão dessas informações à ação cabível é o habeas data. Os institutos jurídicos que tratam dessa ação é o artigo 5º, LXXII, da CF/88 e a Lei nº 9.507/97, como já foi mencionado. 
Cumpre ressaltar a decisão proferida no âmbito do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO OBRIGAÇÃO DE FAZER. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. SERASA. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. - A ação própria para garantir ao consumidor o direito de acesso a informações pessoais constantes de registros de bancos de dados e cadastros, é a ação constitucional de habeas data (art. 5º, inciso LXXII, da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n.9.507/97). (Apelação Cível 1.0144.15.003387-2/001 0033872-03.2015.8.13.0144 (1), Relator: Des. Marco Aurelio Ferenzini, 14ª Câmara Cível, julgamento em 08/10/2015, publicação da súmula em 16/10/2015) (MINAS GERAIS, 2015, online).
Segundo Lenza (2011, p. 955):
A garantia constitucional do habeas data, regulamentada pela Lei n. 9.507, de 12.11.1997, destina-se a disciplinar o direito de acesso a informações, constantes de registros ou bancos de dados ou de entidades governamentais ou de caráter público, para o conhecimento ou retificação (tanto informações erradas como imprecisas, ou, apesar de corretas e verdadeiras, desatualizadas), todas referentes a dados pessoais, concernentes à pessoa do impetrante.
O habeas data não se confunde com o direito de obter certidões que está previsto no artigo 5º, XXXIV, da Constituição, ou com o direito de obter informações que está previsto no artigo 5º, XXXIII, da Constituição.
2.2.2 – O direito de informação (art. 5º, XXXIII, da CF/88).
	
No Brasil, a cada dia, a participação direta do cidadão (democracia participativa) tem sido efetivada por diversos instrumentos jurídicos previstos na Constituição ou nas legislações infraconstitucionais, tais como: o controle dos atos e contratos da Administração Pública pelo Cidadão (art. 74, §2º da Constituição Federal), a iniciativa popular para propositura de projeto de lei, referendo ou plebiscito (art. 14 da Constituição Federal), a fiscalização pela sociedade dos gastos públicos pelo Portal da Transparência (Lei Federal 12.527/2011), a participação da sociedade nos conselhos deliberativos para a escolha e planejamento de políticas públicas, como o art. 2º, inciso II da Lei Federal 10.257/2001 (BRASIL, 2001, on line) que ordena: “a gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas de vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano” e outras mais.
Nesse sentido, o artigo 5º, XXXIII, da Constituição Federal de 1998, estabelece que:
Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (BRASIL, 1988, on line).
O direito de informação de que se trata o artigo 5º, XXXIII, da Constituição Federal de 1988, é referente à informação de interesse particular, coletivo ou geral, tais informações visam garantir o exercício dessa democracia participativa, a efetividade do princípio da publicidade dos atos, contratos e serviços públicos (ressalvadas àquelas relativas a segurança nacional ou à vida privada ou intimidade). 
Nesse sentido, Di Pietro (2013, p. 837) ensina que:
O direito à informação, que se exerce na via administrativa, é mais amplo e pode referir-se a assuntos dos mais variados, com o conteúdo de um parecer jurídico, de um laudo técnico, de uma informação constante no processo, de uma prova apresentada em concurso público, do depoimento de uma testemunha etc.; não se refere a dados sobre a própria pessoa do requerente; e pode ter por finalidade a defesa de um interesse particular, como, por exemplo, o exercício do direito de petição perante a própria Administração Pública, ou a defesa de um direito individual perante o Judiciário, ou de um interesse coletivo, como a defesa do patrimônio público.
Havendo recusa no fornecimento dessa informação, o remédio constitucional cabível é o mandado de segurança.
Segue o entendimento de nossos Tribunais:
 
DIREITO CONSTITUCIONAL - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - MANDADO DE SEGURANÇA - REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES DE INTERESSE COLETIVO - ARTIGO 5º, INCISO XXXIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - IMPOSSIBILIDADE DE RETENÇÃO DEINFORMAÇÃO PELOS ÓRGÃOS PÚBLICOS, SALVO AQUELAS CUJO SIGILO SEJA IMPRESCINDÍVEL À SEGURANÇA DA SOCIEDADE E DO ESTADO - VIOLAÇÃO DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO - SENTENÇA CONCEDIDA. 
- A Constituição Federal assegura a todos o direito de receber dos Órgãos Públicos informações de interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Sendo assim, não há dúvida de que o ato atacado é ilegal, porque a Administração não forneceu ao impetrante as informações requeridas, que, nitidamente, são de interesse coletivo, porque constituem informações que envolvem gastos do dinheiro público. (Mandado de Segurança 1.0000.14.054749-8/000 0547498-13.2014.8.13.000 (2), Relator: Des. Moreira Diniz, 4ª Câmara Cível, julgamento em 29/10/2015, publicação da súmula em 03/11/2015) (MINAS GERAIS, 2015, on line).
MANDADO DE SEGURANÇA. ATO QUE INDEFERE ACESSO A DOCUMENTOS RELATIVOS AO PAGAMENTO DE VERBAS PÚBLICAS. INOCORRÊNCIA DE SIGILO. CONCESSÃO DA ORDEM. 1. A regra geral num Estado Republicano é a da total transparência no acesso a documentos públicos, sendo o sigilo a exceção. Conclusão que se extrai diretamente do texto constitucional (arts. 1º, caput e parágrafo único; 5º, XXXIII; 37, caput e § 3º, II; e 216, § 2º), bem como da Lei nº 12.527/2011, art. 3º, I. 2. As verbas indenizatórias para exercício da atividade parlamentar têm natureza pública, não havendo razões de segurança ou de intimidade que justifiquem genericamente seu caráter sigiloso. 3. Ordem concedida. (MS 28178, Relator(a):  Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 04/03/2015, Acórdão Eletrônico DJe-085 Divulgação 07-05-2015 Publicação 08-05-2015) (BRASIL, 2015, on line).
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. REMUNERAÇÕES DOS SERVIDORES PÚBLICOS NO PORTAL DE TRANSPARÊNCIA DO DF. LEGALIDADE. LEI DO DISTRITO FEDERAL REGENDO A MATÉRIA. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. 1. Não se deve reconhecer a perda de objeto do Mandado de Segurança, porque a ordem pleiteada, qual seja, obstar a divulgação dos nomes, dados funcionais e remunerações no Portal de Transparência, não se confunde com o reconhecimento de vício formal da Portaria 2/2012, que é apenas um dos fundamentos da segurança postulada, que inclui também a violação dos direitos da privacidadee intimidade. 2. Conforme pacificado pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Suspensão de Segurança 3.902/SP, os direitos à privacidade e à intimidade não são absolutos, sendo apenas aparente o conflito de tais direitos com o Princípio da Publicidade dos atos estatais. 3. O Supremo Tribunal Federal reconhece que a divulgação da remuneração dos servidores, seus cargos e funções e órgãos de lotação, é informação de interesse coletivo ou geral, sujeitando-se, portanto, à exposição oficial, sem que haja ofensa à intimidade, vida privada ou segurança dos agentes públicos, as quais, outrossim, não são exceção ao art. 5º, XXXIII, da CF, pois não dizem respeito à segurança do Estado ou da sociedade. 4. O STJ, corroborando com o que foi decidido no Supremo Tribunal Federal, salientou que a divulgação individualizada e nominal no Portal da Transparência é meio de concretizar a publicidade administrativa, portanto é prática salutar para uma Administração Pública eficiente, honesta e transparente MS 18.847/DF, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 17/11/2014. 5. Recurso Especial provido. (REsp 1395623/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 01/09/2015, DJe 11/11/2015) (BRASIL, 2015, on line)
O direito de informação garantido pelo habeas data (art. 5º, LXXII da CRFB/88), não se confunde com o direito à informação aludido pelo artigo 5º, XXXIII, da Constituição Federal, pois esse se refere à informação de interesse particular ou geral não se restringindo às informações sobre a pessoa do impetrante (informações personalíssimas, ligadas ao direito constitucional de intimidade). 
De acordo com Dantas (2013, p. 388):
Os direitos protegidos pelo habeas data não se confundem com a hipótese prevista no artigo 5º, inciso XXXIII, da Carta Magna, que confere às pessoas o direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo geral, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
Para ilustrar a diferença de informação referente à pessoa do impetrante da informação de seu interesse particular, cita-se o seguinte exemplo: Será cabível o Habeas Data quando o servidor público tiver negado o pedido de uma declaração de todos os direitos e reajustes incorporados em seus vencimentos para fins de revisão de um benefício. Já o filho desse servidor, na condição de alimentando, quando pedir uma declaração dos rendimentos de seu pai para fins de revisão de pensão alimentícia, deverá propor outra medida judicial, diferente do habeas data, pois embora seja informação de seu interesse, tais informações são de outra pessoa, diferente do autor da ação.
Assim, como aludido, o direito de informação previsto no art. 5º, XXXIII da Constituição Federal poderá ser requerido via Mandado de Segurança, quando preenchido os pressupostos desse Remédio Constitucional ou via Ação Ordinária prevista no Código de Processo Civil.
2.2.3 – O direito de certidão (art. 5º, XXXIV, da CF/88).
O artigo 5º, XXXIV, da Constituição Federal de 1988, dispõe que:
Art. 5º, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (...) b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; (BRASIL, 1988, on line).
O Silva (2013, p. 446) conceitua como direito de certidão: 
[...] meio de obter informações e elementos para instituir a defesa de direitos (aí seu caráter de garantia constitucional) e para esclarecimento de situações. Esta é uma garantia que não raro acaba por se realizar mediante outro remédio: o mandado de segurança, quando o pedido é negado ou simplesmente não é decidido.
Assim como no direito de informação previsto no art. 5º, XXXIII, CF/88, havendo recusa no fornecimento de certidões fundamentada no art. 5º, XXXIV, CF/88, as medidas judiciais cabíveis contra o Estado será o Mandado de Segurança ou uma Ação Ordinária.
Para Dantas (2013, p. 390):
Não se confunde com as informações protegidas pelo habeas data o direito à obtenção de certidões, em repartições públicas (obtidas via administrativa, portanto), para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse geral. Também nessa hipótese, a recusa injustificada do Poder Público em fornecê-las soluciona-se pela impetração do mandado de segurança, e não do habeas data.
Cumpre ressaltar as decisões proferidas pelos Tribunais: 
DIREITO CONSTITUCIONAL - REEXAME NECESSÁRIO - MANDADO DE SEGURANÇA - EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO - RECUSA - IMPOSSIBILIDADE - VIOLAÇÃO DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO - ARTIGO 5º, INCISOS XXXIII E XXXIV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - SENTENÇA CONFIRMADA. 
- Viola direito líquido e certo do segurado a recusa da instituição de previdência municipal quanto à expedição de certidão de tempo de contribuição, porque no artigo 5º, incisos XXXIII e XXXIV, letra b, da Constituição Federal, está assegurado a todos o direito de obter certidão junto ao Poder Público para defesa de interesse particular. (Reexame Necessário-Cv 1.0508.11.001835-7/001 0018357-39.2011.8.13.0508 (1), Relator: Moreira Diniz, 4ª Câmara Cível, julgamento em 24/09/2015, publicação da súmula em 01/10/2015) (MINAS GERAIS, 2015, on line). 
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO DE ACESSO A PROCEDIMENTO DISCIPLINAR INSTAURADO CONTRA MAGISTRADO. 1. A garantia de sigilo, em processos administrativos envolvendo magistrados, deve ser interpretada em consonância com o disposto no art. 5º, XXXIV, "a" e "b", da CF/88, que assegura a todos o direito de petição aos Poderes Públicos, bem como a obtenção de certidões em repartições públicas, para a defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal. 2. Ao autor da representação é assegurado o direito de tomar conhecimento de decisões proferidas em processo disciplinar a que deu causa, ainda que instaurado contra magistrado. Precedentes. 3. Recurso ordinário parcialmente provido. (RMS 20.301/SP, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 27/06/2014, DJe 04/08/2014) (BRASIL, 2014, on line).
MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. ANULAÇÃO DE QUESTÕES DA PROVA OBJETIVA. DEMONSTRAÇÃO DA INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO E AOS DEMAIS CANDIDATOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA OBSERVADO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO COMPROVADOS. PRETENSÃO DE ANULAÇÃO DAS QUESTÕES EM DECORRÊNCIA DE ERRO GROSSEIRO DE CONTEÚDO NO GABARITO OFICIAL. POSSIBILIDADE. CONCESSÃO PARCIAL DA SEGURANÇA. 1. A anulação, por via judicial, de questões de prova objetiva de concurso público, com vistas à habilitação para participação em fase posterior do certame, pressupõe a demonstração de que o Impetrante estaria habilitado à etapa seguinte caso essa anulação fosse estendida à totalidade dos candidatos, mercê dos princípios constitucionais da isonomia, da impessoalidade e da eficiência. 2. O Poder Judiciário é incompetente para, substituindo-se à banca examinadora de concurso público, reexaminar o conteúdo das questões formuladas e os critérios de correção das provas, consoante pacificado na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Precedentes (v.g., MS 30433 AgR/DF, Rel. Min. GILMAR MENDES; AI 827001 AgR/RJ, Rel. Min. Joaquim Barbosa; MS 27260/DF, Rel. Min. Carlos Britto, Red. para o acórdão Min. Cármen Lúcia), ressalvadas as hipóteses em que restar configurado, tal como in casu, o erro grosseiro no gabarito apresentado, porquanto caracterizada a ilegalidade do ato praticado pela Administração Pública. 3. Sucede que o Impetrante comprovou que, na hipótese de anulação das questões impugnadas para todos os candidatos, alcançaria classificação, nos termos do edital, habilitando-o a prestar a fase seguinte do concurso, mediante a apresentação de prova documental obtida junto à Comissão Organizadora no exercício do direito de requerer certidões previsto no art. 5º, XXXIV, “b”, da Constituição Federal, prova que foi juntadaem razão de certidão fornecida pela instituição realizadora do concurso público. 4. Segurança concedida, em parte, tornando-se definitivos os efeitos das liminares deferidas. (MS 30859, Relator(a):  Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 28/08/2012, Processo Eletrônico DJe-209 Divulgação 23-10-2012 Publicação 24-10-2012) (BRASIL, 2012, on line).
2.3 – O Habeas Data e o princípio da publicidade
O princípio da publicidade é um dos princípios previstos no caput do artigo 37, da Constituição Federal de 1988:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (BRASIL, 1988, on line).
Seu conceito pode ser definido como o dever de divulgação oficial dos atos administrativos (artigo 2º, parágrafo único, V, da Lei nº 9.784/99). Portanto, proíbe atos secretos, pois todos os atos devem ter uma divulgação. Porém, existem algumas exceções a esse princípio, que são as informações relativas à intimidade e à segurança.
Nesse sentido, Carvalho Filho (2013, p. 25) ensina que o princípio da publicidade:
Indica que os atos da Administração devem merecer a mais ampla divulgação possível entre os administrados, e isso porque constitui fundamento do princípio propiciar-lhes a possibilidade de controlar a legitimidade da conduta dos agentes administrativos. Só com a transparência dessa conduta é que poderão os indivíduos aquilatar a legalidade ou não dos atos e grau de eficiência de que se revestem.
A determinação desse princípio é o livre o acesso dos indivíduos a informações de seu interesse e de interesse coletivo a fim de garantir a transparência dos atos da Administração Pública.
Segundo Mazza (2015, p. 118):
O princípio da publicidade engloba dois subprincípios do Direito Administrativo:
 
a) princípio da transparência: abriga o dever de prestar informações de interesse dos cidadãos e de não praticar condutas sigilosas; 
b) princípio da divulgação oficial: exige a publicação do conteúdo dos atos praticados atentando-se para o meio de publicidade definido pelo ordenamento ou consagrado pela prática administrativa (grifo do autor).
O princípio da publicidade, em apertada síntese, segundo Wallace Paiva Martins Junior (2004, p. 63), abrange: 
a) as formas de propaganda governamental (art. 37, §1º da CF/88), b) as informações individuais constantes em registros de banco de dados de caráter público (art. 5º, LXXII, “a” da CF) e c) as informações de interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, vistas como os atos da Administração Pública, em geral, excetuados àqueles que envolvam intimidade ou segurança da sociedade ou do Estado (art. 5º, XXXIII, CF/88). 
Esse princípio visa viabilizar a divulgação (publicações) das informações de interesse público, garantindo a transparência da gestão pública e assim, incentivar a participação da sociedade no controle da Administração Pública (controle social). Não obstante, o mesmo princípio garantirá ao cidadão o acesso às informações de seu interesse (pessoais) mantidas em banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
 A regra para o acesso à informação é o da publicidade, entretanto, quando envolver intimidade, ou segurança da sociedade ou do Estado, será aplicada a exceção, ou seja, o sigilo.
Nesse sentido, tanto o inciso XXXIII do artigo 5º da Constituição Federal, quanto os artigos, 3º, I; 4º, III: 6º, III; 7º, §1° e §2°; 11, §4°; 16, III; 22 a 31 da Lei Federal 12.527/2011, conhecida como Lei da Transparência, e outras legislações esparsas (de acordo com a competência dos Entes Federados), tratam das hipóteses em que o Estado poderá negar a informação (segundo prazo especificado em lei) ou concede-la parcialmente, de acordo com a sua classificação que poderá ser reservada, secreta ou ultrassecreta (quando envolver segurança da sociedade ou do Estado) ou informações pessoais sigilosas (vinculadas à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais).
 
Nesse sentido, seguem alguns comandos normativos:
Art. 5º (...)
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (BRASIL, 1988, online)
Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados em conformidade com os princípios básicos da administração pública e com as seguintes diretrizes: 
 I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;
Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a: 
I – (...) 
III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal, observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e eventual restrição de acesso.
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: 
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do território nacional; 
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais; 
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; 
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou monetária do País; 
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das Forças Armadas; 
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional; 
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou 
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações. 
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada. 
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais. 
§ 1o As informações pessoais, a que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem: 
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e 
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que elas se referirem (BRASIL, 2011, online, grifo nosso).
Percebe-se então que essa Lei da Transparência (Lei Federal 12.527/2011) veio dar instrumentalidade e efetividade, ao princípio da publicidade e em especial aos direitos de informação e de certidão contidos nos incisos XXXIII e XXXIV, “b” da Constituição Federal.
Com a referida norma, foi instrumentalizado o acesso às informações de interesse público pelo cidadão, bastando esse, apresentar o pedido, por escrito, com identificação do requerente e a especificação da informação desejada, sem necessidade de justificar a finalidade, conforme preceitua o seu artigo 10 e parágrafos.
Caso o pedido seja negado, poderá ointeressado, interpor recurso administrativo da recusa da informação, no prazo de 10 dias após ser comunicado da negativa (art. 15). Caso a recusa seja mantida, quando se tratar de órgão federal, poderá ainda recorrer à Controladoria-Geral da União (art. 16) e se esta também negar a informação, o cidadão poderá recorrer à Comissão Mista de Reavaliação de Informações (art. 16, § 3.º).
Se o cidadão não lograr êxito nas instâncias administrativas, poderá recorrer ao Judiciário por Mandado de Segurança ou Ação Ordinária, conforme posição majoritária.
Diante da negativa, poderá o cidadão impetrar Habeas Data fundamentada nessa referida Lei? Tal indagação desperta posicionamentos diferentes na doutrina.
Há os que advogam que essa lei garante o acesso somente às informações de interesse público (artigos 3º, II e 10, §1º da Lei Federal 12.527/11) e por isso, quando violada, deverá o Judiciário ser provocado por medidas judiciais, excetuadas o Habeas Data, que trata de informações pessoais relativas ao impetrante. 
MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÕES. ART. 5o., XXXIII DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI 12.527/2011 (LEI DE ACESSO ÀS INFORMAÇÕES). DADOS RELATIVOS A GASTOS COM CARTÃO CORPORATIVO DO GOVERNO FEDERAL. INTERESSE PÚBLICO E SOCIAL. PRINCÍPIOS DA PUBLICIDADE E TRANSPARÊNCIA. PARECER MINISTERIAL PELA CONCESSÃO DA ORDEM. ORDEM CONCEDIDA. 1. O não fornecimento dos documentos e informações a respeito dos gastos efetuados com cartão corporativo do Governo Federal, com os detalhamentos solicitados, constitui ilegal violação ao direito líquido e certo do impetrante, de acesso à informação de interesse coletivo, assegurando pelo art. 5o., inciso XXXIII da Constituição Federal e regulamentado pela Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação). 2. Inexiste justificativa para manter em sigilo as informações solicitadas, pois não se evidencia que a publicidade de tais questões atente contra à segurança do Presidente e Vice-Presidente da República ou de suas famílias e nem isso restou evidenciado nas informações da digna Autoridade. 3. A transparência das ações e das condutas governamentais não deve ser apenas um flatus vocis, mas sim um comportamento constante e uniforme; de outro lado, a divulgação dessas informações seguramente contribui para evitar episódios lesivos e prejudicantes; também nessa matéria tem aplicação a parêmia consagrada pela secular sabedoria do povo, segundo a qual é melhor prevenir, do que remediar. 4. Ordem concedida para determinar a prestação das informações, relativas aos gastos efetuados com o cartão corporativo do Governo Federal, utilizado por Rosemary Nóvoa de Noronha, com as discriminações de tipo, data, valor das transações e CNPJ/Razão social dos fornecedores.(STJ - MS: 20895 DF 2014/0063842-2, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento: 12/11/2014, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 25/11/2014) (BRASIL, 2014, on line).
Entretanto, uma outra corrente, entende o cabimento do Habeas Data quando se tratar de informações de seu interesse particular, desde que sejam relativas ao próprio requerente, ainda que estejam classificadas como sigilosas, numa interpretação dos incisos XXXIII e LXXII, “a” do art. 5º da Constituição Federal, conforme decisão abaixo: 
CONSTITUCIONAL. HABEAS DATA. MILITAR DA AERONÁUTICA. MATRÍCULA EM CURSO DA ECEMAR. PEDIDO INDEFERIDO. ACESSO A DOCUMENTOS FUNCIONAIS. NEGATIVA DA ADMINISTRAÇÃO. REGRA CONSTITUCIONAL BASILAR: PUBLICIDADE. EXCEÇÃO: SIGILO. ORDEM CONCEDIDA. 1. "O 'habeas data' configura remédio jurídico-processual, de natureza constitucional, que se destina a garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica discernível em seu tríplice aspecto: (a) direito de acesso aos registros existentes; (b) direito de retificação dos registros errôneos e (c) direito de complementação dos registros insuficientes ou incompletos. – Trata-se de relevante instrumento de ativação da jurisdição constitucional das liberdades, que representa, no plano institucional, a mais expressiva reação jurídica do Estado às situações que lesem, efetiva ou potencialmente, os direitos fundamentais da pessoa, quaisquer que sejam as dimensões em que estes se projetem” (HD 75/DF, Rel. Ministro CELSO DE MELLO, Informativo STF 446, de 1º/11/2006). 2. A exceção ao direito às informações, inscrita na parte final do inciso XXXIII do art. 5º da Constituição Federal, contida na expressão "ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado", não deve preponderar sobre a regra albergada na primeira parte de tal preceito. Isso porque, embora a Lei 5.821/72, no parágrafo único de seu art. 26, classifique a documentação como sendo sigilosa, tanto quanto o faz o Decreto 1.319/94, não resulta de tais normas nada que indique estar a se prevenir risco à segurança da sociedade e do Estado, pressupostos indispensáveis à incidência da restrição constitucional em apreço, opondo-se ao particular, no caso o impetrante, o legítimo e natural direito de conhecer os respectivos documentos, que lastrearam, ainda que em parte, e, assim digo, porque deve existir, também, certo subjetivismo na avaliação, a negativa de sua matrícula em curso da Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáutica – ECEMAR, como alegado. 3. A publicidade constitui regra essencial, como resulta da Lei Fundamental, art. 5º, LX, quanto aos atos processuais; 37, caput, quanto aos princípios a serem observados pela Administração; seu § 1º, quanto à chamada publicidade institucional: 93, IX e X, quanto às decisões judiciais, inclusive administrativas, além de jurisprudência, inclusive a Súmula 684/STF, em sua compreensão. No caso, não há justificativa razoável a determinar a incidência da exceção (sigilo), em detrimento da regra. Aplicação, ademais, do princípio da razoabilidade ou proporcionalidade, como bem ponderado pelo órgão do Ministério Público Federal. 4. Ordem concedida. (STJ - HD: 91 DF 2003/0235568-0, Relator: Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Data de Julgamento: 14/03/2007, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 16/04/2007 p. 164RSTJ vol. 209 p. 48237RT vol. 863 p. 163) (BRASIL, 2007, online)
Quanto ao sigilo das informações, o Estado utiliza-se do princípio da legalidade, para editar leis que venham restringir o acesso a informações dos administrados em poder da Administração Pública, sob o argumento da imprescindibilidade da manutenção da ordem, ou no caso das Secretarias da Fazenda ou da Receita Federal, da garantia do sigilo fiscal. 
Assim, entende-se que, depois do advento da Lei da Transparência, e em especial, para atendimento do inciso I do §1° do artigo 31 da referida norma, o princípio da publicidade e do acesso das informações pessoais pelo administrado, contidas em banco de dados de entidades governamentais, não será subjugado ao império de uma lei violadora de preceitos constitucionais. Nesse sentido:
Plenário: Habeas data é adequado para obtenção de informações fiscais
O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu hoje a possibilidade do uso do habeas data como meio de os contribuintes obterem informações suas em poder dos órgãos de arrecadação federal ou da administração local. A decisão foi proferida no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 673707, com repercussão geral reconhecida, no qual uma empresa buscava acesso a informações do Sistema de Conta Corrente de Pessoa Jurídica (Sincor), mantido pela Secretaria da Receita Federal.
 
A Corte deu provimento ao recurso por unanimidade, entendendo ser cabível o habeas data na hipótese, e reconhecendo o direito de o contribuinte ter acesso aos dados solicitados. Com isso, contrariou os argumentos da União de que os dados não teriam utilidade para o contribuinte, e que o efeito multiplicador da decisão poderia tumultuar a administração fiscal.
Com a decisão foi também fixada a tese para fins de repercussão geral: “O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção, pelo próprio contribuinte,dos dados concernentes ao pagamento de tributos constantes de sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos administração fazendária dos entes estatais” (BRASIL, 2015, on line).
Portanto, os Tribunais têm entendido que caberá Habeas Data, para garantir o princípio da publicidade e o direito de acesso à informação pessoal, desde que relativa ao próprio requerente, ainda que essa informação seja classificada (restringida) como sigilosa por uma lei ou ato normativo.
Tal entendimento jurisprudencial, já defendido pela doutrina tem sido comemorado pela sociedade, principalmente nas informações vinculadas ao Fisco, que dificultava o acesso pelos contribuintes, inviabilizando suas defesas ou a instrução de um processo administrativo tributário.
 
3 - CARACTERÍSTICAS DO HABEAS DATA
O remédio constitucional habeas data possui características próprias, que merecem destaque:
É considerado como uma ação de nível constitucional, no entanto, apesar de constitucional, não perde o caráter de ação, afinal ao invocar uma tutela constitucional também deve preencher os requisitos processuais e as condições da ação.
 
Com relação ao conteúdo do habeas data pode ser tanto de natureza mandamental, quanto de natureza constitutiva, ou seja, quando seu objetivo é assegurar o conhecimento de informações será mandamental, pois se trata de uma ordem judicial aos órgãos governamentais ou de caráter público, cujo desrespeito gera pena de desobediência. Por outro lado, será considerado constitutivo quando o fim pretendido, para além do acesso, for à retificação de dados, sendo criada a partir daí e, portanto, um novo status de informação, fruto do provimento jurisdicional.
Por outro lado o habeas data é tido como uma ação personalíssima, o que quer dizer que o pedido não poderá ser requerido por terceiros ou até mesmo por herdeiros, muito embora existam decisões em sentido contrário, admitindo sim, que possam impetrar o remédio constitucional, os herdeiros legítimos, tanto do falecido quanto de seu cônjuge (FINCATO; KRIEGER, 2014, on line).
3.1 - Legitimidade Ativa
O habeas data pode ser ajuizado tanto por uma pessoa física ou jurídica, sendo o mais comum à pessoa física. Como regra, deve ser impetrado pelo titular da informação, mas existe uma única hipótese em que o remédio constitucional pode ser utilizado pelos sucessores, que é em caso de falecimento ou desaparecimento da pessoa objeto da informação.
Para Meirelles et al. (2013, p. 345): “O legitimado para requerer habeas data é unicamente a pessoa física ou jurídica diretamente interessada nos registros mencionados no inc. LXXII, “a” e “b”, do art. 5º, da CF”.
De acordo com Dantas (2013, p. 390):
Esse remédio constitucional pode ser impetrado por qualquer pessoa, tanto natural quanto jurídica, seja nacional seja estrangeira, por alguns órgãos públicos com capacidade processual, além de outros entes despersonalizados com capacidade processual (caso do espólio e da massa falida), desde que relativo a informações do próprio impetrante.
Para Carvalho Filho (2013, p. 1.062): “Autor da ação deve ser, necessariamente, o titular do direito ao conhecimento ou à retificação da informação. Esse direito, aliás, é personalíssimo, não se transferindo a terceiros, como têm entendido os Tribunais”.
O exemplo clássico que justificou a inserção do Habeas Data na Constituição Federal de 1988, é o de familiar que impetra a ação para obter informações junto ao Ministro da Justiça de parente morto durante a Ditadura Militar.
Nesse sentido, Silva (2013, p. 456) dispõe:
Vê-se que o direito de conhecer e retificar os dados, assim como o de interpor o habeas data para fazer valer esse direito quando não espontaneamente prestado, é personalíssimo do titular dos dados, do impetrante que, no entanto, pode der brasileiro ou estrangeiro. Mas uma decisão do ainda Tribunal Federal de Recursos (agora, STJ), em Plenário, admitiu que os herdeiros legítimos do morto ou seu cônjuge supérstite poderão impetrar writ. 
Com relação à possibilidade de habeas data coletivo, segue entendido do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:
HABEAS DATA - ENTIDADE SINDICAL - SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL - IMPETRAÇÃO - ILEGITIMIDADE ATIVA - DIREITO PERSONALÍSSIMO - TITULARIDADE - ORDEM - EXTINTO O PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. O habeas data é meio constitucional assegurador ao conhecimento de registros individuais, configurando direito personalíssimo sua obtenção pelo interessado, sendo, destarte, a entidade sindical parte ilegítima para pleitear a colheita de informações referentes a seus associados, in casu funcionários públicos, mesmo na qualidade de substituto processual na defesa de interesses coletivos da categoria que representa. Ordem. Denegação. (TJ-PR - HD: 878475 PR Habeas Data (Gr) - 0087847-5, Relator: Altair Patitucci, Data de Julgamento: 10/08/2000, II Grupo de Câmaras Cíveis) (PARANÁ, 2000, online).
Contudo, não existe Habeas Data coletivo haja vista de que trata de garantir informações pessoais (individuais) do impetrante, seja pessoa física ou jurídica e nunca informações de uma classe ou categoria como trata o direito coletivo que acontece mediante substituição processual, não admitida nesse Remédio Constitucional.
3.2 – Legitimidade Passiva
Poderão ser sujeitos passivos no habeas data, pessoa física (agente), pessoa jurídica (entidade) ou órgão (que não tem personalidade jurídica) responsável na esfera administrativa pela recusa no acesso à informação. 
De acordo com Carvalho Filho (2013, p. 1.062):
O sujeito passivo da ação é a entidade responsável pelo registro das informações. Essa entidade pode ser pública ou privada, neste último caso caracterizando-se, como diz a Constituição, como tendo caráter público. Enquadram-se nessa categoria aquelas entidades que, por exemplo, mantêm cadastro de devedores, ao qual pode o público ter acesso normal.
Segundo Moraes (2011, p. 155):
Poderão ser sujeitos passivos do habeas data as entidades governamentais, da administração direta e indireta, bem como as instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas que prestem serviços para o público ou de interesse público, e desde que detenham dados referentes às pessoas físicas ou jurídicas.
Para Dantas (2013, p. 391):
Poderão ser sujeitos passivos do habeas data os diversos órgãos governamentais da chamada Administração Pública direta (caso, por exemplo, da Presidência da República e dos Ministros de Estado), das pessoas jurídicas de direito público que compõem a denominada Administração Pública indireta (caso do Congresso Nacional e Assembleia Legislativas), do Poder Judiciário, dos Tribunais de Contas e dos diversos Ministérios Públicos, tanto federais, como estaduais, distritais ou municipais.
As entidades responsáveis podem ser tanto as governamentais que são as que pertencem à estrutura do Estado, quanto às de caráter público que são privadas que prestam serviços para o público ou de interesse público. Exemplo: SPC e Serasa, empresas privadas que vendem informações sobre a qualidade de crédito das pessoas.
3.3 – Requisitos essenciais
Para a impetração do Habeas Data é necessário o indeferimento do pedido de informações que culminará na recusa ao acesso às informações, ou na recusa em fazer-se a retificação ou na recusa em fazer-se a anotação. Ensejará o manejo dessa medida judicial quando a Administração Pública não se manifestar sobre os pedidos nos prazos de 10 (dez) dias quando se tratar de informação e de 15 (quinze) dias quando se tratar de retificação ou anotação.
Assim, conforme preceitua o artigo 2º, da Lei nº 9.507/97, deverá ser apresentado ao detentor das informações, um requerimento sobre as informações pretendidas:
Art. 2° O requerimento será apresentado ao órgão ou entidade depositária do registro ou banco de dados e será deferido ou indeferido no prazo de quarenta e oito horas.
Parágrafo único. A decisão será comunicadaao requerente em vinte e quatro horas. (BRASIL, 1997, on line).
 
Tal requerimento, não necessita seguir requisitos estabelecidos de uma petição inicial, pois se trata de um mero pedido administrativo.
Tal requerimento, a toda evidência, poderá ser feito até mesmo por carta, não necessitando observar os requisitos estabelecidos para a elaboração de uma petição inicial, fixados pelos artigos 283 e 284, do Código de Processo Civil, uma vez que se trata de mero pedido administrativo, e não de uma ação judicial. (DANTAS, 2013, p. 394).
Assim, após protocolizado o requerimento e esse for indeferido ou não respondido, poderá o interessado impetrar o Habeas Data, que terá em sua inicial, o objeto pretendido, ou seja, a informação, a retificação ou anotação desejada e a cópia do requerimento/ofício (pedido) protocolizado e indeferido ou não respondido, conforme exigências contidas no artigo 8º, da Lei 9.507/97:
Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão. (BRASIL, 1997, on line).
Conforme o disposto no artigo acima, além da petição inicial ter que preencher os requisitos dos artigos 282 e 285 do Código de Processo Civil, deverá ir acompanhada de: cópia da recusa ao acesso das informações; ou cópia da recusa de fazer a retificação das informações; ou cópia da recusa em fazer a anotação da explicação ou contestação de determinado dado.
3.4 – Liminar ou da antecipação de tutela no Habeas Data
A antecipação de tutela não faz muito sentido no habeas data, em razão da extrema celeridade prevista em seu procedimento.
De acordo com Dantas (2013, p. 396):
O artigo 5º, inciso LXXII, da Constituição de 1988, que institui o remédio constitucional em análise, não faz menção expressa à possibilidade de concessão de liminar em habeas data. Da mesma forma, a lei que o regulamentou não prevê tal possibilidade. Contudo, consideramos que, estando presentes os requisitos que autorizam a sua concessão (fumus boni iuris e pericilum in mora), o juiz poderá se valer do poder geral de cautela, para conceder a liminar.
Nesse sentido, Bahia (2015, p. 47) dispõe que:
Não há previsão de tutela de urgência em Habeas Data. A doutrina, no entanto, admite a concessão de tutela antecipada com fundamento no art. 273 do CPC, determinando-se, assim, a comprovação dos requisitos: verossimilhança das alegações e fundado receio de dano irreparável.
A Lei nº 9.507/97 que regulamenta o habeas data e o artigo 5º, inciso LXXII, da Constituição Federal de 1988 que o instituiu não contemplou a concessão de liminar no mesmo, mas não existe nenhum obstáculo para que seja concedida liminar em habeas data, pois o silêncio da lei não impede que seja dada.
Portanto, o posicionamento dos autores é que mesmo não tendo previsão expressa da possibilidade de concessão de liminar no habeas data nada impede que a mesma seja concedida estando presente situação de excepcionalidade e urgência.
– Da falta de dilação probatória
No habeas data a prova é pré-constituída, admitindo-se somente prova documental, ou seja, não há dilação probatória. Assim como ocorre no Mandado de Segurança, nunca se deve protestar pela produção de provas no habeas data. 
O impetrante ao ingressar com a ação de habeas data deve juntamente com a inicial juntar todos os documentos que comprovem o seu direito ao acesso às informações que pretende.
De acordo com Meirelles et al. (2013, p. 359)
O procedimento do habeas data, como se encontra disciplinado na Lei 9.507/1997, não comporta dilação probatória. Aplica-se o mesmo princípio da prova pré-constituída do mandado de segurança (v. Primeira Parte, item 4). Assim, a documentação acostada à inicial deverá comprovar, por si só e de plano, o direito do impetrante.
Segue o entendimento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região:
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. HABEAS DATA. EXIBIÇÃO DE MÍDIAS AUDIVISUAIS DE CÂMERAS DE SEGURANÇA E OUTROS DOCUMENTOS. RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES CONSTANTES EM PROCESSO ADMINISTRATIVO. O habeas data é o remédio constitucional posto à disposição da pessoa física ou jurídica, para assegurar o conhecimento de registros pessoais constantes em repartições públicas ou particulares acessíveis ao público e/ou para retificação destes dados (art. 5º, LXXII, 'a' e 'b', da CRFB, e Lei n.º 9.507/97). O habeas data não constitui o meio processual adequado para a finalidade almejada pelo impetrante, porque: (a) não se busca o acesso a informação específica relativa à pessoa do impetrante, mas, sim, a exibição de documentos que ou diz respeito ao trânsito de diversas pessoas nas dependências de prédios públicos (cópias de mídias audiovisuais de câmeras de segurança e do sistema GLPI) ou pode ser requisitado na ação em que será pleiteada a anulação do ato administrativo hostilizado; (b) a retificação de dados pretendida pressupõe contraditório e ampla dilação probatória, o que não se coaduna com o rito célere desse remédio constitucional; (c) é duvidosa a utilidade da prestação jurisdicional reclamada, haja vista o longo tempo transcorrido desde a ocorrência dos fatos relatados na inicial (2011); (d) não restou comprovada a negativa da Administração de fornecer os documentos vindicados (Súmula n.º 2 do STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5., LXXII, letra a) se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa), e (e) se a intenção é reverter o desligamento de estágio no órgão público, o impetrante deverá se valer dos meios processuais próprios, em cuja tramitação poderá produzir provas que respaldem o pleito, oportunizando à parte adversa ampla defesa e contraditório. (TRF-4 - AC: 50024702320134047207 SC 5002470-23.2013.404.7207, Relator: Vivian Josete Pantaleão Caminha, Data de Julgamento: 05/11/2015, Quarta Turma, Data de Publicação: D.E. 09/11/2015) (BRASIL, 2015, on line).
Portanto, já que a prova deve ser pré-constituída e apresentada juntamente com a inicial, bem como inexiste dilação probatória, é incabível no rito do habeas data a produção de prova testemunhal e pericial. Sendo necessária a produção de outras provas, o impetrante não poderá se utilizar o habeas data.
– Da gratuidade da ação e da condenação em custas e honorários de sucumbência 
O habeas data é uma ação constitucional, que visa à garantia de um direito fundamental, sendo considerada gratuita nos termos do inciso LXXVII, do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, e do artigo 21, da Lei n. 9.507/97.
O inciso LXXVII, do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988 estabelece que: “Art. 5º, LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania” (BRASIL, 1988, on line).
O artigo 21, da Lei n. 9.507/97 dispõe que: “Art. 21. São gratuitos o procedimento administrativo para acesso a informações e retificação de dados e para anotação de justificação, bem como a ação de habeas data. (BRASIL, 1997, online)”
Assim percebe-se que a gratuidade do habeas data obsta a condenação da parte vencida às custas e taxas judiciárias, incluindo a desnecessidade de preparo nos recursos.
Além disso, os Tribunais têm adotado analogicamente a regra do Mandado de Segurança para o Habeas Data, entendendo o descabimento da condenação em honorários de sucumbência em ação de habeas data com aplicação das Súmulas 512 do Supremo Tribunal Federal e105 do Superior Tribunal de Justiça:
Súmula 512: Não cabe condenação em honorários de advogadona ação de mandado de segurança (BRASIL, STF, 1969, online).
Súmula 105: “Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários advocatícios (BRASIL, STJ, 1994, on line). 
De acordo com Meirelles et al. (2013, p. 362):
“[...] no silêncio da Lei 9.507/1997, a tendência dos Tribunais deve ser no sentido de isentar o sucumbente de honorários advocatícios. A gratuidade a que se refere o art. 21 diz respeito exclusivamente às custas e taxas, mas afirma a vontade do legislador de facilitar o máximo possível o acesso de todos a este tipo de ação. Assim, também serão aplicáveis analogicamente as Súmulas 512 do Supremo Tribunal Federal e 105 do Superior Tribunal de Justiça.
Portanto, a ação do habeas data é gratuita e também não permite a condenação em honorários advocatícios.
CONCLUSÃO
Este trabalho apresentou o remédio constitucional habeas data e o direito à informação, com o objetivo de demonstrar os principais aspectos referentes ao habeas data e diferenciá-lo do direito de informação (artigo 5º, XXXIII, CF/88) e do direito de certidão (artigo 5º, XXXIV, “b”, CF/88), esses dois direitos ao serem recusados o remédio constitucional cabível é o mandado de segurança.
Como ficou demonstrado, esse remédio constitucional representa uma medida judicial barata, célere e eficaz para o cidadão obter informações pessoais (de seu interesse), contidas em banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público, haja vista que ele tem prioridade de tramitação sobre as demais ações (junto com o Habeas Corpus) e por se tratar de uma ação gratuita, ou seja, sem condenação de custas ou de honorários para a parte vencida, e sem necessidade de pagamento de preparo, em caso de recurso.
Outro ponto analisado foi a divisão do princípio da publicidade e do direito à informação e ações pertinentes a sua garantia. Assim, o princípio da publicidade e do direito à informação será dividido em: a) as formas de propaganda governamental (art. 37, §1º da CF/88), b) as informações individuais constantes em registros de banco de dados de caráter público (art. 5º, LXXII, “a” da CF) e c) as informações de interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, vistas como os atos da Administração Pública, em geral, excetuados àqueles que envolvam intimidade ou segurança da sociedade ou do Estado (art. 5º, XXXIII, CF/88). 
Nesse sentido, somente às informações individuais (art. 5º, LXXII, “a”, CF) seria requeridas judicialmente pelo Habeas Data, já as demais informações, pela doutrina e jurisprudência majoritária, seriam garantias mediante a propositura de ação ordinária ou mandado de segurança. 
Entretanto, há uma corrente minoritária que defende que e as informações de interesse particular quando referentes ao próprio requerente (art. 5º, XXXIII, CF) poderão ser requeridas via Habeas Data, haja vista, se tratar de dados personalíssimos.
Tema também enfrentado nesse trabalho, foi a correlação do direito à informação com o princípio da publicidade e a garantia do sigilo quando envolver segurança da sociedade ou do Estado, ou intimidade, vida priva, honra ou direitos personalíssimos.
O princípio da publicidade veio viabilizar a divulgação (publicações) das informações de interesse público, garantindo a transparência da gestão pública e assim, incentivar a participação da sociedade no controle da Administração Pública (controle social). Não obstante, o mesmo princípio garante ao cidadão o acesso às informações de seu interesse (pessoais) mantidas em banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
Para dar instrumentalidade e efetividade, ao princípio da publicidade e em especial aos direitos de informação e de certidão contidos nos incisos XXXIII e XXXIV, “b” da Constituição Federal, foi editada a Lei da Transparência: Lei Federal 12.527/2011, conforme características discorridas no trabalho. 
O acesso à informação tem como regra a publicidade, entretanto, quando envolver intimidade, ou segurança da sociedade ou do Estado, será aplicada a exceção, ou seja, o sigilo.
Nesse sentido, tanto o inciso XXXIII do artigo 5º da Constituição Federal, quanto os artigos, 3º, I; 4º, III: 6º, III; 7º, §1° e §2°; 11, §4°; 16, III; 22 a 31 da Lei Federal 12.527/2011, conhecida como Lei da Transparência, e outras legislações esparsas (de acordo com a competência dos Entes Federados), tratam das hipóteses em que o Estado poderá negar a informação (segundo prazo especificado em lei) ou concede-la parcialmente, de acordo com a sua cl
assificação que poderá ser reservada, secreta ou ultrassecreta (quando envolver segurança da sociedade ou do Estado) ou informações pessoais sigilosas (vinculadas à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais). 
Atualmente, tem se admitido o cabimento do Habeas Data quando se tratar de informações de seu interesse particular, desde que sejam relativas ao próprio requerente, ainda que estejam classificadas como sigilosas, numa interpretação dos incisos XXXIII e LXXII, “a” do art. 5º da Constituição Federal (STJ - HD: 91 DF 2003/0235568-0).
Quanto ao sigilo das informações, o Estado utiliza-se do princípio da legalidade, para editar leis que venham restringir o acesso a informações dos administrados em poder da Administração Pública, sob o argumento da imprescindibilidade da manutenção da ordem, ou no caso das Secretarias da Fazenda ou da Receita Federal, da garantia do sigilo fiscal. 
Assim, entende-se que, depois do advento da Lei da Transparência, e em especial, para atendimento do inciso I do §1° do artigo 31 da referida norma, o princípio da publicidade e do acesso das informações pessoais pelo administrado, contidas em banco de dados de entidades governamentais, não será subjugado ao império de uma lei violadora de preceitos constitucionais, conforme decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal no RE 673707 em 17 de junho de 2015.
Tal entendimento jurisprudencial, já defendido pela doutrina tem sido comemorado pela sociedade, principalmente nas informações vinculadas ao Fisco, que dificultava o acesso pelos contribuintes, inviabilizando suas defesas ou a instrução de um processo administrativo tributário.
Diante do exposto, percebe-se que violado o direito de acesso às informações da gestão pública pelo cidadão, também fundamentado no princípio da publicidade, o remédio constitucional a ser utilizado será o Mandado de Segurança, pois tratam de informações de interesse coletivo (art. 5º, XXXIII e XXXIV, “a”, CRFB/88). Já quando se tratarem de informações de caráter pessoal e desde que relativas ao próprio requerente, a medida judicial será o Habeas Data (art. 5º, XXXIII e LXXII, “a”, CRFB/88) 
REFERÊNCIAS
AUAD FILHO, Jorge Romcy. Habeas data: instrumento constitucional em defesa da cidadania. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2500, 6 de maio de 2010. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/14810/habeas-data-instrumento-constitucional-em-defesa-da-cidadania> Acesso em: 07 dez. 2015.
BAHIA, Flávia. Direito Constitucional OAB 2ª Fase. 2ª. ed. Bahia: Juspodivm, 2015.
BRASIL. Confederação Nacional de Municípios. Lei de Transparência. Perguntas e respostas. Disponível em: <http://www.leidatransparencia.cnm.org.br/pergunta-resposta.php> Acesso em: 07 dez. 2015.
______ Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm> Acesso em: 07 dez. 2015.
______ Lei nº 10.257, 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm> Acesso em: 07 dez. 2015.
______ Lei nº 12.527, 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso

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