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Sociedade, Comunicação e Cultura Aula 16 Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho Este material é parte integrante da disciplina oferecida pela UNINOVE. O acesso às atividades, conteúdos multimídia e interativo, encontros virtuais, fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser feitos diretamente no ambiente virtual de aprendizagem UNINOVE. Uso consciente do papel. Cause boa impressão, imprima menos. Aula 16: A Sociologia como ciência Objetivo: Estudar a origem da Sociologia como ciência e sua importância para entendermos a sociedade e suas instituições, bem como os fenômenos e fatos sociais surgidos com a modernidade e o papel do Estado enquanto elemento responsável pela ordem e bem estar. A Sociologia Conforme vimos nas aulas anteriores, o capitalismo e o aceleramento do desenvolvimento industrial impulsionado pela Revolução Industrial e logo a seguir, a Revolução Francesa – 1789 – deram origem a um novo modelo de sociedade, designada como moderna, que desafia a ordem e a lógica preestabelecida pelas monarquias, provocando um verdadeiro redemoinho no final século XVIII e início do século XIX. É nesse contexto de mudanças, de surgimento dos Estados nacionais no Ocidente que pensadores e filósofos vão em busca de metodologias que dêem conta de explicar esse novo cenário. Assim, nasce a Sociologia com o objetivo de entender essas novas formas de sociedade, suas estruturas e organizações e, ao mesmo tempo, desenvolver um conhecimento teórico acerca dos fatos sociais que permeiam essa nova realidade e seus reflexos na vida dos cidadãos, também forçados a se adequarem aos acontecimentos, pois conforme Dias (2005, p. 3) “as disciplinas existentes apresentavam instrumental insuficiente para explica os novos fenômenos sociais”. Enquanto ciência humana, a Sociologia desenvolve pesquisas que tentam dar conta da abrangência e diversidade das sociedades, como suas estruturas, os grupos étnicos que as compõe, levando em conta as possíveis divergências e choques, a divisão de classes, de gênero, as formas de violências, instituições como a política, educação, religião, família, segurança etc., que tentam dar conta das demandas geradas pela sociedade. Atualmente, os sociólogos também desempenham um papel relevante nessas estruturas, ajudando no planejamento e na condução de programas de intervenção e no planejamento de programas sociais e governamentais, auxiliando as lideranças políticas a perceberem, respeitarem e contemplarem a diversidade e a pluralidade de pessoas e vozes, bem como as formas organizativas de grupos tradicionais como indígenas, quilombolas, ribeirinhos, ciganos, entre outros. Nas grandes cidades estão sendo abertos novos espaços de sociabilidade, onde as pessoas de várias faixas de idade e com diferentes motivações se encontram para se conhecer e estabelecer relações sociais. São padarias que abrem espaços para café ou sopa noturna; cafés com locadoras de vídeo, espaços de conversação e cafés em livrarias etc.; ou seja, espaços que apresentam a característica de receber um público diferenciado, o qual muitas vezes não se conhecia entre si e passou a se relacionar, num primeiro momento, por meio do espaço virtual (a internet), participando de grupos de interesse específicos, e que para estabelecer o contato inicial necessita de um lugar seguro. (...) Desse modo podemos explicar o surgimento de novos espaços de sociabilidade, que substituem os tradicionais (praças, parques e jardins) em vista do aumento da violência que faz com que as pessoas evitem os espaços públicos, e também da terceira revolução científico-tecnológica, que aproxima, via internet, pessoas com interesses comuns, e que em determinado momento necessitam ter um contato direto. (Dias, 2005, p. 4) Portanto, a sociologia caracteriza-se como uma ciência que nasce em meio à transição social e que se atualiza a todo o momento, analisando a sociedade dentro de uma perspectiva histórica, pois seu interesse é a vida humana e os fenômenos sociais. Os clássicos da Sociologia O termo Sociologia foi criado pelo pai do Positivismo, Auguste Comte (1798 – 1857). Considerado o primeiro pensador moderno, Comte defendia a ideia de que para uma sociedade funcionar corretamente ela precisava estar organizada, pois só assim alcançaria o progresso. Herança da Revolução Francesa, cujo lema era Liberdade e Igualdade, essa forma de pensamento positivista ganho grande expressão durante o século XIX e alcançou o nosso, fazendo-se perceptível principalmente nos nossos símbolos pátrios, nas leis, na educação etc. No entanto, apesar da importância de Comte, a quem é dada a criação desta ciência, três outros pensadores destacaram-se na sociologia clássica e sem os quais não é possível estudar ou tentar compreender a sociedade: Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber. Karl Marx (1818 – 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna. Atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político, jornalista e é considerado o mais revolucionário pensador sociológico. Para Marx a sociedade é dividida em duas classes distintas: a dos capitalistas, que detêm a posse dos meios de produção e o proletariado, que dispõe da força de trabalho a qual vendem para o capital. Émile Durkheim (1858 – 1917), fundador da Sociologia francesa, combina a pesquisa empírica (de campo) com a teoria sociológica. Foi quem lutou para transformar as Ciências Sociais em uma disciplina rigorosamente científica. Em uma concepção positivista, Durkheim entendia que a sociedade era um organismo que funcionava como o corpo humano, em que cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver. Ao seu olhar, o que importa é o indivíduo se sentir parte do todo, pois caso contrário ocorrerá anomalias sociais, deteriorando o tecido social. Max Weber (1864 – 1920), intelectual alemão, jurista, economista e também considerado um dos fundadores da Sociologia, é o pensador mais recente e, por isso, era conhecedor tanto do pensamento de Comte e Durkheim quanto de Marx. Weber valorizava as particularidades, ou seja, a formação específica da sociedade; diferente dos positivistas que entendiam a sociedade a partir de uma perspectiva histórica. Nesse primeiro contexto só apresentaremos esses pensadores clássicos, pois nas aulas seguintes exploraremos um pouco mais do pensamento de cada um em razão de sua importância para compreendermos as sociedades contemporâneas. A Sociologia no Brasil A literatura clássica do Brasil é um espelho do pensamento social e político acerca da formação da sociedade brasileira e das relações de classe com todos os seus conflitos. Nas décadas de 1920 e 1930 diversos estudiosos desenvolveram estudos que analisaram a formação da sociedade brasileira, abordando temas como escravidão de indígenas e negros, a miscigenação, a mistura étnica com os colonizadores, os formas de inculturação¹ e aculturação² e o resultado dessas políticas eugenistas³ do começo do século XX. Desses estudos firmaram-se nomes significativos como Nina Rodrigues e Arthur Ramos, com vasta literatura sobre os africanos no Brasil; Mario de Andrade (Macunaíma – 1928); Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil – 1936); Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala – 1933) e Caio Prado Júnior (Formação do Brasil Contemporâneo – 1942). Tomados os rumos do Brasil como país moderno, a partirda década de 1960, a sociologia brasileira volta-se aos temas relacionados às classes trabalhadoras tanto urbanas quanto rurais, em razão do início do êxodo e das lutas pela terra, intensificando o clamor pela reforma agrária. Foi o momento que eclodiram inúmeras tensões em razão da ascensão dos militares ao poder forçando os sociólogos a voltarem o olhar para os problemas socioeconômicos e políticos brasileiros. O governo, então, baniu da grade curricular o ensino da Sociologia, por seu caráter subversivo, que só voltou como disciplina do ensino médio em meados da década de 1980. Foi nesse período também que ocorreu a profissionalização da Sociologia no país e, a partir daí, além do interesse pelas mudanças surgidas com a abertura política, em 1985 os sociólogos voltaram seu olhar para a categoria de gênero – as questões relacionais entre homem e mulher, chamando a atenção para as desigualdades e as violências oriundas dessas relações, muitas vezes institucionalizadas, além das questões do trabalho rural, das novas organizações e movimentos sociais, como partidos políticos e Organizações Não Governamentais (ONGs). Daí em diante a área só cresceu e se inseriu como um campo de saber de extrema importância para a sociedade brasileira. Considerações finais Conforme pudemos observar, a Sociologia surgiu como uma ciência que veio ajudar a explicar os fenômenos sociais e o próprio ser humano na sociedade. Ela acompanha a evolução histórica e ajuda a descortinar os problemas e a encaminhar soluções. Enquanto ciência humana moderna, busca compreender as interações humanas nos espaços físicos e virtuais. Portanto, é uma ciência que nos auxilia e sem a qual não poderíamos explicar as dinâmicas das grandes cidades. Saiba mais Inculturação1: é um método de introduzir aspectos culturais de um determinado povo em sua própria cultura. Aculturação2: pode ser entendida como a absorção de uma cultura pela outra, em que essa nova cultura terá aspectos da cultura inicial e da cultura absorvida. Política eugenista3: de cunho racista e nazista, a política eugenista tem como princípio ideias como purificar a raça, aperfeiçoar o homem, evoluir a cada geração, ser saudável, belo, forte, competir e derrotar o mais fraco pela concorrência. Todas essas afirmativas estão contidas na concepção da eugenia. A eugenia moderna nasceu sob essas ideias e é marcadamente uma invenção burguesa gerada na Inglaterra industrial em crise. * O QR Code é um código de barras que armazena links às páginas da web. Utilize o leitor de QR Code de sua preferência para acessar esses links de um celular, tablet ou outro dispositivo com o plugin Flash instalado. REFERÊNCIAS CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995. DIAS, Reinaldo. Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo: Ática, 2003.
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