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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 1 1. Análise de Fourier Série, Integral e Transformada de Fourier Prof. Mateus Gomes mateus.gomes@ifpr.edu.br 2015 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 2 Sumário Análise de Fourier – Série, Integral e Transformada de Fourier 1.1. Introdução ...................................................................................................... 3 1.2. Função par, ímpar e periódica ....................................................................... 4 1.3. Séries de Fourier ............................................................................................ 7 1.4. Fórmulas de Euler ........................................................................................ 10 1.5. Extensão periódica de uma função .............................................................. 13 1.6. Expansão em série de Fourier: meia expansão e um quarto de expansão.. 15 1.7. Integral de Fourier ........................................................................................ 17 1.8. Transformada de Fourier .............................................................................. 23 1.9. Propriedades das transformadas de Fourier ................................................ 26 1.10. Convolução ............................................................................................... 27 1.11. Tabela das transformadas de Fourier ....................................................... 28 1.12. Referências ............................................................................................... 29 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 3 1. Análise de Fourier: Série, Integral e Transformada de Fourier 1.1. Introdução A análise de Fourier relaciona-se aos fenômenos periódicos que ocorrem com bastante frequência em engenharia e outras aplicações – considere, por exemplo, as peças rotativas de máquinas, as correntes elétricas alternadas ou o movimento dos planetas. As funções periódicas relacionadas a esses fenômenos podem ser complicadas. Tal situação impõe a importante tarefa prática de representar essas funções complicadas por meio de funções periódicas simples, a saber, senos e cossenos. Essas representações serão as séries infinitas, chamadas de Séries de Fourier. As séries de Fourier são séries infinitas concebidas para representar funções periódicas gerais em termos de funções simples, a saber, de senos e cossenos. Elas constituem uma ferramenta muito importante, especialmente na solução de problemas envolvendo EDOs e EDPs.A teoria das séries de Fourier é complicada, embora veremos que a aplicação destas séries é um tanto simples. As séries de Fourier são, num certo sentido, mais universais que as conhecidas séries de Taylor do cálculo, porque muitas funções periódicas descontinuas de interesse prático podem ser desenvolvidas em séries de Fourier, porém naturalmente, não tem representações em séries de Taylor. As ideias subjacentes as séries de fourier podem também ser estendidas a fenômenos não periódicos. Isso leva às integrais e transformadas de fourier. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 4 1.2. Função par, ímpar e periódica Devido ao fato das séries de Fourier compreender as funções seno e cosseno é necessário relembrar alguns conceitos básicos de funções quanto a paridade e periodicidade. Função par: Para qualquer x do seu domínio: - O domínio é simétrico em relação à origem; - O gráfico é simétrico em relação ao eixo y; Exemplo: 𝑓 (𝑥) = 𝑥2 Função Impar: Para qualquer x do seu domínio: Xxxfxf - O seu domínio é simétrico em relação á origem; - O seu gráfico é simétrico em relação à origem; Xxxfxf Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 5 Exemplo: 𝑓 (𝑥) = 𝑥3 Função periódica: Uma função f será periódica se existir um número real 0p tal que quando x estiver no domínio de f, então px estará também no domínio de f e xfpxf . O menor número real positivo p é chamado de período de f. O período fundamental é o menor período que a função pode ter. Exemplo: 𝑓 (𝑥) = 𝑠𝑒𝑛 (𝑥) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 6 Operações com funções par e ímpar Par + par = par Par x par = par Ímpar + ímpar = ímpar Ímpar x ímpar = par Ímpar x par = impar Adicionalmente duas propriedades da integração de funções serão úteis. Suponha que f é continua em . a) Se f for par xfxf então: aa a dxxfdxxf 0 2 b) Se f for ímpar xfxf então: 0 a a dxxf Exercício: Demonstrar as propriedades (a) e (b) acima. Uma função pode ser escrita como uma combinação de função par e ímpar. 𝑓 (𝑥) = 𝑓 (𝑥) + 𝑓 (−𝑥) 2 + 𝑓 (𝑥) − 𝑓 (−𝑥) 2 𝑓 (𝑥) = 𝑓 𝑃𝐴𝑅(𝑥) + 𝑓 𝐼𝑀𝑃𝐴𝑅(𝑥) Observe que: 𝑓 𝐼𝑀𝑃𝐴𝑅(𝑥) = 𝑓 (−𝑥) − 𝑓 (𝑥) 2 = 𝑓 (𝑥) − 𝑓 (−𝑥) 2 = − 𝑓 𝐼𝑀𝑃𝐴𝑅(𝑥) E similarmente: 𝑓 𝑃𝐴𝑅(−𝑥) = 𝑓 𝑃𝐴𝑅(𝑥) ba, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 7 1.3. Séries de Fourier Inicialmente nosso problema consiste em representar várias funções 𝑓 (𝑥) de período 2𝜋 em termos das funções simples 1, cos 𝑥, 𝑠𝑒𝑛 𝑥, cos 2𝑥 , 𝑠𝑒𝑛 2𝑥, … . , cos 𝑛𝑥, 𝑠𝑒𝑛 𝑛𝑥, … . Todas essas funções têm o período 2𝜋, e constituem o chamado sistema trigonométrico. Uma forma de representar funções é através de polinômios utilizando a série de Taylor, por exemplo. Seja uma função 𝑓 (𝑥) infinitamente diferenciável no ponto x = a, então a série de Taylor é dada por: 𝑓 (𝑥) = ∑ 𝑓(𝑛)(𝑎) 𝑛! (𝑥 − 𝑎)𝑛 ∞ 𝑛=0 (1) Similarmente podemos representaruma função em séries trigonométricas. 𝑓 (𝑥) = 𝑎0 + ∑ (𝑎𝑛 cos ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝑙 ) + 𝑏𝑛 sen ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝑙 )) ∞ 𝑛=1 (2) A série acima é chamada de Série de Fourier , onde: 𝑎0, 𝑎𝑛, 𝑏𝑛 são coeficientes da série. Podemos notar que (2) é uma função periódica com período fundamental1 2 𝑙. Para verificar isso, observe que (2) é uma combinação linear de 1, cos(𝜋 𝑥 𝑙⁄ ) , sen(𝜋 𝑥 𝑙⁄ ), cos(2𝜋 𝑥 𝑙⁄ ) , sen(2𝜋 𝑥 𝑙⁄ ), e assim por diante e essas funções são periódicas com os seguintes períodos: 1 Período fundamental é o menor período (comum) da função. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 8 n 1 Arbitrário 1 cos ( 𝜋 𝑥 𝑙 ) 𝑒 sen ( 𝜋 𝑥 𝑙 ) 2𝑙, 4𝑙, 6𝑙, 8𝑙, … … 2 cos ( 2 𝜋 𝑥 𝑙 ) 𝑒 sen ( 2 𝜋 𝑥 𝑙 ) 𝑙, 2𝑙, 3𝑙, 4𝑙, … … 3 cos ( 3 𝜋 𝑥 𝑙 ) 𝑒 sen ( 3 𝜋 𝑥 𝑙 ) 2𝑙 3 , 4𝑙 3 , 2𝑙, 8𝑙 3 Os coeficientes da série de Fourier são dados pelas Fórmulas de Euler. 𝑎0 = 1 2𝑙 ∫ 𝑓 (𝑥) 𝑙 −𝑙 𝑑𝑥 (3) 𝑎𝑛 = 1 𝑙 ∫ 𝑓 (𝑥) cos ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝑙 ) 𝑙 −𝑙 𝑑𝑥 ; 𝑛 = 1,2,3, … .. (4) 𝑏𝑛 = 1 𝑙 ∫ 𝑓 (𝑥) sen ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝑙 ) 𝑙 −𝑙 𝑑𝑥 ; 𝑛 = 1,2,3, … .. (5) É importante destacar que 𝑎0 é o valor médio da função Na próxima seção essas fórmulas serão tratadas em detalhes. Para a série de Fourier, Eq. (2), representar uma função é necessário que série convirja, e precisamos que a soma da função seja a função original 𝑓 (𝑥). Vários teoremas estão disponíveis com as condições suficientes para uma função poder ser representada por série de Fourier. A seguir mostraremos um que aborda a grande maioria dos casos. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 9 Teorema: Teorema da convergência de Fourier Seja 𝑓 com período 2𝑙, e seja 𝑓 e 𝑓′ seccionalmente continua em [−𝑙, 𝑙]. Então a série de Fourier converge para 𝑓 (𝑥) quando for continua, e para o valor médio [𝑓(𝑥+) + 𝑓(𝑥−)] 2⁄ (a média dos limites à esquerda e a direita) quando em todo ponto x de f é descontinuo. Exemplos 1. Onda quadrada Considere a “onda quadrada” 𝑓 mostrada na Fig. abaixo, onde 𝑓(𝑥) é definida como 2 em 𝑥 = 0, ±𝜋, ±2𝜋, … ... Represente essa função em série de fourier. 2. Represente em série de Fourier a função do gráfico apresentado abaixo. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 10 1.4. Fórmulas de Euler Agora vamos ver de onde surgem as fórmulas de Euler. Assumindo que uma função 𝑓 de período 2𝑙 pode ser representada em série de Fourier na seguinte forma: 𝑓 (𝑥) = 𝑎0 + ∑ (𝑎𝑛 cos ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝑙 ) + 𝑏𝑛 sen ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝑙 )) ∞ 𝑛=1 (6) Nosso objetivo é calcular 𝑎0, 𝑎𝑛, 𝑏𝑛, e, portanto precisamos lembrar das seguintes integrais elementares: ∫ cos ( 𝑚𝑥𝜋 𝑙 ) cos ( 𝑛𝑥𝜋 𝑙 ) 𝑙 −𝑙 𝑑𝑥 = { 0 , 𝑚 ≠ 𝑛 𝑙 , 𝑚 = 𝑛 ≠ 0 2𝑙 𝑚 = 𝑛 = 0 (7) ∫ 𝑠𝑒𝑛 ( 𝑚𝑥𝜋 𝑙 ) 𝑠𝑒𝑛 ( 𝑛𝑥𝜋 𝑙 ) 𝑑𝑥 = { 0 , 𝑚 ≠ 𝑛 𝑙 , 𝑚 = 𝑛 ≠ 0 𝑙 −𝑙 (8) ∫ cos ( 𝑚𝑥𝜋 𝑙 ) sen ( 𝑛𝑥𝜋 𝑙 ) 𝑙 −𝑙 𝑑𝑥 = 0 ∀ 𝑚, 𝑛 (9) m e n são inteiros. Exercício: Resolver as integrais 7, 8 e 9. Vamos resolver a Eq. (6) para 𝑎2, por exemplo. Para isso multiplicamos ambos os lados da Eq. (6) por cos(2𝜋𝑥 𝑙⁄ ) e integramos ao longo de um período. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 11 ∫ 𝑓 (𝑥) cos ( 2 𝜋 𝑥 𝑙 ) 𝑙 −𝑙 𝑑𝑥 = ∫ [𝑎0 + ∑ (𝑎𝑛 cos ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝑙 ) + 𝑏𝑛 sen ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝑙 )) ∞ 𝑛=1 ] 𝑙 −𝑙 cos ( 2 𝜋 𝑥 𝑙 ) 𝑑𝑥 = 𝑎0 ∫ cos ( 2𝜋𝑥 𝑙 ) 𝑙 −𝑙 𝑑𝑥 + 𝑎1 ∫ cos ( 𝜋𝑥 𝑙 ) 𝑙 −𝑙 cos ( 2𝜋𝑥 𝑙 ) 𝑑𝑥 + 𝑏1 ∫ 𝑠𝑒𝑛 ( 𝜋𝑥 𝑙 ) cos ( 2𝜋𝑥 𝑙 ) 𝑑𝑥 + 𝑙 −𝑙 𝑎2 ∫ cos ( 2𝜋𝑥 𝑙 ) 𝑙 −𝑙 cos ( 2𝜋𝑥 𝑙 ) 𝑑𝑥 + 𝑏2 ∫ 𝑠𝑒𝑛 ( 2𝜋𝑥 𝑙 ) cos ( 2𝜋𝑥 𝑙 ) 𝑑𝑥 + 𝑎3 ∫ cos ( 3𝜋𝑥 𝑙 ) 𝑙 −𝑙 cos ( 2𝜋𝑥 𝑙 ) 𝑑𝑥 𝑙 −𝑙 + ⋯. = 0 + 0 + 0 + 𝑎2𝑙 + 0 + 0 + ⋯. = 𝑎2𝑙 Portanto 𝑎2 = 1 𝑙 ∫ 𝑓 (𝑥) cos ( 2 𝜋 𝑥 𝑙 ) 𝑙 −𝑙 𝑑𝑥 (10) O que pode ser estendido para: 𝑎𝑛 = 1 𝑙 ∫ 𝑓 (𝑥) cos ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝑙 ) 𝑙 −𝑙 𝑑𝑥 ; 𝑛 = 1,2,3, … .. (11) Para encontrar 𝑏𝑛 o procedimento é análogo, entretanto multiplicamos ambos os lados da Eq. (6) por sen(2𝜋𝑥 𝑙⁄ ) e integramos ao longo de um período. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 12 Exercício: Encontrar 𝑎0. Exercício: Encontrar 𝑏𝑛. Exemplos de aplicação da Série de Fourier 1. Oscilador harmônico forçado Considere o oscilador mecânico da figura abaixo e governado pela seguinte equação diferencial: 𝑚 𝑥′′ + 𝑐 𝑥′ + 𝑘𝑥 = 𝐹 (𝑡) (12) Onde 𝑚 , 𝑐 , 𝑘 são a massa, coeficiente de amortecimento e rigidez da mola, respectivamente. Considere 𝑚 = 1 𝑘𝑔, 𝑐 = 0,04 𝑘𝑔/𝑠 e 𝑘 = 15 𝑘𝑔/𝑠2 e considere 𝐹 (𝑡), em newtons, mostrada na figura a seguir. F consiste de uma sequencia interminável de pulsos. Assim expanda F em série de fourier de modo a possibilitar resolução por completo da equação diferencial. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 13 2. Viga infinita num solo elástico Considere uma viga longa infinitamente sobre uma solo elástic0, apresentada na figura abaixo. A constante k é chamada de módulo de fundação (isto é, a rigidez da mola por unidade comprimento) e a onda quadrada 𝑤 (𝑥) é o carregamento periódico prescrito ( força por unidade de comprimento). Desejamos determinar a deflexão vertical 𝑢 (𝑥) . 1.5. Extensão periódica de uma função Ao estudar equações diferenciais parciais muitas vezes necessitamos extender o domínio de uma função 2l – periódica que está definida apenas sobre o meio intervalo [0, 𝑙] ao intervalo completo [−𝑙, 𝑙] para nos beneficiarmos da simetria da função no intervalo simétrico. A idéia é extender o domínio da função 𝑓 =𝑓(𝑥) que é [0, 𝑙] a todo intervalo [−𝑙, 𝑙] de modo que a extensão 𝑓𝑐 seja uma função par ou impar e então construir a série de Fourier da extensão. Vamos supor que o domínio de 𝑓 = 𝑓(𝑥) seja [0, 𝜋] e além disso 𝑓 (𝑥) = ∑ 𝐴𝑛 cos(𝑛𝑥) ∞ 𝑛=0 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 14 Devemos extender esta função 𝑓 = 𝑓(𝑥) a todo intervalo simétrico [−𝜋, 𝜋] de modo que a extensão seja uma função par, pois a função dada esta desenvolvida em série de cossenos. A extensão par pode ser definida por: 𝑓2(𝑥) = { 𝑓 (−𝑥) 𝑠𝑒 − 𝜋 ≤ 𝑥 < 0 𝑓 (𝑥) 𝑠𝑒 0 ≤ 𝑥 ≤ 𝜋 Observamos que a extensão 𝑓2 coincide com a função f sobre o intervalo [0, 𝜋]. Suponhamos agora que o domínio de 𝑓 = 𝑓(𝑥) seja [0, 𝜋] e além disso 𝑓 (𝑥) = ∑ 𝐵𝑛 sen(𝑛𝑥) ∞ 𝑛=1 Devemos extender esta função 𝑓 = 𝑓(𝑥) a todo intervalo simétrico [−𝜋, 𝜋] de modo que a extensão seja uma função ímpar, pois a função dada está desenvolvida em série de senos. A extensão ímpar pode ser definida por: 𝑓1(𝑥) = { −𝑓 (−𝑥) 𝑠𝑒 − 𝜋 ≤ 𝑥 < 0 𝑓 (𝑥) 𝑠𝑒 0 ≤ 𝑥 ≤ 𝜋 A extensão 𝑓1 coincide com a função sobre o intervalo [0, 𝜋]. Pelas definições acima 𝑓1 = 𝑓1(𝑥) é uma extensão ímpar e 𝑓2 = 𝑓2(𝑥) é uma extensão par. Estas extensões são definidas e integráveis sobre o intervalo [−𝜋, 𝜋], coincidindo com 𝑓 = 𝑓(𝑥) sobre a “metade do intervalo”. Em resumo, quando a extensão for ímpar os coeficientes 𝑎𝑛 ficarão nulos e quando a extensão for par os coeficientes 𝑏𝑛 que ficarão nulos. Exemplos: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 15 1) a) Determine os coeficientes de Fourier correspondente à função 𝑓(𝑥) = { 0, −5 < 𝑥 < 0 3, 0 < 𝑥 < 5 com período igual a 10. b) Escreva a série de Fourier correspondente. c) Como deveríamos definir 𝑓(𝑥) em 𝑥 = −5, 𝑥 = 0 e 𝑥 = 5 a fim de que a série de Fourier convirja para 𝑓(𝑥) em −5 < 𝑥 < 5 ? 2) Desenvolva 𝑓 (𝑥) = 𝑥2, 0 < 𝑥 < 2𝜋 em série de Fourier, se o período é 2𝜋. 3) Desenvolva 𝑓 (𝑥) = 𝑠𝑒𝑛 (𝑥), 0 < 𝑥 < 𝜋 em série de Fourier de cossenos. 1.6. Expansão em série de Fourier: meia expansão e um quarto de expansão Meia expansão Cosseno Expansão em meio intervalo cosseno. 𝑓 (𝑥) = 𝑎0 + ∑ (𝑎𝑛 cos ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝐿 )) 0 < 𝑥 < 𝐿 ∞ 𝑛=1 (13) Onde: 𝑎0 = 1 𝐿 ∫ 𝑓 (𝑥) 𝐿 0 𝑑𝑥 (14) 𝑎𝑛 = 2 𝐿 ∫ 𝑓 (𝑥) cos ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝐿 ) 𝐿 0 𝑑𝑥 (15) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 16 Meia expansão seno Expansão em meio intervalo seno. 𝑓 (𝑥) = ∑ (𝑏𝑛 sen ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝐿 )) 0 < 𝑥 < 𝐿 ∞ 𝑛=1 (16) Onde: 𝑎𝑛 = 2 𝐿 ∫ 𝑓 (𝑥) sen ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝐿 ) 𝐿 0 𝑑𝑥 (17) Expansão quarto de cosseno 𝑓 (𝑥) = ∑ (𝑎𝑛 cos ( 𝑛 𝜋 𝑥 2𝐿 )) 0 < 𝑥 < 𝐿 ∞ 𝑛=1,3,.. (18) Onde: 𝑎𝑛 = 2 𝐿 ∫ 𝑓 (𝑥) cos ( 𝑛 𝜋 𝑥 2𝐿 ) 𝐿 0 𝑑𝑥 (19) Expansão quarto de Seno 𝑓 (𝑥) = ∑ (𝑏𝑛 sen ( 𝑛 𝜋 𝑥 2𝐿 )) 0 < 𝑥 < 𝐿 ∞ 𝑛=1,3,… (20) Onde: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 17 𝑎𝑛 = 2 𝐿 ∫ 𝑓 (𝑥) sen ( 𝑛 𝜋 𝑥 2𝐿 ) 𝐿 0 𝑑𝑥 (21) Exemplos: 1) Desenvolva 𝑓 (𝑥) = 𝑥, 0 < 𝑥 < 2 em semi-série de: a) Senos b) Cossenos 1.7. Integral de Fourier As séries de Fourier são ferramentas poderosas para se lidar com problemas envolvendo funções que sejam periódicas ou que tenham interesse apenas em intervalos finitos. Visto que, naturalmente, muitos problemas envolvem funções que não são periódicas e quem tem interesse sobre todo eixo x, perguntamo-nos o que podemos fazer para estender o método das séries de Fourier a tais funções. Esta ideia nos levará as integrais de Fourier. Até aqui consideramos a teoria e as aplicações do desenvolvimento de uma função 𝑓 (𝑥) de período 2L em uma série de Fourier. Uma pergunta que surge naturalmente é a seguinte: O que acontece quando 𝐿 → ∞? Veremos que em tal caso a série de fourier se torna uma integral de fourier. Inicialmente vamos verificar no exemplo abaixo (Onda retangular) o que acontece com a série de uma função de período 2L quando 𝐿 → ∞. Onda retangular Considere a onda retangular periódica 𝑓𝐿(𝑥) de período 2𝐿 > 2 dada por Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 18 𝑓𝐿 = { 0 𝑠𝑒 − 𝐿 < 𝑥 < −1 1 𝑠𝑒 − 1 < 𝑥 < 1 0 𝑠𝑒 1 < 𝑥 < 𝐿 A figura abaixo representa as formas de onda e espectros de amplitude para este problema. A parte da esquerda dessa figura mostra esta função para 2𝐿 = 4, 8 ,16 bem como a função não periódica 𝑓 (𝑥), que obtemos de 𝑓𝐿 se fizemos 𝐿 → ∞, 𝑓 (𝑥) = lim 𝐿→∞ 𝑓𝐿 (𝑥) = { 1 𝑠𝑒 − 1 < 𝑥 < 1 0 𝑛𝑜𝑠 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 Investiguemos agora o que acontece aos coeficientes de Fourier de 𝑓𝐿 à medida que L aumenta. Como 𝑓𝐿 é par, 𝑏𝑛 = 0 para todo n. Para 𝑎𝑛 temos, pela fórmula de Euler: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 19 𝑎0 = 1 2𝐿 ∫ 𝑑𝑥 = 1 𝐿 𝑎𝑛 = 1 𝐿 ∫ cos ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝐿 ) 𝑑𝑥 = 2 𝐿 ∫ cos ( 𝑛 𝜋 𝑥 𝐿 ) 1 0 1 −1 1 −1 𝑑𝑥 = 2 𝐿 𝑠𝑒𝑛 (𝑛𝜋 𝐿⁄ ) 𝑛𝜋 𝐿⁄ Esta sequência de coeficientes de Fourier é chamada de amplitude espectral de 𝑓𝐿, porque |𝑎𝑛| é a amplitude máxima da onda 𝑎𝑛 𝑐𝑜𝑠 (𝑛𝜋𝑥 𝐿⁄ ). Na figura apresentada acima é apresentado esse espectro para os períodos 2𝐿 = 4, 8 ,16. Vemos que, para valores crescentes de L, essas amplitudes tornam-se cada vez mais densas sobre a parte positiva do eixo 𝑤𝑛, onde 𝑤𝑛 = 𝑛𝜋 𝐿⁄ . De fato, para 2𝐿 = 4, 8 ,16, temos1,3,7 amplitudes por "meia escala" da função (2𝑠𝑒𝑛 𝑤𝑛) (𝐿𝑤𝑛)⁄ . Logo, para 2𝐿 = 2𝑘 temos 2𝑘−1 − 1 amplitudes por meia onda, de modo que a densidade dessas amplitudes terminará por abarcar todo o eixo 𝑤𝑛 positivo (e cairá para zero). O resultado deste exemplo nosd a uma impressão intuitiva do que devemos esperar se passarmos nossa função especial para uma função arbitrária. Transição das Séries de Fourier para às Integraisde Fourier Consideremos agora uma função periódica qualquer 𝑓𝐿(𝑥) de período 2L que possa ser representada por uma série de Fourier 𝑓𝐿 (𝑥) = 𝑎0 + ∑(𝑎𝑛 cos(𝑤𝑛𝑥) + 𝑏𝑛 sen(𝑤𝑛𝑥)) ∞ 𝑛=1 𝑤𝑛 = 𝑛𝜋 𝐿 (22) e vejamos o que acontece se fizermos 𝐿 → ∞. Juntamente com o exemplo anterior, o cálculo que aqui fazemos sugerirá que devemos esperar uma integral (em vez de uma série) envolvendo cos(𝑤𝑛𝑥) e sen(𝑤𝑛𝑥), com 𝑤 não mais se restringindo aos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 20 múltiplos inteiros 𝑤 = 𝑤𝑛 = 𝑛𝜋 𝐿⁄ de 𝜋 𝐿⁄ , porém assumindo todos os valores. Também veremos qual será a forma assumida por uma integral desse tipo. Se inserirmos 𝑎𝑛 e 𝑏𝑛, de acordo comas fórmulas de euler,e representarmos a variável de integração por 𝑣, a série de fourier de 𝑓𝐿(𝑥) torna-se: 𝑓𝐿(𝑥) = 1 2𝐿 ∫ 𝑓𝐿(𝑣)𝑑𝑣 𝐿 −𝐿 + 1 𝐿 ∑ [cos 𝑤𝑛𝑥 ∫ 𝑓𝐿(𝑣) cos 𝑤𝑛𝑣 𝑑𝑣 𝐿 −𝐿 ∞ 𝑛=1 + 𝑠𝑒𝑛 𝑤𝑛𝑥 ∫ 𝑓𝐿(𝑣)𝑠𝑒𝑛𝑤𝑛𝑣 𝑑𝑣 𝐿 −𝐿 ] (23) Fazemos agora ∆𝑤 = 𝑤𝑛+1 − 𝑤𝑛 = (𝑛 + 1) 𝜋 𝐿 − 𝑛𝜋 𝐿 = 𝜋 𝐿 Então, 1 𝐿 = ∆𝑤 𝜋⁄⁄ , e podemos escrever a série de Fourier na forma 𝑓𝐿(𝑥) = 1 2𝐿 ∫ 𝑓𝐿(𝑣)𝑑𝑣 𝐿 −𝐿 + 1 𝜋 ∑ [(cos 𝑤𝑛𝑥) ∆𝑤 ∫ 𝑓𝐿(𝑣) cos 𝑤𝑛𝑣 𝑑𝑣 𝐿 −𝐿 ∞ 𝑛=1 + (𝑠𝑒𝑛 𝑤𝑛𝑥)∆𝑤 ∫ 𝑓𝐿(𝑣)𝑠𝑒𝑛𝑤𝑛𝑣 𝑑𝑣 𝐿 −𝐿 ] (24) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 21 Esta representação é válida para qualquer L fixo, arbitrariamente grande, porém finito. Façamos agora 𝐿 → ∞. e suponhamos que a função não-periódica resultante 𝑓(𝑥) = lim 𝐿→∞ 𝑓𝐿(𝑥) seja absolutamente integrável sobre o eixo x, isto é, o seguinte limite (finito) existe: lim𝑎→−∞ ∫ |𝑓(𝑥)|𝑑𝑥 + 0 𝑎 lim𝑏→∞ ∫ |𝑓(𝑥)|𝑑𝑥 𝑏 0 escrito como ∫ |𝑓(𝑥)| ∞ −∞ 𝑑𝑥 Então, 1 𝐿⁄ → 0 e o valor do primeiro termo do lado direito de (23) aproxima- se de zero. Além disso, ∆𝑤 = 𝜋 𝐿⁄ → 0 e parece plausível que a série infinita em (23) torna-se uma integral de 0 a ∞, que representa 𝑓(𝑥), a saber, 𝑓 (𝑥) = 1 𝜋 ∫ [cos 𝑤𝑥 ∫ 𝑓 (𝑣) ∞ −∞ cos 𝑤𝑥 𝑑𝑣 ∞ 0 + 𝑠𝑒𝑛 𝑤𝑥 ∫ 𝑓 (𝑣)𝑠𝑒𝑛 𝑤𝑣 𝑑𝑣 ∞ −∞ ] 𝑑𝑣 (25) Se introduzirmos as notações 𝑎 (𝜔) = 1 𝜋 ∫ 𝑓 (𝑣) cos(𝜔𝑣)𝑑𝑣 ∞ −∞ (26) 𝑏 (𝜔) = 1 𝜋 ∫ 𝑓 (𝑣) s 𝑒𝑛(𝜔𝑣)𝑑𝑣 ∞ −∞ (27) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 22 Então temos a Integral de Fourier, dada por: 𝑓 (𝑥) = ∫[𝑎 (𝜔) cos(𝜔𝑥) + 𝑏 (𝜔)𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑥)] ∞ 0 𝑑𝑤 (28) Exemplos 1. Pulso único Encontre a representação por integral de Fourier da função 𝑓(𝑥) = { 1 𝑠𝑒 |𝑥| < 1 0 𝑠𝑒 |𝑥| > 1 2. Viga infinita num solo elástico Vamos considerar um problema semelhante ao apresentado anteriormente, entretanto temos agora como carregamento um pulso retangular não periódico apresentado na figura a seguir: A equação diferencial que representa esse fenômeno é dada por: 𝐸𝐼𝑢′′′′ + 𝑘𝑢 = 𝑤(𝑥) Encontre uma equação para deflexão, utilizando a integral e Fourier. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 23 1.8. Transformada de Fourier Uma transformada integral é uma transformação na forma de uma integral que produz, a partir de funções dadas, novas funções dependentes de uma variável diferente. O principal interesse dessas transformações é seu uso como ferramentas de resolução de EDOs, EDPs e equações integrais, além do fato de elas frequentemente também serem de valia na manipulação e nas aplicações das funções especiais. A transformada de Laplace é desse tipo, sendo, de longe a de maior importância em engenharia. As próximas transformadas em ordem de importância são as de Fourier. Veremos que é possível, de uma maneira um tanto simples, obter essas transformadas a partir da integral de Fourier. Transição da Integral de Fourier para a transformada de Fourier Nosso ponto de partida é a Integral de Fourier, dada pelas Eqs. (26),(27) e (28). Como a serie de Fourier complexa pode ser expressa na forma exponencial a integral de Fourier, Eq. (28) também pode ser expressa na forma complexa exponencial. Portanto substituímos as Eqs. (26) e (27) na Eq. (28), e mudamos a variável de integração para não confundir com x da Eq. (27) Assim: 𝑓 (𝑥) = 1 𝜋 ∫ { ∫ 𝑓 (𝜀)[cos(𝜔𝜀) cos(𝜔 𝑥) + 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝜀)𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑥)]𝑑𝜀 ∞ −∞ } ∞ 0 𝑑𝜔 Como cos(𝐴 − 𝐵) = cos 𝐴 cos 𝐵 − 𝑠𝑒𝑛 𝐴 𝑠𝑒𝑛 𝐵, portanto reescrevemos a equação acima como: 𝑓 (𝑥) = 1 𝜋 ∫ ∫ 𝑓 (𝜀) 𝑐𝑜𝑠(𝜔(𝜀 − 𝑥)) ∞ −∞ 𝑑𝜀 ∞ 0 𝑑𝜔 Para introduzir a forma complexa exponencial reescrevemos a equação acima como: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 24 𝑓 (𝑥) = 1 𝜋 ∫ ∫ 𝑓 (𝜀) 𝑒𝑖𝜔(𝜀−𝑥) + 𝑒−𝑖𝜔(𝜀−𝑥) 2 ∞ −∞ 𝑑𝜀 ∞ 0 𝑑𝜔 Ou ainda 𝑓 (𝑥) = 1 2𝜋 ∫ ∫ 𝑓(𝜀)𝑒𝑖𝜔(𝜀−𝑥)𝑑𝜀 𝑑𝜔 ∞ −∞ ∞ 0 + 1 2𝜋 ∫ ∫ 𝑓(𝜀)𝑒−𝑖𝜔(𝜀−𝑥)𝑑𝜀 𝑑𝜔 ∞ −∞ ∞ 0 Para combinar os dois termos do lado direito, vamos mudar a variável de integração 𝜔 para – 𝜔 no primeiro termo, assim: 𝑓 (𝑥) = 1 2𝜋 ∫ ∫ 𝑓(𝜀)𝑒−𝑖𝜔(𝜀−𝑥)𝑑𝜀 (−𝑑𝜔) ∞ −∞ −∞ 0 + 1 2𝜋 ∫ ∫ 𝑓(𝜀)𝑒−𝑖𝜔(𝜀−𝑥)𝑑𝜀 𝑑𝜔 ∞ −∞ ∞ 0 𝑓 (𝑥) = 1 2𝜋 ∫ ∫ 𝑓(𝜀)𝑒−𝑖𝜔(𝜀−𝑥)𝑑𝜀 𝑑𝜔 ∞ −∞ 0 −∞ + 1 2𝜋 ∫ ∫ 𝑓(𝜀)𝑒−𝑖𝜔(𝜀−𝑥)𝑑𝜀 𝑑𝜔 ∞ −∞ ∞ 0 𝑓 (𝑥) = 1 2𝜋 ∫ ∫ 𝑓(𝜀)𝑒−𝑖𝜔(𝜀−𝑥)𝑑𝜀 𝑑𝜔 ∞ −∞ ∞ −∞ 𝑓 (𝑥) = 1 2𝜋 ∫ [ ∫ 𝑓(𝜀)𝑒−𝑖𝜔𝜀𝑑𝜀 ∞ −∞ ] ∞ −∞ 𝑒𝑖𝜔𝑥 𝑑𝜔 Podemos separar em duas partes. 𝑓 (𝑥) = 𝑎 ∫ 𝑐 (𝜔)𝑒𝑖𝜔𝑥𝑑𝜔 ∞ −∞ Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 25 𝑐 (𝜔) = 𝑏 ∫ 𝑓 (𝜀)𝑒−𝑖𝜔𝜀𝑑𝜀 ∞ −∞ Considerando 𝑎 = 1 2𝜋⁄ e 𝑏 = 1 temos: 𝑓 (𝑥) = 1 2𝜋 ∫ 𝑐 (𝜔)𝑒𝑖𝜔𝑥𝑑𝜔 ∞ −∞ (29) 𝑐 (𝜔) = ∫ 𝑓 (𝑥)𝑒−𝑖𝜔𝑥𝑑𝑥 ∞ −∞ (30) A Eq. (30) define a Transformada de Fourier e a Eq. (29) define a Transformada inversa de Fourier. Portantotemos: 𝐹 {𝑓 (𝑥)} = 𝑓(𝜔) = ∫ 𝑓 (𝑥)𝑒−𝑖𝜔𝑥𝑑𝑥 ∞ −∞ (31) 𝐹−1 {𝑓 (𝜔)} = 𝑓(𝑥) = 1 2𝜋 ∫ 𝑓 (𝜔)𝑒𝑖𝜔𝑥𝑑𝜔 ∞ −∞ (32) Exemplo: 1) Pulso retangular Considere um pulso retangular 𝑓 (𝑥) = 𝐻 (𝑥 + 1) − 𝐻(𝑋 − 1), onde H denota a função de Heaviside. O gráfico dessa função é apresentado abaixo, calcule a transformada de Fourier para essa função. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 26 2. Calcule a transformada de Fourier de 𝑓(𝑥) = 𝐻(𝑥)𝑒−𝑎𝑥. 1.9. Propriedades das transformadas de Fourier Linearidade 𝐹 {𝛼 𝑓 + 𝛽 𝑔} = 𝛼 𝐹 {𝑓} + 𝛽 𝐹 {𝑔} (32) 𝐹−1 {𝛼 𝑓 + 𝛽 �̂�} = 𝛼 𝐹−1 {𝑓} + 𝛽 𝐹−1 {�̂�} (33) Transformada da n-ésima derivada 𝐹 {𝑓(𝑛)(𝑥)} = (𝑖 𝜔)𝑛 𝑓(𝜔) , 𝑛 = 0,1,2,3 … (34) Fórmulas de Translação 𝐹 {𝑓 (𝑥 − 𝑎)} = 𝑒−𝑖𝑎𝜔𝑓(𝜔) (35) 𝐹−1 {𝑓 (𝜔 − 𝑎)} = 𝑒𝑖𝑎𝑥𝑓(𝑥) (36) Exemplo: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 27 1) Dado 𝑓 (𝑥) = 4 𝑒−|𝑥| − 5𝑒−3|𝑥+2| encontre 𝑓(𝜔). 2) Dado 𝑓 (𝑥) = 𝑥 𝑒−4𝑥 2 encontre 𝑓(𝜔). 3) Dado 𝑓 (𝜔) = 𝑒−2|𝜔| encontre 𝑓 (𝑥). 4) Calcule 𝐹−1 { 1 𝜔2+4𝜔+13 }. 1.10. Convolução (𝑓 ∗ 𝑔)(𝑥) = ∫ 𝑓 (𝑥 − 𝜀)𝑔(𝜀)𝑑𝜀 ∞ −∞ (37) 𝐹 {𝑓 ∗ 𝑔} = 𝑓(𝜔)�̂�(𝜔) (38) 𝐹−1{𝑓 . �̂�} = 𝑓 ∗ 𝑔 (39) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 28 1.11. Tabela das transformadas de Fourier Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - Campus Paranaguá Rua Antonio Carlos Rodrigues, 453 – Bairro: Porto Seguro CEP 83.215-750 - Paranaguá – Pr. - Fone/ Fax: (41) 3721-8300 Métodos Matemáticos Licenciatura em Física 29 1.12. Referências [1] CHURCHILL, RUEL V. Séries de Fourier e Problemas de valor de contorno,Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1978. [2] GREENBERG, MICHAEL D. Advanced Engineering Mathematics, 2ª ed Prentice Hall, 1998. [3] KREYSZIG, E. Matemática Superior - Volumes 1, 2 e 3. LTC, Rio de Janeiro, 1995. [4] SPIEGEL, MURRAY R., Análise de Fourier, Coleção Schaum,Editora McGRAW- Hill do Brasil,São Paulo, 1976. [5] ZILL, D. G.; CULLEN, M. R. .Matemática Avançada para Engenharia. V 1,2 e 3. 3 ed., Porto Alegre, Bookman.
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