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Técnica Cirúrgica (resumao)

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Técnica Cirúrgica
Técnica Asséptica: Seu objetivo é realizar a cirurgia, evitando infecções após a operação, pois é mais fácil evitar a contaminação do que trata-la. 
- A contaminação é imprescindível para a infecção. 
- Pode haver contaminação sem infecção. 
- Infecção é a bactéria (M.O) interagindo com o tecido, causando lesão.
- A Técnica Asséptica se baseia em quatros Princípios:
Esterilização: elimina 100% dos M.O presentes em materiais (instrumental e rouparia);
Desinfecção: reduz a quantidade dos M.O presentes em superfícies inanimadas (ambiente);
Antissepsia: reduz a quantidade dos M.O presentes nos tecidos vivos (cirurgião e paciente). 
Proteção do campo operatório: com a utilização de gorros, máscaras, pro-pé e panos de campo.
- Chegar à ASSEPSIA é impossível, porém, temos que fazer a Técnica Asséptica buscando esse objetivo.
- O frio não elimina M.O, somente o reduz a proliferação, por isso ele não é utilizado como um método da técnica asséptica. 
- No Bloco Cirúrgico o paciente, a equipe veterinária, o ambiente, os instrumentos e equipamentos estão contaminados, o objetivo da Técnica Asséptica é diminuir ou eliminar essa contaminação, para que não ocorra uma infecção no paciente. 
Esterilização
- Elimina 100% dos M.O presentes em materiais. 
Métodos Físicos de Esterilização: 
Calor:
Calor Seco: 170ºC por 90 a 120 minutos - Estufa de Esterilização
- Materiais sensíveis ao calor não ser esterilizados por esse método;
- É um método caro e que consome muita energia;
Calor Úmido: 120ºC por 30 minutos a 1,5 atm – Autoclave Horizontal
- É um método mais prático e mais econômico que o Calor Seco.
- A água é condutora do calor, por isso elimina os M.O á uma temperatura menor e em menos tempo.
- O material que será autoclavado deve ser embalado em um tecido permeável à agua. Utiliza-se o Grau Cirúrgico (plástico combinado com papel) ou SMS (tecido com eficácia cirúrgica, que também é utilizado como pano de campo).
- O material também pode ser autoclavado dentro de uma caixa de metal, que deve estar semiaberta para permitir a entrada da água. 
- A esterilização demora apenas 30 minutos, porém o processo dura em torno de 1 hora e 30 minutos, pois a autoclave segue alguns ciclos até efetivamente esterilizar o material e resfria-lo após isso. 
Flambagem: É um método de emergência, utilizado quando não há outro método para esterilizar o material. 
- O fogo consegue destruir todos os M.O presentes na superfície do material. 
- Após a flambagem, pode-se jogar álcool em cima do material para que ele esfrie mais rápido. 
- O cirurgião recebe o material enluvado para que não o contamine novamente.
- É um método limitado por ser pouco prático e por estragar o material ao longo do tempo. 
Radiação:
Ionizante = Gama: A esterilização pela radiação gama é realizada por um equipamento (reator nuclear) muito caro dentro de uma câmara fechada específica. 
- Somente grandes empresas/indústrias que esterilizam muita quantidade de material utilizam esse método.
-A radiação gama atravessa superfícies, por isso o material pode ser colocado dentro do equipamento, armazenado dentro de caixas por exemplo. 
- A radiação incide no material, reage com o DNA/RNA dos M.O, e a mutação causada por ela elimina-o.
- É muito eficaz, porém é extremamente cara, por isso não é utilizada. 
Ultravioleta: Também é muito eficaz, pois induz mutações no material genético dos M.O, eliminando-os.
- O problema é que o grau de penetração da Radiação Ultravioleta é menor do que o da Radiação Gama, e por isso, ele não atravessa superfícies.
- A Radiação Ultravioleta esteriliza somente no local onde está incidindo. 
- Ex: Radiação Ultravioleta em filtro de água ou filtro de piscina para eliminar os M.O.
- Não é um método aplicável para a técnica asséptica. 
Métodos Químicos de Esterilização:
Imersão em Líquidos:
Glutaraldeído: 8 horas em imersão: esteriliza. Feito para materiais críticos, que irão entrar em contato direto ou indireto com a ferida cirúrgica.
30 minutos em imersão: desinfecção profunda. Aceitável para materiais semi críticos, que irão entrar em contato direto ou indireto com mucosas intactas.
-Consegue eliminar qualquer tipo de M.O, porém precisa de um tempo para isso. 
- É um produto que pode vim para ser preparado ou já vim pronto pra uso.
- Coloca o produto dentro de uma caixa com fecho hermético e acrescenta o material a ser esterilizado, deixando-o por no mínimo 8 horas. 
- Após a retirada do material, deve-se lavar com soro fisiológico (estéril), para não queimar o paciente. 
- O material esterilizado deve ser resistente ao produto químico e resistente à água.
Ácido Peracético: É um esterilizante, porém seu manejo é um pouco mais complicado do que o do Glutaraldeído.
- Deixa menos resíduo que o Glutaraldeído.
- Entra também na composição de alguns desinfetantes hospitalares. 
Gás:
Óxido de Etileno: É um gás, que ao entrar em contato com o material pelo tempo e temperatura adequada esteriliza-o.
- Utilizado em materiais sensíveis a água ou ao calor, e que por isso não podem ser esterilizados na Estufa, na Autoclave ou no Glutaraldeído. 
- É um processo muito demorado, porque após a esterilização, o material precisa ficar pelo menos 3 dias ventilando/aerando para retirar os resíduos do gás.
- É uma empresa que realiza o processo, por isso o custo é maior.
-Ex: Luvas de palpação, pano de campo plástico, fios de sutura.
- O formaldeído NÃO é um esterilizante. Antigamente acreditava-se que a pastilha de formol enrolada em uma gaze, dentro de uma caixa com o material esterilizava-o, porém, hoje já se sabe que formol não esteriliza. É um excelente desinfetante de materiais, inclusive para o vírus da raiva, porém não pode ser utilizado em materiais críticos.
	
Na clínica, portanto pode-se utilizar: estufa de esterilização, autoclave, flambagem, glutaraldeído e ácido peracético.
Para contratar o serviço: radiação gama (UFMG) e óxido de etileno (empresas em BH).
.
Desinfetantes x Antissépticos
- Os desinfetantes são utilizados para reduzir a carga microbiana de superfícies inanimadas, e os antissépticos para reduzir a carga microbiana presente nos tecidos vivos. 
- Todo antisséptico pode ser utilizado como desinfetante, mas nem todo desinfetante pode ser utilizado como antisséptico.
Halogenados: Cloro e Iodo.
- O Cloro e os Fenóis foram os primeiros agentes utilizados na técnica asséptica.
IODO
- O Iodo é extremamente eficaz como antisséptico, e está presente na natureza em duas formas: Iodo Inorgânico e Iodo Orgânico. 
- O Iodo Inorgânico não possui Carbono em sua fórmula, e é um produto extremamente eficaz para desinfecção e antissepsia, porém, é muito irritante para os tecidos e mancha as superfícies. Por esses motivos, o uso do Iodo Inorgânico é relativamente limitado.
TINTURA DE IODO (Iodo Inorgânico + Álcool): É utilizada na cura de umbigo, pois resseca o tecido e por isso o umbigo cai, prevenindo miíases e infecções no local.
A concentração da Tintura de Iodo varia de 0,5 a 50%, mas para cura de umbigo e endurecimento de casco de cavalo (retira água) é utilizada a de 5 a 10%. Obs: se o casco estiver com uma lesão expondo o tecido vivo NÃO pode utilizar Iodo, pois vai prejudicar a cicatrização. 
Em um cisto, você tem uma cavidade recoberta por um epitélio que secreta o material que preenche o cisto. Como tratamento, você pode remover o cisto cirurgicamente ou aspirar o conteúdo que preenche a cavidade e, posteriormente, injetar Tintura de Iodo (5-10%), assim, as células do epitélio irão ser destruídas e não haverá mais secreção de conteúdo.
*ÁLCOOL IODADO: Concentração mínima de 0,5%. É muito escuro, o que é ruim para o paciente, pois mancha o pelo. A concentração do Iodo é tão baixa que não tem nenhuma eficácia contra M.O, por isso não é recomendável sua utilização. 
*SOLUÇÃO DE IODO (Iodo Inorgânico + Água): É o LUGOL. Não é eficaz.
PVPI - IODO ORGÂNICO: Iodo ligado a uma molécula de Carbono que ao entrar em contato com a águaé liberado e destrói os microrganismos. É utilizado na rotina como antisséptico porque não irrita a pele, nem mancha. Pode ser usado também como desinfetante. NOTA: 8,5 como antisséptico.
- PVPI Tópico: Somente PVPI. É utilizado em feridas e em tecidos vivos. A concentração adequada é entre 1 e 2% do produto. Ex: realizar no transoperatório uma lavagem da cavidade abdominal com conteúdo fecal. Utiliza-se RINGER LACTATO (pH 6,5 – não irrita o tecido) com PVPI TÓPICO. 
	1000 ml de soro Ringer com Lactato + 10 ml de PVPI (1%) ou 20 ml de PVPI (2%).
- PVPI Degermante:É utilizado excepcionalmente na pele intacta do paciente (campo operatório) e da equipe cirúrgica. É PVPI + Detergente (retira a gordura da pele). Na ferida causa ardor, por isso não é bom para o paciente.
- PVPI Tintura: Iodo + Álcool. Não pode utilizar em tecido exposto, pois é irritante. O álcool melhora a eficácia do produto, pois o álcool também é um antisséptico/desinfetante. Mancha levemente o tecido, o que é bom para o campo operatório. O álcool não elimina M.O esporulados, somente na forma vegetativa. 
HIPOTIREOIDISMO: O iodo pode ser absorvido pela pele do cirurgião ao longo do tempo, afetando as glândulas tireoides. Como alternativa, pode substituir o PVPI por Clorexidine. 
- O antisséptico/desinfetante ideal é aquele que elimina os M.O sem irritar o tecido, manchar ou causar qualquer outro dano para o indivíduo que o utilizar. 
CLORO
- É um agente bastante eficaz, mas não tão eficaz quanto o iodo.
- É extremamente corrosível, corrói inclusive aço inoxidável de baixa qualidade (ferro na composição). 
- Um exemplo de produto popular à base de hipoclorito de sódio é a Água Sanitária. O hipoclorito de sódio é a substância que irá atuar nas superfícies e tecidos, destruindo os M.O. 	NOTA: 7,5 como antisséptico. 
- Pode utilizar na pele do paciente, inclusive para lavar feridas traumáticas, principalmente em feridas com muito tecido necrosado e odor desagradável, pois o cloro tem efeito desodorizante. O efeito irritante para o tecido existe, mas é pequeno, por isso o cloro pode ser utilizado. 
- A grande vantagem do cloro é que ele é um produto popular e de fácil acesso para qualquer pessoa. 
LÍQUIDO DE DAKIN:
- É uma solução de Hipoclorito de Sódio que é vendido comercialmente, porém é relativamente caro se comprado pronto (R$8,00 - 1 litro). Contudo, o Líquido de Dakin pode ser preparado a partir da Água Sanitária (Hp. De Sódio), que é muito barato, então compensa mais. 
Diluição: 1 parte de Hipoc. De Sódio ([2%]) para 7 partes de água. – Solução final tem concentração de 0,25%.
- O Líquido de Dakin é utilizado somente em feridas, na pele intacta é melhor utilizar o PVPI (antisséptico), pois é menos agressivo. 
- O Hipoclorito de Sódio pode ser utilizado como desinfetante, e tem uma vantagem de clarear as superfícies (excelente poder alvejante), porém corrói tecidos e metal.
CLOREXIDINE
- Não é da categoria dos Halogenados (Iodo e Cloro).
- O Clorexidine é uma alternativa ao PVPI, pois pode ser utilizado como antisséptico, desinfetante, em pele intacta ou em cavidade e ambos são pouco irritantes.
- EFICÁCIA ANTIMICROBIANA: PVPI: 8,5 e Clorexidine: 8,7. 
- O Clorexidine é transparente (não mancha), não é corrosivo, mas é um pouco mais caro que o PVPI. 
- É encontrado nas formas de Degermante, Tintura e Tópica.
- É a alternativa para cirurgiões que utilizam o antisséptico várias vezes ao dia e que já possuem histórico de alterações na glândula tireoide, não podendo usar PVPI. 
- Um dos únicos problemas é que o Clorexidine é incolor, por isso não dá ver onde o antisséptico foi aplicado, podendo ficar lugares sem ter recebido o produto. 
- O Clorexidine é um pouco mais eficaz que o PVPI (8,5 – 8,7), porém estudos comprovam que não há diferença no nº de infecções pós-operatórias entre um e outro, por isso os dois podem ser utilizados com tranquilidade, sendo que o PVPI é um pouco mais barato e tem a impressão visual melhor.
- Além de ser utilizado como antisséptico, também é utilizado em pomadas (FURANIL), enxaguantes bucais e inclusive no atual Mertiolate (antigamente a base era de Mercúrio). Obs.: É melhor utilizar uma pomada com antisséptico do que com antibiótico, pois os microrganismos não criam resistência aos antissépticos. 
- O Clorexidine pode ser utilizado como desinfetante, mas normalmente não é devido ao preço. 
ALCOOL
- No Brasil é feito a partir de cana-de-açúcar (álcool etílico – etanol), já em outros países é feito a partir de outras fontes, como beterraba, milho e etc. Porém, tem a mesma eficácia do álcool isopropílico.
- Da mesma forma do PVPI, o álcool precisa da presença de H2O para realmente eliminar os microrganismos.
- A concentração ideal do álcool etílico para funcionar como antimicrobiano é de 70%, que pode ser comprado pronto em lojas de equipamento hospitalar.
- Hoje o álcool acessível no comércio comum é o de 46%, porém ele não é eficaz contra os M.O. Para funcionar como antisséptico, pode misturar com álcool 92,8% (1:1). 
- Se for possível comprar o álcool 92,8%, pode-se fazer a diluição.
Cálculo de [ ] : 70% peso/volume, e a densidade do álcool é menor do que 1, ou seja, pesa menos que água. 
720 ml de Álcool (92,8%) + 280 ml de Água = 1000 ml de Álcool 70%
- O álcool 70% pode ser utilizado como antisséptico ou como desinfetante, para situações limitadas, como por exemplo, em superfície de mesa.
- Não se pode utilizar álcool em feridas nem em mucosas, somente em pele intacta. 
PRODUTOS A BASE DE AMÔNIA QUARTENÁRIA
- São vários produtos a base de Cloreto de (...) Amônia; 
- Não mancha, não é corrosivo e não possui odor desagradável. 
- Não é muito eficiente, tem eficácia intermediária. 
- É muito utilizado para desinfecção de clínicas, de canis e etc, justamente por não manchar, nem corroer. 
- É uma solução razoável, pois equilibra a praticidade com a eficácia antimicrobiana. 
- Encontra-se em desinfetantes de ambiente, pastilha para garganta, enxaguantes bucais, entre outros produtos.
FENOIS e CRENOIS
- Utiliza-se muito pouco, pois são produtos altamente ultrapassados. Ex: Creolina.
- A absorção cutânea crônica causa aplasia de medula nos animais, o que é extremamente ruim. Além disso, o odor é muito forte e desagradável, se tornando outro limitante para seu uso. 
MERCURIAIS
- São produtos que já saíram do mercado, pois o Mercúrio foi proibido pela ANVISA por ser um metal pesado e causar intoxicação crônica, além de se acumular na cadeia alimentícia. Ex.: Mertiolate. 
ÁGUA OXIGENADA – Peróxido de Hidrogênio H2O2
- H202 é uma molécula instável, e na presença de catalase se transforma em H20 + 02-.
- O2- é um Radical Livre de O2, que está envolvido em uma série de alterações no organismo, como na síndrome de isquemia e reperfusão, no envelhecimento, na lise de bactérias pela ação de neutrófilos e etc. 
- Utiliza-se em feridas, quando esta tem muita sujeira e sangue coagulado. Neste caso não está fazendo antissepsia, e sim uma limpeza e higienização da ferida. 
- Por formar Radicais Livres, não é recomendado o uso contínuo em feridas abertas, somente no 1º momento para limpeza da lesão. 
- Pode utilizar também após a cirurgia, para limpar o local da ferida cirúrgica (sutura), removendo o sangue e para fazer o primeiro curativo.
PERMAGANATO DE POTÁSSIO
- É péssimo! É um pó roxo, que vem embalado em pacotinhos e pode ser comprado em qualquer farmácia humana. 
- Utiliza para banhar a ferida. Tem uma eficácia muito baixa, além de manchar o local, por isso seu uso não é recomendado. 
FORMALDEÍDO
- É um desinfetante muito eficaz, porém altamente agressivo e corrosivo, utilizado em situações específicas, como para desinfecção de facas de necropsia, por exemplo.
- É um fixador histológico, que preserva materiais/tecidos para análises histológicas. 
- O formol puro tem concentração de 37%. Para histologia e desinfecção utiliza-se a Formalina [10%], que consiste em 1 parte de formol puro [37%] + 9 partes de água, que é o Formol a 3,7%.
-MATERIAL PARA HISTOLOGIA: Não pode ser muito grande, pois o formol precisa incorporar em todo o tecido para realmente fixa-lo e preservá-lo. O ideal é selecionar as partes mais representativas da peça e coloca-las inclusive em tubo de ensaio. O volume do formol deve ser 10 vezes maior que o volume do material, por isso quanto menor o fragmento, menos formol é necessário para preservar.
- É o melhor desinfetante para o vírus da raiva. 
FORMOL + ÁLCOOL + ÁGUA
- É um excelente desinfetante, porém não esteriliza. Produto que faz desinfecção profunda. 
Morte Bacteriana 
Bactérias morrem rapidamente nos primeiros minutos com um meio que promova sua morte (desinfetante, esterilizante), no entanto, a medida que tempo passa as mortes tendem a acontecer mais lentamente até reduzir significativamente (desinfetante) ou chegar a zero (esterilizante). 
Gráfico: Morte bacteriana: tempo x número de bactérias 
Quanto mais tempo o produto ficar em contato, mais bactérias vão morrer. Portanto, no caso de desinfetantes deve-se deixar o produto agindo pelo máximo de tempo possível.
É importante enfatizar que deve-se remover primeiro a sujeira grosseira da superfície antes de fazer uso dos desinfetantes, isto porque, se houver presença de matéria orgânica pode-se ter a redução da eficácia dos desinfetantes. 
Portanto : lavar com sabão, remover a sujeira grossa, e só depois preparar uma solução com o desinfetante (PVPI por exemplo), jogar na superfície e deixar secar. 
Esta informação é válida para qualquer desinfetante.
Materiais Cirúrgicos
Materiais Críticos: São obrigatoriamente ESTERILIZADOS;
- São aqueles materiais que entram em contato direto ou indireto com a ferida cirúrgica;
- Ex: Instrumentais cirúrgicos, luva, gaze, avental;
- Pano de Campo: pode ser de tecido ou adesivo (papel “contacte”), sendo que em cirurgias ortopédicas o adesivo é mais recomendado, pois o paciente deve ser poupado o máximo de contaminação, já que receberá um corpo estranho no seu organismo. 
Materiais Semicríticos: Passam por uma DESINFECÇÃO PROFUNDA;
- São aqueles materiais que entram em contato direto ou indireto com mucosas intactas;
Materiais Não Críticos: Passam por uma DESINFECÇÃO COMUM;
Materiais de Consumo: Já vêm ESTERILIZADO (Ex: sonda oro traqueal, fio de sutura, etc);
Equipe Veterinária
Cirurgião e Auxiliar: Deve lavar as mãos e os antebraços, fazendo a escovação cirúrgica;
Equipe: Deve lavar as mãos e os antebraços, não necessita de fazer a escovação cirúrgica;
- Todos que forem permanecer no bloco devem estar vestidos adequadamente, com os acessórios necessários, e com o máximo de higiene possível. 
Paciente
Deve ter tomado banho e se necessário, ter sido tosado antes da cirurgia;
Infecção em outro local deve ser tratada antes da cirurgia acontecer;
Ambiente
A sala deve ser mantida limpa e fechada, sem acúmulo de materiais desnecessários, com o mínimo de poeira possível, evitar janelas, ser exclusiva para cirurgia, sem ralo, piso sem rejuntes e etc.
- A antissepsia adequada reduz em 95% da microbiota local, porém os 5% restantes pode causar uma infecção no paciente. 
- O que determina se o tecido contaminado será infectado é a virulência do M.O e a capacidade imunológica do paciente. 
- Até 100 000 UFC/g de M.O no tecido é aceitável, acima disso o paciente poderá ter uma infecção. 
- Quanto mais tempo o desinfetante/antisséptico ficar em contato com a superfície, mais microrganismos será destruído. Por isso o ideal é retirar o máximo de matéria orgânica do ambiente, fazer a limpeza com água e detergente, e depois passar o desinfetante.
- No Bloco Cirúrgico o paciente, a equipe veterinária, o ambiente, os instrumentos e equipamentos estão contaminados, o objetivo da Técnica Asséptica é diminuir ou eliminar essa contaminação, para que não ocorra uma infecção no paciente. 
Bloco Cirúrgico Adequado
- A sala de cirurgia deve ser exclusiva para esse fim, de preferência longe dos locais de grande circulação de pessoas.
- Para cirurgia de pequenos animais deve ter no mínimo 16 m² e para grandes animais no mínimo 49 m².
- O piso não pode ser rejuntado, o ideal é o marmorite, que são placas que não acumulam sujeira entre elas.
- Não deve ter ralo, mas se tiver, este deve ser tampado hermeticamente com cano sanfonado. 
- Os cantos do chão e do teto devem ser arredondados. 
- Deve ter janelas para contribuir com a iluminação do ambiente, porém elas não podem ser abertas, não podem ter parapeito e devem ser o mais lisa possível. 
- A porta deve ser de correr, de preferência de alumínio para não enferrujar. Não pode fazer corrente de ar dentro da sala, por isso a de correr é a mais indicada.
- Precisa ter luz de emergência e tomada em cima da porta.
- As lâmpadas devem ser fluorescentes ou de LED com nível de claridade adequada para a sala, que está relacionada com a altura do pé-direito e com o tamanho da sala.
- O foco de luz que fica em cima da mesa de cirurgia pode ser de LED, que é a melhor iluminação. 
- Como as janelas não podem ser abertas, é necessário ter um ar condicionado, sendo que o melhor é o modelo SPLIT, por ser mais silencioso. 
TÉCNICAS FUNDAMENTAIS EM CIRURGIA
Fases da Cirurgia
Diérese
Hemostasia
Síntese
DIÉRESE
- É a divisão dos tecidos com fins terapêuticos.
- A incisão é feita com consentimento do médico veterinário, e é diferente de um trauma com ferida lacerante, causado por um atropelamento por exemplo.
MATERIAIS ESPECÍFICOS
- Incisão de Tecidos Moles: Bisturi e Tesoura.
- Incisão de Tecidos Duros (cartilagem e ossos): Fio Serra (aço), Serra, Serrote de Aço Inoxidável e Furadeiras. 
Bisturi cabo nº 3: aceita lâminas menores, usualmente é utilizado para cirurgias mais delicadas (mesmo em grandes animais) e em pequenos animais. Geralmente para pequenos animais utiliza-se sempre Bisturi nº 3 e Lâmina nº 10.
Lâminas: nº 10, nº 11 (ponta muito afilada), nº 12 (ganchinho na ponta), nº 15 (cirurgia muito delicada).
Bisturi de Córnea: específico para cirurgias oftálmicas, como por exemplo, em Queratectomias, onde se retira apenas um pedaço da córnea. Utiliza-se também uma lupa, para aumentar o campo cirúrgico.
Faca Esterilizada: utilizada em casos onde o que será retirado é muito grande, ou rústico, como um tumor por exemplo. 
Bisturi cabo nº 4: é utilizado para cirurgias mais grosseiras, mesmo em animais de pequeno porte. 
Lâminas: nº 21, nº 22, nº 23 e nº 24. 
- A lâmina é encaixada no cabo do bisturi com o porta agulha, evitando acidentes. 
- A mão direita manuseia o bisturi e a mão esquerda tensiona (puxa e abre) o tecido, para que o tecido fique esticado, e a incisão retilínea. 
- Na medicina veterinária a anestesia local é uma prática muito comum, e eventualmente quando a incisão começa a ser feita o animal se mexe, e o bisturi escapole, fazendo uma incisão inadequada com profundidade, direção e inclinação erradas. Para evitar esse ocorrido, deve-se fazer um estímulo de leve no membro, com uma pinça ou agulha, avaliando se ele ainda tem sensibilidade. Ou, pode iniciar a incisão segurando o bisturi pela pontinha da lâmina, e se o animal se mexer, é possível retirá-lo antes que a incisão errada seja feita. Outra forma de evitar que incisões inadequadas aconteçam, é apoiar a mão que está manuseando o bisturi no próprio animal, assim a mão acompanha o movimento do animal. Ás vezes o animal não está sentido dor, apenas se assusta com o toque do cirurgião. 
- Pulso Incisão: muito utilizada para incisar um abcesso, que é uma coleção de secreção purulenta em uma cavidade neoformada. Por ser um local muito inflamado a anestesia por si só não é eficaz, sendo assim, deve ser associada ao Bicarbonato (Para cada 20 ml de anestésico, utiliza-se 1 ml de bicarbonato), ou fazer um bloqueio regional. Entretanto, se nenhuma das alternativas for acessível, deve-se fazer a incisão no abcesso para retirar a secreção purulenta de dentro dele. Faz um “furinho” no abcesso, espera o animal se acalmar, edepois entra com o bisturi no furinho e faz a incisão de dentro pra fora. 
- Incisão na Bexiga: coloca duas pinças ou faz dois pontos de reparo, traciona e entra com o bisturi cabo nº 3 – lâmina nº 11, realizando uma pequena incisão, que será continuada com a tesoura. 
- Bisturi com Cabo Invertido: a incisão é feita empurrando o tecido, o que é muito ruim, pois perde a estabilidade, afinal é muito mais seguro puxar, do que empurrar. 
- Incisão Magistral; com um único movimento é feita uma única incisão na profundidade desejada, porém requer muita habilidade do cirurgião, pois tem que saber qual é a força necessária para alcançar a profundidade adequada.
- O ideal é fazer uma única incisão, na profundidade adequada, mas se o cirurgião é inexperiente, é difícil conseguir fazer isso. Quando faz a primeira incisão, a segunda deve ser exatamente no local, e bem no fundo, para evitar que ela fique “picada”.
- Incisão Oblíqua: ocorre muito em descorna de animais com chifres como os de Gir. A pele fica muito fina, e dificulta a sutura. Além disso, aumenta a chance de isquemia no local, pois modifica a distribuição dos vasos. A incisão oblíqua é errada, ela deve ser sempre perpendicular.
Linhas de Tensão
- Como é mais fácil o tecido cicatrizar?
- A sutura tem por objetivo unir os tecidos que foram incisidos, facilitando a cicatrização. Quando a incisão fica aberta, a cicatrização é por Segunda Intenção, o que demora mais, pois necessita de mais tecido cicatricial fibroso.
- O tecido exerce uma força sob a sutura, tentando abrir novamente a incisão, e essa força será maior ou menor, dependendo da região. Por exemplo, se for uma região de pele muito solta, a tendência é não haver nenhum força, já se for uma região de pele muito esticada, a força é grande. 
- A sutura fica submetida á uma força de tensão, que ás vezes desprezível, ás vezes é muito grande. Essa tensão pode causar um corte no tecido, por isso, a incisão tem que ser paralela às linhas de tensão da pele. Você avalia qual é a direção em que o tecido oferece menos resistência para fechar, e você faz a incisão naquela direção. 
- A força aplicada por muito tempo pode resultar em deiscência, que é o rompimento da sutura, porque o tecido abre. 
- As linhas de tensão orientam qual é a forma adequada de fazer a incisão no tecido, com o objetivo de minimizar a tensão no pós operatório, evitando a deiscência. 
- É possível suturar novamente o tecido após a deiscência, porém somente se o tecido estiver saudável, ou seja, sem secreções, inflamação e sinais de necrose.
- Em algumas situações não é possível fazer a incisão de acordo com as linhas de tensão, por exemplo, em cesarianas em mulheres, pois neste caso o resultado estético é melhor com a incisão transversal do que longitudinal (linha média ventral), mesmo sendo menos favorável. 
Condutas diferentes em uma mesma situação 
Ex.: O cirurgião precisa abrir a fáscia que se encontra abaixo da pele, em cima de um músculo. 
1º desenho: optou por ir diretamente abaixo do músculo e abrir a fáscia. É mais rápido, mais prático, mais fácil e gera menos lesão tecidual. Porém, é uma técnica mais arriscada e sujeita a erros, mas se for um paciente de alto risco, o tempo de cirurgia será menor, o que é bom, pois diminui o tempo de anestesia. 
2º desenho: abriu a pele, fez uma pequena incisão com o bisturi, e termina de fazer a incisão com uma tesoura de ponta romba. Essa é uma técnica menos arriscada de produzir lesão no músculo que está abaixo da fáscia, ou de atingir algum vaso / nervo / estrutura importante. 
Os dois cirurgiões estão certos, mas na primeira técnica o cirurgião precisa ser muito confiante nele mesmo. Não há uma técnica ideal, depende da situação (mais rápida ou mais segura?), do paciente (alto risco?) e do cirurgião (iniciante ou experiente?).
Diérese Aguda: Utiliza o corte do instrumento para fazer a incisão. Os instrumentos utilizados são Bisturi e Tesoura. É mais rápido, porém mais fácil de atingir outro tecido, que não é desejável (vasos, nervos e outras estruturas importantes). Quanto mais cortante o instrumento, menos trauma ele causa ao tecido. Por isso a cicatrização em diérese aguda é mais rápida. 
Diérese Romba: É o mesmo que Divulsionar. Introduz o dedo no tecido e rompe-o com a mão. Ou entra com a tesoura fechada no tecido, e depois abre, fazendo o mesmo papel do dedo. Este tecido deve ser frouxo/mole, pois se for muito denso não é possível. Gera mais inflamação, mais lesão, mais dor, mais inchaço, e a cicatrização é mais demorada. Porém, é uma técnica mais segura, pois por ser feita com mais calma, é possível visualizar as estruturas importantes antes de atingi-las. Quanto mais trauma no tecido, gera mais inflamação, o que piora a cicatrização. 
Sangramento: Ao fazer a incisão nos tecidos, há o rompimento de vasos sanguíneos, sendo que se o vaso for cortado sangra muito mais do que se ele for rasgado.
A cascata de coagulação é ativada quando o endotélio vascular é lesionado, e inicia com a ativação da tromboplastina tecidual (colágeno abaixo do endotélio). Após a ativação dos outros fatores, o fibrinogênio é convertido em fibrina, que se junta com as plaquetas, e forma o tampão plaquetário, responsável por cessar o sangramento. 
Trauma máximo, hemorragia mínima! 
Fatores que explicam porque na Diérese Romba sangra menos que na Diérese Aguda:
Quanto maior a exposição da tromboplastina tecidual, maior é a intensidade da ativação da cascata de coagulação. No rompimento do vaso sanguíneo (Diérese Romba) o corte fica irregular, por isso tem muito mais ativação da cascata de coagulação, e por isso o sangramento cessa mais rápido. 
O outro mecanismo (neurogênico) de diminuir o sangramento é a vasoconstrição, quando o vaso é cortado libera uma descarga simpática que faz com que ele diminua de tamanho, sangrando menos. Se o trauma for muito intenso, o vasoespasmo também será muito intenso, por isso na Diérese Romba sangra menos que na Aguda, onde o vaso é somente cortado, sem muitos traumas e laceração. 				
A escolha pela Diérese Romba ou Aguda dependerá da cirurgia e da fase da cirurgia, mas tem que haver um equilíbrio entre as duas, pois o cirurgião deve arriscar quando for necessário, mas sempre se atentar para os níveis de segurança. 
Cirurgia de Laparotomia pelo Flanco
- “Tomia” = incisão	“Laparo” = abdômen
- É abertura da cavidade abdominal pelo flanco com o animal em pé. É feita eventualmente em equinos, muito comum em bovinos e em cães nas castrações de mutirão. 
Anatomia da Musculatura do Flanco
Oblíquo Abdominal Externo – Oblíquo Abdominal Interno - Transverso Abdominal – Músculo Reto Abdominal
- Os músculos possuem um direcionamento em suas fibras musculares:
Obliquo Abdominal Externo: 
Obliquo Abdominal Interno: 
Transverso Abdominal:
TÉCNICA DE GRADE: Divulsiona todos os músculos, é mais segura, porém o espaço para realizar a cirurgia é muito pequeno, por isso não deve ser utilizada em qualquer cirurgia. É mais segura, porém inflama e incha mais. 
Técnica Adequada nesse caso:
Pele: faz a incisão coincidindo com a orientação da incisão do OBI. 
OBE: incisão por diérese aguda.
OBI: incisão por diérese romba, pois é o músculo mais importante, por ser mais espesso. 
TA: incisão por diérese aguda
- Faz a divulsão do músculo mais espesso, que será o responsável por criar as forças de tensão no pós-operatório, e faz a Diérese Aguda nos outros, que são mais finos e não irão causar deiscência. 
- Neste caso a incisão de pele não está respeitando suas linhas de tensão, sendo inclusive mais difícil de suturar, porém a preocupação maior é com o OBI, que irá criar mais força para romper no pós-operatório.
Obs.: Pode fazer a incisão vertical em todos os músculos, onde o grau de inflamação será menor, porém é mais arriscada e menos resistente no pós-operatório, podendo romper mais facilmente. 
Obs.: Na Técnica de Grade, todos os músculos foram divulsionados, e por isso no pós-operatório vai ter mais inchaço, porém ela é maissegura, pois tem menor risco de hemorragias e de atingir estruturas importantes. Contudo o espaço para a cirurgia fica muito limitado, não podendo ser usada sempre.
Diérese de Tecidos Duros
- Utiliza-se Fio Serra acoplado a um bastão, Serrote Cirúrgico, Serra Cirúrgica acoplada em Furadeira, ou um Arco de Serra Comum, porém não é o ideal, pois a tinta amarela fica no osso do animal. 
Amputação de Dígito de Bovinos: Faz um FLAP e retira até a Epífise Distal da 1ª Falange.
HEMOSTASIA
- É a etapa que se segue à Diérese, onde é feito a parada do sangramento. 
- A incisão que tem o mínimo sangramento é feita através da Diérese Romba, pois na Diérese Aguda a liberação de tromboplastina tecidual é menor, por isso, a intensidade da ativação da cascata de coagulação é menor, juntamente com o pouco vasoespasmo. Além disso, na Diérese Aguda, é mais fácil romper acidentalmente vasos importantes presentes no campo operatório. Portanto, a técnica de Diérese Aguda tem uma dificuldade própria para alcançar a hemostasia, e ainda tem o risco de gerar acidentes. 
- Sempre que for trabalhar próximo à um plexo ou à vasos calibrosos, deve-se optar pela Diérese Romba, fazendo a incisão somente na pele e na fáscia superficial. 
Ex.: Cirurgia em equino pela região inguinal, o subcutâneo é menos resistente que os vasos, por isso a Diérese Aguda é feita somente para chegar até a fáscia superficial, e o restante é feito com os dedos, rasgando o tecido, evitando atingir vasos calibrosos que existem naquela região.
- A Hemostasia consiste em deter, feita após o sangramento, ou prevenir a hemorragia, feita antes do sangramento, reduzindo a perda de sangue do animal e acelerando o tempo da cirurgia.
- Volume Sanguíneo: 8% do PV = 80 ml/kg PV
- O animal pode perder até ¼ de seu sangue durante a cirurgia, à medida que o volume sanguíneo diminui, a pressão arterial do animal cai, e a oferta de sangue (O2) para periferia também diminui, o déficit sanguíneo gera hipóxia. 
- Quando o animal entra em Choque Hipovolêmico devido à hemorragia, esse choque é chamado Choque Hipovolêmico Hemorrágico. 
- Para saber qual foi a quantidade de sangue que o animal perdeu, deve-se fazer uma estimativa, que nem sempre é fácil. Visualmente o sangue chama muita atenção, e pode haver uma superestimativa do sangramento. Objetivamente, deve-se avaliar qual foi a influência daquela hemorragia para o paciente, examinando-o. 
Sinais que indicam que o volume de sangue perdido foi significativo:
TPC: indica a capacidade do coração de levar sangue até a periferia, quanto mais demorado é o retorno do sangue, mais lentamente o coração está suprindo a demanda da periferia. TPC elevado (acima de 3 segundos) é ruim, porém pode estar associado à vasoconstrição periférica, devido à hipovolemia (mecanismo para aumentar a pressão).
Mensuração da PA: não é uma prática comum na veterinária. Necessita de um manguito proporcional ao tamanho do animal e de um equipamento chamado dopler. 
Avaliação do Pulso CoxoFemoral: pode estar hipocinético (fraco), normocinético ou hipercinético (forte). 
OBS.: Pode ocorrer de um animal com mucosa pálida estar com o pulso hipercinético, devido à uma descarga de adrenalina em situação de estresse, estimulando uma vasoconstrição periférica (mucosa pálida) e aumento de PA (pulso hipercinético). 
Situações em que o animal perde líquido sem perder sangue: A desidratação é a perda de volume sanguíneo devido à perda de água do plasma, isso acontece em animais que por algum motivo soaram muito, como na realização de exercícios físicos, ou que tiveram insolação ou intermação - calor em excesso no ambiente, e por baixa ingestão de água. Outra situação é em obstrução intestinal, que o animal sequestra líquido para o abdômen, e por isso desidrata. 
- Hematócrito: indica a necessidade de uma transfusão sanguínea, porém em casos de hemorragia aguda o Ht fica igual, por isso não é um parâmetro para avaliar a necessidade de transfusão sanguínea. 
Gatos: Ht normal: 24 – 45%. 
Cães: Ht normal: 38% - Transfusão: 12%, ou maior que isso, dependendo da situação. Ex: animal com babesiose em piora de quadro clínico.
Em uma hemorragia aguda o organismo não espera produzir a quantidade de hemácias adequadas para reposição, ele irá reestabelecer o volume sanguíneo com rapidez, adicionando mais água, tornando o sangue mais diluído, porém o Ht será o mesmo. Horas depois, o número de hemácias se mantém o mesmo e o organismo reestabelece o volume plasmático, e neste momento o Ht se altera, diminuindo o valor. 
Dito isto, NUNCA deve utilizar o Hematócrito como forma de avaliação de hemorragia aguda, pois o Ht não se altera, porém o paciente pode estar precisando de transfusão sanguínea. O Ht deve ser avaliado com no mínimo 6 horas após a hemorragia. 
Pacientes: as aves são pacientes que menos podem perder sangue, pois são animais muito leves e tem um volume de sangue muito pequeno, por isso a hemostasia preventiva nas aves é muito importante.
Quanto mais leve, menos sangue o animal deve perder, mais eficiente a hemostasia deve ser.
Hemorragia no transoperatório: a hemorragia pode ser avaliada, ou seja, é possível estimar a quantidade de sangue perdido, com um “aspirador” ou pesar as compressas antes e depois da cirurgia, sabendo que a densidade do sangue é 1g – 1ml. 
Transfusão Sanguínea: 
Próprio paciente é o doador: a cirurgia é eletiva, e faz-se a coleta do sangue do próprio paciente, armazena-o por até 3 meses, realiza a cirurgia, e se for necessário, utiliza o sangue coletado. A grande vantagem é que não há risco de transmissão de doenças, nem de ocorrer reações transfusionais devido a incompatibilidade sanguínea.
Aspirar o sangue durante a cirurgia e injetá-lo: esta havendo uma hemorragia na cavidade abdominal, coleta-se o sangue da cavidade, filtra e injeta diretamente na veia do animal. A desvantagem é que pode ocorrer muita hemólise.
Bolsas de sangue: faz um banco de sangue, sempre tendo bolsas de sangue reservadas para eventuais necessidades. Convênio entre a clínica e o cliente: cães de grande porte, saudáveis, ficam como os doadores. 
- O ideal é fazer uma prova de coagulação prévia (coagulograma – Tempo de Protrombina) em pacientes que têm alto risco de desenvolverem hemorragia, ou que são suspeitos de possuir discrasia sanguínea. Pode realizar também o Teste de Coagulação, fazendo um furo no animal e calcular o tempo que demora pra parar de sangrar. 
- Exames Prévios: hemograma + ureia e creatinina + contagem de plaquetas, sendo que animais com trombocitopenia (comum em animais com babesiose) não é indicado realizar a cirurgia. 
- Volume Transfundido: 
Se o animal estiver perdendo sangue continuamente, a transfusão também deve ser contínua até cessar a hemorragia.
Se o animal teve a hemorragia e ela cessou, como em um pós-operatório que o vaso foi ligado, ou um animal que a babesiose foi elimanda, transfunde no máximo 20 ml de sangue por kg de PV, se a transfusão for muito alta, inibe a produção de ETO, porque não tem o estímulo de hipóxia tecidual, e as hemácias da transfusão só irão durar por 4 dias. 
- O organismo aumenta a produção de hemácias quando há hipóxia tecidual, que estimula a liberação de ETO, que é ativada no rim e estimula a produção de hemácias pela M.O. Ou seja, para o processo de produção de hemácias, é interessante ter um pouco de hipóxia. 
- Tempo ½ de vida das hemácias é de aproximadamente120 dias na média, porém a hemácia transfundida tem ½ vida de 4 dias, sendo que quanto menos próximo do tipo sanguíneo, mais rápido ela será destruída.
- Os animais possuem centenas de tipos sanguíneos, por isso não é comum fazer o teste antes de realizar a transfusão. Como eles não possuem anticorpos naturais contra uns aos outros, na primeira transfusão, se o animal não tiver sido sensibilizado no útero ou não tiver recebido derivados do sangue (plasma – Ac’s) não há riscos de reação transfusional. 
- As outras transfusões é que terão risco de gerar reações no animal, pois o sistema imunológico terácriado Ac’s contra esse sangue. 
- Sinais de reação transfusional: Inquietude, dispneia, sudorese, urticaria, taquicardia e outros sinais inespecíficos. Deve sempre avaliar os primeiros momentos da transfusão, e ter em mãos corticoide para eventual reação alérgica. 
Prova de compatibilidade sanguínea: não existe uma prova pra avaliar o tipo sanguíneo, mas existe uma prova pra avaliar se o receptor é compatível com o doador. Mistura o plasma de um animal com hemácias do outro, observa no microscópio, se houver aglutinação, conclui-se que os sangues não são compatíveis. Porém ela só é feita em pacientes crônicos, pois demanda certo tempo, em pacientes com hemorragia instantânea na cirurgia não é possível realiza-la. 
Doador: Pode coletar 20 ml de sangue por kg de PV, por isso o ideal é o que paciente seja de porte grande (30 kg). Não pode misturar sangues de animais diferentes numa mesma bolsa, sendo que o volume da bolsa é de 450 ml.
Bolsas de Sangue: Não é comum o veterinário andar com bolsas de sangue para emergência, e se houver necessidade de realizar uma transfusão, utiliza-se um frasco de soro vazio para coletar o sangue, pois o interior é estéril. Deve amassar e retirar TODO O AR do frasco do soro, e incluir 50 ml de anticoagulante, sendo que o mais correto é o ACD, pois preserva as hemácias e os outros componentes do sangue. Se não tiver o ACD, pode utilizar HEPARINA (0,7 ml), que consegue evitar a coagulação de até 1 litro de sangue. Deve homogeneizar o sangue, mas sem chacoalhar, para não acontecer hemólise. Não deve utilizar EDTA, porque ele é quelante de Ca, podendo causar hipocalcemia aguda no paciente que irá receber o sangue. 
O CERTO É FAZER COM A BOLSA!
Técnicas Hemostáticas
Hemostasia Preventiva
- Técnica de Bier: É uma das formas de se fazer anestesia local, mas também atua como uma Hemostasia Preventiva, pois evita o sangramento devido ao garrote (pode ficar até 1 hora no membro). 
Ex.: Em animais com um tecido de granulação (Habronemose) num membro deve-se colocar o garrote para parar o fluxo sanguíneo naquele tecido hipervascularizado, que não tem 1 vaso específico para se pinçar, mas a hemorragia é em lençol (o tecido sangra como um todo). A incisão deve ser feita de baixo pra cima, para que o sangue ainda presente no tecido de granulação não fique escorrendo e prejudique a visão do campo operatório. 
- Faixa de Smarch: É uma faixa elástica que é passada no membro do animal, na direção distal-proximal, e faz a exsanguinação do membro, como se todo o sangue daquele local saísse do leito vascular. A cirurgia fica muito mais rápida e precisa, pois não gasta tempo limpando o campo operatório sujo de sangue. (Ilustração 6)
Obs.: O momento ideal para retirar o garrote é antes de iniciar a fase de Síntese, pois se tiver ficado algum vaso sem ligar ou rompido, se tiver retirado o garrote após ter suturado, o local começa a inchar, formando um hematoma. O certo é retirar o garrote antes da síntese, aguardar restabelecer o fluxo sanguíneo no local, avaliar se está ocorrendo sangramento, fazer a hemostasia se necessário, e se não for, realizar a sutura. 
Hematomas: se a hemostasia não foi feita corretamente, ou algum vaso pequeno que não estava sangrando passa a sangrar depois que a PA do animal aumenta, formando um hematoma no subcutâneo.
- Cicatrização: a hemostasia evita o aparecimento de hematomas, que dificultam o fechamento dos bordos da lesão, pois afasta-os mecanicamente. 
- Infecção pós operatória: se o sangue estiver sem antibiótico, e ocorrer uma contaminação durante a cirurgia, aquele local do hematoma será colonizado e haverá uma infecção. Por isso é muito importante aplicar o antibiótico (IV) 15 minutos antes cirurgia para evitar infecções, mesmo que ele se ligue á proteínas plasmáticas, e aumente o efeito dos anestésicos. 
Hemostasia Temporária e Definitiva
- Hemostasia por Compressão: 
Utiliza-se pinças hemostáticas (Halstead Mosquito) para comprimir o vaso e cessar o sangramento. As pinças hemostáticas ficam na mão direita e na mão oposta fica uma pinça de apoio (Pinça de Adson Brown ou Adson com dente) que afasta o tecido, enquanto o auxiliar está secando o tecido. 
Ao pinçar o vaso, está ocorrendo um esmagamento da ponta, o que aumenta o trauma tecidual e evita que volte a sangrar, na maioria dos casos. Ás vezes, só da pinça ficar 1 ou 2 minutos comprimindo o vaso já evita o retorno o sangramento. 
Hemostasia Definitiva
- Hemostasia por Torção:
Se só o pinçamento não for suficiente, pode-se torcer o vaso com a pinça hemostática, até ele rompê-lo, assim ocorre a hemostasia. 
- Hemostasia por Ligadura:
Se o pinçamento e a torção do vaso não foram o suficiente, faz-se o pinçamento do vaso, passa o fio de sutura e faz os nós, fazendo a ligadura, não havendo mais sangramento. A pinça neste caso deve estar voltada para cima (Ilustração 2). 
Algumas pessoas utilizam um lacre plástico, mas para vasos não é recomendado, pois o lacre é mais agressivo do que o fio, e pode ser reconhecido como corpo estranho. Esta é uma hemostasia definitiva. 
Em alguns casos específicos a ligadura também pode ser hemostasia preventiva, quando você vê que no seu campo operatório tem um vaso e que ele poderá ser cortado durante a cirurgia, nesse caso faz-se a ligadura para prevenir o sangramento daquele vaso. 
Ilustração 1: Faz-se 3 ligaduras em um vaso com sangue arterial, sendo que a do lado direito é para evitar a hemorragia de retorno e as outras duas do lado esquerdo para uma assegurar a outra, por exemplo, se uma romper, tem a outra. 
Ilustração 3: Ligadura por Transfixação: É feita em grandes vasos (pedículos, cordão espermático, cordão ovariano). Passa o fio pelo tecido, impedindo que ele escape. O Nó Estrangulante também é uma opção, pois não solta de maneira alguma.
Ilustração 4: Técnica das 3 pinças: É utilizada sempre em ligadura de pedículos e cordões. 
Ex: Pedículo Ovariano de uma Cadela. Coloca as três pinças, faz uma incisão com o bisturi entre a 2 e a 3.
Pinça 3: próxima ao ovário; sua função é evitar a hemorragia de retorno. 
Pinça 2: serve para dar apoio ao tecido, evitando que ao se soltar a pinça 1, o tecido não entre de uma vez para a cavidade abdominal. 
Pinça 1: próxima ao abdômen; o fio de sutura é passado por baixo dela, sua função é servir de apoio para o fio, ou seja, fio irá se encaixar naquele local “esmagado” do tecido. Além disso, em uma ligadura, quanto menos tecido existir para ser envolvido pelo fio, mais segura será a ligadura, por isso, a pinça 1 deixa o tecido mais fino, tornando a ligadura mais segura. Faz o Nó Estrangulante. 
Ilustração C: Se o pedículo ou cordão for muito largo, pode-se fazer duas ou mais ligaduras para ficar mais seguro.
Ilustração 5: Ovariótomo: o cirurgião entra com a mão na vagina da vaca, faz uma incisão “as cegas” e alcança o ovário, colocando-o a corrente do ovariótomo ao redor do ovário, aciona o dispositivo do lado de fora que esmaga o pedículo ovariano, retirando o ovário, sem causar sangramento, mesmo sem a ligadura. Utilizado em Ovariectomia devido à neoplasias ou à inflamações no ovário. 
 
- Hemostasia com Termocautério:
Utiliza-se um Bisturi Elétrico, que corta o tecido e não causa sangramento, pois corta e cauteriza o vaso sanguíneo, entretanto custam R$15000,00 por isso não é uma opção para medicina veterinária. 
Utiliza-se também um Termocautério, que serve somente para cauterizar pequenos vasos, não sendo utilizado para cortar o tecido, pois o trauma é muito grande, queima o tecido, gerando necrose. 
OBS.: Quanto mais tempo ficar cauterizando, mais lesão é causada no tecido, este por sua vez morre, e macrófagos e outras células de defesa fazem a reabsorção tecidual. Com isso, quanto mais tecido necrosado, mais difícil é a reabsorção tecidual. Se houver contaminação daquele tecido, o problema se agrava. 
O Termocautério deve ser usado em vasos pequenos, com muita cautela, para evitar danos teciduais extensos. É recorrido somente quando não há possibilidade de compressão.Ex.: Em retirada de tecido de granulação não deve fazer a cauterização para realizar a hemostasia definitiva, porque a área ficará necrosada. A hemostasia nesse caso deve ser por compressão, através de uma bandagem compressiva com algodão e atadura, que deve ser trocada após 2 dias. 
- Instrumentos:
Emasculador: esmaga o vaso, selando-o. Não há sangramento, mesmo sem ligadura. Porém deve ficar aplicado por pelo menos 1 minuto.
Esponja de Fibrina/Gelatina: utilizada em hemorragias em lençol que não é possível realizar a compressão, como no baço/fígado/rins, em cirurgias ósseas, dentárias e etc. É fixada em cima da ferida, e faz a hemostasia. 
Vitamina K: É uma vitamina produzida pela microbiota intestinal, é absorvida e processada no fígado, servindo como um cofator para a produção dos Fatores de Coagulação, por isso sem ela não há coagulação. Entretanto, o excesso não evita ou cessa o sangramento, por isso NÃO é uma técnica de hemostasia. 
Conclusão:
- A hemostasia deve ser feita plano a plano, por exemplo, faz a hemostasia dos vasos da pele, depois de uma camada, depois camada mais profunda e assim por diante. Não pode cortar todas as camadas, e depois fazer a hemostasia, porque o sangramento de uma camada atrapalha a qualidade do trabalho que será feita na camada de baixo. 
Hemorragia Capilar: para vasos sanguíneos bem finos e pequenos utiliza-se a técnica de compressão.
Hemorragia de Vasos de Pequeno Calibre: utiliza-se a técnica de pinçamento ou torção.
Hemorragia de Vasos de Grande Calibre: utiliza-se a técnica de ligadura. 
Síntese
- Suturas são fundamentais em qualquer técnica cirúrgica, porque mantem a aproximação dos tecidos, enquanto a ferida cirúrgica cicatriza.
- Os instrumentos utilizados são: agulha, porta-agulha e fio para sutura.
Fios 
- Não foi descoberto o material de sutura ideal, e provavelmente nunca o será, portanto, o cirurgião precisa estar familiarizado com as vantagens e desvantagens dos diferentes materiais, e a seleção da sutura, deve estar baseada em razões científicas e não no hábito e na tradição. 
- Na escolha do fio de sutura, o material a ser utilizado não deve prejudicar o processo de cicatrização (SAITO et al., 2006). O melhor fio é aquele que, com a menor reação inflamatória possível, seja capaz de manter sua força de tensão até que a cicatrização da ferida cirúrgica esteja completa e seja absorvido permitindo a funcionalidade do órgão (FERREIRA et al., 2005).
Classificação dos Fios
De acordo com a degradação do fio:
- Suturas Absorvíveis: começam a ser digeridas e hidrolisadas pelo paciente durante a cicatrização do ferimento e continuam a desaparecer após a cicatrização do ferimento. São realizadas em órgãos internos. Exemplo de Fios Absorvíveis: Categute, Colágeno, Dexon, Vicryl, Caprofyl, etc. 
- Suturas Inabsorvíveis: retêm sua resistência elástica por mais de 60 dias, podendo permanecer indefinidamente in situ cirúrgico mesmo que tenham sofrido leves alterações. Geralmente são as suturas de pele. Exemplo de Fios Inabsorvíveis: Seda, Algodão, Nylon, Poliésteres, etc.
De acordo com a origem do fio:
- Fios Naturais: Categute, Seda, Algodão, e outros. 
- Fios Sintéticos: Nylon, Caprofyl, e outros. 
De acordo com a capilaridade do fio:
- Fios Monofilamentares: Observa-se menor reação tecidual nos fios monofilamentares devido à menor possibilidade de retenção bacteriana. O fio de Nylon é um exemplo de fio monofilamentar. 
- Fios Multifilamentares: Um fio multifilamentar permite maior aderência bacteriana e deve ser evitado em tecidos contaminados. Os multifilamentos permitem que as bactérias penetrem entre seus fios e se proliferem, protegidas das células de defesa, que por sua vez não conseguem penetrar pelas capilaridades destes materiais, pois possuem um diâmetro maior (CASTRO et al., 1974). O fio de Algodão é um exemplo de fio multifilamentar, assim como a maioria dos fios naturais.
Agulhas
- Devem ser projetadas para o posicionamento da sutura nos tecidos com uma quantidade mínima de trauma, ser rígidas o bastante para não arquearem, contudo flexíveis o bastante para evitar que quebrem, devendo ser agudas o bastante para penetrar no tecido com um mínimo de resistência.
- Agulha Trifacetada: Conhecida também como Agulha Traumática, pois produz mais lesão no tecido. Utilizada para suturar a pele. 
- Agulha Cilíndrica: Conhecida também como Agulha Atraumática, utilizada em suturas internas, para sutura de pele não é possível, pois quebra. 
Aula 06/04/2016
Síntese
A sutura faz a recomposição do tecido que foi anatomicamente modificado devido ao procedimento cirúrgico. O objetivo da sutura é restabelecer anatomicamente o tecido no local em que foi feito a incisão, acelerando o processo de cicatrização, além de tornar a cicatriz menos evidente. 
Reparação: o tipo celular que faz a cicatrização é diferente do original e forma a cicatriz. A maioria dos tecidos sofre reparação ao serem lesionados. 
Regeneração: o tecido lesionado regenera e cicatriza dando origem a tecido igual ao que era antes. Poucos tecidos possuem a capacidade de regeneração.
Cicatriz por 2ª Intenção: Ao fazer uma incisão de pele e não suturar, a ferida cirúrgica fica aberta, e como o tecido não está justaposto, a recomposição será um tecido cicatricial muito maior. Isso ocorre porque a ferida precisará ser preenchida por um tecido de granulação no espaço aberto e depois o tecido vai epitelizar. Nesse caso a cicatriz será muito maior e mais evidente. A cicatriz por 2ª Intenção demora mais para cicatrizar.
Cicatriz por 1ª Intenção: Ao fazer uma incisão e sutura-la após o procedimento, haverá formação do tecido cicatricial, porém este será menor, porque o espaço para ser preenchido diminui de tamanho ao ser suturado, e neste caso é necessário menos tecido de granulação. A cicatriz será menor e o processo cicatricial ocorrerá mais rápido. 
Cicatriz retardada: Trata da ferida e após o tecido inflamatório ter ficado “saudável” novamente faz a sutura. 
Situações que não necessitam de sutura
Castração de Grandes Animais e Gatos: a incisão é feita no escroto, e por isso não é suturado. Quando o testículo é retirado do saco escrotal fica um espaço que deve cicatrizar de dentro para fora, se a cicatrização não ocorrer da forma que se espera, pode acumular sangue e formar um hematoma, acumular exsudato e formar um seroma, além disso, a cavidade vaginal tem comunicação direta com a cavidade abdominal, onde existe liquido peritoneal que pode descer para esse espaço, que se estiver obstruído causará uma inflamação no peritônio. Portanto, quando o escroto sofre a incisão na técnica de castração, não é realizada a sutura.
Abcessos: o abcesso é um acúmulo de pus e a incisão é feita para drenar o pus, entretanto aquele local continua contaminado, e se a sutura for feita a drenagem e o acesso para fazer a antissepsia serão impedidos, com isso haverá uma recidiva do processo inflamatório e irá acumular mais pus.
Drenagem Cirúrgica: em algumas cirurgias ficará um espaço vazio muito grande dentro do local, portanto pode suturar a lesão primária e colocar um acesso para drenagem do líquido, evitando que ele se acumule. Um exemplo é a Esofagectomia, onde não é possível reduzir o espaço morto que fica após o procedimento devido às muitas estruturas importantes presentes na região (traqueia, tronco vago simpático, artéria carótida). Nesse caso sutura os tecidos acima do espaço morto, faz uma contra abertura e instala um dreno, pois nesse espaço morto irá acumular líquido ou sangue. O dreno impede esse acúmulo de secreções e evita que o tecido fique aberto, cicatrizando por 2ª Intenção (indesejável). 
Formas de Sutura
As suturas com fio são as mais utilizadas, entretanto existem outras formas de suturar os tecidos, dentre elas estão: 
- Grampos Metálicos: são muito utilizados em vídeo cirurgias, como nas bariátricas. Como os portais de entrada são muito pequenos,é difícil fazer a sutura dentro da cavidade abdominal com fio e porta-agulha, por esse motivo é utilizado um grampeador que realiza a sutura com grampos metálicos. Também podem ser utilizados em anastomoses intestinais, ligaduras de vasos e suturas de pele, além de retirar fragmentos de tecido pulmonar, hepático e de outros órgãos para realização de exames histopatológicos. Existem grampeadores metálicos que além de suturar, também fazem a incisão. Este foi o instrumento que possibilitou o avanço da cirurgia laparoscópica, sem ele ela seria apenas uma técnica diagnóstica. 
Existem grampeadores simples para fazer suturas de pele e sua única vantagem é a rapidez, pois eles são descartáveis, ou seja, não podem ser esterilizados após o uso, seus cartuchos vêm com apenas 30 grampos de aço cirúrgico, e é muito caro (R$500). Não há diferença na qualidade da sutura, pois o objetivo é manter o tecido unido, entretanto na hora de retirar é mais dolorido, pois precisa de um alicate para remover os grampos.
Em algumas cirurgias em equinos o grampo faria diferença, pois é possível, por exemplo, retirar uma parte do intestino com o grampeador, que com apenas um “click” irá cortar o intestino ao meio, e suturar de um lado e do outro (Anastomose latero-lateral), com muito mais rapidez do que na técnica tradicional. Essa técnica com o grampeador é excelente quando a cirurgia será feita no fundo da cavidade e será muito difícil realizar a sutura tradicional. Esse instrumento não é descartável e está custando atualmente $2000 dólares, sendo que o cartucho é recarregável e custa R$600,00. 	 Existem também grampeadores que realizam anastomose termino-terminal.
- Agrafe: é um grampo que é apertado por um alicate e fechado no tecido, realizando a sutura. É uma técnica muito grosseira, por isso não é recomendada. 
- Cola: a cola mantém os tecidos unidos, mas fica entre os dois tecidos, impedindo a cicatrização. A cola pode ser utilizada para suturar pele, intestino, córnea, e outros tecidos. Normalmente é utilizada quando existe uma lesão parcial no tecido, a cola é aplicada na superfície da lesão, ela ajuda a manter os tecidos unidos, mas não impede a cicatrização. 
Obs: A COLA NUNCA PODE FICAR INTERPOSTA ENTRE OS TECIDOS QUE PRECISAM CICATRIZAR, POIS ELA IMPEDE A CICATRIZAÇAO CORRETA. 
Portanto, deve-se primeiramente fazer uma boa redução do subcutâneo de forma que os bordos da pele fiquem bem encostados, e passa a cola por cima da pele, tomando cuidado para que ela não aprofunde no tecido, fique somente na superfície (epiderme). Ou seja, é uma associação de suturas, pois o tecido será reduzido com o fio, e a cola servirá para manter a pele unida. Não deve ser utilizado em tecidos com alta tensão, pois não é tão resistente.
Produtos: Hystoacril, Vetbond que têm cianoacrilatos em sua formulação, mas pode utilizar inclusive a cola SuperBond, que aos poucos será eliminada através da descamação natural da epiderme. 
A vantagem de utilizar as colas é que não é necessário anestesiar o animal, não tem ponto de entrada e saída, o que reduz a lesão ao tecido, além disso, por ser um produto fácil de encontrar, é utilizada quando não há outro recurso para realizar a sutura. 
- Fitas adesivas: são chamadas Steri-Strip, que são pequenas suturas em forma de fita adesiva que são colocadas sob a pele e mantém o tecido unido. Utilizado em situações onde não há muita tensão e que o paciente não terá acesso para coçar, lamber ou morder, sendo mais usado na medicina humana. Pode também fazer a sutura e aplicar um micropore (permeável à água e ao ar) por cima, pois vai manter a pele unida e diminuir o risco de deiscência. 
- Fios: as suturas com fio são as mais utilizadas, e existem vários tipos de fios. 
Naturais: são os fios orgânicos, constituídos de “n” matérias primas fornecidas pela natureza, como ferrão de formiga, fio de cabelo de mulher, tendão de baleia, tendão de canguru, ouro, cobre, algodão, linho, seda, entre outros. Estes fios não são bons, os sintéticos são melhores que os naturais. 
Sintéticos: foram criados pela indústria para superar os fios naturais, diminuindo as reações inflamatórias causadas por eles. Geralmente os fios sintéticos são constituídos por um filamento único, sendo melhores que os multifilamentares. Os fios sintéticos são mais indicados e mais utilizados.
Fios Absorvíveis: é desejável utilizar os fios absorvíveis em suturas internas, dentro de cavidades, pois com o passar do tempo ele será absorvido pelo organismo e meses depois não terá nada no local, só o tecido cicatricial. São preferidos para suturas internas. 
Fios Inabsorvíveis: são utilizados em sutura de pele, pois é um local que se tem acesso posterior para ser removido. Na pele não é indicado utilizar fio absorvível, porque a absorção do fio é demorada (meses ou anos) e o fio ficará na pele por mais tempo do que ele deveria tornando a cicatrização mais difícil e mais evidente. 
- Se o objetivo for realizar uma sutura “invisível”, para evitar que o animal possa intervir, e não é desejável utilizar o fio absorvível, o indicado é fazer uma sutura intradérmica, com os nós inicial e final ocultos, assim não é necessário que o animal volte ao veterinário para retirar os pontos. Ex.: sutura em animais selvagens, ou em castração. 
- Assim como implantes metálicos não precisam ser retirados, os fios inabsorvíveis (Nylon, Polipropileno) também não tem obrigatoriedade de serem retirados, a não ser que tenha ocorrido uma rejeição. 
- Existem situações, que mesmo internamente são utilizados os fios inabsorvíveis, seja devido ao custo, ou a falta de opção, como por exemplo, para equinos não existem fios absorvíveis que deem para utilizar em suturas internas devido ao tamanho (são muito finos), por isso utiliza-se o Nylon. Em algumas cirurgias ocorre reação inflamatória (edema, secreção, etc), mas ainda não existe alternativa, por isso utiliza-se o fio inabsorvível. 
- Quando é feita uma cirurgia abdominal existe o risco de aderência no pós operatório, que é quando uma alça inflamada encosta na outra, vai haver uma deposição de fibrina que é natural do processo inflamatório e essas alças ficarão unidas uma a outra. Essa aderência pode sofrer fibrinólise, onde a fibrina será quebrada por um sistema antagonista e as alças voltarão ao normal, ou pode evoluir para aderência fibrosa que ao invés de ser quebrada, sofre invasão de células que se organizam e forma fibrose, neste caso as alças não soltam mais. De modo geral, os fios naturais geram mais reação inflamatória, tendo maiores chances de causar aderência no pós operatório.
- Em cavidade abdominal e órgãos internos nunca utilizar fios inabsorvíveis, sendo que dentro dos absorvíveis existem os fios naturais e os sintéticos, e o ideal é utilizar os sintéticos, que geram menos reações e rejeições. 
- A rejeição é uma reação inflamatória exacerbada ao fio de sutura utilizado, e pode acontecer, principalmente com fio de seda, algodão, e linho, entretanto a reação inflamatória ocorre principalmente devido a erros na técnica asséptica (contaminação durante a cirurgia e infecção no pós operatório).
- Os rufiões são aqueles equinos ou bovinos que detectam o cio da fêmea, mas não podem cruzar com ela. Para isso, é feito uma técnica cirúrgica onde o abdômen é aberto e o pênis é fixado na parede abdominal do animal. Neste caso o ideal é utilizar o fio inabsorvível, pois se utilizar o absorvível, quando o fio tiver sido absorvido, se não tiver tido uma aderência, o animal conseguirá expor novamente o pênis. É utilizado o fio de Nylon com 6 a 7 semi nós e 3 pontos em X.
- Em cirurgia de hemiplegia laringiana em cavalos tem como objetivo manter a cartilagem aritenoide aberta, e evitar o seu colapso, impedindo que a respiração do animal seja prejudicada. Nestecaso, tem que utilizar também o fio inabsorvível, pois se o fio for absorvido, a resistência da sutura acaba, e a aritenoide volta a fechar. O fio mais indicado para essa situação é o fio de Poliéster, pois é o que mantém sua resistência mais inalterada ao longo dos anos.
20/04/2016
SÍNTESE 
FIOS DE SUTURA
Para definir qual fio será usado para realizar a sutura devem ser levados em consideração alguns pontos, descritos abaixo:
CALIBRE: O fio escolhido deve ter pelo menos a mesma resistência do tecido, portanto quando a tensão é excessiva quem rompe não é o fio, mas sim o tecido, uma vez que o fio é mais resistente. O fio só costuma romper quando o porta agulha cria um ponto de fragilidade nele ou quando o paciente fica interferindo na sutura (mordendo, coçando).
A resistência do fio está relacionada com o calibre do fio, uma vez que quanto maior o calibre, mais resistente é o fio. 
Numeração Cirúrgica: 
1, 2, 3, 4, 5, 6 são os fios mais grossos;
1.0, 2.0, 3.0, 4.0, 5.0 até 12.0 são os fios mais finos; 
Os fios mais utilizados em cirurgias em pequenos animais são: 2.0, 3.0, 4.0, 5.0, 6.0, 0, 1, 2. 
Os fios mais utilizados em cirurgias em grandes animais são: 2.0, 3.0, 1, 2, 3, 4. 
Numeração Têxtil:
Em algumas situações específicas não é possível utilizar os fios cirúrgicos, e por esse motivo utiliza-se fios não cirúrgicos, como por exemplo, fio de algodão para reduzir o custo da cirurgia ou suturar um tecido mais resistente que os fios de sutura cirúrgicos. 
1-0, 0, 00, 000, 0000, sendo que quanto mais zeros, maior é o calibre.
Fio de Pesca:
Utilizado principalmente em equinos, uma vez que a resistência de seus tecidos é muito alta. Por exemplo, para suturar o abdômen de equinos utiliza-se o fio de Nylon 0,70mm. 
Nylon: 0,10, 0,15, 0,20, 0,30 até 1 mm de espessura. 
A resistência do fio está relacionada com seu calibre, e a escolha deve ser feita a partir da resistência do tecido que será suturado (tamanho do animal, região a ser suturada, etc). 
RESISTÊNCIA TÊNSIL: Cada fio tem sua própria resistência, devido ao tipo de material que o constitui. Por exemplo, os fios naturais asbsorvíveis, como o Catgut, tem baixa resistência tênsil, e se rompe facilmente, mesmo se a força aplicada sobre ele for pequena. Já os fios sintéticos absorvíveis têm mais resistência tênsil, mesmo sendo muito finos, é o caso do Caprofyl 3.0. 
A resistência tênsil é importante para o cirurgião, pois no momento da ligadura é possível aplicar uma força mais adequada e garante que o procedimento está seguro. Quando o cirurgião fica com medo do fio se romper facilmente, a ligadura é feita mais frouxa e pode ocorrer hemorragia no pós-operatório. 
CONFORMAÇÃO: Está relacionado com o fio ser mono ou multifilamentar. 
Ilustração 1: Representação de 4 fios distintos.
Fio Monofilamentar: não existe fio monofilamentar natural.
Fio Multifilamentar Torcido: é constituído por muitos pequenos filamentos. 
Fio Multifilamentar Trançado.
Fio Pseudomonfilamentar: a indústria farmacêutica cobre externamente o fio multifilamentar, impermeabilizando-o. O fio é fácil de manusear, e tem menor risco de infecção. Ex.: Fio multifilamentar coberto por Clorexidine (antisséptico), ou fio multifilamentar banhado com Penicilina para cirurgias de Hemiplegia da Laringe. 
Os fios multifilamentares são bons somente para o cirurgião, uma vez que o manuseio é mais fácil, é necessário fazer apenas 3 seminós e não têm memória, se tornando mais agradável para se trabalhar. Porém, em caso de contaminação as bactérias começam a se multiplicar e penetram no interior dos fios multifilamentares, impedindo o antibiótico ou as células de defesa de eliminarem microrganismo. O fio multifilamentar aumenta o risco de infecção no pós-operatório, por isso o ideal é que ele seja sempre absorvível.
Fístulas Crônicas: é comum o aparecimento de fístulas crônicas quando na cirurgia utilizou-se fio de algodão. A fístula é formada na região da cirurgia e por esse canal sai uma secreção purulenta constantemente. Ao iniciar o tratamento, a secreção cessa e a fístula fecha, pois eliminou os microrganismos que estão na região e na superfície do fio de algodão, após a suspensão do antibiótico, a fístula se abre novamente e a secreção retorna, porque as bactérias que permaneceram no interior do fio iniciam o processo de proliferação, consequentemente o processo infeccioso retorna. 
Nos fios monofilamentares as bactérias se aderem à superfície, porém não invadem o seu interior, o risco de infecção é menor e dificilmente ocorre a formação de Fístulas Crônicas. 
Sempre que for realizar uma cirurgia que conhece o risco de contaminação e se for interna optar por um fio monofilamentar absorvível. Ex.: ferida traumática, técnica asséptica não é adequada, o local onde a cirurgia será realizada possui uma microbiota residente (esôfago, traqueia, trato urogenital, boca, estômago, intestino etc.)
- Em uma cirurgia é possível classificar os tipos de feridas de acordo com o grau de contaminação: 
Ferida Limpa: o local não tem microbiota residente (Ex.: osso) e a técnica asséptica foi adequada. Nesse tipo de cirurgia o risco de infecção no pós-operatório é menor que 5%. Na teoria, não é necessário administrar o antibiótico, mas é recomendado que se aplique uma única dose de antibiótico 15 a 20 minutos antes ou depois do início do procedimento cirúrgico como medida de profilaxia, ou seja, o objetivo é evitar que a possível infecção ocorra. Na cirurgia Limpa existem microrganismos, porém a quantidade é desprezível, e o próprio organismo do animal consegue eliminá-los, sem o auxílio de antibióticos. 
Ferida Limpa Contaminada: houve uma pequena quebra de técnica asséptica, ou o órgão operado têm flora residente. É indicado o uso de antibioticoterapia (2 ou 3 aplicações). 
Ferida Contaminada: É utilizado protocolo de antibioticoterapia de tratamento, aproximadamente 5 dias. 
Ferida Suja: É utilizado protocolo de antibioticoterapia de tratamento, aproximadamente 5 dias. 
Essa classificação de feridas é importante para determinar três pontos:
Será realizado antibioticoterapia no pós-operatório?
Se a resposta acima for sim, por quanto será a administração do antibiótico? 
Qual é o risco de infecção no pós-operatório?
Obs.: A cirurgia pode mudar de classificação dependendo do tipo de técnica utilizada, uma cirurgia que poderia ser classificada em Limpa Contaminada, como a Enterectomia, se torna Contaminada, ou até Suja, se o cirurgião não tomar os devidos cuidados (ordenhar a alça intestinal, colocar a gaze na entrada do abdômen, etc). 
Nas cirurgias Limpas, pode utilizar qualquer tipo de fio, nas outras deve utilizar fios monofilamentares, se for mesmo necessário utilizar um fio multifilamentar, optar por um absorvível.
	Fio multifilamentar inabsorvível + cirurgia contaminada = Fístula Crônica
 
REVESTIMENTO: São os fios pseudomonofilamentares. 
CAPILARIDADE: A capilaridade está relacionada com a capacidade do fio de absorver líquido e outras secreções presentes na ferida cirúrgica. Os fios multifilamentares tem alta capilaridade. Exemplo: A sutura será feita no intestino (Enterotomia), se o fio tiver alta capilaridade, ele irá sugar as secreções presentes no lúmen do intestino, o que é extremamente ruim para o organismo do animal, pois as bactérias intestinais irão sair do intestino e contaminar a cavidade abdominal. Portanto, fios multifilamentares nunca devem ser utilizados em cirurgias sujas ou contaminadas. 
COEFICIENTE DE ATRITO: É a resistência que o fio tem em deslizar no tecido, sendo que os fios com maior coeficiente de atrito são os multifilamentares.
SEGURANÇA DO NÓ: Está intimamente relacionada com o coeficiente de atrito, pois os fios com coeficiente de atrito maior dão uma maior segurança ao nó. Se o fio for monofilamentar, deve-se fazer 5 seminós, se for multifilamentar deve-se fazer 3 seminós. Isso é importante por causa do tempo quese gasta durante a sutura, quanto menos seminós, mais rápida é a finalização.
MEMÓRIA: Os fios monofilamentares são os que possuem memória, e é muito ruim, pois dificulta no manuseio durante a sutura. 
TIPO DE ABSORÇÃO: A absorção dos fios pode ser por fagocitose ou por hidrólise, que é um processo químico independente da imunidade do animal. O único fio que sofre absorção por fagocitose é o Catgut, que é um fio natural fabricado a partir da submucosa intestinal de ruminantes. Nas suturas realizadas com esse fio o organismo monta uma reação inflamatória exacerbada, indicando que este fio é muito reativo. Os macrófagos vão roendo o fio, e aos poucos ele desaparece do tecido suturado. Com 7 dias o Catgut perde mais que 50% da sua resistência, concluindo que a cicatrização do tecido deve ser muito rápida. Devido a esses fatores, muita reatividade e absorção rápida, o Catgut não é indicado para nenhuma situação. 
A importância da absorção do fio ser por hidrólise é que por ela não depender da imunidade do animal (é um processo enzimático), sua ocorrência é previsível, ao contrário da absorção por fagocitose, que dependendo do sistema imunológico do animal, pode ser mais ou menos exacerbada, diferindo de um indivíduo para o outro. 
REATIVIDADE: A reatividade do fio é devido ao material que este é constituído, existem fios mais e menos reativos, e quanto menor a reatividade, melhor, pois a reação inflamatória será mínima. O fio de aço é o menos reativo. Ás vezes é necessário utilizar um fio mais reativo, porque ele possui qualidades maiores que este defeito. Ex.: Em cirurgia de Hemiplegia Laringeana em equinos o fio utilizado para deixar a cartilagem aritenoide sempre em abdução é o fio de Poliéster, que mantém a resistência inalterada por um longo tempo (décadas), mesmo ele sendo um fio multifilamentar e altamente reativo. Nesse caso o fio de Poliéster é embebido em solução com penicilina e a cirurgia é feita com o máximo de técnica asséptica possível, com o objetivo de reduzir o mínimo de contaminação e evitar ao máximo a infecção pós-operatória. 
Hemiplegia Laringeana: as cartilagens aritenoides fazem adução no momento da deglutição, e a epiglote fecha por cima delas, impedindo que o alimento vá para as avias respiratórias. Em momentos de exercício físico as aritenoides abrem e a laringe também fica aberta, sem nenhuma restrição para entrada do ar. Nos equinos com Hemiplegia Laringeana uma das aritenoides não se abre, e o animal fica com dificuldade de respirar. A aritenoide não se abre porque o nervo Laringorecurrente está lesionado e não consegue mais inervar o músculo Cricofaríngeo, responsável pela abdução da cartilagem aritenoide, devendo-se então realizar um procedimento cirúrgico.
PREÇOS: O fio sintético mais barato que existe hoje no mercado é o Nylon e o absorvível é o Catgut, entretanto não é recomendado devido à sua alta reatividade no tecido e ao tempo de absorção ser muito rápida (menos de 7 dias).
	Fios Inabsorvíveis
	Fios Absorvíveis 
	Naturais
	Naturais
	Algodão: é multifilamentar, muito reativo, bom para o cirurgião, porém muito ruim para o paciente. É um fio muito barato. 
	Categute: é produzido a partir da submucosa intestinal de ruminantes domésticos. O fio vem com um preservante (álcool isopropílico), e se por acaso o álcool tiver evaporado ele não deve ser utilizado. Em hipótese alguma se utiliza para o fechamento de parede abdominal de pequenos animais, pois causa eventrações e até evisceração. Mesmo sendo o fio multifilamentar a segurança do nó é muito ruim. É um fio de baixo custo.
 
Simples: É um fio muito reativo e perde sua resistência muito facilmente. Não deve ser utilizado em nenhuma situação. 
Cromado: é o fio Categute Simples, porém banhado em sais de cromo. É um pouco menos reativo, porém ainda assim é bastante reativo. Como a reação inflamatória é menor, sua resistência tênsil se estende um pouco mais (alguns dias). Por isso é utilizado em tecidos de cicatrização muito rápida (subcutâneo) e que pode ter um pouco de inflamação. 
 
	Seda: é multifilamentar, muito reativo, muito utilizado em cirurgias odontológicas por ser extremamente macio e seu nó não incomodar o paciente. Ele não seria o ideal para uma cirurgia em local contaminado (boca), mas sua maciez ultrapassa essa limitação. É um fio muito barato. 
	
	Linho: é multifilamentar, muito reativo, bom para o cirurgião, porém muito ruim para o paciente. É um fio muito barato. 
	
	Sintéticos
	Sintéticos
	Nylon: é monofilamentar, pouco reativo, muito barato. 
	Poliglecaprone (Monocryl): É o fio CAPROFYL, é monofilamentar, pouco reativo e mantém a resistência por até 15 dias. Pode ser utilizado em cirurgias contaminadas. Em ligadura de pedículo é feito o seminó estrangulante, e por isso a segurança aumenta, equiparando aos nós dos multifilamentares. Preço: R$8,00 a R$12,00. 
	Polipropileno: muito parecido que o Nylon, porém menos reativo ainda do que ele. É um fio com mais memória, ou seja, muito ruim para o cirurgião trabalhar. É o material utilizado em “telas” para hérnias.
 
	Ácido Poliglicólico (Dexon): é multifilamentar, pouco reativo e mantém a resistência por até 15 dias, porém não pode ser utilizado em cirurgias contaminadas. Por ser multifilamentar a segurança do nó é maior, devido ao alto coeficiente de atrito. Pode ser utilizado para ligadura de pedículo em castração. Preço: R$8,00 a R$12,00.
 
	Polibutéster: é um fio menos reativo que o polipropileno, utilizado em cirurgias plásticas. É um fio monofilamentar.
 
	Poliglactin 910 (Vicryl): é multifilamentar, pouco reativo e mantém a resistência por até 15 dias, porém não pode ser utilizado em cirurgias contaminadas. Por ser multifilamentar a segurança do nó é maior, devido ao alto coeficiente de atrito. Pode ser utilizado para ligadura de pedículo em castração. Preço: R$8,00 a R$12,00. 
	Poliéster: é um fio muito reativo, tanto que mesmo tendo um calibre (5) adequado para suturar o abdômen de um cavalo não é utilizado. É multifilamentar, mas tem uma qualidade insuperável, mantém sua resistência tênsil por décadas. 
 
	Poligliconato (Maxon): é monofilamentar, a resistência se prolonga por períodos muitos longos, sendo perdida progressivamente. Com 45 dias ainda possui 30% da sua resistência inicial, que é o suficiente para manter o tecido unido. Utilizado para suturar tendão, que é um tecido mole, mas que cicatriza com muita dificuldade. Preço: R$19,00.
	Aço: é monofilamentar, difícil de trabalhar, pois é um fio muito duro, necessita de instrumentos especiais. Possui reatividade próxima de 0 e sua resistência tênsil é a maior entre todos os fios. É utilizado em cirurgias ósseas e eventualmente em tecidos moles (não é muito comum). 
	Polidioxanona (PDS): é monofilamentar, a resistência se prolonga por períodos muitos longos, sendo perdida progressivamente. Com 45 dias ainda possui 30% da sua resistência inicial, que é o suficiente para manter o tecido unido. Utilizado para suturar tendão, que é um tecido mole, mas que cicatriza com muita dificuldade. Preço: R$19,00.
Fios Absorvíveis: Os fios absorvíveis perdem sua resistência com o passar do tempo, até serem completamente absorvidos. O fio perde a resistência com “x” dias, porém só é completamente absorvido com “x + 15 dias”, por exemplo.
Tempo Funcional x Tempo de Absorção: o tempo funcional do fio no tecido está relacionado com a duração da sua resistência tênsil, e o tempo de absorção indica quanto tempo irá levar para que este fio seja completamente removido do tecido pelo organismo, seja por hidrólise ou por fagocitose. A importância está no tempo funcional, para saber por quanto tempo o fio manterá sua resistência, mantendo o tecido unido através da sutura. 
Existem fios que mantém sua resistência tênsil no tecido por 5 a 7 dias, 15 dias e por 30 a 45 dias.

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