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AULA 2 – IMUNIDADE INATA E INFLAMAÇÃO NATHÁLIA KOZIKAS IMUNIDADE INATA E INFLAMAÇÃO - É um tipo de resposta que está sempre presente em indivíduos saudáveis, mas erros congênitos podem impedir que funcione adequadamente - Está sempre pronta para bloquear a entrada de micro-organismos, conferindo uma barreira. Essa barreira está sempre sujeita a ser lesada, e, portanto, quando por algum motivo não ocorre esse bloqueio, a imunidade inata serve também para eliminar os micro-organismos que penetram nos tecidos. Para que isso ocorra de maneira eficiente, tem de haver uma propriedade básica: o reconhecimento do que é próprio e do que é não-próprio ao organismo, o que ocorre através de receptores (localizados na membrana ou intracelulares) Obs: Não é bem verdade quando dizem que a imunidade inata não é especifica, uma vez que o reconhecimento proteína-proteína (modelo chave-fechadura), que ocorre entre os antígenos e os receptores, é um mecanismo bem especifico. Portanto, a imunidade inata apresenta especificidade SIM, mas não é específica em relação ao antígeno, como ocorre na resposta imune adaptativa. O reconhecimento próprio e não proprio é importante em situações de transplante, onde pode haver rejeição (o doador e o transplantado devem possuir histocompatibilidade) AULA 2 – IMUNIDADE INATA E INFLAMAÇÃO NATHÁLIA KOZIKAS RECEPTORES CELULARES: Podem ser de superfície, endossômicos e citosólicos OU moléculas de reconhecimento solúveis, as quais reconhecem o parasita quando ainda está na circulação, amplificando o sinal quando ele chegar nos órgãos. Superficiais e endossômicos: do tipo TOLL (TRLs) - reconhecem diferentes produtos microbianos Citosólicos: - Família CARD – reconhecem RNA viral; - Familia NLR – reconhecem derivados de peptideoglicanos e possivelmente outros compostos microbianos Moléculas de reconhecimento solúveis: - Todas são chamadas de Opsoninas; são elas: as pentraxinas, colectinas e ficolinas - Se ligam ao antígeno na corrente sanguínea e, quando atingem o tecido, sinalizam para a fagocitose, facilitando esse processo; além disso, ativam o SISTEMA COMPLEMENTO, que além de facilitar a fagocitose, provoca lise das células e ativa a resposta inflamatória. COMPONENTES DA IMUNIDADE INATA: Barreiras epiteliais: constituem a 1ª linha de resistência aos patógenos, não permitindo a entrada deles; podem ser barreiras físicas ou químicas: - Barreiras físicas: encontradas em epitélios contínuos (pele e mucosas). Ex: Cílios (traqueia) - batimentos ciliares expulsam os patógenos; Muco; Fluxo de ar - expiração joga o patógeno para fora (do mesmo jeito que a inspiração pode jogá-lo para dentro); Fluxo de urina; Saliva e lágrimas, etc - Barreiras quimicas: pH ácido (p. ex no fluido estomacal) e peptídeos antimicrobianos. AULA 2 – IMUNIDADE INATA E INFLAMAÇÃO NATHÁLIA KOZIKAS No entanto, existe uma gama enorme de agentes infecciosos, que muitas vezes utilizam mecanismos capazes de destruir essa barreira epitelial de proteção. A partir daí, as células e os componentes solúveis (fagócitos, sistema complemento e células NK) da imunidade inata entram em ação para eliminá-los, constituindo a 2ª linha de resistência aos patógenos. COMPONENTES SOLÚVEIS: Sistema complemento: São proteínas plasmáticas ou de membrana, com atividade enzimática, que trabalham juntas na opsonização de micro-organismos, na promoção do recrutamento de fagócitos para o sitio de infecção e, em alguns casos, na morte direta de patógenos. A ativação do sistema complemento é baseada em cascatas proteolíticas, em que uma enzima precursora inativa (zimogênio) é transformada em uma protease ativa que cliva, e portanto induz, a atividade proteolítica da próxima proteína do sistema em uma cascata resulta na amplificação de quantidade de produtos proteolíticos gerados, os quais realizam as funções efetoras do sistema complemento 3 vias distintas podem ativar o sistema complemento: Via clássica: uma proteína plasmática detecta anticorpos ligados à superfície de um micro- organismo e se liga a esse anticorpo, ativando duas outras proteases que iniciam a cascata proteolítica das demais proteínas do sistema; pentraxinas (opsoninas) também podem se ligar a essa proteína plasmática e iniciar a via. Via alternativa: é desencadeada quando uma proteína do sistema complemento chamada C3 reconhece, diretamente, certas estruturas da superfície microbiana (LPS bacteriano, p. exemplo) Via das lectinas: desencadeada por uma proteína plasmática chamada lectina ligadora de manose (MBL), que reconhece resíduos de manose presentes em glicoproteínas e glicolipídios microbianos. A ligação da MBL com os micróbios ativa dois zimogênios que iniciam as etapas proteolíticas finais idênticas à da via clássica. O reconhecimento de micro-organismos por qualquer uma dessas vias resulta no recrutamento de outras proteínas desse sistema, como a C3 convertase, a qual cliva a proteína central do sistema complemento (C3), produzindo C3a e C3b: - O fragmento menor (C3a) é solúvel, sendo liberado na corrente sanguínea; estimula a inflamação por agir como quimiotático para neutrófilos AULA 2 – IMUNIDADE INATA E INFLAMAÇÃO NATHÁLIA KOZIKAS - O fragmento maior (C3b) se liga covalentemente à superfície microbiana onde a via do sistema complemento foi ativada, promovendo a fagocitose (opsonização) dos micro-organismos. A C3b também se liga a outras proteínas do sistema complemento, como a C5 convertase, responsável por clivar a proteina C5, também gerando dois fragmentos (C5a e C5b) - C5a: além de ser quimiotático, induz alterações nos vasos sanguíneos, levando a um extravasamento de proteinas plasmáticas e fluidos nos sítios de infecção - C5b: permanece ligado à membrana microbiana; inicia a formação de um complexo proteico do sistema complemento complexo de ataque à membrana (MAC), que provoca a lise das células em que o complemento é ativado. A maioria dos defeitos congênitos de sistema complemento ocorre em C3 ou C5, aumentando a suscetibilidade dos indivíduos a infecções bacterianas recorrentes tratamento: injeção de C3 e C5 COMPONENTES CELULARES DA IMUNIDADE INATA: FAGÓCITOS: principal função: identificar, ingerir (fagocitose) e eliminar microorganismos patogênicos - Neutrofilos: possuem grânulos com enzimas e substâncias microbicidas altamente tóxicas; não podem degranular na circulação, o que poderia causar trombose. Sendo assim, essas células têm uma vida muito curta (6h na circulação), para não correr o risco de ficarem velhas e pararem de responder adequadamente. AULA 2 – IMUNIDADE INATA E INFLAMAÇÃO NATHÁLIA KOZIKAS - Monócitos/Macrófagos: principal função: fagocitose; além disso, respondem aos micro- organismos produzindo diversas citocinas que promovem inflamação e também aumentam a função antimicrobiana das células do hospedeiro no sitio de infecção. Obs: Granuloma migração de neutrófilos em associação com macrófagos; acúmulo de células na região da infecção, que calcifica no final. - Células dendríticas: fazem fagocitose, mas além disso respondem contra vírus (IFN alfa beta), fazem citocinas e atuam como células apresentadoras de antígenos nos linfonodos. Macrófagos não conseguem migrar de uma determinada região até os linfonodos, quem consegue fazer isso é a célula dendrítica, que leva o patógeno até os linfócitos T, ativando- os faz uma ponte entre a imunidade inata e a adaptativa. RESPOSTA EFETORA DOS FAGÓCITOS: eliminação dos microorganismos patogênicos. 3 etapas: 1 – Migração para os sítios de infecção depende de moléculas de adesão e quimiocinas(moléculas que direcionam o movimento dos fagócitos a partir de um gradiente químico; quimiotaxia) Moléculas de adesão: se não estiverem expressas tanto no endotélio quanto na célula, a célula passa batido, não consegue fazer o rolamento até parar e entrar. O rolamento ocorre para diminuir a velocidade da célula Quanto mais próximo a célula está do local de infecção, mais firme é a adesão, e a partir daí ocorre a migração transendotelial, que é mediada por quimiocinas O neutrófilo entra e sente a matriz extracelular, a qual serve como um sinal para o neutrófilo de que ele não está mais na circulação, que está no sítio de infecção e, portanto, pode ser ativado, destruindo o patógeno que estiver lá AULA 2 – IMUNIDADE INATA E INFLAMAÇÃO NATHÁLIA KOZIKAS 2 – Reconhecimento e ingestão dos micro-organismos: Ao chegar no sitio de infecção ou inflamação, o fagócito precisa reconhecer o patógeno e o fagocitar, então vários receptores atuam reconhecendo o não-próprio. A partir daí o citoesqueleto começa a se mexer para englobar o patógeno, e as vesículas começam a se transportar para fazer a fusão com o fagossomo, e com isso começa a digestão do patógeno. Mas só a digestão enzimática não é suficiente, uma série de outras substâncias são secretadas e dão origem a radicais livres e espécies reativas de oxigênio, que são extremamente tóxicos (3 – Destruição dos microorganismos): Deficiência das enzimas que dão origem às espécies reativas de oxigênio defeito na eliminação de micro-organismos Doença Granulomatosa Crônica!! = Acúmulo de granulomas em decorrência de infecções recorrentes (pois o micro-organismo não é eliminado e a resposta inflamatória não cessa) Tratamento: transplante de medula óssea. CÉLULAS “NATURAL KILLER” (NK) – ASSASSINAS NATURAIS: São células granulares (grânulos com perfurinas, granzimas) com função citotóxica (mata outras células), de preferencia células infectadas ou tumorais; Além disso, podem produzir uma citocina chamada Interferon γ (IFN γ), que ativa macrófagos e aumenta a capacidade de eliminar patógenos. AULA 2 – IMUNIDADE INATA E INFLAMAÇÃO NATHÁLIA KOZIKAS A célula NK faz patrulhamento (chega nas células e fala “oi, tudo bem?”) e reconhece sinal ativador e sinal inibidor quando chegam em células normais, essas sinalizam um sinal inibidor (falam “tchau, pode ir embora que eu tô bem”); mas em células onde há infecção ou alterações que podem levar a tumores, o sinal inibidor cai (a célula fala “oi eu to com uns pobrema aqui min ajuda pfvr). Matar as células infectadas pode ser mais eficiente do que matar o patógeno em si, porque em casos de infecção por vírus, por exemplo, a eliminação das células infectadas (estoque de vírus) diminui a carga viral. INFLAMAÇÃO É disparada quando ocorre qualquer tipo de perturbação da integridade do sistema. Por definição, a inflamação é a resposta fisiológica a um estímulo lesivo. Inflamação aguda acumulo de leucócitos, proteínas plasmáticas e fluidos derivados do sangue em um sitio de infecção ou lesão no tecido extravascular. A chegada dos componentes sanguíneos ao sítio inflamatório é dependente de alterações reversíveis nos vasos sanguíneos (da microcirculação) do tecido infectado ou danificado aumento do fluxo sanguíneo, maior adesão dos leucócitos circulantes ao revestimento endotelial e aumento da permeabilidade de capilares e vênulas às proteínas plasmáticas e fluidos Todas essas alterações são induzidas por citocinas e por pequenos mediadores moleculares em resposta à estimulação de PAMP. - Principal leucócito recrutado do sangue aos sítios de inflamação aguda: neutrófilo AULA 2 – IMUNIDADE INATA E INFLAMAÇÃO NATHÁLIA KOZIKAS Principal função: reparação tecidual Etapa 1 – hemostasia controle da hemorragia Mecanismos intrinsecos e extrínsecos (?) Etapa 2 – Inflamação entrada de células, que eliminam os restos celulares - formação da crosta; migração de células (fibroblastos, epidérmicas e endoteliais); proliferação Etapa 3 – Regeneração celulas em migração começam a substituir a crosta; ocorre depósito de matriz e o tecido começa a se regenerar. Outras funções: - Eliminação de microorganismos - Contenção da infecção e diluição de produtos tóxicos - Ponte entre imunidade inata e adaptativa Se nao houver imunidade inata, nao ocorre resposta inflamatória eficiente COMPONENTES DO PROCESSO INFLAMATÓRIO: Sistemas plasmáticos: Plasmina, calicreina e fibrina - ativação da imunidade inata: - cascata de coagulação ativação do sistema complemento - Aumento da permeabilidade vascular e quimiotaxia de neutrófilos. AULA 2 – IMUNIDADE INATA E INFLAMAÇÃO NATHÁLIA KOZIKAS MEDIADORES INFLAMATÓRIOS: moléculas endógenas que modulam o processo inflamatório IMUNIDADE ADQUIRIDA: ativada em casos onde há infecção por patógenos CARACTERÍSTICAS DA INFLAMAÇÃO: - Calor - Rubor - Inchaço – aumento da permeabilidade vascular nas vênulas (entra liquido e células) - Dor – estimulação de terminações nervosas pelos mediadores inflamatórios pressão causada pelo edema - esses sinais levam à perda temporária de função Vasodilatação das arteríolas
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