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A SENSAÇÃO E A PERCEPÇÃO. 
 
I. NOÇÃO DE SENSAÇÃO. 
 
1. Definição de sensação. — A sensação pode ser definida como um fenômeno 
psicológico produzido pela ação de um objeto sobre um órgão sensorial. A sensação é 
o resultado da transformação no cérebro de uma impressão originada de uma 
excitação provocada pelos objetos do mundo exterior. A sensação, no estado puro, 
nos permite apreender qualidades, sensíveis e não coisas propriamente dita. E, como 
raramente se encontra isolada, a sensação, quase sempre, representa antes o 
“resultado de uma abstração mental do que o fruto espontâneo de uma experiência 
psíquica".Deve, por isso, ser considerada como elemento da percepção e como 
manifestação intuitiva mais simples da consciência. 
 
2. Condições orgânicas e psíquicas. — Para que se realize o fenômeno da sensação 
são necessárias três condições fundamentais: 
a) Excitação — ação de um excitante ou agente provocador sobre o órgão sensorial. 
Os excitantes podem ser: mecânicos (choques, picadas, etc.), físicos (luz, som, calor, 
eletricidade) ou químicos (substâncias cáusticas, irritantes, etc). 
b) Impressão — modificações orgânicas que se processam nos órgãos sensoriais e 
que se transmitem por fibras nervosas aos centros cerebrais. 
c) Sensação — estado de consciência resultante dos processos anteriores. 
A primeira condição é de natureza físico-química. Só podemos explicá-la pela física e 
pela química. A segunda é de natureza fisiológica. Sua explicação é privativa da 
biologia. Somente a terceira condição é de natureza psicológi 
 
3. Elementos da sensação. — Toda sensação é integrada pelos seguintes elementos: 
a) Um conhecimento — apreensão de uma qualidade sensível (som agudo, cor azul, 
sabor ácido, etc.); 
b) Um estado afetivo — tonalidade agradável ou desagradável ligada a essa 
apreensão; 
c) Uma atividade — movimentos realizados pelos órgãos sensoriais. 
 
4. Classificação das sensações. — A divisão clássica em cinco sentidos corresponde a 
noções incompletas sobre a natureza e a função dos órgãos sensoriais. Segundo 
Cuvillier, essa divisão é insuficiente, não só do ponto de vista anatômico como do 
ponto de vista psicológico. Do ponto de vista anatômico, está estabelecido que o tato 
pode ser decomposto em 4 ou 5 sentidos elementares, tendo, cada um, seus órgãos 
receptores distintos. Do mesmo modo, o ouvido compreende dois órgãos sensoriais: o 
da audição e o do equilíbrio. Do ponto de vista psicológico, para a consciência, uma 
sensação de frio difere tanto de uma sensação de contato, quanto uma sensação 
visual difere de uma sensação auditiva. 
Na realidade, podemos distinguir dez espécies de sentidos que deverão ser 
classificados da seguinte maneira: Sensações internas, correspondendo às 
impressões provenientes do interior do organismo; são as sensações sinestésicas; 
a) Sensações motoras, correspondendo às impressões provenientes da atividade do 
próprio organismo; são as sensações: 1) estáticas ou de equilíbrio; 2) quinésicas ou de 
movimento; 
b) Sensações externas, correspondendo aos receptores que captam as excitações 
vindas do exterior e dos quais, uns, são impressionáveis por excitantes agindo por 
contato ou proximidade imediata: 1) sensações táteis; 2) sensações térmicas ou de 
calor e de frio; 3) sensações álgicas ou de dor; 1) sensações gustativas ou de paladar; 
e, outros, são impressionáveis por excitantes agindo à distância: 1) sensações 
olfativas; 2) sensações auditivas; 3) sensações visuais ou óticas. 
A cada um desses sentidos corresponde um órgão especial: para as sensações 
visuais, os olhos; para as sensações auditivas, os ouvidos; para as sensações 
olfativas, a mucosa nasal; para as sensações gustativas, a língua; para as sensações 
táteis, térmicas e álgicas, terminações nervosas especiais; para as sensações 
estáticas ou de equilíbrio, os canais semi-circulares do ouvido interno; para as 
sensações sinestésicas ou de movimento,os nervos sensitivos dos músculos, das 
articulações dos membros e das cápsulas membranosas que os revestem. As 
sensações quinésicas ou de movimento nos informam sobre a posição dos membros e 
os movimentos que com eles executamos. 
 
5. Caracteres da sensação. — a) Toda sensação transmite um ensinamento do mundo 
exterior. Estes ensinamentos constituem um fundo original, donde resultam, após uma 
elaboração todos os nossos conhecimentos. 
b) A sensação é distinta da propriedade do objeto que a provoca. Segundo Taine, esta 
distinção "se faz comodamente, pois a propriedade pertence ao objeto e não a nós, ao 
passo que a sensação pertence a nós e não ao objeto". 
c) A sensação é distinta do processo fisiológico que a condiciona. Todo fenômeno 
fisiológico se reduz, em última análise, a uma modificação física ou química, enquanto 
que a sensação, como fato da consciência, é um processo puramente psicológico. 
d) A sensação é essencialmente qualitativa. A sensação,sendo um fato da 
consciência, é um fenômeno qualitativo, susceptível de maior ou menor intensidade, 
mas que só pode ser observado, diretamente, por aquele no qual se realiza, não 
podendo, portanto, ser objeto de mensurações quantitativas. 
e) Para que haja sensação é necessário que a excitação 
possua uma intensidade mínima. A esta intensidade mínima 
da excitação capaz de produzir a sensação dá-se o nome de "limiar da intensidade da 
sensação". 
f) A sensação, uma vez produzida, não desaparece logo, persistindo ainda durante 
algum tempo. Por essa razão, excitações seguidas, sucedendo-se com pequenos 
intervalos, são sentidas ou percebidas como uma única excitação. É o que acontece 
com as imagens cinematográficas. 
 
6. Sensação e percepção. — As excitações que impressionam os nossos sentidos 
podem provocar em nós fenômenos diversos: ou são vagamente sentidas como 
impressões mais ou menos intensas e mais ou menos agradáveis; ou são, ao mesmo 
tempo, reconhecidas e interpretadas como sinais de objetos exteriores. À sensação 
interpretada, desta maneira, chamamos de percepção. A sensação, no primeiro caso, 
nos dá apenas a noção de uma qualidade ou de um estado (cor verde ou amarela, 
perfume suave ou intenso, som fraco ou forte), ao passo que, no segundo caso, como 
percepção, sugere a noção de um objeto determinado (cor de uma laranja, perfume de 
uma rosa, som de um violino). 
A percepção implica a "crença" na realidade exterior e um sentimento de 
"objetividade". Acompanha-se ainda de um verdadeiro "juízo de exterioridade". Essas 
reações mentais não resultam, somente, da visão do objeto. Nelas toma parte o 
cabedal de nossas experiências passadas. A percepção é um fenômeno complexo em 
que se reúnem, numa síntese, várias operações psicológicas: sensações, memória, 
associação, comparação, juízo, etc. 
 
II. NATUREZA DA PERCEPÇÃO 
 
7. Estrutura da percepção. — O mecanismo da percepção é objeto de divergência 
entre os psicólogos. Segundo a psicologia associacionista, a percepção é um conjunto 
de sensações que a associação une num todo homogêneo e ao qual a atenção 
confere clareza e nitidez. A sensação, a associação e a atenção representam, de 
acordo com esse ponto de vista, os elementos fundamentais do processo perceptivo. 
A Psicologia da Forma ("Gestalt-Psychologie") defende uma concepção diversa. 
Enquanto a psicologia associacionista considera a percepção como uma simples 
combinação de sensações elementares, a Psicologia da Forma concebe a percepção 
como uma síntese, como uma estrutura, como uma forma ("Gestalt"), constituída de 
elementos sem significação isolada, cujo valor não depende de atributos próprios, mas 
tão somente de sua posição no conjunto. 
 
8. Caracteres da percepção. — Segundo a Psicologiada Forma, a percepção possui 
os seguintes caracteres fundamentais: 
a) A estrutura da percepção possui uma organização própria. Ela unifica as partes e 
lhes dá uma significação. Há, assim, uma solidariedade íntima entre as funções 
exercidas por es elementos. 
b) A estrutura da percepção possui um relevo próprio. Nela se revela um fundo sobre o 
qual se destaca uma figura. A qualquer instante, o fundo pode converter-se em figura. 
c) A estrutura da percepção possui uma tendência a encerrar-se em si mesma. 
Manifesta-se como tendência a absorver os elementos novos que sejam assimiláveis e 
a repelir os que se mostrem demasiadamente estranhos. Por isso, a parte incorporada 
a um conjunto perde, quase sempre, a sua individualidade. 
 
9. Erros da percepção. — a) Ilusões — o hábito de perceber as sensações sempre sob 
certas condições faz com que, todas as vezes que uma delas aparece fora de suas 
relações normais, a interpretemos erroneamente. Estes erros de percepção 
constituem as ilusões. As ilusões podem se originar de todos os sentidos, mas não 
provêm de sensações falsas ou erradas, mas sim de juízos falsos, de interpretações 
errôneas de sensações. As causas das ilusões são diversas: 
1) Certas circunstâncias físicas — o meio que se interpõe, o movimento, a distância 
(uma bengala mergulhada n’água parece quebrada, uma torre vista ao longe parece 
quadrada, etc.). 
2) Certos estados fisiológicos — o daltonismo impede a visão do vermelho, etc. 
3) Certos estados psicológicos — a desatenção, a prevenção, o medo, etc. 
4) Certos, estados patológicos — a febre torna os alimentos sem sabor. 
b) Sonhos — resultam da atividade do espírito durante o sono. Antes, porém, do 
adormecer, na fase intermediária entre a vigília e o sono, surge, freqüentemente, em 
nosso espírito, uma floração contínua de imagens simples, rápidas, despidas de 
intelectualidade e revestidas de um colorido afetivo, às vezes, muito intenso. Essas 
imagens são chamadas "hipnagógicas". Quando imersos nesse estado, temos o 
sentimento confuso do caráter alucinatório dessas imagens, sabemos que sonhamos e 
que bastaria abrir os olhos para interromper essa seqüência de imagens múltiplas e 
fugazes. 
Se adormecermos completamente, essas imagens dominam e anulam as percepções 
e caímos, então, em pleno sonho. As imagens assumem, daí por diante, um aspecto 
francamente alucinatório e tendem a se dramatizar, isto é, a se ordenar sob a forma de 
um "assunto", muitas vezes, absurdo, estranho, bizarro. Essa dramatização das 
imagens é o resultado dessa tendência espontânea que possui o espírito para as 
construções lógicas. 
As representações do sonho têm sempre uma relação, direta ou indireta, consciente 
ou inconsciente, com as experiências passada e, sobretudo, com os fatos ou 
pensamentos do dia imediatamente anterior. A memória e a imaginação são os fatores 
dominantes na gênese das representações do sonho, às quais se associam as 
imagens suscitadas pelas impressões sensoriais que ocorrem durante o sono. As 
sensações internas ou viscerais têm uma influência manifesta sobre a gênese das 
emoções oníricas. Daí os pesadelos, sempre de origem sinestésica. A consciência no 
sonho é a vida psíquica espontânea, elementar. A consciência na vigília é a vida 
psíquica organizada. Donde a semelhança da consciência onírica com a consciência 
Infantil. 
Se o sonho influi sobre os centros motores do indivíduo, irmos o sonambulismo, em 
que o sonho se transforma em ação. O caráter alucinatório das imagens é de tal modo 
imperioso que domina a motricidade, enquanto que as sensações normais se tornam 
subconscientes. Estas não ficam, entretanto, abolidas: o sonâmbulo é capaz de uma 
certa adaptação ao meio exterior e pode obedecer a certas sugestões orais. (Piffault) 
 
10. Patologia da percepção. — As alterações patológicas da percepção podem ser de 
caráter qualitativo ou quantitativo. Vejamos as principais: 
a) Hiperpercepção — Aumento de intensidade das percepções, acompanhado, 
geralmente, de exaltação da atividade psíquica. Em certas neuroses, caracteriza-se 
por uma capacidade exagerada de ver, ouvir e sentir, provocando, por isso, um estado 
angustioso no doente. 
b) Hipopercepção — Diminuição de intensidade das percepções, acompanhada de 
enfraquecimento da atividade psíquica. Observa-se nos estados psicastênicos, nas 
síndromes depressivas, nas esquizofrenias, etc. 
c) Micropsia — Os objetos são percebidos com dimensões reduzidas. d)Macropsia — 
Os objetos são percebidos com dimensões aumentadas. 
d) Multipsia — Os objetos são percebidos multiplicados várias vezes. 
e) Discromopsia — os objetos são percebidos com cores diferentes das que possuem 
normalmente. 
g) Alucinação — É a percepção sem objeto. O alucinado acredita perceber o que 
realmente não existe. As alucinações podem se originar de alterações dos órgãos dos 
sentidos e do sistema nervoso ou de perturbações mentais. 
11. Funções da percepção. — A percepção constitui o principal instrumento de 
aquisição da experiência humana. Por meio das sensações, recolhe do mundo exterior 
os elementos, que, trabalhados pela inteligência, vão constituir o vasto cabedal dos 
nossos conhecimentos, a nossa "fortuna psicológica". Daí o velho aforismo: "Nihil est 
in intellectu quod non antea in sensu fuerit", nada existe na inteligência que antes não 
haja passado pelos sentidos. 
Além de fatores da gênese e enriquecimento da nossa experiência, as percepções, 
por intermédio das sensações, desempenham ainda o papel de instrumentos de 
adaptação do nosso psiquismo ao universo e à vida. É assim que as sensações 
orgânicas mantêm o equilíbrio vital necessário ao funcionamento normal dos nossos 
órgãos. Do mesmo modo, as sensações visuais, auditivas, tácteis, olfativas, térmicas 
etc. realizam o ajustamento harmonioso do ser humano ao meio ambiente. Enfim, é 
através da percepção que se processa a "função do real", considerada por Pierre 
Janet como o fenômeno psíquico mais alto, mais delicado e mais complexo, graças ao 
qual o espírito do homem consegue ajustar-se, com precisão, às situações e aspectos 
cambiantes da realidade. 
 
EXERCÍCIOS. 
1. Esclarecer a definição de sensação. 
2. Caracterizar as condições psíquicas e orgânicas da sensação. 
3. Distinguir os elementos da sensação. 
4. Classificar as sensações. 
5. Assinalar os caracteres da sensação. 
6. Distinguir sensações e percepção. 
7. Explicar a natureza da percepção. 
8. Esclarecer a origem dos erros da percepção

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