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Apostila de Direito Constitucional

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1 
 
 
 
Transformando seus sonhos em Nomeação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
Profª Malu Aragão 
 
 
 
 
O Curso Prime disponibiliza para você esta Excelente Apostila 
desenvolvida pela nossa professora Malu Aragão, Aproveite! 
 
 
2 
 
 
1. Constituição da República Federativa do Brasil. Emendas 
Constitucionais e Emendas Constitucionais de Revisão. Princípios 
Fundamentais. 
 
Para entender melhor sobre as emendas constitucionais, é necessário estudar a cerca do Poder 
Constituinte. 
Por ser um tema doutrinário, citaremos alguns artigos esparsos do texto constitucional para 
exemplificar os institutos. 
 
1.0. CONCEITO DE PODER CONSTITUINTE E TITULARIDADE. 
É o poder de elaborar ou atualizar uma Constituição, é a manifestação soberana da vontade política de 
um povo, social e juridicamente organizado. 
Para a doutrina moderna a titularidade do poder constituinte pertence ao povo, embora seja exercido 
ou por uma assembleia nacional constituinte (convenção) ou outorgada por um movimento 
revolucionário. Vale lembrar que o abade Emmanuel Joseph Sieyès, que traçou as linhas mestras da 
Teoria do Poder Constituinte através da sua obra "¿Que é o terceiro Estado?” (“Quést-ce que le tiers 
État?”), apontava como titular do poder constituinte a nação. 
A Constituição da República Federativa do Brasil é a Lei Maior, que está hierarquicamente acima de 
todas as outras normas do ordenamento jurídico brasileiro. 
Por exemplo, o Código Penal, o Código Civil e a lei nº 8.666/93 são normas infraconstitucionais, estão 
abaixo da Constituição Federal. 
 
2.0. ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE. 
2.1. Originário (inicial, inaugural, genuíno, instituidor, ou de 1º grau). 
Instaura um novo Estado, organizando-o, rompendo por completo com a antiga ordem jurídica. Tanto 
haverá poder constituinte no surgimento de uma primeira constituição, quanto na elaboração de 
qualquer constituição posterior. 
Pode ser subdividido em histórico (o primeiro) ou revolucionário (todos os posteriores ao histórico) e 
caracteriza-se por ser inicial, já que a sua obra, a constituição, é a base da ordem jurídica, por ser 
ilimitado juridicamente e autônomo porque não está de modo algum limitado pelo direito anterior, não 
tendo que respeitar os limites postos pelo direito positivo antecessor, por ser incondicionado, pois não 
está sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar sua vontade e por ser permanente porque não 
desaparece com a realização de sua obra, continua latente, manifestando-se novamente mediante uma 
nova assembleia nacional constituinte ou um ato revolucionário. 
Embora o Brasil tenha adotado a corrente positivista, onde nem mesmo o direito natural limitaria o 
poder constituinte originário contrapondo-se a corrente jusnaturalista, destaca-se entre a doutrina 
moderna a visão de Canotilho, o qual observa que o poder constituinte originário “... obedece a padrões 
e modelos de conduta espirituais, culturais, éticos e sociais, radicados na consciência jurídica geral da 
comunidade e, nesta medida, considerados como ‘vontade do povo’”. 
 
2.2. Derivado (instituído, constituído, secundário, ou de 2º grau ou remanescente). 
Está inserido na própria constituição, pois decorre de uma regra jurídica de autenticidade constitucional 
(poder constituinte originário), portanto conhece limitações constitucionais expressas e implícitas e é 
passível de controle de constitucionalidade. Caracteriza-se por ser derivado, uma vez que retira sua 
força do poder constituinte originário, por ser subordinado, pois se encontra limitado pelas normas 
3 
 
explícitas e implícitas do texto constitucional e por ser condicionado, porque seu exercício deve seguir 
regras previamente estabelecidas no texto da constituição federal. 
Subdivide-se em: Poder constituinte derivado revisor (competência de revisão), Poder constituinte 
derivado reformador (competência reformadora) e Poder constituinte derivado decorrente. 
 
2.2.1. Poder Constituinte Derivado Reformador. Emendas Constitucionais. 
Consiste na possibilidade de se alterar o texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial 
prevista na própria constituição federal (norma originária) e será exercitado por determinados órgãos 
com caráter representativo. 
A Carta de Outubro prevê em seu artigo 60, a única maneira de se modificar formalmente as normas 
constitucionais originárias, vejamos: 
 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, 
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
§ 1º – A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de 
estado de defesa ou de estado de sítio. 
§ 2º – A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
§ 3º – A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e 
do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. 
§ 4º – Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I – a forma federativa de Estado; 
II – o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III – a separação dos Poderes; 
IV – os direitos e garantias individuais. 
§ 5º – A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada 
não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 
 
O legislador constituinte de 1988, ao prever a possibilidade de alteração das normas constitucionais por 
meio de um processo legislativo especial e mais dificultoso que o ordinário, definiu nossa Constituição 
como rígida, fixando a ideia de supremacia da ordem constitucional. 
A emenda à Constituição Federal, enquanto “proposta”, é considerada um ato infraconstitucional sem 
qualquer normatividade, só ingressando no ordenamento jurídico após sua aprovação, passando então 
a ser preceito constitucional, de mesma hierarquia das normas constitucionais originárias. 
A Constituição Federal traz duas espécies de limitações ao Poder de reformá-la: as limitações expressas 
e implícitas. As limitações expressamente previstas no texto constitucional, por sua vez, subdividem-se 
em três subespécies: circunstanciais (art. 60, §1º), materiais (art. 60, §4º) e formais (Art. 60, §§ 2º, 3º e 
5º); Enquanto os limites implícitos do poder de reforma, que derivam dos limites expressos, dividem-se 
em dois grupos: as normas sobre o titular do poder constituinte reformador e as disposições relativas à 
eventual supressão das limitações expressas. 
Agora, vamos estudar as fases do processo de aprovação das emendas constitucionais, que são 
chamadas de LIMITAÇÕES FORMAIS. 
4 
 
A fase introdutória diz respeito a iniciativa dessa proposta e, nos termos do artigo 60 da Constituição 
Federal vigente, especifica os legitimados a apresentar uma PEC (proposta de emenda constitucional), 
que são: um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, o 
Presidente da República e mais da metade das Assembleias legislativas das Unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
É bom frisar que o rol dos legitimados para a iniciativa de uma proposta de emenda constitucional é 
taxativo. 
Ressalte-se que o professor Pedro Lenza defende a possibilidade de proposição popular, por considerar 
que o titular do poder constituinte é o Povo (art. 1º, parágrafo único, da CF/88). Tese não acolhida pela 
jurisprudência pátria. 
Em regra, a fase constitutiva possuia deliberação parlamentar e a deliberação executiva. Na 
deliberação parlamentar, a proposta é aprovada no Congresso Nacional. Já a deliberação executiva 
ocorre no Poder Executivo, podendo o chefe do Executivo sancionar ou vetar a proposição. 
No caso das emendas constitucionais, é diferente, pois são aprovadas com quorum qualificado, em dois 
turnos, em cada casa do Congresso Nacional (vê parágrafo 2º, do artigo 60), evidenciando que a 
Constituição Federal atual adotou um modelo rígido de mudança de suas normas, diferente das normas 
infraconstitucionais, que são aprovadas com quorum menor e em único turno. 
Importante dizer que no processo legislativo de emendas constitucionais não existe a deliberação 
executiva, pois não existe participação do Presidente da República na fase constitutiva, uma vez que 
não existe sanção ou vento à emenda constitucional. 
Outra peculiaridade das emendas constitucionais é a impossibilidade de ser reapresentada na mesma 
sessão legislativa (vê artigo 57 da CF/88), como está prevista no parágrafo 5º do mesmo dispositivo. 
Na fase complementar ocorre a promulgação e a publicação. Promulgar é atestar a existência de uma 
norma e dizer: cumpra-se! A autoridade que possui competência para promulgar e publicar as leis é o 
Presidente da República, nos termos do artigo 84, IV. No entanto, no caso de emendas constitucionais, a 
promulgação e publicação é atribuição do Poder Legislativo, conforme o parágrafo 3º, do supra 
mencionado artigo. 
Existem também as LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS, que impedem que a norma constitucional seja 
emendada durante uma crise institucional, ou seja, na vigência de intervenção federal, de estado de 
defesa ou de estado de sítio (vê parágrafo 1º). 
Por fim, destacam-se as LIMITAÇÕES MATERIAIS. Tais matérias formam o núcleo intangível da 
Constituição Federal, denominado tradicionalmente por “cláusulas pétreas”, que não podem ser 
abolidos por emenda constitucional. 
No que tange aos direitos e garantias individuais, o rol não é taxativo, uma vez que os mesmos estão 
estabelecidos em toda a Constituição Federal, de forma explícita e implícita (art. 5º, §2º, da CF/88). 
Tem-se, ainda, que tais direitos podem até ser restringidos, desde que não haja ofensa ao núcleo 
essencial do direito, segundo a exegese dogmática atual (Teoria do limite dos limites). 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA: (...) O princípio da proporcionalidade constitui um critério de aferição da constitucionalidade 
das restrições a direitos fundamentais. Trata- se de um parâmetro de identificação dos denominados 
limites dos limites (Schranken-Schranken) aos direitos fundamentais; um postulado de proteção de um 
núcleo essencial do direito, cujo conteúdo o legislador não pode atingir. Assegura-se uma margem de 
ação ao legislador, cujos limites, porém, não podem ser ultrapassados. O princípio da proporcionalidade 
permite aferir se tais limites foram transgredidos pelo legislador”. (...). (STF ADC 29/DF, de 2012). 
 
2.2.2. Poder Constituinte Derivado Revisor. Emendas Constitucionais de Revisão. 
Esse poder está vinculado ao Poder Constituinte Originário e foi estabelecido no artigo 3º. do ADCT, que 
reza: 
5 
 
“A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, 
pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral”. 
Desta competência, que adotou um procedimento simplificado, surgiram 6 (seis) Emendas 
Constitucionais de Revisão, valendo destacar que a resolução nº 1-RCF do Congresso Nacional fixou as 
mesmas limitações materiais (cláusulas pétreas) do artigo 60, §4º, da CF/88 (que trataremos no item 
2.2.2) 
Dito poder não poderá mais se manifestar em razão da eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada da 
regra constitucional. 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO N. 1 - RCF, DO CONGRESSO 
NACIONAL, DE 18.11.1993, QUE DISPÕE SOBRE O FUNCIONAMENTO DOS TRABALHOS DE REVISÃO 
CONSTITUCIONAL E ESTABELECE NORMAS COMPLEMENTARES ESPECIFICAS. AÇÃO DE 
INCONSTITUCIONALIDADE AJUIZADA PELO GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANA. ALEGAÇÕES DE 
OFENSA AO PARÁGRAFO 4. DO ART. 60 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EIS QUE O CONGRESSO NACIONAL, 
PELO ATO IMPUGNADO, "MANIFESTA O SOLENE DESIGNIO DE MODIFICAR O TEXTO CONSTITUCIONAL", 
MEDIANTE "'QUORUM' DE MERA MAIORIA ABSOLUTA", "EM TURNO ÚNICO" E "VOTAÇÃO 
UNICAMERAL". SUSTENTA-SE, NA INICIAL, ALÉM DISSO, QUE A REVISÃO DO ART. 3. DO ADCT DA CARTA 
POLÍTICA DE 1988 NÃO MAIS TEM CABIMENTO, POR QUE ESTARIA INTIMAMENTE VINCULADA AOS 
RESULTADOS DO PLEBISCITO PREVISTO NO ART. 2. DO MESMO INSTRUMENTO CONSTITUCIONAL 
TRANSITORIO. "EMENDA" E "REVISÃO", NA HISTORIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA. EMENDA OU 
REVISÃO, COMO PROCESSOS DE MUDANCA NA CONSTITUIÇÃO, SÃO MANIFESTAÇÕES DO PODER 
CONSTITUINTE INSTITUIDO E, POR SUA NATUREZA, LIMITADO. ESTA A "REVISÃO" PREVISTA NO ART. 3. 
DO ADCT DE 1988 SUJEITA AOS LIMITES ESTABELECIDOS NO PARÁGRAFO 4. E SEUS INCISOS, DO ART. 60, 
DA CONSTITUIÇÃO. O RESULTADO DO PLEBISCITO DE 21 DE ABRIL DE 1933 NÃO TORNOU SEM OBJETO A 
REVISÃO A QUE SE REFERE O ART. 3. DO ADCT. APÓS 5 DE OUTUBRO DE 1993, CABIA AO CONGRESSO 
NACIONAL DELIBERAR NO SENTIDO DA OPORTUNIDADE OU NECESSIDADE DE PROCEDER A ALUDIDA 
REVISÃO CONSTITUCIONAL, A SER FEITA "UMA SÓ VEZ". AS MUDANCAS NA CONSTITUIÇÃO, 
DECORRENTES DA "REVISÃO" DO ART. 3. DO ADCT, ESTAO SUJEITAS AO CONTROLE JUDICIAL, DIANTE 
DAS "CLAUSULAS PETREAS" CONSIGNADAS NO ART. 60, PAR. 4. E SEUS INCISOS, DA LEI MAGNA DE 
1988. NÃO SE FAZEM, ASSIM, CONFIGURADOS OS PRESSUPOSTOS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDA 
LIMINAR, SUSPENDENDO A EFICACIA DA RESOLUÇÃO N. 01, DE 1993 - RCF, DO CONGRESSO NACIONAL, 
ATÉ O JULGAMENTO FINAL DA AÇÃO. MEDIDA CAUTELAR INDEFERIDA. (STF - ADI-MC: 981 PR , Relator: 
NÉRI DA SILVEIRA, Data de Julgamento: 16/12/1993, TRIBUNAL PLENO, Data de Publicação: DJ 05-08-
1994 PP-19299 EMENT VOL-01752-01 PP-00030). 
 
Já que entendemos tudo sobre as Emendas Constitucionais, vamos passar a estudar os artigos da 
Constituição Federal. 
Antes disso, é imprescindível estudar sobre a estrutura da constituição federal de 1988. 
 
Estruturalmente a constituição atual contém um preâmbulo, nove títulos (corpo) e o Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que tendo natureza de norma constitucional, pode 
trazer exceções às regras gerais previstas no corpo da constituição. 
Preâmbulo – apesar de não fazer parte do texto constitucional, uma vez que não possui valor 
normativo, seu conteúdo traça diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas da Constituição, sendo assim 
um vetor de interpretação. 
Parte dogmática – texto normativo constitucional que compreende do artigo 1º. ao art. 250. 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) – estabelece as regras de transição entre a 
Constituição anterior e a nova Constituição. Possui natureza de norma constitucional, podendo 
inclusive ser objeto de emendas constitucionais. Alguns dispositivos são regras de exceção da parte 
dogmática da Constituição Federal. 
6 
 
 
Os Princípios Fundamentais são previstos no Título I da Constituição Federal Brasileira. 
 
O termo princípio traduz-se na ideia de início, origem, começo, e ainda, numa outra acepção, em 
mandamento, norma nuclear de um sistema. Nesse contexto, os princípios fundamentais nada mais são 
que as diretrizes básicas que produzem decisões políticas imprescindíveis à estruturação do Estado. São 
alicerce, a base, as linhas mestras sociais e políticas que norteiam e inspiram os conteúdos positivados 
pelo legislador constituinte originário. 
No artigo 1º estão estabelecidos os fundamentos da República Federativa do Brasil, como se vê a seguir: 
Art. 1º – A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípiose 
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I – a soberania; 
II – a cidadania; 
III – a dignidade da pessoa humana; 
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V – o pluralismo político. 
Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta Constituição. 
Nesse dispositivo tem-se a definição da República Federativa do Brasil sob o aspecto territorial, ou físico, 
a República é composta dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
Há de se observar que República Federativa do Brasil é o nome do Estado Brasileiro, que adota o 
federalismo, por isso a designação Estado Federal. Este, por sua vez, compõe-se de coletividades 
regionais autônomas denominadas Estados-membros ou federados. 
Para Celso Bastos, soberania é atributo que se confere ao poder do Estado em virtude de ser 
juridicamente ilimitado (todo o poder). Já autonomia é margem de discrição de que uma pessoa goza 
para decidir sobre seus negócios (parcela do poder). 
A Constituição adotou como Forma de Estado o Federalismo, que no conceito de Dalmo Dallari é uma 
“aliança ou união de Estados”, baseada em uma constituição e onde “os Estados que ingressam na 
federação perdem sua soberania no momento mesmo do ingresso, preservando, contudo, uma 
autonomia político-administrativa”. Assim, não se admite secessão, separação ou segregação. Lembre-
se, o legislador constituinte determinou a impossibilidade de qualquer deliberação sobre proposta de 
emenda constitucional tendente a abolir a Federação (Art. 60, §4º, I da CF). 
A República foi a Forma de Governo assumida pelo país, tendo como características: a eletividade, 
temporariedade e responsabilidade do governante perante os governados. 
 
Tais fundamentos, especificados no artigo em referência, devem ser conceituados. Vamos? 
 
O Princípio da indissolubilidade do vínculo federativo, em nosso Estado Federal, foi consagrado em 
nossas constituições republicanas desde 1891 e tem duas finalidades básicas: a unidade nacional e a 
necessidade descentralizadora. Inadmissível, portanto, qualquer pretensão de separação de um Estado-
membro, do Distrito Federal ou de qualquer Município da Federação, inexistindo em nosso 
ordenamento jurídico o denominado direito de secessão, pois a mera tentativa de secessão permitira a 
decretação de intervenção federal (Art. 34, I da CF). 
O Estado Democrático de Direito é mais amplo que Estado de Direito. A expressão “Estado de Direito” 
na sua origem significa governo a partir de leis, porém quaisquer leis. Com a introdução da característica 
de ser democrático na Constituição Federal de 1988, impõe-se a todas as normas a observância a tal 
7 
 
princípio; não sendo suficientes apenas as leis, mas principalmente que nestas esteja inserido o 
conteúdo democrático, uma vez que o regime político adotado é a democracia. 
A soberania significa poder ilimitado na ordem interna e independente na ordem internacional. 
A cidadania está relacionado com a titularidade de direitos políticos, implicando, assim, na parcela 
detentora de capacidade eleitoral ativa. 
A dignidade da pessoa humana compreende o direito de nascer com vida e permanecer vivo com uma 
vida digna. Deve ser interpretado com o máximo de amplitude possível na hora de conceituá-lo, 
aplicando o princípio da máxima efetividade ou eficiência. 
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são características do sistema capitalista: valorização 
do trabalho, único responsável pela subsistência e desenvolvimento dos indivíduos e do país e a 
prevalência da livre iniciativa, a qual afasta os ideais socialistas de planificação da economia. 
O pluralismo político não significa apenas pluripartidarismo, sendo este uma espécie do gênero 
daquele. Caracteriza-se pela aceitação de diversidade de opiniões, participação plural na sociedade do 
mais diversos modos, abrangendo associações, sindicatos, partidos políticos, igrejas, universidades, 
escolas etc. 
O Regime Político adotado no Brasil, o democrático, ou seja, governo do povo, para o povo, pelo povo. 
O poder advém do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente (democracia 
semidireta ou participativa), nos termos do parágrafo único do artigo 1º. 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de 
autoridade judicial. Mais: é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal; caso contrário, nega-se o Estado 
de Direito. (STF HC 73.454/RJ). 
EMENTA. (...) O princípio da livre iniciativa não pode ser invocado para afastar regras de regulamentação 
do mercado e de defesa do consumidor. (STF RE 349.686, 14.06.2005). 
 
No artigo 2º encontra-se o Princípio da Separação dos Poderes. 
Art. 2º – São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
Defende a doutrina que a divisão é de Funções, e não de Poderes, considerando que o Poder é uno, 
além de ser indivisível e indelegável. 
A Tripartição de Poderes foi esboçada por Aristóteles e firmada por Montesquieu e Locke. 
Os poderes participam, por vezes, das atribuições uns dos outros, a fim de que se garanta a harmonia 
entre eles, a inocorrência de abusos e a consequente realização do bem da coletividade, através do 
sistema de freios e contrapesos – checks and balances. Assim as funções administrativa, legislativa e 
judiciária não são exercidas com exclusividade, mas apenas preponderantemente por cada “Poder”. Daí 
a denominação em funções típicas e atípicas (secundárias ou subsidiárias). 
Os Poderes são harmônicos e independentes, ou seja, entre os órgãos há cortesia no trato recíproco e na 
atuação do exercício de suas atribuições não há ingerência dos demais, com liberdade para organizar 
serviços e tomar decisões, apesar da doutrina indicar na própria constituição exceções a separação dos 
poderes, como por exemplo, o artigo 50, parágrafo 1º. 
Como exemplo, tem-se a competência de legislar do Poder Legislativo. O Congresso aprova os projetos 
de leis, que podem ser sancionados ou vetados pelo Presidente da República e no caso de haver sanção, 
poderá o Poder Judiciário declarar a inconstitucionalidade. 
Ressalte-se que a Separação dos Poderes é cláusula pétrea (art. 60, 4º, III). 
 
8 
 
No próximo artigo estão estabelecidos os objetivos, as metas a serem atingidas, ou os fins do Estado 
Brasileiro. 
Art. 3º – Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II – garantir o desenvolvimento nacional; 
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
Não se trata de um rol taxativo, mas exemplificativo. 
Como medida concreta a EC nº 31, de 14.12.2000, criou o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, 
acrescentando ao ADCT os artigos 79 a 83. 
 
Já no artigo 4º o constituinte relacionou os princípios da República Federativa do Brasil no âmbito 
internacional. 
Art. 4º – A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes 
princípios: 
I – independência nacional; 
II – prevalência dos direitos humanos; 
III – autodeterminação dos povos; 
IV – não intervenção 
V – igualdade entre os Estados; 
VI – defesa da paz; 
VII – solução pacífica dos conflitos; 
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X – concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,política, social e 
cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de 
nações. 
Os dez princípios de relações internacionais que devem ser hermeneuticamente analisados e 
concretizados com o intuito de lograr o objetivo constante no parágrafo único e consistem em 
verdadeiros desafios das relações internacionais rumo a efetiva implantação de uma comunidade latino-
americana de nações. 
O princípio da independência nacional retrata, segundo Cretela Júnior, a afirmativa da soberania como 
fundamento da República, previsto no artigo 1º da Lei Maior. O princípio da autodeterminação dos 
povos também está marcado pela Soberania, pois diz respeito aos limites a todo e qualquer poder 
colonizante. Ainda no campo da soberania, o princípio da não intervenção consiste na proibição de um 
Estado interferir sobre outro em assuntos de natureza interna. 
Acerca do princípio da prevalência dos direitos humanos, tem-se a lição de Pedro Dallari: "a prevalência 
dos direitos humanos, enquanto princípio norteador das relações exteriores do Brasil e fundamento 
colimado pelo País para a regência da ordem internacional não implica tão-somente o engajamento no 
processo de edificação de sistemas de normas vinculados ao Direito Internacional Público. Impõe-se 
buscar a plena integração das regras de tais sistemas à ordem jurídica interna de cada Estado". 
O princípio da igualdade prevê que todos os Estados são iguais perante a lei brasileira. 
9 
 
O princípio da solução pacífica dos conflitos determina como o Brasil se posiciona em relação aos 
conflitos. O desinteresse em envolver-se em um conflito e a falta de incentivo a prática da guerra estão 
relacionados ao princípio da defesa da paz, um objetivo supranacional. 
O princípio do repúdio ao racismo e ao terrorismo é um compromisso ético-jurídico assumido pelo 
Estado Brasileiro, quer perante a sua própria Constituição, quer em face da comunidade internacional. 
Há adesão do Brasil a tratados e acordos multilaterais que repudiam quaisquer discriminações raciais, de 
cor, credo, descendência ou origem inspiradas na pretensa superioridade de um povo sobre outro. 
Sobre o princípio da cooperação para o progresso da humanidade, o legislador pretende alcançar uma 
cooperação entre países para um desenvolvimento unilaterial ou bilateral ou multilateral. Nesse 
sentido, o Brasil já possui relações internacionais de cooperação, tais como: a Declaração de Princípios 
sobre a Cooperação entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do Canadá para a 
Manutenção da Paz e da Segurança Internacionais, realizado em Brasília, em 15 de janeiro de 1998, e o 
Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a República Federativa do 
Brasil, aprovado pela Resolução da Assembléia da República n.º 83/2000, de 14 de dezembro de 2000. 
Partindo do conceito, segundo o mestre Rezec, asilo político “... é o acolhimento, pelo Estado, de 
estrangeiro perseguido alhures – geralmente, mas não necessariamente, em seu próprio país patrial -, 
por causa de dissidência política, de delitos de opinião, ou por crimes que, relacionados com a 
segurança do Estado, não configuram quebra do direito penal comum”, verifica-se que não há 
incompatibilidade entre o instituto do asilo político e o da extradição passiva, na exata medida em que o 
Supremo Tribunal Federal não está vinculado ao juízo formulado pelo Poder Executivo na concessão 
administrativa daquele benefício. A condição jurídica de asilado político não suprime, só por si, a 
possibilidade de o Estado brasileiro conceder, presentes e satisfeitas às condições constitucionais e 
legais que a autorizam, a extradição que lhe haja sido requerida. O estrangeiro asilado no Brasil só não 
será passível de extradição quando o fato ensejador do pedido assumir a qualificação de crime político 
ou de opinião. 
É importante, ainda, comentar sobre a relativização da soberania em prol dos direitos humanos. A 
teoria da soberania absoluta e plena foi sendo transformada até se alcançar o que se denomina de 
princípio da soberania. Os princípios da não-intervenção e da igualdade formal dos Estados não 
exercem papel imperativo no contexto internacional, tendo em vista as justificativas dadas pelas 
grandes forças mundiais, tais como o terrorismo, os Direitos Humanos e até mesmo a busca pela justiça 
e pela paz, na tomada de medidas que interferem fora do âmbito daquilo que poderíamos chamar de 
soberania interna dos Estados. 
No Brasil, um novo conceito de soberania surgiu frente os avanços trazidos pela Constituição Federal de 
1988 e as jurisprudências do Supremo Tribunal Federal, em que prevalece a dignidade humana nas 
relações internacionais. Exemplo disso é a submissão do Brasil ao Tribunal Penal Internacional (art. 5º, 
§4º, da CF/88). 
Quando esse tema é cobrado em prova de concurso as organizadoras tentam ludibriar os candidatos 
trocando os fundamentos com os objetivos e com os princípios no âmbito internacional, por isso é 
necessário memorizá-los separadamente. 
Apesar dessa distinção em sentido estrito, deve-se observar que tudo é Princípio Fundamental em 
sentido amplo, haja vista estarem contidos no título I da Constituição Federal. 
Outra situação que pode ser enfrentada pelo candidato é a comparação dos fundamentos e objetivos 
com os princípios que regem a ordem econômica (art. 170 da CF/88). 
 
2. Aplicabilidade das normas constitucionais: normas de eficácia 
plena, contida e limitada; normas programáticas. 
 
Partindo da premissa de que esse assunto é doutrinário, vamos mais uma vez usar o texto 
constitucional apenas para exemplificar. 
Toda norma constitucional tem EFICÁCIA direta, imediata e vinculante, uma vez que produz efeitos 
10 
 
jurídicos, entre os quais, o de revogar a norma constitucional anterior e não recepcionar as normas 
infraconstitucionais promulgadas antes e que são materialmente incompatíveis com a nova ordem. 
Seguindo o ilustre José Afonso da Silva, quanto à aplicabilidade, as normas constitucionais classificam– 
se em: 
As Normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, 
produzem, ou tem possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais, legais e sociais. Não dependem 
de atuação do Poder Constituinte Derivado para sua regulamentação. São normas de aplicabilidade 
direta, imediata e integral. 
Como exemplo, o mestre cita os seguintes incisos do artigo 5º: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...); 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 
(...); 
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer 
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado 
por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for 
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; 
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento 
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; 
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne 
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à 
nacionalidade, à soberania e à cidadania; 
LXXII -conceder-se-á habeas data: 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de 
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou 
administrativo; 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio 
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de 
custas judiciais e do ônus da sucumbência; 
(...). 
 
Outros exemplos: arts. 2º; 14, §2º; 17, §4º; 19; 20; 21; 22; 24; 28, caput; 30; 37, III; 44, parágrafo único; 
45, caput; 46, §1º; ; 51; 52; 60, §3º; 69; 70; 76; 145, §2º; 155; 156; 201, §§5º e 6º; 226, §1º; 230, § 2º, 
todos da CF/88. 
 
As Normas constitucionais de eficácia contida (prospectiva) são aquelas que o legislador constituinte 
regulou suficientemente os interesses relativos à determinada matéria, mas deixou margem à atuação 
restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer ou 
nos termos de conceitos gerais nelas enunciados, como bem conceituou a doutrina pátria. São normas 
de aplicabilidade direta, imediata, mas possivelmente não integral. 
Os exemplos indicados pelo doutrinador são: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...); 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações 
11 
 
profissionais que a lei estabelecer; 
(...); 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social: 
(...); 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
(...). 
 
No primeiro exemplo, a liberdade de exercício de profissão já tem total aplicabilidade, porém essa 
liberdade poderá ser restringida pela existência de uma lei infraconstitucional. No segundo exemplo, a 
norma originária garante a irredutibilidade do salário, que possivelmente poderá ter sua aplicabilidade 
reduzida pela existência de um acordo ou uma convenção coletiva de trabalho. 
Outros exemplos: 5º, VII, VIII, XV, XVI, XXIV, XXV, XXVII, XXXIII e LVIII; 15, IV; 37, I; 170, parágrafo único, 
todos da CF/88. 
 
As Normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que apresentam aplicabilidade indireta, 
mediata e reduzida (diferida), porque somente incidem totalmente sobre esses interesses, após uma 
regulamentação posterior. A norma constitucional só terá total aplicabilidade se existir a norma 
infraconstitucional. 
O professor José Afonso da Silva ainda destaca que as normas de eficácia limitada se classificam em 
normas de eficácia limitada definidora de princípio institutivo ou organizativo, as quais traçam 
esquemas gerias de estruturação e atribuições e a norma de eficácia limitada definidora de princípio 
programático, que instituem programas destinados ao cumprimento das finalidades sociais do Estado. 
Os dispositivos mencionados pelo referido doutrinar são: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...); 
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; 
(...); 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social: 
(...); 
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; 
(...). 
 
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública. 
 
Nos dois primeiros artigos, a lei infraconstitucional, quando promulgada e publicada, regulará o direito 
declarado pela norma constitucional, com o intuito de cumprir as promessas de cunho social do Poder 
Público (norma de eficácia limitada definidora de princípio programático). No último artigo, a norma 
infraconstitucional teria como objetivo a instituição de órgãos e ministérios, em obediência ao comando 
constitucional (norma de eficácia limitada definidora de princípio institutivo). 
Outros exemplos: 6º (direito à alimentação); 7º, XI e XXVII; 18, §2º; 22, parágrafo único; 25, §3º; 33; 37, 
VII e XI; 88; 90, §2º; 91, §2º; 102, §1º; 107, §1º, 109, VI e § 3º; 113; 121; 125, §3º; 128; §5º; 131; 146; 
161, I; 173, §4º; 192, §3º; 196; 205; 215; 216, §3º; 218, caput e §4º; 224 7º; 227, XX e XXVII, 33, 88 e 
113, todos da CF/88. 
 
Em outra vertente, o Constitucionalista Jorge Miranda destaca a existência das chamadas normas 
programáticas, que são de aplicação diferida, e não de aplicação ou execução imediata; mais do que 
12 
 
comandos-regras, explicitam comandos-valores, conferem elasticidade ao ordenamento constitucional; 
tem como destinatário primacial – embora não único – o legislador, a cuja opção fica a ponderação do 
tempo e dos meios em que vem a ser revestidas de plena eficácia (e nisso consiste a discricionariedade); 
não consentem que os cidadãos ou quaisquer cidadãos as invoquem já (ou imediatamente após a 
entrada em vigor da Constituição), pedindo aos Tribunais o seu cumprimento só por si, pelo que pode 
haver quem afirme que os direitos que delas constam, máxime os direitos sociais, tem mais natureza de 
expectativas de que de verdadeiros direitos subjetivos; muitas vezes, acompanhadas de conceitos 
indeterminados ou parcialmente indeterminados”. 
A doutrina em referência apresenta como exemplos de normas programáticas, entre outras, os artigos 
4º, parágrafo único, 23,170, 205, 211, 215 e 218, todos da Constituição Federal de 1988. 
 
Passaremos, agora, a estudar o Título II da Constituição Federal (Direitos e Garantias Fundamentais), 
que tem cinco capítulos: Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (Cap. I – art. 5º), Dos Direitos 
Sociais (Cap. II – arts. 6º a 11), Da Nacionalidade (Cap. III – arts. 12 e 13), Dos Direitos Políticos (Cap. IV 
– arts. 14 a 16) e Dos Partidos Políticos (Cap. V – art. 17). 
 
3. Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e 
coletivos; direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos 
políticos. 
 
Muitos doutrinadores diferem “Direitos” de “Garantias” Fundamentais. Essa distinção, no direito 
brasileiro, foi feita por Rui Barbosa, ao separar as disposições declaratórias, e as garantias, disposições 
assecuratórias. Em outras palavras, o direito é o “bem” protegido pela norma e a garantia é o 
mecanismo criado pela norma para defender o direito. Em contrapartida, Sampaio Dória, defende a tese 
de que as Garantias também são Direitos. 
Os direitos e garantias fundamentais, consagrados na constituição federal, não são ilimitados, absolutos, 
uma vez que encontram seus limites nos demais direitos igualmente consagrados pela Carta Magna 
(Princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas). 
Na lição de Canotilho, os direitos fundamentais exercem a função de defesa do cidadão sob dupla 
perspectiva: a) no plano jurídico-político, funcionam como normas de competência negativa para os 
Poderes Públicos, proibindo-os de atentarem contra a esfera individual da pessoa; b) no plano jurídico-
subjetivo, implicam o poder de exercer positivamente os direitos fundamentais (liberdade positiva), e de 
exigir omissões dos poderes públicos. 
A doutrina, baseada na ordem histórica cronológica em que passam a ser institucionalmente 
reconhecidos,classifica os direitos fundamentais em dimensões (gerações). Em primeira análise, Paulo 
Bonavides, os classificou em: 
Direitos de primeira dimensão: são os direitos civis e políticos, e compreendem as liberdades clássicas 
(liberdade, propriedade, vida, segurança). São direitos do indivíduo perante o Estado, são limites 
impostos à atuação do Estado, resguardando direitos considerados indispensáveis a cada pessoa 
humana. Significa uma prestação negativa, um não fazer do Estado, em prol do cidadão. 
Direitos de segunda dimensão: correspondem aos direitos sociais, que são direitos de conteúdo 
econômico e cultural que visam melhorar as condições de vida e de trabalho da população. Significa uma 
prestação positiva, um fazer do Estado em prol dos menos favorecidos pela ordem social e econômica. 
Esses direitos nasceram em razão de lutas de uma nova classe social, os trabalhadores. 
Direitos de terceira dimensão: corresponde aos direitos difusos e coletivos, são os direitos de 
solidariedade e fraternidade, considerados transindividuais, os direitos de pessoas coletivamente 
consideradas. São direitos coletivos, como a proteção ao meio ambiente, à qualidade de vida saudável, 
ao progresso, à paz, à autodeterminação dos povos e a defesa do consumidor, da infância e da 
juventude. 
13 
 
Note-se que há um comparativo desses direitos ao lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e 
fraternidade. 
Em outra oportunidade, o mencionado autor cita ainda os direitos de quarta dimensão: “São direitos da 
quarta geração o direito à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo. Deles depende a 
concretização da sociedade aberta ao futuro, em sua dimensão de máxima universalidade, para a qual 
parece o mundo inclinar-se no plano de todas as relações de convivência”. 
Embora alguns doutrinadores afirmem que o direito à paz esteja inserido entre os direitos de terceira 
dimensão, Paulo Bonavides o desloca para a quinta dimensão, em virtude de suas características 
próprias e independentes, pois estaria em um “patamar superior”, merecendo visibilidade superior aos 
demais direitos fundamentais. E para tanto, afirma expressamente que “A dignidade jurídica da paz 
deriva do reconhecimento universal que se lhe deve enquanto pressuposto qualitativo da convivência 
humana, elemento de conservação da espécie, reino de segurança dos direitos”. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) — que compreendem 
as liberdades clássicas, negativas ou formais — realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda 
geração (direitos econômicos, sociais e culturais) — que se identifica com as liberdades positivas, reais 
ou concretas — acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam 
poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o 
princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, 
expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais 
indisponíveis, nota de uma essencial inexauribilidade. (...) (STF MS 22.164, 17/11/95). 
 
 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
Os destinatários dos direitos e deveres ora mencionados são os brasileiros e estrangeiros residentes no 
país, devendo a expressão “residentes no país” ser interpretada no sentido de que tais direitos só serão 
assegurados dentro do território brasileiro, não excluindo o estrangeiro em trânsito pelo território 
nacional, segundo entendimento defendido pela doutrina e pela jurisprudência pátria. 
Tais direitos são extensíveis às pessoas jurídicas, no que couber, bem como ao próprio Estado. 
O princípio da Igualdade ou princípio da isonomia está previsto no caput desse artigo, prescrevendo que 
toda pessoa tem o direito de tratamento idêntico pela lei, em concordância com os critérios albergados 
pelo ordenamento jurídico. Entretanto, deve-se buscar não somente a igualdade formal, direcionada ao 
legislador, mas a igualdade real ou material ou substancial, direcionada ao operador do direito, ao 
intérprete. Parte-se da premissa de que a verdadeira igualdade está em tratar igualmente os iguais e 
desigualmente os desiguais. 
O referido princípio não veda o tratamento diferenciado estabelecido pela lei, proíbe as diferenças 
arbitrárias, as discriminações absurdas, já que o tratamento desigual aos desiguais é uma questão de 
justiça, sendo justificável pelo objetivo que se pretende atingir pela lei, conforme a súmula 683 do STF 
que reza: “O limite de idade para a inscrição em concurso só se legitima em face do art. 7º, XXX, da 
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza do cargo a ser preenchido”. Entretanto somente 
serão possíveis tais distinções se estiverem previstas em lei. 
Vale destacar as discriminações positivas (affirmative actions), proveniente do direito norte americano, 
que cuida em estabelecer medidas de compensação para reduzir as desigualdades sociais. É neste 
escólio que traz a lição do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim B. Barbosa Gomes, que 
ensina: As ações afirmativas 'consistem em políticas públicas (e também privadas) voltadas à 
14 
 
concretização do princípio constitucional da igualdade material e à neutralização dos efeitos da 
discriminação racial, de gênero, de idade, de origem nacional e de compleição física. Impostas ou 
sugeridas pelo Estado, por seus entes vinculados e até mesmo por entidades puramente privadas, elas 
visam a combater não somente as manifestações flagrantes de discriminação de fundo cultural, 
estrutural, enraizada na sociedade'. 
A discriminação reversa deve-se revestir de uma índole compensatória e não meramente garantir uma 
repartição de bens, sem levar em conta o uso da liberdade das pessoas e o esforço e mérito de cada um. 
Avaliadas sob o teste do princípio da proporcionalidade, as medidas de discriminação reversa devem ser 
adequadas para superar os obstáculos que o preconceito gerou para o grupo. Para isso devem-se dirigir 
a propiciar condições de acesso a bens e serviços que a discriminação vedou. Devem ter em mira o 
restabelecimento de uma igualdade de oportunidades tão efetiva quanto possível. 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) O súdito estrangeiro, mesmo o não domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para 
impetrar o remédio constitucional do "habeas corpus", em ordem a tornar efetivo, nas hipóteses de 
persecução penal, o direito subjetivo, de que também é titular, à observância e ao integral respeito, por 
parte do Estado, das prerrogativas que compõem e dão significado à cláusula do devido processo legal. - 
A condição jurídica de não-nacional do Brasil e a circunstância de o réu estrangeiro não possuir domicílio 
em nosso país não legitimam a adoção, contra tal acusado, de qualquer tratamento arbitrário ou 
discriminatório. (...). (STF HC 94.404/SP. Min. Rel. Celso de Mello. DJ 18.06.2010). 
EMENTA (...) Inexistência de ofensas ao direito à vida e da dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa 
com células-tronco embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os fins a que se destinam) significa a 
celebração solidária da vida e alento aos que se acham à margem do exercício concreto e inalienável dos 
direitos à felicidade e do viver com dignidade (Ministro Celso de Mello). (...) A potencialidade de algo 
para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la, infra constitucionalmente, 
contra tentativas levianas ou frívolas de obstar suanatural continuidade fisiológica. Mas as três 
realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa 
humana. Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa humana. O embrião 
referido na Lei de Biossegurança ("in vitro" apenas) não é uma vida a caminho de outra vida 
virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações nervosas, 
sem as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. (...) Ação 
direta de inconstitucionalidade julgada totalmente improcedente. (STF ADI 3510/DF, Rel. Min. AYRES 
BRITTO. 29/05/2008). 
EMENTA. (...). Na espécie, aduziu inescapável o confronto entre, de um lado, os interesses legítimos da 
mulher em ver respeitada sua dignidade e, de outro, os de parte da sociedade que desejasse proteger 
todos os que a integrariam, independentemente da condição física ou viabilidade de sobrevivência. (...) 
Afirmou que, conforme a Resolução 1.480/1997 do Conselho Federal de Medicina (CFM), os exames 
complementares a serem observados para a constatação de morte encefálica deveriam demonstrar, de 
modo inequívoco, a ausência de atividade elétrica cerebral ou metabólica deste órgão ou, ainda, 
inexistência de perfusão sanguínea nele. Elucidou que, por essa razão, o CFM, mediante a Resolução 
1.752/2004, consignara serem os anencéfalos natimortos cerebrais. Desse modo, eles jamais se 
tornariam pessoa. Nessa senda, sintetizou que não se cuidaria de vida em potencial, porém, 
seguramente, de morte. (...). Exprimiu, pois, que a anencefalia mostrar-se-ia incompatível com a vida 
extrauterina, ao passo que a deficiência, não. (...) Observou que seria improcedente a alegação de 
direito à vida dos anencéfalos, haja vista que estes seriam termos antitéticos. (...). Destarte, a 
interrupção de gestação de feto anencefálico não configuraria crime contra a vida, porquanto se 
revelaria conduta atípica. (...). Por derradeiro, versou que atuar com sapiência e justiça, calcados na 
Constituição e desprovidos de qualquer dogma ou paradigma moral e religioso, determinaria garantir o 
direito da mulher de manifestar-se livremente, sem o temor de tornar-se ré em possível ação por crime 
de aborto. (STF ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12-4-2012, Plenário). 
EMENTA. (...). Sabemos, tal como já decidiu o STF (RTJ 136/444, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello), que o 
princípio da isonomia – cuja observância vincula todas as manifestações do Poder Público – deve ser 
considerado, em sua precípua função de obstar discriminações e de extinguir privilégios (RDA 55/114), 
15 
 
sob duplo aspecto: a) o da igualdade na lei e b) o da igualdade perante a lei. A igualdade na lei – que 
opera numa fase de generalidade puramente abstrata – constitui exigência destinada ao legislador, que, 
no processo de formação do ato legislativo, nele não poderá incluir fatores de discriminação 
responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. (...) A igualdade perante a lei, de outro lado, 
pressupondo lei já elaborada, traduz imposição destinada aos demais poderes estatais, que, na 
aplicação da norma legal, não poderão subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou 
discriminatório. A eventual inobservância desse postulado pelo legislador, em qualquer das dimensões 
referidas, imporá, ao ato estatal por ele elaborado e produzido, a eiva de inconstitucionalidade. (STF AI 
360.461 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, 2ª T, DJ de 28-3-2008). 
EMENTA. (...). No mérito, asseverou-se que a norma adversada erigira a educação à condição de direito 
social, dever do Estado e uma de suas políticas públicas prioritárias. (...) Rechaçaram-se, de igual modo, 
as alegações de afronta aos princípios da igualdade, da isonomia, da não discriminação e do devido 
processo legal ao argumento de que não se afiguraria legítimo, no ordenamento, que vagas no ensino 
superior fossem reservadas com base na condição socioeconômica do aluno ou em critério racial ou de 
suas condições especiais. Salientou-se que a igualdade seria valor que teria, no combate aos fatores de 
desigualdade, o seu modo próprio de realização. Além disso, a distinção em favor dos estudantes que 
tivessem cursado o ensino médio em escolas públicas e os egressos de escolas privadas contemplados 
com bolsa integral constituiria discrímen a compensar anterior e factual inferioridade. (...). (STF ADI 
3.330, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 3-5-2012, Plenário). 
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; 
Somente poderá existir tratamento diferenciado entre os dois sexos quando a finalidade pretendida for 
atenuar os desníveis, constantes na constituição e nas leis infraconstitucionais. Exemplos: art. 7º, XVIII e 
XIX, 40, III, 143, §§ 1º e 2º, 202, I e II. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). No mérito, prevaleceu o voto proferido pelo Min. Ayres Britto, relator, que dava 
interpretação conforme a Constituição ao art. 1.723 do CC para dele excluir qualquer significado que 
impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como 
entidade familiar, entendida esta como sinônimo perfeito de família. Asseverou que esse 
reconhecimento deveria ser feito segundo as mesmas regras e com idênticas consequências da união 
estável heteroafetiva. (...). (STF ADI 4.277/DF, rel. Min. Ayres Britto, DJ 5.5.2011). (ADPF 132). 
EMENTA. (...) No mérito, rememorou-se posicionamento da Corte que, ao julgar o HC 106.212/MS (DJE 
de 13-6-2011), declarara a constitucionalidade do art. 41 da Lei Maria da Penha (...). Reiterou-se a ideia 
de que a aludida lei viera à baila para conferir efetividade ao art. 226, § 8º, da CF. Consignou-se que o 
dispositivo legal em comento coadunar-se-ia com o princípio da igualdade e atenderia à ordem jurídico-
constitucional, no que concerne ao necessário combate ao desprezo às famílias, considerada a mulher 
como sua célula básica. Aplicou-se o mesmo raciocínio ao afirmar-se a constitucionalidade do art. 1º da 
aludida lei (...). Asseverou-se que, ao criar mecanismos específicos para coibir e prevenir a violência 
doméstica contra a mulher e estabelecer medidas especiais de proteção, assistência e punição, 
tomando como base o gênero da vítima, o legislador teria utilizado meio adequado e necessário para 
fomentar o fim traçado pelo referido preceito constitucional. Aduziu-se não ser desproporcional ou 
ilegítimo o uso do sexo como critério de diferenciação, visto que a mulher seria eminentemente 
vulnerável no tocante a constrangimentos físicos, morais e psicológicos sofridos em âmbito privado. 
Frisou-se que, na seara internacional, a Lei Maria da Penha seria harmônica com o que disposto no art. 
7º, item c, da Convenção de Belém do Pará (...) e com outros tratados ratificados pelo país. Sob o 
enfoque constitucional, consignou-se que a norma seria corolário da incidência do princípio da proibição 
de proteção insuficiente dos direitos fundamentais. Sublinhou-se que a lei em comento representaria 
movimento legislativo claro no sentido de assegurar às mulheres agredidas o acesso efetivo à reparação, 
à proteção e à justiça. (...). (STF ADC 19, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 9-2-2012, Plenário). 
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 
Consagração do princípio da legalidade. Tal princípio visa combater o poder arbitrário do Estado, pois 
somente mediante espécies normativas elaboradas segundo as regras do processo legislativo pátrio 
podem-se criar obrigações para os indivíduos. O princípio da legalidade se difere do princípio da reserva 
16 
 
legal nesse ponto, pois este consiste em dizer que a regulamentação de determinada matéria há de 
fazer-se necessariamente pelo poder legislativo, aparecendo na constituição sob a forma:“nos termos 
da lei” ou “na forma da lei” e aquele é a submissão e o respeito à lei. 
A Constituição Federal estabelece essa reserva de lei, de modo absoluto ou relativo. Assim, temos a 
reserva legal absoluta quando a norma constitucional exige para sua integral regulamentação a edição 
de lei formal, entendida como ato normativo emanado do Congresso Nacional elaborado de acordo com 
o devido processo legislativo constitucional. Por outro lado, temos a reserva legal relativa quando a 
Constituição Federal, apesar de exigir edição de lei formal, permite que este fixe tão somente 
parâmetros de atuação para o órgão administrativo, que poderá complementa-la por ato infralegal, 
sempre, porém, respeitados os limites ou requisitos estabelecidos pela legislação. 
Existe ainda a reserva legal simples e a qualificada. A reserva legal simples ocorre no caso de a 
Constituição Federal estabelecer, em seus artigos, que determinado assunto seja objeto de lei ("na 
forma da lei", "nos termos da lei"). A lei não pode limitar o conteúdo da Constituição ou suprimi-lo, ou 
seja, há limites implícitos na lei que será elaborada. A reserva legal qualificada ocorre no caso de, além 
de estabelecer qual assunto será objeto de lei, o dispositivo da Constituição estabelece as condições ou 
fins que devem ser objeto da norma ("para fins de"). Como exemplos pode se indicar os incisos VII e XII, 
ambos do presente artigo. 
Vale ressaltar que a Administração Pública é regida pela legalidade estrita, pois não pode atuar contra a 
lei, nem na ausência da lei. 
Dispositivos correspondentes – artigo 5º, XXIX e artigo 37, “caput”, todos da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
Súmula Vinculante nº 44 - Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a 
cargo público. 
EMENTA. (...). A reserva de lei em sentido formal qualifica-se como instrumento constitucional de 
preservação da integridade de direitos e garantias fundamentais. O princípio da reserva de lei atua 
como expressiva limitação constitucional ao poder do Estado, cuja competência regulamentar, por tal 
razão, não se reveste de suficiente idoneidade jurídica que lhe permita restringir direitos ou criar 
obrigações. Nenhum ato regulamentar pode criar obrigações ou restringir direitos, sob pena de incidir 
em domínio constitucionalmente reservado ao âmbito de atuação material da lei em sentido formal. 
(STF ACO 1.048-QO, 31/10/07). 
A partir daqui, aprenderemos sobre as liberdades e inviolabilidades. Assunto muito comum nas 
provas de concurso. 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano 
material, moral ou à imagem; 
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença; 
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário 
ao exercício profissional; 
Segundo o ilustre Alexandre de Morais, “a proteção constitucional abrange não só o direito de expressão 
oral ou por escrito, mas também o direito de ouvir, assistir e ler”. 
A vedação do anonimato é ampla, inclui todos os meios de comunicação. 
O direito de resposta aplica-se em relação às ofensas, configurem ou não infrações penais, tendo como 
requisito a proporcionalidade, devendo o desagravo ter o mesmo destaque, a mesma duração e o 
mesmo tamanho que a notícia geradora da lesão. A responsabilidade pela divulgação do direito de 
resposta é do órgão de comunicação. O dano pode ser material (danos sofridos e lucros cessantes), 
moral (à intimidade da pessoa) e à imagem (dano produzido contra a pessoa em suas relações externas). 
17 
 
Dispositivo correspondente – art. 220, “caput” e §2º, todos da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Programas humorísticos, charges e modo caricatural de pôr em circulação ideias, 
opiniões, frases e quadros espirituosos compõem as atividades de ‘imprensa’, sinônimo perfeito de 
‘informação jornalística’ (§ 1º do art. 220). Nessa medida, gozam da plenitude de liberdade que é 
assegurada pela Constituição à imprensa. Dando-se que o exercício concreto dessa liberdade em 
plenitude assegura ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom 
áspero, contundente, sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades e 
aparelhos de Estado. Respondendo, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, e sujeitando-se ao 
direito de resposta a que se refere a Constituição em seu art. 5º, V. A crítica jornalística em geral, pela 
sua relação de inerência com o interesse público, não é aprioristicamente suscetível de censura. Isso 
porque é da essência das atividades de imprensa operar como formadora de opinião pública, lócus do 
pensamento crítico e necessário contraponto à versão oficial das coisas, conforme decisão majoritária 
do STF na ADPF 130. Decisão a que se pode agregar a ideia de que a locução ‘humor jornalístico’ enlaça 
pensamento crítico, informação e criação artística. (...). (STF ADI 4.451-MC - REF, rel. min. Ayres Britto, 
Plenário, DJ de 24-8-2012). 
EMENTA: (...). Por entender que o exercício dos direitos fundamentais de reunião e de livre 
manifestação do pensamento devem ser garantidos a todas as pessoas, o Plenário julgou procedente 
pedido formulado em ação de descumprimento de preceito fundamental para dar, ao art. 287 do CP, 
com efeito vinculante, interpretação conforme a Constituição, de forma a excluir qualquer exegese que 
possa ensejar a criminalização da defesa da legalização das drogas, ou de qualquer substância 
entorpecente específica, inclusive através de manifestações e eventos públicos. (...) Ressaltou-se 
existirem graves consequências resultantes da censura à liberdade de expressão e de reunião, realizada 
por agentes estatais em cumprimento de ordens emanadas do Judiciário. Frisou-se que, diante do 
quadro de incertezas hermenêuticas em torno da aludida norma, a revelar efetiva e relevante 
controvérsia constitucional, os cidadãos estariam preocupados em externar, de modo livre e 
responsável, as convicções que desejariam transmitir à coletividade por meio da pacífica utilização dos 
espaços públicos. (STF ADPF 187/DF, rel. Min. Celso de Mello, DJ 15.6.2011). 
EMENTA. (...). Não é proibindo, recolhendo obras ou impedindo sua circulação, calando-se a palavra e 
amordaçando a história que se consegue cumprir a Constituição. (...). A norma infraconstitucional não 
pode amesquinhar preceitos constitucionais, impondo restrições ao exercício de liberdades”. (...). O que 
não me parece constitucionalmente admissível é o esquartejamento das liberdades de todos pela 
censura de uns, especialmente no caso de obras biográficas que dizem respeito não apenas ao 
biografado, mas que diz respeito a toda coletividade pela sua natureza de referenciabilidade do que 
precisa ser aproveitado. (...). (STF ADI 4815, Min. Rel. Cármem Lúcia, DJ 10/06/2015). 
 
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA 
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias; 
A Constituição de 1824, em seu artigo 179, V, já assegurava os direitos religiosos, desde que respeitasse 
a do Estado, nos seguintes termos: 
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por base 
a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, 
pela maneira seguinte. 
(...). 
V. Ninguém pode ser perseguido por motivo de Religião, uma vez que respeite a do Estado, e não 
ofenda a Moral Publica. 
(...)”. 
A partir da Constituição Federal de 1891, estabeleceu-seo Estado Laico ou Leigo, que não adota 
qualquer religião como oficial. Como ensina José Afonso da Silva, “na liberdade de crença entra a 
18 
 
liberdade de escolha de religião, a liberdade de aderir à qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o 
direito) de mudar de religião, mas também compreende a liberdade de não aderir à religião alguma, 
assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnosticismo”. 
Bom lembrar que o livre exercício dos cultos é assegurado enquanto não forem contrários à ordem, 
tranquilidade e sossego públicos, bem como compatíveis aos bons costumes. E a liberdade religiosa não 
é absoluta, uma vez que não será permitido a qualquer religião ou culto atos atentatórios à lei, sob pena 
de responsabilidade civil e criminal. 
Artigos correspondentes: art. 210, §1º e art. 215, §2º, ambos da CF/88. 
PREÂMBULO 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir 
um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a 
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e 
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL. 
Segundo posicionamento jurisprudencial, o Preâmbulo não constitui norma central, não se trata de 
norma de reprodução obrigatória na Constituição do Estado, já que não tem força normativa. 
Entretanto, o Preâmbulo faz parte da estrutura da Constituição Federal, que se divide em Preâmbulo, 
texto permanente e texto temporário (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT). 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. NORMAS CENTRAIS. Constituição do Acre. I. 
- Normas centrais da Constituição Federal: essas normas são de reprodução obrigatória na Constituição 
do Estado-membro, mesmo porque, reproduzidas, ou não, incidirão sobre a ordem local. Reclamações 
370-MT e 383-SP (RTJ 147/404). II. Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação 
da proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não 
tendo força normativa. III. - Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. (ADI 2.076/AC. 
Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 08.08.2003). 
 
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e 
militares de internação coletiva; 
Hospitais, asilos (públicos e privados), presídios e quartéis são locais de internação coletiva. 
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou 
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir 
prestação alternativa, fixada em lei; 
A escusa de consciência e de crença aplica-se às obrigações legais de forma genérica e não somente ao 
serviço militar obrigatório, embora esse seja o exemplo mais indicado pelos doutrinadores quando 
enfocam o assunto. 
O artigo 143 da Constituição Federal, prescreve: 
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. 
§ 1º - às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo 
de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente 
de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter 
essencialmente militar. 
O serviço alternativo no caso de descumprimento do serviço militar obrigatório por imperativo de 
consciência é estabelecido pela lei nº 8.239/91. 
19 
 
Caso não seja cumprida a prestação alternativa, ocorrerá a privação dos direitos políticos, nos termos do 
artigo 15, IV, da CF/88: 
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos 
de: 
... 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, 
VIII; 
(...). 
 
INVIOLABILIDADES 
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito 
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
Princípio da exclusividade. A intimidade, como exigência moral da personalidade para que em 
determinadas situações seja o indivíduo deixado em paz, constituindo um direito de controlar a 
indiscrição alheia nos assuntos privados que só a ele interessa, tem como um de seus fundamentos o 
princípio da exclusividade, formulado por Hannah Arendt com base em Kant. 
Os conceitos de intimidade e vida privada são interligados, mas podem ser diferenciados. A intimidade 
da pessoa diz respeito às relações subjetivas e de trato íntimo, relações familiares e de amizade e a vida 
privada refere-se a todos os relacionamentos da pessoa, inclusive os objetivos, tais como os comerciais, 
de trabalho, de estudo, etc. 
O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que entidade de classe não tem legitimidade 
para promover interpelação judicial em defesa da honra de seus associados, por se tratar de um direito 
personalíssimo de quem, concretamente, se viu atingido pelas afirmações tidas por ofensivas (PET nº 
1.249/DF-AgR, Pleno, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 9/4/99). 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
Súmula 227 do STJ – A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do 
Morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por 
determinação judicial; 
A expressão casa tem um alcance muito amplo, não sendo limitada pelos conceitos de direito privado, 
como já pacificou o STF, considerando casa todo local delimitado e separado que alguém utiliza com 
exclusividade, mesmo que para fins profissionais, não importando a relação jurídica de seus habitantes 
com aquele prédio ou terreno. O Código Penal Brasileiro conceitua “casa” em seu artigo 150. 
Para José Afonso da Silva dia é o período das 6:00h às 18:00h e para Celso de Mello deve ser levado em 
conta o critério físico-astronômico, como o intervalo de tempo situado entre a aurora e o crepúsculo. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) Busca e apreensão em aposentos ocupados de habitação coletiva (como quartos de hotel) 
- subsunção desse espaço privado, desde que ocupado, ao conceito de "casa" - consequente 
necessidade, em tal hipótese, de mandado judicial, ressalvadas as exceções previstas no próprio texto 
constitucional. - para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da constituição da 
república, o conceito normativo de "casa" revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer aposento 
de habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º, II), compreende, observada essa específica 
limitação espacial, os quartos de hotel. (...). (STF RHC 90.376/RJ, Rel. Min. Celso de Mello. DJ 
18.05.2007). 
EMENTA. (...). Cuidando-se de crime de natureza permanente, a prisão do traficante, em sua residência, 
durante o período noturno, não constitui prova ilícita. (STF HC 84.772, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento 
em 19-10-2004, Segunda Turma, DJ de 12-11-2004.) No mesmo sentido: HC 70.909, Rel. Min. Paulo 
Brossard, julgamento em 11-10-1994, Plenário, DJ de 25-11-1994. 
20 
 
EMENTAS: (…).7. PROVA. Criminal. Escuta ambiental. Captação e interceptação de sinais 
eletromagnéticos, óticos ou acústicos. Meio probatório legalmente admitido. Fatos que configurariam 
crimes praticados por quadrilha ou bando ou organização criminosa. Autorização judicial 
circunstanciada. Previsão normativa expressado procedimento. Preliminar repelida. Inteligência dos 
arts. 1º e 2º, IV, da Lei nº 9.034/95, com a redação da Lei nº 10.217/95. Para fins de persecução criminal 
de ilícitos praticados por quadrilha, bando, organização ou associação criminosa de qualquer tipo, são 
permitidos a captação e a interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos e acústicos, bem como seu 
registro e análise, mediante circunstanciada autorização judicial. 8. PROVA. Criminal. Escuta ambiental e 
exploração de local. Captação de sinais óticos e acústicos. Escritório de advocacia. Ingresso da 
autoridade policial, no período noturno, para instalação de equipamento. Medidas autorizadas por 
decisão judicial. Invasão de domicílio. Não caracterização. Suspeita grave da prática de crime por 
advogado, no escritório, sob pretexto de exercício da profissão. Situação não acobertada pela 
inviolabilidade constitucional. Inteligência do art. 5º, X e XI, da CF, art. 150, § 4º, III, do CP, e art. 7º, II, 
da Lei nº 8.906/94. Preliminar rejeitada. Votos vencidos. Não opera a inviolabilidade do escritório de 
advocacia, quando o próprio advogado seja suspeito da prática de crime, sobretudo concebido e 
consumado no âmbito desse local de trabalho, sob pretexto de exercício da profissão. (…). (STF - Inq: 
2424 RJ, Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 26/11/2008, Tribunal Pleno, Data de 
Publicação: DJe-055 DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010). 
EMENTA: (...) A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período 
noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem 
que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e 
penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. (...) (STF RE 603616, Rel. Min. 
Gilmar Ferreira Mendes, J. 05.11.2015). 
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
Vê-se que não houve previsão de quebra do sigilo das correspondências e nem de dados (bancários, 
fiscais ou telefônicos) mediante lei, haja vista que a exceção constitucional expressa refere-se somente à 
interceptação telefônica, entretanto entende-se que nenhuma liberdade individual é absoluta, sendo 
possível, respeitados alguns parâmetros, a interceptação das correspondências e comunicações 
telegráficas e de dados sempre que as liberdades públicas estiverem sendo utilizadas como instrumento 
de salvaguarda de práticas ilícitas. 
O preceito que garante o sigilo de dados engloba o uso de informações decorrentes da informática e a 
quebra do sigilo dos dados telefônicos consiste na apreensão do histórico de conta telefônica (extrato 
telefônico), dentre outros. Além do Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal admite que a Comissão 
Parlamentar de Inquérito, diretamente, determine a quebra do sigilo dos dados. 
O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do artigo 6º da lei complementar 
nº 105/2001, no Recurso Extraordinário nº 601314, para reconhecer o direito de a Receita Federal obter 
a transferência do sigilo dos dados bancários. 
Há quebra do sigilo telefônico quando a captação for realizada por um terceiro de uma comunicação 
telefônica alheia, sem o conhecimento dos comunicadores, por decisão judicial (cláusula de reserva 
jurisdicional), na forma da lei nº 9.296/96 e para fins criminais. Referida interceptação difere da Escuta 
telefônica, que é a captação realizada por um terceiro de uma comunicação telefônica alheia, mas com o 
conhecimento de um dos comunicadores e da gravação telefônica, que ocorre entre dois interlocutores, 
onde um deles capta a conversa sem o conhecimento do outro e sem intervenção de terceiro. A 
gravação telefônica, em regra, é lícita, segundo jurisprudência da Corte Suprema. 
Dispositivos correspondentes: arts. 136, I, “b” e “c” e 139, III, da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de 
disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, proceder à 
interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da 
inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas (...). 
21 
 
(STF HC 70.814/SP). 
EMENTA. (...) O Tribunal já firmou entendimento de que as Comissões Parlamentares de Inquérito são 
dotadas de poder investigatório, ficando assentado que devem elas, a partir de meros indícios, 
demonstrar a existência concreta de causa provável que legitime a quebra do sigilo. (...) Causa provável 
ensejadora da quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico. Segurança denegada. (STF MS 24217/DF, 
rel Min Maurício Corrêa, 18/10/2002). 
EMENTA. Mandado de Segurança. Tribunal de Contas da União. Banco Central do Brasil. Operações 
financeiras. Sigilo. 1. A Lei Complementar nº 105, de 10/1/01, não conferiu ao Tribunal de Contas da 
União poderes para determinar a quebra do sigilo bancário de dados constantes do Banco Central do 
Brasil. O legislador conferiu esses poderes ao Poder Judiciário (art. 3º), ao Poder Legislativo Federal (art. 
4º), bem como às Comissões Parlamentares de Inquérito, após prévia aprovação do pedido pelo Plenário 
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do plenário de suas respectivas comissões 
parlamentares de inquérito (§§ 1º e 2º do art. 4º). (...). (STF MS 22.801/DF. Rel. Min Menezes Direito. DJ 
13.03.2008). 
EMENTA (...) SÉTIMA PRELIMINAR. DADOS DE EMPRÉSTIMO FORNECIDOS PELO BANCO CENTRAL. 
PEDIDO DIRETO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA. REQUISIÇÃO FEITA PELA CPMI DOS 
CORREIOS. POSTERIOR AUTORIZAÇÃO DE COMPARTILHAMENTO COM O MINISTÉRIO PÚBLICO PARA 
INSTRUÇÃO DO INQUÉRITO. LEGALIDADE. (...). (STF Inq. 2.245/MG. Rel. Min. Joaquim, Barbosa, DJ 
09.11.2007). 
EMENTA. Prova emprestada. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e 
produção para fim de investigação criminal. Suspeita de delitos cometidos por autoridades e agentes 
públicos. Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento administrativo disciplinar, contra 
outros servidores, cujos eventuais ilícitos administrativos teriam despontado à colheita dessa prova. 
Admissibilidade. Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, XII, da CF e do art. 1º 
da Lei federal 9.296/1996. (...) Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em 
escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em 
instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a 
mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos 
supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova. (STF Inq 2.424 QO. Rel. Min Cezar Peluso. DJ 
24.08.2007). 
EMENTA. (....) O presente caso versa sobre a gravação de conversa telefônica por um interlocutor sem o 
conhecimento de outro, isto é, a denominada “gravação telefônica” ou “gravação clandestina”. 
Entendimento do STF no sentido da licitude da prova, desde que não haja causa legal específica de sigilo 
nem reserva de conversação. Repercussão geral da matéria (RE 583.397/RJ). 3. Ordem denegada. (STF 
HC 91613, Relator Min. GILMAR MENDES, 2ª T, DJ 17-09-2012). 
EMENTA: (...). O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza 
a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como 
estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal.

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