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1 DIREITO CONSTITUCIONAL III TEMA 1. Defesa do Estado e das instituições democráticas Prof. Álvaro Azevedo Um Direito de necessidade constitucional? Situações análogas: Direito internacional: Estado de Guerra; Direito penal: Legítima defesa; Direito civil: direito de resistência; Direito administrativo: Estado de necessidade administrativa. Sistema constitucional das crises É o conjunto de ordenado de normas constitucionais, que, informadas pelos princípios da necessidade e temporalidade, tem por objeto as situações de crises e por finalidade a mantença ou o restabelecimento da normalidade constitucional. Tipos de Crise o Crises deflagradas com a finalidade de destruir a independência ou a integridade territorial do Estado; o Crises engenhadas para derrubar o regime político-constitucional (ordem constitucional vigente); o Crises econômico-financeiras. Não se destina a defesa de um governo, que é temporário, ou de um determinado sistema político, que nem sempre representa o verdadeiro conceito de democracia. Constitucionalização das circunstâncias excepcionais o Gera-se um sistema de legalidade especial, de natureza constitucional; o Este sistema deve ser proporcional ao restabelecimento da normalidade institucional; o Sua utilização depende de uma causa de justificação que gerará a exclusão de ilicitude dos fatos e medidas adotadas durante sua vigência; Requisitos iniciais o Necessidade o Temporalidade Obediência irrestrita aos comandos constitucionais Estes princípios acarretam a decretação de medidas excepcionais que não podem: • Ser efetivadas sem a ocorrência fundada de elementos seguros da emergência; • Exceder os limites da defesa do regime e das instituições democráticas, nem quanto a natureza das medidas nem quanto a extensão no espaço e duração no tempo necessárias e suficientes; • Furtar-se ao controle político e ainda que a posteriori; • Fugir ao controle jurisdicional que repare desvios e abusos. Comparativo Histórico o Antigo direito romano: jus extremae necessitatis e salus rei publica suprema lex esto. o Séc. XVIII: 2 Riot act (1714): isenção de responsabilidade na contenção de felonias; Loi Martiale (1789): uso das forças armadas no interior do Estado. Modificação de competências da autoridade civil e militar. Estado de paz x Estado de Guerra x Estado de sítio. o Séc. XIX: Estado de necessidade estadual Tipos de sistema (Kildere Carvalho) Consideram-se flexíveis todos os sistemas de emergência que não predeterminam as ações de resposta por ocasião de grave crise. Consideram-se rígidos todos os sistemas em que o rol de medidas extraordinárias que a declaração de emergência consente é predeterminado, taxativamente enumerado na lei. Sistemas flexíveis o Ditadura Romana; o Lei marcial (sistema britânico); o Art. 16 da Constituição Francesa de 1958 o Quando as instituições da República, a independência da Nação, a integridade do seu território ou o cumprimento de seus compromissos internacionais estiverem ameaçados de forma grave e imediata, e onde o bom funcionamento dos poderes públicos constitucionais for interrompido, o Presidente da República tomará as medidas exigidas por estas circunstâncias, após consultar oficialmente o Primeiro-Ministro, os presidentes das Casas do Parlamento e do Conselho Constitucional. (…) Sistema rígido o Estado de sítio: de origem francesa, baseia-se na ideia da cidade sitiada (cercada). Consiste na suspensão temporária e localizada de garantias constitucionais. É um sistema rígido de crises, já que é localizado, temporário e taxativo. Canotilho: Direito de necessidade Estadual É um Direito de necessidade constitucional; Deriva de uma situação de anormalidade que não pode ser combatida pelos meios normais previstos na constituição; Técnicas: o Poderes implícitos; o Cláusula de plenos poderes (cláusula de ditadura); o Constitucionalização do Direito de necessidade; o Bill of indemnity (decreto de idoneidade). Dogmática Constitucional Brasileira o Intervenção Federal: artigos 34-36 CF/88 o Estado de Defesa : artigo 136 CF/88 o Estado de Sítio : artigos 137 - 139 CF/88 Intervenção Federal Medida excepcional de supressão temporária da autonomia de determinado ente federativo, fundada em hipóteses taxativamente previstas no texto constitucional, e que visa à unidade e preservação da soberania do Estado Federal e das autonomias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 3 Defesa do Estado e Estado de defesa Defesa do Estado: significa uma ordenação que tem por fim específico e essencial a regulamentação global das relações sociais entre os membros de uma dada população sobre um dado território; Estado de defesa: segundo o art. 136, consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por certo tempo, em locais restritos e determinados, mediante decreto do Presidente, para preservar a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. Art. 136 O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. § 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: I - restrições aos direitos de: o reunião, ainda que exercida no seio das associações; o sigilo de correspondência; o sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. § 2º - O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação. § 3º - Na vigência do estado de defesa: o I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial; o II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação; o III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; o IV - é vedada a incomunicabilidade do preso. § 4º - Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta. 4 § 5º - Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias. § 6º - O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. § 7º - Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa. Elementos: Objetivo: Preservar ou restabelecer a ordem pública ou paz social ameaçadas por um fator de crise. Pressupostos De fundo: o Existência de grave e iminente instabilidade institucional que ameace a ordem pública ou a paz social; o Manifestaçãode calamidade de grandes proporções na natureza que atinge a mesma ordem pública ou paz social. De forma: o Prévia manifestação dos Conselhos da República e de Defesa Nacional; o Decretação pelo Presidente da República; o Determinação no decreto de sua duração (não superior a 30 dias, prorrogável por mais uma vez); o Especificação das áreas por ele abrangidas; o Indicação das medidas coercitivas descritas no artigo 136 § 1º . OBS. Greve: Greve, independente da categoria, é um direito constitucionalmente garantido. Não está fora na normalidade. Não pode ser tomada como motivo para que se decrete Estado de Defesa. Valor da audiência dos conselhos Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República… Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático… É obrigatória; Haverá inconstitucionalidade da medida caso não seja feita. São conselhos consultivos; Atuação do congresso Aprovação: Hipóteses dos artigos 49 IV e 136 §§ 4º e 6º: Aprovada a medida: aprovado o decreto e o estado de defesa; Rejeitada a medida: o Suspende-se o estado de defesa; o Poderá haver crime de responsabilidade do presidente da república; o Não há prejuízo à responsabilidade pelos ilícitos cometidos; 5 Controle: Controle a posteriori: Art. 141. Recebe a justificação das providências adotadas. Poderá responsabilizar o presidente pelos possíveis excessos. Controle concomitante: Mesa do Congresso: art. 140 (deputados e senadores) designa cinco membros para funcionarem como fiscais a execução das medidas. Efeitos o Adoção de legalidade especial para a área afetada; o Restrições aos direitos: De reunião; De sigilo de correspondência; De sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; Ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos; Prisão: De crime contra o Estado; Por outros motivos. (10 dias no máximo sem a autorização do P.judiciário). Controle Jurisdicional Habeas corpus: para ilegalidade das prisões previstas no art. 136; Controle jurisdicional da prisão; Responsabilidade dos ilícitos cometidos pelos seus executores e agentes; Inconstitucionalidade do Estado de Defesa.
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