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Direito Processual Penal I Notas de Revisão

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Direito Processual Penal I – 
Notas de Revisão 
 
Introdução ao Direito Processual Penal / Princípios 
Norteadores – Aula 01 
 
1. Introdução 
 
Quando as leis penais são elaboradas, prevendo penas para aqueles que 
as desrespeitarem, surge para o Estado o direto/dever de punir adequadamente 
o infrator e para o particular surge o dever de se abster das práticas previstas. 
 
Mas e se alguém comete um delito? Então esse direito abstrato do Estado 
passa a ser uma pretensão punitiva concreta, obrigando o infrator ao 
cumprimento da sanção penal. 
 
Todavia, essa pretensão não poderia ser resolvida sem um processo 
legal. Afinal, o infrator dificilmente se sujeitaria à pena imposta e o Estado não 
teria como mensurar a medida da responsabilidade do infrator, por exemplo. 
 
O processo penal vem como instrumento do qual se vale o Estado para 
punir o autor do delito, bem como maneira de resguardar o respeito aos direitos 
e liberdades individuais do acusado. 
 
O processo penal deve ser entendido, em sua essência, como um 
instrumento de realização da máxima efetividade dos direitos fundamentais do 
acusado, sendo a sua função de instrumento da efetividade penal uma meta que 
deve a todo tempo se compatibilizar com a primeira perspectiva instrumental 
apontada. 
 
2. Princípios Norteadores 
 
2.1. Presunção de inocência 
 
Talvez o mais importante dos princípios em direito penal como um todo. 
Passa o ônus da prova de acusação para o Estado, que deverá buscar meios de 
provar que o acusado cometeu o delito, mas partindo do princípio que, até que 
isso aconteça, este deverá ser considerado inocente. 
Com a Constituição Federal de 1988, o princípio da presunção de não 
culpabilidade passou a constar expressamente do inciso LVII do art. 5º: 
“Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória”. 
 
 
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2.1.1. In dubio pro reo 
 
É a garantia de que, uma vez acusado, ao Estado cabe provar a 
culpabilidade do delito e, caso falhe em fazê-lo, o acusado deverá ser presumido 
inocente. Decorre imediatamente da presunção de inocência. 
 
2.2. Princípio do contraditório 
 
É a possibilidade de contradizer o que lhe está sendo imputado para que 
possa reagir, caso necessário, aos atos desfavoráveis. Trocando em miúdos, é 
a chance de se defender. 
 
2.3. Princípio da ampla defesa 
 
Está intimamente ligado ao princípio do contraditório, mas com ele não se 
confunde. A ampla defesa pauta-se na possiblidade de o acusado se valer de 
todos os meios permitidos para se defender. Não podendo, por exemplo, que lhe 
seja negada, sem justo motivo, uma forma de prova que a lei prevê como 
possível. 
 
2.4. Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos 
 
O princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos está 
previsto na Constituição Federal (art. 5º, LVI): “são inadmissíveis, no processo, 
as provas obtidas por meios ilícitos”. 
 
2.5. Princípio do juiz natural 
 
O princípio do juiz natural deve ser compreendido como o direito que cada 
cidadão tem de saber, previamente, a autoridade que irá processar e julgá-lo 
caso venha a praticar uma conduta definida como infração penal pelo 
ordenamento jurídico. 
 
Não poderá, por exemplo, ser formado um tribunal com um juiz 
especificamente para aquele crime cometido pelo João da Silva. O magistrado 
que o julgará deverá ser juiz competente para aquele tipo de matéria antes 
mesmo do cometimento do delito. 
 
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Caso Concreto 
 
A Autoridade Policial da 13ª Delegacia de Polícia da Comarca da Capital, que investiga 
o crime de lesão corporal de natureza grave, do qual foi vítima o segurança da boate 
TheNight Agenor Silva, obtém elementos de informação que indicam a suspeita de 
autoria dos fatos ao jovem de classe média Plininho, de 19 anos. O Delegado então 
determina a intimação de Plininho para que o mesmo compareça em sede policial para 
prestar esclarecimentos, sob pena de incorrer no crime de desobediência, previsto no 
art. 330 do CP. Pergunta-se: 
 
a. Caso Plininho não compareça para prestar declarações, poderá responde pelo crime 
do art. 330 do CP? 
 
Resposta sugerida pelo professor: 
 
Por analogia ao Art. 457 do Código de processo penal, que permite que o acusado não 
permaneça à audiência de julgamento, mesmo quando regularmente intimado, Plininho 
não responderá pelo crime de desobediência, Art. 330 do CP. 
 
Ponderação pessoal minha: 
 
 Art. 457. O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do 
acusado solto, do assistente ou do advogado do querelante, que tiver 
sido regularmente intimado. 
 § 1º - Os pedidos de adiamento e as justificações de não 
comparecimento deverão ser, salvo comprovado motivo de força 
maior, previamente submetidos à apreciação do juiz presidente do 
Tribunal do Júri. 
 § 2º - Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será 
adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, salvo se 
houver pedido de dispensa de comparecimento subscrito por ele e seu 
defensor. 
 
Em nenhum lugar do artigo é dito que é permitido não comparecer à audiência. É dito, 
sim, que esta não será adiada em razão do não comparecimento. Logo, ao meu ver, 
não faz sentido usar esse artigo como analogia para dizer que Plininho não responderia 
pelo crime de desobediência. 
 
Como sempre, o recomendável, ainda que a contragosto, é seguir o entendimento 
do professor. 
 
 
b. E se houvesse processo penal tramitando regularmente e o juiz da Vara Criminal 
intimasse Plininho para o interrogatório, poderia o mesmo responder pelo delito em 
questão? 
 
Resposta sugerida pelo professor: 
 
Pelo mesmo motivo da resposta ao questionamento anterior, Plininho não responderia, 
nem mesmo nessa hipótese, ao crime de desobediência. 
 
 
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2ª Questão. 
 
Esse princípio refere-se aos fatos, já que implica ser ônus da acusação demonstrar a 
ocorrência do delito e demonstrar que o acusado é, efetivamente, autor do fato 
delituoso. Portanto, não é princípio absoluto. Também decorre desse princípio a 
excepcionalidade de qualquer modalidade de prisão processual. 
 
(...) assim, a decretação da prisão sem a prova cabal da culpa somente será exigível 
quando estiverem presentes elementos que justifiquem a necessidade da prisão. 
Edilson Mougenot Bonfim. Curso de Processo Penal. O princípio específico de que trata 
o texto é o da(o) 
 
a- Livre convencimento motivado. 
➔ b- Inocência. 
c- Contraditório e ampla defesa. 
d- Devido processo legal. 
 
3ª Questão 
 
Relativamente ao princípio de vedação de autoincriminação, analise as afirmativas a 
seguir: 
 
I - O direito ao silêncio aplica-se a qualquer pessoa (acusado, indiciado, testemunha, 
etc.), diante de qualquer indagação por autoridade pública de cuja resposta possa advir 
imputação da prática de crime ao declarante. 
 
II - O indiciado em inquérito policial ou acusado em processo criminal pode ser instado 
pela autoridade a fornecer padrões vocais para realização de perícia sob pena de 
responder por crime de desobediência. 
 
III - O acusado em processo criminal tem o direito de permanecer em silêncio, sendo 
certo que o silêncio não importará em confissão, mas poderá ser valorado pelo juiz de 
forma desfavorável ao réu. 
 
IV - O Supremo Tribunal Federal já pacificou o entendimento de que não é lícito ao juiz 
aumentar a pena do condenado utilizado como justificativa o fato do réu ter mentido em 
juízo. 
 
Assinale: 
 
a- Se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. 
b- Se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. 
➔ c- Se apenas as afirmativas I e IV estiverem corretas. 
d- Se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas. 
e- Se
todas as afirmativas estiverem corretas. 
 
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Sistemas Processuais – Aula 02 
 
1. Sistema Inquisitivo ou Inquisitório 
 
Em sua essência o sistema inquisitivo, concentra nas mãos do juiz as 
funções de acusar, defender e julgar. Em virtude dessa concentração de poderes 
nas mãos do juiz, não há falar em contraditório, o qual nem sequer seria 
concebível em virtude da falta de contraposição entre acusação e defesa. 
Ademais, geralmente o acusado permanecia encarcerado preventivamente, 
sendo mantido incomunicável. 
 
2. Sistema acusatório 
 
É o adotado no nosso país. A Carta de 1988, ao estabelecer em seu art. 
129, I que compete privativamente ao Ministério Público promover a ação penal, 
afastou o princípio inquisitivo. 
 
Nesse sistema, do ponto de vista probatório, o magistrado deve manter-
se imparcial e equidistante, já que que as provas são produzidas pelas partes 
(acusador e acusado) e todas devem ser submetidas ao crivo do contraditório, 
possibilitando a ampla defesa do acusado, já que no sistema acusatório vigora 
a publicidade dos atos processuais. 
 
3. Sistema misto 
 
No sistema misto há uma fase investigatória conduzida por um juiz com 
poderes inquisitivos (não se confunde, desse modo, com o inquérito policial, que 
possui natureza administrativa, e é presidido pelo delegado de polícia), seguida 
de uma fase acusatória, em que são assegurados todos os direitos do acusado 
como a ampla defesa e o contraditório e a independência entre acusação, defesa 
e juiz. 
 
Caso Concreto 
 
Jorginho, jovem de classe média, de 19 anos de idade, foi denunciado pela prática da 
conduta descrita no art. 217-A do CP por manter relações sexuais com sua namorada 
Tininha, menina com 13 anos de idade. A denúncia foi baseada nos relatos prestados 
pela mãe da vítima, que, revoltada quando descobriu a situação, noticiou o fato à 
delegacia de polícia local. Jorginho foi processado e condenado sem que tivesse 
constituído advogado. Á luz do sistema acusatório diga quais são os direitos de Jorginho 
durante o processo penal, mencionando ainda as características do nosso sistema 
processual. 
 
Inicialmente, podemos ver que se trata de flagrante desrespeito ao princípio do devido 
processo legal, causando, inclusive, nulidade a todos os atos realizados em desrespeito 
ao ordenamento jurídico, por não possibilitar ao acusado o contraditório e a ampla 
defesa. 
 
 
 
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Nesse sentido, a súmula 523 do Supremo Tribunal Federal não poderia ser mais 
clara, in verbis: 
 
“No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas 
a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.” 
 
 Não assegurar ao acusado a defesa técnica à qual tem direito mostra-se causa 
de nulidade absoluta do processo, consubstanciando prejuízo ínsito e insanável, 
conforme revela o Código de Processo Penal no artigo 564, inciso III, alínea 'c', 
combinado com o 572, caput, em sentido contrário, porquanto, ao anunciar os vícios 
sanáveis, não alude à ausência de defesa técnica. 
 
 Ademais, temos ainda no CPP: 
 
“Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será 
processado ou julgado sem defensor.” 
 
 No sistema penal acusatório, que a maioria da Doutrina entende como o adotado 
no Brasil, deve ser assegurado o contraditório e a ampla defesa em toda a sua plenitude, 
além de existir uma distinção absoluta entre as funções de acusar, defender e julgar, 
que deverão ficar a cargo de pessoas distintas, o que não ocorreu no caso em tela. 
 
 
2ª Questão. 
 
No que concerne à estruturação da defesa de acusados em juízo criminal, é correto 
afirmar: 
 
a. se for indicado um Defensor Público ao acusado, este não pode desconstituí-lo para 
nomear um profissional de sua confiança. 
→ b. o acusado que é Advogado pode apresentar defesa “em nome próprio”, sem 
necessidade de constituição de outro profissional 
“Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado 
o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-
se, caso tenha habilitação.” 
 
c. apenas nos crimes mais graves o acusado deve obrigatoriamente ser assistido por 
Advogado, podendo articular a própria defesa, mesmo sem habilitação, nos casos em 
que não está em risco sua liberdade. 
d. o acusado que não constituir Advogado será obrigatoriamente defendido por 
Procurador Municipal ou Estadual. 
e. o Juiz não pode indicar Advogado de forma compulsória a um acusado, que sempre 
tem o direito inalienável de articular a própria defesa, ainda que não seja habilitado para 
tanto. 
 
3ª Questão 
 
Com referência às características do sistema acusatório, assinale a opção correta. 
 
➔ a- O sistema de provas adotado é o do livre convencimento. 
b- As funções de acusar, defender e julgar concentram-se nas mãos de uma única 
pessoa. 
c- O processo é regido pelo sigilo. 
d- Não há contraditório nem ampla defesa 
 
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Aplicação da lei processual penal e Inquérito Policial – Aula 03 
 
1. Aplicação da Lei Penal 
 
1.1. Lei Processual Penal no Espaço 
 
Enquanto à lei penal aplica-se o princípio da territorialidade (CP, art. 5º) e 
da extraterritorialidade incondicionada e condicionada (CP, art. 7º), o Código de 
Processo Penal adota o princípio da territorialidade ou da lex fori. E isso por um 
motivo óbvio: a atividade jurisdicional é um dos aspectos da soberania nacional, 
logo, não pode ser exercida além das fronteiras do respectivo Estado. 
 
Assim, mesmo que um ato processual tenha que ser praticado no exterior, 
v.g., citação, intimação, interrogatório, oitiva de testemunha, etc., a lei processual 
penal a ser aplicada é a do país onde tais atos venham a ser realizados. 
 
1.2. Lei Processual Penal no Tempo 
 
No âmbito do Direito Penal, o tema não apresenta problemas. Afinal, por 
força da Constituição Federal (art. 5º, XL), a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu. Logo, cuidando-se de norma penal mais gravosa, vige o 
princípio da irretroatividade. 
 
Já no Direito processual penal, a norma, uma vez inserida no mundo 
jurídico, tem aplicação imediata, atingindo inclusive os processos que já estão 
em curso, pouco importando se traz ou não situação gravosa ao acusado, em 
virtude do princípio do efeito imediato ou da aplicação imediata, conforme se 
depreende do artigo 2º do CPP, considerando os atos pretéritos como válidos. 
 
2. Interpretação da Lei Processual Penal 
 
2.1. Analogia 
 
A analogia é forma de auto integração da lei consistente na aplicação de 
um fato não regido pela norma jurídica, pois onde há a mesma razão, deve ser 
aplicado o mesmo direito. 
 
Todavia, só se mostra possível quando não há dispositivo na legislação 
regulamentando o caso e, mesmo assim, somente se for em favor do réu. 
 
2.2. Interpretação Analógica 
 
Na interpretação analógica a norma traz uma formulação genérica que 
deve ser interpretado de acordo com as hipóteses anteriormente elencadas. A 
Interpretação Analógica somente poderá ser procedida quando a lei o permitir. 
 
Exemplo: O art. 61, II, “c”, CP fala em “à traição, de emboscada, ou 
mediante dissimulação ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a 
defesa do ofendido”. 
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2.3. Interpretação Extensiva 
 
O artigo 3º, do Código de Processo Penal impõe sua forma de integração 
ao admitir além da analogia, a interpretação extensiva. A interpretação extensiva 
ocorre quando o texto legal diz menos do que pretendia o legislador, de modo 
que o intérprete estende o alcance da norma. 
 
Exemplo: O artigo 254 do CPP traz as causas de suspeição aplicáveis ao 
Juiz que se estendem, numa interpretação extensiva, por falta de previsão legal, 
aos jurados que
compõem o Conselho de Sentença no rito do júri. 
 
3. Inquérito Policial 
 
Procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela 
autoridade policial, o inquérito policial consiste em um conjunto de diligências 
realizadas pela polícia investigativa objetivando a identificação das fontes de 
prova e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade 
da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar 
em juízo. 
 
3.1. Finalidade do Inquérito Policial 
 
Para que o Estado possa deflagrar a persecução criminal em juízo, é 
indispensável a presença de elementos de informação quanto à autoria e quanto 
à materialidade da infração penal. 
 
De fato, para que se possa dar início a um processo criminal contra 
alguém, faz-se necessária a presença de um lastro probatório mínimo apontando 
no sentido da prática de uma infração penal e da probabilidade de o acusado ser 
o seu autor. Esse é o papel do Inquérito policial. 
 
3.2. Características do Inquérito Policial 
 
➢ Oficialidade: É sempre realizado num órgão oficial. Se o crime for da 
competência da Justiça Estadual, ele será conduzido pela Polícia Civil. 
Se o crime for da competência da Justiça Federal, pela Polícia Federal; 
➢ Indisponibilidade: Uma vez iniciado o inquérito, não pode a autoridade 
policial dele dispor, devendo levá-lo até o fim, não podendo arquivá-lo por 
vedação expressa (art. 17 do CPP); 
➢ Dispensabilidade: O inquérito não é imprescindível para a propositura 
da ação penal; 
➢ Escrito: Por exigência legal (art. 9º do CPP), os atos orais serão 
reduzidos a termo. 
➢ Sigiloso: Não comporta publicidade como no processo (art. 20 do CPP). 
 
 
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3.3. Formas de instauração do inquérito policial 
 
O IP por ser um procedimento escrito é instaurado através de atos 
formais: a portaria, que é um ato formal em que o delegado declara a abertura 
do procedimento e expede determinações especiais aos seus subordinados para 
promoverem diligências investigatórias ou o auto de prisão em flagrante (APF), 
que é a redução a termo da prisão captura, com a formalização da prisão, oitiva 
do condutor e das testemunhas, dentre outros atos. 
 
Através deste auto fica instaurado o inquérito e, no próprio auto, o 
delegado já determina algumas diligências 
 
3.3.1. Crimes de ação penal pública incondicionada 
 
Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o inquérito policial pode 
ser instaurado das seguintes formas: 
 
a) de ofício: por força do princípio da obrigatoriedade, que também se estende à fase 
investigatória, caso a autoridade policial tome conhecimento do fato delituoso a partir de 
suas atividades rotineiras (v.g., notícia veiculada na imprensa, registro de ocorrência, 
etc.), deve instaurar o inquérito policial de ofício, ou seja, independentemente da 
provocação de qualquer pessoa (CPP, art. 5º, I). 
 
b) requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público: diz o art. 5º, inciso II, do 
CPP, que o inquérito será iniciado, nos crimes de ação pública, mediante requisição da 
autoridade judiciária ou do Ministério Público. 
 
c) requerimento do ofendido ou de seu representante legal: também é possível a 
instauração de inquérito policial a partir de requerimento do ofendido ou de quem tenha 
qualidade para representá-lo. 
 
d) notícia oferecida por qualquer do povo: de acordo com o art. 5º, § 3º, do CPP, 
qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em 
que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade 
policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. 
Cuida-se da chamada delatio criminis simples, comumente realizada através de uma 
ocorrência policial. 
 
e) auto de prisão em flagrante delito: a despeito de não constar expressamente do art. 
5º do CPP, o auto de prisão em flagrante é, sim, uma das formas de instauração do 
inquérito policial, funcionando o próprio auto como a peça inaugural da investigação 
 
3.3.2. Crime de ação penal pública condicionada 
 
Para instauração do IP é necessário o requerimento escrito ou verbal, que 
será reduzido a termo, do ofendido ou seu representante legal. Nessa hipótese, 
o MP só poderá requisitar a instauração do IP se encaminhar juntamente com a 
requisição a representação do ofendido. 
 
O prazo para oferecimento da representação é de 6 meses a contar do 
conhecimento da autoria. Por tratar-se de prazo decadencial não será suspenso, 
nem interrompido. 
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3.3.3. Crime de ação penal privada 
 
Caso o ofendido não possua os elementos mínimos de prova para a 
propositura da ação penal, poderá requerer ao Delegado que instaure o IP para 
a investigação. Não existe uma forma rígida do requerimento, mas este deve ser 
escrito, dirigido à autoridade competente e assinado pelo ofendido, seu 
representante legal ou por procurador com poderes especiais.1 
 
Caso haja indeferimento do pedido, caberá recurso ao Chefe de Polícia 
ou a parte poderá impetrar o mandado de segurança. 
 
Com o advento da Lei 9099/95, nos crimes cuja pena não ultrapassa dois 
anos, não há abertura de inquérito policial, pois é lavrado o termo 
circunstanciado. 
 
Caso Concreto 
 
Um transeunte anônimo liga para a circunscricional local e diz ter ocorrido 
um crime de homicídio e que o autor do crime é Paraibinha, conhecido no local. 
A simples delatio deu ensejo à instauração de inquérito policial. Pergunta-se: é 
possível instaurar inquérito policial, seguindo denúncia anônima? Responda, 
orientando-se na doutrina e jurisprudência. 
 
Sugestão de resposta: 
 
Sim, é possível, desde que se realizem investigações preliminares no 
sentido de mostrar indícios da ocorrência. 
 
Júlio Fabbrini Mirabete, corroborando o pensamento, afirma que: 
 
"Não obstante o art. 5º, IV, da CF, que proíbe o anonimato na 
manifestação do pensamento, e de opiniões diversas, nada impede a notícia 
anônima do crime (notitia criminis inqualificada), mas nessa hipótese, constitui 
dever funcional da autoridade pública destinatária, preliminarmente, proceder 
com a máxima cautela e discrição as investigações preliminares no sentido de 
apurar a verossimilhança das informações recebidas. Somente com a certeza da 
existência de indícios da ocorrência do ilícito é que deve instaurar o 
procedimento regular" 
 
 
 
1 Procuração com poderes especiais: É aquela na qual se estabelece o poder para a 
prática de determinado ato específico, ou seja, deve conter expressamente o fim a que se 
destina. 
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2ª Questão. 
 
Tendo em vista o enunciado nº 14 da Súmula Vinculante, quanto ao sigilo do 
inquérito policial, é correto afirmar que a autoridade policial poderá negar ao 
advogado 
 
a) a vista dos autos, sempre que entender pertinente. 
b) a vista dos autos, somente quando o suspeito tiver sido indiciado formalmente. 
 
c) do indiciado que esteja atuando com procuração o acesso aos depoimentos 
prestados pelas vítimas, se entender pertinente. 
 
→ d) o acesso aos elementos de prova que ainda não tenham sido 
documentados no procedimento investigatório. 
 
Súmula Vinculante 14 
 
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos 
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório 
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao 
exercício do direito de defesa. 
 
3ª Questão 
 
Em um processo em que se apura a prática dos delitos de supressão de tributo 
e evasão de divisas, o Juiz Federal da 4ª Vara Federal Criminal de Arroizinho determina 
a expedição de carta rogatória para os Estados Unidos da América, a fim de que seja 
interrogado
o réu Mário. Em cumprimento à carta, o tribunal americano realiza o 
interrogatório do réu e devolve o procedimento à Justiça Brasileira, a 4ª Vara Federal 
Criminal. O advogado de defesa de Mário, ao se deparar com o teor do ato praticado, 
requer que o mesmo seja declarado nulo, tendo em vista que não foram obedecidas as 
garantias processuais brasileiras para o réu. Exclusivamente sobre o ponto de vista da 
Lei Processual no Espaço, a alegação do advogado está correta? 
 
a) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as 
normas processuais brasileiras podem ser aplicadas fora do território nacional. 
 
→ b) Não, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas 
processuais brasileiras só se aplicam no território nacional. 
 
O Código de Processo Penal adota o princípio da territorialidade ou da lexfori. E isso 
por um motivo óbvio: a atividade jurisdicional é um dos aspectos da soberania nacional, 
logo, não pode ser exercida além das fronteiras do respectivo Estado. 
 
Assim, mesmo que um ato processual tenha que ser praticado no exterior, v.g., citação, 
intimação, interrogatório, oitiva de testemunha, etc., a lei processual penal a ser aplicada 
é a do país onde tais atos venham a ser realizados. 
 
c) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas 
processuais brasileiras podem ser aplicadas em qualquer território. 
 
d) Não, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as 
normas processuais brasileiras podem ser aplicas fora no território nacional. 
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Investigação Criminal – Aula 04 
 
1. Notitia criminis 
 
É o conhecimento pela autoridade, espontâneo ou provocado, de um fato 
aparentemente criminoso. A ciência da infração penal pode ocorrer de diversas 
maneiras, e esta comunicação, provocada ou por força própria, é chamada de 
notícia do crime. 
 
A notitia criminis pode ser: 
 
a) Espontânea ou imediata: a que se dá de maneira direta, por meios 
não formais, através da atividade própria da polícia. 
Exemplo: Através de uma notícia veiculada pela imprensa, a autoridade 
policial toma conhecimento do encontro de um cadáver. 
 
b) Provocada ou mediata: a que decorre de um ato jurídico formal 
previsto na lei processual, como a representação ou a requisição, ou seja, “é o 
conhecimento da infração pela autoridade mediante provocação de terceiros 
(Delatio Criminis)”. 
Exemplo: O Ministério Público toma conhecimento de um crime e requisita 
ao Delegado à abertura do inquérito. 
 
c) Coercitiva: a decorrente da prisão em flagrante. 
 
 Delação apócrifa ou Notitia criminis inqualificada → A notitia criminis 
inqualificada ou delação apócrifa é aquela vulgarmente chamada de denúncia 
anônima. 
 A delação anônima por si só não enseja a abertura do Inquérito Policial, 
sendo necessária uma averiguação prévia para saber se a notícia procede. 
 
2. Prazo para a conclusão do inquérito policial 
 
De acordo com o art. 10, caput, do CPP, o inquérito deverá terminar no 
prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver 
preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que 
se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 (trinta) dias, quando estiver 
solto, mediante fiança ou sem ela. 
 
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Caso Concreto 
 
Em um determinado procedimento investigatório, cujo investigado estava solto, 
a autoridade policial entendeu com base nos indícios apontados em encerrar a 
investigação apresentando como termo final, o relatório conclusivo do feito com 
indiciamento do sujeito, bem como encaminhou as respectivas peças a autoridade 
judiciária, na forma do artigo 10, parágrafo primeiro do CPP. Tendo como parâmetro o 
nosso sistema processual penal, analise a questão à luz da adequada hermenêutica 
constitucional. 
 
Sugestão de Resposta dado pelo Professor (adaptada): 
 
A despeito do teor do referido dispositivo, por conta da adoção do sistema 
acusatório pela Constituição Federal, outorgando ao Ministério Público a titularidade da 
ação penal pública, não há como se admitir que ainda subsista essa necessidade de 
remessa inicial dos autos ao Poder Judiciário. Há de se entender que essa tramitação 
judicial do inquérito policial prevista nos arts. 10, § 1º, e 23, do CPP, não foi 
recepcionada pela Constituição Federal. 
 
2ª Questão. 
 
Com relação ao inquérito policial, assinale a opção correta. 
 
A- É indispensável a assistência de advogado ao indiciado, devendo ser observadas as 
garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 
→ B- A instauração de inquérito policial é dispensável caso a acusação possua 
elementos suficientes para a propositura da ação penal. 
C- Trata-se de procedimento escrito, inquisitivo, sigiloso, informativo e disponível. 
D- A interceptação telefônica poderá ser determinada pela autoridade policial, no 
curso da investigação, de forma motivada e observados os requisitos legais. 
 
3ª Questão 
 
Leia o registro que se segue. 
 
Mévio, motorista de táxi, dirigia seu auto por via estreita, que impedia ultrapassagem de autos. 
Túlio, septuagenário, seguia com seu veículo à frente do de Mévio, em baixíssima velocidade, 
causando enorme congestionamento na via. Quando Túlio parou em semáforo, Mévio desceu 
de seu táxi e passou a desferir chutes e socos contra a lataria do auto de Túlio, danificando-a. 
Policiais se acercaram do local e detiveram Mévio, que foi conduzido à Delegacia de Polícia. Lá, 
o Delegado entendeu que o crime era de dano, com pena de detenção de 01 a 06 meses ou 
multa. Iniciou a lavratura do Termo Circunstanciado, previsto na Lei n.º 9.099/95. Ao finalizá-lo, 
entregou a Mévio para que assinasse o Termo de Comparecimento ao Juizado Especial Criminal, 
o que foi por ele recusado. Indique o procedimento a ser adotado. 
 
a- Registro apenas em Boletim de Ocorrência para futuras providências. 
→ b- Considerando que ocorrera prisão em flagrante, ante a não assinatura do Termo 
de Comparecimento ao JECRIM, deve o Delegado de Polícia lavrar auto de prisão em 
flagrante, fixando fiança. 
c- Deve o Delegado lavrar o auto de prisão em flagrante e permitir que Mévio se livre 
solto. 
d- O Termo Circunstanciado deve ser remetido ao Juízo, mesmo que Mévio não tenha 
assinado o Termo de Comparecimento, para que o Magistrado, ouvido o Ministério 
Público, tome as providências que julgar cabíveis, podendo até decretar eventual prisão 
temporária. 
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Arquivamento e desarquivamento do inquérito policial. 
Teoria Geral da Ação Penal – Aula 05 
 
1. Arquivamento do Inquérito Policial 
 
O arquivamento do IP é ato do juiz, que determinará o arquivamento de 
forma motivada somente se houver pedido, neste sentido, do Ministério Público 
que é o titular da ação penal pública (art. 129, I, CF). 
 
A autoridade policial, verificando a ausência de justa causa, 
deverá/poderá deixar de instaurar o IP, mas uma vez já o tendo instaurado, não 
poderá arquivá-lo, conforme disposto no art. 17, CPP, devendo remeter os autos 
ao MP para que este decida (Princípio da Indisponibilidade/Obrigatoriedade). 
 
1.1. Arquivamento implícito do inquérito 
 
Majoritariamente, tanto o entendimento jurisprudencial quanto doutrinário 
é de que não há arquivamento implícito em nosso ordenamento jurídico, já que 
não há previsão legal para tanto e o art. 28 do CPP exige que o pedido de 
arquivamento de inquérito seja expresso e fundamentado. 
 
Por outro giro, alguns doutrinadores entendem que se deve buscar um 
mecanismo para estabilizar a situação do indiciado, razão pela qual vislumbram 
três espécies de ocorrência de arquivamento implícito: 
 
➢ Subjetivo: Ocorre quando duas pessoas são indiciadas; uma delas é 
denunciada e
o MP se omite com relação a outra; o juiz recebe a denúncia e 
também se omite com relação a outra. 
 
➢ Objetivo: Ocorre quando alguém é indiciado por dois crimes; o Ministério 
Público oferece a denúncia com relação a um dos crimes e se omite com relação 
ao outro; o juiz recebe a denúncia com relação a um dos crimes e também se 
omite com relação ao outro. 
 
➢ De Tipo Derivado: Ocorre quando alguém é indiciado por um tipo derivado 
(ex.: homicídio qualificado); o MP oferece a denúncia com relação ao tipo simples 
(ex.: homicídio simples), omitindo-se com relação à qualificadora; o juiz recebe 
a denúncia e também se omite quanto à qualificadora. 
 
➢ A Súmula 524 STF: Embora se refira a ação penal, determina que 
“Arquivado o Inquérito policial por despacho do juiz, a requerimento do promotor 
de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas”, o que nos leva 
a entender que não há arquivamento implícito. 
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Teoria Geral da Ação Penal 
 
Temos que a ação penal é o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação 
do direito penal objetivo a um caso concreto. É também o direito público subjetivo 
do Estado-Administração, único titular do poder-dever de punir, de pleitear ao 
Estado-juiz a aplicação do direito penal objetivo, com a consequente satisfação 
da pretensão punitiva. 
 
1. Condições da ação penal 
 
Em geral, a doutrina considera como condições da ação a legitimidade, o 
interesse de agir e a possibilidade jurídica do pedido. 
 
Além disso, temos como condição também a justa causa, que é a 
existência de indícios mínimos de autoria e materialidade, ou seja, é o suporte 
probatório mínimo, sem o qual ninguém pode ser processado criminalmente. 
 
Caso Concreto 
 
João e José são indiciados em IP pela prática do crime de peculato. Concluído 
o IP e remetidos ao MP, este vem oferecer denúncia em face de João, 
silenciando quanto à José, que é recebida pelo juiz na forma em que foi proposta. 
Pergunta-se: Trata-se a hipótese de arquivamento implícito? Aplica-se a Súmula 
524 do STF? 
 
Sugestão de resposta: 
 
Sim. Trata-se de arquivamento implícito subjetivo. Não há a aplicação da súmula 
524 do Supremo Tribunal Federal, porque não houve o arquivamento formal, por 
despacho do Juiz e a requerimento do membro do Ministério Público. 
 
2ª Questão. 
 
Na cidade “A”, o Delegado de Polícia instaurou inquérito policial para averiguar 
a possível ocorrência do delito de estelionato praticado por Márcio, tudo 
conforme minuciosamente narrado na requisição do Ministério Público Estadual. 
Ao final da apuração, o Delegado de Polícia enviou o inquérito devidamente 
relatado ao Promotor de Justiça. No entendimento do parquet, a conduta 
praticada por Márcio, embora típica, estaria prescrita. Nessa situação, o 
Promotor deverá 
 
a) arquivar os autos. 
b) oferecer denúncia. 
c) determinar a baixa dos autos. 
→d) requerer o arquivamento. 
 
 
 
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3ª Questão 
 
A autoridade policial, ao chegar no local de trabalho como de costume, lê o noticiário 
dos principais jornais em circulação naquela circunscrição. Dessa forma, tomou 
conhecimento, através de uma das reportagens, que o indivíduo conhecido como “José 
da Carroça”, mais tarde identificado como José de Oliveira, teria praticado um delito de 
latrocínio. Diante da notícia da ocorrência de tão grave crime, instaurou o regular 
inquérito policial, passando a investigar o fato. Após reunir inúmeras provas, concluiu 
que não houve crime. Nesse caso, deverá a autoridade policial: 
 
A) determinar o arquivamento dos autos por falta de justa causa para a propositura da 
ação. 
B) encaminhar os autos ao Ministério Público para que este determine o seu 
arquivamento. 
→C) relatar o inquérito policial, sugerindo ao Ministério Público seu arquivamento, o que 
será apreciado pelo juiz. 
D) relatar o fato a Chefe de Polícia, solicitando autorização para arquivar os autos por 
ausência de justa causa para a ação penal. 
E) relatar o inquérito policial, requerendo o seu arquivamento e encaminhando-o ao 
juízo competente. 
Ação Penal – Aula 06 
 
1. Classificação da Ação Penal quanto à titularidade 
 
No âmbito processual penal, a doutrina costuma classificar a ação penal 
a partir da legitimação ativa. Tem-se, assim, a ação penal pública e a ação penal 
de iniciativa privada. Pode-se dizer que a ação penal pública, cujo titular é o 
Ministério Público, subdivide-se em: 
 
a) Ação Penal Pública Incondicionada: nesta espécie de ação penal, a 
atuação do Ministério Público independe do implemento de qualquer condição 
específica; 
 
b) Ação Penal Pública Condicionada: nessa hipótese, a atuação do 
Ministério Público está subordinada ao implemento de uma condição – 
representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça; 
 
A outra espécie de ação penal condenatória é a ação penal de iniciativa 
privada. Certos crimes atentam contra interesses tão próprios da vítima que o 
próprio Estado transfere a ela ou ao seu representante legal a legitimidade para 
ingressar em juízo. 
 
São espécies de ação penal de iniciativa privada: 
 
a) Ação Penal Exclusivamente Privada: em se tratando de ação penal 
de iniciativa privada, funciona como a regra. É oferecida por meio de queixa-
crime também pode ser oferecida não só pelo ofendido ou por seu representante 
legal, como também por curador especial (CPP, art. 33), pelos sucessores do 
ofendido, em caso de morte ou declaração de ausência (CPP, art. 31). 
 
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b) Ação Penal Privada Personalíssima: são raras as espécies de crimes 
subordinados a esta espécie de ação penal privada. Na verdade, subiste apenas 
o crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (CP, art. 
236, parágrafo único), já que o adultério foi revogado pela Lei nº 11.106/05. 
 
Diferencia-se da hipótese anterior porque a queixa só pode ser oferecida 
pelo próprio ofendido, sendo incabível a sucessão processual. 
 
c) Ação Penal Privada Subsidiária Da Pública (ou ação penal 
acidentalmente privada): diz a Constituição Federal que “será admitida ação 
privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal” 
(art. 5º, LIX). Seu cabimento está subordinado à inércia do Ministério Público. 
 
2. Princípios da Ação Penal Pública 
 
2.1. Princípio da oficialidade 
 
Consiste na atribuição da legitimidade para a persecução criminal aos 
órgãos do Estado. Em outras palavras, a apuração das infrações penais fica, em 
regra, a cargo da polícia investigativa, enquanto que a promoção da ação penal 
pública incumbe ao Ministério Público, nos exatos termos do art. 129, I, da 
Constituição Federal. 
 
2.2. Princípio da indisponibilidade da ação penal pública 
 
Funciona como desdobramento lógico do princípio da obrigatoriedade. 
Em outras palavras, se o Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia, caso 
visualize a presença das condições da ação penal e a existência de justa causa 
(princípio da obrigatoriedade), também não pode dispor ou desistir do processo 
em curso (indisponibilidade). 
 
2.3. Princípio da obrigatoriedade 
 
De acordo com o princípio, aos órgãos persecutórios criminais não se 
reserva qualquer critério político ou de utilidade social para decidir se atuarão ou 
não. Assim é que, diante da notícia de uma infração penal, da mesma forma que 
as autoridades policiais têm a obrigação de proceder à apuração do fato 
delituoso, ao órgão do Ministério Público se impõe o dever de oferecer denúncia 
caso visualize elementos de informação quanto à existência de fato típico, ilícito 
e culpável, além da presença das condições da ação penal e de justa causa para 
a deflagração do processo criminal. 
 
 
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3. Princípios da Ação Penal Privada 
 
3.1. Princípio da oportunidade
ou conveniência 
 
Por conta deste princípio, cabe ao ofendido ou ao seu representante legal 
o juízo de oportunidade ou conveniência acerca do oferecimento (ou não) da 
queixa-crime. Consiste, pois, na faculdade que é outorgada ao titular da ação 
penal para dispor, sob determinadas condições, de seu exercício, com 
independência de que se tenha provado a existência de um fato punível contra 
um autor determinado. 
 
3.2. Princípio da disponibilidade 
 
À ação penal de iniciativa privada (exclusiva ou personalíssima) aplica-se 
o princípio da disponibilidade, que funciona como consequência do princípio da 
oportunidade ou conveniência. 
 
Diferenciam-se na medida em que o princípio da oportunidade incide 
antes do oferecimento da queixa-crime, ao passo que, por força do princípio da 
disponibilidade, é possível que o querelante desista do processo criminal em 
andamento, podendo fazê-lo de 3 (três) formas: 
 
a) perdão da vítima: consiste em causa extintiva da punibilidade de 
aplicação restrita à ação penal exclusivamente privada e à ação penal privada 
personalíssima, cabível quando houver a aceitação por parte do querelado; 
 
b) perempção: ainda que o querelado não aceite o perdão, é possível 
dispor da ação penal exclusivamente privada ou personalíssima por meio da 
perempção, causa extintiva da punibilidade, consubstanciada na perda do direito 
de prosseguir no exercício da ação penal privada em virtude da desídia do 
querelante; 
 
c) conciliação e termo de desistência da ação no procedimento dos crimes 
contra a honra de competência do juiz singular: grande parte dos crimes contra 
a honra é tida como infração de menor potencial ofensivo, e, portanto, da 
competência do Juizado Especial Criminal, já que a pena máxima privativa de 
liberdade não é superior a 2 (dois) anos. 
 
3.3. Princípio da indivisibilidade 
 
De acordo com o art. 48 do CPP, “a queixa contra qualquer dos autores 
do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua 
indivisibilidade”. 
 
Como visto acima, por força do princípio da oportunidade ou 
conveniência, cabe ao ofendido ou ao seu representante legal fazer a opção pelo 
oferecimento (ou não) da queixa-crime. Agora, se optar pelo oferecimento da 
queixa, uma coisa é certa: o querelante não pode escolher quem vai processar; 
ele está obrigado a processar todos os autores do delito, por força do princípio 
da indivisibilidade. 
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3.4. Peculiaridades da Ação Penal Privada 
 
3.4.1. Decadência 
 
Com natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade, consiste a 
decadência na perda do direito de queixa ou de representação pelo seu não 
exercício dentro do prazo legal (seis meses), contados, em regra, a partir do 
conhecimento da autoria. 
 
O mesmo prazo vale para a Ação penal privada subsidiária da pública. 
 
3.4.2. Renúncia do direito de queixa 
 
A renúncia também funciona como causa extintiva da punibilidade, de 
aplicação restrita à ação penal exclusivamente privada e à ação penal privada 
personalíssima. Caso o ofendido queira abrir mão do seu direito de queixa, 
poderá fazê-lo por meio da renúncia, expressa ou tácita 
 
3.4.3. Perdão do ofendido 
 
Consiste em causa extintiva da punibilidade de aplicação restrita à ação 
penal exclusivamente privada e à ação penal privada personalíssima, cabível 
quando houver a aceitação por parte do querelado. 
 
3.4.4. Perempção 
 
Ainda que o querelado não aceite o perdão, é possível dispor da ação 
penal exclusivamente privada ou personalíssima por meio da perempção, causa 
extintiva da punibilidade, consubstanciada na perda do direito de prosseguir no 
exercício da ação penal privada em virtude da desídia do querelante. Não se 
aplicando, porém, à ação penal privada subsidiária da pública. 
 
As causas que acarretam a perempção estão elencadas no art. 60, do 
Código de Processo Penal, sendo elas: 
 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixa de promover o andamento do 
processo durante 30 (trinta) dias seguidos; 
 
II - quando, falecido o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não 
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o 
disposto no art. 36; 
 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a 
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o 
pedido de condenação nas alegações finais; 
 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar 
sucessor. 
 
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3.4.5. Aditamento pelo Ministério Público 
 
Quanto ao aditamento da queixa-crime pelo órgão ministerial, diz o art. 45 
do CPP que “a queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, 
poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os 
termos subsequentes do processo”. O dispositivo deixa transparecer, à primeira 
vista, que o Ministério Público teria ampla legitimidade para proceder ao 
aditamento da queixa-crime. 
 
Porém, deve se distinguir as hipóteses de ação penal privada exclusiva e 
privada personalíssima das hipóteses de ação penal privada subsidiária da 
pública. Nas hipóteses de ação penal exclusivamente privada e privada 
personalíssima, como o Ministério Público não é dotado de legitimatio ad 
causam, não tem legitimidade para incluir coautores, partícipes e outros fatos 
delituosos de ação penal de iniciativa privada, podendo aditar a queixa-crime 
apenas para incluir circunstâncias de tempo, de lugar, modus operandi, etc. 
 
Na ação penal privada subsidiária da pública, como a ação penal, em sua 
origem, é de natureza pública, conclui-se que o Ministério Público tem ampla 
legitimidade para proceder ao aditamento, seja para incluir novos fatos 
delituosos, coautores e partícipes, seja para acrescentar elementos acidentais 
como dados relativos ao local e ao momento em que o crime foi praticado (CPP, 
art. 29). 
 
3.4.6. A Súmula 714 do STF 
 
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério 
público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime 
contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. 
 
 
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Caso Concreto 
 
João, diretor de uma empresa de marketing, agride sua mulher, Maria, 
modelo fotográfica, causando-lhe lesão de natureza leve. Instaurado inquérito 
policial, este é concluído após 30 dias, contendo a prova da materialidade e da 
autoria, e remetido ao Ministério Público. Maria, então, procura o Promotor de 
Justiça e pede a este que não denuncie João, pois o casal já se reconciliou, a 
lesão já desapareceu e, principalmente, a condenação de João (que é 
reincidente) faria com que este perdesse o emprego, o que deixaria a própria 
vítima e seus três filhos menores em situação dificílima. Diante de tais razões, 
pode o MP deixar de oferecer denúncia? 
 
Trata-se de ação pública incondicionada. Logo, o ministério público não poderá 
atender ao pedido, por força do princípio da obrigatoriedade. 
 
2ª Questão 
 
Paulo Ricardo, funcionário público federal, foi ofendido, em razão do exercício 
de suas funções, por Ana Maria. Em face dessa situação hipotética, assinale a opção 
correta no que concerne à legitimidade para a propositura da respectiva ação penal. 
 
→a) Será concorrente a legitimidade de Paulo Ricardo, mediante queixa, e do MP, 
condicionada à representação do ofendido. 
b) Somente o MP terá legitimidade para a propositura da ação penal, mas, para tanto, 
será necessária a representação do ofendido ou a requisição do chefe imediato de Paulo 
Ricardo. 
c) A ação penal será pública incondicionada, considerando-se que a ofensa foi praticada 
propter officium e que há manifesto
interesse público na persecução criminal. 
d) A ação penal será privada, do tipo personalíssima. 
 
3ª Questão 
 
Maria, que tem 18 anos de idade, é universitária e reside com os pais, que a sustentam 
financeiramente, foi vítima de crime que é processado mediante ação penal pública 
condicionada à representação. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção 
correta. 
 
A- Caso Maria venha a falecer, prescreverá o direito de representação se seus pais não 
requererem a nomeação de curador especial pelo juiz, no prazo legal. 
B- O representante legal de Maria também poderá mover a ação penal, visto que o 
direito de ação é concorrente em face da dependência financeira e inicia-se a partir da 
data em que o crime tenha sido consumado. 
C- Caso Maria deixe de exercer o direito de representação, a condição de 
procedibilidade da ação penal poderá ser satisfeita por meio de requisição do ministro 
da justiça. 
→D- Caso Maria exerça seu direito à representação e o membro do MP não promova a 
ação penal no prazo legal, Maria poderá mover ação penal privada subsidiária da 
pública. 
 
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Ação penal privada e Ação civil ex delicto – Aula 07 
 
Pelo plano de aula a aula 7 trataria da Ação penal privada e da Ação civil 
ex delicto. Todavia, da maneira como foi estruturado pelo professor, a parte 
sobre ação penal privada acabou sendo tratada na aula 6. Motivo pelo qual 
nesse trecho vamos revisar apenas o que diz respeito à ação civil ex delicto. 
 
1. Ação Civil Ex Delicto 
 
Por conta de uma mesma infração penal, cuja prática é atribuída a 
determinada pessoa, podem ser exercidas duas pretensões distintas: de um 
lado, a chamada pretensão punitiva, isto é, a pretensão do Estado em impor a 
pena cominada em lei; do outro lado, a pretensão à reparação do dano que a 
suposta infração penal possa ter causado à determinada pessoa. 
 
É nesse sentido que o art. 186 do Código Civil preceitua que “aquele que, 
por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Na 
mesma linha, por força do art. 927 do CC, “aquele que, por ato ilícito (arts. 186 
e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. 
 
Como se percebe, há uma relação natural e evidente entre a prática de 
uma infração penal e o possível prejuízo patrimonial que dela pode resultar ao 
ofendido, facultando-lhe o direito à reparação. Não por outro motivo, ao tratar 
dos efeitos automáticos da condenação, o próprio Código Penal estabelece que 
um deles é o de tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime 
(art. 91, I). 
 
1.1. Sistemas Atinentes à Relação entre a Ação Civil Ex Delicto e o Processo 
Penal 
 
São quatro os sistemas que dispõem sobre o relacionamento entre a ação 
civil para reparação do dano e a ação penal para a punição do autor da infração 
penal: 
 
a) Sistema Da Confusão: na antiguidade, muito antes de o Estado trazer para 
si a solução dos conflitos intersubjetivos, cabia ao ofendido buscar a reparação 
do dano e a punição do autor do delito por meio da ação direta sobre o ofensor. 
Por meio deste sistema, a mesma ação era utilizada para a imposição da pena 
e para fins de ressarcimento do prejuízo causado pelo delito; 
 
b) Sistema Da Solidariedade: neste sistema, há uma cumulação obrigatória de 
ações distintas perante o juízo penal, uma de natureza penal, e outra cível, 
ambas exercidas no mesmo processo, ou seja, apesar de separadas as ações, 
obrigatoriamente são resolvidas em conjunto e no mesmo processo; 
 
 
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c) Sistema Da Livre Escolha: caso o interessado queira promover a ação de 
reparação do dano na seara cível, poderá fazê-lo. Porém, neste caso, face a 
influência que a sentença penal exerce sobre a civil, incumbe ao juiz cível 
determinar a paralisação do andamento do processo até a superveniência do 
julgamento definitivo da demanda penal, evitando-se, assim, decisões 
contraditórias. De todo modo, a critério do interessado, admite-se a cumulação 
das duas pretensões no processo penal, daí por que se fala em cumulação 
facultativa, e não obrigatória, como se dá no sistema da solidariedade; 
 
d) Sistema Da Independência: por força deste sistema, as duas ações podem 
ser propostas de maneira independente, uma no juízo cível, outra no âmbito 
penal. Isso porque, enquanto a ação cível versa sobre questão de direito privado, 
de natureza patrimonial, a outra versa sobre o interesse do Estado em sujeitar o 
suposto autor de uma infração penal ao cumprimento da pena cominada em lei. 
 
Nosso Código de Processo Penal adota o sistema da independência das 
instâncias, com certo grau de mitigação. 
 
Apesar de o art. 63 do CPP dispor que, transitada em julgado a sentença 
condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da 
reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros, de 
onde se poderia inferir a adoção do sistema da solidariedade, o art. 64 do CPP 
prevê que sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento 
do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, 
contra o responsável civil, o que acaba por confirmar que o sistema adotado pelo 
CPP é o da independência, com a peculiaridade de que a sentença penal 
condenatória já confere à vítima um título executivo judicial. 
 
Cabe destacar a regra do Art. 68: 
 
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 
1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 
64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público. 
 
2. Efeitos da Absolvição Penal 
 
2.1. Absolvição por excludentes de ilicitude 
 
A decisão absolutória fará coisa julgada no cível, mas desde que o 
ofendido tenha dado causa à excludente. Sobre o assunto, o art. 65 do CPP 
dispõe que faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido 
o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito 
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. O mesmo vale 
para a decisão que demonstre estar comprovada a inexistência do fato. 
 
Note que a absolvição por falta de provas, seja por falta de provas da 
autoria ou mesmo falta de provas da existência do fato, por aplicação do in dubio 
pro reo, não vincula as esferas, ou seja, a decisão penal não fará coisa julgada 
na cível. 
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Caso Concreto 
 
Paula, com 16 anos de idade é injuriada e difamada por Estevão. Diante do 
exposto, pergunta -se: 
 
a) De quem é a legitimidade ad causam e ad processum para a propositura da 
queixa? 
 
A legitimidade ad causam (capacidade de ser parte) pertence a Paula, já 
legitimidade ad processum (capacidade de estar no processo\juízo) pertence aos 
pais ou representantes legais, na falta daqueles. 
 
b) Caso Paula fosse casada, estaria dispensada a representação por parte do 
cônjuge ou do seu ascendente? Em caso positivo por quê? Em caso negativo 
quem seria seu representante legal? 
 
A emancipação só gera efeitos civis. Como exemplo, caso fizesse falsas 
afirmações não estaria sujeita às sanções pela prática do injusto penal de 
Denunciação Caluniosa. Assim necessária a intervenção do representante legal, 
na figura de seus ascendentes e não possuindo Paula representante legal, seria 
viável a nomeação de curador especial. 
 
c) Se na data da ocorrência do fato Paula possuísse 18 anos a legitimidade para 
a propositura da ação seria concorrente ou exclusiva? 
 
Exclusiva, uma vez que a maioridade é atingida aos 18 anos completos. 
Segundo a melhor doutrina o artigo 34 do CPP, assim como outros dispositivos 
do Código de Processo Penal, perdeu o objeto e foram revogados. 
 
2ª Questão 
 
Acerca da ação
civil ex delicto, assinale a opção correta. 
 
a) A execução da sentença penal condenatória no juízo cível é ato 
personalíssimo do ofendido e não se estende aos seus herdeiros. 
 
→b) Ao proferir sentença penal condenatória, o juiz fixará valor mínimo para a 
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos 
pelo ofendido, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente 
sofrido. 
 
c) Segundo o CPP, a sentença absolutória no juízo criminal impede a propositura 
da ação civil para reparação de eventuais danos resultantes do fato, uma vez 
que seria contraditório absolver o agente na esfera criminal e processá-lo no 
âmbito cível. 
 
d) O despacho de arquivamento do inquérito policial e a decisão que julga extinta 
a punibilidade são causas impeditivas da propositura da ação civil. 
 
 
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3ª Questão 
 
Relativamente às regras sobre ação civil fixadas no Código de Processo Penal, 
assinale a alternativa correta. 
 
a) São fatos que impedem a propositura da ação civil: o despacho de 
arquivamento do inquérito ou das peças de informação, a decisão que julgar 
extinta a punibilidade e a sentença absolutória que decidir que o fato imputado 
não constitui crime. 
 
b) Sobrevindo a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil não poderá 
ser proposta em nenhuma hipótese. 
 
c) Transitada em julgado a sentença penal condenatória, a execução só poderá 
ser efetuada pelo valor fixado na mesma, não se admitindo, neste caso, a 
liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. 
 
→d) Transitada em julgado a sentença penal condenatória, poderão promover-
lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, 
seu representante legal ou seus herdeiros.

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