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Disciplina: Relações Étnico-Raciais no Brasil Professora responsável: Profa. Lia Lemos Olá, aluno(a), Apresentamos aqui as orientações iniciais para que você aproveite ao máximo este programa de estudos online da disciplina de Relações Étnico-Raciais no Brasil. Os conteúdos estão divididos em oito módulos. Cada módulo contém: um texto introdutório, a bibliografia indicada para estudo, um exercício respondido e comentado e outros quatro exercícios para você refletir e resolver. Este material poderá ser utilizado como orientação para seu estudo e como complemento das atividades realizadas nas aulas presenciais. Em primeiro lugar, você deve fazer uma leitura preliminar do texto introdutório de cada módulo, aprofundando seus estudos por meio da leitura obrigatória indicada. Ao final de cada módulo, faça as atividades propostas, pois servirão de apoio ao seu aprendizado. São sugeridos também filmes e letras de músicas como atividades complementares no estudo das relações étnico-raciais e afrodescendência. Você pode escrever relatórios concisos após assistir a um filme, por exemplo, procurando relacionar o roteiro aos textos estudados naquele módulo. Essa estratégia de estudo o ajudará no domínio teórico e analítico de nosso conteúdo, além de ampliar seu repertório cultural. Além disso, você pode ampliar seus estudos consultando a bibliografia sugerida para aprofundamento, de acordo com seu interesse específico. Entretanto, reforçamos que há muito o que se estudar sobre o assunto objeto de nossa disciplina. Por isso, você não precisa ficar restrito às nossas indicações, mas pode acessar os artigos, teses e livros disponíveis na internet para downloads, desenvolvendo suas pesquisas e melhorando em muito seu aprendizado. Para as avaliações, os conteúdos estão divididos da seguinte forma, por bimestre: 1º bimestre (prova NP1): Módulos 1 a 4 2º bimestre (prova NP2): Módulos 5 a 8 Provas Substitutivas e Exame: todo o conteúdo da disciplina Desejamos um ótimo aprendizado a você! Abaixo, as informações mais importantes do Plano de Ensino da disciplina, que podem ser úteis nesse momento inicial de estudos. Bons estudos! EMENTA A partir da aprovação da Lei 10.639/2003, torna-se necessário a formação para uma prática profissional e pedagógica sob a perspectiva das relações étnico- raciais no Brasil, abordando os seguintes elementos: a legislação a respeito das relações étnico-raciais no Brasil; cultura e história das populações indígenas no Brasil; a questão da terra indígena: problema social ou ambiental? Cultura e história das populações afrodescendentes no Brasil; racismo e relações raciais no Brasil (o mito da democracia racial); imagens, representações e estereótipos de negros e índios no Brasil; identidade, diferença, interação e diversidade nas relações étnico-raciais; escola e currículo para a promoção da igualdade racial. II – OBJETIVOS GERAIS Caberá à disciplina Relações Étnico-Raciais no Brasil contribuir para: · a formação de uma consciência crítica em relação às questões étnico-raciais no Brasil; · o estudo das principais correntes teóricas brasileiras acerca dos temas de história e cultura indígena e afro-brasileira; · uma futura prática profissional e pedagógica a partir da perspectiva do respeito ao multiculturalismo, bem como da promoção da igualdade étnico-racial na escola e na comunidade. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Espera-se que o aluno seja capaz, através desta disciplina, de: · atuar em sua área profissional para a construção de uma identidade étnico-racial positiva, favorecendo, assim, a melhoria da condição de vida das minorias étnicas no Brasil, como afrodescendentes e indígenas; · avaliar situações de conflitos inter-étnicos e promover ações que incentivem a igualdade e o respeito à diversidade no contexto escolar e institucional; · compreender a relevância do papel da escola na promoção da igualdade racial, envolvendo-se pessoalmente nesse projeto. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE I – Entendendo as relações étnico-raciais no Brasil através das legislações atuais Questões iniciais: a invisibilidade do negro e do índio na história, na cultura e na sociedade brasileiras. As Leis 10639/03 e 11645/08: O Ensino de História e Cultura dos Povos Indígenas e dos Afrodescendentes no Brasil. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. UNIDADE II – Cultura e história das populações indígenas no Brasil Darcy Ribeiro e sua teoria sobre os índios no Brasil e o processo civilizatório. O projeto pombalino no século XVIII, a imposição da língua portuguesa e a identidade reafirmada por meio da língua guarani. A questão da terra indígena: problema social ou ambiental? A condição das populações indígenas na sociedade brasileira. Educação escolar indígena: diagnósticos, políticas públicas e projetos. UNIDADE III – Cultura e história das populações afrodescendentes no Brasil Africanidades: alguns aspectos da História Africana dos Negros no Brasil. Diáspora, travessia dos escravizados e o constrangimento de seres humanos à condição de objetos. Resistência negra e o movimento abolicionista: acontecimentos antes e depois da Lei Áurea. Estereótipos raciais a partir da escravidão no Brasil: o processo de marginalização do negro. O racismo científico e as ideias eugenistas no Brasil. O racismo à brasileira: o mito da democracia racial e o arco-íris brasileiro. A condição dos afro-descendentes na sociedade brasileira. UNIDADE IV – A educação das relações étnico- raciais A Pedagogia da Exclusão: Imagens e representações do negro e do índio na literatura e na mídia. Escola e a promoção da igualdade étnico-racial: estratégias e possibilidades. V - ESTRATÉGIA DE TRABALHO Aulas expositivas; Leitura e discussão dos textos; Estudo dirigido realizado em sala de aula ou extraclasse (individual e/ou em grupo); Aulas envolvendo atividades práticas; Seminários; Projeção e análise de filmes e letras de músicas. Sugestões para pesquisas e seminários: - Levantamento de dados do IBGE (Censos e PNAD) – desigualdades entre brancos, indígenas e negros, de preferência dados recentes. - Populações Indígenas no Brasil atual – pesquisar sua localização, forma de vida, cultura, língua, população, economia etc. - Comunidades Quilombolas no Brasil atual – são centenas de quilombos legalizados no Brasil, para pesquisar sua localização, forma de vida, cultura, processo de reconhecimento oficial, economia etc. - Materiais didáticos disponíveis na rede sobre História das Populações Indígenas, da África e da História do Negro no Brasil – há muitos livros para downloads na internet. - Materiais de apoio ao professor para o trabalho com as relações étnico-raciais – muitos sites oferecem planos de aula, idéias de atividades, sugestão de filmes etc.. Os alunos podem elaborar planos de aula, de atividades para serem aplicadas aos alunos. AVALIAÇÃO Os alunos serão avaliados de acordo com as normas regimentais e critérios específicos da disciplina. O processo formal de avaliação do aprendizado compreende duas avaliações bimestrais (NP1 e NP2), que devem conter 60% questões objetivas e 40% dissertativas. As médias bimestrais poderão ser compostas por notas de provas, trabalhos, seminários e participação em sala de aula que possibilitem a apuração das competências e habilidades desenvolvidas ao longodo curso. A avaliação do aprendizado deve ser realizada em todos os momentos, em cada atividade intra e extraclasse, privilegiando a formação integral do aluno. Serão respeitados os critérios de aprovação definidos pela Universidade e explicitados no manual acadêmico. BIBLIOGRAFIA BÁSICA DIWAN, P. Raça Pura. São Paulo: Contexto, 2007. RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. SANTOS, H. A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do círculo vicioso. São Paulo: Editora SENAC, 2001. COMPLEMENTAR CASHMORE, E. Dicionário de Relações Étnicas e Raciais. São Paulo: Selo Negro, 2000. DAMATTA, Roberto. O que faz o Brasil, Brasil? Rio de Janeiro, Rocco, 1986. Schwarcz, L. Racismo no Brasil. São Paulo: Publifolha, 2001. Artigos e Livros Disponíveis na Internet DAVID, Moisés; MELO, Maria Lúcia; MALHEIRO, João Manoel da Silva. Desafios do currículo multicultural na educação superior para indígenas. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 39, n. 1, Mar. 2013. GARCIA, Elisa Frühauf. O projeto pombalino de imposição da língua portuguesa aos índios e a sua aplicação na América meridional. Tempo [online]. 2007, v.12, n.23, p. 23-38. MIRANDA, D. B. Princesas de contos de fadas e crianças negas: racismo, estética e subjetividade. Monografia (Graduação), Curso de Psicologia, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2010. 37p. MUNANGA, K. (org.). Superando o Racismo na escola. 2. ed. rev. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. p. 60-65. PINHEIRO, L. (et. al.). Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça. 3. ed. Brasília: Ipea: SPM: UNIFEM, 2008. 36 p. PINTO, Lúcio Flávio. De Tucuruí a Belo Monte: a história avança mesmo? Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Belém-PA: Ciências Humanas, v. 7, n. 3, p. 777-782, set.-dez. 2012. ROSA, Edinete Maria; GARCIA, Maria Lúcia Teixeira; LEAL, Fabíola Xavier. Derrubam-se as casas: a desconstrução da questão indígena no cenário da política social. Revista de Psicologia Política. São Paulo: Sociedade Brasileira de Psicologia Política, v.7, n. 14, dez. 2007. VEIGA, Juracilda; SALANOVA, Andrés (Orgs.). Questões de educação escolar indígena: da formação do professor ao projeto de escola. Brasília: FUNAI/DEDOC, Campinas/ALB, 2001. Legislações brasileiras BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 05.10.1988. B R A S I L . L e i 1 0 . 6 3 9 d e 9 d e j a n e i r o d e 2003. Ministério da Educação e Cultura: Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. BRASIL. Lei 11.645 de 10 de março de 2008. Presidência da República: Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução n. 5, de 22 de junho de 2012 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica. Brasília, MEC, 2012. BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Projeto CNE/UNESCO 914BRA1136.3 – Desenvolvimento, Aprimoramento e Consolidação de uma Educação Nacional de Qualidade: Ensino de História e Cultura dos Povos Indígenas. Brasília, MEC, março de 2013. BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Parecer CNE/ CP 3/2004 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, MEC, 2004. BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução n. 8, de 20 de novembro de 2012 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Brasília, MEC, 2012. Sugestões de filmes · Quilombo. Dir.: Cacá Diegues. Brasil, 1984. · O Povo Brasileiro (documentário). Dir.: Isa Grinspum Ferraz. Brasil, 2000. · Xingu. Dir: Cao Hamburger. Brasil, 2012. · Belo Monte, Anúncio de uma Guerra (documentário). Dir.: André D’Elia. Brasil, 2012. · À Sombra de um Delírio Verde (documentário). Dir: An Baccaert, Cristiano Navarro e Nicola Um. Argentina, Bélgica e Brasil, 2012. · Amistad. Dir.: Steven Spielberg. EUA, 1997. · Um Grito de Liberdade. Dir.: Richard Attenborough. Inglaterra, 1987. · Histórias Cruzadas. Dir.: Tate Taylor. EUA, 2011. · Carlota Joaquina, Princesa do Brasil. Dir.: Carla Camurati. Brasil, 1995. · Carandiru. Dir.: Hector Babenco. Brasil / Argentina / Itália, 2003. · Lixo Extraordinário. Dir.: Lucy Walker, João Jardim, Karen Harley. Brasil/Reino Unido, 2010. · Olhos Azuis (documentário). Dir.: Jane Elliott. EUA, 1985. Sugestões de músicas · O Canto das Três Raças, Mário Duarte e Paulo César Pinheiro. · Promessas do Sol, Milton Nascimento e Fernando Brant. · Ruas da Cidade, Milton Nascimento. · Testamento, Nelson Angelo e Milton Nascimento. · Tubi Tupy, Lenine. · O Mestre-Sala Dos Mares, Aldir Blanc e João Bosco. · A Mão da Limpeza, Gilberto Gil. · Não Existe Pecado ao Sul do Equador, Chico Buarque. · Haiti, Caetano Veloso. · A Carne, Seu Jorge, Marcelo Yuca e Ulisses Cappelletti. · Canção pra Ninar um Neguim, Zeca Baleiro. · Cruzeiro do Sul, Jean Garfunkel e Paulo Garfunkel. UNIDADE I Entendendo as relações étnico-raciais no Brasil através das legislações atuais Desde a colonização as relações entre brancos com índios e negros foi de dominação, não considerando os indígenas e negros como cidadãos iguais detentores de direitos. Somente recentemente essa história começa a mudar. Para se ter uma ideia somente em 1845 começa a haver um controle do tráfico de escravos por navio negreiro, e quem o fazia era a Inglaterra, devido a lei chamada Bill Aberdeen. No Brasil, o tráfico se torna ilegal apenas em 1850, mas a venda e a escravidão continua internamente, apenas não era mais permitido o tráfico da África para o Brasil. Em 1871 surge a Lei do Ventre Livre, que faria com que os filhos de escravos nascido a partir de então se tornassem livres. E finalmente, em 1888, surge a Lei 3.353, conhecida como Lei Aurea, assinada pela Princesa Isabel, extinguindo a escravidão. Nesse momento os negros seriam considerados livres do trabalho escravo, mas apenas isso, não havia direitos e outras liberdades aos negros. Por 100 anos pouco se fez para a integração dos negros na sociedade brasileira, muitas políticas buscavam diminuir e tirar os negros da sociedade nacional. Em 1988, surge a Constituição Cidadã, e a partir de então a história começa a mudar. Na constituição, em seu artigo 5º, inciso XLII, prevê que "a prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclusão, nos termos da lei". E é a Lei CAÒ, nº 7.716 de 05 de janeiro de 1989 que define no seu artigo 1º " Serão punidos, na forma desta Lei os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional." Alteração realizada pela LEI N. 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997 Entende-se por discriminação e preconceito o ato de impedir, negar ou recusar: o uso de transportes, ou o acesso a cargos públicos ou empregos privados, o acesso a estabelecimento comercial, esportivo, cultural ou de serviços, o acesso ao serviço das forças armadas, ou o acesso ao casamento. E a pena é a reclusão de 1 a 5 anos. A percepção da invisibilidade e dos desrespeitos aos direitos dos índios e negros na nossa história que trouxe, junto com os movimentos sociais anecessidade de repensar o papel da escola na construção de uma sociedade mais democrática e é ai que entram as Leis 10.639 de 9 de Janeiro de 2003, e 11.645 de 10 de março de 2008. Para lê-las na íntegra acesse o documento a seguir � A partir da invisibilidade do negro e do índio na história, na cultura e na sociedade brasileiras são definidas em legislação as seguintes diretrizes para o Ensino de História e Cultura dos Povos Indígenas e dos Afrodescendentes no Brasil. As Leis 10639/03 e 11645/08: O Ensino de História e C u l t u r a d o s P o v o s I n d í g e n a s e d o s Afrodescendentes no Brasil. Lembre-se a “Lei 10.639/2003 altera a Lei nº 9.394/1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/9.394/96), para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" Em específico os arts. 26-A e 79-B. Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. § 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. § 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro- Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra. Ao que se refere a Lei 11.645/2008: Altera a LDB 9.394/1996, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena". "Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. § 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil. § 2º Os conteúdos referentes à História e cultura afro- brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. Para esclarecer e orientar a introdução desses conteúdo nos currículos escolares foi elaborada: Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica. A Educação escolar Indígena e o ensino de história e cultura dos povos Indígenas brasileiros são definidos a partir da Resolução nº 5 de junho de 2012 que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação Escolar Indígena na Educação Básica. Para ler na íntegra acesse! O documento aponta para; O direito a uma educação escolar diferenciada para os povos indígenas, assegurado pela Constituição Federal de 1988; pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais, promulgada no Brasil por meio do Decreto nº 5.051/2004; pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 da Organização das Nações Unidas (ONU); pela Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas de 2007; pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), bem como por outros documentos nacionais e internacionais que visam assegurar o direito à educação como um direito humano e social; O Art. 1º desta resolução define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica, oferecida em instituições próprias. Além do ensino deve estar pautado pelos princípios da igualdade social, da diferença, da especificidade, do bilinguismo e da interculturalidade, fundamentos da Educação Escolar Indígena. No Art. 2º estão os objetivos: I - orientar as escolas indígenas de educação básica e os sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito F e d e r a l e d o s M u n i c í p i o s n a e l a b o r a ç ã o , desenvolvimento e avaliação de seus projetos educativos; II - orientar os processos de construção de instrumentos normativos dos sistemas de ensino visando tornar a Educação Escolar Indígena projeto orgânico (manter a sua cultura), articulado e sequenciado de Educação Básica entre suas diferentes etapas e modalidades, sendo garantidas as especificidades dos processos educativos indígenas; III - assegurar que os princípios da especificidade, do bilinguismo e multilinguismo, da organização comunitária e da interculturalidade fundamentem os projetos educativos das comunidades indígenas, valorizando suas línguas e conhecimentos tradicionais (respeito à língua indígena); IV - assegurar que o modelo de organização e gestão das escolas indígenas leve em consideração as práticas sociocul turais e econômicas das respect ivas comunidades, bem como suas formas de produção de conhecimento, processos próprios de ensino e de aprendizagem e projetos societários (princípio da educação, da identidade; etnia, respeito às culturas); (...). VII - orientar os sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a incluir, tanto nos processos de formação de professores indígenas, quanto no funcionamento regular da Educação Escolar Indígena, a colaboração e atuação de especialistas em saberes tradicionais, como os tocadores de instrumentos musicais, contadores de narrativas míticas, pajés e xamãs, rezadores, raizeiros, parteiras, organizadores de rituais, conselheiros e outras funções próprias e necessárias ao bem viver dos povos indígenas; (...) Na Seção II o Art 27 está citado o termo “territórios etnoeducacionais” são espaços institucionais que devem se constituir entre os entes federados, as comunidades indígenas, as organizações indígenas e indigenistas e as instituições de ensino superior pactuarão as ações de promoção da Educação Escolar Indígena efetivamente adequada às realidades sociais, históricas, culturais e ambientais dos grupos e comunidades indígenas. § 1º Os territórios etnoeducacionais objetivam promover o regime de colaboração para promoção e gestão da Educação Escolar Indígena, definindo as competências comuns e privativas da União, Estados, Municípios e do Distrito Federal, aprimorando os processos de gestão e de financiamento da Educação Escolar Indígena e garantindo a participação efetiva das comunidades indígenas interessadas. § 2º Para a implementação dos territórios etnoeducacionais devem ser criados ou adaptados mecanismos jurídico-administrativos que permitam a sua constituição em unidades executoras com dotação orçamentária própria, tais como os consórcios públicos e os arranjos de desenvolvimento educacionais. § 3º Os territórios etnoeducacionais estão ligados a um modelo de gestão das políticas educacionais indígenas pautadas pelas ideias de territorialidade, protagonismo indígena, interculturalidade na promoção do diálogo entre povos indígenas, sistemas de ensino e demais instituições envolvidas, bem como pelo aperfeiçoamento do regime de colaboração. (devemos respeitar,e não tentar desconstruir). § 4º As comissões gestoras dos territórios etnoeducacionais são responsáveis pela elaboração, pactuação, execução, acompanhamento e avaliação dos planos de ação definidos nos respectivos territórios. § 5º Recomenda-se a criação e estruturação de uma comissão nacional gestora dos territórios etnoeducacionais, com representações de cada território, para acompanhamento e avaliação das políticas educacionais instituídas nesses espaços. Acesse: BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução n. 5, de 22 de junho de 2012 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica. Brasília, MEC, 2012. ! BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Projeto CNE/UNESCO 914BRA1136.3 – Desenvolvimento, Aprimoramento e Consolidação de uma Educação Nacional de Qualidade: Ensino de História e Cultura dos Povos Indígenas. Brasília, MEC, março de 2013.! Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais Resolução nº 1, de junho de 2004 estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. O parecer busca: [...] oferecer uma resposta, entre outras, na área da educação, à demanda da população afrodescendente, no sentido de políticas de ações afirmativas, isto é, de políticas de reparações, e de reconhecimento e valorização de sua história, cultura, identidade. Trata, ele, de política curricular, fundada em dimensões históricas, sociais, antropológicas oriundas da realidade brasileira, e busca combater o racismo e as discriminações que atingem particularmente os negros. Nesta perspectiva, propõe à divulgação e produção de conhecimentos, a formação de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial - descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, de asiáticos – para interagirem na construção de uma nação democrática, em que todos, igualmente, tenham seus direitos garantidos e sua identidade valorizada. Entre as ações estão as Políticas de Reparações, de Reconhecimento e Valorização, de Ações Afirmativas. A demanda por reparações visa a que o Estado e a sociedade tomem medidas para ressarcir os descendentes de africanos negros, dos danos psicológicos, materiais, sociais, políticos e educacionais sofridos sob o regime escravista, bem como em virtude das políticas explícitas ou tácitas de branqueamento da população, de manutenção de privilégios exclusivos para grupos com poder de governar e de influir na formulação de políticas, no pós-abolição. Visa também a que tais medidas se concretizem em iniciativas de combate ao racismo e a toda sorte de discriminações. Acesse: BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Parecer CNE/ CP 3/2004 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, MEC, 2004.! http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/003.pdf Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. A Resolução nº 8 Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. No Art. 1º Fica estabelecida as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica, na forma desta Resolução. § 1º A Educação Escolar Quilombola na Educação Básica: I - organiza precipuamente o ensino ministrado nas instituições educacionais fundamentando-se, informando-se e alimentando-se: a) da memória coletiva; b) das línguas reminiscentes; c) dos marcos civilizatórios; d) das práticas culturais; e) das tecnologias e formas de produção do trabalho; f) dos acervos e repertórios orais; g) dos festejos, usos, tradições e demais elementos que conformam o patrimônio cultural das comunidades quilombolas de todo o país; h) da territorialidade Leia em: BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução n. 8, de 20 de novembro de 2012 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Brasília, MEC, 2012. ! http:/ /www.seppir.gov.br/arquivos-pdf/diretr izes- curriculares Leituras obrigatórias: B R A S I L . L e i 1 0 . 6 3 9 d e 9 d e j a n e i r o d e 2003. Ministério da Educação e Cultura: Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. (Texto 1A) BRASIL. Lei 11.645 de 10 de março de 2008. Presidência da República: Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. (Texto 1B) BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução n. 5, de 22 de junho de 2012 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica. Brasília, MEC, 2012. (Texto 2A) BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Projeto CNE/UNESCO 914BRA1136.3 – Desenvolvimento, Aprimoramento e Consolidação de uma Educação Nacional de Qualidade: Ensino de História e Cultura dos Povos Indígenas. Brasília, MEC, março de 2013. (Texto 2B) BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Parecer CNE/ CP 3/2004 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, MEC, 2004. (Texto 3A) BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução n. 8, de 20 de novembro de 2012 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Brasília, MEC, 2012. (Texto 3B) Questão: A Lei 11.645 de 10 de março de 2008, altera a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9.394/96) e estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino, a obrigatoriedade da temática “História e cultura Afro-Brasileira e Indígena. Entre as alterações o art. 26-A está a obrigatoriedade nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e indígena. A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade brasileira. Entre as recomendações estão: 1. O conteúdo programático incluirá também diferentes aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população. O conteúdo abarcará temas de diferentes grupos étnicos, pois a sociedade brasileira é composta de diferentes raças. 2. O conteúdo programático incluirá diferentes aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira. O conteúdo abarcará temas a partir de dois grupos étnicos, os negros e os povos indígenas do Brasil. 3. Os conteúdos referentes à história e cultura afro- brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e histórias brasileiras. 4. Entre os conteúdos obrigatórios de estão o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. Estão corretas as seguintes afirmações: A) I eII. B) III e IV C) I,II,III D) II, III, IV E) I,II,III,IV Comentário: Alternativa correta D No documento da Lei de diretrizes e bases da educação não continha no artigo 26a a obrigatoriedade do ensino sobre His tór ia e Cul tura Af ro-bras i le i ra nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio. A Lei nº 10.639/2003, alterou o artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96, tornando obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio. Em 10 de março de 2008, foi sancionada a Lei nº 11.645/08 que ampliou a Lei 10.639/03 incluindo também o ensino da história e da cultura dos povos indígenas brasileiros. Com a alteração o artigo 26a passou a vigorar com as proposições contidas nas alternativas II, III e IV . A proposição I está incorreta, pois o termo raça não existe, o certo seria grupos étnicos. Módulo 2. O ensino de história e cultura dos povos Indígenas brasileiros. O documento Projeto CNE/UNESCO 914BRA1136.3 ! – D e s e n v o l v i m e n t o , A p r i m o r a m e n t o e Consolidação de uma Educação Nacional de Qualidade: Ensino de História e Cultura dos Povos Indígenas de Beatriz Carretta Corrêa da Silva, teve como objetivo levantar as ações desenvolvidas em Instituições de Ensino Superior sobre a temática da história e cultura dos povos indígenas nos cursos de graduação e pós- graduação. O documento mostra iniciativas e experiências desenvolvidas dentro dos espaços de pesquisa das universidades brasileiras bastante interessantes e conhecidas acerca da temática indígena. De acordo com a autora “merecem destaque duas experiências registradas no campo da educação, uma desenvolv ida no contexto de curso de Especialização em História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena, organizado pela ONG PATÍ, Grupo Incluir, em Salvador, com base em referencial teórico-metodológico desenvolvido pelo professor de História Indígena da Universidade do Estado da Bahia, Francisco Alfredo Morais Guimarães. A outra experiência diz respeito a pesquisas desenvolvidas no âmbito do Curso de Pedagogia e na Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob orientação da professora Maria Aparecida Bergamaschi.” A primeira Experiência: “Refere-se ao trabalho do Prof. Alfredo Guimarães, que ministra História Indígena na UNEB, Campus Alagoinha, e desenvolve pesquisa tanto sobre educação indígena quanto sobre história indígena. O professor segue o método cultural e desenvolveu abordagem aplicada à temática indígena, que denominou de bricolagem, para o ensino da história indígena para não indígenas, que consta de intervenções em imagens e outros materiais consagrados pelo uso tradicional no ensino da história do Brasil, de forma a deslocar o olhar do aluno e problematizar situações e imagens naturalizadas pelo tempo com o intuito de ajudar o aluno a perceber outras formas de pensar a presença indígena”(pág.32-33). Veja mais: A aplicação do método “bricolagem” e os resultados do trabalho desenvolvido são registrados em dois artigos, de autoria do professor, de livre acesso na internet: GUIMARÃES, Alfredo F.M. História e Cultura Indígenas: diferentes formas de ver, diferentes maneiras de pensar. Alagoinhas: Universidade do Estado da Bahia, 2010. http://www.uneb.br/plataformafreire/files/2010/03/ historia_e_cultura_indigena_na_escola_texto_2.pdf GUIMARÃES, Alfredo F.M. A Temática Indígena na Escola: onde está o espelho? Revista Fórum Identidades, 2(3): 57-65, jan-jun, 2008. h t t p : / / 2 0 0 . 1 7 . 1 4 1 . 1 1 0 / p e r i o d i c o s / r e v i s t a _ f o r u m _ i d e n t i d a d e s / r e v i s t a s / ARQ_FORUM_IND_3/DOSSIE_FORUM_Pg_57_65.pdf A segunda Experiencia: Outro destaque no Relatório “refere-se ao registro de docência compartilhada desenvolvida por alunos do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, nas turmas de educação básica de escola estadual de Porto Alegre. O projeto foi desenvolvido durante as atividades do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/ CAPES), sob a orientação da Profa. M. Aparecida Bergamaschi. O objetivo do grupo foi abordar a história não pela visão eurocêntrica, mas contemplando a visão dos povos originários, por meio de contação de histórias, produção de textos coletivos e cartazes, incorporação de práticas culinárias com comidas típicas, jogos e brincadeiras de origem indígena no pátio, além de confecção de artesanatos como recursos para o aprendizado da história e cultura dos povos indígenas”(pág.33-34). Veja mais: O desenvolvimento e os resultados positivos do projeto são descritos em dois textos que encontra-se na internet: GUILHÃO, Aline M.; SANTOS, Marcéli M.; MONSU, Michelle Z.; CARVALHO, Naira G.C.; PEREZ, Nicole F. História e cultura indígena nas práticas pedagógicas da educação infantil. XVII Jornada de Ensino de História e Educação, Jaguarão: UNIPAMPA, 22 a 24 de agosto, 2011. [ms] http://www.ufrgs.br/pibid/Nova pasta/PEDAGOGIA/ História e Cultura IndÃgena.pdf GUILHÃO, Aline M.; SANTOS, Marcéli M.; MONSU, Michelle Z.; CARVALHO, Naira G.C.; PEREZ, Nicole F. Problematizando a Temática Indígena nas Práticas Pedagógicas da Educação Infantil. Resumo, VII Salão de Ensino, Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 3 a 7 de outubro, 2011. [ms] http://www.ufrgs.br/pibid/Nova pasta/PEDAGOGIA/ PROBLEMATIZANDO A TEMÃTICA INDÃGENA NAS PRÃTICAS PEDAGÃ?GICAS DA EDUCAÃ?Ã?O INFANTIL.pdf Ainda temos outras iniciativas que são “fruto das pesquisas desenvolvidas pelo mesmo grupo, sob orientação da Profa. Bergamaschi, as experiências importantes de práticas educacionais interculturais aprendidas na escola indígena e aplicadas à escola não indígena para o desenvolvimento transversal da temática da história e da cultura indígena nas classes iniciais da educação básica. No primeiro texto abaixo, as autoras problematizam as formas como a história e a cultura desses povos originários vem sendo trabalhadas nas escolas e, mesmo reconhecendo os limites desta lei, consideram que ela amplia as possibilidades para o desenvolvimento de experiências significativas, voltadas para uma educação intercultural” BERGAMASCHI, Maria Aparecida e GOMES, Luana Barth. A temática indígena na escola: ensaios de educação intercultural. Currículo sem Fronteiras, 12(1): 53-69, Jan/Abr, 2012. http://www.curriculosemfronteiras.org/vol12iss1articles/ bergamaschi-gomes.pdf “A dissertação de mestrado abaixo relata a experiência de estudo de caso de duas escolas de educação básica de Porto Alegre, uma delas com contato constante com uma comunidade Kaingáng por meio de atividades conjuntas desenvolvidas na escola, como oficina de cerâmica. A autora avalia as diferenças em termos de concepções sobre a temática indígena nesta escola em relação à outra escola sem a mesma experiência, observando na prática o fazer intercultural como constituidor de um espaço livre de trocas e vivências sem preconceitos e com respeito(pág 34-35).” GOMES, Luana Barth. Legitimando saberes indígenas na escola. Dissertação de Mestrado, Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011. h t t p : / / w w w. l u m e . u f r g s . b r / b i t s t r e a m / h a n d l e / 10183/36386/000817163.pdf?sequence=1 A educação escolar indígena tem sido pauta política de extrema relevância para as comunidades indígenas, o movimento indígena e as entidades de apoio aos povos indígenas, tendo deixado de ser temática secundária, e ganhado importância na medida em que mobiliza diferentes instituições e recursos. A inclusão da temáticaindígena no sistema oficial de ensino é decorrente da luta dos povos indígenas e do movimento indígena pelo reconhecimento de suas histórias e culturas e de sua participação na formação étnica brasileira. A principal reivindicação desta luta por reconhecimento refere-se à visão descontextualizada, alienada e homogeneizada que a sociedade como um todo tem dos povos indígenas e na exigência de que cabe à escola desconstruir esta visão distorcida, por meio da educação universal, transmitindo o conhecimento de que estes povos são parte integrante da formação da identidade cultural nacional, assim como são parte da realidade atual da nação. Para além de mera afirmação da multietnicidade e da pluriculturalidade do país, a importância política das Diretrizes para a Educação das Relações Étnico- Raciais reside no reconhecimento de que educação de qualidade inclui a formação de cidadãos responsáveis pela construção de uma sociedade justa e democrática. (SILVA, Beatriz. Projeto CNE/UNESCO 914BRA1136.3, p. 6-7) A Lei 10.639 de 2003 inseriu a História da África e Cultura Afro-brasileira nas escolas, e cinco anos depois o movimento indígena conseguiu com a Lei 11.645 de 2008, introduzir também a temática da História e Cultura Indígena. Se não houve formação de professores com conhecimento sobre História e cultura indígena e História e cultura Afro- brasileira, como introduzi-las no ensino? é imprescindível a colaboração das comunidades em que a escola está inserida e a comunicação com estudiosos e movimentos sociais para que subsidiem as discussões e construam novos saberes, atitudes, valores e posturas. Ressalte-se que a presença das comunidades indígenas no contexto escolar não indígena torna visível o invisível – a presença indígena e a cultura ameríndia –, num contexto intercultural em que os diferentes podem ser o que são, em relações de negociação, conflitos e empréstimos recíprocos.(idem, p. 8) Beatriz Silva, conclui que é necessário a formação de professores em nível superior. Identifica as áreas de Antropologia, História, Arqueologia, Linguística e Pedagogia como as que mais se aproximam dos estudos sobre povos e educação indígena, bem como a imagem dos índios em materiais didáticos de história e de formação de professores, seu papel na história nacional, e temas como oralidade, memória e saberes tradicionais. Desde 1990 existe um movimento entre os historiadores de fazer uma “revisão historiográfica, que tem dado um novo lugar ao índio em nossa história” (ALMEIDA apud SILVA, op. Cit, p. 10). Os antropólogos identificam como “etno-história”, enfocando a história dos índios no Brasil, e publicando artigos e trabalhos científicos sobre o tema. São estudos focados no processo de “aculturação”, para compreender as mudanças ocorridas nas cultura nativas em decorrência do contato com os povos europeus, se dava pouca importância a cultura nativa anterior ao contato, por consederá-la estável e imutável. Esse material tem suas fragilidades por utilizar-se de relatos orais, manuscritos, observações e informantes, podendo ter olhares preconceituosos e desconfiados de ambos os lados da comunicação. Para melhorar os dados é importante uma análise multidisciplinar envolvendo História, Antropologia e Arqueologia. HISTÓRIA INDÍGENA: PERSPECTIVA HISTÓRICA I Fórum do Ensino Superior sobre os Desafios para o Ensino de História e Cultura Africana e Indígena (2009): “a grande tarefa, hoje, é realizar uma revisão histórica e trazer à tona uma discussão que poderá ajudar a sociedade brasileira a ter outro enfoque da conquista lusitana e rever conceitos estereotipados e preconceituosos” (PREZIA) 1. mudança de enfoque e das referências culturais 2. abandono do eurocentrismo da história oficial 3. busca da ótica dos povos indígenas 4. abandono das abordagens que exaltam as classes dominantes e os vencedores da guerra da conquista 5. inclusão dos conhecimentos dos muitos povos históricos, suas diferenças e suas mudanças 6. aprender a transmitir essas culturas pela sua própria literatura e autores “Como os índios têm sido vistos tradicionalmente em nossa história?” “Como se explica terem desaparecido da história? Sugestão de leitura de aprofundamento: ALMEIDA, Maria Regina C. Os Índios na História do Brasil, 2010 Na história escrita, a história dos índios ficou perdida, no entanto, essa história permanece nas vilas, sertões, cidades e aldeias. Entre os séculos XVI e XIX a permanência indígena no contato com os europeus pode ser revelada e interpretada com estudos e documentos. Nos anos 90, a partir da mudança do ponto de vista dos pesquisadores de História e Antropologia, a História Indígena ganha o foco nos povos indígenas, não mais na análise dos colonizadores europeus, isso “permitiu repensar a trajetória histórica de inúmeros povos, que por muito tempo foram considerados misturados ou extintos” (ALMEIDA, apud SILVA, p. 16) A história começa a mudar com a compreensão da nova legislação como resultado de acordos, negociações, para dar espaço a mediação e reivindicação. Na antiga História do Brasil, existia um índio genérico que se aculturou e deixou de ser índio ou que morreu. Na Nova História Indígena existe diversos povos indígenas, ainda que dominados e aculturados, mas que mantiveram ou renovaram suas identidades étnicas e permanecem na história real (apesar de não estarem na historiografia). A Nova História Indígena utiliza-se de diferentes registros históricos: textual, visual ou oral, sob pontos de vistas diversos como antropológico, histórico e iconográfico. Isso para compreender o impacto do encontro e as transformações e experiências vividas pelos povos indígenas. A produção oral segue a metodologia histórica de registro e verificação dos dados. Diferentemente da antropologia que busca tecer uma narrativa e busca a versão dos nativos. a metodologia da história oral observa cuidados de como coletar informações, como entrevistar, confrontar versões, etc. As entrevistas, geram sempre documento material, que é a gravação, e geralmente implica a elaboração de um texto escrito, sendo necessário pensar tanto no destino das gravações, que devem ser mantidas e disponibilizadas a um público amplo, como no destino do próprio texto escrito (apud SILVA, p. 17-18) ETNO-HISTORIA: PERSPECTIVA MULTIDISCIPLINAR A metodologia multidisciplinar para estudar os povos indígenas a partir da pesrpectiva histórica. O objetivo é reconstruir a história dos povos indígenas brasileiros áreas como genética, linguística, antropologia, arqueologia ou botânica. A Linguística Histórica, estuda o desenvolvimento histórico das línguas e os processos de mudança linguística, no início do século XX que a dimensão sociológica foi introduzida ao estudo das línguas. Os estudos etnobotânicos fartamente amparados em estudos etnográficos e reconstruções de protolínguas com base no método histórico-comparativo. Já as pesquisas arqueológicas que partem de pressupostos estabelecidos pela Linguística Histórica e utilizam-se de métodos da etnoarqueologia. PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO E DA PEDAGOGIA Pesquisas sobre o conteúdo de História no Ensino Fundamental: oralidade, memória e saberes tradicionais, além de presença do indígena nos programas curriculares e livros didáticos. Metodologia: questionário, entrevista, observação direta, interação do pesquisador com os participantes da atividade. Contribuições: produção de saber sobre à temática indígena; Interculturalidade, práticas culturais e políticas públicas; “conjunto de propostas de convivência e de relação democráticae criativa entre culturas diferentes” (FLEURI apud SILVA, p. 21) Objetivo: desenvolver concepções e estratégias educativas que favoreçam o enfrentamento dos conflitos, superando a discriminação, exclusão ou dominação; legitimar valores indígenas e recriar o olhar para os povos indígenas por meio de práticas pedagógicas diferenciadas. CONSIDERAÇÕES GERAIS O principal entrave para a inclusão da temática indígena no ensino superior é o desconhecimento do tema. São poucas as Instituições de Ensino Superior (IES) que desenvolvem pesquisas sobre o tema, apesar de existir produção acadêmica e livros nas áreas de Ciências Humanas ou Sociais, História, Pedagogia e Educação. Apesar do Guia do Livro Didático/PNLD (2010) e da fiscalização da Secretaria de Educação básica e das Universidades, a temática ainda é pouco tratada e é estereotipada ou folclorizada, além da permanência de adjetivos como “primitivo”, “selvagem”, “não civilizados ou atrasados” tanto nos livros como nos meios de comunicação em massa. Darcy Ribeiro e sua teoria sobre os índios no Brasil e o processo civilizatório De acordo com Darcy Ribeiro “o processo civilizatório começou com as penínsulas ibéricas (naturais da Península Ibéricas que são os povos de Portugal e Espanha), que movida pela revolução tecnologia, atravessaram oceanos com a desculpa de converter os povos, criando a primeira civilização universal” (p. 64-77). Assim os “iberos, os ingleses e os russos tiveram papeis de povos germinais do novo mundo. Deram origem aos latinos americanos aos neobritânicos e aos eslavos” (p. 64-77). Mesmo sucumbindo na Europa, os iberos continuam a sua progressiva mestiçagem americana. Sua língua e cultura se expandem, eles se enriquecem, e se constrói assim a segunda nação, a América Latina, uma das províncias mais ricas e amplas da terra. A Inglaterra foi a terceira nação a se estruturar. Baseada nos saberes judaicos, se apossa da outra metade das Américas. No Brasil a obra de Portugal não foi menos radical. Consomem milhares de pessoas, derrubam montanhas, acabam com a floresta em busca de minerais (p. 64-77). Colônia mercanti l -escravista da metrópole portuguesa Segundo Darcy Ribeiro (p. 74-77) estamos diante do resu l tado de um processo c iv i l i za tór io que, interrompendo a linha evolutiva prévia das populações indígenas brasileiras, depois de subjugá-las, recruta seus remanescentes como Mao de obra servil de uma nova sociedade, que já nascia integrada numa etapa mais elevada da evolução sociocultural. No caso, esse passo se dá por incorporação ou atualização histórica que supõe a perda da autonomia étnica dos núcleos engajados, sua dominação e t ransf iguração, estabelecendo as bases sobre as quais se edificaria daí em diante à sociedade brasileira. Tais bases se definiriam com claridade com a implantação dos primeiros engenhos açucareiros que, vinculando os antigos núcleos extrativistas ao mercado mundial, viabilizava sua existência na condição socioeconômica de um "proletariado externo", estruturado como uma colônia mercantil-escravista da metrópole portuguesa. São divididas em: Ø No plano adaptativo (PA) - isto é, o relativo à tecnologia com que se produzem reproduzem as condições materiais de existência. Ø No plano ideológico (PI) - o relativo às formas de comunicação, ao saber, às crenças, à criação artística e à autoimagem étnica. No plano adaptativo (PA) - isto é, o relativo à tecnologia com que se produzem reproduzem as condições materiais de existência (p.74). Se fundam nas seguintes bases: - No plano relativo à tecnologia com que se produzem e reproduzem as condições materiais de existência, por exemplo: na incorporação da tecnologia europeia aplicada a produção, ao transporte e a construção. - A navegação transoceânica que integrava os novos mundos em uma economia mundial (exportação e como importadores de negros escravos e bens de consumo); - O estabelecimento? do? engenho? de? cana, ? e, ? depois, ? a? mineração? de? ouro? e? diamantes? que? envolviam? o? domínio? de? novas?tecnologias. No plano ideológico (PI) - o relativo às formas de comunicação, ao saber, às crenças, à criação artística e à autoimagem étnica (p.75). Se fundam nas seguintes bases: Os elementos da cultura das comunidades neobrasileiras se plasma(modela): - Relativo às formas de comunicação, ao saber, as crenças, a criação artística e a autoimagem étnica. - A difusão da Língua portuguesa que se difunde lentamente, século após século, até converter-se no veículo único de comunicação das comunidades brasileiras entre si e delas com a metrópole; O produto real do processo de colonização já era, naquela altura, a formação do povo brasileiro, a mestiçagem que nos caracteriza. Projeto Pombalino Na história das relações étnico-racial no Brasil houve também projetos para a educação escolar indígena, um deles foi o projeto pombalino. Para ler na íntegra acesse � Séc. XVIII – Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, no Pará e Maranhão, escreveu um Diretório em 1757, transformado em lei em 1758 Objetivo: • integrar os índios à sociedade colonial por meio da língua portuguesa, sendo esta obrigatória e o guarani sendo proibido. • Buscava a extinção das diferenças entre índios e brancos, através da homogeneização cultural. • Estimulava o casamento misto, sendo que os filhos desse casamento seriam os mais aptos à assumir as aldeias indígenas e transformá-las em vilas e lugares portugueses. • Proibia o termo “negros da terra” para os índios • 1770: escola de educação da população indígena da Aldeia do Anjos em Rio Grande de São Pedro. • Segundo o projeto: 1. o uso do idioma nativo reforça os costumes tribais; 2. a adoção do idioma civilizado estimula os costumes civilizados; 3. imposição da “língua do príncipe” sujeita o povo conquistado à se reconhecer como colônia de Portugal; 4. transformar indígenas em vassalos iguais aos demais colonos. Anteriormente à lei se usava a língua geral, uma língua que misturava o tupi-guarani com traços regionais, um dialeto colonial. Essa língua era vista por Portugal como algo “diabólico” para se permanecer na “barbárie” que gerava uma “total ruína espiritual”. Além de idiomas indígenas, vigoravam também línguas africanos entre escravos e descendentes. A necessidade de ter contingente falando em português também tinha como função a defesa das fronteiras das terras portuguesas e espanholas. Naquele período a noção de "raça" era para os portugueses a combinação entre a ancestralidade e a crença religiosa, não estava vinculada à característica fenotípicas. Com a presença dos africanos escravizados, se agregou a esse conceito de “raça” o fenótipo para definir a hierarquia racial. A partir disso, é possível compreender o porquê é tão complicada a caracterização racial no Brasil, pois existem vários referenciais que se combinam, não é apenas uma questão de cor de pela ou fenotipos, tem relações de ancestralidade e religiosidade envolvidos. O projeto encontrou resistência por ser uma política agressiva contra os indígenas. No entanto a escola indígena no império existiu até 1880 e tinha a seguinte organização. • Colégio para os meninos (tipo internato) e recolhimento para as meninas (estilo e vida conventual) entre 6 e 12 anos. • Regras rigorosas de horário, higiene pessoal, orações, prendas domésticas (só para as meninas), argumentação e língua portuguesa (só para os meninos). • Proibição da língua Guarani, visitas controladas e vigiadas. • Os índios mais velhos não sabiam falar o portuguêso que dificultava o contato entre internos e as aldeias. • Após aprenderem a ler, escrever, falar e rezar deveriam deixar a escola, ensino diferenciado e pouco aprofundado em relação as demais escolas. • Índios, filhos de chefes, foram enviados às capitais para aprender ofícios e ciências a fim de fazer a integração dos índios à sociedade colonial. • Apesar do projeto de cooptação, as lideranças indígenas mantinham sua autonomia e representavam os interesses indígenas de se oporem aos projetos coloniais que não consideravam vantajosos. Para não diminuir o contingente de falantes de português em território do Império e perder terras para a Espanha, os portugueses faziam a política de “bom tratamento”. No mais precisavam manter contato com as lideranças indígenas para propor qualquer nova mudança. O mesmo ocorreu em terras espanholas, obrigando os índios a falarem o castelhano. As meninas educadas no recolhimento poderiam receber propostas de casamento para miscigenação social, elas saiam do recolhimento com um dote do governo e com o seu próprio enxoval já confeccionado nos anos de reclusão. Em 1800 encerra-se o funcionamento das escolas indígenas e a imposição da língua portuguesa parece não ter tido muito sucesso. A permanência de costumes indígenas entre os aldeãos era visível apesar de modificações. A permanência do guarani nas aldeias mostra a forte relação com a identidade, história e memória coletiva indígena, mesmo que essa língua geral adquirisse novas características devido ao contato com espanhol e português. A língua não é elemento fundamental para formar a comunidade, mas ela mantêm a coesão entre os falantes dessa comunidade. Os grupos étnicos não existem sem o contato com outros grupos, é na diferenciação que se percebe a hierarquização das relações interétnicas. O contato potencializou as particularidades e a língua era um marco de diferenciação e de identidade, construindo uma maior conscientização das especificidades da cultura indígena entre os índios. Referências BRASIL. MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Projeto CNE/UNESCO 914BRA1136.3 – Desenvolvimento, Aprimoramento e Consolidação de uma Educação Nacional de Qualidade: Ensino de História e Cultura dos Povos Indígenas. Brasília, MEC, março de 2013.! RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. (Texto 4: O processo civilizatório, p. 64-77). � GARCIA, Elisa Frühauf. O projeto pombalino de imposição da língua portuguesa aos índios e a sua aplicação na América meridional. Tempo [online]. 2007, vol.12, n.23, p. 23-38. (Texto 5) � Exercício comentado: Exercício 1 Exercício comentado: De acordo com a leitura do texto, ao avaliar o forte impacto na área de História das modificações à Lei 9.394/96 (LDB) pelas Leis 10.639/03 e 11.645/08, bem como as decisões legais contra a discriminação e preconceito, o próprio Guia do Livro Didático/PNLD (2010: 16) para a área de História, coincidindo com a pesquisa anterior de Gobbi (op.cit.) e o estudo de caso de Borges (op.cit.), constata diversos problemas em vários níveis para a inclusão dos conteúdos referentes à temática indígena, entre eles podemos destacar: Assinale V (verdadeiro) e F (falso) 1. ocorrência de tratamento não histórico na abordagem dos direitos fundamentais da pessoa humana, o que dificulta a percepção do significado das lutas pela instituição e reconhecimento de direitos desses grupos; [ ] 2. a naturalização da escravidão e a participação dos negros identif icada exclusivamente a essa instituição; [ ] 3. a manifestação de preconceitos pela ausência de elementos que permitam a identificação e a compreensão histórica de situações de conflitos, de desigualdades, de dominação e de movimentos de lutas e resistência; ou, ainda, da desconsideração da heterogeneidade em ambos os grupos – indígenas e afrodescendentes – aparecendo enquanto povos ún icos, não tendo suas diversidades étnico-culturais reconhecidas. [ ] 4. Os livros didáticos contemplam as diversidades étnico-culturais. [ ] É correto apenas o que se afirma em: a) FFVV b) FFFV c) VVVF d) VFVF e) VVFF Comentário: Alternativa correta C Todas as alternativas, exceto o item IV que contradiz todas as anteriores, constatam problemas na inclusão de conteúdos p referentes à temática indígena. Observamos também a continuidade do uso de expressões como ‘primitivos’. O que a autora identifica como uma reprodução dos pressupostos evolucionistas e etnocêntricos totalmente ultrapassados, a ideia de que as populações indígenas foram – e são – entraves ao d e s e n v o l v i m e n t o e c o n ô m i c o p o s s u i u m a contemporaneidade indiscutível e extrapolam amplamente o espaço escolar, estando presentes não apenas no livro didático, mas também na sociedade e nos meios de comunicação de massa. Exercício 2 Dois estilos de colonização se inauguraram no norte e no sul do Novo Mundo. Lá, o gótico altivo de frias gentes nórdicas. Para eles, o índio era um detalhe, sujava a paisagem, que, para se europeizar, deveria livrar-se deles. Cá, o barroco das gentes ibéricas, mestiçadas, que se mesclavam com os índios. Um, a tolerância soberba e orgulhosa dos que se sabem diferentes. Outro, a tolerância opressiva de quem quer conviver reinando sobre os corpos e as almas dos cativos. A Colonização é um processo de dominação econômica, política e/ou cultural de um grupo por outro. Darcy Ribeiro. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995 (p.69 com adaptações) Segundo essa passagem descrita acima é possível perceber que: a) Toda a diferença é intolerável. b) Toda a diferença é acolhida. c) O Barroco brasileiro fortaleceu-se no que tinha de mais genuíno: a arte indígena. d) O contraste entre a figura do índio e o jesuíta. e) Não existia problema ter indígenas no Brasil. Comentário: Alternativa correta A Darcy Ribeiro cita que reconstituir esse processo, entendê-lo em toda a sua complexidade, é o objetivo do livro. O autor sinaliza para a impossibilidade. Impossível? porque? só? temos? o? testemunho? de? um? dos? protagonistas,? o?invasor. Ele é que nos fala suas façanhas. É ele, também, quem relata o que? sucedeu?aos?índios?e?aos?negros,?raramente?lhes? dando a palavra de?registro?de?suas?próprias?falas.? O? que? a? documentação? copiosíssima? nos? conta? é? a? versão? do?dominador.? Lendo-a? criticamente,? é? que? me? esforçarei? para? alcançar a necessária compreensão dessa desventurada aventura. Assim, para o dominador,? os? índios? eram? um? gado? humano,? cuja? natureza,?mais? próxima? de? bicho? que? de? gente,? só? os? recomendava? à?escravidão(pag.53). A colonização do Brasil se fez com esforço persistente, teimoso, de implantar aqui uma europeidade adaptada nesses trópicos e encarnada nessas mestiçagens. Mas esbarrou, sempre, com a resistência birrenta da natureza e com os caprichos da historia, que nos fez a nos mesmos, apesar daqueles designos, tal qual somos, tão opostos a branquitudes e civil idades, tão interiorizadamente deseuropeus como desíndios e desafros (pág 70). Referencia: RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. (Texto 4: O processo civilizatório, p. 64-77). Módulo 3 - Educação escolar Quilombola e Ensino de história e Cultura Afro-brasileira Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. As comunidades quilombolas, assim como as etnias indígenas, devem ser respeitadas nas suas diversidades e devem teros direitos de educação garantidos pelo Estado, para tanto foi elaborada a Resolução nº 8 de 20 de Novembro de 2012 estalebece que a Educação escolar quilombola deve seguir as seguintes diretrizes Art. 1º Ficam estabelecidas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica, na forma desta Resolução. § 1º A Educação Escolar Quilombola na Educação Básica: I - organiza precipuamente o ensino ministrado nas instituições educacionais fundamentando-se, informando-se e alimentando- se: a) da memória coletiva; b) das línguas reminiscentes; c) dos marcos civilizatórios; d) das práticas culturais; e) das tecnologias e formas de produção do trabalho; f) dos acervos e repertórios orais; g) dos festejos, usos, tradições e demais elementos que conformam o patrimônio cultural das comunidades quilombolas de todo o país; h) da territorialidade. II - compreende a Educação Básica em suas etapas e modalidades, a saber: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação do Campo, Educação Especial, Educação Profissional Técnica de Nível Médio, Educação de Jovens e Adultos, inclusive na Educação a Distância; III - destina-se ao atendimento das populações quilombolas rurais e urbanas em suas mais variadas formas de produção cultural, social, política e econômica; IV - deve ser ofertada por estabelecimentos de ensino localizados em comunidades reconhecidas pelos órgãos públicos responsáveis como quilombolas, rurais e urbanas, bem como por estabelecimentos de ensino próximos a essas comunidades e que recebem parte significativa dos estudantes oriundos dos territórios quilombolas; V - deve garantir aos estudantes o direito de se apropriar dos conhecimentos tradicionais e das suas formas de produção de modo a contribuir para o seu reconhecimento, valorização e continuidade; VI - deve ser implementada como política pública educacional e estabelecer interface com a política já existente para os povos do campo e indígenas, reconhecidos os seus pontos de intersecção política, histórica, social, educacional e econômica, sem perder a especificidade. Art. 2º Cabe à União, aos Estados, aos Municípios e aos sistemas de ensino garantir: I) apoio técnico-pedagógico aos estudantes, professores e gestores em atuação nas escolas quilombolas; II) recursos didáticos, pedagógicos, tecnológicos, culturais e literários que atendam às especificidades das comunidades quilombolas; c) a construção de propostas de Educação Escolar Quilombola contextualizadas. Art. 3º Entende-se por quilombos: I - os grupos étnico-raciais definidos por auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica; II - comunidades rurais e urbanas que: a) lutam historicamente pelo direito à terra e ao território o qual diz respeito não somente à propriedade da terra, mas a todos os elementos que fazem parte de seus usos, costumes e tradições; b) possuem os recursos ambientais necessários à sua manutenção e às reminiscências históricas que permitam perpetuar sua memória. III - comunidades rurais e urbanas que compartilham trajetórias comuns, possuem laços de pertencimento, tradição cultural de valorização dos antepassados calcada numa história identitária comum, entre outros. Art. 4º Observado o disposto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais, promulgada pelo Decreto nº 5.051, de 19 de abril de 2004, e no Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, os quilombolas entendidos como povos ou comunidades tradicionais, são: I - grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais; II - possuidores de formas próprias de organização social; III - detentores de conhecimentos, tecnologias, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição; IV - ocupantes e usuários de territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica. Diante dessa resolução percebe-se a intenção de reconhecimento e valorização da diversidade cultural existente no país, e que a escola que atende a comunidade esteja contextualizada e respeite não só os direitos, como também a história, a língua e as tradições da comunidade estabelecendo diálogos entre as várias culturas. No mais, a comunicação entre o ensino na escola quilombola e as escolas e comunidades não quilombolas é essencial para compreendermos a história, cultura e patrimônio afro-brasileiro. A escola tem como princípio respeito e reconhecimento dos quilombos, o direito à educação e ao desenvolvimento, bem como os direitos humanos, a superação do racismo, garantia de participação na sociedade e a inserção da realidade quilombola em todo material didático-pedagógico. O calendário escolar das escolas quilombolas deve respeitar o ritmo de vida da comunidade bem como suas datas comemorativas. A escola também deve garantir alimentação de qualidade respeitando os hábitos alimentares de cada comunidade. A inserção das crianças de zero a 3 nos é opcional, para as crianças de 4 e 5 anos o estado é obrigado a oferecer o ensino de qualidade respeitando e dialogando com pais, avós, professores e líderes comunitários, envolvendo assim a comunidade no processo de escolarização de suas crianças. Cabe ao Ministério da Educação a manutenção e distribuição de material didático adequado. O ensino fundamental também é obrigação do estado e um direito da comunidade e deve dar continuidade a valorização da cultura local em articulação com diferentes conhecimentos e contextos sociais. O Ensino Médio deve dar continuidade ao processo educativo e preparar o aluno para o trabalho e a cidadania de modo a ser capaz de se adaptar a novas condições de ocupação. A escola quilombola deve estar sempre em diálogo e em colaboração com o sistema de ensino nacional. Art. 32 O projeto político-pedagógico da Educação Escolar Quilombola deverá estar intrinsecamente relacionado com a realidade histórica, regional, política, sociocultural e econômica das comunidades quilombolas. § 1º A construção do projeto político-pedagógico deverá pautar-se na realização de diagnóstico da realidade da comunidade quilombola e seu entorno, num processo dialógico que envolva as pessoas da comunidade, as lideranças e as diversas organizações existentes no território. § 2º Na realização do diagnóstico e na análise dos dados colhidos sobre a realidade quilombola e seu entorno, o projeto político-pedagógico deverá considerar: I - os conhecimentos tradicionais, a oralidade, a ancestralidade, a estética, as formas de trabalho, as tecnologias e a história de cada comunidade quilombola; II - as formas por meio das quais as comunidades quilombolas vivenciam os seus processos educativos cotidianos em articulação com os conhecimentos escolares e demais conhecimentos produzidos pela sociedade mais ampla. § 3º A questão da territorialidade, associada ao etnodesenvolvimento e à sustentabilidade socioambiental e cultural das comunidades quilombolas deverá orientar todo o processo educativo definido no projeto político-pedagógico. Art. 33 O projeto político-pedagógico da Educação Escolar Quilombola deve incluir o conhecimento dos processos e hábitos alimentares das comunidades quilombolas por meio de troca e aprendizagem com os próprios moradores e lideranças locais. Para conhecer mais e tirar dúvidas quanto ao funcionamento das escolas quilombolas leia a resolução na íntegra acessando o documento a seguir: � Ensino de história e cultura afro-brasileira O parecer nº003/2004 do Conselho Nacional de Educação (CNE)fala das diretrizes para a inclusão de História e Cultura Afro-brasileira e Africana na educação nacional. O parecer visa: • visa regulamentar a alteração trazida pela Lei 10.639/200, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica. • assegurar o direito à igualdade de condições de vida e de cidadania • garantem igual direito às histórias e culturas que compõem a nação brasileira, além do direito de acesso às diferentes fontes da cultura nacional a todos brasileiros. ?Aos mesmos objetivos juntam-se Constituições Estaduais, Leis Orgânicas, Leis Municipais e o Estatuto da Criança e do Adolescente. O público alvo desse documento são administradores, mantenedoras, estabelecimentos de ensino, professores, famílias e estudantes e a todos os cidadãos comprometidos com a educação dos brasileiros. A intenção é buscarem orientações no que diz respeito às relações étnico-raciais, ao reconhecimento e valorização da história e cultura dos afro- brasileiros, à diversidade da nação brasileira, ao igual direito à educação de qualidade. O objetivo é garantir odireito dos negros se reconhecerem na cultura nacional, expressarem visões de mundo próprias, manifestarem com autonomia, individual e coletiva, seus pensamentos; bem como o direito dos negros, assim como de todos cidadãos brasileiros, cursarem cada um dos níveis de ensino, em escolas devidamente instaladas e equipadas, orientados por professores qualificados para o ensino das diferentes áreas de conhecimentos. Existe uma demanda da população afro-descendente por políticas públicas e de reparação e de ações afirmativas para reconhecer e valorizar a história a cultura e a identidade afro- brasileira. O Parecer é uma política curricular de combate ao racismo e à discriminação que atinge principalmente aos negros. No mais, propõe divulgar e produzir conhecimento, formar atitudes, posturas e valores que eduquem os cidadãos orgulhosos de suas origens étnicas e para interagirem na construção de uma sociedade democrática. A introdução da temática é vista como uma política de reparação visto que o Estado e a sociedade devem tomar medidas para ressarcir os descendentes de africanos negros, dos danos psicológicos, materiais, sociais, políticos e educacionais sofridos sob o regime escravista, bem como em virtude das políticas explícitas ou tácitas de branqueamento da população, de manutenção de privilégios exclusivos para grupos com poder de governar e de influir na formulação de políticas, no pós-abolição. Visa também a que tais medidas se concretizem em iniciativas de combate ao racismo e a todo tipo de discriminação. Cabe ao Estado promover e incentivar políticas de reparações, no que cumpre ao disposto na Constituição Federal, Art. 205. O sistema meritocrático agrava a desigualdade e gera injustiça, sendo um critério de exclusão preconceituoso e de manutenção dos privilégios. Políticas de reconhecimento se refere a uma: • mudanças nos discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras; • desconstrução do mito da democracia racial na sociedade brasileira; mito este que difunde a crença de que, se os negros não atingem os mesmos patamares que os não negros, é por falta de competência ou de interesse, desconsiderando as desigualdades seculares que a estrutura social hierárquica cria com prejuízos para os negros. • Adoção de políticas educacionais e de estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, a fim de superar a desigualdade étnico-racial presente na educação escolar brasileira, nos diferentes níveis de ensino. ?Segundo o parecer, reconhecer é: • questionar relações étnico-raciais baseadas em preconceitos que desqualificam os negros e salientam estereótipos depreciativos, palavras e atitudes que, velada ou explicitamente violentas, expressam sentimentos de superioridade em relação aos negros, próprios de uma sociedade hierárquica e desigual; • valorizar, divulgar e respeitar os processos históricos de resistência negra desencadeados pelos africanos escravizados no Brasil e por seus descendentes na contemporaneidade, desde as formas individuais até as coletivas; • ser sensível ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificação: apelidos depreciativos, brincadeiras, piadas de mau gosto sugerindo incapacidade, ridicularizando seus traços físicos, a textura de seus cabelos, fazendo pouco das religiões de raiz africana. • buscar, compreender seus valores e lutas; • exigir a valorização e respeito às pessoas negras, à sua descendência africana, sua cultura e história; • criar condições para que os estudantes negros não sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele, menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos, não sejam desencorajados de prosseguir estudos, de estudar questões que dizem respeito à comunidade negra; • exigir que os estabelecimentos de ensino, frequentados em sua maioria por população negra, contenham instalações e equipamentos sólidos, atualizados, com professores competentes no domínio dos conteúdos de ensino, comprometidos com a educação de negros e brancos, no sentido de que venham a relacionar-se com respeito, sendo capazes de corrigir posturas, atitudes e palavras que impliquem desrespeito e discriminação. ? E por Ações Afirmativas entende-se: • Ações políticas de reparação e reconhecimento dirigidas à correção de desigualdades raciais e sociais, correção de desvantagens e marginalização criadas e mantidas por uma estrutura discriminatória. • Ações afirmativas estão atreladas a um movimento mundial de Direitos Humanos e de combate ao racismo e discriminação. • Inclusão de História e Cultura dos afro-brasileiros é uma das ações afirmativas. O sucesso das políticas públicas depende da reeducação das relações entre brancos e negros, as relações étnico-raciais, e do trabalho conjunto entre processo educativo escolar, políticas públicas e movimentos sociais. A diferença entre "raça" e relações étnico-raciais, segundo Petronilha Beatriz Silva, relatora do parecer se é: • Aqui se entende por “raça” a relação social forjada nas tensas relações entre brancos e negros, simuladas como harmoniosas. • O conceito biológico de “raça” do século XVIII já foi superado. • O termo “raça” na sociedade brasileira se refere a características físicas como cor de pele, tipo de cabelo, traços fisionómicos, etc. • Dentro dos movimentos sociais tem um sentido político de valorização do legado africano. • “Étnico-racial” se refere às relações tensas devido a cor de pele e traços fisionômicos oriundos da raiz cultural africana que difere dos valores e princípios de origem indígena, asiática e europeia. • No Brasil existe um padrão estético e cultural branco europeu que ignora, ou pouco valoriza, as outras estéticas - indígenas, africanas e asiáticas. ? Se não é fácil ser descendente de seres humanos escravizados e forçados à condição de objetos utilitários ou a semoventes, também é difícil descobrir-se descendente dos escravizadores, temer, embora veladamente, revanche dos que, por cinco séculos, têm sido desprezados e massacrados. Para reeducar as relações étnico-raciais, no Brasil, é necessário fazer emergir as dores e medos que têm sido gerados. É preciso entender que o sucesso de uns tem o preço da marginalização e da desigualdade impostas a outros. E então decidir que sociedade queremos construir daqui para frente. Os descendentes dos mercadores e dos senhores de ontem, não têm, hoje, de assumir culpa pelas desumanidades provocadas por seus antepassados. No entanto, têm eles a responsabilidade moral e política de combater o racismo, as discriminações
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