Segundo o antropólogo e professor da USP, José Guilherme C. Magnani (1993) a utilização do termo “tribos urbanas”, por parte da grande mídia e de u...

Segundo o antropólogo e professor da USP, José Guilherme C. Magnani (1993) a utilização do termo “tribos urbanas”, por parte da grande mídia e de um público interessado no fenômeno da sociabilidade jovem nos centros urbanos de todo o país, em especial no centro de São Paulo, deve-se aos seguintes fatores: a. A categoria de “tribos urbanas” é utilizada por pesquisadores do desenvolvimento de sociabilidades juvenis nos centros urbanos e de seus usos e consumos específicos, como os “metaleiros”, “punks”, “rappers” e, mais recentemente, os “funkeiros”. b. A categoria “tribos urbanas” se remete a processos migratórios, campo-cidade, de grupos ligados a antigas comunidades quilombolas ou de populações indígenas, desejosos de recriar parte de sua sociabilidade no coração das modernas metrópoles capitalistas. c. A categoria de “tribos urbanas” é importantíssima para nos revelar as redes de sociabilidade e de pertencimento de jovens, principalmente das periferias, em seu desejo de pertencimento por meio de consumo de produtos culturais, em especial aqueles que dialogam com o universo dos gêneros musicais consumidos por esses segmentos. d. Não haja consenso a noção de “tribos urbanas”, termo utilizado por antropólogos e outros pesquisadores da cena jovem como uma metáfora da existência de alguns desses grupos, que se aglomeram em vários espaços de sociabilidade, diferenciação e em desafio às regras e às imposições da vida adulta, completamente distintos da existência de populações indígenas, em que ocorre uma maior coesão de suas juventudes e os valores dos grupos mais amplos. e. A utilização do termo “tribos urbanas” por parte da mídia, em especial aquela destinada a explicar vários fenômenos ligados à juventude brasileira, nos mais diversos contextos urbanos, é corretíssima, demonstrando a sensibilidade desses veículos de informação, antenados com as transformações da juventude nas últimas décadas.