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Patologia Alterações Circulatórias - Parte 1 Quais são os constituintes do sistema circulatório? Sangue e linfa. O sangue é carreado pelos vasos sanguíneos (artérias de veias) e a linfa pelos vasos linfáticos. O sistema circulatório possui uma bomba, que seria representada pelo coração, que impulsiona é esse sangue ao longo da grande e da pequena circulação, com intuito de irrigar os tecidos e também de colher o sangue não oxigenado. Em geral, as artérias carregam sangue oxigenado e as veias sangue venoso. Além disso o sistema circulatório possui um subsistema para troca de nutrientes e metabólitos e isso ocorre na microcirculação. A microcirculação corresponde cerca de 90% de todos os vasos desse sistema ou seja ele é muito grande e amplo. É representada pelos capilares (leito capilar) que é onde ocorre a troca de sangue e extravascular então a área somada corresponde a 1300 vezes artéria aorta. Apesar de ser microscópica, quando somada é bastante significativa. Inclusive, não é possível que toda microcirculação seja preenchida de sangue ao mesmo tempo, porque seria um volume muito grande. Em situações de choque, quando essa microcirculação se abre, o sangue é desviado das artérias principais, coração, pulmão e dos órgãos vitais e vai para microcirculação então animal entra em choque. Não é algo normal, e sim fatal. Em situações normais, a microcirculação é preenchida em torno de 5% de todo o volume sanguíneo de um animal. Além dessa rede de troca de nutrientes, nós encontramos no sistema circulatório a rede linfática composta pelos vasos linfáticos, que drenam o líquido extracelular para o linfonodo, depois para ducto torácico (que é de maior calibre) e desemboca na veia subclávia, caindo na circulação sanguínea. Qualquer alteração nesse sistema de coleta e distribuição Vai resultar em alterações circulatórias. Relembrando o que é grande e pequena circulação: pequena circulação é aquela que sai do coração, vai para o pulmão e retorna ao coração, também conhecida como circulação pulmonar. Tudo que sai do coração é artéria e tudo que volta é veia, então do ventrículo direito sai a artéria pulmonar e é uma artéria carregando sangue venoso (uma exceção à regra de que artérias carregam sangue oxigenado). Sai do ventrículo direito por uma válvula chamada semilunar pulmonar, vai para o pulmão, onde ocorre as trocas gasosas (hematose para oxigenar o sangue), retornando então pela veia pulmonar carregando sangue arterial oxigenado. Volta para o átrio esquerdo, passa pela valva átrio ventricular esquerda que (mitral), e com a contração do ventrículo esquerdo passa pela valva semilunar aórtica e vai para a grande circulação, irrigando os órgaos e tecidos. Obs.: através da cor do sangue (mais vivo = arterial | menos vivo = venoso) é possível distinguir algumas lesões como hiperemia e congestão. Pontos importantes nós devemos lembrar: *Débito cardíaco = volume sistólico x frequência cardíaca * Volume sistólico volume de sangue ejetado do coração a cada sístole Débito cardíaco é volume bombeado pelo coração por minuto. Algumas das enfermidades posteriormente comentadas irão alterar o débito cardíaco. Em relação a ao líquido corporal, importante relembrar que 60% do peso corporal é constituído por água, sendo que 2/3 está dentro das células (intracelular) e apenas 1/3 seria extra-celular. Dentro desse um terço, 80% se localiza no interstício e 20% no plasma. Usualmente, as alterações circulatórias não apresentam características e particularidades suficientes para serem consideradas como doenças propriamente ditas. Geralmente, são manifestações/lesões que ocorrem diversas doenças que afetam os animais. Então não é uma doença, e sim um distúrbios ou manifestações que ocorrem em várias doenças Algumas são mais específicas outros são mais específicas. Hiperemia É um processo ativo, diferente da congestão, que é um processo passivo. A importância de saber isso é que na hiperemia há o ingurgitamento das artérias e capilares. Ou seja, há presença de sangue arterial (oxigenado) ; macroscopicamente o tecido com hiperemia está vermelho vivo e brilhante pelo fato de ser sangue oxigenado. Por que ocorre a hiperemia? Ela está relacionada com a questão do fluxo sanguíneo. Há uma chegada maior de sangue naquele tecido (afluxo sanguíneo) do que drenagem (refluxo). Obs: o refluxo pode estar normal, e não necessariamente diminuído. O “ponto-chave” da hiperemia é o aumento do afluxo. Situações em que isso ocorre: ● Inflamação aguda: no caso da inflamação, essa alteração do fluxo sanguíneo ocorre devido à participação de diversos mediadores bioquímicos inflamatórios que vão causar vasodilatação, como a histamina, bradicinina, leucotrienos, substância P, TNF-alfa (principais mediadores da inflamação aguda) que levam a vasodilatação. Se o vaso se dilata, há um maior fluxo sanguíneo, e se tem mais fluxo sanguíneo o vaso fica ingurgitado e hiperêmico. Geralmente isso decorre de um estímulo local (a depender da lesão daquele sistema ou órgão). A hiperemia tende a ser localizada onde houve o estímulo, que pode ser um trauma, tensão e isso leva a liberação de mediadores em um local. ● Aumento da atividade metabólica em alguns tecidos: o metabolismo aumentado leva ao aumento do CO2, que consequentemente leva ao aumento do ácido lático e outros metabólitos. Essas substâncias também atuam como estímulo local para a vasodilatação porque se você aumenta a demanda funcional de um órgão, ele está em plena atividade e há a produção de metabólitos e CO2. Isso precisa ser drenado para que chegue o sangue oxigenado para manter a função adequada daquele órgão, seja musculatura, seja glândula mamária (para produção de leite, que é uma forma fisiológica de hiperemia). Sendo assim, aumenta o afluxo sanguíneo para aquele determinado órgão/região. Obs.: É importante ressaltar que há diferença entre muita hemácia e muito sangue. Muito sangue se refere à hiperemia (no tecido há um acúmulo maior de sangue do que deveria ter). Muita hemácia já é outra situação: a quantidade de hemácias no sangue é medida em número de hemácias por milímetro cúbico de sangue. Então se há muita hemácia num volume de sangue colhido, chamamos policitemia (inverso da anemia). Causasfisiológicas da hiperemia: ● Exercício físico ● Lactação ● Cio - tumefação vulvar ● Digestão (hiperemia de vasos do mesentério) ● Ato de enrubescer ● Ereção Em situações normais, poucos capilares estão preenchidos por hemácias. A maioria é desviada através de pontes arteriovenosas porque não há necessidade de suprir/preencher de sangue toda a microcirculação. Se toda a microcirculação se preenchesse ao mesmo tempo, o animal poderia sofrer choque neurogênico, uma vez que sangue seria desviado órgãos vitais, não iria manter a pressão sistêmica e seria fatal. Em condições normais pouco sangue preenche a microcirculação a maior parte é desviada por essas pontes chamadas a arteriovenosas. Onde ocorre então a hiperemia? Isso ocorre principalmente pelo relaxamento do esfíncter pré capilar. Quando contraído, impede a passagem do sangue para microcirculação,mas em condições inflamatórias, com aumento da atividade metabólica, esse esfíncter relaxa e permite a entrada de sangue no leito capilar. Além disso, é importante lembrar que as arteríolas têm na sua parede uma túnica muscular bastante forte, fazendo-a contrair. O preenchimento do leito capilar da microcirculação ocorre pela contração das pequenas artérias e arteríolas que têm a parede muscular, pelo relaxamento dos esfíncteres pré-capilares, e também quando essa ponte arteriovenosa deixa de ser a principal forma de drenagem do sangue. Nós devemos lembrar que alguns órgãos como fígado e rim tem uma capacidade de reserva funcional muito grande. Um indivíduo consegue sobreviver bem com apenas um rim, e o fígado para se manifestar clinicamente com lesão hepática deve ter pelo menos 70 a 75% de parênquima hepático (o professor não falou no áudio se 75% saudável ou comprometido) porque ele tem uma redundância/repetição de lobos hepáticos muito grande. Órgãos com muita reserva funcional não precisam estar com suprimento sanguíneo da microcirculação Uma quantidade venosa de sangue irrigando alguns lobos que estão na região é capaz de suprir a reserva funcional. Quando há o aumento dessa necessidade, ocorre um fenômeno adaptativo e fisiológico que leva ao preenchimento da microcirculação. Obs.: alguns suínos intoxicados por uma micotoxina produzida por fungos do gênero Fusarium irão apresentar hiperemia e edema vulvar. Acontece principalmente com leitoas jovens. A micotoxina age com efeito estrogênico. | Comentários sobre fotos | ● Hiperemia de vulva (vulvovaginite pustular bovina): doença causada por um herpesvírus. Causa erosões e ulcerações. A mucosa vulvar fica avermelhada (hiperêmica). ● Vasos da conjutiva em cão com conjutivite: causada por bactérias ● Ovino com febre catarral maligna: causada por herpesvirus ovina tipo2 ● Edema de vulva nas leitoas intoxicadas por micotoxina do Fusarium ● Peritonite infecciosa felina: causada pelo coronavirus. Pode ocasionar meningite e encefalite. Vasos das leptomeninges engurgitados. ● Encéfalo de bovino: o efeito macroscópico vermelho cereja é patognomônico, ou seja, é uma característica única da babesiose causada por Babesia bovis. ● Espinhos da mucosa bucal de um cão (trauma) ● Miu miu (Bacharis coridifolia): planta tóxica comum no sul do país. Tem efeito cálcio sobre a mucosa, causa ruminite grave. Hiperemia e degeneração das papilas, desprendimento da mucosa. A hiperemia é um componente da inflamação, conhecida como rubor. Nessas lesões infecciosas e inflamatórias, além da cor avermelhada, pode haver aumento da temperatura, devido ao maior afluxo sanguíneo. Lesões hiperêmicas apresentam temperatura elevada. | Comentário sobre lâminas | ● Pulmão com pneumonia: alvéolos avermelhados, vasos capilares dilatados. Congestão (hiperemia passiva) Nesse caso, há um ingurgitamento/distensão passiva dos vasos (normalmente sangue venoso). Também há alteração/distúrbio no volume de sangue que chega e sai do tecido. O principal mecanismo para desenvolvimento da congestão é a remoção do sangue (retorno venoso) diminuído (refluxo do sangue). Dessa forma, o sangue fica retido nas veias. Pode ocorrer por obstrução física do vaso, que pode ser consequência de torção de algum órgão. A parede da veia é mais fina que a da artéria. Mesmo quando uma artéria é comprimida, dependendo do grau de torção, as vezes ainda tem como passar pelo vaso. Por outro lado, a drenagem é comprometida, porque a veia é delgada. Então entra sangue, mas não é drenado. O local vai ficando escuro, violeta até preto enegrecido. Pode ocorrer gangrena úmida. Compressão por tumores (externo) e trombos (interno) também pode causar a congestão. Uma outra causa também pode ser uma falha no fluxo normal do sangue (insuficiência cardíaca - IC). Um animal com IC não vai estar impulsionando corretamente o sangue, pois há uma falha/redução do débito cardíaco e isso leva à uma estagnação do sangue. O sangue fica parado ou com fluxo reduzido, o que chamamos de estase venosa. O retorno do sangue das veias para o átrio direito é prejudicado. A mucosa fica azulada/cianótica (cianose). A congestão pode ser aguda* (de rápido desenvolvimento) ou crônica**. *Ex.: arritmia aguda. Órgãos dependentes, como fígado e pulmão seriam atingidos ; eutanásia feita com barbitúricos, que levam ao relaxamento da musculatura lisa do baço, das trabéculas esplênicas e das artérias e arteríolas esplênicas. Há uma congestão de rápido desenvolvimento, neste caso, induzida pela eutanásia. **Pode ser generalizada em casos de IC direita e esquerda. Exemplos de causas localizadas de congestão: ● Obstrução de vaso ● Embolia ● Compressão externa ● Torção ● Insuficiência cardíaca ● Doença crônica no pulmão (fibrose, hipertensão pulmonar) Em relação à insuficiência cardíaca (IC), o lado direito leva à congestão e edema pulmonar. Isso pode ser agudo se a IC for aguda (ex.: arritmia). IC esquerda leva à congestão hepática, fígado cardíaco, congestão renal. O edema, a estase e a congestão são sempre retrógrados. A principal consequência da hiperemia e da congestão é o edema, que será abordado a seguir. Se o vaso está cheio de eritrócitos, a pressão hidrostática está aumentada e o plasma tende a fluir pela parede do vaso. Edema Palavra que deriva do grego e significa inchaço. É Um sinal que faz parte da inflamação. Caracteriza-se pelo acúmulo excessivo de líquido no espaço extracelular, e pode estar em cavidades como torácica, abdominal ou em espaços vazios, como dentro do alvéolo. Assim como hiperemia e congestão, o edema não é umadoença e sim uma lesão que ocorre em várias doenças. Pode ser localizado ou generalizado, a depender da causa. O edema localizado é restrito a um tecido ou órgão, enquanto o generalizado afeta grande área de um órgão/tecido ou todo o organismo, como por exemplo a anasarca, que é um termo que se usa para edema generalizado (muito comum em fetos abortados). Pode ser agudo ou crônico, ou seja, a depender da evolução de rápido ou lento desenvolvimento, e pode estar relacionado com diversas causas. O agudo pode ser causado por trauma, pancada ou torção ou inflamação aguda levam a um edema de rápido desenvolvimento. O crônico pode ser causado por insuficiência cardíaca ou renal crônica ou insuficiência hepática. Principais mecanismos que levam ao edema: ● Aumento da pressão hidrostática; ● Redução da pressão oncótica/osmótica intravascular; ● Aumento da permeabilidade da microcirculação; ● Obstrução da drenagem linfática. Existe na fisiologia o que chamam de “equilíbrio de Starling”, que é o jogo de pressões que ocorrem na microcirculação. Então na microcirculação a pressão hidrostática a pressão osmótica e a drenagem linfática sempre estão de certa forma competindo uma com a outra. Quando a pressão hidrostática é muito maior ela faz com que o plasma seja ejetado do lúmen vascular. Quando a força hidrostática está muito aumentada o plasma é expelido do lúmen para o interstício. Por outro lado, nessa porção venosa do leito capilar é o principal ponto onde Atua a força osmótica e essa força se deve principalmente à proteína plasmática sobretudo a albumina e representa cerca de 90% da força que atrai o líquido de volta para o vaso. Quando há uma hipoalbuminemia (albumina baixa) essa pressão é prejudicada e o plasma se mantém no interstício. É importante lembrar também que existem outras proteínas plasmáticas mas a principal para manter a pressão é Albumina ela tem cerca de 4x a pressão oncótica de outras proteínas. Macroscopicamente, o líquido é claro e translúcido (às vezes amarelado, a depender da espécie), não tem cheiro (inodoro) e tem um pouco de proteína. É um transudato (líquido seroso com proteína). Quando o edema é de origem inflamatória, é comum ter presença de muita proteína por conta do aumento da permeabilidade vascular. Por que o líquido pode estar livre na cavidade torácica, abdominal e saco pericárdico? Quando há o edema em tecido adjacente à cavidade ou espaços vazios, como o alvéolo pulmonar, o aumento dessa pressão intersticial faz com que o líquido saia para esse espaço, preenchendo essas cavidades. Por isso ele pode estar livre e consequentemente pode receber certas denominações, como hidropericárdio, hidrotórax e hidroperitônio. O edema também pode estar em órgãos parenquimatosos. Neles, é mais difícil detectar a presença do edema. Às vezes a única alteração seria o órgão estar aumentado de tamanho. Em caso de edema pulmonar, o pulmão vai se apresentar bastante úmido (informalmente chamado de pulmão armado), com a superfície brilhante, lisa e úmida. Ao corte é possível perceber o líquido, que pode ser espumoso ou não. Se o edema pulmonar for muito intenso, pode atingir a traqueia. A presença de espuma se explica devido a mistura do ar com o líquido do edema. O edema é facilmente identificado na pele, na submucosa (principalmente do TGI) e nos septos. Macroscopicamente, o edema nessas localizações é úmido, brilhoso e possui aspecto gelatinoso. Na pele é conhecido o sinal de godet, quando você pressiona uma área de edema com o dedo, e quando você o remove fica uma depressão devido ao fato de quando você pressiona você expulsa o líquido que ali estava. Isso ocorre muito em tornozelo de grávidas, pelo comprometimento do retorno venoso, que leva a uma estase do sangue, aumentando a pressão hidrostática e causando o edema. No rim é possível observar a palidez e a cápsula fica tensa, uma vez que o órgão está aumentado de tamanho, mas nem sempre é possível observar o líquido fluido do rim. Por isso em órgãos parenquimatosos a identificação do edema é mais difícil. Na microscopia é possível observar o edema: Se for dentro do alvéolo é possível observá-lo distendido, com uma substância eosinofílica e homogênea/amorfa. Se for em outro tecido, nem sempre é possível ver com definição porque está no interstício, e consequentemente nem sempre vai ser possível observar (ou a observação vai ser dificultada). Outra forma de notar o edema na histopatologia é avaliar os vasos linfáticos, se estão dilatados e cheios de líquido. Em tecido subcutâneo o edema tem efeito diluidor. O aumento da pressão hidrostática ocorre principalmente no capilar venoso. Quando a pressão hidrostática está aumentada, a força de filtração que expele o líquido do vaso é maior do que a de absorção. Então, o líquido sai em maior quantidade. Situações em que ocorre: quando há muito sangue na microcirculação, ou seja, na hiperemia e inflamação aguda. Pode ser localizada, quando a pressão hidrostática está aumentada em um tecido específico, e pode ser generalizada se a causa for generalizada. A insuficiência que ocorre no coração direito afeta o sistema portal, causando ascite. Isso faz com que o plasma seja expelido para cavidade abdominal, provocando ascite, que é sinônimo de hidroperitônio (líquido livre no abdômen). Se a insuficiência cardíaca for esquerda, a estase sanguínea ocorre no pulmão, e o aumento da pressão hidrostática causa o edema pulmonar onde há o extravasamento de líquido para os alvéolos pulmonares. A congestão também leva ao aumento da pressão hidrostática e ocorre o extravasamento de líquido para o interstício. As compressões, torções e compressões por neoplasias se encaixam neste exemplo. O edema generalizado é comumente causado pela insuficiência cardíaca direita e esquerda, e pode ter um agravante que é a ativação do sistema renina angiotensina aldosterona, como forma de tentar compensar a perda do líquido. Esse sistema irá aumentar a retenção de líquido e sódio no sangue através do hormônio ADH (hormônio antidiurético). Isso leva ao aumento da volemia e agrava ainda mais o edema, pois haverá maior retenção de líquido no vaso, aumentando a pressão. Fluidoterapia excessiva também pode levar ao edema.Redução da pressão oncótica, ou seja, baixa quantidade de proteínas no plasma, também pode levar ao edema. Isso ocorre porque essa baixa quantidade não é capaz de atrair a água do interstício de volta para o vaso. É muito comum quando há diminuição da albumina (albuminemia). A albuminemia pode ser causada por perda de plasma, redução da síntese hepática da albumina, parasitismo, glomerulonefrite, queimaduras. Parasitismo e diarreias podem comprometer a absorção de albumina pelo intestino. A cirrose hepática compromete a síntese da proteína. Senesciose: É uma intoxicação por uma planta chamada Senecio, que tem várias espécies. É a planta tóxica mais importante do sul do país e causa grande problema para a pecuária, principalmente bovinocultura (também acometendo pequenos ruminantes). Ela induz um edema hepatotóxico, causando uma fibrose hepática. Com a lesão hepática, a síntese de albumina será comprometida e a manutenção da pressão oncótica não será eficiente. Consequentemente o líquido não irá voltar do interstício para os vasos. Além disso, por causar uma fibrose hepática, essa lesão induz a uma tensão portal. Toda a veia porta e sistema porta sofrem hipertensão e isso também contribui para a efusão do líquido para a cavidade abdominal, uma vez que há aumento da pressão hidrostática devido à fibrose, agravando cada vez mais a ascite. Os ovinos são mais resistentes a intoxicação, ou seja, conseguem ingerir maior quantidade da planta sem desenvolver fibrose hepática, tanto que se faz consórcio entre ovinos e bovinos como forma de profilaxia da intoxicação dos bovinos. Permeabilidade vascular é uma causa importante do edema. Normalmente está relacionado com estímulo imunológicos e inflamatórios neste tipo de edema há a liberação de mediadores inflamatórios como histamina, bradicinina, leucotrienos substancia P, interleucina I e TNF alfa. Essas moléculas causou uma vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular essa substância leva uma contração de células endoteliais e os espaços inter endoteliais ficam maiores, permitindo a passagem do líquido/plasma e células inflamatórias para o local da lesão. O edema inflamatório difere dos outros tipos de edema porque nesse tipo de lesão há uma maior concentração de proteína que passa por essa junções endoteliais que estão aumentadas. Histologicamente, o líquido irá ficar bastante corado pela eosina. Outras lesões que levam ao aumento da permeabilidade vascular são lesões diretas no endotélio e isso ocorre comumente em situações de hipóxia e anóxia. Alguns traumas e toxinas também podem levar a isso.
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