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33 Resumo Uma das grandes barreiras para as empresas melhorarem seu desempenho no processo de desenvolvimento de produto é a falta de disponibilidade de pessoas possuidoras de uma visão ampla e integrada deste processo. Para enfrentá-la vem sendo desenvolvido, por meio de trabalhos de pesquisas, uma nova abordagem de ensino de desenvolvimento de produto baseada em características de didática ativa, denominada Cenário de Integração. Este artigo apresenta a aplicação desta abordagem desenvolvida para enfrentar um problema prático de capacitação de uma empresa multinacional desenvolvedora de produtos altamente tecnológicos, a Xerox. Palavras-chave: Desenvolvimento de Produtos, Capacitação Tecnológica, Aprendizagem Organizacional. Abstract One of the biggest barriers that enterprises have to face in order to improve their product development process performance is the lack of professionals with a comprehensive view of the whole process and also with technological skills. To surpass this barrier, a new approach to product development process education has been proposed within a frame of research works. This new approach, based on the use of active didactics techniques, is called Integrated Scenario. In this paper a new application of the approach developed to face a real training problem of a multinational company, which develops high technological products - Xerox, is presented. Keywords: Product Development; Tecnologic Training; Organizacional Learning. ENGª. PROF. DRA. ANA PAULA F. MUNDIM (1) UMA EXPERIÊNCIA DE CAPACITAÇÃOAr tig o Té cn ic o 33 TECNOLÓGICA DOS PROFISSIONAIS DO DE PRODUTOS PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO 34 Ar tig o Té cn ic o 1. Introdução Nas últimas décadas, questões como aprendizagem e capacitação profissional têm assumido um papel fundamental dentro do processo de desenvolvimento de produtos (PDP), permitindo que a empresa mantenha- se atualizada tecnologicamente e atinja os rigorosos padrões de produtividade, rapidez e qualidade exigidos nesse processo. É importante notar que o desenvolvimento de produtos deve ter uma abordagem de integração dos vários tipos de sistemas para suportar o projeto e a operação de inúmeras e complexas atividades de engenharia (Eversheim & Schernikau, 1999). Ou seja, deve ter uma abordagem multidisciplinar. Este desenvolvimento requer também o trabalho em equipe, a aplicação de práticas simultaneamente e diversos métodos de desenvolvimento, provocando uma intensa e eficiente interação entre diferentes áreas da engenharia, a fim de projetar melhores produtos. Caso contrário, a fragmentação dos conhecimentos destas áreas pode trazer sérias conseqüências para as atividades de projeto, onde a criatividade do projetista pode ser l imitada pelo seu alto grau de especialização (Wheelwright & Clark, 1992). A tarefa multidisciplinar do desenvolvimento de produtos requer, portanto, profundos conhecimentos das diversas áreas da engenharia, noções gerenciais, visão sistêmica e integrada do negócio e relacionamento interpessoal. Neste contexto, uma das principais dificuldades atuais no gerenciamento integrado do processo de desenvolvimento de produtos é a existência de poucos profissionais capacitados para atuar eficientemente nesse processo de negócio multifuncional. Buscando minimizar o problema, os profissionais deveriam adquirir o aprendizado de novas tecnologias acoplado com a visão integrada do negócio, envolvendo todas as habilidades requeridas neste processo, tais como: pensamento sistêmico, trabalho em equipe e conhecimentos técnicos específicos. Capacitando-os, assim, a trabalhar entre as fronteiras das áreas da engenharia, objetivando identificar e utilizar a correta combinação de tecnologias e conhecimentos que irão prover a melhor solução para o problema de desenvolvimento em questão. Uma forma de auxiliar esta capacitação profissional baseia-se na utilização de uma nova abordagem de aprendizagem de desenvolvimento de produtos caracterizada pela didática ativa, denominada cenário de integração. Tal abordagem é suportada por modelos de referência, a partir dos quais consegue-se capturar uma visão sistêmica e integrada do processo de negócio da empresa e se obter o mapeamento dos conhecimentos específicos necessários à execução desse processo. Este artigo apresenta um resumo do livro Desenvolvimento de Produtos e Educação Corporativa (Ed. Atlas, 2002) da Prof. Dra. Ana Paula Mundim, onde é discutido a construção e aplicação da abordagem de cenário de integração para solucionar a questão da capacitação tecnológica dos profissionais do desenvolvimento de produtos da Xerox Brasil. 2. Ferramenta de Capacitação Uma forma de minimizar o problema de formar profissionais qualificados para o PDP seria fazer com que as pessoas adquirissem esta experiência dentro das empresas ou mesmo das escolas, entretanto, poucas são as escolas ou empresas onde as pessoas podem aprender novas tecnologias acopladas com uma visão integrada do negócio, ou seja, este tipo de aprendizado não é comum, seja nos cursos de graduação das universidades, seja nos cursos de aperfeiçoamento profissional. Para suprir esta necessidade Rozenfeld et al. (1998) propuseram o desenvolvimento de cenários educacionais baseados em modelos de referência, que possibilitem a oferta de uma visão holística e uma experiência completa das situações 35 envolvidas em um processo de negócio específico. Esta nova abordagem de técnica de ensino é considerada não convencional, já que emprega didática ativa e proporciona um relacionamento democrático entre os participantes, através de sua interação e do vivenciamento de situações em um ambiente que reproduz as condições de uma empresa de manufatura real. Pelo cenário, as pessoas participam do processo e, conseqüentemente, aprendem mais (Rozenfeld et al., 1998). As diversas formas de participação podem ser feitas através de apresentações, simulações de tempo real, vivenciamentos e cursos locais ou a distância, já que segundo Foreman (1999) um dos papéis das novas abordagens educacionais é identificar tecnologias de informação que auxiliem e facilitem os processos de aprendizagem nas organizações. A base desta proposta é uma estrutura de conceitos e elementos que suportam este vivenciamento, apresentada na Figura 1. Figura 1–Concepção Básica do Cenário de Integração do PDP (AMARAL et al., 1999). Na aplicação de um curso de capacitação, o participante assume um personagem e realiza as atividades e ações conforme o papel deste em um script, que é desenvolvido com base no modelo de referência de uma empresa e produto específicos e os conhecimentos relacionados. O curso é então dividido em módulos e, ao mesmo tempo em que a história é contada (seguindo-se o script), os participantes são levados a realizar diversos tipos de atividades que têm por objetivo transmitir os conceitos e exemplos necessários para a compreensão da história; e também permitir que ele experimente a sensação de “vivenciá-la”, ou seja, de reproduzir as ações dos personagens ou tomar decisões em seu lugar. Essas atividades podem ser divididas em apresentações formais, demonstrações ou vivências (Amaral et al., 1999). Contudo, antes de se propor novas formas de ensino e treinamento eficientes para capacitação profissional, faz-se necessária a utilização do modelo de referência como forma de visualização holística do processo de negócio em questão, assim como forma de mapeamento dos conhecimentos relacionados a este processo, facilitando o entendimento do contexto em que a capacitação ocorre. Segundo Fleury & Fleury (1997), a questão da aprendizagem tem que ser sempre pensada de forma sistêmica, o que implica a busca da integração organizacional para atingir objetivos compartilhados, seguindo uma estratégia para a qual cada pessoa e cadaunidade organizacional saiba como contribuir. Além disto Wheelwright & Clark (1992) destacam que para cada projeto específico, identificam- se diferentes tipos de habilidades e conhecimentos necessários para a criação da capacidade de desenvolvimento, ou seja, requer-se o conhecimento prévio de tais necessidades a fim de se treinar tal capacidade. Com base nessa nova abordagem de cenário de integração, descreve-se a seguir um caso prático de capacitação tecnológica em desenvolvimento de produtos. 3. Caso Xerox de Capacitação Tecnológica no PDP A Xerox estava implementando um novo modelo do processo de desenvolvimento de produtos, adotado como padrão mundial A rtigo Técnico 36 Ar tig o Té cn ic o desta corporação. Este modelo foi desenvolvido no país sede com o apoio de importantes centros de pesquisa deste país e de um instituto, dentro desta empresa, cuja atribuição é desenvolver tais tipos de padrões, material didático e cursos para capacitação. Ele adota os mais modernos conceitos e ferramentas sobre gestão do PDP e é parte importante da estratégia da empresa para a melhoria de seu desempenho mundial. A estratégia de disseminação deste modelo de referência no Brasil empregava como suporte os treinamentos desenvolvidos na matriz. Com o objetivo de minimizar os custos de deslocamento dos funcionários brasileiros para realizar tais cursos no exterior, e, principalmente, para se desenvolver um curso adaptado à realidade da empresa no Brasil, foi iniciado um projeto de cooperação universidade-empresa com o Grupo de Engenharia Integrada do NUMA – EESC – USP (Mundim, 2002). A proposta inicial da Xerox era a de preparação de um programa de capacitação profissional amplo, incluindo o treinamento, adaptado às realidades dos funcionários brasileiros, sobre o novo PDP e a capacitação destes profissionais nas técnicas e métodos incorporados nesse processo. Ofereciam, para tanto, a oportunidade de se utilizar os materiais e cursos internos já disponíveis dentro da empresa, criados por uma unidade de outro país. No entanto, os pesquisadores perceberam esta como uma grande oportunidade para avaliar o emprego do cenário como instrumento para capacitação e aprendizagem organizacional. Sua utilização dentro desta situação problemática da Xerox poderia suportar a transmissão do novo modelo do PDP de maneira contextualizada, empregando-se um caso de desenvolvimento próximo da realidade dos funcionários das unidades brasileiras. Além disso, as novas formas de aprendizagem empregadas, permitiriam aos participantes simularem algumas atividades específicas deste processo. Havendo, portanto, um potencial para aumentar o nível de aproveitamento e o estímulo para a utilização de tal processo (Pugh, 1996). A visão holística que a proposta do cenário de integração proporciona poderia auxiliar na conscientização dos funcionários quanto à importância do trabalho multidisciplinar e à percepção da interação de suas atividades com a de outros setores da empresa dentro do novo processo, facilitando, conseqüentemente, a implementação e utilização do novo modelo do PDP. Mais ainda essa visão holística poderia funcionar como integradora de um programa mais amplo de educação corporativa para o PDP. Após entrar em contato com a proposta, feita pelos pesquisadores, a Xerox concordou que fosse aplicado dentro do programa de capacitação o conceito de cenário de integração. Iniciou-se, então, um projeto de cerca de 8 meses, durante os quais, foi preparado, exclusivamente para a empresa, um cenário completo sobre o novo PDP. Um funcionário da Xerox responsável pelo projeto atuou conjuntamente com o grupo de pesquisa no desenvolvimento da aplicação, fornecendo subsídios sobre o produto e a empresa, discutindo e tirando dúvidas do processo, avaliando as informações desenvolvidas e agendando entrevistas e visitas às instalações, necessárias para o desenvolvimento do cenário. Esta aplicação foi projetada como parte do programa de capacitação, visando (Mundim, 2002): -à transmissão de uma visão holística e integrada do novo PDP da empresa; -uma visão contextualizada das ferramentas, técnicas e métodos contidos no processo; -uti lizar novas formas de aprendizagem, e -motivar os profissionais a se capacitarem nas ferramentas, técnicas e 37 métodos apresentados no curso, conforme suas necessidades particulares. Deste modo, o cenário foi planejado como o primeiro passo dentro de um programa de educação corporativa para o PDP, a ser seguido posteriormente por um conjunto de ações e treinamentos em conhecimentos e ferramentas específicos, relacionados com esse processo, porém, citados e contextualizados durante esse primeiro curso. Ou seja, a visão e as competências gerais, desenvolvidas no primeiro curso aplicando o cenário, deveriam auxiliar a fornecer a base necessária para a compreensão do modelo de referência do processo de negócio e todas as suas funcionalidades, recursos e organização, facilitando, a partir de então, não só a capacitação dos profissionais, assim como a interação entre eles. Todo este programa de educação corporativa para o PDP é baseado no modelo de referência do processo de negócio e nos conceitos de educação continuada, gestão de pessoas por competências e novas formas de aprendizagem. Segundo o programa, cada área funcional responsável por certas atividades do PDP necessita de competências específicas para o desempenho de suas tarefas, levando aos cursos que os profissionais dessa área deveriam ser qualificados (parte inferior da Figura 2). Figura 2-Esquema do Programa de Educação Corporativa para o PDP da Empresa Pesquisada. O cenário desenvolvido baseou-se na concepção básica de cenários apresentada anteriormente e no novo modelo de referência para o PDP da Xerox, o qual precisaria ser transmitido aos funcionários. O primeiro passo para sua construção foi a escolha de um produto exemplo dentre os produtos da empresa. Em seguida, determinaram-se as características da empresa modelo, definindo- se suas unidades e estrutura organizacional. Fez-se também um mapeamento dos conceitos e ferramentas citados no modelo de referência e os que, mesmo não sendo citados, haviam sido considerados importantes pelo responsável pelo programa de capacitação. Baseando-se nas características do produto e da empresa criou- se um script narrando a história completa do produto exemplo, incluindo o emprego das ferramentas e conceitos listados. Estes elementos, somados ao novo modelo de referência para desenvolvimento de produtos da Xerox, constituem o cenário de desenvolvimento de produtos customizados. Este curso, aplicando o cenário de integração, foi aplicado 6 vezes em unidades diferentes (e na maior parte das vezes distantes) da Xerox, com uma média de 20 participantes por turma, perfazendo um total de 119 participantes. Tais turmas eram bastante heterogêneas quanto aos níveis hierárquicos e áreas de atuação (compras, marketing, software, finanças, manufatura, entre outros), mas, em sua maioria era formada por gerentes ou profissionais de mais altos níveis, responsáveis por difundir o processo dentro de suas áreas. Como recurso complementar à aplicação do cenário de integração, criou-se um site na Internet (empregando-se uma solução de educação a distância) com o objetivo de proporcionar um local onde os alunos pudessem trocar informações e realizar discussões sobre o modelo de referência (chats), armazená-las (fóruns), e, também, realizar uma avaliação on-line sobre os conhecimentos adquiridos no curso. Tal A rtigo Técnico 38 Ar tig o Té cn ic o avaliação não tinha o intuito de testar tecnicamente os conhecimentos, mas sim forçar os alunos a manipularem todo o material recebido no curso (principalmente a documentação original da empresa sobreo novo modelo). Esta avaliação tornava-se disponível aos participantes um mês após o final do curso, permanecendo on-line durante o período de uma semana. Vale destacar que a empresa só oferecia certificado de conclusão para os colaboradores que realizassem os testes na Internet, como forma de motivação e apoio da alta cúpula às atividades de capacitação e aprendizagem (Meister, 1998). A avaliação da aplicação do cenário na Xerox foi realizada em três momentos distintos: logo após a realização dos cursos, seis e oito meses após, respectivamente, por meio de um questionário respondido no encerramento do curso, um questionário enviado por correio eletrônico e entrevistas pessoais com alguns profissionais que realizaram o treinamento. Os resultados coletados nestas três etapas da avaliação validaram as hipóteses levantadas anteriormente. Vale ressaltar, entretanto, que questões sobre a organização do tempo do curso; nível de detalhamento dos conhecimentos para profissionais de áreas específicas dentro do processo; suporte do comitê executivo não só para capacitação dos profissionais, como também para implementação dos novos conhecimentos; cultura de aprendizagem organizacional da empresa e metodologia de utilização dos integradores da educação corporativa devem ser consideradas para aumentar a efetividade do cenário de integração do PDP no contexto da educação corporativa. 4. Considerações Finais A fim de se beneficiar das vantagens da abordagem multidisciplinar que o desenvolvimento de produtos oferece, uma empresa deve ter times de desenvolvimento de produtos compostos por profissionais qualificados nesta abordagem, ao invés de profissionais que trabalham isoladamente em suas específicas funções. Entretanto, para formar estes times o foco de atenção atual deve ser direcionado para a educação multidisciplinar requerida por estes profissionais. A solução é desenvolver a habilidade de se atualizar competências e conhecimentos, ou seja, profissionais de todos os níveis de uma organização devem combinar a expertise em alguns conhecimentos técnicos específicos com a capacidade de trabalhar eficientemente em grupo, formar relacionamentos produtivos com clientes e fornecedores e criticamente refletir sobre suas práticas organizacionais e se necessário mudá-las, contribuindo, então, para transformar sua empresa em uma organização que aprende (SENGE, 1990). O livro descreve um caso prático de capacitação tecnológica no PDP da Xerox Brasil, utilizando uma nova forma de aprendizagem baseada em métodos de didática ativa. A análise desse caso apresentou uma série de considerações que confirmam as afirmações anteriores. (1) Mestre em Engenharia de Produção e doutora em Engenharia Mecânica pela USP/ São Carlos, sendo autora do livro “Desenvolvimento de Produtos e Educação Corporativa”, Ed. Atlas, 2002. Atua como professora no curso de Engenharia Mecânica da FAAP, assim como no MBA em Engenharia de Produto da Politécnica da USP. Além disto, é certificada no Project Management Institut (PMI), tendo 6 anos de experiência na gestão de projetos. Neste sentido, atuou em projetos de implementações de sistemas de informação, revisão de processos e estratégias organizacionais em empresa tais como: Xerox, Brasil Telecom, Telemar, Sercomtel, Embraco, Videolar e Perdigão. Dados do Autor 39 Bibliografia AMARAL D., ZANCUL E., ROZENFELD, H. Cenário de Engenharia Integrada: Ampliando e Avaliando uma Aplicação em Educação, XIX Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Niterói – RJ, 1999. EVERSHEIM, V.; SCHERNIKAU, J. Product Development and Manufacturing for Mechatronic Production Systems. Proceedings of Second International IMS – Workshop, Leuven, Belgium, 1999. FLEURY, A.; FLEURY, M. T. Estratégias Empresariais e Formação de Competências. São Paulo, SP, Editora Atlas, 2000. FOREMAN, J. Distance Learning and Virtual Organization. The Electronic Journal of Organisational Virtualness, March 1, 1999. MEISTER, J. C. Corporate Universities: Lessons in Building a World-Class Work Force. ASTD, McGraw-Hill, 1998. MUNDIM, A. P. F. Desenvolvimento de Produtos e Educação Corporativa. Editora Atlas, São Paulo, 2002. PUGH, S. Creating Innovative Products using Total Design: the living legacy of Stuart Pugh. Massachusetts: Addison-Wesley, 1996, 533p. ROZENFELD H., OLIVEIRA C., AGUIAR, A. OMOKAWA R., Development of a Concurrent Engineering Scenario for Educational Purposes, Proceedings of International Conference on Education in Manufacturing, San Diego, California, 1998. SENGE, P. A Quinta Disciplina. São Paulo, SP, Editora Best Seller, 1990. WHEELWRIGHT, S.C.; CLARK, K.B. Revolutionizing Product Development: quantum leaps in speed, efficiency, and quality. New York, The Free Press, 1992. A rtigo Técnico 40 Ar tig o Té cn ic o Resumo Podemos definir liofilização como um processo de estabilização, no qual uma substância é previamente congelada e então a quantidade de solvente (geralmente água) é reduzida, primeiro por sublimação e posteriormente por dessorção, para valores tais que impeçam atividade biológica e reações químicas. A liofilização tem sido usada há várias décadas em escala industrial para a estabilização de numerosos produtos, muitos dos quais de origem biológica. Embora métodos alternativos estejam disponíveis para este propósito, a liofilização freqüentemente é o método de escolha para a desidratação de fármacos, vacinas, produtos de biotecnologia e diagnóstico, devido às vantagens oferecidas em termos de estabilidade térmica e retenção de atividade durante o processo e durante o subseqüente armazenamento do produto liofilizado. Apesar de seu uso extenso, muitos equívocos ainda cercam o processo, inclusive a convicção de que a liofilização é uma técnica simples que pode ser aplicada a qualquer produto que requer secagem. Além disso, muitas considerações tratam o processo como uma arte ao invés de uma ciência. Palavra chave: liofilização. Abstract The freeze-drying (lyophilization) process is defined as a stabilizing process in which a substance is first frozen and then the quantity of the solvent (generally water) is reduced, first by sublimation and then desorption to values that will no longer support bilological activity or chemical reactions. Freeze-drying has been used for several decades on an industrial scale for the stabilization of numerous products, many of which are of biological origin. Although alternative methods are available for this purpose, freeze-drying often remains the method of choice for the dehydration of pharmaceuticals, vaccines, diagnostics and biotechnology products, due to the advantages it can offer in terms of thermal stability and retention of activity, both during the process itself and during subsequent storage of the freeze-dried product. In spite of its extended use, many misunderstandings still surrounded the process, besides the conviction that the freeze-drying is a simple technique that can be applied to any product that request drying. Perhaps the most general mistake made regarding the lyophilization process is its treatment as an art rather than a science. Keywords: lyophilization, freeze-drying. ENGª. DRA. ANA MARIA IRENE BARTOLOMEU AYROSA (1) LIOFILIZAÇÃO 40 CIÊNCIA ou ARTE?ARTE?ARTE?ARTE?ARTE? 41 1. Introdução Congelamento e subseqüente secagem no estado congelado são fenômenos bem conhecidos desde tempos remotos. É do conhecimento de todos que, em tempos de inverno, a neve poderia desaparecer da terra, sem derreter, por sublimação direta sob calor radiante. A civilização Inca, nos picos superiores do reino montanhoso, secava alimentos, ao sol, sob pressão atmosférica reduzida. Porém, só por volta do Século XX, Altman e Gersh fizeram uso desta técnica para a preparação de amostras biológicas para microscopia, dando, então, uma aplicação potencial para as experiências básicasde Bordas e d’Arsonval (1906). A liofilização permaneceu um assunto confidencial até a Segunda Guerra Mundial. Só então, tornou-se uma prática corrente quando, Earl Flosdorf nos E.U.A., Ronald Greaves na Inglaterra e François Henaff na França prepararam os primeiros lotes de plasma sanguíneo l iofi lizado para o tratamento de vítimas em campos de batalha. Na ocasião, Earl Flosdorf, considerando que esta técnica pôde preparar um sólido altamente solúvel, chamou o processo de liofilização, do grego, “amigo de solvente”. Quase ao mesmo tempo, na Inglaterra, Ernst Chain entendeu que este novo processo seria o modo ideal para estabilizar produtos bioquímicos frágeis, como o que ele havia isolado, a Penicilina. Este era o real começo do desenvolvimento prodigioso de antibióticos, uma, se não a principal das contribuições mais significantes da ciência para gênero humano. O Prêmio Nobel foi dado a Ernst Chain em 1945. Nos anos seguintes, extratos de tecido, hormônios, esteróides, ossos e fáscia para cirurgias de reparação e reconstrução e muitas outras substâncias ativas instáveis foram preparadas através da liofilização; inclusive soros e vacinas, um campo crucial no qual Charles Mérieux abriu caminho. A liofilização ainda é tratada por muitos como uma arte. O vidro foi tratado como um tipo de arte por milhares de anos depois de sua descoberta e só na segunda metade do século passado ocorreu a transição para ciência. Devido à ciência, principalmente à mecânica quântica, computadores produzidos há vinte anos, quando comparados aos sistemas atuais, fazem-nos parecer da idade da pedra. Para que a liofilização faça tal salto em tecnologia dependerá principalmente de avanços em métodos analíticos térmicos. Contudo, convém frisar que se consome menos tempo e esforço para desenvolver um processo de liofilização, para um determinado produto, pelo uso de princípios científicos do que por tentativa e erro. 2. Definição Há muitas definições alternativas, a maioria delas incompletas para definir liofilização. Operacionalmente poderíamos definir o processo como um método controlável de desidratar materiais lábeis, freqüentemente de origem biológica, através da dessecação sob pressão reduzida. Tecnicamente a liofilização pode ser descrita como: 1.Resfriamento da amostra; 2.Conversão da água congelável em gelo; 3.Congelamento eutético de componentes cristalizáveis; 4.Persistência de uma matriz amorfa composta de solutos não cristalizáveis e umidade não congelável; 5.Sublimação do gelo sob pressão reduzida; 6.“Evaporação” da água da matriz amorfa; 7.Dessorção da umidade remanescente na matriz aparentemente seca. O diagrama de fases da água (Figura 1) representa um papel chave no processo de liofilização. É uma representação gráfica das propriedades da água em termos de duas A rtigo Técnico 42 Ar tig o Té cn ic o variáveis intensivas, pressão e temperatura. O diagrama mostra as regiões onde a fase sólida, líquida e vapor estão presentes. A interseção das três linhas ocorre a uma temperatura de 0,0098°C e uma pressão de 4,58 mmHg, o chamado ponto triplo. Neste ponto, todas as três fases da água coexistem. Se fornecermos calor a um material em condições abaixo do ponto triplo, a água contida neste produto passará diretamente do estado sólido ao de vapor, sublimando. É nestas condições que ocorre a liofilização, porém, convém mencionar que, no processo de liofilização, a temperatura do produto congelado deve ser mantida bem abaixo de 0°C. Figura 1-Diagrama de fases da água. A liofilização apresenta várias vantagens ao competir com outros processos de desidratação. A baixa temperatura, mantida durante todo o processo, evita qualquer alteração química das substâncias sensíveis ao calor e umidade. Por este motivo, um produto seco por esta técnica mantém inalterável a sua composição química original, a sua atividade terapêutica e outras propriedades características. Se for acondicionado e armazenado convenientemente, poderá manter-se sem alteração por um longo período. Os produtos liofil izados apresentam facilidade na reconstituição devido à estrutura porosa deixada pela saída da água. Isto garante a reprodução fiel do produto original uma vez em contato com a fase líquida primitiva. A liofilização reduz a tendência que certos produtos têm para aglomerarem quando dessecados por outras técnicas, além de reduzir também a perda de constituintes voláteis. Que tipos de produtos são liofilizados? 1. Não-biológicos, onde o processo é usado para desidratar ou concentrar reativos ou substâncias químicas sensíveis ao calor. 2. Bio-produtos não vivos. Esta compreende a principal área de aplicação e inclui: 2.1. enzimas, hormônios, antibióticos, vitaminas, hemo-derivados, anticorpos, vacinas inativadas, etc. Este sub-grupo inclui fármacos que podem ser usados para diagnóstico e terapêutica; 2.2. ossos e outros tecidos do corpo para uso cirúrgico ou médico; 2.3. alimentos, onde propriedades organolépticas são importantes; 2.4. bio-produtos úteis industrialmente. 3. Organismos vivos, onde células reconstituídas depois da secagem devem poder crescer e multiplicar-se para produzir nova progênie. Exemplos incluem bactérias e fungos usados como culturas de semente ou vacinas viróticas atenuadas. 4. Usos diversos: livros danificados por inundações, artefatos de museu, etc. Há equipamentos de liofilização de diversos modelos para as mais diferentes aplicações. A Figura 2 mostra um esquema geral de um liofilizador industrial. Basicamente consta de quatro partes: uma câmara de secagem, um condensador, uma bomba de vácuo e um compressor. A câmara de secagem lembra um armário com várias prateleiras, destinadas a receberem o material a secar. É construída de forma a suportar as pressões 43 negativas de operação e possui uma porta que fecha hermeticamente, através da qual se faz a carga e descarga do equipamento. A câmara de secagem está diretamente ligada ao condensador e este, por sua vez, à bomba de vácuo. O condensador opera a temperaturas abaixo de -40°C, dependendo dos obstáculos que o vapor encontra para atingir o condensador. A temperatura da superfície do condensador deve ser mantida em valores tais que a pressão de vapor do gelo esteja bem abaixo da pressão total na câmara. Quanto maior for o gradiente de temperatura entre o produto e o condensador, maior será a velocidade de secagem. O calor deve ser fornecido ao material através do aquecimento das placas por um fluido circulante ou por resistência elétrica. A razão de remoção da umidade depende da taxa de fornecimento de calor ao produto. Portanto, depende da condutividade térmica do material bem como da sua espessura. Figura 2-Esquema geral de um liofilizador. As três etapas do processo de liofilização, congelamento, secagem primária e secagem secundária são críticas. A determinação correta dos parâmetros que envolvem estas fases são de fundamental importância e, da sua correta manipulação, depende a qualidade do produto final. 3. Congelamento inicial Durante o congelamento de uma solução, a água transforma-se em gelo, num variado, porém, com alto grau de pureza. Os constituintes não aquosos são concentrados em uma pequena quantidade de água. A Figura 3 representa as relações de equilíbrio líquido sólido entre a água e um sal a diferentes concentrações e temperaturas. Em uma solução, cuja concentração está situada à esquerda do ponto eutético (temperatura de solidificação total), à medida que se reduz a temperatura, ocorre a separação do gelo e a solução remanescente torna-se cada vez mais concentrada, até atingir a concentração eutética. Uma solução, à direita do ponto eutético, precipita o sal à medida que ocorre o resfriamento e torna-se cada vez mais diluída até atingir a concentração eutética.Figura 3-Diagrama de equilíbrio sólido-líquido. Para um material ser congelado, de forma que a liofilização possa ocorrer, deve haver uma mudança de fase envolvendo o solvente. Se o solvente é água, então devem ser formados cristais de gelo. A formação desses cristais de gelo resulta na separação do soluto do solvente. Os solutos são então confinados a uma localização conhecida como a região A rtigo Técnico 44 Ar tig o Té cn ic o intersticial da matriz. Essa região intersticial não só tem que conter os solutos da formulação original, mas também uma quantidade pequena de água que não cristalizou. A temperatura na qual a mobilidade da água intersticial fica significante é definida como a temperatura de colapso e dependerá da natureza dos solutos. A determinação precisa do ponto eutético de um determinado material é de grande importância. Constitui o limite térmico superior a não ultrapassar durante a liofilização, descartando assim o risco de provocar o fenômeno do colapso, que é uma alteração estrutural perceptível como um encolhimento radial da matriz sólida do liofilizado. A causa desse encolhimento é atribuída a uma redução da viscosidade. Produtos, que no congelamento não formam eutético, e sim matrizes altamente viscosas e amorfas, não sofrem transições de fases definidas, mas podem fluir em função da temperatura e umidade, devido à redução da viscosidade. 4. Secagem primária Quando a temperatura e pressão requeridas são atingidas no condensador e câmara respectivamente, inicia-se a secagem primária. A temperatura de placa é aumentada de tal forma que a sublimação do gelo possa ocorrer na matriz do produto. A temperatura do produto é então diminuída para assegurar uma matriz completamente congelada ao longo de todo o processo de secagem primária. Em um caso ideal, a temperatura do produto, durante o processo de secagem primária, será diretamente dependente da temperatura de placa e da pressão na câmara, isto é, o número de graus de liberdade da temperatura do produto se aproximará de zero. Conseqüentemente para manter uma determinada temperatura do produto não é possível mudar a pressão na câmara sem a compensação de uma mudança na temperatura de placa. O final da secagem primária pode ser constatado pelo aumento da temperatura do produto, num valor próximo à do ambiente o que equivaleria, pela observação visual, ao desaparecimento da interface entre a camada seca e a camada congelada. 5. Secagem secundária Após a secagem primária, prossegue-se com a evaporação da água remanescente por um período em geral de 30% a 50% do tempo gasto na primeira fase. O processo de secagem secundária serve para diminuir o conteúdo de umidade residual no bolo formado pelo produto, de tal forma que já não haverá crescimento biológico ou reações químicas. O conteúdo de umidade de equilíbrio do produto será dependente da temperatura do bolo, da pressão parcial do vapor de água sobre a superfície do mesmo e da interação química entre a composição da formulação e o vapor de água. Para um determinado material, o conteúdo de umidade final pode ser reduzido por um aumento na temperatura de placa (a uma pressão parcial constante do vapor de água) ou uma redução na pressão parcial do vapor de água sobre a superfície do bolo (a uma temperatura constante do produto). A conclusão do processo de secagem secundária geralmente é simbolizada pela temperatura do produto aproximando-se da temperatura de placa por um período específico de tempo. A Figura 4 mostra um ciclo completo de liofilização em função do tempo, temperatura e pressão para uma formulação de baixa concentração de um produto farmacêutico. Observa-se que o tempo de secagem primária para o produto do exemplo foi de 10 horas aproximadamente. O material permaneceu a uma temperatura de -40°C durante este período e a pressão na câmara foi de aproximadamente 50 mTorr. Já na secagem secundária, iniciada automaticamente logo após a primária, a temperatura do produto foi sendo elevada gradativamente até 20°C. A pressão na câmara de secagem nessas condições caiu a 0mTorr. 45 Figura 4-Curva de liofilização de uma formulação farmacêutica de um sal em baixa concentração. 6. Conclusões Cada produto tem suas particularidades e, portanto, cada ciclo de liofilização é único. Talvez resida nesse ponto o fato que torna o processo de liofilização uma operação unitária tão instigante que o faz parecer uma arte. Bibliografia ROSA, A.M.I.B. Estudo do perfil de textura da carne bovina cozida liofilizada. São Paulo (Tese de Doutorado – Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo), 1999. AYROSA, A.M.I.B., FAINTUCH, B.L., PITOMBO, R.N.M. Freeze-drying parameters and hygroscopic profile of radiopharmaceutical kits labeled with 99m-Tc. The Journal of Nuclear Medicine, v.42, p.264P, 2001 JENNINGS, T.A. Lyophilization – Introduction and Basic Principles, Interpharm Press, Buffalo Grove, IL, 1999. JENNINGS, T.A. Discussion of primary drying during lyophilization. J. Parenter. Sci. & Tech., Philadelphia, v.42, n.4, p.118-121, 1988. REY, L. Some leading prospects in freeze-drying. Lyophilization Conference 2002 (Notes). Amsterdam, 2002. (1) Engenheira Química formada pela FEFAAP, Mestre e Doutora pela USP; Professora da disciplina Engenharia de Alimentos na FEFAAP; Diretora da Sociedade Internacional de Liofilização (International Society of Lyophilization – Freeze Drying, Inc. – ISL-FD, Delaware, PA, USA); E-mail: anayrosa@uol.com.br Dados do Autor A rtigo Técnico 46 Ac ad êm ic os RESUMO As vantagens da produção de eletricidade a partir de biomassa – inclusive a venda de excedentes de eletricidade por cogeradores – já foram estudadas em inúmeros trabalhos, que analisam seus benefícios para os setores envolvidos e para a sociedade em geral, principalmente pelos aspectos ambientais e estratégicos. Este trabalho tem como objetivo apresentar a situação do setor elétrico brasileiro e analisar os problemas técnicos, sociais e ambientais do setor madeireiro, apresentando alternativas para a geração de energia elétrica. O setor madeireiro foi selecionado pelo fato de estar entre aqueles que mais geram resíduos, biomassa, em seu processo industrial, sendo este um setor com grande potencial termelétrico. O presente trabalho analisa uma indústria do setor madeireiro, avaliando os sistemas atuais de produção e propondo a implementação de uma Central Termelétrica que funcione em conjunto com as atividades da madeireira, para gerar 500 kW e aumentar a capacidade de geração de vapor utilizada em seus processos produtivos. Para isso, foram analisadas diversas tecnologias e tipos de sistemas para o aproveitamento do resíduo, para que, fosse possível a escolha do sistema mais adequado às necessidades da empresa estudada. Palavras-Chave: Biomassa, eletricidade, sustentabilidade, cogeração, resíduo de madeira. ABSTRACT The advantages of the production of electricity starting from biomass - besides the sale of surpluses of electricity for cogenerator - they were already studied in countless works, that analyze its benefits for the some sections and for the society in general, mainly for the environmental ambient and strategic aspects. This work has as objective to present the set of the Brazilian electric section and to analyze the technical, social problems and you set of the Brazilian wood section, presenting alternatives for the generation of electric energy. The wood section was chosen, because is among those that more generates residues, biomassa, in its industrial process, being this a section with great potential thermoelectric. The present work analyzes an industry of the wood section, evaluating the current systems of production, and proposing an starting of a Thermoelectric Central that works together with the activities of the wood,to generate 500 kW and to increase the capacity of vapor generation used in its productive processes. For that, several technologies and types of systems were analyzed for the use of the residue, so that, it was possible the choice of the most appropriate system the needs of the studied company. Keywords: Biomass, electricity, cogeneration, sustentability, wood residues. FELIPE MOREIRA MIRANDA (1), FABIO GIOBBI (2), JOSÉ RODRIGUEZ RIVERO JR. (3) ORIENTADORA: ENGª. MSC. SILVIA MARIA STORTINI GONZÁLEZ VELÁZQUEZ (4) 46 APROVEITAMENTO SUSTENTÁVEL DE RESÍDUOS DO SETOR MADEIREIRO PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM PEQUENA ESCALA. ESTUDO DE CASO: SGUARIO INDÚSTRIA DE MADEIRAS LTDA - ITAPEVA-SP 47 1. Introdução Atender a todas as regiões povoadas do país com energia elétrica representa ainda um grande desafio. A chegada da energia elétrica às populações rurais em regiões menos favorecidas, de difícil acesso e com baixa renda, proporciona um impacto positivo na melhoria da qualidade de vida e acesso à condição básica para exercício da cidadania. Atingir esse objetivo significa um avanço do país rumo à sustentabilidade. Atualmente, a questão energética e o desenvolvimento sustentável são questões de amplos debates entre a sociedade mundial, não só porque o suprimento energético é uma das condições básicas para o desenvolvimento, mas também porque o atendimento a esta demanda tem provocado profundas agressões ao meio ambiente. O setor energético tem uma participação muito grande nos principais problemas ambientais enfrentados pela sociedade mundial, pois a maior parte da energia consumida hoje é proveniente de combustíveis fósseis, que além de não serem uma fonte de energia renovável, contribuem muito para o efeito estufa. Assim, a busca por fontes renováveis de energia, que não agridem tanto a natureza, deve ser um objetivo de toda a sociedade. A utilização da biomassa provoca um desenvolvimento na economia da região, gerando empregos, não só pela dinamização do setor de equipamentos, como na área rural, fixando e aumentando o número de empregos no campo, evitando a migração para cidades. Com vistas a todos esses problemas, alunos do 5º ano do Curso de Engenharia Mecânica desenvolveram em seu trabalho de conclusão de curso, no ano de 2003, um estudo de caso, em uma serraria no Estado de São Paulo, visando ao aproveitamento do resíduo de madeira proveniente dos processos industrias, para a geração de eletricidade na própria serraria. 2. Situação do Setor Elétrico O Brasil dispõe da maior bacia hidrográfica do mundo. “As usinas hidrelétricas proliferaram a partir da década de 50, dando sustentação ao forte impulso do país rumo à industrialização e ao desenvolvimento” (Brasil Energia). “Hoje a matriz energética brasileira é composta, aproximadamente, por 82% de geração hídrica, ficando o restante distribuído entre a geração térmica, eólica e nuclear”(ANEEL, 2003), com uma potência instalada, em 2003, de 86.684 MW (BEN, 2001). A demanda por energia elétrica, naturalmente, cresceu de forma exponencial, sendo atendida por meio de pesados investimentos que resultaram na construção da usina Hidrelétrica de Itaipu, segundo dados do IBGE, 2003. Além de que, a população aumentou de forma significativa e houve um deslocamento muito grande do campo para as cidades. Em meados dos anos 90, o sistema hidrelétrico instalado começou a dar sinais de esgotamento. “Desde os anos 70, a crise do setor elétrico foi se agravando em conseqüência das tarifas mantidas em patamares reduzidos, como tentativa política de combate à inflação de governos anteriores” (VELÁZQUEZ, 2000 pag. 6). Porém “em 1995, o Brasil alcançou a estabilização da sua moeda e o fim da galopante inflação que castigou a economia e a população nas mais de duas décadas anteriores. O saldo deixado pelo regime inflacionário, no entanto, resultou na incapacidade física do estado de realizar os elevadíssimos investimentos necessários para uma atualização do parque energético nacional” (IBGE, 2003). Das 23 hidrelétricas, cujas obras encontravam-se paralisadas em 95, 15 foram concluídas até 2000, acrescentando cerca de 16 mil MW ao total da capacidade gerada. Paralelamente, abriu-se o mercado energético à iniciativa privada, para que investimentos complementares viessem a Acadêm icos 48 Ac ad êm ic os assegurar o atendimento de uma demanda em constante crescimento. Segundo VELÁZQUEZ, 2000, só no primeiro semestre de 1996, a população comprou 1,8 milhões de geladeiras, 4 milhões de televisores, 2,5 milhões de ferros de passar e milhares de outros produtos eletroeletrônicos, que juntos consomem o equivalente à metade da energia gerada pelas hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, as duas maiores da Companhia Energética de São Paulo (CESP). Com base no BEN, 2001, pôde-se visualizar o aumento do consumo de energia elétrica no setor residencial, ressaltando o aumento do consumo de 1994 para 1995 de 13,6 %, de 1995 para 1996, em 8,6 %, contra previsões iniciais de 2,6 % . De 1996 para 1997, o aumento foi de 7,3%, de 1997 para 1998, de 7,2% e assim por diante. De acordo com VELÁZQUEZ, 2000, desde 1996 há uma grande preocupação com o déficit de energia, em virtude do aumento do consumo de eletroeletrônicos, uma vez que se manteve o crescimento do consumo de eletricidade. Naquele instante, as indústrias necessitavam de maior quantidade de energia para atender à demanda, enquanto o país dependia de chuvas para equilibrar o nível dos reservatórios.”Em 2001, o Brasil foi submetido a um dos piores regimes pluviométricos das últimas décadas, resultando, somado todo o conjunto de fatores mencionados, no problema ora enfrentado por toda a população brasileira”, em nove meses de racionamento de energia elétrica (VELÁZQUEZ, 2003). O Brasil é um dos raros países privilegiados do ponto de vista hídrico, mas isso o torna dependente do regime de chuvas. Recentemente, o Ministério de Minas e Energia (MME)1 anunciou a criação de um Grupo de Trabalho com o BNDES e ELETROBRÁS no intuito de elaborar um programa de apoio ao investimento em fontes alternativas renováveis, com taxas e prazos compatíveis com as tecnologias. O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), criado pela Lei 10.438, em 26/04/2002, tem como principal objetivo aumentar a participação da energia elétrica produzida por empreendimentos de Produtores Independentes Autônomos, concebidos com base em fontes eólicas, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa, num total de 1.100MW por fonte, no Sistema Elétrico Interligado Nacional. 3. Situação do setor Madeireiro O histórico da indústria de madeira sólida no Brasil desenvolveu-se inicialmente pela região Sul, fato este que se caracterizou como responsável pelo desenvolvimento desta região no século XIX. Atualmente, a indústria de Base Florestal Brasileira, a mais expressiva da América Latina, vem atuando em segmentos bastante diversificados: produtos de madeira sólida, painéis reconstituídos, celulose e papel, moveleiro e outros. Devido às dificuldades econômicas vividas pelo país nos últimos anos - desaceleração da economia mundial, desvalorização do Real frente ao Dólar, alta das taxas de juros, desemprego, crise da Argentina e crise energética interna, entre outras, as empresas do setor de madeira estão sendo obrigadas a buscar novas tecnologias e a desenvolver novos conceitos produtivos, com a finalidade de melhorar a competitividade perante o mercado, através do aumento de produtividade e qualidade, resultando em maiores lucros. Estima-se que, no cenário macroeconômico nacional, o setor da indústria de base florestal tenha representado, em 2000, 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Isto caracteriza um montante de aproximadamente US$ 12 bilhões. Desse montante, o setor madeireiroresponde por 1 CARVALHO, C.H.C., Coordenador Geral de Desenvolvimento Energético / Fontes Renováveis, MME, em palestra proferida no 4º Encontro de Negócios de Energia, FIESP/CIESP, São Paulo, 28/08/2003. 49 aproximadamente US$ 5,5 bilhões, enquanto que os restantes US$ 6,5 bilhões correspondem ao setor de celulose, papel e papelão. Mesmo com as dificuldades econômicas vividas pelo setor, os empresários estão buscando a consolidação de seus mercados aumentando sua produtividade. Cabe ressaltar que, segundo estimativas, a indústria madeireira emprega quatro vezes mais mão-de-obra direta informal do que a com registro em carteira, conforme dados de 2002 do IBGE. Estima-se, ainda, que o setor emprega aproximadamente, conforme dados extra-oficiais, 1,5 milhões de pessoas entre empregos diretos e indiretos. 4. As Florestas Brasileiras A área total das florestas do Brasil é superior a 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Estima-se que aproximadamente 42% da área total do território são cobertas por floresta natural densa, 7% por floresta natural aberta e 17% por outras formas de vegetação natural. O restante das áreas brasileiras (34%) foi convertido em outros usos, tais como florestas plantadas, agricultura, pecuária, áreas urbanas e infra- estrutura. 5. Impactos Ambientais da Geração de Energia De acordo com VELÁZQUEZ, 2000, impacto ambiental é definido como uma alteração, favorável ou desfavorável, no meio ambiente, produzida por uma determinada ação ou atividade, sendo esse impacto direto ou indireto, podendo manifestar-se a curto ou longo prazo, ser de curta ou longa duração, reversíveis ou não. Tanto na fase de construção como na operação, as centrais elétricas causam severas modificações no meio ambiente, afetando não só a população humana como também a fauna, a flora, as colheitas e as florestas. Hoje em dia, analisar a questão ambiental é um papel fundamental para a seleção de novas fontes de energia elétrica, uma vez que os custos ambientais se revestem de significativa importância, devendo ser cautelosamente estimados de modo a refletirem os custos impostos à sociedade. VELÁZQUEZ, 2000, alerta para os impactos provocados pela geração hidrelétrica, já que a construção da barragem provoca a formação de um lago artificial conhecido como reservatório, alterando as dinâmicas existentes na ecologia da região. Em termos de ecologia, alega-se que o deslocamento de animais da área alagada para as florestas é praticamente em vão, já que ocorre uma disputa entre os animais novos com os já existentes naquela região, reduzindo aproximadamente aos mesmos níveis de cada espécie; outros nem sequer conseguem escapar da inundação. Com a conseqüente formação do reservatório, surgem outros impactos, como a emissão do metano (CH 4 ), que também é responsável pelo efeito estufa aliado ao dióxido de carbono (CO 2 ), como conseqüência da degradação da biomassa submersa. Por isso, essa alternativa exige equacionamento de problemas ambientais, sociais e institucionais, além de haver a necessidade de transmissão de energia a longa distância. 6. Estudo de Caso Implantação de uma Central Termelétrica de 500 kW na Sguario Indústria de Madeiras Ltda - Itapeva-SP Proposta de Instalação e estudo preliminar de Viabilidade Acadêm icos 50 Ac ad êm ic os 6.1 Histórico Desta Indústria Madeireira A Unidade industrial da SGUÁRIO é atualmente suprida de energia elétrica via três alimentadores independentes, uma parte (500 kW) atende a serraria, uma segunda (268 kW) atende uma área implantada recentemente, na qual se desenvolve a fabricação de painéis e outra (123 kW) o sistema de secagem. Este estudo visa a suprir apenas a demanda de energia elétrica da serraria. Os gastos totais com as duas atividades da empresa atualmente chegam a atingir R$ 29.000,00/mês com energia elétrica, na capacidade topo de produção. A intenção da empresa é a redução deste valor pela metade do valor atual através da auto-produção, por meio da cogeração na serraria. O presente projeto contempla somente a serraria, não envolvendo as partes de painéis e sistemas de secagem, logo todos os dados se referem à atividade da serraria. A proposta baseia-se na otimização do emprego dos resíduos de processo, resultantes do processamento de madeira bruta em toras, convertendo-os em energia através de tecnologias modernas de queima, compatíveis com as exigências de qualidade ambiental da Agroflorestal Matas Verdes S/ A, que mantém, administra, reforma e explora as florestas de Pinus. 6.2 A Sguario e sua Relação com Aspectos Energéticos e Ambientais A SGUARIO – Indústria de Madeiras Ltda. – possui serraria localizada no Município de Nova Campina – SP, apresentando uma capacidade de produção de 2.200 m3/mês de madeira serrada. Para atender à demanda de calor de processo, a empresa apresenta atualmente um sistema de geração de vapor a partir de uma caldeira Biochamm, modelo WSCV 3000, com capacidade nominal de 3 ton/h de vapor saturado, a uma pressão manométrica de até 12 kgf/cm2, Figura 1 , condição que não permite cogeração. A demanda de calor de processo atual corresponde a aproximadamente 2.600 kg/h de vapor saturado. Em um médio prazo, este consumo deve duplicar e, em uma segunda fase, tornar- se quatro vezes maior. Figura 1- Caldeira – 12 kgf/cm2 . Como toda grande unidade de processamento de madeira “in natura”, gera- se uma quantidade substancial de resíduos. Os resíduos são parcialmente queimados na caldeira existente, os cavacos são vendidos e a serragem é estocada em um grande depósito, em área vizinha à sua unidade industrial, e encontra-se apta a ser empregada para queima e complementação de carga térmica através de transporte interno na empresa. Com relação à energia elétrica, a região de Itapeva é considerada, pela concessionária de eletrificação local, uma região na qual é freqüente a incidência de demanda reprimida de energia. Confirmando esta verificação, a unidade da empresa apresenta problema parcial de demanda reprimida de energia elétrica. A implementação de uma unidade de geração termelétrica na SGUARIO consiste na 51 possibilidade de conciliação de diversos interesses extremamente positivos: -eliminação dos gastos com consumo de energia elétrica, que ficam reduzidos ao preço de custo na respectiva unidade de geração. Dessa forma, o lucro passa a ser o que efetivamente deixou de ser gasto com energia, descontando-se os gastos com financiamentos, despesas operacionais e demais descontos; -há possibilidade de geração de energia firme, de baixo custo e sem diferenciação de horário (ponta ou fora de ponta) para consumo. Estabiliza-se assim a produção e a qualidade da energia, pela oferta uniforme no horário de ponta, principalmente levando-se em consideração a intenção da empresa em operar em mais de um turno; -possibilidade do emprego de cogeração em futuras ampliações na capacidade produtiva. 6.3 Oferta de Biomassa A biomassa, gerada pelo processamento industrial da madeira de pinus Elliotti, coloca a SGUARIO como uma das maiores concentrações deste resíduo na região. Tal fato é conseqüência de uma grande região de abrangência de suas atividades e da escala regular de produção mantida pela empresa. A SGUARIO produz madeira ao longo dos meses do ano e sua produção está sujeita a pequenas oscilações, em função de flutuações de mercado e sazonalidade. A Tabela 1 apresenta os dados de produção, já convertidos em produção de picados, casca e serragem, considerando-se uma média de 22 dias úteis ao longo dos diversos meses do ano, operando sob sua capacidade nominal atual. Fonte: Sguario Ltda, 2003. Esta oferta de biomassa é diretamente proporcional ao nível de produção de madeira, Figura 2, considerando-se as mesmas características de matéria-prima.A produção relativamente regular de resíduos ao longo do ano e a forma como são gerados, atendendo parcialmente às necessidades de demanda de energia térmica da própria SGUARIO, reduzem significativamente os problemas relacionados ao armazenamento de grandes quantidades de combustível, evitando investimentos com a construção de grandes sistemas de armazenamento ou a ocupação de grandes áreas de acúmulo de resíduos para estabilização da produção de energia. Figura 2-Biomassa disponível na serraria. Acadêm icos Tabela 1-Produção atual mensal de biomassa na SGUARIO. 52 Ac ad êm ic os 6.4 DEMANDA DE ENERGIA A SGUARIO tem dois alimentadores independentes, consumindo eletricidade no Segmento Horo-Sazonal, sub-grupo A4, em 13,8 kV, praticando sistema de Tarifação Horo- Sazonal Verde sob uma demanda atualmente contratada de 500 kW + 268 kW +123 kW = 891 kW, fora da ponta, 500 kW correspondem ao consumo da serraria, a ser atendido pelo projeto. Os 391 kW restantes serão mantidos pelo alimentador da concessionária. A demanda de energia apresenta um padrão muito uniforme, não havendo picos, devido ao controle rigoroso efetuado e já mencionado. Esse fator cria uma situação favorável ao planejamento de consumo de combustível para a opção de autoprodução de energia elétrica. Os valores de consumo oscilam significativamente ao longo do ano, com elevação nos meses de junho a setembro. O menor valor de consumo é verificado no mês de fevereiro. Para avaliação dos custos envolvidos na compra de energia elétrica da concessionária, a Tabela 2, apresenta valores brutos totais de gastos com energia elétrica na unidade da SGUARIO. Tabela 2-Custo da Energia da SGUARIO. 6.5 Potencial Terméletrico O potencial termelétrico global da unidade é usualmente determinado, considerando-se, em um primeiro lugar, a disponibilidade total de biomassa, que limitará o porte de geração pelo máximo valor de potência para cada conjunto de tecnologias empregadas e concebidas a partir do projeto conceitual do processo termelétrico. Posteriormente, existem inúmeras possibilidades associadas às potências passíveis de serem atingidas, em função das opções tecnológicas adotadas para o processo, que dependem diretamente dos planos da empresa quanto ao aproveitamento de energia (calor e trabalho) no processo e quanto aos níveis e critérios de custos e riscos a serem assumidos pela mesma, com relação ao investimento no futuro sistemas de ampliação. De acordo com o regime de operação proposto para a empresa e para a termelétrica, será estabelecido o padrão de consumo de biomassa e, posteriormente, definidas as alternativas tecnológicas e a expectativa de potência no gerador. A opção da empresa pela inserção de um conjunto completo de seis estufas para aproveitamento do calor no escape da turbina aumenta significativamente a eficiência global do processo e a capacidade de produção, o que vem ao encontro das metas de duplicação da capacidade de madeira serrada, para um futuro próximo. Para o total da energia bruta primária, contida no combustível da SGUARIO ao longo dos meses do ano, para o qual se considera o poder calorífico inferior (1.850 kcal/kg), descreve-se um regime de operação de 24 h/ dia e um fator de utilização global2 de 88,7%. Para uma aproximação preliminar dos dados atuais de produção de biomassa da SGUARIO, adotou-se um sistema composto de uma turbina em contrapressão, operando nas condições demandadas pelo processo. 2 Fator multiplicado pelo tempo total de regime, para se descontar os períodos em que o equipamento está parado para manutenção. Fonte: Sguario Ltda, 2003. 53 6.6 Aspectos Técnicos As alternativas para localização da central foram avaliadas de acordo com estudo desenvolvido no local, que otimiza o aproveitamento do sistema de movimentação de biomassa já existente, favorecendo o transporte até o silo principal, a ser construído próximo à caldeira. Analogamente, devido à opção de empregar estufas como equipamentos de condensação a partir do escape da turbina, este conjunto de equipamentos deve integralmente ser automatizado e integrado ao sistema de supervisão e controle. A opção de uso de 22 kgf/cm2 de pressão, vapor superaquecido a 320 oC, visa a incrementar a potência no conjunto em níveis de segurança e confiabilidade. 6.7 O Projeto Conceitual do Processo A obtenção de um projeto de Micro Central Termelétrica (MCT), plenamente adequado às necessidades da SGUÁRIO, sob o ponto de vista técnico e econômico, passou por um levantamento das características operacionais atuais e dos futuros planos estratégicos da empresa. Esta etapa foi percorrida através de análises de alternativas, que culminaram em um projeto do processo mais adequado e enquadrado nos interesses da empresa, respeitando-se, assim, além de seus interesses, suas l imitações e futuros aproveitamentos passíveis de emprego na unidade. A implementação da central termelétrica tem como propósitos a geração de energia elétrica, com o objetivo de suprimento estável e contínuo de potência para a unidade industrial da SGUÁRIO, em seu regime operacional, e a venda dos excedentes de energia a terceiros, através da queima dos resíduos próprios da empresa. A central termelétrica deverá operar ininterruptamente e oferecer controle operacional total sobre todos elementos descritos no escopo de fornecimento, excetuando-se os claramente definidos. Dentro dos limites da central, os montantes de energia elétrica produzidos serão distribuídos exclusivamente nas instalações internas da empresa, não apresentando possibilidade de paralelismo com a concessionária nesta configuração. Entretanto, tal alternativa poderá ser incluída em um futuro. O diagrama de processo está apresentado na Figura 3 com valores teóricos para as variáveis de processo mais relevantes. Representa as condições predominantes sob o ponto de vista da condição nominal de operação da unidade. Fonte: Dados dos Autores, 2003. O processo foi organizado em grupos de equipamentos, divididos em sistemas: geração de vapor; turbo-redutor; gerador; sistema elétrico e itens de construção civil. 6.8 Análise Funcional da Unidade Termelétrica A caldeira deverá possuir uma capacidade efetiva de produção de 8 ton/h de vapor de 22 kgf/cm2 de pressão, superaquecido a 320oC. O vapor produzido será encaminhado à turbina de contrapressão que operará a uma pressão de 2 kgf/cm2. Após a caldeira será instalado um dessuperaquecedor para atender aos equipamentos de troca térmica com vapor saturado. Tal sistema deve ser dimensionado de Acadêm icos Figura3 - Fluxograma do processo. 54 Ac ad êm ic os forma a permitir a condensação do vapor em todas as faixas operacionais da central, independentemente do fator de utilização do equipamento. Todo sistema deve ser dimensionado para operar irrestritamente em vazões efetivas de vapor de até 8 ton/h. Considera-se o regime de operação contínuo durante as 24 horas do dia e 7 dias/ semana, numa operação total de 350 dias/ ano para fins de projeto. Entretanto, o equipamento apresentará condições de operar no mesmo regime da serraria. Nas Tabelas 3, 4 e 5, abaixo, estão apresentados os resultados dos cálculos termodinâmicos, referentes aos equipamentos da central termelétrica. Tabela 3-Cálculo da massa de vapor produzida na caldeira. Fonte: Cálculos dos autores, 2003. Tabela 4-Cálculo da entalpia na turbina. Fonte: Cálculos dos autores, 2003. Tabela 5-Cálculo do trabalho gerado no sistema. Fonte: Cálculos dos autores, 2003. 9. Conclusões Preliminares Segundo os cálculos termodinâmicos, é possível a geração de 500 kW, com um consumo de 2,50 t/h de biomassa, disponível na planta, produzindo uma vazão de vapor de 5,42 t/h. De acordo com a instalação proposta, será possívelimplementar os 500 kW de potência instalada. Com esta configuração, será possível gerar energia suficiente para o consumo da serraria e o vapor necessário para a implementação de mais três novas estufas, visando ao aumento na produção industrial da empresa. Considerando-se que o preço médio da eletricidade adquirida da concessionária local, segundo dados da empresa, é de aproximadamente R$ 24.000,00 /mês, pode- se concluir que a economia anual, com a geração de eletricidade, será de R$ 144.000,00 ao ano. Além da economia de energia, a empresa poderá agregar valor aos seus resíduos, que serão utilizados como combustível na Central Termelétrica. 9.1 Investimento A Tabela 6 relaciona os valores dos investimentos referentes às instalações propostas. 55 Tabela 6-Investimento Fontes: Empresas fornecedoras de equipamentos de geração de energia elétrica, 2003. Cálculos dos autores, 2003. De acordo com os resultados, pode-se concluir também que, levando-se em consideração somente o custo evitado de eletricidade, o “pay back” do projeto é de aproximadamente dez anos, isto é, com a economia da compra de energia elétrica os investimentos serão pagos em aproximadamente dez anos, como demonstrado na Tabela 7, abaixo. Tabela 7-Demonstrativo de “Pay back” Fonte: Cálculos dos Autores, 2003. 10. Conclusões É de extrema importância a implementação de leis que regulamentem e viabilizem o processo de cogeração com biomassa, não levando em conta apenas a geração de energia elétrica em si, mas também como uma medida estratégica industrial, ambiental e econômica. A importância da cogeração para indústria não é apenas em relação à diminuição nos custos fixos com a compra de eletricidade, mas também por outras razões. Como por exemplo: a diminuição dos impactos ambientais causados pelos resíduos industriais, o fortalecimento de um setor industrial gerador de empregos e da indústria de equipamentos nacionais. Em 2002, o país atravessou uma crise energética, o que levou ao racionamento de energia, despertando discussões sobre a matriz energética brasileira e a busca de novas opções de geração de energia. Em 2004, o país se encontra em outra situação com uma aparente abundância de energia, mas pelas experiências anteriores observou-se a extrema importância do desenvolvimento de novas fontes de energia de forma sustentada. Observou-se que as dificuldades tecnológicas são mínimas e que as maiores barreiras estão no campo político, com a falta Acadêm icos 56 de leis claras que regularizem e protejam os autoprodutores de energia. Vale ressaltar que esta abundância de energia encontrada no cenário atual é temporária, pois o país aguarda a retomada do crescimento econômico, que demandará mais energia. O país precisa se preparar para que não ocorram os mesmos problemas do passado com a falta de energia e precisa encontrar uma maneira sustentável de desenvolvimento para a garantia da qualidade de vida das gerações futuras.A ca dê m ic os Dados dos Autores Bibliografia ABIMCI – Associação Brasileira da Indústria Processada Mecanicamente, 2003, www.abimci.com.br ABRACAVE – Associação Brasileira de Florestas Renováveis, 2003, http://www.abracave.com.br. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, 2003, www.aneel.gov.br. CENBIO – Centro Nacional de Referência em Biomassa, www.cenbio.org.br COELHO, S.T. Barreiras e Mecanismos para Implementação de um Programa de Larga Escala de Cogeração a Partir de Biomassa. UmaProposta para o Estado de São Paulo. (Tese de Doutorado) Programa Interunidades de Pós-Graduação em Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999. COELHO, S.T. Avaliação da Cogeração de Eletricidade a partir de Bagaço-de-Cana em Sistemas de Gaseificador /Turbina a Gás. (Dissertação de Mestrado) Programa Interunidades de Pós-Graduação em Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992 ELETROBRAS – Centrais Elétrica Brasileiras S.A, www.eletrobras.gov.br ELETROBRÁS/MME – Departamento Nacional de Desenvolvimento Energético. 1998. Energia e Desenvolvimento Sustentável – Relatório Final. Rio de Janeiro: Instituto de Economia da UFRJ, 1998. 160p. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2003, www.ibge.gov.br. VELÁZQUEZ, S. M. A cogeração de energia no segmento de papel e celulose: Contribuição à matriz energética do Brasil.. (Dissertação de Mestrado) – Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo. São Paulo,2000 VELÁZQUEZ, S. M. Perspectivas para a Cogeração nas Indústrias Integradas e de Celulose, com a Utilização de Sistemas de Gaseificação/Turbina a Gás para Biomassa e Lixívia. (Qualificação de Doutorado) – Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo. São Paulo,2003 WYLEN, G. V.; SONNTAG, R.; BORGNAKKE, C. Fundamentos da Termodinânica Clássica Editora Edgard Blucher Ltda, 4ª edição. 1998. (1) Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade de Engenharia – FAAP em 2003; (2) Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade de Engenharia – FAAP em 2003; (3) Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade de Engenharia – FAAP em 2003; (4) Engenheira Química formada pela Faculdade de Engenharia – FAAP em 1985, Mestre e Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Energia da Universidade de São Paulo – USP, Professora da Faculdade de Engenharia FAAP. 57 Info rm ativo s LABORATÓRIO DE GEOPROCESSAMENTO E TOPOGRAFIA Nosso laboratório passou, no último ano, por uma grande modernização, recebendo diversos aparelhos dos mais modernos e dotados de recursos avançadíssimos para cada tipo de equipamento. Esses equipamentos entraram, de pronto, em uso nas aulas práticas, possibilitando assim aos nossos alunos a elaboração de trabalhos mais sofisticados e aprofundados, sem alteração de carga horária, devido à praticidade e à grande gama de recursos desses equipamentos, a saber: • Para locação de obras e levantamentos topográficos aplicados, principalmente, à Construção Civil, o Laboratório recebeu 5 Teodolitos Leica (Fotos 1 e 2), dotados de visor (LCD) com dispositivos luminosos, nivelamento eletrônico, prumo a laser, ângulos horizontais à direita ou à esquerda, com ângulo vertical zenital ou inclinação em porcentagem. Permite ainda configurações para trabalhar em graus (sexagesimais) de 0º a 359º 59’ 59" grados de 0 a 359.999 grados, graus decimais de 0º a 359,555º ou mil de 0 e 6399,99 mil. Uma mensagem de erro é emitida, se o aparelho estiver submetido às temperaturas fora da variável de –20ºC a +50ºC ou 4ºF a 122ºF e será desligado automaticamente. A precisão do aparelho chega a 10" ou 1,5 mgrados e pesa cerca de 4,5 kg. Sua luneta possui aumento em 30 vezes e focaliza a partir de 1,60m. Foto 1-Teodolito Leica. Foto 2-Teodolito Leica. • Ainda para aplicações topográficas em Construção Civil, o Laboratório foi dotado de 5 Níveis Automáticos NA720 Leica (Foto 3), muito leves que possuem lunetas com aumento de até 30 vezes e foco a menos de 0,5m, resolução superior a 4", compensador de nível com precisão de 0,5", dotado ainda de círculo horizontal auxiliar com leituras de 1º. ENGº. CARLOS AZEVEDO MARCASSA – PROFº. ADJUNTO DA DISCIPLINA DE TOPOGRAFIA E GEOPROCESSAMENTO 58 In fo rm at iv o s • Também para equipamentos topográficos utilizados em Construção Civil, o Laboratório recebeu o L4DA Leica (Foto 4), um nível a laser rotativo e autonivelante, fornecendo nível, prumo e alinhamento. O erro do aparelho é menor que 0,8 mm a cada 20 m, com alcance de 460 m (diâmetro) • Para a área de Topografia de Estradas ou outras locações afins, o Laboratório recebeu uma estação total TC600 Leica (Fotos 5 e 6), com alcance de até 2000 m (em condições atmosféricas excelentes), 3 prismas, medição nas unidades graus (sexagesimal e decimal), grados e % para o círculo vertical,precisão de 5" ou 1,5 grados, objetiva de 28mm de abertura com foco a partir de 2m e aumento de 28 vezes, a precisão em distâncias é de 3mm + 3ppm. Foto 3-Nível Automático NA720. Foto 4-L4DA Leica. 59 Além desses equipamentos mais sofisticados, o Laboratório de Topografia e Geoprocessamento recebeu inúmeros acessórios, tais como: • 1 Trena a laser Leica para distâncias até 100m; • 1 Planímetro digital; • 4 Bipés para suporte de prismas para estação total; • 2 Miras de alumínio de 5 m para utilização com nível a laser; • 2 Rádios Motorola para alcance de 3 km. Info rm ativo s Foto 6- Estação Total TC600 Leica. Foto 5- Estação Total TC600 Leica. 60 In fo rm at iv o s EQUIPAMENTOS DE ÚLTIMA GERAÇÃO NO LABORATÓRIO DE MECÂNICA DOS SOLOS DA FAAP A FAAP adquiriu recentemente três equipamentos de última geração para a realização de ensaios sobre solos para o Laboratório de Mecânica dos Solos da Faculdade de Engenharia Civil. Os equipamentos são os seguintes: •Uma prensa para ensaios de solicitação triaxial “Digital Tritest”, da ELE-Soiltest (Foto 1); •Dois equipamentos para realização de ensaios de Mini Vane Test (ensaio de “palheta”), da ELE-Soiltest (Foto 2); •Duas prensas para ensaios de adensamento edométrico “Hogentogler Geostar” (Foto 3). A prensa para ensaios triaxiais permite a realização de ensaios para a determinação da resistência ao cisalhamento dos solos sob diversas formas de solicitação, como, por exemplo, compressão e extensão axial e radial, com ou sem medidas de pressões neutras. Todos os resultados podem ser coletados automaticamente por um microcomputador, podendo ser analisados imediatamente após a realização dos ensaios. O equipamento permite também a determinação da permeabilidade dos solos, para vários estágios de pressão. O ensaio de palheta original (também conhecido como “Vane Test”) é empregado com bastante frequência para se determinar a resistência não-drenada de solos (argilas) moles, constituindo-se ENGº. P.H.D. MAURICIO ABRAMENTO – PROF. TITULAR DA DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS ENGº MSC. PAULO AFONSO DE CERQUEIRA LUZ PROFº. ADJUNTO E RESPONSÁVEL DA DISCIPLINA MECÂNICA DOS SOLOS Foto 1- Equipamento de ensaio triaxial. 61 em um ensaio in situ. O equipamento de Mini Vane Test foi concebido com base neste equipamento de campo, com o objetivo de permitir o estudo, em condições de laboratório, da resistência não- drenada de solos moles. É um equipamento bastante versátil, através do qual podem ser realizados vários ensaios, manuais ou automaticamente, determinando-se as resistências não-drenadas de pico e residual. As prensas para o ensaio de adensamento edométrico permitem a realização de ensaios sob diversas formas de solicitação: velocidade de deformação constante (“CRS-Constant Rate of Strain”), carga controlada (“ILT-Incremental Load Test”) e pressão controlada (“ILP-Incremental Loading Pressure”). Este equipamento também permite o monitoramento dos resultados simultaneamente à realização dos ensaios através do microcomputador, sendo os resultados coletados automaticamente para análise e preparação de gráficos. Todos estes equipamentos são utilizados pelos alunos do 3o ano de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da FAAP e também pelos alunos do 3o ano de Arquitetura da Faculdade de Arquitetura da FAAP, nas aulas de Laboratório de Mecânica dos Solos, com o auxílio dos Técnicos Kleber Aristides Ribeiro e Roberto Carlos Nunes de Mendonça. Info rm ativo s Foto2-Equipamento Mini Vane Test. Foto 3-Equipamento de adensamento edométrico. 62 In fo rm at iv o s LABORATÓRIOS DE ENGENHARIA ELÉTRICA O curso de Engenharia Elétrica enfoca diversas áreas de atuação do Engenheiro Elétrico. Três destas áreas são: Telecomunicações, Energia e Automação. No setor de Telecomunicações, a Faculdade de Engenharia – FAAP recentemente investiu na montagem do Laboratório de Telecomunicações e na compra de equipamentos de treinamento em rádio propagação e em fibras ópticas, Fotos 1, 2 e 3. Estes equipamentos foram incorporados aos demais equipamentos de Telecomunicações pertencentes à FEFAAP. No setor de Energia, a FEFFAP efetuou uma parceria com a Schneider Electric que é uma das mais importantes empresas transnacionais do setor Elétrico. Esta parceria também resultou na montagem Foto 1-Laboratório de Telecomunicações. Foto 2-Laboratório de Telecomunicações. Foto 3-Laboratório de Telecomunicações. ENGº. DR. SERGIO LUIZ PEREIRA – COORDENADOR DO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA 63 de um moderníssimo Laboratório de Energia, Fotos 4 e 5, onde os alunos realizam experiências didáticas com equipamentos de última geração, doados pela Schneider. Estas experiências envolvem: proteção e segurança elétrica, acionamento e partidas de motores elétricos, medição e qualidade de energia. O Laboratório de Automação, Convênio FAAP & Rockwell Automation, inaugurado em seis de junho de 2002, está na sua segunda geração conforme o cronograma de modernização estabelecido entre as duas instituições. Recentemente, a Rockwell doou diversos sensores e transdutores, e a FEFAAP adquiriu motores, geradores e está projetando e montando, com participação dos alunos da quinta série do curso, simuladores de processo como, por exemplo, um Sistema Automático de Controle de Nível e de Temperatura em Reservatórios Integrados. Todos os Laboratórios permitem acesso à Internet, possuem recursos de multimídia, bancadas ergométricas e são climatizados. Os mesmos foram projetados e implementados de forma modular e flexível para que tanto a FEFAAP como as suas parceiras possam permanentemente atualizá-los com o que há de mais avançado. Foto 4-Laboratório de Energia. Foto 5-Laboratório de Energia. Info rm ativo s 64 In fo rm at iv o s CRIATIVIDADE, TECNOLOGIA E EXPERIMENTAÇÃO: O CASO DO LABORATÓRIO DE PROTÓTIPOS DA FAAP Introdução Como parte da formação empreendedora tão desejável no engenheiro moderno e em consonância com a aplicação de conceitos e técnicas de projeto de engenharia e fabricação, os alunos do 3.o ano do Curso de Engenharia Mecânica da FAAP desenvolvem anualmente um protótipo que deve ser capaz de responder a uma necessidade específica, apresentada na disciplina ‘Laboratório de Protótipos’. Como missão da disciplina, deseja-se que haja a possibilidade de treinamento em técnicas de organização e condução de um projeto de engenharia até a fase de fabricação e testes de um protótipo. Neste sentido, constituem o escopo da disciplina: •Aplicar técnicas de criatividade, para gerar idéias que resolvam um problema de engenharia; •Possibilitar o trabalho em equipe; •Mostrar ao aluno o caráter multidisciplinar da engenharia na prática, através da utilização do conhecimento adquirido em várias outras disciplinas do curso. As equipes devem ter organização para gerenciar o desenvolvimento de atividade que exige múltiplos conhecimentos; •Agregar novos aspectos tecnológicos não tratados em outras disciplinas; •Introduzir ao aluno a importância da documentação de projeto; •Oferecer a oportunidade de defrontamento com as dificuldades de transformar idéias em coisas reais (em última análise, em produtos). Com estes objetivos, o aluno FAAP tem à sua disposição uma lista pré-selecionada de materiais, com a qual deve trabalhar para alcançar a solução desejada. Nos últimos anos (2002, 2003 e 2004), os alunos desenvolveram projetos inseridos num mesmo tema: projetar um robô de inspeção visual. O Projeto Nos dois primeiros anos em que foi iniciada a disciplina na FEFAAP, as turmas, divididas em duas ‘empresas concorrentes’, deveriam apresentar o projeto e o protótipo de um equipamento capaz de realizar inspeção visual num ‘ambiente industrial’ e, eventualmente, realizar o reposicionamento de pequenos objetos em locais remotos, com os comandos e captação
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