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prof MONICA MANITO 2ºsemestre - FHTM1

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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL - AULA 01 
Serviço Social é um curso de nível superior e foi oficializado no Brasil através da Lei nº 1989/53, sendo que a profissão 
de Assistente Social foi regulamentada pela Lei nº 3252, de 27 de agosto de 1957.
O Serviço Social compreendeu a profissão e suas entidades em outra perspectiva, a partir da adoção de referenciais 
teórico-metodológicos que possibilitam a construção de um processo crítico, enquanto instrumento de proposição de um 
projeto profissional ético-político. Dessa forma é que na década de noventa, através da Lei nº 8662, de 07 de junho de 
1993 o texto legal expressa um conjunto de conhecimentos particulares e especializados, a partir dos quais são 
elaboradas respostas concretas às demandas sociais. A nova lei de regulamentação da profissão e o Código de Ética/93, 
forneceram respaldo jurídico e uma nova dimensão aos instrumentos normativos legais para a profissão. Não há dúvida 
que o Serviço Social Brasileiro, nas últimas décadas redimensionou-se e renovou-se no âmbito de sua interpretação 
teórico-metodológica e política, num forte embate com o tradicionalismo profissional, adequado criticamente a 
profissão às exigências do seu tempo, qualificando-a sendo hoje, sem dúvida, uma profissão reconhecida e legitimada 
socialmente.
Campos de Atuação
O Assistente Social tem seu espaço de atuação em instituições públicas e privadas, de âmbito federal, estadual e 
municipal (na área da saúde, educação, assistência, habitação etc) e ainda em empresas, organizações populares, centros 
de convivência, entidades e organizações não governamentais (ONGs), e ainda, por meio de docência, em unidades de 
ensino de Serviço Social.
Atribuições e Competências do Assistente Social
 Realizar pesquisas e estudos para conhecimento da realidade social; 
 Elaborar, implementar, assessorar, coordenar e executar políticas sociais públicas, privadas e filantrópicas no 
âmbito da Seguridade Social (Saúde, Assistência Social e Previdência) e também no meio ambiente, na habitação, 
no lazer, na educação e outras áreas; 
 Elaborar, coordenar, executar e avaliar plano, programas e projetos na área do Serviço Social; 
 No assessoramento e consultoria aos órgãos da administração pública, direta e indireta, empresas privadas, ONGs e 
movimentos sociais; 
 Realização de vistorias, perícias técnicas e laudos e pareceres sociais; 
 Prestar orientação social a indivíduos, grupos e população; 
 Elaboração de provas e compor bancas examinadoras de concursos para Assistente Social.
De um profissional de Serviço Social, devidamente habilitado, se espera que ele atue na sociedade para:
 Analisar e intervir na realidade social desenvolvendo uma competência teórico-metodológica, ético-política e 
técnico-operativa de forma crítica; 
 Definir estratégias de intervenção social com vistas a garantir os direitos do cidadão; 
 Desenvolver trabalhos de parceria e definir formas alternativas de gestão pública na área de políticas sociais, 
públicas, privadas e de assessoramento aos movimentos sociais; 
 Compreender a questão social como núcleo de formação e como elemento de constituição das relações entre o 
profissional e a realidade social; (Relações humana)
 Entender as novas configurações do espaço profissional e estabelecer uma vinculação entre trabalho, prática social 
e a questão social. (serviço social na empresa.)
Assistência Social
A Constituição Federal de 1988 institui e identifica a Assistência Social como uma política pública de 
responsabilidade estatal (assim como a educação, saúde, habitação etc) é, portanto, um direito de natureza social sob o 
princípio da universalidade de acesso, com o objetivo de inserir a população em situação de vulnerabilidade no sistema 
de Bem-estar social brasileiro, sendo dessa forma, um direito do cidadão e dever do Estado.
A política de Assistência Social é regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social - Lei 8.742/93 - LOAS, 
afirmando no seu artigo 1º que ela é considerada “Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos 
sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o 
atendimento às necessidades básicas”. Pode-se então afirmar que a política de Assistência Social é a terceira modalidade 
fundamental da Seguridade Social, estando ao lado da saúde e da previdência social. Tal fato expressa a superação do 
conceito de assistencialismo, filantropia, benemerência e da caridade ao quais foram tão presentes nas ações de 
assistência na gênese do Serviço Social.
Tem como função minimizar as desigualdades sociais, trabalha de forma transversal com outras políticas 
públicas. Define-se assim, como uma política de proteção social (básica ou especial) com foco na matricialidade 
sociofamiliar que visa à garantia dos direitos sociais e coletivos considerando diferenças socioterritoriais, visando seu 
enfrentamento, oportunizando o desenvolvimento das capacidades, ou seja, as potencialidades individuais, para o 
alcance de uma maior autonomia dos sujeitos. Tal política é aliada ao desenvolvimento humano e social, e configura-se 
como espaço de ampliação do protagonismo dos indivíduos, bem como o processo de (re)inserção daqueles que se 
encontram em situação de vulnerabilidade social através do fortalecimento ou reconstituição das relações familiares por 
meio dos programas e projetos de enfrentamento da pobreza. Constitui público alvo de tal política (usuários dos 
serviços) a família e indivíduos em situação de risco social por conta de diversas circunstâncias como ciclos de vida 
específicos (crianças, idosos), deficientes, vítimas de violência familiar, uso de drogas, pobreza extrema e outras formas 
de exclusão etc.
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL - AULA 01 
SÍNTESE DO CONTEÚDO
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL - AULA 02
A herança conservadora do serviço social
Como profissão inscrita na divisão do trabalho, o Serviço Social surge como parte de um movimento 
social mais amplo, de bases confessionais, articulado à necessidade de formação doutrinária e social do laicato 
com presença ativa da Igreja Católica no início da década de 30. Na tentativa de recuperar áreas de influência 
e privilégios perdidos em face da crescente secularização da sociedade e das tensões presentes nas relações 
entre Igreja e Estado, a Igreja procura superar a postura contemplativa, fortalece-se decisivamente, e, 
diretamente orientada pela hierarquia, procura organizar e qualificar seus quadros intelectuais laicos para uma 
ação missionária e evangelizadora na sociedade. Contrapõe-se aos princípios do liberalismo e ao comunismo 
que apareceram como uma ameaça à sua posição na sociedade. O movimento de “reação católica” é 
respaldado em uma vasta rede de organizações difusoras de um projeto de recristianização da ordem burguesa 
sob o imperativo ético do comunitarismo cristão. E Igreja luta ainda, pela legitimação jurídica de suas áreas de 
influência dentro do aparato do Estado.
A partir das grandes mobilizações da classe operária nas duas primeiras décadas do século, o debate 
sobre “questão social” atravessa toda a sociedade e obriga o Estado, as frações dominantes e a Igreja a se 
posicionar diante dela. Mas a “questão social” é encarada pela igreja de acordo com preceitos estabelecidos 
nas encíclicas papais (especialmente Rerum Novarum e Quadragesimo Ano) fonte inspiradora da posição e 
programas assumidos diante de “problemas sociais” para a Igreja Católica antes de ser uma questão 
econômico-política, é uma questão moral e religiosa. A sociedade é tida como um todo unificado que se 
sedimenta em tradições, dogmas e princípios morais advindos de seus princípios cristãos. Impõe-se uma ação 
doutrinária que deixa de contrapor ao capitalismoe passa a concebê-lo como “terceira via” que combate o 
socialismo e substitui o liberalismo cristão.
O Estado por sua vez, deve regular a propriedade privada impor limites legais aos excessos da 
exploração da força de trabalho e ainda, tutelar os direitos de cada um especialmente os que precisam de 
amparo. Mas ele não pode negar a independência da sociedade civil. 
Incorporando todos esses princípios, o Serviço Social surge da iniciativa e frações de classes 
dominantes que se expressam através da Igreja, como um dos desdobramentos do apostolado leigo. Aparece 
como um das frentes mobilizadoras para a formação doutrinária e para o aprofundamento sobre os “problemas 
sociais” de militantes, especialmente femininas, do movimento católico, a partir de um contato direto com o 
ambiente operário. Está voltado para uma ação de soerguimento moral da família operária atuando 
especialmente como mulheres e crianças. Por meio de uma ação individualizada entre as “massas 
atomizadas social e moralmente”, busca estabelecer um contraponto às influências anarco-sindicalistas do 
proletário urbano (seria na verdade reproduzir o capitalismo).
O Serviço social aparece como uma alternativa profissionalizante num momento de profundas 
transformações sociais e políticas. A Ação Social e a Ação Católica logo se tornam uma das fontes 
preferenciais de recrutamento desses profissionais.
A profissão não se caracteriza apenas pela nova forma de exercer a caridade, mas como fonte de 
intervenção ideológica na vida da classe trabalhadora com base na atividade assistencial; e seus efeitos 
são essencialmente políticos: o enquadramento dos trabalhadores nas relações sociais vigentes, reforçando a 
mutua colaboração entre capital e trabalho.
Diferenciado da caridade tradicional, vista como mera reprodução da pobreza, o Serviço Social propõe 
uma ação educativa para família trabalhadora, numa linha curativa e preventiva dos problemas sociais. 
Distingue-se também da assistência pública, pois atua através de entidades filantrópicas privadas e por meio 
de Estado com ações de socioeducativas para adaptar a “clientela” (trabalhadores à exploração de dominação 
de classe). O Serviço Social realiza ações organizativas entre dentro do programa de militância católica 
contrapondo-se às iniciativas provenientes de lideranças operárias que não aderem ao associativismo católico.
Diante disso, afirma-se que, o Serviço Social emerge como uma atividade com bases mais doutrinárias que 
científica, no bojo de um movimento de cunho reformista e conservador. A ampliação do suporte técnico-
cientifico da profissão se dá com o desenvolvimento das escolas (depois faculdades) especializadas no ensino 
de Serviço Social – que ocorre sob a influência dos progressos alcançados pelas Ciências Sociais nos marcos 
do pensamento conservador (provem de um modo de vida do passado para interpretar o presente e a sociedade 
capitalista), especialmente na sua vertente empiricista norte-americanas (referência de Mary Richmond). 
Neste universo intelectual, ao invés de produzir rupturas profundas, o Serviço Social volta-se para um 
discurso humanista, baseado da filosofia aristotélica-tomista, preservando o caráter de uma profissão 
“especial”, baseada no princípio da solidariedade e voltada para os elevados ideais de “serviço ao homem” e 
realizar o bem.
IAMAMOTO, M. V. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social. - 12. Ed. - São Paulo: Cortez 2016.

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