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A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico

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Educação Inclusiva
A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Celia Regina Silva Rocha
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone 
5
• A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico
• Afinal, o que é o Projeto Político-pedagógico?
Nosso foco será a discussão sobre a importância das atitudes sociais dos professores, sobre as 
práticas e métodos pedagógicos nos quais há o predomínio da experimentação, da criação, 
da descoberta e da coautoria do conhecimento, enfatizando aquilo que o aluno é capaz 
de aprender num ambiente rico e verdadeiramente estimulador de suas potencialidades. 
Depois falaremos do currículo, da avaliação, das modificações provindas das experiências e 
vivências dos alunos com ou sem deficiência e das limitações e potencialidades dos alunos. 
Não deixaremos de mencionar a importância dos programas de capacitação e formação de 
professores e da construção coletiva do Projeto Político-pedagógico (PPP) e suas implicações 
para a escola, como um todo, e para a comunidade.
 · Nesta Unidade, enfocaremos as questões relacionadas à 
identificação do aluno com necessidades educacionais 
especiais e a importância da elaboração coletiva do Projeto 
Político-pedagógico - PPP. Vale ressaltar que indicamos vários 
textos para o aprofundamento das discussões. 
A Escola Inclusiva e seu Projeto Político 
Pedagógico
6
Unidade: A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico
Contextualização
Vimos, nas unidades anteriores, que a legislação brasileira oferece propostas de 
operacionalização para uma escola inclusiva, permitindo, dessa forma, que o sistema de 
ensino possa atender satisfatoriamente às necessidades educacionais especiais de todos os 
indivíduos, principalmente daqueles que apresentam algum tipo de deficiência. Entendemos 
que profissionais que atuam junto a essas pessoas necessitam rever sua postura e atitude frente 
a elas. Aqui, na Unidade IV, discutiremos a questão da construção coletiva do PPP, atrelada às 
participações da escola, como um todo, da família e da comunidade.
7
A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico
O direito à educação, à igualdade de condições sem discriminação e à permanência dentro 
da escola está assegurado pela nossa Constituição (1988), que oferece respaldo para todos 
aqueles que propõem avanços significativos para a educação escolar de pessoas com deficiência. 
A Constituição elege, em seu Artigo 1º, incisos II e III, como fundamentos a cidadania e a 
dignidade da pessoa humana, tendo seus objetivos fundamentais expostos no Artigo 3º, inciso 
IV - a promoção do bem de todos, sem qualquer tipo de preconceito de origem, raça, sexo, cor, 
idade ou quaisquer outras formas de discriminação. 
A Constituição Federal garante, ainda, em seu Artigo 5º, o direito à igualdade e, no Artigo 
205 e seguintes, o direito de todos à educação, que visa ao desenvolvimento pleno da pessoa, 
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação e preparação para o trabalho.
Também a Declaração de Salamanca (1994) e outros documentos internacionais dos quais 
o Brasil é signatário legislaram em defesa de uma sociedade para todos, partindo do princípio 
fundamental de que todas as pessoas devem aprender juntas, independente de quaisquer 
limitações, dificuldades ou diferenças que essas possam apresentar.
Apesar de o Brasil ter determinado esse direito a todas as crianças, ainda, em nossos dias, 
esse acesso à educação é dificultado pela falta de informação, pela discriminação e por atitudes 
preconceituosas dentro e fora da escola. Nesse sentido, vemos que grande parte das crianças 
com deficiência, quando chegam à escola, não recebem o apoio necessário para atender às suas 
necessidades educacionais. 
A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, nº 9394/96 e da 
Resolução nº 2/2001, os alunos com necessidades educacionais passaram ser observados e, na 
medida do possível, integrados ao ensino regular. São leis que lhes asseguram um conjunto de 
recursos, apoios e serviços educacionais especiais, organizados para apoiar, complementar e 
suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir 
a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que 
apresentam problemas no desenvolvimento da aprendizagem, os quais podem ser de caráter 
temporário ou permanente, compreendendo:
I. dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento 
que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, não vinculadas a uma 
causa orgânica específicas ou relacionadas a distúrbios, limitações ou deficiências;
II. dificuldades de comunicação e sinalização, demandando a utilização de outras línguas, 
linguagens e códigos aplicáveis;
III. condutas típicas de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos;
IV. crianças superdotadas, com altas habilidades. (BRASIL,1996,p.10)
A falta de apoio ao aluno com deficiência pode provocar o isolamento, além de impedir que 
a criança progrida para os níveis mais elevados de ensino; além disso, contribui para o fracasso 
e a evasão escolar, deixando explícito o tratamento que perpetua a desigualdade de condições 
e a permanência dessas crianças dentro da escola.
8
Unidade: A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico
A escola é lugar de concepção, realização e 
avaliação de seu projeto educativo, uma vez que 
necessita organizar seu trabalho pedagógico com 
base em seus alunos (Mantoan, 2003) e assumir suas 
responsabilidades (Glat, 2007). Assim, pautado na 
Constituição (1988), para que o direito à educação, 
ao acesso e à permanência da criança com deficiência 
na rede regular de ensino seja efetivo, é necessário que 
haja a mobilização da escola como um todo, que ela 
se disponha a aceitar essas crianças apesar de suas 
limitações e/ou dificuldades. 
Para Mantoan (2003), a base do desenvolvimento 
humano é a diversidade; os ambientes humanos de 
convivência e de aprendizado são plurais pela própria 
natureza e, assim sendo, a educação escolar não 
pode ser pensada e realizada senão a partir da ideia 
de uma formação integral do aluno, segundo suas 
capacidades, talentos, e de um ensino participativo, 
solidário, acolhedor. Portanto, todo e qualquer tipo de 
comportamento e atitude de rejeição e discriminação 
deverá ser evitado e combatido.
Nesse sentido, é preciso destacar a “atuação dos dirigentes, professores que, como 
líderes, devem tornar-se agentes modificadores da inserção destes alunos em sala de aula” 
(BRASIL, 2000, p.10).
Para Mantoan (2003), o diálogo e a vivência com as diferenças devem ser o principal 
objetivo da escola, possibilitando aos professores e alunos vivenciarem concretamente essa 
experiência, ou seja, conversarem abertamente sobre como a criança se sente junto ao 
colega que tem deficiência, suas expectativas e medos. O diálogo a partir do que as crianças 
conhecem sobre a deficiência, poderá auxiliá-las a ter uma postura mais adequada com o 
coleguinha que apresenta uma deficiência.
A perspectiva de se formar uma nova geração 
dentro de um projeto educacional inclusivo é fruto do 
exercício diário da cooperação e da fraternidade, do 
reconhecimento e do valor das diferenças, o que não 
exclui a interação com o universo do conhecimento em 
suas diferentes áreas (MANTOAN, 2003, p.26). Além 
disso, é importante que os pais sejam sensibilizados 
e envolvidos; assim conseguirão aceitar, entender e 
colaborar com a escola, e com o próprio filho, para 
acolher a criança com algum tipo de deficiência.
Mantoan (2003) questiona se as propostas e políticas educacionais que proclamam a 
inclusão estão, realmente, considerando as diferenças na escola. Se essas propostas reconheceme valorizam as diferenças, como condição para que haja avanço, mudanças, desenvolvimento 
e aperfeiçoamento da educação escolar. Para a autora, a ética, em sua dimensão crítica e 
Fonte: Thinkstock.com
Fonte: Thinkstock.com
9
transformadora, é a que referenda a luta daqueles que acreditam na inclusão escolar. Infelizmente, 
temos posturas e atitudes que influenciam significativamente a produção das diferenças e 
das desigualdades dentro da escola, acreditando-se na ilusão da homogeneidade dentro da 
realidade escolar, buscando, dessa forma, promover e justificar a fragmentação do ensino e, 
consequentemente, do conhecimento. 
 Para a autora, nossas ações educativas têm como eixos o convívio com as diferenças, a 
aprendizagem como experiência relacional, participativa, que produz sentido para o aluno, pois 
contempla a sua subjetividade, embora construída no coletivo das salas de aula. 
Os dispositivos legais que temos à nossa disposição seriam suficientes para que não negássemos 
a qualquer pessoa, com ou sem deficiência, o acesso à sala de aula e sua permanência nela. No 
entanto, o que vemos é o enfrentamento das mudanças provocadas pela inclusão escolar, até 
mesmo no discurso pedagógico, que se reduz, invariavelmente, a um grupo de alunos, quase 
sempre àqueles com deficiência. As pessoas contrárias à proposta de inclusão usam como 
argumentos a impossibilidade prática da inclusão, especificamente nos casos dos alunos com 
autismo e com deficiências intelectual e múltipla.
Diversos autores, dentre eles Omote et al. 
(2005), afirmam que a inclusão de alunos com 
comprometimentos menos severos é mais aceita 
que a dos que precisam de assistência constante, 
como os deficientes múltiplos (p. 388). Algumas 
características do aluno com necessidades 
educacionais especiais, notadamente o grau 
do seu comprometimento, podem determinar 
maior ou menor aceitação por parte dos 
professores. O objeto atitudinal foi especificado, 
sinalizando algumas condições pontuais do grau 
de comprometimento e do contexto escolar no 
qual ocorre a inclusão, Segundo Lanier & Lanier 
(1996 apud Omote, 2005), a inclusão de alunos 
com comprometimentos menos severos é mais 
aceita que a dos que precisam de assistência 
constante, como os deficientes múltiplos. 
Por outro lado, conhecemos os argumentos oferecidos pela escola tradicional, que ainda 
resiste ao processo de inclusão, utilizando as mais diferentes e inaceitáveis justificativas, o que 
nada mais é do que a sua incapacidade de atuar e lidar com a diversidade sempre presente nos 
seres e nos grupos humanos, que provêm de contextos culturais e diferentes segmentos sociais, 
presentes no âmbito da escola. Nesse sentido,
A diversidade ou a variabilidade intraespecífica e as diferenças interindividuais 
representam um grande patrimônio, do qual pode depender a adaptabilidade 
da espécie ao seu meio, assegurando, em última instância, a sua sobrevivência. 
Entretanto, nem todas as características diferentes são intrinsecamente 
vantajosas. O caráter vantajoso ou desvantajoso às características adquire em 
interação com o meio (OMOTE, 2004, p.288).
Fonte: Thinkstock.com
10
Unidade: A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico
Estas diferenças interpessoais produzem e ampliam conhecimentos e têm desejos, sentimentos, 
aspirações, valores e costumes com os quais se identificam. 
A escola, para muitos alunos, é o único espaço onde poderá ter acesso ao conhecimento, 
que vai lhes proporcionar condições de se desenvolver e de se tornar um cidadão, de se tornar 
alguém com identidade social e cultural, lugar que lhes confere oportunidades de ser e de viver 
dignamente. Nesse sentido, é o espaço onde a inclusão também se legitima (Mantoan, 2003).
Portanto, o processo da inclusão é necessário, porque através dele teremos condições para 
melhorar a escola, no sentido de propiciar a formação de gerações mais preparadas para romper, 
de forma plena, não somente as barreiras arquitetônicas, mas também, e principalmente, as 
barreiras atitudinais que geram tanto o preconceito como a estigmatização.
Para Glat, Pletsch e Fonte (2007), o princípio democrático da educação para todos deve ser 
a base de todo o processo. E ele só se evidencia nos sistemas educacionais que se especializam 
em todos os alunos, e não apenas em alguns deles, como no caso dos alunos com deficiência. 
Para Mantoan (2003), mudar a escola significa enfrentar muitas frentes de trabalho, cuja 
tarefa fundamental é recriar o modelo educativo escolar vigente, tendo como eixo norteador 
o ensino para todos. É necessária a abertura de espaços para exercitar as habilidades mínimas 
para o exercício da cidadania: cooperação, diálogo, atitudes de solidariedade, reciprocidade, 
criatividade e espírito crítico por parte dos professores, administradores, funcionários, pais e 
alunos, sem perder de vista a importância da formação continuada dos professores. 
Vários estudos enfatizam que a decisão de incluir ou não o aluno com deficiência depende 
da vontade do professor em aceitar e apoiar esses alunos (Lanier e Lanier, 1996, apud Omote, 
2005). Por outro lado, outro aspecto a ser enfatizado refere-se às ações, no sentido de efetivar as 
mudanças, visando ao convívio produtivo de toda a classe. Essas mudanças podem depender 
da correta compreensão da proposta da educação inclusiva e das atitudes sociais genuinamente 
favoráveis à inclusão por parte do professor, uma das variáveis mais importantes para o sucesso 
dela. Assim, é enfatizado que as práticas inclusivas podem fracassar se professores do ensino 
comum não tiverem atitudes sociais positivas em relação a essas práticas.
O conceito de atitudes sociais parece adequar-se bastante ao estudo das reações das pessoas 
face à inclusão. Estas atitudes, invariavelmente, estão impregnadas por valores pessoais muito 
arraigados, difíceis de serem removidos, provocando preconceito e discriminação, desta forma, 
as atitudes sociais positivasa, atualmente, por são relevantes e politicamente corretas. Além 
disso, segundo OMOTE (2005), as reações manifestadas face à inclusão, com certeza, possuem 
fortes componentes cognitivos, emocionais e comportamentais que se constituem vinculados às 
atitudes sociais. 
A importância do estudo das atitudes sociais não está apenas na sua associação com o 
comportamento, mas também no fato de que elas indicam as definições do problema mantidas 
pelos membros de uma coletividade e servem de quadro de referência dentro do qual ocorrem 
comportamentos direcionados ao objeto atitudinal (Altman, 1981apud Omote, 2005).
 Somente a partir da compreensão das atitudes sociais dos professores em relação à inclusão, 
será possível ter alguma ideia das condutas, positivas ou negativas, que eles adotam em suas 
salas de aula. Assim, a escola, através do professor, prepara o futuro. Mantoan (2003) afirma 
que, se as crianças aprenderem a valorizar e a conviver com as diferenças em sala de aula, 
11
reunirão melhores condições de serem adultos muito diferentes de nós, que ainda temos 
que nos empenhar muito para entender como conviver com a diferença. 
Por outro lado, a autora afirma que a inclusão não prevê a utilização de métodos e técnicas 
de ensino específicos para esta ou aquela deficiência e/ou dificuldade de aprender. Nas 
práticas e métodos pedagógicos, predominam a experimentação, a criação, a descoberta, 
a coautoria do conhecimento. Vale o que os alunos são capazes de aprender hoje e o 
que podemos lhes oferecer de melhor para que se desenvolvam em um ambiente rico e 
verdadeiramente estimulador de suas potencialidades. 
Os alunos aprendem nos seus limites. A escola de qualidade é o espaço educativo de 
construção de indivíduos autônomos, independentes e, sobretudo, críticos, no qual as 
crianças aprendem a ser pessoas. Ainda, segundo a autora, é nesse espaço educativo que 
ensinamosos alunos a valorizarem a diferença pela convivência com seus pares. 
Os exemplos fornecidos pelos professores, o ensino ministrado nas salas de aula, o clima 
socioafetivo das relações estabelecidas em toda a comunidade escolar, a ausência de tensões 
competitivas, a solidariedade, a participação efetiva são elementos fundamentais para que a 
inclusão seja concretizada. Ou seja, são esses contextos educacionais, em que todos os alunos têm 
possibilidade de aprender, frequentando uma mesma e única turma, que propiciarão o respeito, o 
desenvolvimento, a aceitação e, sobretudo, a inclusão desses alunos.
A possibilidade de ensinar todos os alunos, sem discriminação e sem métodos e práticas 
do ensino especializado deriva de uma reestruturação do projeto pedagógico-escolar como 
um todo e das reformulações que esse projeto exige da escola, para que esta se ajuste a 
novos parâmetros de ação educativa. Assim, a reorganização das escolas depende de um 
encadeamento de ações que estão centradas no projeto político-pedagógico. 
Esse projeto será uma ferramenta de vital importância para que as diretrizes gerais da escola 
sejam traçadas com realismo e responsabilidade. 
Os dados do projeto-político pedagógico esclarecem o diretor, os professores, coordenadores, 
funcionários e pais sobre a clientela, os recursos humanos e materiais de que a escola dispõe.
Os currículos, a formação das turmas, as práticas de ensino, a avaliação são aspectos da 
organização pedagógica das escolas e serão revistos e modificados com base no que for definido 
Fonte: Thinkstock.com
12
Unidade: A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico
pelo projeto político-pedagógico da escola. Sem os conhecimentos levantados por esse projeto, 
será impossível elaborar currículos que reflitam o meio social e cultural do alunado. Modificações 
essas que devem partir das experiências e vivências dos alunos para chegar à sistematização 
dos conhecimentos, seus saberes e fazeres e significados e que precisam do trabalho conjunto, 
comum ao grupo e não de forma solitária e excludente.
É necessário identificar e reconhecer as limitações do aluno, especificamente com deficiência, 
mas que elas não sejam evidenciadas, uma vez que o sucesso da aprendizagem desses alunos 
está justamente na exploração de suas potencialidades, das suas habilidades, além das 
predisposições naturais para aprender. 
No dizer de Mantoan (2003), com a experiência de trabalho coletivo, em pequenos e 
diversificados grupos, abrimos a possibilidade exercitarmos: 
1. a capacidade de decisão dos alunos diante da escolha de tarefas;
2. a divisão e o compartilhamento das responsabilidades com seus pares; 
3. o desenvolvimento da cooperação;
4. o sentido e a riqueza da produção em grupo; 
5. o reconhecimento da diversidade dos talentos humanos e a valorização do trabalho de 
cada pessoa para a consecução de metas que lhes são comuns (MANTOAN, 2003).
O tempo de construção de uma competência varia de aluno para aluno, e sua evolução 
só será percebida por meio da mobilização e da aplicação daquilo que o aluno aprendeu ou 
daquilo que ele já sabia para chegar às soluções pretendidas.
Com base no aproveitamento escolar e no que está previsto na LDB/1996, Artigo 24 - os 
critérios de avaliação e de promoção devem ser reorganizados, de forma a cumprir os princípios 
constitucionais da igualdade de direito ao acesso e permanência na escola, bem como do acesso 
aos níveis mais elevados do ensino, segundo a capacidade de cada aluno (BRASIL,1996). Nesse 
sentido, a avaliação torna-se um instrumento de aperfeiçoamento e depuração do ensino e, 
quando a tornarmos mais adequada e eficiente, diminuiremos substancialmente o número de 
alunos excluídos das escolas (Veltrone e Mendes, 2010).
Cabe, portanto, ao professor entender melhor as dificuldades e limitações do aluno, assim 
como as potencialidades existentes, uma vez que se espera dele uma participação efetiva na 
construção do conhecimento de seus alunos. 
Com isso, os diferentes significados que os alunos atribuem a um dado objeto de estudo e 
as suas representações vão se expandindo e se relacionando pouco a pouco, numa construção 
original de ideias que integram e revelam as contribuições de cada aluno e do professor, dentro 
da perspectiva inclusiva, o que requer ressignificar o papel do professor, da escola e da educação. 
Os professores esperam receber uma preparação para ensinar os alunos com deficiência e/
ou dificuldades de aprendizagem e com problemas de indisciplina, ou melhor, uma formação 
que lhes permita aplicar esquemas de trabalho pedagógico pré-definidos às suas salas de aula, 
garantindo-lhes a solução dos problemas que presumem encontrar nas escolas ditas inclusivas, 
uma vez que as práticas pedagógicas usuais contribuem para a perpetuação de um contexto 
educacional excludente.
13
Omote (2005) afirma que, nos programas de capacitação e formação de professores, uma 
das grandes preocupações é o papel crítico desempenhado pelos professores na promoção 
do ensino inclusivo, é a tarefa de prepará-los para trabalhar com alunos com necessidades 
educacionais especiais, inseridos em classes de ensino comum, tendo em vista que muitos 
deles relatam a falta de preparação profissional adequada para lidar e ensinar alunos com 
necessidades educacionais especiais e solicitam treinamento (Balboni & Pedrabissi, 2000 
apud Omote, 2005). 
Considera-se o professor não apenas um mero instrutor, mas sim uma referência para o 
aluno, portanto, na formação, enfatiza-se a importância de seu papel tanto na construção 
do conhecimento como na formação de atitudes e valores do cidadão. Assim sendo, a 
formação vai além dos aspectos instrumentais de ensino. 
Essa formação continuada de professores e dirigentes pode ser feita através de cursos 
breves que abordem as características e necessidades de alunos com deficiência ou por 
meio da introdução desses tópicos em algumas disciplinas de cursos de formação. Isso pode 
provocar mudanças de atitudes sociais favoráveis à inclusão. No entanto Omote (2005), 
Mantoan (2003) e Veltrone e Mendes (2010) salientam que, evidentemente, não é o simples 
contato com o tema que, por si só, vai garantir a mudança de atitude na direção favorável. 
Dependendo da natureza da experiência e das informações obtidas, as atitudes sociais 
podem se tornar mais negativas (OMOTE et al, 2005, p. 390).
Assim como qualquer aluno, os professores não aprendem no vazio. Por isso a proposta de 
formação deve partir do “saber fazer” desses profissionais, que já possuem conhecimentos, 
experiências, crenças, esquemas de trabalho, ao entrarem em contato com a inclusão ou 
qualquer outra inovação educacional.
A partir das experiências e vivências concretas da realidade escolar, principalmente em 
sala de aula, o professor poderá exercitar constantemente a reflexão e o compartilhamento 
de ideias, sentimentos, ações entre os professores, diretores, coordenadores da escola, sendo 
esse um dos pontos-chave do aprimoramento em serviço, constituindo-se na matéria-prima 
das mudanças pretendidas pela formação. 
Com isso, os professores são incentivados a todo instante a interagirem com seus pares, a 
estudarem juntos e a estarem abertos a colaborar com seus colegas na busca de novos caminhos 
pedagógicos da inclusão. Nas escolas, o movimento inclusivo ainda é muito contestado, porque, 
diante dele e das possibilidades de mudança nele implicadas, as pessoas se sentem ameaçadas.
Mantoan (2003) propõe o apoio ao professor dado pelos professores itinerantes ou também 
pelos coordenadores pedagógicos sediados nas escolas. 
Se um aluno não vai bem, seja ele uma pessoa com ou sem deficiência, o problema precisa 
ser analisado em relação ao ensino que está sendo ministrado para todos os demais da turma. 
Ele é um indicador importante da qualidade do trabalho pedagógico porqueo fato de a maioria 
dos alunos estar se saindo bem não significa que o ensino ministrado atenda às necessidades e 
possibilidades de todos.
 As discussões atuais em torno do fazer pedagógico são unanimes em reafirmar que a 
construção de uma proposta pedagógica, legitimada como o documento norteador de todo o 
trabalho na escola, é imprescindível quando se pretende alcançar uma educação de qualidade.
14
Unidade: A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico
De forma dinâmica, a proposta pedagógica visa estimular as ideias inovadoras no âmbito 
educacional para que trabalhe com as diversas áreas do conhecimento. Com isso, busca 
atender à realidade histórica de cada escola, no contexto socioeconômico e cultural no qual 
está inserida, configurando-se em um processo democrático de organização e decisões sobre 
o trabalho pedagógico. Portanto é um modelo único e inovador, construído coletivamente; um 
instrumento que responde às necessidades sociais da comunidade: ”para que” e “para quem” 
se ensina (BARBOSA e HORN, 2008, p.43-44).
Carmo (2001, p. 46) analisa que existem dois aspectos em que o espaço escolar precisa ser 
analisado: a escola atual, que fixa o tempo e o espaço, sem se importar com as consequências 
decorrentes dessa ação. Para BARBOSA E HORN (2008), a construção do espaço é 
eminentemente social, e este está entrelaçado com o tempo de forma indissolúvel, entendido 
numa perspectiva definida em diferentes dimensões: a física, a funcional, a temporal e a 
relacional, dando legitimidade como um elemento cultural (p.49). A implicação pedagógica 
decorrente nos remete à confirmação da importância da organização desse espaço interferindo, 
significativamente, no processo de aprendizagem. 
O outro aspecto refere-se ao processo de ensino-aprendizagem, durante o qual, infelizmente, 
o foco ainda é a diferença e a desigualdade, aspectos esses que se tornam explícitos em seus 
conceitos e notas, ênfase na distinção e comparação dos resultados frente ao desempenho 
individual dos alunos entre si. Com isso, a escola, intencionalmente, segundo Carmo (2001), 
valoriza o desempenho quantitativo, em detrimento do desenvolvimento real da criança. Nesse 
sentido, o fracasso na escolarização dessas crianças é uma questão reativa a um sistema que 
efetivamente não os aceita, que não reconhece o seu saber e obriga-os a acumular conhecimentos 
(Fernandez, 1991). 
A apropriação do processo de aprender implica, segundo Fernandez (1991), a individualidade, 
o desejo de quem aprende e de quem ensina. Assim, a aprendizagem só será eficaz e significativa 
se houver a elaboração de sentido e se essa atividade acontecer dentro de um contexto histórico 
e cultural, uma vez que é na vida social que os indivíduos adquirem marcos de “referência para 
interpretar as experiências e aprender a negociar os significados de modo congruente com as 
demandas da cultura” (Barbosa e Horn, 208, p.26). 
O outro aspecto considerado pelo mesmo autor diz respeito à fixação do espaço e à 
flexibilização do tempo, com escolas de ciclos e adaptadas, onde ocorrem diferentes experiências 
integradoras, tais como: 
a. classes especiais, embora, nesta modalidade de ensino, as crianças fiquem agrupadas num 
mesmo espaço. Apesar disso, nas classes especiais, não ocorre a flexibilização do tempo, 
pois as crianças consideradas diferentes são agrupadas nesse mesmo espaço. Além disso, 
o tratamento e metodologias especiais utilizadas para atender a esses alunos, deveria 
ser de acordo com as suas potencialidades. Isso porque a grade curricular, bem como as 
exigências educacionais e o tempo letivo são os mesmos utilizados para as salas regulares.
b. Nas salas de recursos, também acontece o mesmo, com a atuação num tempo criado 
para suprir lacunas e limitações dos alunos que não conseguiram acompanhar, em um 
tempo fixado, as atividades previstas. As ações, aqui, possuem o objetivo de nivelar os 
alunos. Os alunos com necessidades educacionais especiais são atendidos no contra 
turno escolar, professora que faz este tipo de atendimento possui formação específica em 
Educação Especial. 
15
c. Quanto aos professores itinerantes, estes têm a função de auxiliar os professores das salas 
regulares que possuem alunos com deficiência, embora percebamos que não ocorre uma 
interação efetiva em relação ao tempo e ao espaço. 
Nestes dois últimos aspectos, a formação dos professores também não contribui para que possam 
oferecer uma educação adequada e com qualidade para os alunos com ou sem deficiência.
A LDB - Lei nº 9. 394/96 prevê, no seu Artigo 12, inciso I, que “os estabelecimentos de 
ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de 
elaborar e executar sua proposta pedagógica”. 
A escola precisa ser autônoma para executar e avaliar seu o Projeto Político-pedagógico 
(PPP), assumindo uma nova atitude de liderança, no sentido de refletir sobre as finalidades 
sociopolíticas e culturais da escola. 
Afinal, o que é o Projeto Político-pedagógico?
O projeto político-pedagógico de uma escola deve ser entendido como a própria organização 
do trabalho pedagógico da escola como um todo. Trata-se do instrumento teórico-metodológico, 
definidor das relações da escola com a comunidade à qual vai atender; explicita o que se vai 
fazer, porque se vai fazer, para que se vai fazer, para quem se vai fazer e como se vai fazer. 
Segundo Veiga (2000), o termo projeto tem origem no latim projectu, que, por sua vez, é 
particípio passado do verbo projicere, que significa “lançar para diante”. Plano, intento, desígnio. 
É através dele que se vai estabelecer a ponte entre a política educacional do município e 
a população. Para Veiga (2003), na construção do PPP, existe a necessidade de se promover 
algumas reflexões sociopolíticas e filosóficas: o que se entende por educação, qual o papel da 
escola na formação da cidadania, qual o contexto político, econômico e social da comunidade 
na qual está inserida, a função social da escola, contribuições que a escola tem oferecido para a 
comunidade, participação da comunidade e dos pais no cotidiano escolar.
Não se constrói um projeto sem uma direção política, um norte, um rumo. Por isso, todo 
projeto pedagógico da escola é também político. O projeto pedagógico da escola é, por isso 
mesmo, sempre um processo inconcluso, uma etapa em direção a uma finalidade que permanece 
como horizonte da escola (GADOTTI, 2000).
Além disso, deve questionar que tipo de cidadãos quer formar, qual a missão da escola, 
seu perfil para cumprir essa missão, o que a gestão precisa para cumprir essa missão, como 
deve acontecer a formação continuada dos professores, quais as expectativas do gestor, dos 
professores, dos funcionários, dos pais e dos alunos quanto ao trabalho da escola (VEIGA, 
2000). 
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Unidade: A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico
Seu desenvolvimento requer reflexão, organização de ações e a participação de todos: 
dirigentes, professores, funcionários, pais e alunos, num processo coletivo de construção. Sua 
sistematização nunca é definitiva, o que exige um planejamento participativo que se aperfeiçoa 
constantemente durante a caminhada. Sem isso, a escola nunca poderá alcançar seus objetivos. 
Portanto o PPP norteará e dará suporte para a ação de cada um de seus agentes (Silva, Souza, 
Nascimento e Castro, 2010). 
Ainda, segundo as autoras, o PPP implica, sobretudo, em uma forma de se contrapor à 
fragmentação do trabalho pedagógico e sua rotinização, à dependência dos efeitos negativos do 
poder autoritário e centralizador dos órgãos de administração central.
O projeto é um meio de engajamento coletivo para integrar ações dispersas, criar sinergias 
no sentido de buscar soluções alternativas para diferentes momentos do trabalho pedagógico-
administrativo, desenvolver o sentimento de pertença, mobilizaros protagonistas para a 
explicitação de objetivos comuns definindo o norte das ações a serem desencadeadas, fortalecer 
a construção de uma coerência comum, mas indispensável para que a ação coletiva produza 
seus efeitos (VEIGA, 2003, p. 275).
Segundo Veiga (2008), são sete os elementos básicos relevantes que contribuem coletivamente 
para fazer a análise da situação da escola, tal como ela se encontra, e estabelecer os objetivos.
É importante identificar o que deve ser feito para se ajustar o fazer da escola, de forma que 
os objetivos estabelecidos possam ser alcançados, identificar como caminhar nessa direção.
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Cabe à gestão escolar promover a mobilização dos professores e funcionários e a constituição 
do grupo como uma equipe que trabalhe cooperativa e eficientemente, além de delegar poderes, 
estimular a autonomia, valorizando a atuação e a produção de cada um. 
Cabe, ainda, à gestão escolar prover o respeito às relações interpessoais, inclusive em 
ocasiões em que tem que promover ajustes no percurso de cada agente, exercendo liderança na 
comunidade, levando as famílias e demais setores da comunidade para dentro da escola.
O mobiliário, os espaços, a limpeza, o saneamento básico, os aspectos didáticos e pedagógicos, 
teoricamente, determinam as ações das esferas administrativas, ou seja, tudo o que for necessário 
para desenvolver interações políticas e as questões de ensino-aprendizagem e do currículo. 
O currículo globalizado e interdisciplinar converte-se, assim, em uma categoria guarda-chuva, 
capaz de agrupar uma variedade de práticas educacionais desenvolvidas nas salas de aula, e é 
um exemplo significativo do interesse em analisar a forma mais apropriada de contribuir para 
melhorar os processos de ensino e aprendizagem (SANTOMÉ,1998,p.27). 
Para Santomé (1998), o currículo é o mentor do trabalho pedagógico que visa à construção 
do conhecimento. É necessário que a escola perceba que ele é dinâmico, que os componentes 
ideológicos devem ser desvelados e identificados. Isso implica, portanto, na elaboração de uma 
análise critica, tanto da cultura dominante, como, e principalmente, da cultura popular, pois o 
currículo deverá expressar uma cultura. Dessa forma, é imprescindível que o currículo esteja 
atrelado ao contexto social. 
Outro aspecto relevante para a organização do currículo é que seu conteúdo estabeleça 
uma relação aberta e inter-relacionada em torno de uma ideia integralizadora. Segundo 
Santomé (1988), os conteúdos curriculares, a metodologia e recursos de ensino, a avaliação 
e a relação pedagógica implica no controle, que é instrumentalizado no currículo oculto, em 
que as mensagens são transmitidas pela sala de aula e pelo ambiente escolar (Cornbleth, 1992, 
p.56 apud Santomé, 1998), estimulando a perpetuação das ideias e concepções sociais e a 
manutenção das desigualdades socioeconômicas e culturais.
Avaliação do PPP parte da necessidade de conhecer a realidade da escola, de efetuar uma 
análise critica e reflexiva para buscar entender e explicar as causas das reações coletivas para 
chegar à sua resolução, ou seja, são necessárias a descrição e a problematização da realidade 
escolar e também a compreensão crítica dessa realidade problematizada e a proposição de 
alternativas de ação, configurada no momento da criação coletiva. Segundo BUSSMAN 
(2008, p.38), “Esta é uma habilidade que cada escola deve desenvolver num esforço comum, 
responsável e sempre aperfeiçoável”.
Com isso a escola terá como avaliar os resultados da própria organização do trabalho 
pedagógico. Entende-se, ainda, que a avaliação para a identificação das necessidades 
educacionais especiais deve ser realizada, em primeiro lugar, por uma análise do professor 
junto com a equipe técnica pedagógica, a fim de sondar possíveis barreiras à aprendizagem, no 
entanto a avaliação psicoeducacional deve ser realizada por profissionais especializados.
 Nesse sentido, a construção da escola inclusiva exige mudanças nessa cultura e nas suas 
consequências práticas. 
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Unidade: A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico
Perrenoud (2000) aponta alguns fatores que dificultam a construção de um trabalho 
coletivo no contexto educacional: a limitação histórica da autonomia politico-administrativa 
do profissional da Educação e o individualismo dela consequente, a falta do exercício das 
competências de comunicação, de negociação, de cooperação, de resolução de conflitos, 
de planejamento flexível e de integração simbólica, a diversidade das personalidades que 
constituem o grupo de educadores e, até mesmo, a presença frequente da prática autoritária 
da direção ou coordenação do ensino.
Ainda segundo Perrenoud (2000), a construção de uma escola inclusiva implica em 
transformações no contexto educacional, transformações das ideias, de atitudes e da prática 
das relações culturais e sociais (âmbito político, administrativo e didático-pedagógico).
Finalizamos a Unidade IV, afirmando que a inclusão escolar, especificamente, do aluno com 
algum tipo de deficiência ainda suscita questionamentos em diferentes aspectos. Não podemos 
deixar de considerar que ela é uma realidade, e que não podemos nos desvencilhar dela. 
Então o que fazer, já que estamos em um caminho sem volta? 
A reflexão, a análise do papel da escola, dos pais e dos alunos, sobretudo dos professores, 
que estão na linha de frente, são aspectos extremamente relevantes. O argumento de falta 
de preparo e orientação é recorrente, mas a criança já chegou até a escola atendendo 
ao celebrado pela nossa legislação e por documentos internacionais dos quais o país é 
signatário. Como a criança já está em sala de aula, cabe à escola se mobilizar como um 
todo, no sentido de que ela possa efetivamente ter acesso à educação, ser acolhida e 
principalmente que permaneça na escola. 
Para Carmo (2001), a estrutura orgânica da escola precisa ser questionada e modificada 
para que haja a efetiva inclusão. 
Quanto ao PPP, este configura-se como um processo sempre em construção coletiva, 
cujos resultados são gradativos, delineando a competência esperada pelo educador e pela 
sua atuação na escola, assegurada pela visibilidade e aperfeiçoamento da qualidade de 
ensino a que ele se propõe e que refletirá o envolvimento dos professores envolvidos nesse 
processo de construção coletiva.
A construção de uma programação curricular flexível é necessária para redefinir e 
construir, de forma sintética e clara, os objetivos da educação escolar de crianças com ou 
sem deficiência. 
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Material Complementar
Nesta Unidade, sugerimos, para o início da reflexão sobre a construção coletiva do PPP, 
os textos abaixo relacionados para que você possa aprofundar-se um pouco mais nos temas 
aqui abordados:
OMOTE, Sadao; OLIVEIRA, Anna Augusta Sampaio de; BALEOTTI, Luciana Ramos e MARTINS, 
Sandra Eli Sartoreto de Oliveira. Mudança de Atitudes Sociais em Relação à Inclusão. 
Paideia, 2005, 15(32), 387-398. Acessado em 15 de maio de 2013. 
http://www.scielo.br/pdf/paideia/v15n32/08.pdf
TENDOLINI, E.A; POKER, R.B. Implementação da educação inclusiva: análise do projeto político 
pedagógico das escolas. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v.5, n.3.2010. 
Acesso em 15 de maio de 2013.
http://seer.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/3709/3469 
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Unidade: A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico
Referências
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educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008. 
BRASIL, Congresso Nacional (1988). Constituição: República Federativa do BRASIL. Brasília/
DF: Centro Gráfico.
______, Congresso Nacional (1996). Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9.394. 
Brasília/DF: Centro Gráfico.
BUSSMAN, Antonia Carvalho. O projeto politico-pedagógico e a gestão da escola. In: VEIGA,Ilma Passos Alencastro (org.). Projeto Politico Pedagógico da escola: uma construção 
possível. Campinas/SP: Papirus, 1995 (Coleção Magistério, Formação e Trabalho Pedagógico).
FERNANDEZ, Alícia. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clinica da 
criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. 
GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 
GLAT, Rosana; PLETSCH, Márcia Denise; FONTE, Rejane de Souza. Educação inclusiva & 
educação especial: propostas que se complementam no contexto da escola aberta à diversidade. 
Revista Centro de Educação – UFSM. 2007 - Vol. 32 - No. 02. Acessado em 26 de maio de 
2013. http://coralx.ufsm.br/revce/revce/2007/02/a5.htm
GUATEMALA, Assembleia Geral – 29º período ordinário de sessões, tema 34 da agenda (1999). 
Convenção Interamericana Para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Original em espanhol.
MANTOAN, Maria Teresa Égler. Inclusão escolar – o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: 
Ed. Moderna, 2003.
OMOTE, Sadao. Estigma no tempo da inclusão. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Set. Dez. 2004, 
v.10, n.3, p.287-308
http://www.abpee.net/homepageabpee04_06/artigos_em_pdf/revista10numero3pdf/3omote.pdf
______; OLIVEIRA, Anna Augusta Sampaio de; BALEOTTI, Luciana Ramos e MARTINS, 
Sandra Eli Sartoreto de Oliveira. Mudança de Atitudes Sociais em Relação à Inclusão. 
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http://www.scielo.br/pdf/paideia/v15n32/08.pdf
PERRENOUD, P. Novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
SANTOMÉ, J. Globalização e Interdisciplinaridade. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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TENDOLINI, E.A; POKER, R.B. Implementação da educação inclusiva: análise do projeto 
político-pedagógico das escolas. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v.5, 
n.3.2010. Acesso em 15 de maio de 2013.
http://seer.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/3709/3469 
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Projeto Politico-pedagógico da escola: uma construção 
possível. Campinas/SP: Papirus, 1995. (Coleção Magistério, Formação e Trabalho Pedagógico).
______ Projeto Político-pedagógico da escola: uma construção possível. 10 ed. Campinas, 
SP: Papirus, 2000. 
______. Inovações e projeto-pedagógico: uma relação regulatória ou emancipatória? Caderno 
Cedes v. 23, nº 61, Campinas, Dez, 2003.
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Unidade: A Escola Inclusiva e seu Projeto Político Pedagógico
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