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Direito Processual Civil p/ OAB 1ª Fase aula 13

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PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB 
teoria e questões 
Aula 13 - Prof. Ricardo Torques 
 
 
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Sumário 
1 - Considerações Iniciais ................................................................................................. 3 
2 - Introdução ao Estudo dos Procedimentos Especiais ......................................................... 3 
2.1 - Processo versus procedimento ............................................................................... 3 
2.2 - Modelos de processo nos procedimentos específicos ................................................. 5 
2.3 - Fungibilidade dos procedimentos ............................................................................ 6 
2.4 - Tipicidade, déficit e flexibilização procedimental ....................................................... 8 
3 - Ação de Consignação em Pagamento ............................................................................ 9 
3.1 - Hipóteses de cabimento ........................................................................................ 9 
3.2 - Obrigações consignáveis ..................................................................................... 10 
3.3 - Consignação extrajudicial .................................................................................... 11 
3.4 - Consignação judicial ........................................................................................... 14 
4 - Ação de Exigir Contas ............................................................................................... 21 
5 - Ações Possessórias ................................................................................................... 24 
5.1 - Introdução ........................................................................................................ 24 
5.2 - Disposições Gerais ............................................................................................. 27 
5.3 - Manutenção e da Reintegração de Posse ............................................................... 33 
5.4 - Ação possessória em conflitos coletivos por imóvel ................................................. 36 
5.5 - Interdito Proibitório ............................................................................................ 39 
6 - Inventário e partilha ................................................................................................. 41 
6.1 - Disposições Gerais ............................................................................................. 42 
6.2 - Legitimidade para Requerer o Inventário ............................................................... 44 
6.3 - Inventariante e das Primeiras Declarações ............................................................ 45 
6.4 - Citações e Impugnações ..................................................................................... 53 
6.5 - Avaliação e Cálculo do Imposto ............................................................................ 55 
6.6 - Colações ........................................................................................................... 56 
6.7 - Pagamento das Dívidas ....................................................................................... 57 
6.8 - Partilha ............................................................................................................. 60 
6.9 - Arrolamento ...................................................................................................... 66 
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6.10 - Disposições Comuns a Todas as Seções .............................................................. 68 
7 - Embargos de Terceiro ............................................................................................... 69 
8 - Ação Monitória ......................................................................................................... 73 
9 ± Questões OAB ......................................................................................................... 80 
10 - Questões extras ..................................................................................................... 85 
11 - Considerações Finais ............................................................................................... 98 
 
 
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1 - Considerações Iniciais 
Em nosso 14º encontro vamos estudar os Procedimentos Especiais previstos no 
NCPC. Não traremos todos os procedimentos, pois não seria adequado para uma 
preparação rápida para a OAB. Traremos os procedimentos mais incidentes, 
aqueles que você não pode deixar de estudar. 
Bons estudos! 
2 - Introdução ao Estudo dos Procedimentos 
Especiais 
Vamos analisar algumas regras que são aplicáveis a todos os procedimentos 
especiais, que (como o nome já indica) são procedimentos que fogem à regra do 
procedimento comum. 
2.1 - Processo versus procedimento 
Primeiramente, cumpre observar que processo e procedimento são conceitos 
distintos. O processo constitui uma entidade complexa, composto por mais de 
um elemento. São dois elementos: a) relação jurídica processual; b) 
procedimento. 
A relação jurídica processual constitui o conjunto de direitos, deveres, ônus, 
obrigações e faculdades que relacionam os atores do processo (partes, juiz e 
auxiliares) entre si. Por exemplo, regras de suspeição e impedimento, a disciplina 
da coisa julgada, ônus da prova são exemplos do elemento relação jurídica 
processual no bojo do processo. 
Assim, a relação jurídica processual diz respeito ao conteúdo (elemento 
intrínseco) do processo. Trata-se da ³DOPD´ do processo. 
O procedimento (conhecido como rito), por sua vez, constitui a forma como os 
atos processuais se combinam no tempo e no espaço. Assim, a definição de cada 
ato do processo, de forma ordenada, é o procedimento. Por exemplo, a fixação 
da audiência da conciliação após a citação, apresentação da contestação, 
saneamento, audiência de instrução, representa o procedimento. 
Assim, o procedimento é o ³FRUSR´, o elemento extrínseco do processo. 
Atenção! 
 
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2.4 - Tipicidade, déficit e flexibilização procedimental 
Os procedimentos são típicos, porque estabelecidos em lei. Não há, portanto, 
uma liberdade de forma em relação à definição de ritos procedimentais. Contudo, 
ainda que o legislador intentasse ser completo, sempre existirão situações de 
déficit do procedimento. São situações em que não há procedimento capaz de 
tutelar adequadamente o direito material. 
Diante disso, é comum situações no processo em que não há uma regra 
procedimental para situação prática específica. Nesse caso de déficit, o juiz 
poderá flexibilizar o procedimento. Com fundamento no princípio da 
adaptabilidade de ritos, o juiz tem a prerrogativa de adequar o rito a eventuais 
particularidades. 
Essa teoria é fundada nos seguintes dispositivos do NCPC: 
ª flexibilização legal genérica mitigada (art. 139, VI); 
ª flexibilização voluntária do procedimento (art. 190); 
ª convenções processuais sobre situação jurídica (art. 190). 
O art. 139, VI, do NCPC, é uma cláusula geral que se aplica a qualquerprocesso 
e a qualquer tipo de procedimento e permite ao juiz, dentro da ideia de 
adaptação, ampliar prazos e inverter a ordem de produção de provas. 
Essa flexibilização é mitigada porque o juiz não pode efetuar a adaptabilidade em 
qualquer situação, mas apenas no caso de ampliação de prazos e inversão da 
ordem de produção de provas. 
O art. 190, do NCPC, por sua vez, estabeleceu a flexibilidade de procedimento e 
de convenções processuais sobre situações jurídicas. 
Assim, desde que as partes sejam plenamente capazes e desde que o direito em 
debate seja auto componível (admita-se composição), é possível que as partes 
promovam convenções processuais sobre situações jurídicas, ou flexibilização 
voluntária do procedimento. 
Temos, portanto, uma cláusula geral para as partes fixarem negócios jurídicos 
processuais em quaisquer tipos de relação jurídica processual e procedimentais. 
Questiona-se: 
Existem limites às convenções processuais pelas partes? 
São dois grupos de limites. 
O primeiro deles envolve os chamados limites específicos, quais sejam: a) partes 
capazes; e b) direito que permita a autocomposição. Esses limites estão 
expressos do art. 190, do NCPC. 
O segundo grupo de limites envolve limitações de direito material ao negócio 
jurídico. São quatro requisitos exigidos para todo e qualquer negócio jurídico: a) 
agente capaz; b) objeto lícito; c) forma prescrita ou não defesa em lei; e d) 
autonomia da vontade. 
Essas mitigações processuais e procedimentais ± seja pelo juiz, pela no exercício 
da autonomia das partes ± poder ser aplicada aos procedimentos especiais. 
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Com isso finalizamos a primeira parte do conteúdo teórico referente à aula de 
hoje. 
3 - Ação de Consignação em Pagamento 
A consignação em pagamento está disciplinada entre os arts. 539 a 549, todos 
do NCPC, e encontra algum regramento também na Lei nº 8.249/1991 (Lei de 
Locações). Evidentemente, vamos analisar os dispositivos do Código, objeto do 
nosso estudo. 
A ação de consignação em pagamento é um procedimento específico por 
intermédio do qual o devedor destaca uma parcela de dinheiro ou um bem para 
quitar determinada obrigação. Em regra, o cumprimento da obrigação ocorre 
junto ao credor. Contudo, em determinadas situações, o credor poderá não 
receber o valor devido (denominada de mora accipiens) ou podemos ter dúvidas 
sobre quem é o devedor (mora incognitio). Para esses casos, a forma do devedor 
VH�³OLYUDU´�GD�REULJDomR�p�D�FRQVLJQDomR�HP�SDJDPHQWR� 
De acordo com a doutrina, a consignação em pagamento1: 
é a ação que visa à liberação do devedor de determinada obrigação. O objetivo do 
demandante é a obtenção de declaração judicial no sentido de que não se encontra mais 
obrigado ± de que o depósito realizado satisfaz os requisitos legais do pagamento devido. 
Vamos começar o nosso estudo pelas situações nas quais será possível se valer 
dessa ação específica. 
3.1 - Hipóteses de cabimento 
O cabimento da ação de consignação está disciplinado no Código Civil. Isso 
mesmo, conforme o art. 335, do CC, a ação em consignação de pagamento é 
cabível: 
ª no caso de mora accipiens (mora na aceitação), disciplinado nos incs. I a III 
do art. 335, do CC. 
Art. 335. A consignação tem lugar: 
I - se o credor NÃO puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou 
dar quitação na devida forma; 
II - se o credor NÃO for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição 
devidos; 
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou 
residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; 
As hipóteses acima são três, que envolvem a aceitação do pagamento. 
Primeiro, a parte poderá consignar em pagamento caso o credor não puder ou se 
recusar injustificadamente a receber ou dar quitação. 
 
1 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo 
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, 
p. 676. 
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1ª opção: levantamento do valor consignado; 
O levantamento implica a quitação, não sendo admissível cobrar, posteriormente, 
eventuais diferenças. 
2ª opção: inércia 
Após o decurso do prazo de 10 dias, a lei atribui ao silêncio o efeito de quitação da dívida. 
3ª opção: responder à notificação não aceitando o valor consignado. 
(VVH�³QmR�DFHLWH´�LQGHSHQGH�GH�PRWLYR� 
No caso de recusa, o devedor poderá, no prazo de um mês, propor a ação de 
consignação, sem que haja necessidade de atualizar o valor com correção 
monetária e juros. 
Assim, se ajuizado dentro do prazo de um mês, o valor considera-se atualizado 
desde o ajuizamento da ação. Após esse prazo, a parte poderá consignar 
judicialmente em pagamento, contudo, será necessário corrigir os valores e 
efetuar a integração dos valores relativos a juros no período. 
Confira os dispositivos relacionados: 
§ 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em 
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, 
cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o PRAZO DE 10 
(DEZ) DIAS para a manifestação de recusa. 
§ 2o Decorrido o prazo do § 1o, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a 
manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à 
disposição do credor a quantia depositada. 
§ 3o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser 
proposta, dentro de 1 (UM) MÊS, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a 
prova do depósito e da recusa. 
§ 4o NÃO proposta a ação no prazo do § 3o, ficará sem efeito o depósito, podendo 
levantá-lo o depositante. 
Na forma de uma linha do tempo, temos: 
 
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cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) 
dias para a manifestação de recusa. 
A alternativa B está incorreta. De acordo com os arts. 547 e 548, da Lei nº 
13.105/15, se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o 
pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do 
crédito para provarem o seu direito. Nesse caso, não comparecendo pretendente 
algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de coisas vagas; 
comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; comparecendo mais de um, 
o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo 
a correr unicamente entre os presuntivos credores, observado o procedimento 
comum. 
A alternativa C está incorreta. Segundo o art. 545, §1º, da referida Lei, alegada 
a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a 
coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o 
processo quanto à parcela controvertida. 
A alternativa D está incorreta. Com base no §2º, do art. 545, do NCPC, a 
sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que 
possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor 
promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária. 
3.4 - Consignação judicial 
A consignação em pagamento na forma judicial será efetuada nas seguinteshipóteses: 
ª Quando for frustrada a consignação em pagamento extrajudicial; 
ª Quando envolver obrigação de entrega; e 
ª Quando o devedor optar por tal modalidade diretamente. 
Nessas três situações, desde que dentro das hipóteses de cabimento estudadas 
no início, a ação de consignação em pagamento será realizada judicialmente. 
O art. 540, do NCPC, estabelece a regra de competência da ação de consignação 
em pagamento. A parte deve propor a ação no lugar do pagamento, conforme 
convencionado pelas partes. 
Por exemplo, se a obrigação tem por objeto imóvel, natural que estabelecem que 
o pagamento no local de situação do bem. Neste foro, portanto, deverá ser 
ajuizada a ação. 
Além disso, esse art. 540, do NCPC, traz outra regra importante. 
A partir do momento em que é efetuado o depósito, consideram-se cessados 
juros e riscos para o devedor. Isso ocorre porque o devedor destacou o bem o 
valor devido para pagamento a dívida, alegando que não consegue efetuar o 
pagamento, seja porque o credor não quer receber, seja porque há dúvidas em 
relação a quem deve efetivamente pagar ou entregar a coisa. 
Apenas se a ação for julgada improcedente, esses juros e eventuais riscos não 
cessarão. Dito de outra forma, se o consignante (devedor) obtiver uma sentença 
que seja pela improcedência, responderá pela correção monetária, juros e 
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A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 545, combinado com o §1º, do 
NCPC, alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 
dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão 
do contrato. No caso, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa 
depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o 
processo quanto à parcela controvertida. 
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o art. 
544, II, e IV, combinado com o parágrafo único, da referida Lei: 
Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que: 
II - foi justa a recusa; 
IV - o depósito não é integral. 
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar 
o montante que entende devido. 
A alternativa D está incorreta. Com base no caput do art. 546, do NCPC, julgado 
procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao 
pagamento de custas e honorários advocatícios. 
Sigamos! 
O art. 545, do NCPC, trata da alegação pelo réu (credor e consignado) de 
insuficiência do depósito. 
Uma vez apresentada a contestação, contestando o valor depositado e indicando 
o réu o valor que entende devido, o juiz irá determinar a intimação do autor para 
completar o valor do depósito no prazo de 10 dias. 
O autor poderá complementar o valor ou sustentar que o montante depositado é 
o efetivamente devido. Nesse caso, o réu poderá efetuar o levantamento do valor 
incontroverso. 
Na sentença, o juiz irá avaliar se o valor depositado está ou não de acordo com 
o valor devido. 
Veja: 
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, EM 10 
(DEZ) DIAS, SALVO se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a 
rescisão do contrato. 
§ 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa 
depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo 
quanto à parcela controvertida. 
§ 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que 
possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-
lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária. 
O §2º trata da natureza dúplice da consignação em pagamento. Prevê a 
ação que a parte credora ao alegar que o valor é insuficiente e a sentença concluir 
que, de fato, o valor consignado foi insuficiente, o réu terá a seu favor um título 
executivo judicial para cobrar a diferença do crédito não consignado. 
Vejamos uma questão sobre esse assunto: 
PROCESSO CIVIL - XXII EXAME DA OAB 
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Questão ± CESPE/OAB ± Exame de Ordem ± 2009 ± Adaptada 
ao NCPC 
Acerca dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa, assinale a 
opção correta. 
a) Na ação de consignação em pagamento, uma vez alegada a insuficiência 
do depósito, o réu pode levantar desde logo a quantia ou a coisa depositada, 
prosseguindo o processo no que se refere à parcela controvertida. 
b) Na ação de depósito, uma vez efetuado o depósito do equivalente em 
dinheiro, é vedado ao autor promover a busca e apreensão da coisa. 
c) Na ação de exigir contas, as contas do inventariante, do tutor, do curador, 
do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas nos 
mesmos autos do processo em que tiver sido nomeado. 
d) Na pendência de processo possessório, é permitido ao autor e ao réu 
intentar ação de reconhecimento de domínio. 
Comentários 
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe o 
art. 545, §1º, do NCPC: 
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez) 
dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do 
contrato. 
§ 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, 
com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela 
controvertida. 
A alternativa B está incorreta. A ação de depósito não é mais um procedimento 
especial previsto no NCPC. 
A alternativa C está incorreta, pois nesses casos a prestação de contas deve ser 
feita em apenso aos autos, de acordo com o art. 553, do NCPC. 
A alternativa D está incorreta. De acordo com o art. 557, do NCPC, na pendência 
de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de 
reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de 
terceira pessoa. 
Sigamos! 
Por outro lado, se julgada procedente a ação, o juiz irá declarar o processo extinto 
Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e 
condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios. 
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação. 
Sintetizando... 
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No segundo caso (contestação), o procedimento assume o procedimento comum 
para discussão das contas. Ao final, o magistrado irá condenar a parte ré na 
prestação ou não prestação das contas a depender das provas produzidas nos 
autos. Caso condene a parte a apresentar contas, ela terá prazo de 15 dias para 
fazê-lo, sob pena do próprio autor prestar as contas indicando os débitos da parte 
ré. 
Há uma terceira possibilidade: revelia. Se, citado, o réu não prestar contas nem 
mesmo contestar, o procedimento seguirá o seu curso com presunção de validade 
das informações trazidas pelo autor. 
Veja: 
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação 
do réu para que as preste ou ofereça contestação no PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS. 
§ 1o Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige 
as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem. 
§ 2o Prestadas as contas, o autor terá 15 (QUINZE) DIAS para se manifestar,prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro [procedimento 
comum]. 
§ 3o A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e 
específica, com referência expressa ao lançamento questionado. 
§ 4o Se o réu NÃO contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355 [designação 
da audiência de conciliação e de mediação]. 
§ 5o A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no 
prazo de 15 (QUINZE) DIAS, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor 
apresentar. 
§ 6o Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5o, seguir-se-á o 
procedimento do § 2o, caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo de 15 
(quinze) dias, podendo o juiz determinar a realização de exame pericial, se necessário. 
Vimos que, se contestado o pedido, haverá instauração do rito procedimental 
comum. Ao final, a decisão, se for de procedência, implicará na determinação 
para que o réu, no prazo de 15 dias, preste as contas. Caso não o faça, temos a 
apresentação das contas pelo autor. 
Com isso, finaliza-se a PRIMEIRA FASE da ação de exigir contas, que 
culmina com uma decisão interlocutória declarando se o réu deve ou não 
prestar as contas. 
O que o art. 551, do NCPC, estabelece que essas contas devem ser apresentadas 
de forma detalhada, com especificações. Caso contestada de forma 
fundamentada pelo autor, o juiz poderá pedir esclarecimentos da parte ré. 
Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-se as 
receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver. 
§ 1o Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o juiz estabelecerá 
prazo razoável para que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos 
individualmente impugnados. 
§ 2o As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5o, serão apresentadas na forma 
adequada, já instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a 
aplicação das despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo. 
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menor. Em face disso, o adquirente poderá rescindir o contrato, pedir a redução 
do preço proporcionalmente ou ingressar com a ação para obter a área faltante. 
O pedido, portanto, é fundado na propriedade que foi adquiria anteriormente e 
não entregue pela outra parte. 
ª quando se tratar de defesa da posse devemos ingressar com uma AÇÃO 
POSSESSÓRIA. 
A posse é protegida no direito brasileiro para proteger a propriedade. Dito de 
outro modo, a proteção jurídica da posse foi criada para proteger o proprietário. 
Isso porque, em regra, a propriedade e posse estão na mesma pessoa. Na 
realidade, a prova da posse é mais fácil do que a prova da propriedade, que exige 
documentação específica (o título). 
O proprietário, desde que tenha a posse direta ou indireta, poderá se valer das 
ações petitórias como também poderá se valer das ações possessórias, que serão 
estudadas no decorrer desse capítulo. O proprietário tem, portanto, a 
possibilidade de utilizar as duas vias: ações petitórias ou ações possessórias. 
Assim, para a proteção da posse temos duas formas de proteção: 
A primeira delas é ação de direito material, com previsão no art. 1.210, §1º, do 
CC: 
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria 
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do 
indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
É o desforço imediato da posse que consiste na possibilidade de o possuidor, 
uma vez sendo esbulhado ou turbado, independentemente de recorrer ao Poder 
Judiciário, reagir à injusta agressão. Naturalmente, o exercício da autotutela 
depende de algumas condições, estudadas no Direito Civil. 
Esse desforço imediato não é uma ação processual, mas uma ação material. Fala-
se em ação material porque a parte irá reagir com fundamento na legislação civil, 
não com vistas às regras do NCPC ou com movimentação do Poder Judiciário para 
prestação da tutela jurisdicional. 
É importante registrar que a ação de direito material poderá ser utilizada tanto 
tão somente pelo possuidor como pelo proprietário e possuidor. 
Além disso, evidentemente, existem violações à posse que não podem ser 
repelidas pela ação de direito material. Se mesmo se valendo do desforço 
imediato, o possuidor não conseguir mantê-la em seu poder, deverá recorrer ao 
Poder Judiciário. Apenas nesse caso, temos a aplicação das ações possessórias, 
que serão estudadas por nós. São ações que possuem como causa de pedir e 
como pedido a posse. 
No direito brasileiro temos três espécies de ações possessórias: 
¾ Ação de reintegração de posse; 
¾ Ação de manutenção de posse; 
¾ Interdito proibitório. 
Para a prova... 
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sentença essa ameaça pode ter progredido para uma turbação ou, inclusive, um 
esbulho. 
Logo, o art. 554, do NCPC, estabelece a fungibilidade das ações 
possessórias. 
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra NÃO obstará a que o 
juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos 
pressupostos estejam provados. 
Em relação aos §§ do art. 554, do NCPC, voltaremos a falar deles mais adiante! 
Vejamos uma questão sobre esse assunto: 
 
Questão ± VUNESP/OAB-SP ± Exame de Ordem ± 2007 
Não é própria das ações possessórias a característica de 
a) caráter dúplice. 
b) infungibilidade. 
c) fungibilidade. 
d) jurisdição contenciosa. 
Comentários 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O art. 554, do NCPC, faz 
referência ao princípio da fungibilidade. Ou seja, uma ação proposta no lugar de 
outra cabível poderá ser conhecida pelo Juízo. Vejamos: 
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz 
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos 
estejam provados. 
 
Cumulação de pedidos 
Esse assunto está disciplinado no art. 555, do NCPC. O NCPC estabelece uma 
regra própria de cumulação de pedidos que está no art. 327, do NCPC, ao falar 
que a parte pode cumular, em um mesmo processo, mais de uma ação ou pedido. 
Para que isso possa ocorrer é necessário observar três requisitos: a) a 
compatibilidade de pedidos; b) a competência do juízo; e c) a compatibilidade 
procedimental. 
O dispositivo abaixo é uma exceção ao art. 327, pois se admite a cumulação de 
pedidos diversos sem perder o rito especial. Isso é importante, pois a parte não 
perde a possibilidade de requerer a tutela de evidência na forma do art. 558 e 
561, ambos do NCPC. 
Art. 555. É LÍCITO ao autor cumular ao pedido possessório o de: 
I - condenação em perdas e danos; 
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Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado 
em caso de esbulho. 
A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 1.009, do NCPC, da sentença 
caberá a apelação. 
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. 
Sigamos! 
O art. 559, do NCPC, trata da caução, que poderá ser determinada pelo 
magistrado caso o réu faça prova de que o autor, caso mantido na posse, não 
tem condições financeiras de arcar com a sucumbência do processo. Assim, antesde garantir a tutela de evidência, poderá determinar que, no prazo de 5 dias, o 
autor preste caução suficiente. 
Essa caução apenas não será devida se o autor for economicamente 
hipossuficiente. 
Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido 
ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de 
sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias 
para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, 
ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. 
Ação de reconhecimento de domínio 
O dispositivo abaixo trata da impossibilidade de discussão do domínio nas ações 
possessórias. Assim, as partes não poderão discutir o domínio sobre determinada 
propriedade enquanto estiver tramitando uma das ações possessórias previstas 
no NCPC. 
Art. 557. Na pendência de ação possessória é VEDADO, tanto ao autor quanto ao réu, 
propor ação de reconhecimento do domínio, EXCETO se a pretensão for deduzida 
em face de terceira pessoa. 
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de 
propriedade ou de outro direito sobre a coisa. 
O domínio é conteúdo da propriedade ou o exercício de um direito real de usar, 
gozar, dispor e reaver a propriedade. Por exemplo, a pessoa que obter declaração 
judicial de domínio sobre determinada propriedade, sobre a qual exerce a posse 
mansa e pacífica, poderá usucapir o imóvel. Com tal declaração a parte poderá 
proceder ao registro, tornando-se proprietário. 
Há, entretanto, uma exceção: admite-se discutir o domínio quando a pretensão 
for exercida em face de terceiro. Portanto... 
De acordo com o STF admite-se a utilização da usucapião como matéria de defesa 
em ações possessórias: 
Súmula STF 237 
O usucapião pode ser arguido em defesa. 
De todo modo, não será possível o registro dessa propriedade caso haja 
reconhecimento da usucapião. Dito de outro modo, a transferência formal da 
propriedade para o réu que foi acionado em ação possessória irá exigir que ele 
ingresse com uma ação própria de usucapião. 
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Rito especial e liminar 
O art. 558, do NCPC, disciplina que para as ações possessórias observem o rito 
especial é indispensável que o esbulho ou a turbação ocorram no período inferior 
a ano e dia. 
Por exemplo, se o esbulho ou a turbação ocorrerem até em um ano e um dia, a 
ação possessória segue o rito especial do NCPC. 
Nesse rito temos a possibilidade de concessão de tutela da evidência fora da 
previsão do art. 311, do NCPC. Se o autor da ação provar a posse e a 
turbação ou o esbulho dentro de um ano e um dia ele terá direito a uma 
liminar de tutela da evidência. Nesses casos, não há necessidade de provar a 
urgência ou perigo da demora. 
Por outro lado, se o esbulho ou a turbação acontecer há mais de ano e dia admite-
se a utilização da ação possessória, que irá seguir o rito comum. Nesses casos, 
será admissível a concessão de medida liminar as ações possessórias que 
tramitem pelo rito comum, desde que efetue a prova dos requisitos do art. 300 
(tutela de urgência) e do art. 311, do NCPC (tutela de evidência). Há, contudo, 
maior dificuldade para se fazer a prova. 
Veja: 
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as 
normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia 
da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. 
Parágrafo único. PASSADO O PRAZO REFERIDO no caput, será comum o 
procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório. 
A ação não deixa de ter o caráter possessório, contudo, observará o rito comum. 
Em síntese... 
 
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¾ a turbação ou o esbulho; 
¾ a data da turbação ou do esbulho; e 
¾ o pedido de cessação da turbação ou reintegração no caso de esbulho. 
Confira: 
Art. 561. Incumbe ao autor provar: 
I - a sua posse; 
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; 
III - a data da turbação ou do esbulho; 
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da 
posse, na ação de reintegração. 
Vejamos uma questão sobre esse assunto: 
 
Questão ± FGV/OAB ± Exame de Ordem ± X ± Primeira Fase ± 
2013 
A proteção possessória pode se desenvolver por meio de diversos tipos de 
ações. No que se refere às espécies de ações possessórias e suas 
características, assinale a afirmativa correta. 
a) Em virtude do princípio da adstrição, a propositura de uma ação 
possessória em vez de outra impede que o juiz conheça do pedido e outorgue 
a proteção correspondente àquela cujos requisitos estejam provados. 
b) É defeso ao autor cumular o pedido possessório com condenação em 
perdas e danos, devendo optar por um ou outro provimento, sob pena de 
enriquecimento sem causa. 
c) As ações possessórias não possuem natureza dúplice. Sendo assim, caso 
o réu queira fazer pedido contra o autor, não poderá se valer da contestação, 
devendo apresentar reconvenção. 
d) Apenas o possuidor figura-se como parte legitima para a propositura das 
ações possessórias, tanto na hipótese de posse direta quanto na hipótese de 
posse indireta. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 554, do NCPC, a propositura 
de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do 
pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos 
estejam provados. 
A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 555, I, da referida Lei, é lícito ao 
autor cumular ao pedido possessório o de condenação em perdas e danos. 
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A alternativa C está incorreta. Com base no art. 556, da Lei nº 13.105/15, é 
lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, 
demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da 
turbação ou do esbulho cometido pelo autor. 
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Apenas o possuidor, seja 
ele possuidor direto ou indireto, é parte legítima para propor ação possessória. 
Vejamos o art. 561, I, do NCPC: 
Art. 561. Incumbe ao autor provar: 
I - a sua posse; 
Sigamos! 
O art. 562, retoma a regra que vimos acima acerca do rito especial da ação de 
manutenção ou reintegração de posse. Se ajuizada dentro do prazo de um ano e 
um dia, a contar da violação do direito possessório, temos a possibilidade de 
concessão da tutela liminar. 
Importante destacar que, de acordo com o parágrafo único do art. 562, do NCPC, 
não será possível a concessão dessa tutela quando no polo passivo da demanda 
estiver pessoa jurídica de direito público, tal como a União, um Estado membro 
da federação ou Município. 
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, O JUIZ DEFERIRÁ, SEM 
OUVIR O RÉU, A EXPEDIÇÃO DO MANDADO LIMINAR DE MANUTENÇÃO OU DE 
REINTEGRAÇÃO, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o 
alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. 
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público NÃO será deferida a 
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos 
representantes judiciais. 
Fique atento! O art. 562, do NCPC, exige que a petiçãoinicial esteja 
suficientemente instruída para que a liminar inauditera altera pars (sem oitiva da 
parte contrária seja concedida) seja concedida. Assim, além de ser observado o 
prazo de um ano de um dia, a parte deve apresentar documentos robustos do 
direito que pretende tutela judicial. 
Em face disso, e também devido às consequências que a concessão da tutela de 
evidência representam, o magistrado poderá ao invés de conceder diretamente 
a tutela, determinar a intimação da parte autora para esclarecimentos. 
Prestadas as informações, se o juiz considerar suficiente a justificação, 
determinará a expedição do mandado de manutenção da posse (para o caso de 
turbação) ou de reintegração (para o caso de esbulho). 
É o que estabelece o art. 563, do NCPC: 
Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de 
manutenção ou de reintegração. 
Independentemente da concessão ou não da medida, compete à parte autora 
promover a citação do réu no prazo de 5 dias, para que apresente contestação 
no prazo de 15 dias. 
Cuidado! 
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atualmente. Em face disso, fez necessário o enfrentamento do assunto pelo 
NCPC. 
Nessas ações evidencia-se o interesse público e social dos envolvidos no conflito 
possessório. Diante disso, faz-se necessária propiciar a participação do Ministério 
Público e da Defensoria. Além disso, em razão da coletividade ± parte na 
demanda ± temos regras específica para a citação e para a comunicação dos atos 
processuais. 
O art. 554, do NCPC, determina que serão citados para a ação possessória 
coletiva: 
ª réus presentes no local; 
ª réus ausentes serão citados por edital; 
ª citação do Ministério Público, porque nos termos do art. 178, III, do órgão deve atuar 
nos litígios coletivos por posse de terra rural ou urbana; e 
ª Defensoria Pública nos casos de hipossuficiência econômica. 
Confira: 
§ 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de 
pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no 
local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do 
Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da 
Defensoria Pública. 
§ 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os 
ocupantes no local POR UMA VEZ, citando-se por edital os que não forem encontrados. 
§ 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista 
no § 1o e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em 
jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios. 
Ainda em relação ao §2º do art. 554, do NCPC, é importante deixar claro que a 
tentativa de citação pessoal pelo oficial de justiça ocorrerá por uma única vez. 
Caso não seja possível citar todos, os demais serão comunicados da forma ficta 
por edital. 
Uma vez integrados os réus à lide, temos que analisar a higidez das alegações 
(se a petição inicial está suficientemente instruída) e se a turbação ou esbulho 
ocorreram há mais de ano de dia. 
Se for em período inferior a ano e dia, temos a possibilidade de concessão de 
tutela de evidência. Por outro lado, se superior a esse período, aplicamos o art. 
565, do NCPC, regra visando à autocomposição. 
Esse dispositivo determina que, nas ações possessórias que ocorreram há mais 
de um ano e dia, o juiz não poderá determinar a reintegração de posse antes de 
efetuar a audiência de medição. 
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação 
afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de 
apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de 
mediação, a realizar-se em ATÉ 30 (TRINTA) DIAS, que observará o disposto nos §§ 2oe 
4o. 
Essa audiência deve ocorrer no prazo de 30 dias. 
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Vejamos uma questão: 
 
Questão ± FGV/OAB ± Exame de Ordem ± V ± Primeira Fase ± 
2011 
Numa ação de reintegração de posse em que o esbulho ocorreu há menos 
de 1 ano e 1 dia, ao examinar o pedido de liminar constante da petição 
inicial, o juiz 
a) deve sempre realizar a inspeção judicial no local, sendo tal diligência 
requisito para a concessão da liminar. 
b) deve deferir de plano, sem ouvir o réu, se a petição inicial estiver 
devidamente instruída e sendo a ação entre particulares. 
c) deve sempre designar audiência prévia ou de justificação, citando o réu, 
para, então, avaliar o pedido liminar. 
d) pode deferir a liminar de plano, sem ouvir o réu, desde que haja parecer 
favorável do Ministério Público. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. A inspeção judicial não é um requisito para 
concessão de liminar em possessórias, mas sim uma discricionariedade do juiz. 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Cabe concessão sem 
ouvir o réu se a petição já trouxer provas indiscutíveis para deferimento da 
medida. 
A alternativa C está incorreta. A audiência prévia ou de justificação não é 
obrigatória. 
A alternativa D está incorreta. Não é obrigatória a presença do MP em ações 
possessórias. 
5.5 - Interdito Proibitório 
Para estudarmos o interdito proibitório e, portanto, a última ação possessória, 
basta conhecer o art. 567, do NCPC. 
Antes, entretanto, veja um conceito3: 
O interdito proibitório é uma tutela possessória de caráter inibitório, destinada a inibir os 
atos de agressão à posse, concretizáveis em turbação ou em esbulho. 
 
3 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo 
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, 
p. 705. 
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Logo, o conceito de interdito proibitório é simples: evitar que o proprietário 
possa ser turbado ou esbulhado. 
Para tanto, faz-se necessário provar a existência de um justo receio da violação 
a sua esfera jurídica patrimonial. 
Na sequência, leia o dispositivo e responda ao questionamento efetuado. 
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na 
posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, 
mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso 
transgrida o preceito. 
Que tutela a parte receberá? 
O juiz irá conceder uma medida inibitória (ou seja, que evite que o direito de 
posse seja violado), que se não for suficiente implicará em multa pecuniária pela 
turbação ou pelo esbulho. 
Fora isso, observamos o procedimento acima estudado, conforme remete o art. 
568, do NCPC: 
Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo. 
Vejamos uma questão sobre as ações possessórias: 
 
Questão ± FGV/OAB ± Exame de Ordem ± IV ± Primeira Fase - 
2011 
A respeito das ações possessórias, assinale a alternativa correta. 
a) A propositura da ação de reintegração de posse, quando cabível 
manutenção de posse, torna impossível o acolhimento do pedido, impondo 
a extinção sem resolução do mérito. 
b) Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar contar-
se-á da intimaçãodo despacho que deferir ou não a medida liminar. 
c) É vedada a cumulação de pedidos com o pedido possessório. 
d) O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de esbulho e 
reintegrado no de turbação. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. O ajuizamento equivocado de uma em lugar da 
outra não gera indeferimento inicial. 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O marco para a 
contestação é a decisão que defere ou não a medida cautelar. 
A alternativa C está incorreta. O pedido possessório pode ser cumulado com 
outros pedidos. 
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A alternativa D está incorreta. No caso de turbação falamos em manutenção de 
posse. E, no caso de esbulho, o termo adequado é reintegração. 
6 - Inventário e partilha 
O procedimento especial de inventário e partilha está disciplinado a partir do art. 
610 até o art. 673, do NCPC. São 64 dispositivos, com diversas regras. Algumas 
GHODV�SRGHPRV�³DSHQDV´�OHU��VHPSUH�FRP�D�GHYLGD�DWHQomR���RXWUDV�H[LJHP�XP�
esforço maior para a correta interpretação. 
O direito sucessório no Brasil observa o princípio da saisine, segundo o qual com 
o falecimento toda a herança é transmitida aos herdeiros de forma automática. 
Essa transmissão se dá, em um primeiro momento, para o espólio, pois os bens 
e direitos se encontram indistintos e precisam ser individualizados. Assim, forma-
se o espólio, entidade sem personalidade jurídica que será administrada pelo 
inventariante ou pelos herdeiros. 
Ainda em relação a essas noções introdutórias, pergunta-se: 
Qual a diferença entre inventário e partilha? 
O inventário constitui a relação de bens de determinada pessoa, descrevendo-os 
e individualizando-os em relação ao conjunto. A partilha envolve a divisão desses 
bens entre os sucessores. 
Nesse contexto, conforme explicita a doutrina4 ao procedimento de inventário e 
SDUWLOKD� LQWHUHVVD� DSHQDV� D� VXFHVVmR� µFDXVD� PRUWLV¶�� VHMD� OHJtWLPD� RX�
testamentária, seja a título singular ou universal. 
Vamos compreender bem essa informação!? 
A sucessão de bens pode ocorrer por ato inter vivos, por intermédio de um 
contrato de doação, ou causa mortis, quando há sucessão na titularidade dos 
direitos e obrigações que compunham o seu patrimônio. 
Essa sucessão causa mortis pode ser legítima, quando são chamados a suceder 
aqueles indicados no Código Civil, ou testamentária, quando o sucedido indica 
em testamento os sucessores. 
Além disso, a sucessão causa mortis pode ocorrer a título singular quando 
envolver determinados bens (legado) ou a universalidade de bens do patrimônio 
do falecido (herança). 
Serão essas as espécies e as formas de sucessão que estudaremos ao longo deste 
capítulo. 
 
4 DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 19ª edição, rev. e atual., 
São Paulo: Editora Atlas S/A, 2016, p. 890. 
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V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a 
herança estiver distribuída em legados; 
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; 
VII - o inventariante judicial, se houver; 
VIII - pessoa estranha idônea, quando NÃO houver inventariante judicial. 
Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (CINCO) 
DIAS, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a função. 
Essa ordem deve ser rigorosamente observada. Há jurisprudência do STJ5 
prevendo a possibilidade de que tal ordem seja flexibilizada. Contudo, para a 
prova, a não ser que haja referência expressa à jurisprudência, você assinalará 
que a ordem deve ser respeitada. 
Em linhas gerais, aquele que tiver maior suscetibilidade de direitos sucessórios 
deve ser nomeado inventariante. Assim, se houver cônjuge ou companheiro 
convivente, ele será o inventariante (inc. I), não havendo cônjuge ou 
companheiro, nomeia-se inventariante o herdeiro que estiver na posse ou 
administração dos bens (inc. II). 
Contudo, se nenhum desses herdeiros estiver na posse, nomeia-se qualquer dos 
herdeiros para administração dos bens (inc. III). 
Se o herdeiro a ser nomeado for menor de idade, o inventariante será o 
representante legal desse incapaz (inc. IV) 
Na hipótese de haver testamento especificando a quem compete cada parcela 
dos bens do falecido, haverá legado, ou seja, cada herdeiro terá direito a um bem 
específico, de forma que cada um dos testamenteiros (inc. V) será investido na 
qualidade de inventariante dos bens indicados no testamento de acordo com a 
atribuição pretendida pelo falecido. 
Podem ser nomeados como inventariantes, ainda, o cessionário do herdeiro ou 
do legatário (inc. VI). 
Por fim, nomeia-se o inventariante judicial (inv. VII) se não houver possibilidade 
de preenchimento pelas hipóteses acima ou, por fim, pessoa estranha idônea 
(inc. VIII) à discussão sucessória na inexistência de inventariante judicial. 
Para a prova... 
 
 
5 Por exemplo, REsp. 1.055.633/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 21/10/2008. 
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b) os móveis, com os sinais característicos; 
c) os semoventes, seu número, suas espécies, suas marcas e seus sinais distintivos; 
d) o dinheiro, as joias, os objetos de ouro e prata e as pedras preciosas, declarando-se-lhes 
especificadamente a qualidade, o peso e a importância; 
e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, as quotas e os títulos de sociedade, 
mencionando-se-lhes o número, o valor e a data; 
f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, os títulos, a origem da obrigação 
e os nomes dos credores e dos devedores; 
g) direitos e ações; 
h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio. 
§ 1o O juiz determinará que se proceda: 
I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era empresário individual; 
II - à apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que não anônima. 
§ 2o As declarações podem ser prestadas mediante petição, firmada por procurador com 
poderes especiais, à qual o termo se reportará. 
Os herdeiros e interessados somente poderão argumentar que foram omitidos 
bens ou direitos do falecido, após a conclusão da descrição dos bens, conforme 
estabelece o dispositivo abaixo: 
Art. 621. Só se pode arguir sonegação ao inventariante depois de encerrada a 
descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por 
inventariar. 
Evidentemente que, uma vez escolhido, o inventariante poderá ser destituído do 
seu encargo. Assim, se o inventariante não cumprir com a sua função ou agir de 
qualquer modo de forma irregular, o juiz poderá de ofício ou por intermédio de 
requerimento dos interessados removê-lo da função. 
O art. 622, do NCPC, descreve em que situações o inventariante será removido: 
Art. 622. O inventariante será REMOVIDO de ofício ou a requerimento: 
I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas declarações; 
II - se não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvidas infundadas ou se 
praticar atos meramente protelatórios; 
III - se, por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem, forem dilapidados ou 
sofrerem dano; 
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, se deixar de cobrar 
dívidasativas ou se não promover as medidas necessárias para evitar o 
perecimento de direitos; 
V - se não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas; 
VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio. 
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A alternativa A está incorreta. De acordo com o parágrafo único, do art. 623, 
do NCPC, o incidente de remoção de inventariante correrá em apenso aos autos 
principais e não nos próprios autos. 
Parágrafo único. O incidente da remoção correrá em apenso aos autos do inventário. 
A alternativa B está incorreta. Não há que se falar em afastamento imediato do 
inventariante. Ao receber o requerimento de remoção do inventariante, o juiz 
deverá intimá-lo para, no prazo de 15 dias, apresentar defesa e produzir provas. 
Vejamos o caput, do art. 623, da referida Lei: 
Art. 623. Requerida a remoção com fundamento em qualquer dos incisos do art. 622, será 
intimado o inventariante para, no prazo de 15 (quinze) dias, defender-se e produzir provas. 
A alternativa C está incorreta. O juiz deve observar a ordem de preferência 
estabelecida no art. 617, da Lei nº 13.105/15. 
Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem: 
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro 
ao tempo da morte deste; 
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge 
ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados; 
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do 
espólio; 
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal; 
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a 
herança estiver distribuída em legados; 
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; 
VII - o inventariante judicial, se houver; 
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial. 
O fato de Edgar ter formulado o requerimento de remoção não lhe garante 
prioridade para o exercício das funções de inventariante. 
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, conforme estabelece o 
art. 625, do NCPC: 
Art. 625. O inventariante removido entregará imediatamente ao substituto os bens do 
espólio e, caso deixe de fazê-lo, será compelido mediante mandado de busca e apreensão 
ou de imissão na posse, conforme se tratar de bem móvel ou imóvel, sem prejuízo da multa 
a ser fixada pelo juiz em montante não superior a três por cento do valor dos bens 
inventariados. 
Sigamos! 
Com isso encerramos o estudo da primeira parte do procedimento de inventário 
e partilha. 
Em síntese, vimos que com o falecimento deve ser instaurado o procedimento no 
prazo de 20 dias por aquele que detiver a posse ou administração dos bens ou 
pelos demais legitimados previstos no art. 616, do NCPC. 
Quem estiver na posse será o administrador provisório até que o juiz efetive a 
nomeação do inventariante que observa uma ordem legal para investidura na 
função, descrita no art. 617, do NCPC. 
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§ 2o Julgando procedente a impugnação, o juiz determinará que o perito retifique a 
avaliação, observando os fundamentos da decisão. 
Art. 636. Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu respeito, lavrar-se-
á em seguida o termo de últimas declarações, no qual o inventariante poderá emendar, 
aditar ou completar as primeiras. 
Art. 637. Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no PRAZO COMUM DE 15 
(QUINZE) DIAS, proceder-se-á ao cálculo do tributo. 
Art. 638. Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes no prazo comum 
de 5 (CINCO) DIAS, que correrá em cartório, e, em seguida, a Fazenda Pública. 
§ 1o Se acolher eventual impugnação, o juiz ordenará nova remessa dos autos ao 
contabilista, determinando as alterações que devam ser feitas no cálculo. 
§ 2o Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do tributo. 
Vamos à sucessão dos fatos?! 
AVALIAÇÃO E CÁLCULO DO IMPOSTO 
1) Remessa ao avaliador judicial ou nomeação de perito. 
* não será nomeado perito se capazes as partes, a Fazenda Pública concordar com 
R�YDORU�LQGLFDGR�QDV�³SULPHLUDV�GHFODUDo}HV´� 
** não se expede carta precatória para avaliação de bem fora da comarca se for 
bem de pequeno valor ou conhecido do perito nomeado 
2) Laudo 
3) Intimação das partes para se manifestarem no prazo comum de 15 dias 
4) Decisão do juiz 
���7HUPR�GH�³~OWLPDV�GHFODUDo}HV´�SHOo inventariante 
���,QWLPDomR�GDV�SDUWHV�GDV�³~OWLPDV�GHFODUDo}HV´�QR�SUD]R�FRPXP�GH����GLDV 
7) Cálculo do tributo 
8) Intimação das partes e da Fazenda Pública no prazo de 5 dias para ciência do valor do 
tributo. 
9) Homologação do juiz do valor devido 
6.6 - Colações 
Do art. 639 ao 641, todos do NCPC, temos a disciplina das colações. Esse 
procedimento é disciplinado no Direito Civil, a partir do art. 2.002 a 2.012, do 
Código Civil. 
Para fins do estudo de Direito Processual Civil cumpre conhecer o conceito do 
instituto e suas linhas gerais. 
A colação é o instrumento por intermédio do qual os herdeiros necessários 
indicam os bens que receberam por doação inter vivos do falecido. Assim, se o 
cônjuge ou filho recebeu ao longo da vida bens deverá indicá-los para que sejam 
computados no cálculo do inventário e da partilha. 
Esse deve se estender apenas aos herdeiros necessários, ou seja, aplica-se 
apenas aos descendentes e ao cônjuge a fim de que não haja violação da regra 
mínima a que tem direito esses herdeiros, a denominada legítima. 
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Em face disso, serão convocados para indicar os bens ou, ao menos, o valor que 
fora doado em vida, conforme estabelece o art. 639, do CC: 
Art. 639. No prazo estabelecido no art. 627, o herdeiro obrigado à colação conferirá 
por termo nos autos ou por petição à qual o termo se reportará os bens que 
recebeu ou, se já não os possuir, trar-lhes-á o valor. 
Parágrafo único. Os bens a serem conferidos na partilha, assim como as acessões e as 
benfeitorias que o donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem ao tempo da abertura 
da sucessão. 
Quanto ao arts. 640 e 641, do NCPC, a leitura é o suficiente: 
Art. 640. O herdeiro que renunciou à herança ou o que dela foi excluído não se 
exime, pelo fato da renúncia ou da exclusão, de conferir, para o efeito de repor a parte 
inoficiosa, as liberalidades que obteve do doador. 
§ 1o É lícito ao donatário escolher, dentre os bens doados, tantos quantos bastem para 
perfazer a legítima e a metade disponível, entrando na partilha o excedente para ser dividido 
entre os demais herdeiros. 
§ 2o Se a parte inoficiosa da doação recair sobre bem imóvel que não comporte divisão 
cômoda, o juiz determinará que sobre ela se proceda a licitação entre os herdeiros. 
§ 3o O donatário poderá concorrer na licitação referida no § 2o e, em igualdade de condições, 
terá preferência sobre os herdeiros. 
Art. 641. Se o herdeiro negar o recebimento dos bens ou a obrigação de os conferir, 
o juiz, ouvidas as partes no prazo comum de 15 (quinze) dias, decidirá à vista das 
alegações e das provas produzidas. 
§ 1o Declarada improcedente a oposição, se o herdeiro, no prazo improrrogável de 15 
(quinze) dias, não proceder à conferência, o juiz mandará sequestrar-lhe,para serem 
inventariados e partilhados, os bens sujeitos à colação ou imputar ao seu quinhão 
hereditário o valor deles, se já não os possuir. 
§ 2o Se a matéria exigir dilação probatória diversa da documental, o juiz remeterá as partes 
às vias ordinárias, não podendo o herdeiro receber o seu quinhão hereditário, enquanto 
pender a demanda, sem prestar caução correspondente ao valor dos bens sobre os quais 
versar a conferência. 
Caso haja impugnação pela sonegação da colação, ou seja, pela não indicação de 
bens doados em vida que não foram indicados, haverá instauração de incidente 
que será decidido pelo juiz, após oitiva das partes no prazo de 15 dias. 
Contudo, caso seja necessária produção de provas ± para além das informações 
documentais trazidas nos autos ± tal matéria será discutida em processo pelo rito 
comum. 
6.7 - Pagamento das Dívidas 
Note que o procedimento está evoluindo. Tivemos a nomeação do inventariante, 
D�SURGXomR�GDV�³SULPHLUDV�GHFODUDo}HV´��D�FLWDomR�GRV�KHUGHLURV��D�DYDOLDomR�H�R�
FiOFXOR�GR�LPSRVWR��D�SURGXomR�GDV�³~OWLPDV�GHFODUDo}HV´�H�D�UHJXODUL]DomR�GDV�
doações recebidas em vista para o cálculo da legítima (colação). 
Após tudo isso, ter-se-á claramente definido o valor dos bens do falecido. 
É possível, contudo, que haja dívidas. Se isso ocorrer devemos observas as regras 
abaixo: 
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Art. 642. ANTES DA PARTILHA, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do 
inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis. 
§ 1o A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por dependência e 
autuada em apenso aos autos do processo de inventário. 
§ 2o Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor, mandará 
que se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens suficientes para o pagamento. 
§ 3o Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento dos credores 
habilitados, o juiz mandará aliená-los, observando-se as disposições deste Código 
relativas à expropriação. 
§ 4o Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, para o seu 
pagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, concordando todas as 
partes. 
§ 5o Os donatários serão chamados a pronunciar-se sobre a aprovação das dívidas, sempre 
que haja possibilidade de resultar delas a redução das liberalidades. 
De acordo com o dispositivo acima haverá formação de um incidente processual 
com vistas à habilitação de eventual credor. Apresentada a petição, formam-se 
autos apensos/vinculados. 
Os herdeiros serão intimados para se manifestar e caso concordem com a 
existência da dívida, líquida e exigível, haverá o abatimento do valor total da 
herança. 
Se não houver concordância entre os herdeiros, o processo tramitará pelo rito 
comum. 
Art. 643. NÃO havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de pagamento 
feito pelo credor, será o pedido remetido às vias ordinárias. 
Parágrafo único. O juiz mandará, porém, reservar, em poder do inventariante, bens 
suficientes para pagar o credor quando a dívida constar de documento que comprove 
suficientemente a obrigação e a impugnação não se fundar em quitação. 
O art. 644, do NCPC, traz a possibilidade de os herdeiros autorizarem a 
habilitação de credor de dívida líquida e certa ainda não vencida. Esse dispositivo 
é relevante, pois os bens do falecido responderão por eventuais dívidas e 
responsabilidades pendentes. Desse modo, ainda que não seja autorizado o 
ingresso pelos herdeiros no procedimento de inventário e partilha, futuramente, 
quando vencida a dívida, os herdeiros serão chamados a responder com os bens 
do falecido proporcionalmente à quota-parte de cada um. Portanto, podem desde 
já determinar a separação de parte dos bens para pagamento de dívidas líquidas, 
certas e a vencer. 
Art. 644. O credor de dívida líquida e certa, AINDA NÃO VENCIDA, pode requerer 
habilitação no inventário. 
Parágrafo único. Concordando as partes com o pedido referido no caput, o juiz, ao julgar 
habilitado o crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro pagamento. 
A diferença do art. 644 para as dívidas vencidas é que nas dívidas vencidas, se 
os herdeiros não concordarem, haverá a instauração de processo pelo rito comum 
com reserva dos bens. No caso de dívida ainda não vencida, se não concordarem 
os herdeiros, o credor deverá aguardar o vencimento. 
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A alternativa A está incorreta. Como o crédito de Carlos está vencido e sendo 
ele exigível, o requerimento de habilitação deve ser feito até o momento da 
partilha, e não a qualquer tempo. Vejamos o art. 642, do NCPC: 
Art. 642. Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inventário 
o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis. 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, pois se refere ao art. 
644, da referida Lei: 
Art. 644. O credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode requerer habilitação 
no inventário. 
Parágrafo único. Concordando as partes com o pedido referido no caput, o juiz, ao julgar 
habilitado o crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro pagamento. 
A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 616, VII e VIII, da Lei nº 
13.105/15, o Ministério Público e a Fazenda Pública possuem legitimidade 
concorrente para requerer a abertura do inventário judicial por ocasião do 
falecimento de Márcio. 
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente: 
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; 
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse; 
A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 616, VI, da referida Lei, o credor 
de Antonieta tem legitimidade concorrente para requerer a abertura do inventário 
judicial. 
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente: 
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; 
Sigamos! 
Confira, ainda, os arts. 645 e 646, do NCPC: 
Art. 645. O legatário é parte legítima para manifestar-se sobre as dívidas do espólio: 
I - quando TODA a herança for dividida em legados; 
II - quando o reconhecimento das dívidas importar redução dos legados. 
Art. 646. Sem prejuízo do disposto no art. 860, é lícito aos herdeiros, ao separarem bens 
para o pagamento de dívidas, autorizar que o inventariante os indique à penhora no 
processo em que o espólio for executado. 
6.8 - Partilha 
A partir do momento que temos o inventário dos bens, com a descrição 
minudenciada de todos os bens e a definição do cálculo do imposto devido é 
possível passar à partilha. 
Antes disso, temos que considerar as colações e o pagamento de dívidas, na 
forma como estudamos acima. Após, os herdeiros poderão requerer o valor que 
lhe é devido (pedido de quinhão) no prazo de 15 dias. 
De acordo com o art. 647, do NCPC, o juiz poderá deferir antecipadamente aos 
herdeiros o exercício do direito de usar e fruir do bem até a efetiva transferência. 
Veja: 
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I - dívidas atendidas; 
II - meação do cônjuge; 
III - meação disponível; 
IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho. 
Para que você compreenda o art. 651, do NCPC, é necessário que façamos 
algumas considerações acerca do casamento.Não vamos aprofundar o conteúdo, 
pois é assunto de Direito Civil, contudo, alguns conceitos são pressuposto para o 
estudo do direito processual. 
Inventariado o conjunto de bens do espólio, resolvidas as impugnações, 
habilitados os credores, pagos os impostos, chegamos à partilha. 
Para a partilha, devemos investigar se o falecido era casado e, se casado, em 
que regime de bens. O regime de bens é fundamental para determinação da 
meação. 
A meação nada mais é do que parte dos bens do casal que cabe ao cônjuge e 
que, portanto, não integra a herança. O patrimônio do casal é considerado 
comum ao casal. Com o falecimento de um deles, naturalmente, o cônjuge 
sobrevivente tem direito a metade de todos os bens. 
A delimitação desses bens depende do regime do casamento. Assim, atenção! 
ª Se o casamento se der em regime de separação absoluta, não há patrimônio em comum 
e, portanto, não há meação. 
ª Se o casamento se der em regime de comunhão parcial, os bens adquiridos na 
constância do casamento serão considerados bens do casal e, portanto, com o falecimento 
de um deles, o cônjuge sobrevivente terá direito à metade desses bens comuns. Quanto 
aos bens anteriores ao casamento de propriedade do cônjuge sobrevivente, eles não 
integram a meação. 
ª Se o casamento se der em regime de comunhão total, todos os bens anteriores ou 
adquiridos ao longo da união serão considerados para fins da meação. 
Com base nessas normas, o art. 651, do NCPC, estabelece a ordem que deve ser 
observada para a distribuição dos bens. 
Primeiramente serão desconsideradas as dívidas do falecido, que serão 
descontadas do conjunto patrimonial de bens. 
Após, vamos analisar se há cônjuge e se, em razão do regime de casamento, há 
meação. Descontada a metade a que tem direito o cônjuge sobrevivente 
chegaremos ao montante da meação disponível para ser distribuída entre os 
herdeiros. 
Esse valor restante será distribuído entre os herdeiros, 
inclusive o cônjuge, ainda que tenha recebido a meação. 
Portanto, não confunda a meação com a herança. A 
meação não faz parte da herança. Além disso, o 
cônjuge, ainda que receba a meação, terá direito à herança em 
concorrência com os demais herdeiros. 
Após a confecção do esboço da partilha, os interessados serão intimados para se 
manifestar no prazo comum de 15 DIAS. 
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Art. 652. Feito o esboço, as partes manifestar-se-ão sobre esse no prazo comum de 
15 (quinze) dias, e, resolvidas as reclamações, a partilha será lançada nos autos. 
Nesse prazo as partes podem apresentar reclamações em face desse esboço de 
partilha. Resolvidas as pendências, o juiz decidirá lançando nos autos a partilha. 
Essa decisão deverá observar as regras do art. 653, do NCPC, cuja leitura atenta 
é o suficiente: 
Art. 653. A partilha constará: 
I - de auto de orçamento, que mencionará: 
a) os nomes do autor da herança, do inventariante, do cônjuge ou companheiro supérstite, 
dos herdeiros, dos legatários e dos credores admitidos; 
b) o ativo, o passivo e o líquido partível, com as necessárias especificações; 
c) o valor de cada quinhão; 
II - de folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a pagar-lhe, a razão do 
pagamento e a relação dos bens que lhe compõem o quinhão, as características que os 
individualizam e os ônus que os gravam. 
Parágrafo único. O auto e cada uma das folhas serão assinados pelo juiz e pelo escrivão. 
O art. 654, do NCPC, esclarece que após o lançamento da partilha incidirá o 
imposto de transmissão (ITCMD causa mortis). 
Art. 654. Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos autos certidão ou 
informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a 
partilha. 
Parágrafo único. A existência de dívida para com a Fazenda Pública não impedirá o 
julgamento da partilha, DESDE QUE o seu pagamento esteja devidamente garantido. 
Com o trânsito em julgado da sentença de partilha, haverá expedição do 
GRFXPHQWR�GHQRPLQDGR�GH�³IRUPDO�GH�SDUWLOKD´��TXH�HVSHFLILFDUi�R�KHUGHLUR��D�
avaliação dos bens, o valor que é devido. Confira: 
Art. 655. Transitada em julgado a sentença mencionada no art. 654, receberá o herdeiro 
os bens que lhe tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças: 
I - termo de inventariante e título de herdeiros; 
II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro; 
III - pagamento do quinhão hereditário; 
IV - quitação dos impostos; 
V - sentença. 
Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão de pagamento do 
quinhão hereditário quando esse NÃO exceder a 5 (cinco) vezes o salário-mínimo, caso 
em que se transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado. 
Do dispositivo acima, para a prova... 
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Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha 
sob a guarda e a administração do mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da 
maioria dos herdeiros. 
Art. 670. Na sobrepartilha dos bens, observar-se-á o processo de inventário e de partilha. 
Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da herança. 
ª nomeação de curador especial: 
Art. 671. O juiz nomeará curador especial: 
I - ao ausente, se não o tiver; 
II - ao incapaz, se concorrer na partilha com o seu representante, desde que exista colisão 
de interesses. 
ª cumulação de inventários: 
Art. 672. É LÍCITA a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas 
diversas quando houver: 
I - identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens; 
II - heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros; 
III - dependência de uma das partilhas em relação à outra. 
Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a dependência for parcial, por haver 
outros bens, o juiz pode ordenar a tramitação separada, se melhor convier ao interesse das 
partes ou à celeridade processual. 
Art. 673. No caso previsto no art. 672, inciso II, prevalecerão as primeiras declarações, 
assim como o laudo de avaliação, salvo se alterado o valor dos bens. 
7 - Embargos de Terceiro 
Os embargos de terceiro constituem espécie de ação que tem por finalidade 
impedir ou livrar a constrição de bem que esteja na posse ou propriedade de 
terceiro. 
Por exemplo, alguém alheio ao processo judicial sobre a penhora de algum bem 
em razão de uma ação de execução envolvendo outras pessoas. Nesse caso, a 
fim de proteger a sua esfera jurídico-patrimonial, admite-se o ajuizamento da 
ação de embargos de terceiro. 
Assim, para ajuizamento dos embargos: 
ª não pode ser parte no processo (terceiro); e 
ª sofreu constrição ou ameaça de constrição em bens sobre os quais tem direito. 
Veja: 
Art. 674. Quem, NÃO sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de 
constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com 
o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos 
de terceiro. 
§ 1o Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou 
possuidor. 
O §2º esclarece quem poderá ser considerado terceiro e, portanto, quem são os 
possíveis legitimados ativos para a ação: 
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