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Cap 4 Desenvolvimento Eco Nali de Jesus

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Beatriz Cavalcante de Oliveira Barros – 201310505_1
4- Desenvolvimento Segundo a Concepção marxista
Na abordagem clássica a trajetória temporal do crescimento efetua-se com declínio da taxa de lucro e com conflito distributivo. A visão de Marx é similar. O conflito distributivo realiza-se na orbita do capital e do trabalho, com a exploração dos trabalhadores pelos capitalistas, definidos como os proprietários dos meios de produção. Estes, no entanto, não estão imunes as crises do sistema, em face das flutuações periódicas dos negócios. Eles podem incorrer em perdas e entrar em falência, aumentando o desemprego. A concorrência por fatias crescentes do mercado gera os grandes grupos empresarias. Pequenas empresas encerram suas atividades com a mesma facilidade com que são criadas. O processo de crescimento capitalistas, na visão de Marx, ocorre com desemprego crescente de trabalhadores e concentração de renda e de riqueza.
Marx construiu sua analise com base na teoria do valor trabalho, esboçado por Petty e desenvolvida por adam Smith, segundo a qual a quantidade de trabalho incorporado em um bem constitui a base de seu valor de troca. Marx diferenciou valor quantitativo do valor qualitativo. Desse modo, a força de trabalho considerada no valor é homogênea, representando a produtividade media da economia. O trabalho, expressando o valor, implica que as rendas que não derivam do trabalho são condenáveis por serem fruto da exploração da classe operaria.
Como adam Smith ele diferencia o valor de uso do valor de troca, isto é, valor mercantil. O que prevalece para Marx é o valor de troca, pois o valor de uso não representa diretamente uma relação social. Uma pessoa troca um bem por outro, quando o valor de uso representar para si um valor superior ao valor de troca. Para o vendedor, a mercadoria que ele possui não tem nenhum valor de uso direto. Do contrário, ele não a levaria ao mercado. Ela tem valor de uso para outros. Para ele, só tem diretamente um valor de uso, o de ser depositaria de valor e, assim, meio de troca.
4.1. principais categorias do modelo marxista
O capital constante, C, e o capital variável, V, formam o capital total. O capital variável compreende os salários pagos aos trabalhadores e é estimado em termos equivalentes ao total dos bens necessários a reprodução da força de trabalho. O capital constante consiste na depreciação do capital fixo e nas matérias-primas empregadas no processo produtivo. Ele se denomina constante porque o valor que acrescenta ao produto é exatamente igual ao que foi perdido no processo de produção. O valor agregado (produto liquido, Y¹), deve-se à força de trabalho contida no capital variável(Valor-trabalho), o que corresponde ao valor total empregado em termos de homens-hora: valor recebido pelos trabalhadores (capital variável) e o valor extraído dos trabalhadores (mais-valia, M): Y¹= V+M
A mais-valia constitui-se dos lucros líquidos, juro e renda da terra. Corresponde à diferença entre o produto liquido e o que é pago em termos de salários e ordenados. Pode ser definida também como trabalho excedente, isto é, como a diferença entre o trabalho empregado no processo produtivo(Y¹) e o trabalho socialmente necessário à reprodução do trabalhador(V). O valor bruto da produção, Y, é a soma do produto liquido, Y¹, e do capital constante, C: Y=C+V+M.
4.1.1 composições orgânica do capital
Outra relação importante na economia marxista é que define a composição orgânica do capita, q=c/v. Segundo Marx, a composição orgânica do capital, do ponto de vista do valor. Alguns economistas, como Sweezy definem a composição orgânica como a razão entre o capital constante e o capital total: q=C/(C+V).
4.1.2 Exercito industrial de reserva
Marx rejeitou a teoria da população dos clássicos como mecanismos de ajuste do preço natural do trabalho, em relação ao preço do mercado. Para ele, existe um mecanismo que mantem os salários sob controle, formado pela reserva de trabalhadores desempregados deslocados pelas maquinas, que denominou exercito industrial de reserva. Esse contingente de desempregados amortece o aumento dos salários e a queda da taxa de lucro. Ele surge porque os novos capitais incorporados como meios de produção empregam cada vez menos trabalho, liberando quantidades crescentes de trabalhadores. A proporção entre o exercito de reserva e a população trabalhadora total regula os salários e não a população total.
Ao liberar trabalhadores, a acumulação capitalista expande o exercito de serve, piora o nível dos salários, gerando mais pobreza. A diminuição do capital variável em relação ao constante a qual vem com o desenvolvimento das forças produtivas, incentiva o crescimento da população trabalhadora, e ao mesmo tempo gera continuamente uma superpopulação artificial.
4.1.3 Tendência decrescente da taxa de lucro
Na visão de Marx, no longo prazo, a situação também piora para os capitalistas e para população empregada. Afirmava ele que a redução secular da taxa de lucro, r, em ultima analise, é a expressão peculiar ao modo de produção capitalista e do progresso da produtividade social do trabalho.
A acumulação de capital eleva a produtividade e a taxa de mais-valia, assim como o valor do capital constante, em relação ao valor do capital variável. Expande-se o exercito industrial de reserva, empobrece a maioria da população e diminui o ritmo de crescimento do consumo global. Neste ponto, Marx parece concordar com Malthus, segundo o qual o subconsumo dos trabalhadores afeta a taxa de lucro no longo prazo, gerando as crises econômicas. A analise de Marx centrava-se mais nas precárias condições de vida da população trabalhadora e, portanto, em seus níveis de consumo, do que no nível de consumo dos capitalistas, como fator de formação da demanda efetiva. O consumo dos capitalistas consistia para Marx mais numa extorsão do que num meio de expansão econômica. Esse raciocínio levou Miglioli a pensar que não se pode afirmar que Marx tenha uma teoria da demanda efetiva.
4.2 crises do sistema capitalista
O esquema de reprodução ampliada pressupõe o desejo de acumular por parte dos capitalistas, período após período. Ademais, o seu funcionamento depende da possibilidade de acumular, sem que haja crises bloqueando a acumulação. O desejo de acumular faz parte da própria logica do sistema: os capitalistas empenham-me em realizar novas inversões, em cada período, para enfrentar a concorrência no mercado.” as crises surgem porque as mercadorias não são mais trocadas, mas por dinheiro ou credito. Os preços de troca, P.m., diferem da expressão monetária do valor, Pm. No sistema de circulação simples de mercadorias, em que não há crises e a produção orienta-se exclusivamente para o consumo, “a finalidade da troca é a aquisição de valor de uso e não o fortalecimento do valor de troca”. Toda a renda é consumida, incluindo-se a reposição do capital gasto no processo produtivo. No inicio do período, o valor de troca Y entra no processo de produção para gerar o valor de uso Y’, tal que P.m.=Pn
4.2.1 crises derivadas da queda da taxa de lucro
A taxa de lucro, r=M’(1-q), cai porque a composição orgânica do capital(q) cresce mais do que a taxa de mais-valia(M’). Além de a composição orgânica ter uma tendência a crescer no longo prazo, a exploração do trabalhador não pode ser efetuada indefinidamente. Existem restrições biológicas, legais e econômicas para a redução da taxa de salários(w) além do limite natural(w’). o capital variável(V) pode elevar-se relativamente à mais-valia(M) pelo aumento dos salários nominais, caindo os investimentos e o ritmo de crescimento do produto. A crise transforma-se em depressão, aumentando o exército industrial de reserva. Posteriormente, o aumento dos desempregados pressiona os salários para baixo, criando condições para um novo ciclo de acumulação de capital. O crescimento ocorre também porque a tendência para cair a taxa de lucro se enfraquece, sobretudo, com o aumento da taxa de mais-valia absoluta, oriundo do prolongamento da jornada de trabalho”.As variações da taxa de lucro e seus efeitos sobre a acumulação do capital constituem importante fonte explicativa dos ciclos econômicos. O desenvolvimento capitalista efetua-se na visão de Marx por meio de ciclos e crises periódicas. A transformação do capitalismo em socialismo não ocorreria em razão de a economia ter chegado ao estado estacionário. O socialismo viria antes disso, devido as contradições do modo de produção que levam as lutas de classe. A economia não percorre uma trajetória continua em direção do estado estacionário, mas segue períodos de prosperidade, com o progresso técnico liberando trabalhadores, alternados a períodos de depressão. O progresso tecnológico e o aumento da taxa de exploração elevam a taxa de lucro, o que acelera a acumulação e a demanda de trabalho, podendo reduzir o exército de reserva.
4.2.2 crises de realização
As crises de realização decorrem da impossibilidade de o sistema capitalista realizar o valor: o preço de mercado cai abaixo da expressão monetária do valor. Os lucros cessam a acumulação retrai-se e a crise emerge. Esse tipo de crise, embora também signifique queda da taxa de lucro, é, portanto, de natureza diferente; nas crises derivadas da queda da taxa de lucro, cai, mas ainda pode manter-se maior ou igual a Pn. Antes do surgimento da crise de realização, os capitalistas projetam sua produção com base em um preço Pm>Pn. O excesso de oferta acaba reduzindo Pm ao nível de equilíbrio, reduzindo a demanda e a produção.
As crises de desproporção de Tugan-Baranowsky
A condição básica de equilíbrio da reprodução ampliada, exige que todas as industrias que produzem bens de produção, no interior de D1, ofertem as quantidades de bens exatamente nos níveis desejados pelas diferentes industrias que produzem bens de consumo em D2. Segundo os adeptos da teoria das desproporções, as crises de desproporção são geradas por erros de previsão das empresas, que produzem quantidades maiores de capital constante, em relação a demanda do mercado. Essa teoria foi desenvolvida por Tugan-Baranowsky, para o qual as crises não são provocadas pela queda da taxa de lucro, ou pelo subconsumo. Segundo ele, a elevação da composição orgânica do capital aumenta a produtividade e, portanto, eleva a taxa de mais valia e a taxa de lucro em vez de diminui-la. Da mesma forma, não importa o quanto o consumo for baixo. Não haverá crise se as proporções estiverem corretas entre a oferta e a demanda.
As terceiras pessoas de Struve
Outros revisionistas também combateram a teoria da pequena dimensão do mercado interno como entrave ao desenvolvimento capitalista. Struve, por exemplo, criticou as teorias populistas, partidárias do subconsumo. Segundo ele, o capitalismo não reduz, mas aumenta o mercado interno, isso porque: (a) a eliminação da economia natural e sua substituição pela economia mercantil ampliam as trocas internas e o circuitos monetários; e (b) a sociedade capitalista não se constitui apenas por trabalhadores e capitalistas; ela compõe-se também por terceiras pessoas, que são os senhores da terra, o clero, os funcionários públicos, os profissionais liberais, etc., que mantem um consumo elevado, permitindo a extração de mais-valia e a acumulação ampliada.
Para fundamentar seu argumento, citava o progresso dos Eua, em 1882, cujas exportações industriais eram em relação a produção total. Um país com amplos territórios e população numerosa, argumentava, poderia manter seu desenvolvimento em função do mercado interno. A expansão do consumo capitalista e do consumo das terceiras pessoas cria empregos e aumenta a massa salarial global. No entanto, sabe-se por outras fontes que a base exportadora agrícola estadunidense desempenhou papel fundamental na industrialização posterior e na formação do mercado interno. As exportações manufaturadas estadunidense aceleraram-se no fim do século 19 e início no século 20, gerando superávits comerciais. O mesmo se pode dizer do Japão, canada, Austrália, coreia do Sul, etc.
O posicionamento de Struve também foi criticado por Engels em uma carta a Nikolaison, dizendo que os eua eram substancialmente diferentes da Rússia, por ser um país novo, burguês, fundado por pequenos burgueses e camponeses fugidos do feudalismo europeu para construírem uma sociedade exclusivamente burguesa. Na américa existe uma economia monetária estabilizada há mais de um século, na Rússia, ao contrário, a economia natural é a regra quase sem exceção.
Bulgakov e a criação automática de mercado
Embora também fosse um crítico da teoria do subconsumo, Bulgakov rejeitou a teoria das terceiras pessoas de Struve. Para ele, é o consumo capitalista, com base na mais valia extraída, que assegura a acumulação e não o consumo dos trabalhadores ou das terceiras pessoas. Desse modo, D2, aumentando a produção de bens de consumo, demanda bens de produção D1, gerando rendas que são gastas pela população em bens de consumo, e em bens de produção. Para salientar que o subconsumo não é o elemento explicativo das crises, Bulgakov lembra que o consumo desempenha papel secundário na circulação do capital. O volume da produção é determinado pela magnitude do capital. A composição orgânica aumenta e o desenvolvimento da produção reduz o consumo como proporção da renda total.
4.2.3 crises de subconsumo
Ao contrario da teoria revisionista, a teoria do subconsumo, defendida pelos marxistas populistas, chega a conclusão de que a ampliação dos mercados externos é a condição indispensável para a continuidade da acumulação capitalista. O capitalismo produz crescimento maior do que a população consumidora interna pode absorver, tanto porque sua renda não cresce na mesma proporção, como por problemas de saturação do consumo. Os subconsumistas desenvolveram suas ideias com base nas crises econômicas das primeiras décadas do século 19 e na pobreza crescente das classes trabalhadoras. A ideia de funda, que nasceu com os escritos de Sismondi e de Malthus e que se desenvolveu mais tarde com Kalecki e Keynes, era de que o crescimento econômico tende a ficar limitado pelo crescimento mais lento da demanda dos trabalhadores. Em resumo, os defensores da desproporção afirmavam que o nível da demanda efetiva estaria correto, com a oferta superdimensionada por erros de previsão.
Sismondi e Rodbertus e a insuficiência da demanda
Sismonde de Sismondi estudando as crises da economia britânica, constatou que o capitalismo estava produzindo uma contradição importante entre crescimento da produção e diminuição do consumo, pela redução do poder de compra dos trabalhadores, sobretudo irlandeses, e o afluxo migratório, aliado ao desemprego existente, aviltava os salários	dos trabalhadores.
Enquanto Sismondi estabelecia o principio da demanda efetiva, juntamente com Malthus, Rodbertus, na Alemanha, observando as crises de 1837 a 1857, criticou a harmonia do sistema capitalista. Segundo ele, enquanto cresce a riqueza nacional, a população fica cada vez mais pobre, seriam necessárias leis especiais para evitar o aumento da jornada de trabalho sem a remuneração correspondente. Observou que as contradições do capitalismo existem porque os bens são trocados por um valor monetário superior a quantidade empregada de trabalho. Para manter o equilíbrio, os produtos precisariam ser trocados por quantidades correspondentes de trabalho.
O excedente de Vorontsov
Enquanto as críticas de Sismondi, Malthus e Rodbertus a teoria clássica envolvia o capitalismo da Europa ocidental, na Rússia entre 1880 e 1895 a discussão apresentava como pano de fundo a questão da industrialização desse país, diante da pequena dimensão de seu mercado interno. Vorontsov, por exemplo, não acreditava na implantação do capitalismo na Rússia pela estreiteza de seu mercado, a nap. ser desenvolvendo setores industriais para os quais a economia apresentasse vantagens comparativas no mercado externo. Afirmava, também, que havia excesso de mais valia no interior do país, porque a renda se concentrava em poucas mãos, desse modo, a população nacional não conseguiaconsumir tudo o que era produzido.
Sem esse mercado adicional, haveria um excedente de produtos no mercado interno, a menos que os capitalistas deixassem de capitalizar parte dessa mais valia e a presenteassem aos trabalhadores ou se o estado aumentasse os gastos em obras públicas, ou aumentasse sua demanda de armamentos militares.
Nikolai-on Engels: a importância do mercado externo
Também para Nikolai-on, o mercado interno da Rússia não conseguia absorver toda a produção potencial e a economia precisava dos mercados externos para manter a acumulação de capital em ritmo acelerado.
Ele explicou a insuficiência do mercado interno pelos seguintes fatores: (a) o consumo da classe operaria tornava-se cada vez menos importante o consumo nacional, pelo crescimento menos do que proporcional dos salários, em relação a mais valia: (b) a substituição da economia natural pela economia mercantil retira dos camponeses parcela de sua renda; (C) o consumo capitalista não cresce o suficiente para compensar a queda do consumo global; e (d) o capitalista tende a retirar parcelas crescentes de sua mais valia para expandir a capacidade produtiva existente.
Ao contrario de Nikolai-on, o alemão Engels era otimista quanto a industrialização russa. Para ele os problemas com os quais esse país estava defrontando-se eram contradições típicas do capitalismo. Entretanto, afirmava que enquanto a indústria Rússia depender exclusivamente do mercado interno, seus produtos só poderão cobrir a demanda interna. Esta, porem, só pode crescer lentamente, e quer parecer-me que nas condições atuais de vida na Rússia, sua tendência seria diminuir.
Subconsumo e esquemas de reprodução
A explicação das crises pelo subconsumo pode ser vista pelos próprios esquemas de reprodução. Na condição de equilibro da reprodução ampliada. Verifica-se que sem o crescimento do consumo dos capitalistas e dos trabalhadores, chega-se a importante conclusão de que não haverá reprodução ampliada, mas reprodução simples. Isso contradiz a teoria de Tugan-Baranowsky da completa independência entre produto e consumo. O subconsumo dos trabalhadores e capitalistas leva as crises do sistema no longo prazo, a menos que haja com compensação pelo aumento do consumo de terceiras pessoas, pela expansão das exportações ou maiores gastos do governo.
Na impossibilidade de aumentar ainda mais os gastos públicos, dada a estrutura de distribuição de renda, para manter a oferta em crescimento continuo, torna-se necessário o aumento gradual das exportações. A conquista de mercados externo passa a ser fundamental para viabilizar o desenvolvimento capitalista no interior de cada país. Do ponto de vista neoclássico, observa-se que a liberdade de comercio beneficia a todos os países envolvidos, tendo em vista as interdependências técnicas e comerciais existentes. Da ótica marxista, o imperialismo encontra uma justificativa econômica, antes que militar e política.
Embora reconheçam a existência de interdependência entre produção e consumo, os críticos de Tugan-Baranowsky concluem que o consumo não cresce no ritmo necessário para manter o crescimento equilibrado de longo prazo. Além disso, argumentam que as crises decorrem da contradição do capitalismo: enquanto os capitalistas estão empenhados em expandir a mais valia em detrimento dos valores pagos aos trabalhadores, gera-se uma defasagem entre o que as empresas está estão dispostos e aptos a pagar. De outra parte, o desejo de consumo dos capitalistas restringe-se pela ambição de acumular e pela necessidade de modernizar a produção e enfrentar a concorrência. O capitalista reduz seu consumo e procura elevar a massa de mais valia parar expandir o estoque de capital, mas este crescimento encontra limites no nível efetivo de consumo.
4.3 conclusões
Segundo Marx, o desenvolvimento efetua-se de forma cíclica e com conflito distributivo. O progresso técnico produz períodos de prosperidade, enquanto as contradições internas do modo de produção provocam crises periódicas cada vez mais prolongadas, exacerbando os conflitos sociais. Enquanto para os clássicos o problema da distribuição se centra entre os capitalistas arrendatários e os proprietários de terras, para Marx o conflito distributivo ocorre entre os capitalistas e os trabalhadores, detentores da força de trabalho.
Para os clássicos, a taxa de lucro declina no longo prazo pelo aumento da concorrência entre os empresários, que reduz o preço de mercado, Pm, em relação ao preço natural, Pn, ou pela elevação dos salários nominais, em face das dificuldades de produzir alimentos mais baratos para o consumo dos trabalhadores. Já para Marx, a taxa de lucro declina no longo prazo em razão da lei fundamental e contraditória do desenvolvimento capitalista, a da expansão gradual da composição orgânica do capital, com deterioração continua do nível de vida dos trabalhadores.
O caráter contraditório da expansão capitalista reside na ampliação dos meios de produção, com a deterioração simultânea do poder de compra dos trabalhadores esse sistema tende a autodestruir-se no longo prazo, dando origem a sociedade socialista. O crescimento mais do que proporcional do capital constante e relação ao capital variável traduz-se em crises de subconsumo, um caso particular das crises de desproporção. A discussão entre revisionistas e populistas tradicionais colocou mais em evidencia a instabilidade do desenvolvimento capitalista.