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Medicina Legal - CURSO FMB

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1MEDICINA LEGAL I 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL 
DEFINIÇÃO
Medicina Legal é o ramo da medicina que põe seus 
conhecimentos a serviço das ciências jurídicas e sociais, na elaboração e 
execução das leis que deles necessitem. 
HISTÓRICO 
Os primeiros traços da prática da medicina legal são 
encontrados no Código de Hamurabi (Mesopotâmia), nas legislações egípcia 
e grega. 
Numa Pompílio, em Roma, ordenou o exame médico na 
morte de grávidas. Adriano e Justiniano utilizaram-se dos conhecimentos 
médicos para o esclarecimento de alguns fatos de interesse da justiça. 
Antístio examinou o cadáver de Julio César e constatou que, dos muitos 
ferimentos recebidos, apenas um foi mortal. 
Inocêncio III decretou legislação canônica em 1209, que 
convidava médicos a visitarem os feridos que estivessem à disposição da 
justiça.
Gregório IX, em 1234, decretou legislação que exigia a 
opinião médica para distinguir, entre várias lesões, aquela cujo resultado era 
mortal; e colocava a nulidade de casamento ao exame da mulher cujo 
resultado coincidia com a não consumação da conjunção carnal. 
A medicina legal foi exercida de forma rudimentar nos 
séculos XIV e XV, entretanto foi no século XVI que houve o início de seu 
desenvolvimento propriamente dito. 
O Papa Leão X ao morrer, em 1521, foi necropsiado sob 
suspeita de envenenamento. Em 1525, inicia-se a medicina legal prática com 
o “Edito della Gran Carta della Vicaria di Napoli”. 
Em 1532, Carlos V decreta o Código Criminal Carolino, lei 
básica do Império Germânico que determinava o parecer de médicos e 
parteiras para esclarecimentos de juízes, em casos de lesões corporais, 
homicídios, infanticídios, abortamentos, etc. 
Em 1575, Ambroise Paré escreve o primeiro livro onde são 
tratadas várias questões de medicina legal; é considerado por alguns como o 
“Pai da Medicina Legal”. No entanto, Paolo Zacchias, em 1601, lança obra 
monumental e que, pela sua importância e qualidade científica, ainda hoje 
pode ser consultada com proveito. É considerado o verdadeiro “Pai da 
Medicina Legal”. 
Em 1818, Bernt em Viena cria o primeiro Instituto Médico-
Legal. Em 1821, Orfila cria a toxicologia. 
No Brasil, Gonçalves Gomide (1814), médico mineiro e 
senador do Império, publica o primeiro trabalho brasileiro na área de medicina 
2MEDICINA LEGAL I 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
legal. Em 1832, com a criação das Faculdades de Medicina no Brasil, começa 
o ensino oficial da medicina legal no país. Nina Rodrigues, em 1894, 
estabelece a independência da medicina legal brasileira, ao começar o 
período de pesquisas originais. Outros nomes expoentes da medicina legal no 
Brasil que devem ser lembrados são:
Flamínio Fávero, Oscar Freire, Odo Maranhão, Genival 
Veloso de França, Hélio Gomes e outros. 
CAMPO DE ATUAÇÃO 
x Doutrinário: Auxílio à elaboração das leis. 
x Pericial: Ato propedêutico ou exame, feito por médico legista, com a 
finalidade de contribuir com a autoridade policial ou judiciária, na formação 
de juízos a que estão feitas. 
RELAÇÕES 
A medicina legal relaciona-se com as mais diversas áreas do 
conhecimento humano, não se restringindo à área médica ou biológica. São elas: 
x Física: calorimetria, espectroscopia, microscopia, fotografia, radiografia, 
etc;
x Química: microcristalografia, toxicologia, etc; 
x Entomologia: estudo da fauna cadavérica; 
x Microbiologia e Parasitologia: estudo dos germes, parasitas, infecções, etc; 
x Balística: estudo das armas de fogo e seus projéteis, assim como as 
lesões concernentes; 
x Antropologia: identificação de cadáveres; 
x Infortunística
x Anatomia: sede das lesões, relações dos órgãos, idade, raça, cor, dentes, 
ossos, etc; 
x Odontologia: identificação de carbonizados e esqueletizados; 
x Fisiologia e Bioquímica: asfixias, viabilidade fetal, inanição, etc; 
x Patologia: Estudo das lesões e estados mórbidos, feridas mortais, 
sobrevivência, lesões in vitam e post mortem, etc; 
x Imunologia: diagnose específica do sangue, tipagem sanguínea, 
paternidade, etc; 
x Genética: investigação de paternidade, crimes sexuais, etc; 
x Ginecologia e Obstetrícia: parto, puerpério, aborto; 
x Psiquiatria: capacidade civil, imputabilidade, etc. 
x Outros.
PERÍCIAS, PERITOS E DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS 
LEGISLAÇÃO
x Código de Processo Penal 
3MEDICINA LEGAL I 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
Artigo 158 – Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame 
de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do 
acusado.
Artigo 159 – Os exames de corpo de delito e as outras perícias, serão feitos 
por dois peritos oficiais. 
§1o. Não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas pessoas 
idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas, de preferência, 
entre as que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame. 
§2o. Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente 
desempenhar o encargo. 
Artigo 160 – Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão 
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. 
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de dez 
dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a 
requerimento dos peritos. 
Artigo 161 – O exame de corpo de delito poderá ser feito a qualquer dia e a 
qualquer hora. 
Artigo 162 – A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, 
salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa 
ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. 
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame 
externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou 
quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não 
houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma 
circunstância relevante. 
Artigo 163 – Em casos de exumação para exame cadavérico, a autoridade 
providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a 
diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. 
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o 
local da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta 
de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não 
destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o 
que tudo constará do auto. 
Artigo 164 – Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que 
forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões 
externas e vestígios deixados no local do crime. 
Artigo 165 – Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, 
quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas 
ou desenhos, devidamente rubricados. 
4MEDICINA LEGAL I 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
Artigo 166 – Havendo dúvida sobre a identificação do cadáver exumado, 
proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação ou repartição 
congênere, ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de 
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos 
os sinais e indicações. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os 
objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver. 
Artigo 167 – Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem 
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
Artigo 168 – Em casos de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver 
sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da 
autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério 
Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. 
§1o. No exame complementar, os peritos terão presentes o auto de corpo dedelito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. 
§2o. Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no artigo 129, 
§1o., n.I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 
dias, contados da data do crime. 
§3o. A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova 
testemunhal.
Artigo 180 – Se houver divergências entre os peritos, serão consignadas no 
auto de exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um 
redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se 
este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame 
por outros peritos. 
Artigo 181 – No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de 
omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará 
suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. 
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo 
exame, por outros peritos, se julgar conveniente. 
Artigo 182 – O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-
lo, no todo ou em parte. 
PERÍCIAS 
DEFINIÇÃO
Perícia: É a capacidade teórica e prática para empregar, 
com talento, determinado campo do conhecimento alcançando sempre os 
mesmos resultados. 
5MEDICINA LEGAL I 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
Perícia Médico-Legal: É o conjunto de atos propedêuticos ou 
exames, feitos por médicos, com a finalidade de contribuir com autoridades 
na formação de juízos a que estão obrigados, para o esclarecimento de fatos 
de interesse da justiça. 
OBJETIVO
O objetivo principal é determinar a materialidade do crime. A 
perícia médico-legal precisa demonstrar, para que se possa admitir a 
hipótese, a existência de nexo causal entre a ação e o resultado desta ação. 
OBJETO
Pessoas Vivas: exames de lesões corporais, conjunção 
carnal, ato libidinoso, gravidez, abortamento, parto, puerpério, embriaguez, 
toxicomania e insanidade mental. 
Cadáver: identificação, realidade da morte, época da morte, 
determinação da causa médica (causa mortis) e jurídica (natural ou violenta) 
da morte, além de distinguir lesões intra vitam e post mortem.
AUTORIDADES REQUISITANTES 
Poderá requisitar a perícia o delegado de polícia, o juiz de 
direito e os oficiais militares (na direção de um inquérito policial militar). O 
Ministério Público por si só não pode requisitar a perícia. 
CONCEITOS
Corpo de Delito: É o conjunto de todos os elementos 
materiais de uma conduta incriminada inclusive meios e instrumentos de que 
sirva o criminoso. 
Falsa Perícia: É a afirmação contra a verdade, a negação da 
verdade e o silêncio sobre a verdade; é crime previsto no artigo 342 do 
Código Penal. 
Imperícia: É a ignorância, falta de conhecimento técnico-
científico, inabilitação específica para a prática de determinado ato; é uma das 
formas de crime culposo, previsto no artigo 18, inciso II do Código Penal. 
OBS: A prática médico-legal é prova, quase sempre objetiva, 
em qualquer fase do processo. 
PERITOS 
DEFINIÇÃO
 
São pessoas qualificadas e experientes em determinados 
assuntos e que, designados pela justiça, recebem a incumbência de ver e 
6MEDICINA LEGAL I 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
referir (visum et repertum) fatos de natureza permanente, cujo esclarecimento 
é de interesse num processo. 
Os peritos médico-legais podem ser: 
Oficiais: Pessoas físicas investidas de cargos públicos 
pertencentes a carreiras do funcionalismo público federal ou estadual, 
mediante concurso de ingresso. 
Louvados: São também chamados de nomeados, 
designados, não oficiais ou Ad Hoc. São auxiliares da justiça que assessoram 
o Juízo sempre que a prova do fato dependa de conhecimento técnico, 
científico ou artístico. 
Assistentes Técnicos: Inexistem no juízo criminal, é 
admissível no juízo cível (artigo 421-431 do Código de Processo Civil). 
OBSERVAÇÕES
O perito deve evitar qualquer interferência que possa 
constrangê-lo no desempenho de suas funções, não admitindo, em nenhuma 
hipótese, subordinar sua apreciação a qualquer fato ou situação que possa 
comprometer sua independência intelectual e profissional. 
 O perito não cria e não crê, isto é, apenas insere em seu 
laudo os fatos e atos examinados e estudados, não fundamentado em 
simples suposições ou probabilidades, devendo apresentar suas conclusões 
com toda a objetividade, mantendo sempre a isenção e a imparcialidade. As 
conclusões devem ser legitimadas de acordo com fundamentação técnico-
teórica bem estabelecida. 
O artigo 120 do Código de Ética Médica proíbe o médico de 
“Ser perito de paciente seu, de pessoa de sua família ou de qualquer pessoa 
com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho”. 
DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS 
Notificação: Trata-se de uma comunicação compulsória, por força legal pura e 
simples, de um fato médico à autoridade competente, para que sejam 
tomadas as providências cabíveis. 
Atestado: É a afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas 
conseqüências.
Relatório: É a descrição mais minuciosa de uma perícia médica, a fim de 
responder à solicitação de uma autoridade. É um processo inicialmente 
analítico e por fim sintético. Pode ser de dois tipos: 
Laudo: Quando escrito pelo próprio perito (contém resposta 
aos quesitos); 
7MEDICINA LEGAL I 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
Auto: Quando ditado ao escrivão e assinado pelo perito (não 
contém resposta aos quesitos). 
Parecer: É uma opinião pessoal sobre determinados fatos médicos. 
Geralmente são solicitados a profissionais de prestígio e bom conceito na 
matéria.
Consulta: É o esclarecimento prestado em conseqüência de dúvidas ou 
omissões de ordem médica. 
Depoimento Oral: É a informação prestada, de viva voz pelo perito, perante a 
autoridade policial ou judiciária. 
8MEDICINA LEGAL I 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
QUESTÕES 
1. Um médico atende no pronto socorro uma vítima de acidente de trânsito. 
Como ele é também um dos médicos legistas da cidade (ML - SP 1/02): 
a) é sua obrigação fazer o laudo de corpo de delito da vítima em questão, 
porque você já o atendeu no mesmo caso. 
b) embora não seja sua obrigação, é recomendável que você faça o laudo de 
corpo de delito da vítima em questão, já que você conhece bem o caso. 
c) você deve fazer o laudo apenas se você for também o plantonista do IML, 
quando a vítima se apresentar para o exame de corpo de delito. 
d) você está impedido de fazer um laudo de corpo de delito da vítima de 
questão, pois ela é ou foi seu paciente no mesmo caso. 
2. Corpo de delito é o conjunto de elementos (ML - SP1/02): 
a) Materiais. 
b) Biológicos. 
c) Virtuais. 
d) Cadavéricos. 
3. Na legislação brasileira pertinente às autópsias, está correto afirmar (ML - 
SP 1/02): 
a) A autópsia só pode ser realizada 6 horas após a constatação da morte. 
b) A autópsia pode ser realizada a qualquer hora, incluindo as noites. 
c) Nas autópsias é obrigatório o estudo cavitário. 
d) Nas vítimas fatais de acidentes de trânsito é obrigatório a coleta de 
amostras para determinação de alcoolemia. 
4. O exame complementar, único ou primeiro, para a avaliação da 
gravidade de lesão corporal (Art. 129 e parágrafos do CP) deve ser 
realizado (DP – SP 4/93): 
a) 30 dias após o exame inicial do corpo delito. 
b) logo depois de decorridos 30 dias do fato que produziu a lesão corporal em 
causa.
c) quando o médico legista o determinar. 
d) quando a autoridade policial o determinar. 
5. O médico legista realiza perícias (ML - SP 1/02): 
a) a pedido das partes. 
b) mediante solicitação através de advogados diretamente ao mesmo. 
c) quando requisitadas por autoridade policial ou judiciária. 
d) por requisição da autoridade policial ou do ministério público. 
6. Quando a necrópsia for compulsória esta deve ser realizada (DP – PR 94): 
a) Após 24 horas doóbito. 
b) Após 48 horas do óbito. 
9MEDICINA LEGAL I 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
c) Imediatamente após a morte, não podendo ser adiada. 
d) Pelo menos 6 horas após o óbito, podendo ser antecipada a critério do 
médico-legista. 
e) Após 12 horas do óbito, nunca podendo ser antecipada. 
7. A exumação está indicada quando é necessário (DP – PR 94): 
a) Identificar cadáver inumado. 
b) Realizar necropsia que deixou de ser feita quando compulsória. 
c) Dirimir dúvidas acerca da necropsia anterior. 
d) As alternativas “1” e “3” estão corretas. 
e) Apenas as alternativas “2” e “3” estão corretas. 
8. Perícia médico-legal baseada exclusivamente em prontuário médico de 
pronto-socorro denomina-se (DP – SP 2/94): 
a) Subsidiária. 
b) Complementar. 
c) Documental. 
d) Indireta. 
9. Entende-se por perícia contraditória (DP – SP 1/94) 
a) A que está em contradição com os fatos. 
b) A que não se baseia nos fatos ocorridos. 
c) Aquela em que os peritos chegaram a conclusões conflitantes. 
d) Aquela em que os peritos não conseguiram chegar a nenhuma conclusão. 
10. Estão desobrigados de prestar compromisso (DP – SP 1/94): 
a) Os peritos oficiais. 
b) Os peritos louvados. 
c) Os peritos nomeados. 
d) Os assistentes técnicos. 
11. Uma paciente com síndrome da imunodeficiência adquirida pulou do 7º. 
Andar de um hospital onde estava internada. Seu corpo foi removido para 
o IML. Lá, os peritos constataram fratura cominutiva dos ossos do crânio 
e perda parcial do encéfalo como causa de morte, além de fraturas de 
ossos longos, escoriações irregulares e antecedente hospitalares sem 
alterações importantes. Encerraram a perícia sem fazer o exame interno 
do cadáver. De acordo com o Código de Processo Penal, os peritos (DP 
– RJ/00): 
a) Eram obrigados a fazer o exame interno. 
b) Agiram corretamente porque nada de relevante havia mais a apurar. 
c) Teriam que colher amostras das vísceras para exame complementar. 
d) Teriam que pedir autorização ao delegado para concluir sem o exame 
interno.
e) Equivocaram-se, já que a mulher poderia ter sido jogada. 
1MEDICINA LEGAL II 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
ANTROPOLOGIA FORENSE 
(IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL) 
DEFINIÇÕES
Identidade: É o conjunto de caracteres físicos, funcionais e 
psíquicos, natos ou adquiridos, porém permanentes, que fazem com que uma 
pessoa seja ela mesma e não outra, definindo-a como um ser. 
Identificação: É o processo pelo qual se determina a 
identidade de uma pessoa ou coisa. Os processos de identificação são 
sempre comparativos. 
APLICABILIDADE
Identificação Pessoal: Identificação de pessoa ou cadáver 
desconhecido.
Identificação Sexual: Nos crimes contra os costumes, nas 
anulações de casamento, etc. 
Identificação Etária: na apuração de responsabilidade, no 
levantamento dos elementos de determinados crimes, no registro civil, na 
adoção, etc. 
MATERIAL DE ESTUDO 
Vivos: nos atos civis e criminais. 
Morto: no cadáver desconhecido. 
Locais de Crime: pêlos, manchas de sangue ou esperma, 
pegadas, impressões digitais, etc. 
REQUISITOS TÉCNICOS 
Existem requisitos para que características possam ser 
utilizadas no processo de identificação, são eles: 
Unicidade: Deve permitir a distinção entre um indivíduo e 
todos os demais. 
Perenidade: Deve existir durante toda a vida do ser humano. 
Imutabilidade: Deve permanecer idêntico a si próprio, a partir do 
momento em que se constitui, nada podendo modificá-lo: idade, doença, etc. 
Praticabilidade: Deve ser facilmente obtido. 
Classificabilidade: Devem ser facilmente classificável, 
permitindo o seu arquivamento e facilitando a sua localização sempre que se 
fizer necessária. 
ELEMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL 
Identificação Física: espécie, raça, sexo (cromossomial, 
gonadal interno e externo, genital interno e externo, jurídico, psíquico e 
2MEDICINA LEGAL II 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
médico-legal), idade, estatura, sinais individuais (malformações, sinais 
profissionais, tatuagens e cicatrizes) e dentição. 
Identificação Funcional 
Identificação Psíquica 
Biotipologia
Identificação Judiciária: datiloscópica, impressões 
dentárias, palatoscopia (estudo do pálato ou “céu da boca”), superposição 
de fotografias (prosopografia – ex. caso Menguele), pegadas e estudo 
através da análise do DNA. 
FASES DA IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL 
1a. Fase: Registro ou Fichamento; 
2a. Fase: Inspeção; 
 3a. Fase: Julgamento ou confronto dos registros. 
IDENTIFICAÇÃO DA ESPÉCIE 
A identificação da espécie se faz através do estudo dos 
seguintes elementos: 
OSSOS 
O estudo macroscópico e microscópico dos ossos, 
principalmente dos canais de Havers, torna fácil a distinção entre seres 
humanos e os demais animais. 
SANGUE
O sangue pode ser submetido a ensaios genéricos de 
orientação (presume se o material é sangue ou contém sangue) e de certeza 
(confirmam que o material é sangue); específicos (exames morfológicos e 
reação morfológica antígeno-anticorpo), humanos e não-humanos; tipológicos 
ou grupais e regionais (racial, clínica, genética, jurídico-penal e jurídico cível). 
É o melhor elemento biológico para o diagnóstico da espécie animal. 
A pesquisa de cristais de Teichmann (cristais de hematina) 
define a identificação de sangue; é bastante usado como ensaio de certeza 
de sangue. 
PÊLOS 
Através da análise é possível a distinção entre pêlos 
humanos e animais. 
ARCADA DENTÁRIA 
 
Grande valia se houver planilha comparativa ou fotográfica. 
3MEDICINA LEGAL II 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
IDENTIFICAÇÃO DA RAÇA 
A espécie humana tem várias subespécies, que possuem 
características genéticas distintas, caracterizando raças distintas. 
Os caracteres morfológicos que são valorizados na 
identificação da raça são: estatura, envergadura, forma da face e ângulos 
faciais, índices dentários, fenda palpebral, cor da íris, forma do nariz, 
espessura dos lábios, tipo e cor dos cabelos, forma do pavilhão auricular, 
pigmentação cutânea e distribuição pilosa. 
O estudo do crânio é o melhor elemento para o diagnóstico 
da raça. 
Os tipos étnicos fundamentais são: caucasiano (branco), 
negro, amarelo, indiano, australóide, cafuso (negro + índio), mameluco 
(branco + índio) e mulato (branco + negro). 
IDENTIFICAÇÃO DO SEXO 
A identificação do sexo pode ser necessária em casos de 
sexo dúbio (hermafroditismo verdadeiro e pseudo-hermafroditismo), 
mutilações no cadáver, exame de ossadas, etc. Os tipos de identificação 
sexual são: 
Sexo Cromossomial: Definido pelos cromossomos sexuais – 
46XX (feminino) e 46 XY (masculino), pelos corpúsculos de Barr ou cromatina 
sexual (é negativo no homem e positivo na mulher) e pelo corpúsculo 
fluorescente (é positivo no homem e negativo na mulher – é encontrado até 
75h post mortem).
Sexo Gonadal ou da Genitália Interna: homem com 
testículos e mulher com ovários 
Sexo da Genitália Externa: homem com pênis e escroto; 
mulher com vulva, vagina e mamas. 
Sexo Jurídico: Designado no registro civil. 
Sexo Psíquico: É a identificação que o indivíduo faz de si 
mesmo.
Sexo Médico-Legal: É o constatado em exame pericial 
médico-legal. 
No exame do esqueleto humano completo é possível a 
identificação do sexo, pelo exame dos ossos, em cerca de 50% nas crianças 
e 90% nos adultos. 
IDENTIFICAÇÃO DA IDADE 
A idade não pode ser determinada com precisão e a margem 
de erro é tanto maior quanto mais idoso for o indivíduo examinado. Quanto 
maior o número de elementos avaliados maior as possibilidades de acerto. Os 
elementos examinados são: 
4MEDICINA LEGAL II 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
Aparência: Válida somente para uma avaliação grosseira. 
Pele: Podemos observar a presença do vérnix caseoso, 
camada esbranquiçada do recém-nascido, pregueamento da pele das 
mãos e pés,características próprias da pele (firmeza, elasticidade, rugas, 
flacidez, etc). 
Pêlos: Presença de pêlos pubianos (a partir de 12-13 anos), 
pêlos axilares (após cerca de 2 anos após o aparecimento dos pubianos), 
calvície, encanecimento (cabelos brancos), etc. 
Olhos: Verificar a presença do arco senil (faixa periférica e 
acinzentada na íris). Tem início a partir dos 45 anos, mais constante no sexo 
masculino.
Dentes: Difícil avaliação nos países subdesenvolvidos. 
Existem tabelas de referência. 
Mandíbula: Apresenta variações de acordo com a idade. 
Apagamento das Suturas Cranianas: Válidas no estudo de 
esqueletos. Existem tabelas de referência para consulta. 
Radiografia dos Ossos: É o melhor elemento de estudo para 
a avaliação da idade cronológica. Pesquisa-se os pontos de ossificação e o 
estado de desenvolvimento do osso. Geralmente avalia-se a radiografia de 
uma das mãos e punho. 
IDENTIFICAÇÃO DA ESTATURA 
Fácil de ser determinada no vivo e no cadáver íntegro. Pode 
ser importante em casos de cadáveres carbonizados. Utiliza-se como 
referência um osso longo. 
IDENTIFICAÇÃO ATRAVÉS DOS SINAIS INDIVIDUAIS 
Há sinais que podem identificar uma pessoa e outros que 
servem para excluí-la. São valorizados: 
Malformações: lábio leporino, polidactilia (número 
aumentado de dedos), sindactilia (fusão de um ou mais dedos), pé torto 
congênito, etc. 
Cicatrizes
Calosidades Ósseas: História de fraturas, vícios posturais 
em vida, etc. 
Estigmas Profissionais: Calosidades dos sapateiros e 
alfaiates, alterações nas unhas dos fotógrafos e tipógrafos, calos nos lábios 
dos sopradores de vidro, etc. 
Tatuagens: As tatuagens podem ser étnicas, profissionais, 
amorosas, políticas, criminais, obscenas, etc. 
5MEDICINA LEGAL II 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
IDENTIFICAÇÃO ATRAVÉS DA SUPERPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS 
(Prosopografia)
Utilizando fotos do indivíduo tiradas em vida e fotos do 
esqueleto do crânio, deve encontrar a perfeita correspondência dos vários 
pontos ósseos e das partes moles da face (fronte, nariz, mento e órbitas). 
IDENTIFICAÇÃO ATRAVÉS DE PESQUISAS BIOLÓGICAS 
Podem ser utilizados os grupos sanguíneos (permitem a 
exclusão de suspeitos e não a inclusão); antígenos de histocompatibilidade
(HLA) – moléculas individuais, presentes na superfície das células e o exame 
do DNA podem ser determinantes. 
IDENTIFICAÇÃO FUNCIONAL 
O indivíduo pode ser reconhecido por sua dinâmica 
funcional. São observados: 
Atitude: normal x patológica. 
Mímica: atenção a paralisias, tiques, etc. 
Gesticulação
Marcha: verificar anomalias. 
Voz: pode ensejar o reconhecimento de idade, sexo e até 
mesmo de indivíduos. 
Escrita (gesto gráfico): É o mais complexo dos gestos.
Utiliza-se o exame grafotécnico ou grafológico. 
IDENTIFICAÇÃO DACTILOSCÓPICA 
É o método de identificação que mais preenche os requisitos 
técnicos para fins judiciais. Está baseado na disposição das cristas papilares 
que se encontram nas pontas dos dedos; estas cristas são saliências da pele 
que reveste a polpa digital, limitando sulcos entre si, e constituindo em 
conjunto, um desenho característico, individual e imutável. 
Desenho Digital: É o desenho formado pelas cristas 
papilares da superfície palmar da falange distal. 
Datilograma (impressão digital): É a reprodução do desenho 
digital. 
SISTEMA DATILOSCÓPICO DE VUCETICH 
Vucetich criou um sistema de identificação baseado na 
análise dos desenhos formados pelas cristas papilares, classificando-os com 
o uso de uma fórmula. 
6MEDICINA LEGAL II 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
Há 3 conjuntos de cristas papilares: central ou nuclear, basal 
e marginal ou lateral. A confluência destes 3 conjuntos, forma uma figura em 
forma de delta. A reunião dos conjuntos ou deltas forma 4 figuras básicas: 
Arco: Ausência de deltas; 
Presilha Interna: Presença de delta à direita do examinador; 
Presilha Externa: Presença de delta à esquerda do 
examinador;
Verticilo: Presença de 2 deltas. 
A fórmula datiloscópica é constituída atribuindo-se letras ao 
polegar e números aos demais dedos, nos diferentes tipos de impressão 
digital, segundo a seguinte convenção: 
- Arco = A ou 1; 
- Presilha Interna = I ou 2; 
- Presilha Externa = E ou 3; 
- Verticilo = V ou 4; 
- Desenho anômalo ou Cicatriz = X; 
- Amputação (ausência) = O; 
- Mão Direita = Numerador; 
- Mão Esquerda = Denominador. 
EXEMPLO: 
E 4 3 1 2 E(polegar) 4(indicador) 3(médio) 1(anular) 2(mínimo) 
 
V 2 2 4 2 V(polegar) 2(indicador )2(médio) 4(anular) 2(mínimo) 
A fórmula datiloscópica é fundamental para a classificação e 
arquivamento de impressões. 
Nas cristas papilares encontramos diversos tipos de pontos 
ou acidentes. Os mais comuns são: ponto, linha cortada, bifurcação, encerro, 
forquilha, ilhota, anastomose, delta, princípio de linha, fim de linha e haste. 
A identificação datiloscópica se faz quando se encontra de 8 
a 12 pontos de coincidência entre uma impressão pesquisada e uma 
arquivada. 
TRAUMATOLOGIA FORENSE 
LEGISLAÇÃO
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO 
- Artigo 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena: detenção de três meses a um ano. 
§1o. Se resulta: 
7MEDICINA LEGAL II 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
I - incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração do parto. 
Pena: reclusão de um a cinco anos. 
§2o. Se resulta: 
I - incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto. 
Pena: reclusão de quatro a oito anos. 
§3o. Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o 
resultado nem assumiu o risco de produzi-lo: 
Pena: reclusão de quatro a doze anos. 
§4o. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor 
social ou moral ou sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta 
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
§5o. O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de 
detenção pela de multa: 
I – Se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II – Se as lesões são recíprocas. 
§6o. Se a lesão é culposa: 
Pena: detenção de dois meses a um ano. 
§7o. No caso de lesão culposa, aumenta-se a pena de um terço, se ocorre 
qualquer das hipóteses do artigo 121, §4o.
CONCEITOS
Lesão é a conseqüência de um ato violento capaz de 
produzir, direta ou indiretamente, qualquer dano à integridade ou à saúde de 
alguém, ou responsável pelo agravamento ou continuidade de uma 
perturbação já existente. 
A traumatologia forense estuda as lesões e estados 
patológicos, imediatos e tardios, produzidos por violência sobre o corpo 
humano.
CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES CORPORAIS 
- Segundo a intenção: dolosas ou culposas; 
- Segundo a causa: energias de ordem mecânica, física, físico-química, 
química, bioquímica, biodinâmica e mista; 
8MEDICINA LEGAL II 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
- Segundo a sede: na estrutura somática, na respectiva fisiologia e na 
atividade psíquica. 
- Segundo a quantidade e qualidade: lesões leves, graves ou gravíssimas. 
LESÕES CORPORAIS DE NATUREZA LEVE 
São as ofensas à integridade ou a saúde de outrem (caput
do artigo 129 do Código Penal), de modo não mortal e que não se enquadrem 
nos parágrafos 1o. ou 2o. do mesmo artigo. 
A dor física não se configura como caráter de lesão sem que 
se registre dano anatômico ou funcional associado. A simples crise nervosa, 
sem comprometimento funcional, físico ou mental, não configura lesão 
corporal.
LESÕES CORPORAIS DE NATUREZA GRAVE 
São aquelas lesões que se enquadram no parágrafo 1o. do 
artigo 129 do Código Penal. 
INCAPACIDADEPARA AS OCUPAÇÕES HABITUAIS POR MAIS DE 
TRINTA DIAS 
É um critério de avaliação econômica do dano. Atividade 
habitual inclui todos os atos realizados durante as atividades diárias comuns; 
levantar, caminhar, tomar banho, etc. 
A incapacidade cessa com a consolidação morfológica e 
funcional da lesão, ainda que parcial, de modo que a vítima possa voltar em 
condições razoáveis, sem maiores danos, nem perigo as suas ocupações. 
Para que se caracterize como tal, é necessária perícia complementar após 30 
dias do acidente. 
PERIGO DE VIDA 
É a avaliação vital do dano. É necessário que o perigo exista 
ou tenha existido de fato, e não que ele poderia ou deveria ter existido. O 
perigo de vida não deve estar na vontade do agente, caso contrário trata-se 
de tentativa de homicídio.
DEBILIDADE PERMANENTE DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO 
 Debilidade é o enfraquecimento permanente da capacidade 
funcional. Deve ser permanente, independente da hipótese de haver melhoria 
do resultado final pela adoção de processos terapêuticos especiais ou 
excepcionais.
9MEDICINA LEGAL II 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
 Os membros são os 4 apêndices do corpo. 
 Os sentidos incluem a visão, audição, olfato, gustação e tato. 
 A função é o modo de ação de um órgão, aparelho ou 
sistema.Exemplos: perda de um dedo, olho, rim, testículo, ovário, desde que o 
contralateral esteja íntegro. 
ACELERAÇÃO DO PARTO 
A agressão leva à expulsão precoce do feto, porém com vida. 
LESÕES CORPORAIS DE NATUREZA GRAVÍSSIMA 
São aquelas lesões que se enquadram no parágrafo 2o. do 
artigo 129 do Código Penal. 
INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O TRABALHO 
Deve haver gravíssima perturbação da capacidade, tida 
como definitiva ou só excepcionalmente curável. 
É importante a informar se há incapacidade para o trabalho e 
se esta incapacidade permanente se refere ao trabalho específico ou ao 
trabalho em geral. 
ENFERMIDADE INCURÁVEL 
Enfermidade é a falta ou a perturbação de uma ou mais 
funções, quer por ausência congênita, quer por alteração ou abolição definitiva 
das mesmas, e compatível com um relativo estado de saúde; é o resultado de 
uma moléstia ou afecção; por exemplo: paralisias oriundas de acidente de 
trânsito, ferimentos por arma de fogo, epilepsias pós-traumáticas, etc. 
Há enfermidades que não invalidam para o trabalho, porém 
permanecem alterando inteiramente a situação anterior da vítima e 
produzindo-lhe sério vexame. 
PERDA OU INUTILIZAÇÃO DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO 
É o grau mais acentuado da debilidade. A perda poderá ser 
total ou parcial, desde que o comprometimento do membro, sentido ou função 
seja equivalente a inutilização (perda). Exemplos: amputação parcial de um 
membro, secção de um nervo que traga paralisia a um membro, etc. 
DEFORMIDADE PERMANENTE 
Deformidade significa alteração da forma habitual, que deve 
ser permanente e aparente, não se caracterizando se oculta. 
10MEDICINA LEGAL II 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
Há circunstâncias que modificam a aparência da 
deformidade, aumentando-a ou diminuindo-a, são elas: o sexo (partes mais 
expostas nas mulheres); idades (rugas escondem cicatrizes); profissão 
(modelos, dançarinas, etc) e raça (formação de quelóides). 
Deve ser considerada a evolução da lesão, submetida a 
tratamento comum, sem coação, sem técnica de exceção e sem artifícios. A 
dissimulação (próteses) não satisfaz a exigência de reparação (cirurgia 
plástica). 
ABORTO 
A lesão pode provocar a morte intra-útero ou durante a 
expulsão. A lei pretende proteger os dois interesses: a mãe e o concepto. Se 
o produto da concepção for uma formação patológica (mola, teratoma, feto já 
morto, etc), não se caracteriza aborto, pois falta um dos interesses a proteger. 
LESÕES MORTAIS 
As lesões mortais são consideradas no Código Penal, nos 
artigos 121 e seus parágrafos e no parágrafo terceiro do artigo 129, além do 
infanticídio no artigo 123 e morte de recém-nascido por abandono, para 
ocultação de desonra própria, no artigo 134, os quais serão tratados nos 
capítulos específicos. 
A lesão corporal seguida de morte difere do homicídio na 
medida em que não há dolo; por exemplo: alguém esmurra outrem, este cai, 
fratura o crânio e morre; um pequeno ferimento que evolui para o tétano, etc. 
Causa: É o que leva a resultados imediatos e responsáveis 
por determinadas lesões, suscitando uma relação de causa-efeito. 
Concausa: É o conjunto de fatores pré-existentes ou 
supervenientes, passíveis de modificar o curso natural do resultado; fatores 
que o agente desconhecia. 
No caso de agravamento de lesões por negligência, 
imperícia ou imprudência da vítima ou de terceiros (concausa voluntária), o 
agressor não pode ser responsabilizado pelo agravamento. 
Em casos de lesão agravada pelo resultado, o agente é 
responsabilizado; por exemplo: ferimento transfixante de pescoço, tamponado 
por coágulo e não percebido em uma perícia imediata, e que depois 
destampona e mata. 
Em caso de ação de terceiros, como por exemplo uma vítima 
que é operada e morre na mesa por choque ou anafilaxia, a jurisprudência 
tem entendido que o procedimento era imprescindível para salvar a vítima, e 
que a cirurgia foi condicionada pela agressão recebida, portanto 
responsabilidade do agressor. 
11MEDICINA LEGAL II 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
QUESTÕES 
1. Cristais de Teichmann se formam a partir do (DP – SP 1/90): 
a) Esperma. 
b) Colostro. 
c) Sangue. 
d) Mecônio. 
2. Uma impressão digital com o delta à direita e outro à esquerda é 
classificada como (DP – SP 1/90): 
a) Bidelta. 
b) Verticilo. 
c) Presilha dupla. 
d) Arco. 
3. Um indivíduo agrediu uma gestante no oitavo mês de gravidez, 
provocando a expulsão prematura do feto pesando 2.700 gramas, que, 
por falta de cuidados médicos, faleceu cinco minutos após a expulsão. 
Diante disso, o agressor será indiciado por (DP – SP 3/93): 
a) Lesão corporal seguida de aborto. 
b) Infanticídio. 
c) Lesão corporal com aceleração de parto. 
d) Homicídio. 
4. A classificação de Vucetich para a identificação decadactilar de 
identificação está calcada em três grupos de cristais papilares paralelas 
aproximadamente, entre si denominados de sistemas (DP – SP 3/93): 
a) Basal, do arco, da presilha externa. 
b) Da presilha interna, do verticilo, do arco. 
c) Basal, marginal, nuclear. 
d) Nuclear, do arco, da presilha externa. 
5. Impressão digital com uma figura de delta à direita e outra à esquerda é 
classificada no sistema de Vucetich, como (DP – SP 4/93): 
a) Verticilo. 
b) Presilha dupla. 
c) Arco déltico. 
d) Ambidéltico. 
6. Em relação ao sistema de identificação por impressões digitais, na 
fórmula dactiloscópica, V3213 E1442 
apresentam a figura do arco os seguintes dedos (ML – SP 1/02): 
a) Médio e anular da mão esquerda. 
b) Anular da mão direita e indicador da mão esquerda. 
c) Indicador e mínimo da mão direita. 
d) Médio da mão direita e mínimo da mão esquerda. 
12MEDICINA LEGAL II 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
7. Para que se possa afirmar que uma determinada impressão digital 
pertença a um indivíduo, no Brasil faz-se necessário o encontro de no 
mínimo (ML – SP 1/02): 
a) 6 a 12 pontos de coincidência. 
b) 12 a 18 pontos de coincidência. 
c) 8 a12 pontos de coincidência. 
d) 10 a 20 pontos de coincidência. 
8. Em perícia dactiloscópica, empregamos os seguintes pontos 
característicos (ML – SP 1/02): 
a) Cortada, confluência, depressão e haste. 
b) Ilhota, bifurcação, encerro e anastomose. 
c) Crista, ponto, confluência e haste. 
d) Extremidade de linha, ilhota, bifurcação e papila. 
9. O exame antropológico de uma ossada não oferece elementos para 
investigar ou estimar (ML – SP 1/02): 
a) Sexo. 
b) Estatura. 
c) Idade. 
d) Peso. 
10. Sobre identificação podemos dizer (ML – SP 1/02): 
a) Todos os processos de identificaçãoindividual são comparativos. 
b) Na identificação de ordem gral é possível pesquisar a identidade individual 
da pessoa. 
c) Na identificação do ordem geral são apresentados documentos para 
comparação, que compõem o primeiro registro. 
d) A dactiloscopia e o reconhecimento são exemplos de processos de 
identificação.
1MEDICINA LEGAL III 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
CLASSIFICAÇÃO DA CAUSALIDADE DO DANO 
CONCEITOS
Os agentes vulnerantes, causadores de lesão, são 
classificados em instrumentos ou meios. 
Instrumento é o modo como um objeto, em ação sob 
manipulação, age sobre a vítima. Um mesmo objeto, usado de forma diversa 
pode caracterizar um instrumento diferente. Por exemplo: uma faca 
deslizando sobre a pele no sentido do fio, age como instrumento cortante; 
deslizando no sentido transversal causa escoriação, agindo como instrumento 
contundente; cravada na pele, age como instrumento pérfuro-cortante. 
Os meios são as demais circunstâncias pelas quais as 
energias atuam lesivamente sobre o indivíduo. As energias causadoras de 
lesão podem ser classificadas em: energias de ordem mecânica, física, físico-
química, química, bioquímica, biodinâmica e mista. 
ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA 
Correspondem a 90% da traumatologia forense. São aquelas 
energias capazes de modificar, no todo ou em parte, o estado de repouso ou 
de movimento de um corpo, causando lesões. A modificação do estado de 
repouso pode ocorrer de duas maneira: 
- Trauma Direto: Agente lesivo em movimento (ativo) contra corpo parado; 
- Trauma Indireto: Agente lesivo está parado (passivo); o corpo se projeta 
contra ele. 
Os agentes são classificáveis em: 
- Armas Naturais: mãos, pés, cabeça, dentes, unhas, etc; 
- Armas propriamente ditas: armas de fogo, punhais, etc; 
- Armas eventuais: navalha, machado, canivete, etc. 
As energias de ordem mecânica podem agir de diversos 
modos na formação das lesões: 
- Ação por um ponto: instrumentos perfurantes; 
- Ação por uma linha: instrumentos cortantes; 
- Ação por um plano: instrumentos contundentes; 
- Ação por ponto e linha: instrumentos pérfuro-cortantes; 
- Ação por linha que se estende a um plano: instrumentos corto-
contundentes;
- Ação por um ponto que até um plano: instrumentos pérfuro-contundentes.
2MEDICINA LEGAL III 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
RELAÇÃO INSTRUMENTO / LESÃO 
 
INSTRUMENTO LESÃO 
Perfurante Puntiforme ou 
Punctória
Cortante Cortante ou Incisa 
Contundente Contusa 
Pérfuro-Cortante Pérfuro-Cortante ou 
Pérfuro-Incisa
Pérfuro-
Contundente
Pérfuro-Contusa 
Corto-Contundente Corto-Contusa 
A. LESÕES PRODUZIDAS POR ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA 
A.1. Lesões Produzidas por Instrumentos Perfurantes 
São lesões produzidas por objetos finos, alongados e 
pontiagudos, de diâmetro transverso reduzido, produzindo lesões punctórias; 
ou de diâmetro maior, produzindo lesões ovaladas. Por exemplo: estilete, 
sovela, agulha, florete, espinho, alfinete, etc. Produzem as feridas puntiformes 
ou punctórias. 
Suas principais características são: 
- Abertura estreita; 
- Raro sangramento; 
- Profundidade geralmente mais lesiva que a lesão superficial; 
- Menor diâmetro que o instrumento causador (elasticidade e retratilidade 
dos tecidos). 
A ferida é constituída por um orifício de entrada, um trajeto e 
pode terminar em um orifício de saída ou fundo cego. 
Quando o objeto é de médio calibre, a forma das lesões 
assume aspecto diferente, obedecendo às seguintes leis: 
- Primeira Lei de Filhos: As soluções de continuidade destas feridas 
assemelham-se às produzidas por instrumentos de dois gumes, ou 
aparência de “casa de botão” (semelhança). 
- Segunda Lei de Filhos: Quando estas feridas se mostram numa mesma 
região, onde as linhas de força tenham um só sentido, seu maior eixo tem 
sempre a mesma direção, orientada no sentido das fibras musculares 
(paralelismo). 
- Lei de Langer: Na confluência de linhas de forças diferentes, a extremidade 
da lesão toma o aspecto de “ponta de seta”, de triângulo, ou mesmo de 
quadrilátero, resultante do equilíbrio destas forças (elasticidade). 
As leis de Filhos e Langer indicam reação vital e não são 
observadas no cadáver. 
3MEDICINA LEGAL III 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
As feridas punctórias podem ser decorrentes de; atos 
médicos (injeções, cateterismos, etc), toxicomania (picos), acidentes (picadas 
de cobra, furada de prego, etc) e criminosas (infanticídio). 
Causa Jurídica: Geralmente homicida ou suicida e mais 
raramente acidental. 
A.2. Lesões Produzidas por Instrumentos Cortantes 
São lesões produzidas por objetos que agem por uma borda 
delgada, linear e, de modo geral, mais por deslizamento do que por pressão. 
Por exemplo: laminas metálicas, vidros, navalha, bisturi, folha de papel, etc. 
Produzem as feridas cortantes ou incisas. 
Suas principais características são: 
- Regularidade das bordas; 
- Regularidade do fundo da lesão; 
- Ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida; 
- Hemorragia abundante; 
- Predominância do comprimento sobre a profundidade; 
- Afastamento das bordas da ferida; 
- Presença de cauda de escoriação voltada para o lado onde terminou a 
ação do instrumento; 
- Vertentes cortadas obliquamente; 
- Centro da ferida mais profundo que as extremidades; 
- Perfil de aspecto angular ou em forma de bisel, quando o instrumento atua 
no sentido oblíquo. 
Sinal de Chavigny: É utilizado nos casos em que ocorrem 
duas lesões sobrepostas, qual foi a primeira. Para tanto basta coaptar-se as 
margens da ferida, sendo ela a primeira a haver sido produzida, a outra não 
segue uma trajetória em linha reta. 
- Esgorjamento: É a lesão mais ou menos profunda na porção anterior do 
pescoço, por ação de instrumento cortante. 
- Degolamento: Ocorre quando a mesma lesão e realizada na porção 
posterior do pescoço. Geralmente há lesão associada de coluna cervical. 
As feridas cortantes ou incisas podem ser: cirúrgicas (atos 
médicos), de defesa (antebraços, mãos e pés), em retalho (objeto atinge 
obliquamente a superfície corporal), mutilante (com perda de tecido ou 
segmento) e autoproduzidas (paralelas e superficiais, em partes alcançadas 
pelas mãos da vítima). 
Causa Jurídica: São mais acidentais e homicidas que 
suicidas. Deve-se levar em conta o número de lesões, as regiões atingidas, a 
direção de sua produção e a profundidade e eventualmente o estudo da arma 
ou armas incriminadas. 
4MEDICINA LEGAL III 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
A.3. Lesões Produzidas por Instrumentos Contundentes 
São lesões produzidas por objetos que atuam sobre uma 
superfície mais ou menos plana, por pressão, deslizamento, explosão, 
percussão, compressão, descompressão, distensão, torção, contragolpe ou 
de forma mista. São exemplos: órgãos naturais (mãos, pés, joelhos, etc), 
objetos de defesa ou ataque (bastão, cassetete, etc), martelo, pedra, tijolo, 
veículos, solo, etc. Produzem as chamadas lesões contusas. 
Os Instrumentos Contundentes constituem as causas mais 
freqüentes de lesões. 
Suas principais características são: 
- Bordos irregulares, escoriados e equimosados (ferida desigual, etc); 
- Fundo irregular; 
- Vertentes irregulares (ação traumática disforme; pode haver pontes de 
pele);
- Pequeno sangramento 
- Integridade dos vasos, nervos e tendões no fundo da lesão (maior 
resistência); 
- Ângulos tendendo à obtusidade, em geral em número de 2 ou mais. 
As lesões contusas podem ser classificáveis em: 
SUPERFICIAIS 
Ɣ Rubefação: É a mais leve e transitória de todas as lesões contusas. O 
trauma produz vasodilatação, responsável pelo aspecto avermelhado, 
efêmero e fugaz. 
Ɣ Edema: Ocorre maior vasodilatação permitindo extravasamento de líquido 
do vaso para o espaço entre as células. É o inchaço. Sem outras lesões 
desapareceem até 24 horas. 
Ɣ Bossa Linfática: Extravasamento de linfa por lesão dos vasos linfáticos. 
Ocorre mais freqüentemente quando a ação do objeto é tangencial. São 
incolores e desaparecem em menos de 24 horas. 
Ɣ Bossa Sanguínea: Derrames sanguíneos que decorrem de ação traumática 
sobre um plano ósseo, com formação de coleção sanguínea que faz 
saliência na pele. São mais comuns sob o couro cabeludo. A coloração é 
azulada e a resolução ocorre em 20 dias ou mais, seguindo a mesma 
seqüência de uma equimose. 
Ɣ Hematomas: Ocorre por lesões dos vasos de maior calibre. Formam uma 
cavidade ou coleção. 
Ɣ Equimose: São derrames sanguíneos, secundários à ruptura de pequenos 
vasos, que se infiltram na intimidade dos tecidos, sem formar coleções. 
Podem ser imediatos ou tardios. Podem ser classificados quanto à forma em: 
5MEDICINA LEGAL III 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
- Sugilação: pequenos grãos; 
- Pontilhadas: pontilhadas; 
- Víbices: estrias; 
- Equimona: equimoses extensas; 
- Sufusão: equimose “em lenços”. 
A forma das equimoses é importante, pois muitas vezes 
imprimem com fidelidade a forma do objeto agressor. Apresentam variação de 
cor que dá indícios o tempo de sua existência, pois são alteradas por vários 
fatores. Trata-se do Espectro Equimótico de Legrand du Saulle. 
Na conjuntiva ocular não ocorre esta evolução devido a 
grande oxigenação da hemoglobina. Lesões pequenas e superficiais tem 
evolução mais rápida. No cadáver o colorido da equimose é o mesmo que foi 
fixado em vida. 
Valor Médico-Legal: 
- Pode indicar a sede do dano; 
- Traduz fenômeno vital; 
- Pode indicar o objeto que a provocou; 
- Pode denunciar a natureza do atentado; 
- Pode indicar a data provável da violência. 
ESCORIAÇÕES 
São feridas contusas superficiais que se caracterizam pela 
perda da epiderme e exposição da derma (sem lesá-la). Pode formar crostas. 
Quase sempre são resultado da ação tangencial do objeto contundente (ação 
abrasiva). A regeneração se faz por reepitelização, não deixando cicatrizes. A 
lesão regenera-se em torno de 15 dias. 
COLORAÇÃO EVOLUÇÃO CAUSA 
Avermelhada 1º dia Extravasamento de 
sangue, visto através 
da pele 
Violácea 2º - 3º dia Saída da 
hemoglobina da 
hemácia
Azulada 4º - 6º dia Hemossiderina 
(hemoglobina com 
ferro)
Esverdeado 7º - 12º dia Hematoidina 
(hemoglobina sem 
ferro)
Amarelado 13º - 21º dia Hematina
Desaparecimento Após 22º dia Reabsorção 
6MEDICINA LEGAL III 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
Nas escoriações post mortem não há formação de crostas; a 
derme é branca e não há extravasamento de seroma ou sangue; o leito da 
escoriação é seco e apergaminhado. 
PROFUNDAS
Estão incluídas as luxações, fraturas, lacerações, 
esmagamentos e roturas viscerais. 
As características podem orientar o perito sobre a direção do 
instrumento; se os ferimentos forma realizados em vida ou após a morte, a 
forma do instrumento e a natureza da violência. 
As feridas contusas, por ultrapassarem a derme, formam 
cicatrizes. 
Toda ferida contusa é uma lesão contusa, porém nem toda 
lesão contusa é uma ferida contusa. 
Causa Jurídica: Na maioria das vezes acidental ou homicida 
e esporadicamente suicida. 
A.4. Lesões Produzidas por Instrumentos Pérfuro-Cortantes 
São lesões produzidas por instrumentos de ponta e gume, 
atuando por mecanismo misto; agem simultaneamente por pressão afastando 
as fibras e por corte seccionando-as. 
Conforme o número de gumes de um instrumento, os 
ferimentos variam em sua forma. 
Um gume: Causam ferimentos em forma de botoeira, com 
fenda regular e quase sempre linear, com um ângulo agudo e outro 
arredondado. A largura é maior que a espessura da lâmina e o comprimento 
varia em função do fio do gume, do ângulo de entrada, das linhas de força e 
da ação do objeto ao sair da pele. São exemplos: a faca, o canivete, etc. 
Dois gumes: Causam ferimentos em forma de fenda de 
bordas iguais e ângulos agudos. São exemplos: o punhal, a faca vasada, etc. 
Três ou mais gumes: Causam ferimentos de forma triangular 
ou estrelada. São exemplos: o estilete, a lima, etc. 
Para a identificação genérica do objeto deve ser 
considerada: a abertura da lesão e sua profundidade; a eventual presença de 
contusão das bordas, ângulos, dimensões, tamanho e trajeto. 
A posição da vítima e do agressor pode ser avaliada através 
do estudo da localização, da direção dos ferimentos e da presença de cauda 
de escoriação. 
A ordem da sucessão das lesões fundamenta-se na direção 
e na quantidade de hemorragia das feridas e do Sinal de Chavigny. 
 Causa Jurídica: A mais comum é o homicídio, sendo o 
suicídio e o acidentes menos freqüentes. 
7MEDICINA LEGAL III 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
A.5. Lesões Produzidas por Instrumentos Corto-Contundentes 
São ferimentos produzidos por instrumentos cuja ação e 
efeitos se explicam não só pelo gume que apresentam, como também pelo 
seu peso e pela força viva com que são acionados. 
Há gume, mas a pressão se faz sem deslizamento. Estes 
instrumentos atuam principalmente por percussão e pressão. São exemplos: 
o facão, a foice, o machado, a enxada, a guilhotina, a serra elétrica, as rodas 
de um trem, os dentes, as unhas, etc. 
Os ferimentos tem forma variável, dependendo da região 
atingida, da inclinação, do peso, do gume e da força viva com que atuam. Se 
o gume for afiado, os bordos da ferida podem ser nítidos e regulares e as 
vertentes se adaptam perfeitamente. 
Quando o instrumento é rombo (p.ex. dentes), os bordos são 
irregulares, com equimose nas adjacências e com pontes de pele. 
As lesões por instrumentos corto-contundentes geralmente 
são graves, profundas, causando lesões complexas e envolvendo vários 
planos (ossos e vísceras). Podem levar também a mutilações em nariz, 
dedos, orelha, etc. 
São muito comuns em brigas de mulheres, por uso de unhas 
e dentes e nos acidentes do trabalho. 
Causa Jurídica: Geralmente homicida ou acidental e mais 
raramente suicida. 
A.6. Lesões Produzidas por Instrumentos Pérfuro-Contundentes 
São lesões produzidas por um mecanismo de ação que 
perfura e contunde; habitualmente existe mais ação perfurante que 
contundente. O exemplo mais típico deste tipo de instrumento é o projétil de 
arma de fogo, podendo também ser a ponta de um guarda chuva, uma chave 
de fenda, um espeto de churrasco, etc. Por ser o responsável por mais de 
90% deste tipo de lesão, estudaremos os projéteis de arma de fogo e as 
características de suas lesões. 
Nos disparos de arma de fogo, o projétil é lançado à 
distância pela ação da força explosiva dos gases produzidos pela combustão 
da pólvora. Além do projétil, saem pelo cano da arma gases superaquecidos, 
chama, partículas de pólvora incombusta, a bucha e seus fragmentos. 
Os componentes das lesões características são: um orifício 
de entrada (sempre), um trajeto (sempre) e um orifício de saída (às vezes). 
ORIFÍCIO DE ENTRADA 
Em geral são únicos para cada projétil (exceto se houver 
transfixação de mais de um segmento corporal); podem não aparecer quando 
o projétil entra por uma cavidade natural (nariz, ouvido, boca e ânus); em 
8MEDICINA LEGAL III 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
geral são menores que o calibre dos projéteis e que o orifício de saída; são 
circulares nos tiros perpendiculares, ovalados nos oblíquos ou labiados nos 
tangenciais. 
Podem apresentar as seguintes alterações: 
Ɣ Aréola Equimótica: Região superficial, de limites pouco precisos, 
decorrente de hemorragia na pele, pela ruptura de pequenos vasos nas 
vizinhanças do ferimento. Tem tonalidade violácea e pode estar encoberta 
por outros ferimentos. 
Ɣ Orla de Escoriação ou Contusão: Ponto onde o projétil contunde a pele, 
arrancando a epiderme por sua ação rotatória. É absolutamente 
característico de orifício de entrada.Ɣ Orla de Enxugo: Ocorre pela passagem do projétil através dos tecidos, 
limpando nele suas impurezas. É de difícil diferenciação da orla de 
contusão. São sempre estudadas em conjunto e este denomina-se anel de 
Fisch.
Ɣ Zona de Tatuagem: Resulta da impregnação de grãos de pólvora 
incombusta que alcançam o corpo e se incrustam na pele. Orienta a perícia 
quanto à posição da vítima e do agressor. É sinal indiscutível de orifício de 
entrada. Tem cor variável dependendo do tipo de pólvora. Pode não 
aparecer na pele protegida pelas vestes. Não sai com a lavagem. 
Ɣ Zona de Esfumaçamento: Formada pela fuligem resultante da combustão 
da pólvora. É chamada de zona de falsa tatuagem, pois sai com a 
lavagem. Pode não aparecer na pele protegida por vestes. 
Ɣ Zona de Queimadura ou Chamuscamento: Resultado da ação 
superaquecida dos gases, com pele apergaminhada, de tonalidade 
vermelho escuro e pelos crestados, quebradiços, recobertos com 
partículas carbonizadas. Geralmente queimaduras de 1o. grau e raramente 
2o. grau. Pode faltar com o uso de pólvoras mais modernas. 
Ɣ Zona de Compressão de Gases: Vista somente nos primeiros instantes e 
no vivo. Os gases saem sob pressão e rapidamente se equilibram com a 
pressão atmosférica. É o resultado da ação mecânica e não térmica dos 
gases.
TRAJETO
É o caminho percorrido pelo projétil no interior do corpo.
Pode ser: transfixante (termina no orifício de saída), terminar 
em fundo cego ou perder-se em uma cavidade (coração, estômago, etc). 
Órgãos contendo líquidos, podem apresentar o fenômeno da 
explosão (pelo princípio físico de Pascal). Pode haver a formação de projéteis 
secundários por fragmentação em planos ósseos. 
A redução da força viva do projétil, torna-o cada vez mais 
contundente e menos perfurante, fazendo com que o trajeto se expanda em 
amplitude, em forma de cone, com o vértice voltado para o orifício de entrada. 
9MEDICINA LEGAL III 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
ORIFÍCIO DE SAÍDA 
Em geral tem a forma irregular, com bordas evertidas, 
anfractuosas, maior sangramento que o orifício de entrada e com aréola 
equimótica. Geralmente são maiores que o orifício de entrada e não 
apresentam os demais comemorativos da lesão de entrada (orlas e zonas). 
As características independem da distancia do tiro. 
A lesão é determinada por projétil em geral deformado, 
associado a pequenos projéteis secundários e com menor energia cinética. 
As lesões podem ser classificadas segundo a distância do disparo em: 
TIRO ENCOSTADO: Todos os elementos do disparo alcançam o alvo. 
O orifício de entrada tem a forma irregular, denteada ou com 
entalhes, pela ação resultante dos gases que descolam e dilaceram os 
tecidos. As bordas são evertidas, em geral não há sinais de outros elementos 
do disparo na pele, pois penetram na ferida juntamente com o projétil a este 
fenômeno chamamos Câmara de Mina de Hoffmann, sendo mais comum nos 
tiros encostados na fronte. Nos tiros encostados no crânio, nas costelas e 
escápulas, podemos encontrar um halo fuliginoso na lâmina externa do osso 
referente ao orifício de entrada chamado de Sinal de Benassi. Ainda na 
entrada podemos observar o Sinal de Werkgartner, que representa o desenho 
da boca e da alça de mira da arma (pela zona de tatuagem e 
esfumaçamento).
- Tiro a Curta Distância: Apresentam a forma arredondada ou ovalar, bordas 
invertidas, aréola equimótica, orla de contusão e enxugo, as zonas de 
tatuagem e esfumaçamento; 
- Tiro a Queima Roupa: É semelhante à lesão do tiro de curta distância e 
além de todas as situações anteriores, apresenta também zona de 
queimadura e zona de compressão do gases. 
- Tiro a Longa Distância: Apresenta a forma arredondada ou ovalar, bordas 
invaginadas, aréola equimótica e orlas de contusão e enxugo. Há somente 
ação mecânica do projétil. 
Na hipótese de tiros com projéteis múltiplos (tiro de 
cartucheira), há que se considerar, além dos elementos constitutivos do 
mecanismo de disparo, a existência destes vários projéteis, que de início 
caminham juntos, e que depois vão se separando, abrindo-se em área de 
projeção, de diâmetro cada vez maior e constituindo-se o que se chama de 
“Rosa de Tiro”. Cada um destes projéteis poderá se comportar de maneira 
símile àquela descrita para projéteis únicos, embora deva-se considerar que 
há menor penetração, não são freqüentes os orifícios de saída, a letalidade 
da lesão ocorre mais devido à multiplicidade do que a ação individualizada de 
10MEDICINA LEGAL III 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
cada um deles e que cada um possui orlas próprias (em cada entrada), porém
as zonas são comum a todos. 
Nos traumatismos por arma de fogo, as questões médico-
jurídicas a serem determinadas são; 
- Orifícios de entrada e saída, para determinação da direção do tiro; 
- Distância do tiro (exame das zonas de contorno); 
- Autoria do crime, principalmente na determinação de homicídio ou suicídio. 
O exame das vestes é de suma importância, pois pode 
conter eventualmente elementos do disparo e mostrar a posição relativa entre 
a localização da perfuração nestas e no corpo. 
A avaliação geral deve levar sempre em consideração os 
elementos que se apresentam em cada eventualidade como: a possibilidade 
de sobrevivência, a hipótese de múltiplos disparos suicidas, a região atingida 
pelo disparo, o fato da vítima ser canhota, a existência de esfumaçamento 
nas mãos, etc. Assim pode-se orientar melhor sobre a provável causa jurídica. 
Causa Jurídica: Geralmente homicídio e suicídio e 
eventualmente acidental. 
ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA 
São energias capazes de modificar o estado físico dos 
corpos e, consequentemente, causarem lesões ou morte. As formas de 
energia mais comuns são: temperatura, eletricidade, pressão atmosférica, 
radioatividade, luz e som. 
11MEDICINA LEGAL III 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
QUESTÕES 
1. Não se pode estimar o ângulo de trajetória do projétil de arma de fogo, 
em relação ao corpo da vítima, pela (DP – SP 1/90): 
a) Trajetória do projetil dentro do corpo. 
b) Forma da orla de contusão e enxugo. 
c) Forma da zona de tatuagem. 
d) Forma do orifício de saída. 
2. Em um ferimento pérfuro-inciso, o número de caudas (DP – SP 1/90): 
a) Coincide sempre com o número de gumes do instrumento que o produziu. 
b) É necessariamente diferente do número de gumes do instrumento 
vulnerante.
c) Pode não ser igual ao número de gumes que o produziu. 
d) Independe do número de gumes do instrumento vulnerante, pois é 
produzido pela sua ponta. 
3. Um instrumento que, através de seu gume, atua exclusivamente por 
pressão, provocando solução de continuidade dos tecidos é (DP – SP 
1/90):
a) Corto-contundente. 
b) Cortante. 
c) Contundente. 
d) Inciso. 
4. Diz-se que um instrumento vulnerante é passivo (DP – SP 1/90): 
a) Quando ele, por não ter movimento próprio, deve ser acionado por uma 
pessoa.
b) Porque ele é inanimado e é apenas um meio pelo qual agente ativo comete 
o crime. 
c) Quando a vítima vai de encontro a ele, que permanece estático. 
d) Quando ele não é parte do corpo do agressor, como os pés e as mãos. 
5. Utilizando a lâmina de um facão você não poderá produzir um ferimento 
(DP – SP 2/90): 
a) Corto-contuso. 
b) Contuso. 
c) Inciso. 
d) Punctório. 
6. Nos ferimentos por projéteis de arma de fogo, pode-se eliminar, com 
água e sabão a (DP – SP 2/90): 
a) Zona de tatuagem. 
b) Zona de esfumaçamento. 
c) Zona de chumascamento. 
d) Aréola equimótica. 
12MEDICINA LEGAL III 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
7. Penetrando no abdômen da vítima, o projetil de um fuzil-metralhadora, ao 
atravessar o baço provoca um ferimento (DP – SP 2/90): 
a) Punctório. 
b) Pérfuro-contuso. 
c) Lacerante. 
d) Perfurante. 
8. Comparando-se o orifício de entrada do projétil de arma de fogo, em tiro 
à distância, com o instrumentoque o produziu, verifica-se geralmente, 
que o diâmetro daquela em relação ao deste é (DP – SP 2/90): 
a) Menor, devido à elasticidade da pele da vítima. 
b) Maior, devido a deformação do projétil ao atingir a vítima. 
c) Igual, devido à elasticidade da pele da vítima. 
d) Maior, devido à elasticidade da pele da vítima. 
9. Verifica-se a formação de zona de tatuagem ao redor do ferimento 
pérfuro-contuso, quando o tiro, é disparado (DP – SP 2/90): 
a) À curta distância. 
b) À longa distância. 
c) Encostado. 
d) A qualquer distância. 
10. O instrumento vulnerante que age por pressão sobre um ponto, e é 
penetrante, recebe o nome de instrumento (DP – SP 2/90): 
a) Pérfuro-cortante. 
b) Perfurante. 
c) Punctório. 
d) Inciso. 
11. Numa briga, um dos contendores mutilou a orelha de outro, tirando-lhe 
um pedaço com uma violenta dentada, produzindo-se, então, um 
ferimento (DP – SP 2/90): 
a) Inciso. 
b) Cortante. 
c) Corto-contuso. 
d) Contuso. 
12. Os instrumentos contundentes produzem os seguintes ferimentos (DP – 
SP 3/93): 
a) Hematomas e incisos. 
b) Escoriações e equimoses. 
c) Puntiformes e contusos. 
d) Pérfuro-cortantes e lacerantes. 
1MEDICINA LEGAL IV 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
TEMPERATURA
CALOR
O calor pode lesar por exposição: 
a. DIFUSA (termonoses); 
b. LOCALIZADA (queimaduras); 
c. OSCILANTE. 
DIFUSA
São chamadas de termonoses e podem se apresentar de 
duas maneiras: 
INSOLAÇÃO (quando a fonte produtoras de calor é o SOL) 
ou
INTERMAÇÃO: (quando a fonte produtora de calor é artificial 
– fornalha, caldeira, saunas, aquecedores, etc). 
Fatores que concorrem para a produção das síndromes: 
ambientes fechados, ausência de renovação do ar, fadiga, excesso de vapor 
d’água no ambiente, estado de repouso corporal ou atividade física, 
patologias preexistentes, hábitos de exposição, fatores raciais, alcoolismo, 
uso de veste inadequadas, etc. 
Quadro Prodrômico: aceleração do pulso e da respiração, 
angústia precordial, fotofobia, aumento inicial e depois queda da pressão 
arterial, sede intensa, perturbações gastrointestinais, câimbras, pele quente e 
avermelhada.
Quadro Sindrômico: Existem diversas formas de 
manifestações.
Ɣ Forma Instantânea: desmaio, queda da pressão arterial, depressão, pulso 
fino, palidez, hipotermia e coma; 
Ɣ Forma Hiperpirética ou Congestiva: temperatura elevada, pele seca, pulso 
rápido e cheio, congestão da face e dos olhos e midríase; 
Ɣ Forma Meníngica: agitação, fotofobia, tremores, espasmos, convulsões, 
vômitos e hipertensão; 
Ɣ Forma Asfíxica: cianose, pulso rápido e irregular, dispnéia e apnéia. 
Os achados de necrópsia incluem: rigidez cadavérica 
precoce, putrefação rápida, congestão e hemorragias viscerais, temperatura 
elevada do cadáver e espuma sanguinolenta nas vias respiratórias. 
A causa jurídica mais freqüente é acidental, principalmente 
acidentes do trabalho. 
LOCALIZADA
 
São as chamadas queimaduras que podem ser resultantes 
da ação direta (gases, líquidos ou sólidos superaquecidos; ou chama) ou 
indireta (radiação ionizante). 
2MEDICINA LEGAL IV 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
A classificação médico-legal leva em consideração a 
profundidade das lesões, porém para caracterização de perigo de vida a 
extensão ou área corporal afetada é importante. Considera-se 4 graus: 
1º Grau: Eritema simples. Apenas a epiderme é afetada; há edema associado 
e freqüentemente descamação. Não produz cicatriz; não se evidencia no 
cadáver. Ex. queimadura solar. 
2º Grau: Caracterizada por bolhas, vesículas ou flictenas, contendo líquido 
seroso. Mostra a derme quando se rompe. 
É muito dolorosa. Reconstitui-se sem cicatriz. 
3ºGrau: Caracterizada pela formação da escara (coagulação necrótica dos 
tecidos moles); pode acometer desde a derme até os planos musculares. Não 
são dolorosas e reconstitui-se com cicatriz. 
ҏ4ºGrau: Caracterizada por carbonização, até o plano ósseo. 
Se for generalizada, há redução do comprimento corporal. A 
posição de lutador (boxeador) é característica (semiflexão dos membros 
superiores, dedos em garra, hiperextensão da cabeça e do tronco, cabelos 
crestados, fendas no couro cabeludo, fraturas ósseas, abertura das cavidades 
naturais, pele acartonada, dentes expostos e calcinados. 
Estimativa da data da queimadura 
Deve-se pesquisar lesões distintas da queimadura, sinais de 
respiração na presença de incêndio (fuligem nas vias aéreas, pesquisa de 
monóxido de carbono no sangue), elementos celulares nos líquidos das 
flictenas, pesquisa de reação vital nos tecidos, etc; para caracterização de 
queimadura intra vitam ou post mortem.
A causa jurídica mais freqüente é o acidente, suicídio e 
homicídio.
OSCILANTE
Caracterizada pela exposição intermitente a altas e baixas 
temperaturas durante o dia. Levam a exaltação da virulência de germes ou 
redução da resistência individual. Debilitam o organismo e podem propiciar o 
aparecimento de infecções. Tem importância como causa de lesões de 
interesse da infortunística (Ex. açougueiros). 
TEMPO LESÕES 
Menos de 36 
horas
Eritem a, flitenas, escarificação ou 
carbonização, presença de edem a considerável
De 36 horas a 
06 dias 
Presença de pus sob as crostas 
07 dias Desprendimento das crostas 
15 dias Superfície da ferida com granulação, livre de 
crostas
3MEDICINA LEGAL IV 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
FRIO
O frio pode produzir lesões: 
a. LOCAIS (geladuras); 
b. SISTÊMICAS (hipotermias). 
As geladuras são lesões locais causadas por vasoconstrição 
inicial, palidez, pele de aspecto anserino e posteriormente vasodilatação 
paralítica, levando à necrose e gangrena, principalmente nas extremidades 
(nariz, orelhas, dedos, pés), com subsequente perda das mesmas. Ex. Mal 
das trincheiras. 
Podem ser classificadas em 4 graus: 
1o Grau: palidez ou rubefação e aspecto anserino da pele; 
2º Grau: eritema e formação de bolhas ou flictenas; 
3º Grau: necrose dos tecidos moles e crostas; 
4º Grau: gangrena ou desarticulação. 
A hipotermia (temperatura retal < 35ºC) leva a lesões 
sistêmicas, conseqüentes à isquemia e congestão compensadoras da 
alteração vascular periférica levando a cefaléia, sonolência, câimbras, 
convulsões, infartos, delírios, perturbação dos movimentos e morte. 
Temperaturas corporais menores que 25oC invariavelmente levam à morte. É 
de difícil diagnóstico, que geralmente é feito pela análise das circunstâncias 
do óbito. 
Os achados de necrópsia incluem: rigidez precoce, intensa e 
duradoura, hipóstases vermelho claro, sangue de tonalidade mais clara, 
isquemia cerebral, congestão polivisceral, disjunção das suturas cranianas, 
sangue fluido, repleção das cavidades cardíacas, espuma sanguinolenta nas 
vias respiratórias, flictenas na pele, equimose no pescoço, na mucosa 
gástrica e nas pleuras. 
A causa jurídica mais comum é o acidente. 
PRESSÃO ATMOSFÉRICA 
 
As alterações da pressão ambiente pode levar a danos à 
saúde ou à vida. As alterações patológicas dependem do comportamento 
físico dos gases atmosféricos. A pressão atmosférica total é a resultante da 
somatória das pressões parciais dos diversos gases (Nitrogênio - 79% + 
Oxigênio -20,97% e Gás carbônico - 0,03%). As pressões parciais dos gases 
individuais da atmosfera, de acordo com a lei de Dalton, variam diretamente 
em função da pressão atmosférica total; essas alterações ocorrem tanto no ar 
alveolar quanto no sangue, afetando as trocas gasosas. Os efeitos clínicos 
decorrentes das alterações da pressão atmosférica podem ser: 
4MEDICINA LEGAL IV 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
Diretos (mecânicos): Desenvolvimento de diferenciais de 
pressão que se criam através das paredes dos espaços que contém ar no 
organismo, ou sobre a sua superfície. 
Indiretos: Pelas alterações nas pressões parciais dos gases 
individuais da atmosfera.DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA (MAL DAS MONTANHAS) 
- Ação Direta: diminuição da pressão ambiente: sangramento nasal, 
hemorragias oculares, bucais e até cerebrais; 
- Ação Indireta: diminuição do oxigênio alveolar: taquicardia, náuseas, 
vômitos, diarréia, insônia, cianose dos lábios e unhas, dor abdominal, 
cefaléia e debilidade; 
- A ação lesiva é exacerbada por doenças prévias como hipertensão arterial 
e insuficiência cardíaca. 
- Os distúrbios são acentuados pela subida rápida, pelo exercício físico e 
pelo mal condicionamento físico. 
AUMENTO DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA 
- Patologia da Compressão (Aumento Acentuado) 
- Ação Direta: Aumento da pressão ambiente: hemorragias internas, ruptura 
do tímpano e acometimento pulmonar. 
- Ação Indireta: Aumento da pressão parcial dos gases: intoxicação por 
oxigênio (depressão do centro respiratório, tetania, espasmos e coma); 
pelo nitrogênio (embriaguez); pelo gás carbônico (dores nos seios 
paranasais e ouvidos). 
- Patologia da Descompressão Súbita (Mal dos Caixões): 
 Basicamente ação indireta. É uma doença causada por 
embolia gasosa levando a dores articulares, equimoses generalizadas, 
surdez, paraplegia, dificuldade de fala, paralisia dos nervos cranianos, coma e 
morte. Esta situação ocorre tipicamente em um mergulhador, cujos tecidos 
estão saturados de nitrogênio, a uma profundidade superior a 10 metros, e 
que sobe rapidamente; ou de um aviador que sobe depressa do nível do mar 
para uma altitude acima de 5.500 metros. 
> A causa jurídica das lesões é habitualmente acidental e basicamente 
ocupacional.
ELETRICIDADE
A eletricidade é uma forma poderosa de energia, com 
potencial de causar lesões no organismo. São comuns lesões de dois tipos: 
a. Queimadura: causada pela conversão de energia elétrica em térmica. 
b. Interrupção da Função Fisiológica: especialmente no tecido neural e 
neuromuscular, mesmo sem quaisquer efeitos anatômicos óbvios nestes 
tecidos. 
5MEDICINA LEGAL IV 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
Se a corrente elétrica está entrando e saindo do corpo 
através das mãos, a vítima é incapaz de livrar-se por si mesma do eletrodo. 
As duas formas de eletricidade mais comuns são: 
Energia Atmosférica: Irá determinar dois tipos de lesões: 
Fulminação: ação letal sobre o indivíduo; 
Fulguração: ação provoca lesões corporais não letais. 
O mecanismo de morte por fulminação decorre da inibição 
de centros nervosos, principalmente do centro respiratório. Outros fatores 
podem intervir: fibrilação ventricular, lesões traumáticas por ação mecânica do 
raio, como fraturas e queimaduras. 
As Lesões Arborescentes de Lichtenberg são lesões 
características que aparecem na pele, ramificadas, formadas por vasoplegia 
ou pela simples difusão da energia elétrica na pele. 
Achados de necrópsia: cabelos e pelos chamuscados, 
hemorragias musculares, roturas de vasos ou do coração, sangue fluido, 
fraturas ósseas, congestão e hemorragias das pálpebras e globos oculares, 
lesões da língua e mucosa oral, equimoses subpleurais e subpericárdicas, 
carbonização dos órgãos, hemorragias internas, etc. 
ENERGIA INDUSTRIAL 
 
A ação da energia elétrica industrial sobre o organismo 
constitui uma série se alterações chamada de eletroplessão. 
Os efeitos da corrente são máximos dentro de certos limites 
de tensão: abaixo de 200 V a morte só sobrevém em condições especiais e, 
em voltagens extremamente altas, de 5.000 a 10.000 V, os efeitos são 
proporcionalmente menores. 
A corrente alternada é mais prejudicial que a contínua. 
O estado do indivíduo também condiciona o efeito da 
corrente elétrica (o corpo é um mal condutor). A pele molhada tem a 
resistência muito diminuída, fazendo com que o efeito da corrente seja muito 
maior, podendo sobrevir à morte, mesmo com tensões relativamente baixas. 
Se a corrente escoa pelo organismo, terá um efeito deletério; se o indivíduo 
estiver isolado, não haverá efeito nocivo. 
A localização dos pólos do corpo e as superfícies de suas 
zonas de contato também são importantes: quando o coração se acha 
incluído no trajeto da corrente, a ação desta será mais deletéria, ocorrendo 
freqüentemente fibrilação ventricular; quanto maior as superfícies de contato 
dos pólos, maiores serão os efeitos nocivos. 
A intensidade do dano elétrico é diretamente proporcional 
ao tempo de exposição da corrente. As correntes de alta tensão ocasionam 
mais inibição do sistema nervoso, que nem sempre são as mais graves; as 
6MEDICINA LEGAL IV 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
correntes de média ou baixa tensão podem causar fibrilação ventricular, 
que é letal. 
Os achados de necrópsia são semelhantes aos encontrados 
na morte por fulminação. 
A pele, nos pontos de entrada e saída da corrente, podem 
ser observadas lesões de alto valor diagnóstico: as marcas elétricas de 
Jellinek. Estas geralmente tem forma circular, elíptica ou estrelada, de 
consistência endurecida, bordas altas, leito deprimido, tonalidade branco-
amarelada ou escura, fixa e indolores quando há sobrevida. Pode-se 
encontrar também lesões cutâneas decorrentes da ação de acidificação no 
pólo positivo e de alcalinização no pólo negativo; outro ferimento superficial é 
a metalização elétrica, cuja característica é o destacamento da pele, com 
fundo da lesão impregnada de partículas de fusão e vaporização dos 
condutores elétricos. 
A marca elétrica é diferente da queimadura elétrica. A primeira 
representa a porta de entrada da corrente elétrica, podendo até estar ausente. A 
segunda representa o resultado do calor de uma corrente elétrica; tem a forma de 
escara escura, com bordas nítidas, sem área de congestão ou flictenas. 
O diagnóstico das mortes por energia elétrica nem sempre é 
fácil. Às vezes há a marca elétrica, mas a morte foi decorrente da queda após 
o indivíduo receber o choque. 
A causa jurídica mais freqüente é a acidental (acidente do 
trabalho). 
RADIOATIVIDADE
A energia radiante produz uma diversidade de 
manifestações clínicas que dependem da magnitude e da duração da 
exposição à radiação e da extensão e função da área do corpo que foi 
irradiada. Alguns exemplos de fonte de radiação incluem: os raios X, rádio e 
cobalto radioativos, compostos do bário, tório, etc. 
A lesão tecidual pode ser produzida por interações celulares 
com radiações de qualquer parte do espectro eletromagnético, incluindo o que 
provém do sol, dos raios lasers ou de equipamentos de microondas. 
As radiações atuam impedindo a divisão celular em alguns 
tecidos e destruindo as células de outros. Causam leucemia, dermatoses 
(radiodermites), lesões das gônadas e moléstias profissionais. 
As radiodermites podem ser agudas ou crônicas: 
Agudas: São classificadas em: 
> 1o. grau – eritematosa; 
> 2o. grau – pápulo-eritematosa; 
> 3o. grau – ulceradas com necrose. 
Crônicas: Apresenta-se de 3 formas – úlcero-atrófica, 
teleangectásica ou neoplásica (câncer). 
7MEDICINA LEGAL IV 
MARCUS VINICIUS J. BARBOSA
Podem ocorrer lesões culposas por tratamento radioterápico 
inadequado.
A causa jurídica destas lesões normalmente é acidental ou 
ocupacional.
LUZ E SOM 
Estas formas de energia comprometem principalmente os 
órgãos dos sentidos e dificilmente acarretam lesões graves. A exposição à luz 
intensa ou de intensidade muito variável pode causar alterações do sistema 
nervoso central (epilepsia) e alterações de ordem psíquica. 
A exposição a ambientes muito ruidosos pode levar à 
surdez, alterações psicológicas e a epilepsia acustogênica. 
A causa jurídica das lesões é mais acidental ou de ordem 
ocupacional.
ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA 
Englobam todas as formas de asfixia (“a” = sem; “sphyxia” = 
pulso – ausência de pulso”). 
Asfixia sob o ponto de vista médico-legal é a síndrome, 
eventualmente terminada pela morte, caracterizada

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