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Antropologia Tribos Urbanas

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Antropol. Cultural e Rel. étnico-raciais 
Tribos 
 Urbanas 
Aluna: Fernanda Rocha Meirelles Andrade – 1º Período
Professor: Guilherme José M. Faria
Universidade Veiga de Almeida – Campus Barra
Data: 13 de Setembro de 2018
Avaliação A1.
Rio de Janeiro – RJ
 2018
SUMÁRIO
Introdução .................................................................................. 3
História ................................................................................3-4
 História dos motos clubes ................................................................................4-8
Cultura ...................................................................................9
Rótulos (Tipos de motociclistas) ...........................................................................9-12
Diferença entre motociclista e motoqueiro ............................................................................12-13
Conclusão ...........................................................................13-14
Referências .................................................................................14
 Introdução 
Tribo Urbana
Segundo o sociólogo francês Michel Maffesoli, criador do termo “tribo urbana” criou este termo para designar um grupo de pessoas, geralmente jovens, que constituem uma subcultura na qual são partilhados interesses políticos, de moda, musicais, cinematográficos e ideológicos.  Escolhi a tribo de motoqueiros para a realização deste trabalho e transmitirei maiores informações sobre esta tribo urbana. Acredito que esta tribo seja muito rica de ideias e de transformações da sociedade, e pressuponho que haja muitas dúvidas com relação a ela. Tem como base e objetivo principal estabelecer convivência entre amigos unidos por um objetivo principal, no caso dos motoqueiros, é o meio de transporte. A motocicleta, em questão. Nos próximos tópicos, falaremos mais sobre eles.
 
 MOTOQUEIROS
Desenvolvimento
 - História
Os motoqueiros, também conhecidos como “rockers”, são uma tribo urbana originada na década de 50, na Inglaterra. Constituída por jovens, na maioria de classe baixa e operária, os “rockers” refletiram o clima de desencanto e pessimismo que permeou a sociedade pós-guerra (1939 – 1945). Antes da guerra, a motocicleta era um produto caro na Inglaterra, de uso praticamente exclusivo das classes mais altas. Após o conflito, o preço das motos caiu, o que fez o veículo se popularizar entre os jovens pobres do país.
 	A liberdade proporcionada pela motocicleta, aliada à influência do rock e do cinema dos Estados Unidos, ajudou a moldar as características da subcultura dos motoqueiros. Descontentes com a política dos últimos anos na Europa, o que os “rockers da motocicleta” mais prezavam era a liberdade. De pensar, de agir, de ir e vir, sem a interferência das autoridades e das normas sociais vigentes. Os Rockers também eram conhecidos pela sua rivalidade com os mods (a temática central do filme Quadrophenia de 1979).
Tem semelhanças com outros fenómenos surgidos na mesma época noutros países, como os Greasers nos Estados Unidos (embora estes fossem mais entusiastas dos carros hot rod do que das motocicletas), os Blouson noirs na França, os Bodgies e Widgies na Austrália e Nova Zelândia ou os Kaminari-zoku (Tribo do trovão) no Japão.
Embora a subcultura já existisse na década de 1950, eles eram conhecidos como Ton Up Boys/Girls, porque "ton-up" era uma gíria inglesa para a condução de 100 mph (160 kmh). São diferentes dos Greasers , Rockabillies, Teddy Boys e Punks . No entanto, os rockers nos anos de 1960 eram comumente referidos como greasers ou graxa como um insulto pelos mods, e hoje o uso dos termos, greaser e rocker é bastante intercambiável no Reino Unido. Em 1965, o termo americano greaser tinha atravessado para o Reino Unido, com uma escrita no The Sun. "Greasers apenas significa que eles costumavam modificar suas motocicletas".
Os “rockers” compravam motos regulares e as modificavam, de forma a priorizar velocidade e aparência em detrimento de conforto e segurança. O veículo não era visto apenas como meio de transporte, mas também como símbolo de masculinidade, força, liberdade e rebeldia. Os motoqueiros nada temiam enquanto estavam dirigindo suas máquinas. Usavam jaquetas de couro, faixas na cabeça, óculos aviador, capacetes com a parte da frente aberta e calças jeans. 
No início de sua existência, eles não consumiam drogas. Consideravam-nas como o que de pior existe na sociedade. Acredita-se que isto se deve ao fato de os “mods”, tribo rival dos “rockers”, serem grandes usuários de drogas, o que gerava repulsa por parte dos motoqueiros. Com o tempo, o uso de drogas foi tornando-se comum entre alguns deles, porém nunca foi importante para a ideologia da tribo. 
- A história dos motoclubes
Apesar do crescimento do interesse sobre esta máquina fantástica estar cercando a virada do século XX, data de 1868 a construção da primeira motocicleta. Desde os primórdios, ela já despertava o instinto de liberdade naqueles poucos que ousavam desafiá-la. Não demorou muito para que esses primeiros motociclistas percebessem as vantagens de viajar em grupo - apesar de que, andar de moto já é inevitavelmente um ato solitário.
Já na primeira década do século XX se organizavam corridas de motos, o que aumentaria consideravelmente o interesse e a admiração por este novo meio de transporte e, conseqüentemente, a criação de clubes que nada mais eram que entidades sociais de indivíduos que andavam de moto juntos.
Neste período nasce o Motoclube do Brasil, primeira associação motociclística brasileira nos moldes de uma associação, cuja sede ainda hoje resiste no Rio de Janeiro. Estas associações persistiram até a década de trinta quando apareceram nos EUA os primeiros motoclubes com tendências mais rígidas. Nesta época eram produzidas mais de 200 marcas de motocicletas, mas o mercado consolidou apenas três: Harley Davidson, Indian e Excelsior, que juntas respondiam por 90% das vendas. Naquela década a grande depressão devastou a indústria e apenas a Harley Davidson conseguiu sobreviver, apesar de a Indian ter se mantido até 1953 e retornado na década de 1990.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, muitos membros das forças armadas americanas foram desmobilizados e não conseguiram se readaptar à vida da sociedade "normal" - deixando de lado aqui, o princípio da normalidade. Era deprimente para eles a rotina de trabalho, família, hipotecas, faculdades e etc..... Acostumados com a adrenalina depois de tanto tempo vivendo no limite e ao mesmo tempo querendo desfrutar ao máximo a liberdade e o próprio fato de estarem vivos de volta ao seu país.
Aos poucos foram se reunindo e encontraram na motocicleta o meio para satisfazer seu estilo de vida ideal. As motocicletas estavam baratas, vendidas como excesso de material nos leilões militares. Logo esses indivíduos passaram a compartilhar os fins de semana, mas aos poucos quando chegava a segunda-feira, nem todos iam para casa, transformando o clube de motocicletas do fim de semana em uma família de irmãos substitutos em tempo integral. Principalmente na Califórnia, os veteranos formaram centenas de pequenos motoclubes como: Pissed of Bastards, Jackrabbits, 13 Rebels e os Yellow Jackets. Os membros usavam coletes do clube e rodavam juntos nos fins de semana. Lentamente formalizaram os escudos, as cores, que passaram a defender com sua honra, adaptando a hierarquia militar em uma estrutura de irmandade, subliminada sob os cargos eletivos das associações.
Alguns motoclubes pre-existentes se readaptaram facilmente a esta nova filosofia, outros simplesmente desapareceram, o que não aconteceria no Brasil. Os motoclubes brasileiros não se adaptaram, continuando como associações ou se extinguiram.
A A.M.A. (American Motorcycle Association) logo percebeu que a guerra havia exposto muitos americanos às motocicletas e queos veteranos voltaram com experiências fantásticas em cima das Harley Davidson WA45, experiências estas que eles fariam tudo para continuar vivenciando. Ansiosa em manter estes novos motociclistas, a A.M.A. passou a organizar competições, viagens e gincanas com um entusiasmo renovado.
Entretanto, a guerra não é o exercício mais saudável para a mente de quem combate no front e estes novos motociclistas farreavam muito mais que os motociclistas tradicionais. Sua rotina se resumia quase sempre a festas, disputas, bebedeiras e como era inevitável, algumas brigas, talvez buscando retomar o tempo perdido. A população tolerava esses excessos porque os motociclistas tinham a seu favor o fato de terem defendido seu país na guerra, apesar de tudo isso estar sendo financiado pelas pensões do governo, o que posteriormente pesaria contra os veteranos, quando saindo da depressão a América tentava otimizar seus custos com o apelo do apoio da população.
Foi em Hollister (CA) que o mito da marginalidade se concretizou. Um fim de semana negro era o que faltava ao puritanismo americano e a mídia sensacionalista para taxar os motociclistas de foras da lei e os motoclubes de gangues. Neste período, a polícia e os comerciantes criaram uma serie de alternativas nos locais onde eram realizados os encontros para contornar esta aclamada rebeldia, como fechar duas horas mais cedo e até deixar de servir cerveja. Os jornais estampavam manchetes sensacionalistas como "Revoltas..." "Motociclistas assumem cidade" e "Motociclistas destroem Hollister". Até a Revista Life estampou uma fotografia de página inteira de um motociclista em uma Harley, com uma cerveja em cada mão.
A A.M.A. se viu então diante de um pesadelo, denunciou os Bastards, culpando-os pelos incidentes e tentando mostrar à sociedade que todos os motociclistas não poderiam ser culpados pelo vandalismo de um único motoclube.
Com o passar do tempo, ficou cada vez mais difícil separar os mitos da realidade. Quando Hollywood dramatizou o fim de semana de Hollister no filme de 1954 O Selvagem - "The Wild One" - com Marlom Brando, qualquer esperança de salvar a imagem dos motociclistas estava perdida. Os críticos pareciam incapazes de passar a idéia de que era puramente um filme sobre violência. Na realidade, há muito pouca violência pública em O Selvagem se comparado a muitos filmes de guerra da mesma época. O que parece ter perturbado os críticos era o fato de que a violência das jaquetas de couro estava de mãos dadas com a sexualidade contra a autoridade do puritanismo e dos ternos folgados.
Nós poderíamos não estar lendo este artigo agora se uma única cidade naquele momento concordasse em permitir à A.M.A. promover novamente um encontro de motociclistas, o que só aconteceu cinco meses após os acontecimentos de Hollister. Mas ao contrário do que os puritanos e a polícia esperavam, tudo aconteceu em paz e os comerciantes locais abriram suas portas para receber os motociclistas.
Entretanto, a mídia sensacionalista e principalmente a revista Best ainda insistia em mostrar os motociclistas como bêbados ou, na pior das hipóteses, sociopatas.
O que Hollywood conseguiu foi incentivar verdadeiros predadores a criarem motoclubes e constituir verdadeiras gangues, o que fez da década de 50 uma página negra na história do motociclismo.
No Brasil, O Vigilante Rodoviário - Série produzida pela TV Tupi entre 1961 e 1962 - alimentava a imaginação aventureira de jovens e adultos. A década de setenta viu a disseminação dos motoclubes pelo mundo, alguns se mantiveram fiéis às antigas Harleys 
e outros se adaptaram a outras motos, uma vez que as motos japonesas começavam a dominar o mercado mundial.
No Brasil, a instalação de montadoras japonesas e a lei que limitava a importação de motos tornaram homens como Myster - falecido em 2002 - e os poucos motoclubes existentes, verdadeiros heróis da resistência. Brasil este que após lançar uma associação motociclística em conformidade com os padrões do início do século, padeceu sob um retardo de quase 60 anos na história do motociclismo de estrada mundial.
A partir do final da década de sessenta iniciou-se o movimento de motoclubes dentro destas novas normas de conduta e irmandade. Os sessenta anos de atraso, foram diluídos nas décadas de 70 e 80. Vivenciamos então a fase romântica de encontros, onde o único prazer era viajar para estar com os amigos ao pé de uma fogueira falando sobre motos, viagens e, sabe-se o que mais. Em abril de 1980 o saudoso Capitão Senra, junto com amigos motociclistas de Belo Horizonte apaixonados pela marca americana, funda o Águias de Aço.
Apesar de tudo, passamos também pelas outras fases, que culminaram com a popularização do estilo no Brasil a partir de 1996, quando inúmeros motoclubes passaram a ser criados. Neste período, outra série de filmes como: A sombra de um disfarce e A vingança do justiceiro, insistiam em denegrir a imagem do motociclista.
Muitos fatores levaram a esta popularização: o crescente aparecimento de motoclubes - na mídia especializada ou não - desfazia aquela aura de mistério e medo. Com a liberação da importação, as fábricas japonesas pagando royalties à Harley para copiar seu desenho, a equiparação do dólar ao real, a abertura de lojas da Harley no Brasil, os 
Políticos visando um colégio eleitoral leal e abandonado e as prefeituras locais buscando ampliar o turismo em suas cidades. Comercialmente falando, sanguessugas passaram a criar milhares de eventos por ano - que mais parecem festas juninas do que um encontro motociclistico, com o único intuito de ganhar dinheiro no rastro da popularidade. Isto fez com que os motoclubes autênticos raramente sejam vistos em eventos, passando a organizar cada vez mais viagens e encontros exclusivos. Apesar de tudo, o espírito motociclístico ainda sobrevive no pensamento e na atitude daqueles que compreendem e respeitam seus valores e sua essência.
 
 
COSTUMES E CARACTERÍSTICAS
- CULTURA
 MÚSICA
Os motoqueiros rockers, como o próprio nome diz, possuem o “rock and roll” como estilo musical favorito. A rebeldia, transgressão e liberdade defendidas pelo estilo eram perfeitamente conciliadas com a ideologia dos motoqueiros. 
Elvis Presley, Chuck Berry, e até Johnny Cash influenciaram os primeiros motoqueiros. A cultura influenciou muitos artistas, como os Beatles, os Rolling Stones, Judas Priest e Deep Purple. Com o tempo, a subcultura rocker esteve associada a diversas bandas, entre elas: Led Zeppelin, Cream, The Jimi Hendrix Experience, AC/DC, Steppenwolf, Kiss, e outras. 
A música Born To Be Wild, da banda Steppenwolf, é considerada o maior hino dos motoqueiros, e uma das mais importantes da história do rock.
O cinema também teve a sua parte na solidificação da subcultura “rocker”. Muitos filmes, do subgênero road movies, retrataram motoqueiros em longas e marcantes cenas de viagens guiadas por motos. Diversos jovens entraram em contato com a cultura da tribo por meio de filmes, e assim iniciavam seu ingresso nos costumes dos motoqueiros.
 CINEMA
Devido a sua cultura e a seus costumes, os motoqueiros têm como principal fonte de consumo, as motos e equipamentos para turbiná-las. As principais marcas de consumo são: Triumph, BMW, Victory, Indian, Headbanger, Harley Davidson entre outras.
Tipos de Motociclistas
Os motoqueiros, em seu ambiente se distinguem entre si através de apelidos e conotações e se 
rotulam entre si com esses diferentes apelidos, que são:
Arroz de festa – Não existe tempo ruim para o motociclista do tipo arroz de festa. Como o próprio nome diz, é o mais comum dos tipos.
Está em todos os eventos, aceita qualquer convite, vive sobre as duas rodas.
Aonde vai, leva artefatos e artesanatos para vender sob barracas que arma em qualquer lugar, qualquer terreno.
Bikers – Os bikers são esportivos,gostam de velocidade e de garotas com traseiro arrebitado na garupa. Equipam suas máquinas e a si mesmos com macacões coloridos, capacetes da marca da moto, luvas importadas e recheadas de publicidade, bonés caríssimos.
 
CGzeiro – O cgzeiro passou a amar motos pegando escondido a do seu tio. Faz zerinhos estilosos, ainda que erre uma ou duas vezes.
 
Comedor de terra – Esse é o tipo de motociclista que não sabe se gosta mais de sua moto ou da terra e lama que ficam grudadas nela.
 
Sua moto é usada quase que exclusivamente sobre poeira solta; ela vê asfalto somente de cima da pick-up.
 
Coxinha – O coxinha possui vários minimodelos de motos na estante da sala e outros na estante do quarto somente para admirar cada um deles nos intervalos de programas de TV. Sobe na máquina somente em fins de semana e ainda assim sob sol, sem vestígio de chuva.
 
Cruiser – Esse tipo de garoto sobre duas rodas quer é sair, sem mesmo saber para onde ou quanto tempo vai demorar. Sair é o que importa, pois é assim que ouve seus rocks preferidos e acaricia o corpo de suas máquinas.
 
Cuequinha de Seda
Equipa sua moto com tudo o que acha que tem direito e que caiba na carenagem, no guidão, no banco, desde instrumentos muito úteis até mesmo adesivos sobre sua paixão: a moto.
 
Estradeiro – Assim como o flanelinha gosta de quintal para limpar sua moto e o trilheiro gosta de lama, o estradeiro tem o asfalto como mundo pessoal. Ele pega qualquer uma, não importa qual nem aonde vai parar. O que importa é o sol ou a chuva ou o ar frio ou a poeira batendo em sua viseira.
Fica de olho nos sites de previsão de clima em busca de local em que vai chover. É para lá que vai porque o encontro de água com poeira é justamente o que mais gosta.
 
Filósofo – Sabe aquele ser que encara as rodas da moto como se fossem seus pés, o tanque de combustível, seu estômago, e os circuitos eletroeletrônicos, sua corrente 
 sanguínea? Pois então… este é o filósofo. O banco é seu mundo e, se a moto entrasse no elevador, não sairia de cima nem mesmo para se alimentar ou ir ao banheiro.
Flanelinha – É também considerado um bikers ao quadrado, tanto é cuidado que tem com sua moto. É quase um transtorno obsessivo compulsivo – TOC com o agravante RM – “relacionado a motos”. Qualquer manchinha de dedos ou marquinha de pó é verdadeiro inferno.
 
Hell Boys – Podem ser considerados praticamente o oposto dos cuequinhas de seda. Vão a viagens com o mínimo de material e roupas necessário. Conversam com suas motos como se estas fossem pessoas a postos para ouvir lamúrias a qualquer tempo e em qualquer situação. Trafegam em suas motos quase sempre acompanhados por diversos outros do mesmo tipo.
 
Motoqueiro – Ser que dispõe de sua moto para trabalho e, quando possível, para entretenimento. Tem cuidados com a máquina, mas não deixa uma balada ou tarde de futebol para flanelar a bendita.
O filósofo substitui o mundo inteiro por sua moto.
Bikers
Os bikers se sentem elementos especiais do motociclismo, diferenciados. Passam horas encerando sua máquina.
Pode-se dizer que esse tipo de motociclista possui sua moto mais para exposição que propriamente para aventuras.
Não viaja se a moça da previsão do tempo disser que algumas nuvens pairam sobre parte de seu trajeto, não enfrenta o mínimo sacrificiozinho em compensação do prazer de viajar.
 
Pré-wheller – Esse se considera o magnânimo senhor das duas rodas. Empina, faz RL, dá “zerinho” a toda hora, queima pneus como se fosse dono da Bridgestone.
No frigir dos ovos, parece que a moto é o que menos importa. O que pretende é estar sob holofotes, ser apontado pelas unhas compridas das garotas, estar no centro das atenções. A moto é apenas extensão de seu sentido ególatra. Quase não usa a moto, mas, quando está com amigos, é o único assunto de que participa e que discute. Se o destino de seu deslocamento for maior de vinte minutos, prefere ir de carro por achar que é mais seguro. Suas roupas de motociclista têm de mostrar couro na maior parte e penduricalhos exuberantes, incluindo cabecinha de caveirinhas de plástico.
 
Superbiker – O superbiker acha que todas as motos do mundo são velharias, exceto aquela que ele tem no momento – aliás, sua anterior também passou a ser velharia tão logo a vendeu.
 
Superentendente – Entende de tudo de moto. Isto é, é o que acha sobre si mesmo. Segundo informações de outros motociclistas, o superintendente nada entende, não conhece o nome de uma só peça nem sabe escrever o nome de uma marca corretamente. Ele se autochama ultra-mega-power-master-blaster-entendido de moto.
 
Tiro-curto – O tiro-curto nunca chega ao encontro de motociclismo porque sempre tem alguma coisa pra fazer no caminho e, via regra, essa coisa se refere à moto: uma peça, um combustível melhor, uma cera de limpeza.
Mesmo assim, nunca consegue tirar aquele trec-trec das correntes ou aquele rec-rec na bomba de combustível.
Trata-se de um ser completamente apaixonado por moto, mas especialmente pela sua própria. Tão apaixonado que passa praticamente todo o fim de semana na limpeza de sua possante, peça a peça, parafuso a parafuso.
 
Trilheiro – O outro nome do trilheiro deveria ser barro no joelho. Só se completa se os pneus de sua moto arremessarem lama em suas roupas e pintarem os dois joelhos de marrom. Para ele, asfalto é coisa de mauricinhos que acham que motos é só para ir para o escritório da empresa do pai. Ou do tio.
Diferença entre motociclista e motoqueiro
Esse é tema meio complicado no universo do motociclismo. É até possível dizer que, se existem diferenças, é questão de visão pessoal.
Qualquer dicionário que você consultar vai mostrar que:
“Motoqueiro é nome dado a quem conduz uma motocicleta; sinônimo de motociclista”
Se palavra procurada for “motociclista”, a resposta é “nome dado a quem conduz uma motocicleta; sinônimo de motoqueiro”
Como você vê, não há diferença etimológica, apenas diferença imposta pela visão da sociedade. O termo “motoqueiro” está mais associado a “motoboys”, profissionais que utilizam a motocicleta como instrumento de trabalho.
E isso acontece porque a dinâmica das atividades do motoboy é intensa. O profissional precisa dar conta de entregas urgentes. Afinal, “motocicleta” significa “urgência”, “rapidez” em sua essência.
Já o motociclista usa sua máquina mais para lazer e viagens ou, no máximo, deslocar-se para o trabalho.
É por isso que não seria nada equivocado considerar que a diferença entre um termo e outro não passa de preconceito. Alguns até tentam relacionar essa diferença com a mesma existente entre “pichadores” e “grafiteiros”. Os primeiros emporcalham o visual urbano; os segundos, embelezam.
A maioria dos motociclistas diz que a comparação nada tem a ver, mas outros se sentem ofendidos por ser chamado de motoqueiro; têm a vaidade arranhada. Não admitem que a confusão seja ocasional. Preferem crer que o termo tenha sido usado para ofender, de forma pejorativa e desagradável.
- Conclusão 
Muitas são as curiosidades colocadas à posto sobre quem leva a vida como um motoqueiro, o contexto histórico inserido, as grandes mudanças ao longo dos anos, e seu importantíssimo papel na sociedade. Este trabalho foi relevante por contribuir com o conhecimento de uma tribo e de como os membros deste influenciam e são influenciados tanto pela mesma como pela sociedade e a maneira como esta compreende o grupo, ao longo das transformações históricas.
Os Motoqueiros não possuem uma localização exata, estão por todos os lados e cantos do mundo, porém sempre em união. É mais provável que escolham pontos de encontro como postos de gasolina, restaurantes em beira de estradas e até mesmo os bares, também situados em grandes rodovias, ou nas margens das estradas. O que me chama atenção nesta tribo urbana é o seu diferencial. Não é possível determinar um habitat especifico, sendo assim, não foram fatores de habitat que originaram a determinante principal. Os motoqueiros podem se unir sendo de cidades diferentes ouaté mesmo, estados. O livro “Cultura: Um conceito Antropológico” ajuda-nos a melhor entender, e nos mostra que as diferenças existentes entre os homens não podem ser explicadas em termos das limitações que lhes são obrigadas pelo seu aparelho biológico ou pelo seu meio ambiente. A grande qualidade da espécie humana foi a de romper com suas próprias limitações. Os motoqueiros carregam em si, um conjunto de histórias móveis, por utilizar um meio de transporte que permita essa locomoção de ideias e vivências transitórias por todo o mundo.
Referências:
www.ibpad.com.br/comunicacao-digital-etnografia
www.rodadura.com.br
http://blog.fabiomagnani.com/?page_id=7157
www.movimentocultural.com.br/acervo-historico-motoqueiros02p7
http://www.rotaxmotoclube.com.br/como_comecaram_os_moto_clubes__m.htm
A interpretação das culturas – Clifford Geertz 
Cultura – Um conceito antropológico – Roque Laraia
Imagens:
www.pinterest.com/motoqueiros-01

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