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1 Aula 12 - Enterobacteriaceae Universidade de Brasília Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária Disciplina de Microbiologia Veterinária - Código: 161837 Prof. Fabrício Campos Abril 2016 http://www.cdc.gov/ecoli/ 2 Família Enterobacteriaceae Fonte: http://www.sitedecuriosidades.com/im/g/AAC71.jpg • Apresentar as características biológicas e fatores de virulência dos integrantes da família Enterobacteriaceae Objetivo da aula 3 Escopo da aula Família Enterobacteriaceae 4 Escherichia coli Salmonella Yersinia Shigella Klebsiella Proteus Citrobacter Serratia Escopo da aula Família Enterobacteriaceae 5 Escherichia coli Salmonella Yersinia Shigella Klebsiella Proteus Citrobacter Serratia Família Enterobacteriaceae • Bactérias Gram negativas • Não esporuladas • Aeróbios ou anaeróbios facultativos • Habitat: intestino dos animais e humanos • Mais de 40 gêneros 6 Enterobacteriaceae: Gêneros • Budvicia • Cedecea • Citrobacter • Edwarsiella • Enterobacter • Escherichia • Ewingella • Hafnia • Klebsiella • Kluyvera • Leclercia • Leminorella • Moellerella • Morganella • Pantoea • Proteus • Providência • Rahnella • Salmonella • Serracia • Shigella • Tatumella • Trabusiella • Yersinia • Yakenella 7 Família Enterobacteriaceae • Bastonetes pleomórficos • Móveis ou imóveis • Resistentes aos sais biliares • Fermentadores de glicose • Catalase positivos • Oxidase negativas 8 https://classconnection.s3.amazonaws.com/789/flashcards/1153789/jpg/escherichia_coli_gram_negative1328389305519.jpg Lactose + Lactose - Escherichia coli Enterobacter Klebsiella Citrobacter Serratia Salmonella Shigella Yersinia Proteus 9 Família Enterobacteriaceae • Antígenos: O- somático, K- capsular, H- Flagelar • Enzimas e toxinas: endotoxinas, sideróforos, exotoxinas espécie-específicas • Resistência: sensíveis a luz solar, dessecação e pasteurização 10 Família Enterobacteriaceae • Meios de cultura: MacConkey, ágar EMB Agar xilose-lisina-desoxicolato Hektoen (Salmonella e Shigella) Meio verde brilhante (Salmonella spp) Agar sangue • Bioquímica e caracterização antigênica 11 Família Enterobacteriaceae 12 Família Enterobacteriaceae Meio EMB: Eosina azul de metileno Ágar sangue Enterobacteriaceae: infecções comuns • Mastites: Enterobacter, Serratia, Proteus, E. coli, Citrobacter, Klebsiella • Cistites: Enterobacter, Serratia, Proteus, E. coli, Citrobacter, Klebsiella • Otites: Proteus, Klebsiella • Pneumonias: Klebsiella, Salmonella • Infecções em peixes: Edwarsiella, Proteus, E. coli 13 • Causam várias doenças em humanos – 30% dos casos de bacteremia, 70% infecções no trato urinário, muitas infecções intestinais • Sempre associadas a doenças: Salmonella sorotipo typhi, Shigella e Yersinia pestis • Infecções oportunistas: Escherichia coli, Klebsiella pneumonieae e Proteus mirabilis • Comensais que tornam-se patogênicos por aquisição de mecanismos de virulência: Escherichia coli diarreiogênicas 14 Família Enterobacteriaceae Estrutura antigênica Classificação sorológica Antígeno flagelar (H) Antígeno somático (O) Antígeno capsular (K) Gêneros imóveis Klebsiella Shigella Yersínia Flagelo tipo Peritríqueo 15 Patogênese e imunidade • Endotoxina - Lipídeo A – Liberado após a lise celular => inicia as manifestações sistêmicas pela ativação do complemento • Liberação de citocinas, leucocitose, trombocitopenia, coagulação intravascular disseminada, febre, ↓ circulação periférica, choque e morte • Cápsula Proteção contra a fagocitose por Ag capsulares (hidrofílicos) => repelem a superfície da célula fagocítica (hidrofóbica) Interferem na ligação Ag-Ac e são pouco imunogênicos 16 Patogênese e imunidade • Sistemas de secreção Tipo III Seringas moleculares Abrem os poros na célula hospedeira e injetam suas toxinas Salmonella, Yersinia e Shigella 17 • Variação antigênica: expressão ou não de antígenos K ou H • Quelantes de fatores nutricionais: produção de sideróforos (Fe) • Fatores específicos: adesinas e exotoxinas • Elementos genéticos cromossomais: plasmídeos, transposons, ilhas de patogenicidade, fagos • Genes de resistência aos antimicrobianos 18 Patogênese e imunidade Escopo da aula Família Enterobacteriaceae 19 Escherichia coli Salmonella Yersinia Shigella Klebsiella Proteus Citrobacter Serratia Escherichia coli • Comensal do intestino de animais e humanos • A maioria é inofensiva – Algumas linhagens podem causar diarreias ou doenças fora do trato intestinal (infecções urinárias, meningites neonatais e septicemia) • Nomenclatura – Sorotipo/sorovar ou Patotipo/patovar • Sorotipos patogênicos (patotipos) – Água ou alimentos contaminados – Contato com animais ou pessoas infectados 20 Transposons Ilhas de patogenicidade (PAI) Fagos Plasmídeos Deleções, mutações e rearranjos Infecção Urinária Síndrome Urêmica Hemolítica Diarreia Disenteria Meningite Comensal → Patogênica Kaper, Nataro, Mobley, 2004 (nrmicro) 21 LEE: locus of enterocyte effacement mxi/spa: membrane expression of invasion plasmid antigens / surface presentation Ipa antigens Ilhas de patogenicidade (PAI) 22 http://www.mgc.ac.cn/cgi-bin/VFs/pai.cgi?Genus=Shigella&PAI=SHI-2 Escherichia coli • Nomenclatura antigênica: Antígenos O (173 tipos), antígenos K (80 tipos), antígenos H (56 tipos) E. coli 0141:K85:H3, E. coli O157:H7 • Presença de bacteriocinas (colicinas), sideróforos, LPS, fimbrias manose sensíveis e adesinas tipo P (fimbria) • Classificação em patotipos: ETEC, EPEC, etc 23 Sítios de colonização dos patotipos de E. coli NMEC: E. coli Meningite Neonatal UPEC: E. coli UroPatogênica EHEC: E. coli EnteroHemorrágica EIEC: E. coli EnteroInvasiva EAEC: E. coli EnteroAgregativa EPEC: E. coli EnteroPatogênica ETEC: E. coli EnteroToxigênica DAEC: E. coli Difusamente Aderente Croxen and Finlay, 2010 (nrmicro) 24 Patotipos diarreiogênicos • Forma de transmissão – Água ou alimentos contaminados – Contato com animais ou pessoas infectados • Sinais e sintomas gerais – Diarreia aquosa ou sanguinolenta, cólicas abdominais, com ou sem febre 25 • Agrupados conforme mecanismo de virulência Diarreias secretoras Infecções E. coli enterotoxigênica (ETEC) E. coli enteroagregativa (EAEC) E. coli enteropatogênica (EPEC) E. coli entero-hemorrágica (EHEC) E. coli enteroinvasiva (EIEC) 26 Patotipos diarreiogênicos E. coli de adesão difusa (DAEC) Microvilosidades e enterócitos 27 ETEC – EnteroToxigênica • Encontrada (principalmente) em países em desenvolvimento com saneamento precário – 650 milhões casos/ano • Principal agente etiológico da “diarreia do viajante” – 80 milhões casos/ano EUA • Alta dose infectante: 106 – 108 células – Consumo de água e alimentos contaminados Período de incubação: 8 – 44h (média de 26h) Curso da doença: 3-5 dias curso ou semanas (grave/desnutridos) Sintomas: Diarreia aquosa; cólicas; náusea e febre baixa Forma grave: fezesaquosa “água de arroz” e desidratação (~ cólera) Sem alterações histológicas ou inflação da mucosa intestinal 28 ETEC – Patogenicidade • Capacidade de adesão à mucosa intestinal e produção de toxinas • Adesão mediada por fímbrias: fatores de colonização – Fatores específicos para o hospedeiro: homem, suíno/bovino • Toxinas termolábeis (LTs – heat-Labile enteroToxins) – Inativa sob aquecimento a 60°C/30 min ou 70°C/10min • LT-I (humanos) e LT-II • Toxinas termoestáveis (STs – heat-Stable enteroToxins) – Ativa sob aquecimento a 100°C/30 min • STa (humanos) e STb Podem expressar apenas a LT, apenas a ST, ou ambas 29 Estrutura e organização da subunidade de LT. A. estrutura cristalina; B. esquema de organização das subunidades (Toxins 2010, 2(6), 1445-1470; doi:10.3390/toxins2061445) ETEC – Toxinas • Toxinas termolábeis LT 80% de identidade de aminoácidos com a toxina colérica (CT) Atividade enzimática da toxina Ligação aos receptores GM1 (LT) ou GD1a e GD1b (ST) 30 • Classe LT-I (relacionada a humanos) – Atividade enzimática de ADP-ribosiltransferase que estimula a proteína reguladora da adenilciclase (ativa) • ↑ níveis de cAMP intracelular => ativação dos canais de cloreto (CFTR) • ↑ secreção de Cl- e ↓ absorção de Na+ • Diarreia aquosa – Ativação do sistema nervoso entérico e de síntese de prostaglandinas • Diminui a absorção H2O → Perda de fluidos 31 ETEC – Toxinas • Toxinas termoestáveis (ST) • STa (relacionadas a humanos) – São pequenos peptídeos que imitam o hormônio intestinal guanilina (modulam o balanço de sódio pelos rins) – Ligam-se ao receptor guanilato ciclase (transmembrana) e ativam guanililciclase • ↑ níveis cGMP intracelular => ativação dos canais de cloreto (CFTR) • Hipersecreção de fluidos e eletrólitos 32 ETEC – Toxinas ETEC – Mecanismo 1) ETEC adere aos enterócitos do intestino delgado por meio de fímbrias especializadas (fatores de colonização CFs) e por uma adesina que se encontra na ponta dos flagelos (EtpA) Croxen and Finlay, 2010 (nrmicro) 3) As toxinas são secretadas e causam diarreia através da ativação do canal de Cl CFTR mediada pelas vias AMP-cíclico (AMPc) e GMP-cíclico (GMPc) 2) Sítios receptores Guanilato cliclase (ST) e GM1 (monosialotetrahexosilgangliosideo) (LT) ↑ secreção de cloreto (Cl-) ↓ absorção de NaCl Perda de H2O para o lúmen 33 Donnenber M. Infections due to E. coli and other enteric Gram-negative bacilli. ACP Medicine. 2010;1-10 • Mecanismo de ação de toxinas de E. coli • ETEC: EnteroToxigênica 34 Escherichia coli - ETEC EPEC – EnteroPatogênica clássica • Foi a primeira E. coli associada a diarreia e permanece como a principal causa de diarreia infantil em países pobres • Dose infectante pode ser baixa – Contaminação por alimentação ou pessoa-pessoa Sorotipos: O26, O55, O86, O111, O114, O119, O125, O126, O127, O128ab, O142 e O158 Período de incubação: 17h – 72h (média de 36h) Curso da doença: 6h – 3 dias Sintomas: Diarreia acompanhada de dores abdominais, vômitos e febre Com alterações histológicas 35 EPEC – Patogenicidade • Capacidade de adesão à mucosa intestinal e destruição das microvilosidades • Adesão mediada por plasmídeo: síntese de fator de aderência – Adesão localizada característica (LA) determinado pelo fator EAF (gene eaf) – Formação de microcolônias na superfície mediada pela pili BFP (proteína formadora de feixes) • Secreção ativa de proteínas bacterianas – Proteína Tir → receptor da proteína Intimina – Ligação Tir-Int polimerização da actina • Destruição da integridade celular – Lesão A/E “attachment and effacement” • adesão/obliteração ou destruição Kaper, Nataro, Mobley, 2004 (nrmicro) 36 Atividade A/E (adesão) • Lesão adesão/obliteração ou destruição • Histopatologia intestinal característica associada a infecções EPEC: conhecida como "attachment and effacement" (A/E) • Bactérias ligam-se às células epiteliais do intestino => ocorre alterações no citoesqueleto => acúmulo de actina polimerizada por baixo das bactérias aderentes • Microvilosidades intestinais são apagadas (gastas/obliteradas) 37 • Causa diarreia nos animais • Produz lesão de fixação e esfacelamento • Proteína intimina (LEE) => liga ao receptor Tir (translocated intimin receptor) => produz ativação da tirosina fosfocinase => rearranjo do citoesqueleto => causa colapso das microvilosidades 38 Escherichia coli - EPEC EPEC – Mecanismo Croxen and Finlay, 2010 (nrmicro) 1) Aderência inicial (LA): pilus de formação de feixe (BFP) e pela Intimina Mudanças sinalização do enterócito (lesões) ↑ Secreção de H2O para o lúmen intestinal Desencadeamento de resposta inflamatória e permeabilidade das estruturas junções celulares 2) Formação do pedestal de actina 3) Translocação de proteínas por secreção do tipo III que afetam a atividade de trocas Cl--OH- e Na+-H+ 39 Donnenber M. Infections due to E. coli and other enteric Gram-negative bacilli. ACP Medicine. 2010;1-10 40 • Mecanismo de ação de toxinas de E. coli • EPEC: EnteroPatogênica Escherichia coli - EPEC EHEC – EnteroHemorrágica • Doenças em países desenvolvidos • 73.000 infecções e 60 óbitos/ano nos EUA • ↑ incidência nos meses quentes e em crianças ↓ 5 anos • Dose infectante >102 células – Consumo de carne moída mal cozida e derivados – Água, leite ñ pasteurizado, suco de frutas, vegetais e frutas – Contaminação de pessoa-pessoa *Particularidades fisiológicas (testes bioquímicos) Não se multiplicam nas temperaturas de detecção de E. coli em alimentos (44,5 – 45,5°C) Não fermentam sorbitol e são β-glucuronidase 41 EHEC • Diarreia branda sem complicações • Colite Hemorrágica Período de incubação: 3 – 4 dias (média de 4 dias) Curso da doença: 4 – 10 dias Sintomas: Diarreia aquosa; cólicas abdominais; náusea e vômitos Evolução: pode evoluir para Síndrome Urêmica Hemolítica (HUS) Período de incubação: 3 – 9 dias (média de 4 dias) Curso da doença: 2 – 9 dias ou semanas (grave/desnutridos) Sintomas: Dores abdominais severas de início súbito; diarreia aquosa seguida de diarreia sanguinolenta (24h); ausência de febre Evolução: pode evoluir para HUS 42 • Síndrome Urêmica Hemolítica (HUS) Falha renal aguda, trombocitopenia e anemia hemolítica Frequência de 5-10% crianças ↓10 anos infectadas Curso da doença: 4-10 dias curso Sintomas geralmente desaparecem na maioria dos pacientes não tratados Taxa de mortalidade: 3 – 5% Sequelas graves: 30% Insuficiência renal, hipertensão, manifestações do SNC 43 EHEC EHEC – Definições • EHEC produtoras de verotoxinas (VT1 e VT2) – VTEC – 1977 (Konowalchuk et al.): capacidade de certas cepas de E. coli produzirem toxinas que causavam efeito citopático irreversível em células Vero – Sorotipos O18, O26, O111, O126 e O128 • EHEC produtoras de toxina Shiga (Stx1 e Stx2) – STEC – 1982 (O’Brien et al.): capacidade de cepas EPEC produzirem uma citotoxina letal para células HeLa, similar a ação da toxina de Shiga – Toxina Shiga-like SLTEC ou SLT – Sorotipo O157:H7 Termos ≠ para toxinas = 44 EHEC - Histórico da O157:H7 • Clone evoluído de uma cepa EPEC com atividade A/E (adesão) • Produtor de toxina Shiga (Stx-1 ou Stx-2 ou ambas) – aquisição via bacteriófagos lisogênicos • 1983 (EUA) 1os surtos de colite hemorrágica=> consumo de hambúrgueres contaminados e malcozidos => associados ao sorotipo O157:H7 – O termo STEC → E. coli produtoras de Stx – O termo EHEC → E. coli que produzem Stx e causam lesão histopatológica do tipo A/E 45 Toxinas: Shiga toxin (Stx) • Tipos A/B; Stx1 e Stx2 • Ligam-se a receptores Gb3 na membrana => são internalizadas em endossomos cobertos por clatrina => transportadas ao aparelho de Golgi (sofre ação de furinas) => reticulo endoplasmático => citosol • Ação principal: atividade RNA N-glicosidase => remove a adenina do final 5’ no RNA ribossomal 28S => inibe a ligação do aminoacil-tRNA a subunidade ribossômica 60S => impede a síntese proteica 46 Toxinas: Shiga toxin (STX) • Stx1 libera FNT • Stx2 induz morte celular em rins e intestino • Stx1 e Stx2 induzem liberação de IL1, IL6 e IL8 • Stx1 e Stx2 inibem a síntese proteica e induzem a apoptose 47 EHEC – Patogenicidade EnteroHemorrágica Ligação no 28S rRNA 48 => Bloqueio da síntese proteica 1) Adesão mediada pelo pilus comum de E. coli (ECP) e pilus hemorrágico coli (HCP) OU pela ligação à Intimina com formação do pedestal de actina 2) Ação da toxina – liga-se ao receptor Gb3 nas células de Paneth da mucosa intestinal 49 EHEC – Patogenicidade http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-83822000000400005&script=sci_arttext Cepa não aderente Aderência AA STEC O91:H12 Aderência Agregativa (AA) EHEC Aderência Localizada (LA) EHEC EHEC: modelos de adesão 50 EIEC – EnteroInvasiva • Cepas EIEC são raramente encontradas – Relacionadas à Shigella spp. por suas propriedades fenotípicas e patogênicas – forma de invasão celular • Disenteria bacilar • Dose infectante alta 106 – 108 células – Ingestão de água e alimentos contaminados – Mais comum: Contaminação de pessoa-pessoa Período de incubação: 8 – 24 horas (média de 11h) Curso da doença: 4 – 10 dias Sintomas: Diarreia aquosa, cólicas abdominais, febre e mal-estar geral Evolução: Minoria pode evoluir para disenteria (elimina muco e sangue nas fezes) O124, O143 e O164. 51 • Aderência através da expressão de fímbrias (F17) ou adesinas como CS31 • Invadem o sistema linfático e corrente sanguínea • Podem produzir CNF1 e CNF2 (fatores citotóxicos de necrose) 52 Escherichia coli – EIEC EnteroInvasiva EIEC – Patogenicidade EnteroInvasiva 1) Invasão do enterócito por endocitose. Lise do fagossomo e multiplicação no citoplasma celular Movimento lateral através do epitélio por difusão direta célula-célula 2) Movimentação por microfilamentos de actina (semelhantes aos encontrados em Listeria) Processo de destruição celular do epitélio intestinal com infiltração inflamatória Pode evoluir para ulceração no cólon 53 EAEC – EnteroAgregativa • Diarreia aquosa persistentes com desidratação em viajantes • Associada a diarreia crônica e crescimento retardado em crianças • Dose infectante pode ser baixa: contaminação de pessoa- pessoa • Capacidade de adesão à mucosa intestinal e produção de toxinas – Análise histopatológica em animais infectados mostrou a presença de uma camada espessa de bactérias aderidas frouxamente à superfície da mucosa 54 EAEC – Patogenicidade • Aderência agregativa (AA) em arranjo “tijolos empilhados” – Fímbrias de aderência agregativa I (AAF/I) – Adesina Dispersina (responsaveis pela formação de microcolonias) • Estímulo a secreção de muco http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-28032011000300009&script=sci_arttext 55 • Shigella enterotoxin 1 (ShET1) – Induz secreção de fluidos • Toxina mucolítica (Pic) – Penetração na camada de muco • Toxina termoestável enteroagregativa (EAST) – Homóloga a toxina STa e induz secreção de fluidos • Toxina autotransportadora por plasmídeo (Pet) – Enterotóxica e provoca alterações no citoesqueleto dos enterócitos 56 EAEC – Patogenicidade EnteroAgregativa DAEC – E. coli de Adesão Difusa • Diarreia em crianças 12 a 18 meses e também em adultos • Definidas por seu padrão de adesão característico que envolve toda a célula e colonizam o ID Indução de efeito citopático caracterizado pelo desenvolvimento de longas projeções (dedos) envolvendo a bactéria 57 DAEC – Patogenicidade Adesão Difusa 4) Indução de IL-8 : infiltração de leucócitos polimorfonucleares (PMN) – conduz ao ↑ taxa de apoptose de PMN -- ↓ taxa de fagocitose mediada por PMN 5) Estimula produção de mais DAF na superfície 1) F1845 liga-se a receptores DAF; Afa liga-se a receptores CEACAM 2) Agregação de moléculas de DAF sob as bactérias 3) Interfere no influxo de Ca+2 sinalizando o alongamento das vilosidades: desordem na estrutura 58 DAF: decay accelerating factor Categorias x mecanismo de virulência • ETEC e EHEC → produção de toxinas • EPEC e DAEC → formação de lesões histopatológicas • EIEC → invasão celular • EAEC → formação de biofilmes • Recentemente foi proposta a inclusão de duas novas categorias: – AIEC (E. coli aderente e invasiva) – STEAEC (E. coli enteroagregativa produtora de Shiga toxin) • E. coli O104:H4 com características mistas de EAEC e EHEC 59 Produção de toxinas Produção de toxinas Lesões histopatológicas Lesões histopatológicas Formação de biofilme Invasão celular 60 Gastroenterites causadas por E. coli Sorotipo (sítio) Doença Patogênese ETEC (ID) Diarreia dos viajantes, diarreia infantil, diarreia aquosa, vômitos, cólicas, náuseas e febre baixa Mediada por plasmídeo, enterotoxinas termoestável e/ou termolábel que estimulam a hipersecreção de fluidos e eletrólitos EAEC (ID) Diarreia dos viajantes, diarreia infantil, diarreia aquosa persistente com vômitos, desidratação e febre baixa Aderência agregativa mediada por plasmídeo com encurtamento das microvilosidades, infiltração de mononucleares e hemorragia; ↓ da absorção de fluidos EPEC (ID) Diarreia infantil, diarreia aquosa, vômitos e fezes sem sangue Mediada pro plasmídeo, lesão A/E com destruição das microvilosidades, causando má absorção e diarreia EHEC (IG) Diarreia aquosa inicial seguida de sanguinolenta (colite hemorrágica) com cólicas, pouca ou nenhuma febre, pode progredir para SHU Mediada pelas toxinas Shiga citotóxicas (Stx-1 e Stx-2) que inibem a síntese proteica; lesões A/E com destruição das microvilosidades, diminuição da absorção EIEC (IG) Diarreia aquosa, febre, cólicas, pode progredir para disenteria e fezes sanguinolentas Invasão mediada por plasmídeo e destruição das células epiteliais que revestem o cólon 61 Surtos notificados pelo CDC http://www.cdc.gov/foodsafety/outbreaks/multistate-outbreaks/outbreaks-list.html#ecoli 62 Escopo da aula Família Enterobacteriaceae 63 Escherichia coli Salmonella Yersinia Shigella Klebsiella Proteus Citrobacter Serratia • Amplamente distribuída • Flagelos peritríquios • S. pullorun, S. gallinarum • Habitat: trato gastrointestinal do homem, animais, répteis, roedores e aves • Reservatório animal (rações contaminadas ou animal-animal) 64 Salmonella Salmonella spp. • Excretadas nas fezes de portadores ou infectados – Ingestão de alimentos contaminados ou via fecal- oral • Doenças – Febre Tifóide (Salmonella enterica sorovar typhi) – Febre entérica (Salmonella enterica sorovarparatyphi A, B e C) – Enterocolites ou salmoneloses • Antígenos O, H e Vi (virulência relacionada a cápsula: esquema Kauffmann-White) 65 66 Salmonella Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Kauffman%E2%80%93White_classification • Salmonella enterica subsp. enterica 1435 sorov. • Salmonella enterica subsp. salamae 485 sorov. • Salmonella enterica subsp. arizonae 94 sorov. • Salmonella enterica subsp. diarizonae 321 sorov. • Salmonella enterica subsp. houtenae 69 sorov. • Salmonella enterica subsp. indica 11 sorov. • Salmonella bongori 20 sorov. 67 Salmonella - classificação • Alguns sorovares importantes: Salmonella Dublin Salmonella Typhi Salmonella Typhimurium Salmonella Choleraesuis Salmonella Enteritidis 68 Salmonella Fonte: http://vet.uga.edu/ivcvm/courses/vpat5215/digestive/week04/enteric/enteric11e.htm Septicemia por Salmonella spp • Célula alvo: célula M do intestino e célula epitelial intestinal • Aderência: mediada pelas adesinas tipo 1 (gene fim), fimbria codificada por plasmídeo (gene pef) e fímbria polar longa (gene lpf) • Invasinas: proteínas que desorganizam o cito esqueleto (genes em ilhas de patogenicidade) 69 Salmonella 70 Salmonella - patogenia 71 Salmonella - patogenia • Toxina Ltsímile: síntese de nucleotídeos cíclicos por ribosilação • Toxina interruptora de síntese protéica • Toxina fosfolipase A e enterotoxina Stn: aumento de AMPc com resultante influxo de íons e líquidos para o lúmen intestinal • Produz sideróforos denominados de enterobactinas 72 Salmonella - exotoxinas • Plasmídeos associados a virulência (Spv): contem genes reguladores para o crescimento intracelular Fator sigma de fase estacionária: confere resistência à tolerância ácida Gene regulador transcripcional: SlyA (salmolysin) responsável pela sobrevivência dentro de macrófagos Promotor phoP/phoQ: responsáveis pela resistência da Salmonella às defensinas encontradas nos grânulos lisossômicos dos fagócitos 73 Salmonella - plasmídeos Febre tifóide – Salmonella Typhi • Salmonella enterica sorovar Typhi • Reservatório: homem • Dose infectante é baixa • Período de incubação: 2 semanas • Sintomas (evolução) – Septicemia, febre alta (40°C) e vômitos – Diarreia na 2ª/3ª semana e ↓ febre – Hemorragia ou até perfuração intestinal e inflamação da vesícula biliar (1907, EUA) Mary Mallon, "Maria Tifóide” 74 Febre tifóide • Diagnóstico: análise sangue, fezes • Tratamento: antibióticos específicos e isolamento do paciente • Prevenção: vacinação, tratar a água e os alimentos, controlar o lixo, observar boas condições de higiene e alimentação Colonização assintomática → Colonização crônica por mais de 1 ano após a doença em 1 – 5% dos pacientes e a vesícula biliar é o principal reservatório 75 Febre entérica – Salmonella Paratyphi • Febre paratifóide – Sintomas similares a febre tifóide, mas mais brandos • Salmonella Paratyphi A, Salmonella Schottmuelleri (antiga Paratyphi B)e Salmonella Hirschfeldii (antiga Paratyphi C) • Período de incubação: 14 dias • Sintomas: Febre crescente, dor de cabeça, mialgia, mal estar, anorexia, vômito e diarreia • Fase inicial: bacteremia com colonização da vesícula biliar e reinfecção intestinal • Curso da doença: 1 a 3 semanas Colonização assintomática 76 Geoffrey Gonzalez-Escobedo, Joanna M. Marshall and John S. Gunn 2011. nrm Modelo de Salmonella enterica subsp. serovar Typhi a formação de biofilme enterica em cálculos biliares 77 Febre entérica – Salmonella Paratyphi Salmoneloses – gastroenterites • Outros sorotipos • Período de incubação: 6 – 48 h • Sintomas: náusea, vômito e diarreia sem sangue • Comuns: febre, cólica, mialgia e dor de cabeça • Curso da doença: 2 dias – 1 semana • Gravidade dependente – Sorotipo – Hospedeiro – Alimento – Dose ingerida 78 Septicemia • Salmonella Thypi, Salmonella Paratyphi e Salmonella Choleraesuis • Risco elevado em pacientes pediátricos, geriátricos e imunocomprometidos • Infecções supurativas – 10% dos casos – Osteomielite – Endocardite – Artrite 79 Principais alimentos envolvidos 80 Locais de ocorrência da Salmonelose 81 Principais fatores causais • Matéria prima sem inspeção (22,92%) • Manutenção a temperatura ambiente por mais de 2 horas (20,55%) • Manipulação (13,04%) • Refrigeração inadequada (12,65%) 82 Transmissão • Ingestão de alimentos contaminados, crus ou mal cozidos • Água contaminada • Contaminação de ovos intactos 83 Lotes naturalmente infectados < 1:10.000 Refrigeração: 2-8°C Multiplicação a partir de 10°C Pasteurização: 60°C, 3,5min Cozimento adequado S. enteritidis 84 Salmoneloses Salmoneloses • Diferentes mecanismos de patogenicidade • Diagnóstico: isolamento do patógeno em fezes e restos de alimentos • Meios de enriquecimento para Salmonella: Caldo selenito cistina, caldo rappaport- vassiliadis, caldo tetrationato 85 Escopo da aula Família Enterobacteriaceae 86 Escherichia coli Salmonella Yersinia Shigella Klebsiella Proteus Citrobacter Serratia Yersinia • Cocobacilos Gram negativos • São flageladas • Crescem em meio ágar MacConkey e não são hemolíticas • 11 espécies identificadas, mais importantes: Yersinia enterocolitica, Y. pseudotuberculosis e Yersinia pestis • Produção de citocinas => vasodilatação excessiva => choque séptico e morte 87 • Possuem genes para expressão de proteínas de adesão e invasão • São resistentes a ação do complemento • Tem proteína Ail (attachment invasion locus) 88 Yersinia enterocolítica Yersinia pseudotuberculosis • Proteína Pla (plasminogen activator): responsável por atividade de coagulase • É fibrinolítica e degradativa de C3 • Mouse toxin: proteína fatal para camundongos • Produzem sideróforos e adesinas • São capazes de fixar hemoglobina e vermelho congo 89 Yersinia pestis • Trajeto da peste negra: 542: Praga do Justiniano (Ásia, norte da África, Arabia e parte da Europa) 1346 a 1352: Peste negra (dizimou um terço da população da Europa) 1894 a 1930: terceira pandemia (Indochina, focos nas Américas e África) 90 Yersinia pestis • Reservatórios: Xenopsilla cheopsis, Microtus, Peromyscus e outros • Diagnóstico: fezes ou aspirados, enriquecimento pelo frio, ELISA, Imunofluorescência, HA e HI 91 Yersinia pestis Escopo da aula Família Enterobacteriaceae 92 Escherichia coli Salmonella Yersinia Shigella Klebsiella Proteus Citrobacter Serratia Shigella • Causador da shigelose humana e em primatas, mas não em outros mamíferos • Reservatório: humanos e macacos • Shigella sonnei, S. dysenteriae e S. flexneri • Durante a infecção normalmente causa disenteria 93 Shigella • A célula alvo é a célula M do intestino e célula epitelial intestinal 94 Shigelose • Intoxicação alimentar causada pela Shigella • Febre, dor abdominal, diarréia, enjôos, vômitos, dor de cabeça, sangue nas fezes, dor muscular e até mesmo convulsões, em algumas crianças • Ingestão de água ou alimentos contaminados • Diagnóstico: exame de fezes • Tratamento:antibióticoterapia e soroterapia 95 Mensagens principais • No que se baseia a classificação das E. coli? • Quais são os principais patotipos de E. coli? • Quais são as toxinas da ETEC? Como agem? • O que é lesão A/E? Qual(is) patotipo(s) causa(m) esta lesão? • Qual dos patotipos de E. coli está mais associado a infecções via produtos de origem animal? 96 Mensagens principais • Que toxinas são produzidas pelas EHEC? • A cepa O157:H7 pertence a qual patotipo? • Quais fatores (cite 3) dificultam o controle da salmonelose? • Qual é o agente da febre tifóide? • Qual o principal alimento envolvido em surtos de salmonelose? Por que? • Qual bactéria causa a peste negra? 97 98 Fonte: http://www.google.com/imghp Sugestões de leitura 99 • Livros: – FRANCO, B.D.G.M.; LANDGRAF, M. 2008. Microbiologia dos alimentos. São Paulo:Atheneu, 182p – JAY, J.M. 2005. Microbiologia de alimentos. 6. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 712p. – MADIGAN, M.T.; MARTINKO, J.M.; PARKER, J. 2004. Microbiologia de Brook, 10a ed. São Paulo, Brasil: Prentice Hall, 608p. – OLIVEIRA, S.J. Guia bacteriológico prático: microbiologia veterinária. Ed. Ulbra, 2000, 240p. – ROSENTHAL, K.S., PFALLER, M.A., MURRAY, P.R. 2009. Microbiologia Médica - 6ª Ed Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 960p. – TORTORA, G.J. FUNKE, B.R., CASE.C.L. Microbiologia, 10ºed. 2012. 967p. – VERMELHO, A.B.; BASTOS, M.C.F., BRANQUINHA DE SÁ, M.H. 2008. Bacteriologia Geral. Guanabara Koogan, 604p. • Artigos: – ANDRADE, J.A.B., FREYMÜLLER, E., FAGUNDES-NETO, U. 2011. Adherence of enteroaggregative Escherichia coli to the ileal and colonic mucosa: an in vitro study utilizing the scanning electron microscopy. Arq. Gastroenterol., 48:199-204. – CROXEN, M.A. & FINLAY, B.B. 2010. Molecular mechanisms of Escherichia coli pathogenicity. Nature Reviews Microbiology, 8:26-38. – DONNENBERG, M.S. 2010. Infections due to E. coli and other enteric Gram-negative bacilli. ACP Medicine, p.1-10. – KAPER, J.B., NATARO, J.P., MOBLEY, H.L.T. 2004. Pathogenic Escherichia coli. Nature Reviews Microbiology, 2:123-140, – MUDRAK, B., KUEHN, M.J. 2010. Heat-Labile Enterotoxin: Beyond GM1 Binding. Toxins, 2:1445- 1470. • Sites: – https://www.wikipedia.org; www.cdc.gov/ecoli Sugestões de leitura camposvet@unb.br Grato pela atenção!!! 100
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