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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
Informativo comentado: 
Informativo 608-STJ 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
CONCURSOS PÚBLICOS 
 É válida a alteração na ordem de aplicação das provas do teste físico desde que anunciada com antecedência. 
 
DIREITO CIVIL 
TRANSEXUAL 
 Transexual pode alterar seu prenome e gênero no registro civil mesmo sem fazer a cirurgia de transgenitalização. 
 
ALIMENTOS 
 As decisões e sentenças nas ações de alimentos devem ser líquidas. 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
CLÁUSULA DE FIDELIZAÇÃO EM TV A CABO 
 Multa pela quebra do prazo mínimo de fidelidade não pode ser fixa, devendo ser proporcional ao tempo que faltava 
para terminar o contrato. 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
PATENTES 
 Para que o pedido seja arquivado ou a patente extinta por falta de pagamento da retribuição, exige-se notificação 
prévia do depositante ou titular. 
 
FACTORING 
 Empresa de factoring que recebeu cessão dos créditos de contrato tem legitimidade para figurar no polo passivo da 
ação que pede a revisão do pacto. 
 
SOCIEDADES 
 Se parte das quotas do sócio retirante estão empenhadas (penhor), a apuração dos haveres ficará limitada às quotas 
livres do ônus real. 
 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
ADOÇÃO 
 Possibilidade de revogação da adoção unilateral se isso for melhor para o adotando. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
ASTREINTES 
 Ao se calcular os honorários advocatícios sucumbenciais não se deve incluir o valor das astreintes. 
 
RECURSOS 
 O pedido de antecipação dos efeitos da tutela pode ser feito em sede de sustentação oral. 
 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DIREITO PENAL 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 "Lucro fácil" e “cobiça” não podem ser usados como argumentos para aumentar a pena da concussão e da 
corrupção passiva. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
PROVAS 
 Em princípio, não se anula provas obtidas em busca e apreensão pelo fato de não terem sido lacrados os materiais 
apreendidos. 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA 
 Não se exige incapacidade absoluta para conceder o benefício de prestação continuada. 
 
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 
 Em caso de migração, o participante não tem direito de aplicação dos índices de correção monetária sobre a reserva 
de poupança. 
 A nulidade de uma das cláusulas da migração do plano implica a nulidade de todo o negócio jurídico. 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
CONCURSOS PÚBLICOS 
É válida a alteração na ordem de aplicação das provas do 
teste físico desde que anunciada com antecedência 
 
A simples alteração na ordem de aplicação das provas de teste físico em concurso público, 
desde que anunciada com antecedência e aplicada igualmente a todos, não viola direito 
líquido e certo dos candidatos inscritos. 
Ex: o edital inicial dizia que, no dia da prova de esforço físico, o teste de equilíbrio seria o 
primeiro e a corrida o último; depois foi publicado um novo edital alterando a ordem. 
STJ. 1ª Turma. RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 13/6/2017 (Info 608). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Foi aberto concurso para agente prisional. 
Uma das fases era o teste físico. 
O edital de abertura do certame previa que o teste de aptidão física seria dividido em quatro “provas”: 
a) teste de equilíbrio; 
b) teste de abdominal; 
c) teste de impulsão horizontal; e 
d) teste de corrida de 12 minutos. 
 
Segundo a cláusula 17.6 do edital, os testes deveriam ser aplicados nessa mesma ordem. 
Ocorre que, dois meses depois, foi publicado um edital complementar invertendo esta ordem e colocando 
o teste de corrida como primeiro, seguido dos testes de impulsão e, por fim, equilíbrio e abdominal. 
Determinado candidato fez a prova e não passou no teste. 
Diante disso, ele impetrou mandado de segurança alegando que a alteração na ordem das provas o 
prejudicou porque ele vinha fazendo seus treinos de acordo com a ordem prevista no edital original. Como 
ele teve que fazer primeiro o teste de corrida, ele se cansou e não conseguiu completar os demais. 
 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
A alegação do impetrante foi aceita pelo STJ? 
NÃO. 
A simples alteração na ordem de aplicação das provas de teste físico em concurso público, desde que 
anunciada com antecedência e aplicada igualmente a todos, não viola direito líquido e certo dos 
candidatos inscritos. 
STJ. 1ª Turma. RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 13/6/2017 (Info 608). 
 
O procedimento adotado pela banca examinadora respeitou os princípios constitucionais da publicidade 
e da razoabilidade, previstos no art. 37 da CF/88, no art. 2º, parágrafo único, incisos I a VIII e XIII e nos 
arts. 26 e 28 da Lei nº 9.784/99. 
Além disso, o objetivo dos concursos públicos de provas ou provas e títulos é assegurar a observância do 
princípio da isonomia para ingresso nos quadros efetivos da Administração Pública. Logo, se a alteração 
na ordem de aplicação das provas integrantes do teste físico foi divulgada com antecedência e aplicada 
igualmente a todos os candidatos inscritos, não há violação do princípio constitucional da isonomia, bem 
como não existe ilegalidade. 
 
 
 
DIREITO CIVIL 
 
TRANSEXUAL 
Transexual pode alterar seu prenome e gênero no registro civil 
mesmo sem fazer a cirurgia de transgenitalização 
 
Importante!!! 
O direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro civil não é 
condicionado à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização. 
Trata-se de novidade porque, anteriormente, a jurisprudência exigia a realização da cirurgia 
de transgenitalização. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.626.739-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/5/2017 (Info 608). 
 
Transexual 
Transexual é o indivíduo que possui características físicas sexuais distintas das características psíquicas. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a transexualide é um transtorno de identidade de gênero. A 
identidade de gênero é o gênero como a pessoa se enxerga (como homem ou mulher). Assim, em simples 
palavras, o transexual tem uma identidade de gênero (sexo psicológico) diferente do sexo físico, o que lhe 
causa intenso sofrimento. 
Existem algumas formas de acompanhamento médico oferecidas ao transexual, dentre elas a cirurgia de 
redesignação sexual (transgenitalização), que pode ocorrer tanto para redesignação do sexo masculino 
em feminino, como o inverso. 
A cirurgia para a transformação do sexo masculino em feminino é chamada de “neocolpovulvoplastia” e 
consiste, na maioria dos casos, na retirada dos testículos e a construção de uma vagina (neovagina), 
utilizando-se a pele do pênis ou de parte da mucosa do intestino grosso. 
O Conselho Federal de Medicina editou a Resolução 1652/2002-CFM regulamentando os requisitos e 
protocolos médicos necessários para a realização da cirurgia de transgenitalização. 
Importante, ainda, esclarecer que transexual não é o mesmo que homossexualou travesti. A definição de 
cada uma dessas terminologias ainda está em construção, sendo ponto polêmico, mas em simples 
palavras, a homossexualidade (não se fala homossexualismo) está ligada à orientação sexual, ou seja, a 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
pessoa tem atração emocional, afetiva ou sexual por pessoas do mesmo gênero. O homossexual não 
possui nenhuma incongruência de identidade de gênero. 
A travesti (sempre utiliza-se o artigo no feminino), por sua vez, “são pessoas que, independente de 
orientação sexual, aceitam o seu sexo biológico, mas se vestem, assumem e se identificam como do gênero 
oposto. Não sentem repulsa por sua genitália, como ocorre com os transexuais. Por isso não perseguem a 
redesignação cirúrgica dos órgãos sexuais, até porque encontram gratificação sexual com o seu sexo” 
(DIAS, Maria Berenice. Homoafetividade e os direitos LGBTI. 6ª ed. São Paulo: RT, 2014, p. 42). 
 
Se o transexual faz a cirurgia de transgenitalização, ele poderá alterar o prenome e o sexo/gênero nos 
assentos do registro civil? 
SIM. Essa possibilidade já foi reconhecida há muitos anos pelo STJ: 
(...) A interpretação conjugada dos arts. 55 e 58 da Lei n. 6.015/73 confere amparo legal para que 
transexual operado obtenha autorização judicial para a alteração de seu prenome, substituindo-o por 
apelido público e notório pelo qual é conhecido no meio em que vive. (...) 
STJ. 4ª Turma. REsp 737.993/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/11/2009. 
 
Sendo realizada a retificação do registro, os documentos serão alterados e neles não constará nenhuma 
menção quanto à troca do sexo. Vale ressaltar, no entanto, que essa informação deverá ficar averbada 
nos livros de registro. 
 
E se ainda não foi feita a cirurgia? Imagine a seguinte situação hipotética: 
Mário, pessoa maior de idade que se identifica como transexual mulher, ajuizou ação de retificação de 
registro de nascimento para troca do prenome e do sexo masculino para o feminino. 
Na inicial, narrou que, desde tenra idade, embora nascida com a genitália masculina e nesse gênero 
registrada, sempre demonstrara atitudes de criança do sexo feminino. 
Afirmou que foi diagnosticada como portadora de "transtorno de identidade de gênero". 
Mário já fez diversos tratamentos hormonais, mas nunca realizou a cirurgia de transgenitalização. 
Alegou que sofre muitos transtornos porque sua aparência física atual é feminina, mas os dados que 
constam em seus documentos são masculinos (nome e sexo). 
Na ação, Mário pediu para que seu prenome seja alterado para Mariana e seu sexo para feminino. 
Contudo, o empecilho que encontrou foi pelo fato de que não fez a cirurgia de transgenitalização nem 
deseja realizar. 
 
A questão jurídica enfrentada, portanto, pelo STJ foi a seguinte: é possível que o transexual altere seu 
nome e o gênero no assento de registro civil mesmo que não queira fazer a cirurgia de 
transgenitalização? 
SIM. O STJ decidiu que: 
O direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro civil não é condicionado 
à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.626.739-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/5/2017 (Info 608). 
 
A segurança jurídica que os registros públicos buscam proteger deve ser compatibilizada com o princípio 
fundamental da dignidade da pessoa humana, que constitui vetor interpretativo de toda a ordem jurídico-
constitucional. 
Assim, em atenção à cláusula geral de dignidade da pessoa humana, deve-se autorizar a retificação do 
sexo do indivíduo transexual no registro civil, independentemente da realização da cirurgia de adequação 
sexual, desde que dos autos se extraia a comprovação da alteração no mundo fenomênico, ou seja, se na 
prática a pessoa já está fisicamente de acordo com o gênero para o qual deseja mudar seus documentos. 
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O STJ entendeu que deveria evoluir e dar um passo além para alcançar também os transexuais não 
operados, conferindo-se, assim, a máxima efetividade ao princípio constitucional da promoção da 
dignidade da pessoa humana. 
Sob essa ótica, devem ser resguardados os direitos fundamentais das pessoas transexuais não operadas à 
identidade (tratamento social de acordo com sua identidade de gênero), à liberdade de desenvolvimento 
e de expressão da personalidade humana (sem indevida intromissão estatal), ao reconhecimento perante 
a lei (independentemente da realização de procedimentos médicos), à intimidade e à privacidade 
(proteção das escolhas de vida), à igualdade e à não discriminação (eliminação de desigualdades fáticas 
que venham a colocá-los em situação de inferioridade), à saúde (garantia do bem-estar biopsicofísico) e à 
felicidade (bem-estar geral). 
Consequentemente, à luz dos direitos fundamentais, conclui-se que o direito dos transexuais à retificação 
do sexo no registro civil não pode ficar condicionado à exigência de realização da cirurgia de 
transgenitalização, para muitos inatingível do ponto de vista financeiro ou mesmo inviável do ponto de 
vista médico. 
 
 
 
ALIMENTOS 
As decisões e sentenças nas ações de alimentos devem ser líquidas 
 
Não é possível, em tutela antecipada deferida na ação revisional de alimentos, a alteração de 
valor fixo de pensão alimentícia para um valor ilíquido, correspondente a percentual de 
rendimentos que virão a ser apurados no curso do processo. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.442.975-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/6/2017 (Info 608). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João pagava R$ 3 mil de pensão alimentícia para sua filha Luana. 
O genitor ingressou com ação revisional de alimentos com o objetivo de reduzir o valor da pensão 
alimentícia alegando que ficou desempregado e que está vivendo de serviços autônomos que presta 
esporadicamente. 
O juiz deferiu o pedido de tutela provisória de urgência antecipada e reduziu o valor da pensão alimentícia, 
fixando-a em 30% dos rendimentos do alimentante (João), de acordo com o que ficar comprovado no 
curso do processo, uma vez que ele não é assalariado. 
 
A decisão do magistrado foi correta? 
NÃO. 
Não é possível, em tutela antecipada deferida na ação revisional de alimentos, a alteração de valor fixo 
de pensão alimentícia para um valor ilíquido, correspondente a percentual de rendimentos que virão a 
ser apurados no curso do processo. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.442.975-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/6/2017 (Info 608). 
 
O Código de Processo Civil proíbe, em regra, a prolação de sentença ou decisão ilíquida quando se tratar 
de obrigação de pagar quantia. Confira: 
Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico, a 
decisão definirá desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de 
juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, salvo 
quando: 
I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido; 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
II - a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou 
excessivamente dispendiosa, assim reconhecida na sentença. 
 
Conforme explica a doutrina: 
“A sentença ilíquida é a exceção no direito brasileiro por óbvia razão: é sempre desejável a criação 
de um título executivo judicial, que contenha obrigação líquida que permita a imediata 
instauração do cumprimento de sentença. A desnecessidade da fase de liquidação da sentença 
diminui o tempo necessário à satisfação do direito, prestigiando os princípios da celeridade, 
economia e duração razoável do processo. 
(...) 
Fica clara a opção do legislador pela sentença líquida, que deve ser tentada mesmo quando o 
pedido do autor é genérico.” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Comentários ao Novo Código de 
Processo Civil. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 817). 
 
No âmbito da ação de alimentos, a exigência de sentença líquida assume uma importância ainda maior 
tendo em vista a necessidade imediata do alimentando, que não pode ficar esperando que se defina 
futuramente o valor exato a que ele terá direito. 
Justamente por essa razão é que a Lei de Alimentos (Lei nº 5.478/68) determina ao juiz que fixe já no início 
do processo os alimentos provisórios (art. 4º). 
No exemplo dado, a decisão judicial proferida contrariou a regra processual sobre a necessidade de 
liquidez dos provimentos judiciais e atentou contra o interesse da alimentanda, pois a pensão alimentícia 
foi alterada de um valor fixo, passível de imediata execução, para um valor ilíquido, a ser determinado no 
curso da demanda revisional, impedindo a imediata execução. 
 
 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
CLÁUSULA DE FIDELIZAÇÃO EM TV A CABO 
Multa pela quebra do prazo mínimo de fidelidade não pode ser fixa, 
devendo ser proporcional ao tempo que faltava para terminar o contrato 
 
As empresas de TV a cabo podem estipular um contrato de permanência mínima, ou seja, uma 
cláusula de fidelização segundo a qual se o consumidor desistir do serviço antes do término 
do prazo combinado (máximo de 12 meses) ele deverá pagar uma multa. Isso é considerado 
válido pelo STJ. 
Vale ressaltar, no entanto, que a cobrança da multa de fidelidade pela prestadora de serviço 
de TV a cabo deve ser proporcional ao tempo faltante para o término da relação de fidelização, 
não podendo ser um valor fixo. Ex: se o consumidor desistir no 1º mês, paga R$ 300,00, no 
entanto, se rescindir somente no penúltimo mês, paga R$ 100,00. 
A Resolução nº 632/2014 da ANATEL veio reforçar a ideia de que a multa pela quebra da 
fidelização deve ser proporcional. No entanto, pode-se dizer que, mesmo antes da Resolução, 
a jurisprudência já considerava abusiva a cobrança de uma multa fixa, ou seja, que não levasse 
em consideração o tempo que faltava para terminar o contrato. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.362.084-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/5/2017 (Info 608). 
 
 
 
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A situação, concreta, com adaptações, foi a seguinte: 
Em 2011, nos contratos oferecidos pela NET (empresa de TV a cabo) aos consumidores havia uma cláusula 
de fidelização. Segundo esta cláusula, o prazo de duração do contrato era de 12 meses e se o consumidor 
resolvesse cancelar o serviço antes do término do prazo, deveria pagar uma multa de R$ 300,00. 
Isso é chamado de cláusula de fidelização, também conhecida como cláusula de fidelidade ou contrato de 
permanência. 
 
O contrato de fidelização é válido? 
Em regra, sim. O STJ possui precedentes em relação aos contratos de telefonia: 
(...) a chamada cláusula de fidelização em contrato de telefonia é legítima, na medida em que se trata de 
condição que fica ao alvedrio do assinante, o qual recebe benefícios por tal fidelização, bem como por ser 
uma necessidade de assegurar às operadoras de telefonia um período para recuperar o investimento 
realizado com a concessão de tarifas inferiores, bônus, fornecimento de aparelhos e outras promoções. (...) 
STJ. 1ª Turma. REsp 1445560/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 16/06/2014. 
 
Esse entendimento acima não se restringe aos contratos de telefonia, abrangendo também todos os 
pactos envolvendo prestação de serviços cuja celebração ocorra nos mesmos moldes, como se dá com os 
demais serviços de telecomunicações, tais como o de TV a cabo. 
 
Qual é a natureza jurídica desta multa? 
Possui natureza jurídica de cláusula penal, que constitui "pacto acessório pelo qual as partes de um contrato 
fixam, de antemão, o valor das perdas e danos que por acaso se verifiquem em consequência da inexecução 
culposa da obrigação" (GOMES, Orlando. Obrigações. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 159). 
 
Voltando ao caso concreto: 
No caso da NET, esta cláusula de fidelidade possuía um aspecto “polêmico”. Isso porque a multa pela 
quebra da fidelidade possuía o mesmo valor, não importando quando a rescisão fosse exercida. Ex: se o 
consumidor optasse pela rescisão do contrato quando ainda faltavam 10 meses para ele chegar ao fim, 
pagaria R$ 300,00. Se cancelasse faltando apenas 1 mês, arcaria com o mesmo valor. 
 
ACP 
Em 2011, o Ministério Público ingressou com ação civil pública contra essa exigência afirmando que não é 
razoável que o valor da multa cobrada pela empresa seja fixo. 
Para o MP, o valor dessa multa deveria ser proporcional ao período restante da relação de fidelidade, ou 
seja, quanto menor tempo faltar para terminar o contrato, menor deveria ser a multa. 
 
O pedido do MP foi acolhido pela jurisprudência? 
SIM. A cobrança da multa de fidelidade pela prestadora de serviço de TV a cabo deve ser proporcional ao 
tempo faltante para o término da relação de fidelização. 
A cobrança integral da multa, sem computar o prazo de carência parcialmente cumprido pelo consumidor, 
coloca o fornecedor em vantagem exagerada, caracterizando conduta incompatível com a equidade, 
conforme previsto no art. 51, IV e § 1º, III do CDC: 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento 
de produtos e serviços que: 
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em 
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; 
(...) 
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: 
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo 
do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. 
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O custo arcado pelo prestador do serviço (no caso, a NET) é recuperado a cada mês em que o contrato é 
mantido, não sendo razoável a cobrança da mesma multa àquele queincorre na quebra do pacto no início 
do prazo de carência e àquele que, no meio ou ao final, demonstra o seu desinteresse no serviço prestado. 
 
Resolução nº 632/2014-ANATEL 
A ANATEL, percebendo que as empresas de telecomunicações estavam adotando esta prática, resolveu 
disciplinar o tema por meio de uma Resolução na qual determinou expressamente que a multa pela 
quebra do plano de fidelidade pode existir, mas deve ser proporcional ao tempo que faltava para terminar 
o contrato. Veja: 
Art. 57. A Prestadora pode oferecer benefícios ao Consumidor e, em contrapartida, exigir que 
permaneça vinculado ao Contrato de Prestação do Serviço por um prazo mínimo. 
§ 1º O tempo máximo para o prazo de permanência é de 12 (doze) meses. 
(...) 
Art. 58. Rescindido o Contrato de Prestação de Serviço antes do final do prazo de permanência, a 
Prestadora pode exigir o valor da multa estipulada no Contrato de Permanência, a qual deve ser 
proporcional ao valor do benefício e ao tempo restante para o término do prazo de permanência. 
Parágrafo único. É vedada a cobrança prevista no caput na hipótese de rescisão em razão de 
descumprimento de obrigação contratual ou legal por parte da Prestadora, cabendo a ela o ônus 
da prova da não-procedência do alegado pelo Consumidor. 
 
Dessa forma, a Resolução nº 632/2014-ANATEL veio reforçar a ideia de que a multa pela quebra da 
fidelização deve ser proporcional. No entanto, pode-se dizer que, mesmo antes da Resolução, a 
jurisprudência já considerava abusiva a cobrança de uma multa fixa, ou seja, que não levasse em 
consideração o tempo que faltava para terminar o contrato. 
 
Em suma: 
A cobrança da multa de fidelidade pela prestadora de serviço de TV a cabo deve ser proporcional ao 
tempo faltante para o término da relação de fidelização, mesmo antes da vigência da Resolução nº 
632/2014 da ANATEL. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.362.084-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/5/2017 (Info 608). 
 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
PATENTES 
Para que o pedido seja arquivado ou a patente extinta por falta de pagamento da retribuição, 
exige-se notificação prévia do depositante ou titular 
 
Para arquivamento de pedido ou extinção de patente por falta de pagamento da retribuição 
anual prevista no art. 84 da Lei nº 9.279/96, exige-se notificação prévia do respectivo 
depositante ou titular. 
Obs: retribuição anual é um valor que deve ser pago anualmente ao INPI pelo fato de o 
indivíduo ter pedido ou já ser titular de uma patente. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.669.131-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/6/2017 (Info 608). 
 
 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
INPI 
O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da 
Indústria, Comércio Exterior e Serviços, sendo responsável, no Brasil, pela concessão e garantia dos 
direitos de propriedade intelectual para a indústria. 
 
Patente 
Patente é um título de propriedade temporária concedido pelo INPI para a pessoa que inventou um novo 
produto, um novo processo ou para quem fez aperfeiçoamentos destinados à aplicação industrial. 
Em outras palavras, a patente é concedida ao autor de uma invenção ou de um modelo de utilidade. 
Veja o que diz a Lei nº 9.279/96: 
Art. 6º Ao autor de invenção ou modelo de utilidade será assegurado o direito de obter a patente 
que lhe garanta a propriedade, nas condições estabelecidas nesta Lei. 
 
Pedido junto ao INPI 
Em regra, a patente deverá ser requerida junto ao INPI pelo próprio autor, em nome próprio. 
Poderá também ser requerida pelos herdeiros ou sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele a 
quem a lei ou o contrato de trabalho ou de prestação de serviços determinar que pertença a titularidade 
(art. 6º, § 2º, da Lei nº 9.279/96). 
 
Retribuição anual 
Com o objetivo de fornecer recursos financeiros para o INPI, a Lei exigiu que o depositante do pedido de 
patente ou a pessoa que já seja titular da patente deverão pagar, anualmente, a partir do 3º ano, um valor 
chamado “retribuição anual”: 
Art. 84. O depositante do pedido e o titular da patente estão sujeitos ao pagamento de retribuição 
anual, a partir do início do terceiro ano da data do depósito. 
§ 1º O pagamento antecipado da retribuição anual será regulado pelo INPI. 
(...) 
 
Assim, o pagamento da retribuição anual configura requisito imprescindível para que o titular de uma 
patente goze do monopólio, garantido pelo Estado, de exploração comercial do objeto patenteado 
durante o seu prazo de vigência. 
A retribuição anual é devida a partir do início do terceiro ano do depósito e deve ser paga nos três 
primeiros meses de cada período anual. Caso não ocorra tempestivamente, a retribuição pode ser 
realizada nos seis meses subsequentes, desde que acrescida de retribuição adicional, nos termos do art. 
84 da Lei nº 9.279/96. 
 
O que acontece se a pessoa não pagar essa retribuição anual? 
A falta do pagamento da retribuição acarreta: 
• o arquivamento do pedido de patente (se o processo de concessão ainda estiver em tramitação); ou 
• a extinção da patente (caso ela já tenha sido concedida). 
 
Art. 86. A falta de pagamento da retribuição anual, nos termos dos arts. 84 e 85, acarretará o 
arquivamento do pedido ou a extinção da patente. 
 
Instituto da restauração 
O art. 87 da LPI prevê, como forma de preservar o direito do titular da patente, o instituto da restauração. 
Assim, este artigo estabelece que, notificado do arquivamento do pedido ou da extinção da patente em 
razão do não pagamento da retribuição anual, o depositante ou o titular poderá, no prazo de três meses 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
contados dessa notificação, restaurar o pedido ou a patente, por meio do pagamento de retribuição 
específica: 
Art. 87. O pedido de patente e a patente poderão ser restaurados, se o depositante ou o titular 
assim o requerer, dentro de 3 (três) meses, contados da notificação do arquivamento do pedido 
ou da extinção da patente, mediante pagamento de retribuição específica. 
 
Dessa forma, na hipótese de inadimplemento da retribuição anual, a notificação do arquivamento do 
pedido ou da extinção da patente é obrigatória, nos termos do art. 87. 
Não existe, portanto, a caducidade automática pela falta de pagamento de anuidade. 
 
O INPI deverá adotar alguma cautela antes desse arquivamento ou extinção? 
SIM. O INPI deverá, primeiro, notificar o interessado de que ele se encontra inadimplente. Se ele não 
adotar nenhuma providência, aí sim, será possível o arquivamento ou extinção. 
 
Para arquivamento de pedido ou extinção de patente por falta de pagamento da retribuição anual 
prevista no art. 84 da Lei nº 9.279/96, exige-se notificação prévia do respectivo depositante ou titular. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.669.131-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/6/2017 (Info 608). 
 
 
 
FACTORING 
Empresa de factoring que recebeu cessão dos créditos de contrato tem 
legitimidade para figurar no polo passivo da ação que pede a revisão do pacto 
 
A empresade factoring, que figura como cessionária dos direitos e obrigações estabelecidos 
em contrato de compra e venda em prestações, de cuja cessão foi regularmente cientificado o 
devedor, tem legitimidade para figurar no polo passivo de demandas que visem à revisão das 
condições contratuais. 
Ex: Pedro comprou da loja uma moto parcelada. No mesmo instrumento contratual, a loja 
cedeu esse crédito para uma factoring. Assim, no próprio contrato de compra e venda havia 
uma cláusula dizendo que a loja estava cedendo o crédito para a factoring, a quem o devedor 
deveria pagar as parcelas e que, em caso de inadimplemento, a factoring iria pleitear a 
restituição do bem vendido. Se Pedro desejar propor ação pedindo a revisão deste contrato, 
poderá ajuizá-la diretamente contra a factoring. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.343.313-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Antônio 
Carlos Ferreira, julgado em 1/6/2017 (Info 608). 
 
Factoring 
Factoring (ou faturização) é o contrato por meio do qual um empresário (faturizado) cede a uma 
instituição de factoring (faturizadora), total ou parcialmente, os títulos de créditos recebidos com a 
atividade empresária para que a factoring antecipe os pagamentos a prazo ou faça apenas a administração 
desses créditos. 
O contrato de factoring é também chamado de faturização ou fomento mercantil. 
 
Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
Pedro comprou da loja “X” uma moto por R$ 48 mil. 
A compra foi parcelada (compra e venda com reserva de domínio), de forma que ficou acertado de Pedro 
pagar o valor em 12 meses, acrescidas de juros e correção monetária. 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
Foi feito, portanto, um contrato de compra e venda com reserva de domínio, em que à loja vendedora 
reservou-se o domínio do bem, detendo o comprador o direito de posse da coisa até o efetivo pagamento. 
Ocorre que a loja precisava do dinheiro imediatamente. Em razão disso, no mesmo instrumento 
contratual, ela cedeu esse crédito para uma factoring. Ficou combinado então o seguinte: a factoring lhe 
pagou R$ 40 mil à vista e, em troca, ficou com o direito de receber de Pedro a quantia todos os meses. 
Importante esclarecer isso: no próprio contrato de compra e venda havia uma cláusula dizendo que a loja 
estava cedendo o crédito para a factoring, a quem o devedor deveria pagar as parcelas e que, em caso de 
inadimplemento, a factoring iria pleitear a restituição do bem vendido. 
Dessa forma, havia um contrato de compra e venda mediante pagamento parcelado (financiamento) com 
cessão de crédito à empresa de faturização, ambas operações realizadas numa mesma oportunidade, de 
forma triangularizada, todos vinculados por um único contrato. 
Passados dois meses, Pedro foi alertado por um advogado de que os juros cobrados no contrato eram 
abusivos e estavam bem acima da média do mercado. 
Com essa informação, Pedro quer ajuizar uma ação pedindo a revisão do contrato para redução dos juros. 
 
Diante disso, indaga-se: Pedro poderá ajuizar essa ação de revisão diretamente e apenas contra o 
escritório de factoring ou será necessário propor contra a loja? 
Pode ser ajuizada unicamente contra a factoring. Não é necessário litisconsórcio passivo entre a empresa 
de factoring e a loja que vendeu o bem. Assim decidiu o STJ: 
A empresa de factoring, que figura como cessionária dos direitos e obrigações estabelecidos em 
contrato de compra e venda em prestações, de cuja cessão foi regularmente cientificado o devedor, tem 
legitimidade para figurar no polo passivo de demandas que visem à revisão das condições contratuais. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.343.313-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Antônio Carlos 
Ferreira, julgado em 1/6/2017 (Info 608). 
 
O referido ajuste de compra e venda foi feito juntamente com a cessão de créditos, ambos realizados em 
um único instrumento contratual, de forma que se constitui em um efetivo contrato coligado, ou seja, 
contrato de compra e venda ao qual se acopla um ajuste de crédito ao consumo, em simultaneidade, por 
iniciativa do fornecedor ou do detentor do crédito. 
Assim, com a cessão, a empresa cedente não mais se encontra em qualquer dos polos da relação jurídica 
obrigacional. 
Vale ressaltar que a transmissão foi feita com a ciência do devedor (Pedro), que não se opôs à cessão. 
O devedor pode, inclusive, opor as exceções pessoais (“defesas”) que possuísse contra o novo credor 
(factoring), conforme entende o STJ: 
(...) No contrato de factoring, a transferência dos créditos não se opera por simples endosso, mas por 
cessão de crédito, subordinando-se, por consequência, à disciplina do art. 294 do Código Civil, contexto 
que autoriza ao devedor a oponibilidade das exceções pessoais em face da faturizadora. (...) 
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1015617/SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 13/12/2016. 
 
 
 
SOCIEDADES 
Se parte das quotas do sócio retirante estão empenhadas (penhor), 
a apuração dos haveres ficará limitada às quotas livres do ônus real 
 
A dissolução parcial de sociedade limitada por perda da affectio societatis pode ser requerida 
pelo sócio retirante, limitada a apuração de haveres às suas quotas livres de ônus reais. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.332.766-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 1/6/2017 (Info 608). 
 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
Dissolução de uma sociedade: 
A dissolução de uma sociedade pode ser: 
a) Parcial: quando um ou alguns dos sócios saem da sociedade, mas ela é preservada. 
b) Total: quando a sociedade é extinta. 
 
Dissolução parcial de sociedade 
Ocorre, portanto, quando um ou alguns dos sócios se desligam da sociedade, mas ela continua existindo. 
A isso também se dá o nome de “liquidação parcial da sociedade”. 
Uma das hipóteses de dissolução parcial de sociedade é o direito de retirada (direito de recesso, direito 
de denúncia), ou seja, é a saída do sócio por iniciativa própria. Ele simplesmente não quer mais fazer parte 
daquela sociedade. 
Nesse caso, o sócio que deixar a sociedade receberá a parte que lhe cabe no patrimônio social, 
continuando a sociedade em relação aos demais sócios. 
 
Apuração de haveres 
O cálculo do valor devido ao sócio que deixa a sociedade é feito por meio de um procedimento denominado 
de apuração de haveres e que está previsto no art. 1.031 do CC e no art. 599, III, do CPC 2015. 
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da sua quota, 
considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em 
contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em 
balanço especialmente levantado. 
§ 1º O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios suprirem o valor 
da quota. 
§ 2º A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da liquidação, 
salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário. 
 
Para que o sócio exerça seu direito de retirada, é indispensável a propositura de ação judicial? 
Depende: 
 Se a sociedadeempresária for por prazo determinado: SIM. Isso porque o Código Civil exige que ele 
prove uma justa causa (art. 1.029). 
 Se a sociedade empresária for por prazo indeterminado: NÃO. O sócio precisará apenas notificar 
extrajudicialmente os demais sócios com antecedência mínima de 60 dias (art. 1.029). Caso ele não 
concorde com os valores que a sociedade quer lhe pagar a título de apuração de haveres, poderá 
propor ação para discutir apenas isso. 
 
Feitas estas considerações, imagine a seguinte situação hipotética: 
A empresa “Calçados Comércio Ltda.” é uma sociedade empresária constituída sob a forma de sociedade 
limitada. Ela possui somente três sócios: João, Pedro e Barnabé. 
Após brigar com os outros sócios, João resolve sair da sociedade. 
Vale esclarecer, contudo, uma peculiaridade: João tem, no total, 30% das quotas da sociedade. Ocorre 
que metade dessas quotas estão empenhadas. Isso porque João adquiriu um empréstimo e, como 
garantia, deu metade das suas cotas na empresa como garantia do débito. 
A coisa dada em penhor é empenhada ou apenhada. Assim, metade das cotas de João está empenhada, 
ou seja, está gravada com um ônus real. 
Veja o artigo do Código Civil que trata sobre o penhor: 
Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito 
ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, 
suscetível de alienação. 
 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
João poderá ajuizar ação pedindo a dissolução parcial desta sociedade e a apuração dos haveres sob a 
alegação de que houve quebra da confiança entre os sócios? 
SIM. A quebra de confiança entre os sócios (rompimento da affectio societatis) é um motivo idôneo para 
a dissolução da sociedade limitada. 
 
Voltando ao caso concreto: 
João ajuizou ação de dissolução parcial, para sacramentar sua saída, alegando ruptura da affectio 
societatis. Porém, limitou o recebimento dos haveres ao correspondente a 15% do capital, já que os 
demais 15% que ele possui estão empenhados. 
O autor alegou que não poderia pleitear reembolso das cotas empenhadas porque isso afetaria a relação 
jurídica criada pelo penhor, exatamente porque a propriedade plena delas não lhe pertence. 
 
Isso é possível? É possível, em ação de dissolução parcial de sociedade limitada, para o exercício do direito 
de retirada do sócio, por perda da affectio societatis, o requerimento de haveres correspondentes apenas às 
quotas livres de ônus reais, em vista da existência de penhor de parte das quotas do sócio retirante? 
SIM. 
A dissolução parcial de sociedade limitada por perda da affectio societatis pode ser requerida pelo sócio 
retirante, limitada a apuração de haveres às suas quotas livres de ônus reais. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.332.766-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 1/6/2017 (Info 608). 
 
Essa solução acima exposta é a que melhor assegura os direitos patrimoniais do detentor das quotas 
sociais empenhadas, os interesses de seus credores e a boa gestão da sociedade limitada. 
Não é possível que a pessoa que deu parte de suas quotas em penhor requeira a dissolução parcial da 
sociedade limitada para apurar também os haveres correspondentes às quotas sociais empenhadas, pois, 
pelo penhor, ocorre a transferência da posse, em garantia do débito ao credor. 
 
 
 
ECA 
 
ADOÇÃO 
Possibilidade de revogação da adoção unilateral se isso for melhor para o adotando 
 
Importante!!! 
No caso de adoção unilateral, a irrevogabilidade prevista no art. 39, § 1º do Estatuto da Criança 
e do Adolescente pode ser flexibilizada no melhor interesse do adotando. 
Ex: filho adotado teve pouquíssimo contato com o pai adotivo e foi criado, na verdade, pela 
família de seu falecido pai biológico. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.545.959-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 6/6/2017 (Info 608). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Maria passou a viver em união estável com Pedro. 
Lucas, filho de Maria, era órfão de pai. 
Em razão disso, Pedro adotou Lucas quando este tinha 14 anos. 
Ocorre que 1 ano após a adoção, Lucas foi morar com a sua avó paterna em outra cidade, perdendo 
completamente o contato com Pedro. 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
Quando completou 31 anos, Lucas ingressou com ação pedindo a revogação da adoção. Alegou, na ação, 
que foi criado por sua família paterna (tios, avôs e avós paternos) e que, apesar disso, eles não são seus 
parentes porque a adoção rompeu os vínculos que ele possuía em relação aos parentes de seu falecido 
pai. Diante disso, ele deseja restabelecer tais vínculos revogando a adoção unilateral ocorrida. 
A petição inicial foi acompanhada das declarações da mãe e do pai adotivo concordando com a revogação 
pleiteada. 
O juiz, contudo, extinguiu o processo sem resolução do mérito por impossibilidade jurídica do pedido 
alegando que a adoção é irrevogável, conforme prevê expressamente o art. 39, § 1º do ECA. 
 
A questão chegou até o STJ. O Tribunal manteve a sentença do juiz? 
NÃO. O STJ entendeu que a regra da irrevogabilidade da adoção deveria ser relativizada no presente caso. 
No caso de adoção unilateral, a irrevogabilidade prevista no art. 39, § 1º do Estatuto da Criança e do 
Adolescente pode ser flexibilizada no melhor interesse do adotando. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.545.959-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 6/6/2017 (Info 608). 
 
Adoção unilateral 
A adoção unilateral ocorre quando o pai ou a mãe do menor morre, é destituído do poder familiar ou, 
então, quando não há pai registral. Nessa circunstância, a pessoa que vai adotar a criança/adolescente irá 
substituir o papel de pai ou de mãe do adotando. 
Tal adoção irá substituir, para todos os efeitos, a linha biológica originária do adotado e ocorre 
independentemente de consulta ao grupo familiar estendido, cabendo tão-só ao cônjuge supérstite 
decidir sobre a conveniência, ou não, da adoção do filho pelo seu novo cônjuge/companheiro. 
Em outras palavras, na adoção unilateral, o adotado terá um novo pai (ou mãe) e, consequentemente, 
novos avós, novos tios, novos primos etc. 
Ao contrário da adoção regular, a adoção unilateral não é tão incentivada e aplaudida pela doutrina. Como 
explica Nucci: 
(...) “M” tinha um pai, “J”, que faleceu , ao qual dedicava amor e respeito. Não vemos nenhuma 
razão para excluí-lo da sua vida, podendo, inclusive, trocar seu sobrenome, apagando o do pai 
biológico. O padrasto pode exercer, com muito carinho e amor, a sua função de substituto do pai, 
mas não há necessidade de incorporar um lugar, relegando a memória de outrem ao acaso. 
(NUCCI, Guilherme de Souza. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado: em busca da 
Constituição Federal das Crianças dos Adolescentes. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 148). 
 
Relativização da irrevogabilidade no caso de adoção unilateral 
Como a adoção unilateral possui essas características peculiares, o STJ entendeu que a regra da 
irrevogabilidade poderiaser relativizada em nome do melhor interesse do adotado. 
Assim, diante da inexistência de reais vantagens para o adotando no processo de adoção unilateral, é 
possível imaginar a possibilidade de se permitir a sua revogação, desde que haja uma análise 
individualizada por parte do Poder Judiciário se os motivos alegados são justificáveis. 
A razão de ser da proibição da revogação da adoção existe para proteger o menor adotado, buscando 
colocá-lo a salvo de possíveis alternâncias comportamentais de seus adotantes, rupturas conjugais ou 
outras atitudes que recoloquem o menor adotado novamente no limbo sócio emocional que vivia antes 
da adoção. 
Por outro lado, se a revogação tem por objetivo proteger os interesses do adotado, então, nesta hipótese, 
poderia ser flexibilizada a restritiva regra fixada no art. 39 § 1º, do ECA. 
 
 
 
 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
ASTREINTES 
Ao se calcular os honorários advocatícios sucumbenciais, não se deve incluir o valor das astreintes 
 
Importante!!! 
O valor da multa cominatória (astreintes) não integra a base de cálculo da verba honorária. 
Ex: juiz proferiu sentença condenando o réu a pagar: a) R$ 100 mil a título de danos morais; 
b) R$ 40 mil de multa cominatória (astreintes); c) 10% de honorários advocatícios sobre o 
valor da condenação. Os 10% do advogado serão calculados sobre R$ 100 mil (e não sobre R$ 
140 mil). A base de cálculo dos honorários advocatícios sucumbenciais na fase de 
conhecimento é a condenação referente ao mérito principal da causa. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.367.212-RR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/6/2017 (Info 608). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
“A”, atriz, ingressa com ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos morais contra o 
site “X”, especializado em celebridades, tendo como pedido (objeto) que o referido site retire de suas 
páginas fotos íntimas da autora e cuja publicação ela não autorizou. 
O juiz analisa a petição inicial e entende que há elementos que evidenciam a probabilidade do direito e o 
perigo de dano. Diante disso, o magistrado concede liminarmente a tutela de urgência determinando que 
o site retire, em 24 horas, as fotos de suas páginas. 
O juiz, para que sua decisão tenha “força” e desperte no réu a ânsia de cumpri-la, impôs uma multa 
cominatória (astreinte). O magistrado determinou que o réu retirasse as fotos em até 24 horas, sob pena 
de multa de R$ 1 mil por cada hora de descumprimento. A direção do site recebeu a intimação, mas 
somente retirou as fotos 40 horas depois do fim do prazo estipulado. 
Ao final, o juiz proferiu sentença condenando o site a pagar: 
a) R$ 100 mil a título de danos morais; 
b) R$ 40 mil de multa cominatória (astreinte) pelo fato de o réu ter demorado a retirar as fotografias; 
c) 10% de honorários advocatícios sobre o valor da condenação. 
Houve trânsito em julgado. 
 
Execução dos honorários advocatícios 
O advogado da atriz deu início à execução dos honorários advocatícios. 
Na execução, o advogado cobra 10% de R$ 140 mil (100 + 40). 
O executado, por sua vez, argumenta que o valor da multa cominatória (astreintes) não integra a base de 
cálculo da verba honorária. Logo, seriam devidos somente 10% de R$ 100 mil. 
 
Quem tem razão: o exequente ou o executado? 
O executado. Segundo decidiu o STJ: 
O valor da multa cominatória (astreintes) não integra a base de cálculo da verba honorária disciplinada 
pelo CPC/73. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.367.212-RR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/6/2017 (Info 608). 
 
Veja o que diz o CPC: 
CPC/1973 CPC/2015 
Art. 20. (...) 
§ 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo 
de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por 
Art. 85. (...) 
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo 
de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor 
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comentado 
 
 
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cento (20%) sobre o valor da condenação, 
atendidos: 
a) o grau de zelo do profissional; 
b) o lugar de prestação do serviço; 
c) a natureza e importância da causa, o trabalho 
realizado pelo advogado e o tempo exigido para o 
seu serviço. 
da condenação, do proveito econômico obtido ou, 
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor 
atualizado da causa, atendidos: 
I - o grau de zelo do profissional; 
II - o lugar de prestação do serviço; 
III - a natureza e a importância da causa; 
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo 
exigido para o seu serviço. 
 
O que se entende por valor da condenação? As astreintes estão incluídas no conceito de valor da 
condenação para fins de honorários advocatícios sucumbenciais? 
NÃO. Quando se fala em “valor da condenação”, na fase de conhecimento do processo, deve-se entender 
que é o “valor do bem pretendido pelo demandante”, ou seja, o montante econômico da questão litigiosa 
conforme o direito material (Min. Ricardo Villas Bôas Cueva). 
Assim, a base de cálculo dos honorários advocatícios sucumbenciais na fase de conhecimento é a 
condenação referente ao mérito principal da causa. 
 
Astreintes é um instrumento processual 
A multa cominatória constitui instrumento de direito processual criado para a efetivação da tutela 
específica perseguida, ou para a obtenção de resultado prático equivalente, nas ações de obrigação de 
fazer ou não fazer, constituindo, portanto, medida de execução indireta. 
Em virtude de sua natureza inibitória, destina-se a impedir a violação de um direito, de forma imediata e 
definitiva. 
Ademais, por ser um meio de coerção indireta ao cumprimento do julgado, a decisão que arbitra astreintes 
não faz coisa julgada material, podendo, por isso mesmo, ser modificada, a requerimento da parte ou de 
ofício, seja para aumentar ou diminuir o valor da multa ou, ainda, para suprimi-la. 
Verifica-se, assim, que as astreintes, sendo apenas um mecanismo coercitivo posto à disposição do Estado-
Juiz para fazer cumprir as suas decisões, não ostentam caráter condenatório, tampouco transitam em 
julgado, o que as afastam da base de cálculo dos honorários advocatícios. 
 
O julgado acima comentado permanece válido com o CPC/2015? 
Penso que sim. A redação do art. 85, § 2º do CPC/2015 também fala em “valor da condenação”, de forma 
que deve ser aplicado o mesmo entendimento. 
 
 
 
RECURSOS 
O pedido de antecipação dos efeitos da tutela pode ser feito em sede de sustentação oral 
 
É possível o requerimento de antecipação dos efeitos da tutela em sede de sustentação oral. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.332.766-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 1/6/2017 (Info 608). 
 
É possível que a antecipação dos efeitos da tutela seja requerida no recurso? 
SIM. Essa possibilidade era admitida pela doutrina e jurisprudência e agora está prevista expressamente 
no CPC/2015: 
Art. 299. (...) 
Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de competência originária de tribunal e 
nos recursos a tutela provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o 
mérito. 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
 
É possível que a antecipação dos efeitos da tutela seja requerida apenas durante a sustentação oral do 
recurso interposto? 
SIM. 
É possível o requerimento de antecipação dos efeitos da tutela em sede de sustentação oral. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.332.766-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 1/6/2017 (Info 608). 
 
A sustentação oral é uma manifestação formal da parte (art. 937 do CPC/2015), podendo isso ser 
considerado como requerimento válido para fins de concessão de tutela provisória. 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
"Lucro fácil" e “cobiça” não podem ser usados como argumentos 
para aumentar a pena da concussão e da corrupção passiva 
 
A obtenção de lucro fácil e a cobiça constituem elementares dos tipos de concussão e 
corrupção passiva (arts. 316 e 317 do CP), sendo indevido utilizá-las para aumentar a pena-
base alegando que os “motivos do crime” (circunstância judicial do art. 59 do CP) seriam 
desfavoráveis. 
STJ. 3ª Seção. EDv nos EREsp 1.196.136-RO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
24/5/2017 (Info 608). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João foi acusado de concussão e de corrupção passiva, delitos previstos nos arts. 316 e 317 do CP: 
Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes 
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 
Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da 
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal 
vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
O juiz julgou procedente a ação penal e condenou o réu por ambos os delitos. 
A dosimetria da pena na sentença obedece a um critério trifásico: 
1º passo: o juiz calcula a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59, CP. 
2º passo: o juiz aplica as agravantes e atenuantes. 
3º passo: o juiz aplica as causas de aumento e de diminuição. 
 
Na primeira fase, as chamadas circunstâncias judiciais analisadas pelo juiz são as seguintes: 
a) culpabilidade, b) antecedentes, c) conduta social, d) personalidade do agente, e) motivos do crime, f) 
circunstâncias do crime, g) consequências do crime, h) comportamento da vítima. 
Durante a dosimetria, na primeira fase de aplicação da pena, o juiz afirmou que os motivos do crime 
deveriam ser considerados desfavoráveis. Isso porque o réu agiu com cobiça, objetivando o lucro fácil. 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
A defesa recorreu alegando que a dosimetria foi incorreta, considerando que a fundamentação utilizada 
pelo magistrado já constitui o próprio tipo penal dos dois delitos. 
 
Indaga-se: a dosimetria feita pelo juiz na fase das circunstâncias judiciais foi correta? 
NÃO. Há vício de fundamentação quanto aos motivos do crime. 
Embora inseridos no Código Penal no Título dos crimes contra a administração pública, tanto a concussão 
(art. 316, CP) quanto a corrupção passiva (art. 317, CP) possuem várias das características dos crimes 
contra o patrimônio, com a peculiaridade da qualificação do agente como servidor público. 
Assim sendo, no exame das circunstâncias judiciais envolvendo a prática desses dois delitos, a 
jurisprudência do STJ vem entendendo que a cobiça, a ganância e a intenção de obter lucro fácil 
constituem elementares dos delitos, não podendo, assim, serem utilizadas novamente na apreciação das 
circunstâncias judiciais para justificar a elevação da pena-base. 
 
Em suma: 
A obtenção de lucro fácil e a cobiça constituem elementares dos tipos de concussão e corrupção passiva 
(arts. 316 e 317 do CP), sendo indevido utilizá-las para aumentar a pena-base alegando que os “motivos 
do crime” (circunstância judicial do art. 59 do CP) seriam desfavoráveis. 
STJ. 3ª Seção. EDv nos EREsp 1.196.136-RO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/5/2017 
(Info 608). 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
PROVAS 
Em princípio, não se anula provas obtidas em busca e apreensão 
pelo fato de não terem sido lacrados os materiais apreendidos 
 
A ausência de lacre em todos os documentos e bens - que ocorreu em razão da grande 
quantidade de material apreendido - não torna automaticamente ilegítima a prova obtida. 
STJ. 5ª Turma. RHC 59.414-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/6/2017 (Info 608). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Foi deflagrada operação policial cujo objetivo era apurar a prática de diversos crimes. 
O juiz expediu e a polícia cumpriu inúmeros mandados de busca e apreensão. 
Um dos suspeitos, que depois se tornou réu, alegou a nulidade das provas encontradas em seu escritório. 
Isso porque os documentos, computadores, pen drives e outros bens não foram lacrados. 
Assim, o réu argumentou que não foi garantida nenhuma segurança de que aqueles equipamentos e 
documentos tão importantes estariam seguros e não seriam manipulados. 
Afirmou, portanto, que a prova colhida seria ilegítima por falta de credibilidade, nulificando 
absolutamente toda a ação penal. 
 
A tese da defesa foi acolhida pelo STJ? 
NÃO. 
A ausência de lacre em todos os documentos e bens - que ocorreu em razão da grande quantidade de 
material apreendido - não torna automaticamente ilegítima a prova obtida. 
STJ. 5ª Turma. RHC 59.414-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/6/2017 (Info 608). 
 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
Segundo o art. 563 do CPP: 
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação 
ou para a defesa. 
 
Assim, a demonstração do prejuízo é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta. 
Os atos praticados pelos funcionários públicos gozam de presunção de validade e legitimidade, de modo 
que compete à defesa demonstrar, de forma concreta, o descumprimento das formalidades legais e 
essenciais do ato e, especificamente, que o material apreendido e eventualmente não lacrado foi 
corrompido ou adulterado, de forma a causar prejuízo à defesa e modificar o conteúdo da prova colhida. 
Vale ressaltar, por fim, que não há exigência legal específica de que todos os documentos e bens 
apreendidos sejam lacrados. Isso se mostra ainda mais irrazoável no caso concreto em que havia uma 
grande quantidade de material apreendido. 
 
 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
 
BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA 
Não se exige incapacidade absoluta para conceder o benefício de prestação continuada 
 
Importante!!! 
A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) não exige incapacidade absoluta de pessoa comdeficiência para concessão do Benefício de Prestação Continuada. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.404.019-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/6/2017 (Info 608). 
 
Benefício mensal de um salário mínimo para pessoa com deficiência ou idoso 
A CF/88 estabelece, em seu art. 203, V: 
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de 
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: 
(...) 
V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao 
idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por 
sua família, conforme dispuser a lei. 
 
A fim de dar cumprimento a esse comando constitucional, foi editada a Lei nº 8.742/93 que, em seus arts. 
20 a 21-A, disciplinou como seria pago esse benefício. 
 
Nomenclatura 
O art. 20 da Lei nº 8.742/93 denomina esse direito de “Benefício de Prestação Continuada”. Ele também 
pode ser chamado pelos seguintes sinônimos: “Amparo Assistencial”, “Benefício Assistencial” ou “LOAS”. 
 
Em que consiste esse benefício: 
Pagamento de 
um salário-
mínimo por mês 
• à pessoa com deficiência; ou Desde que comprove não possuir meios de prover 
a própria manutenção nem de tê-la provida por sua 
família. 
• ao idoso com 65 anos ou mais. 
 
 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
Para receber esse benefício, é necessário que a pessoa contribua ou tenha contribuído para a seguridade social? 
NÃO. Trata-se de um benefício de assistência social, que será prestado a quem dele necessitar, 
independentemente de contribuição à seguridade social. A assistência social é caracterizada por ser um 
sistema não-contributivo, ou seja, é prestada independentemente de contribuição. 
 
Quem administra e concede esse benefício? 
Apesar de o LOAS não ser um benefício previdenciário, mas sim assistencial, ele é concedido e 
administrado pelo INSS. Vale ressaltar, no entanto, que os recursos necessários ao seu pagamento são 
fornecidos pela União (art. 29, parágrafo único, da Lei nº 8.742/93). 
Assim, a competência para julgar ações que discutam esse benefício é da Justiça Federal. 
 
Inacumulável 
A pessoa que recebe o amparo assistencial não pode receber ao mesmo tempo outro benefício no âmbito 
da seguridade social ou de outro regime, salvo assistência médica e pensão especial de natureza 
indenizatória (art. 20, § 4º). 
 
Renda que a lei considera como sendo insuficiente para subsistência 
A Lei nº 8.742/93 prevê, no seu art. 20, § 3º: 
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família 
cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. 
 
Vale ressaltar, no entanto, que esse critério não é absoluto. O Plenário do STF declarou, incidentalmente, 
a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93 (sem pronúncia de nulidade) por considerar que 
o referido critério está defasado para caracterizar a situação de miserabilidade. O STF afirmou que, para 
aferir que o idoso ou deficiente não tem meios de se manter, o juiz está livre para se valer de outros 
parâmetros, não estando vinculado ao critério da renda per capita inferior a 1/4 do salário-mínimo 
previsto no § 3º do art. 20. 
STF. Plenário. RE 567985/MT e RE 580963/PR, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgados em 17 e 
18/4/2013 (Info 702). 
Desse modo, como a declaração de inconstitucionalidade foi sem pronúncia de nulidade, o critério 
definido pelo art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93 continua existindo no mundo jurídico, mas devendo agora 
ser interpretado como um indicativo objetivo que não exclui a possibilidade de o juiz verificar a 
hipossuficiência econômica do postulante do benefício por outros meios de prova (STF. 1ª Turma. ARE 
834476 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 03/03/2015). 
É como o STJ também vem decidindo: 
(...) O limite legal estabelecido no art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93 não é critério absoluto, de modo que a 
necessidade/miserabilidade do postulante pode ser comprovada de outras maneiras. (...) (STJ. 2ª Turma. 
AgRg no REsp 1341655/SP, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 06/08/2013) 
... 
(...) A jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de que a limitação do valor da renda per capita familiar 
não deve ser considerada a única forma de provar que a pessoa não possui outros meios para prover a 
própria manutenção ou tê-la provida por sua família, pois é apenas um elemento objetivo para aferir a 
necessidade, ou seja, presume-se absolutamente a miserabilidade quando demonstrada a renda per 
capita inferior a 1/4 do salário-mínimo. Orientação reafirmada no julgamento do REsp 1.112.557/MG, sob 
o rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC). (STJ. 2ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 617.901/SP, 
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 05/05/2015) 
 
Desse modo, o que eu queria que você entendesse é que, mesmo após a decisão do STF nos RE 567985/MT 
e RE 580963/PR, o art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93 continua sendo um dos critérios para se aferir a 
miserabilidade, sem prejuízo de outros. Assim, na prática, se a renda familiar mensal per capita for 
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Informativo 608-STJ (30/08/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
superior a 1/4 do salário mínimo e não houver outras provas que atestem a miserabilidade, o benefício 
assistencial será negado. 
 
Novo § 11 do art. 20 da Lei nº 8.742/93 
O legislador, de forma acertada, encampou o entendimento jurisprudencial acima explicado e, por meio 
da Lei nº 13.146/2015, inseriu o § 11 ao art. 20 da Lei nº 8.742/93 prevendo o seguinte: 
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser utilizados outros 
elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, 
conforme regulamento. 
 
O que se entende por renda familiar mensal per capita? Como isso é calculado? 
Normalmente, um assistente social vai até a residência da pessoa que está requerendo o benefício e faz 
entrevistas com ela e os demais moradores da casa, indagando sobre as fontes de renda de cada, 
verificando as condições estruturais do lar, os móveis e eletrodomésticos existentes no local etc. 
Após isso, é elaborado um laudo social. 
A renda familiar mensal per capita é calculada da seguinte forma: soma-se todos os rendimentos dos 
membros da família que moram na mesma casa que o requerente do benefício e depois divide-se esse 
valor pelo número de familiares (incluindo o requerente). Ex.: Carla (pessoa com deficiência) mora com 
seus pais (João e Maria) e mais um irmão (Lucas). João e Maria trabalham e ganham um salário mínimo, 
cada. Cálculo da renda mensal per capita: 2 salários mínimos divididos por 4 pessoas = 2:4. Logo, a renda 
mensal per capita será igual a 1/2 do salário mínimo. Neste exemplo, a renda familiar mensal per capita 
será maior do que o teto imposto pelo art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93. Mesmo assim, o juiz poderá 
conceder o benefício, desde que existam outras provas que atestem a miserabilidade da requerente. Não 
havendo, contudo, tal comprovação, o benefício será negado. 
 
Oque se entende por família? 
Para os fins da renda familiar do LOAS, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, 
os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados 
solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (art. 20, § 1º). 
 
O estrangeiro residente no Brasil pode ter direito a esse benefício de prestação continuada? 
SIM. 
Os estrangeiros residentes no País são beneficiários da assistência social prevista no art. 203, V, da 
Constituição Federal, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais. 
STF. Plenário. RE 587970/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19 e 20/4/2017 (repercussão geral) (Info 861). 
 
Para que a pessoa com deficiência tenha direito ao benefício, é necessário que fique demonstrada a sua 
incapacidade absoluta para o exercício do trabalho ou das atividades habituais? 
NÃO. O art. 20, § 2º da Lei nº 8.742/93 conceitua deficiente nos seguintes termos: 
Art. 20 (...) 
§ 2º Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se pessoa com 
deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou 
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena 
e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (Redação dada pela Lei 
nº 13.146/2015) 
 
Assim, percebe-se que o conceito de pessoa com deficiência não exige a incapacidade absoluta do 
requerente para o desempenho de qualquer atividade da vida diária e para o exercício de atividade 
laborativa. Essa exigência não está prevista em lei. Repare que o art. 20, § 2º não elenca o grau de 
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incapacidade, não cabendo ao intérprete a imposição de requisitos mais rígidos do que aqueles previstos 
na legislação para a concessão do benefício. 
 
A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) não exige incapacidade absoluta de pessoa com deficiência 
para concessão do Benefício de Prestação Continuada. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.404.019-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/6/2017 (Info 608). 
 
Súmula 80-TNU: Nos pedidos de benefício de prestação continuada (LOAS), tendo em vista o advento da 
Lei 12.470/11, para adequada valoração dos fatores ambientais, sociais, econômicos e pessoais que 
impactam na participação da pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação 
social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva condição vivida no meio social 
pelo requerente. 
 
 
 
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 
Em caso de migração, o participante não tem direito de aplicação 
dos índices de correção monetária sobre a reserva de poupança 
 
Em caso de migração de plano de benefícios de previdência complementar, não é cabível o 
pleito de revisão da reserva de poupança ou de benefício, com aplicação do índice de correção 
monetária. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.551.488-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/6/2017 (recurso 
repetitivo) (Info 608). 
 
Entidades de previdência privada 
Existem duas espécies de entidade de previdência privada (entidade de previdência complementar): as 
entidades de previdência privada abertas e as fechadas. 
 
ABERTAS (EAPC) FECHADAS (EFPC) 
As entidades abertas são empresas privadas 
constituídas sob a forma de sociedade anônima, 
que oferecem planos de previdência privada que 
podem ser contratados por qualquer pessoa física 
ou jurídica. As entidades abertas normalmente 
fazem parte do mesmo grupo econômico de um 
banco ou seguradora. 
Exs: Bradesco Vida e Previdência S.A., Itaú Vida e 
Previdência S.A., Mapfre Previdência S.A., Porto 
Seguro Vida e Previdência S/A., Sul América 
Seguros de Pessoas e Previdência S.A. 
As entidades fechadas são pessoas jurídicas, 
organizadas sob a forma de fundação ou 
sociedade civil, mantidas por grandes empresas ou 
grupos de empresa, para oferecer planos de 
previdência privada aos seus funcionários. 
Essas entidades são conhecidas como “fundos de 
pensão”. 
Os planos não podem ser comercializados para 
quem não é funcionário daquela empresa. 
Ex: Previbosch (dos funcionários da empresa 
Bosch). 
Possuem finalidade de lucro. Não possuem fins lucrativos. 
São geridas (administradas) pelos diretores e 
administradores da sociedade anônima. 
A gestão é compartilhada entre os representantes 
dos participantes e assistidos e os representantes 
dos patrocinadores. 
 
 
 
 
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"Entidades patrocinadoras" (patrocinador) 
Patrocinador (ou entidade patrocinadora) é a empresa ou grupo de empresas que oferece plano de 
previdência privada fechada aos seus funcionários. Funciona da seguinte forma: os empregados pagam 
uma parte da mensalidade e o patrocinador arca com a outra. 
Obs: existem alguns entes públicos que também oferecem plano de previdência privada aos servidores. 
Neste caso, este ente público é que será o patrocinador. 
A entidade patrocinadora oferece o plano de previdência privada por meio de uma entidade fechada de 
previdência privada. Enfim, só existe entidade patrocinadora no caso de plano fechado de previdência privada. 
Os benefícios mais comuns que são oferecidos pela previdência complementar fechada são os seguintes: 
aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria por invalidez e pensão por morte. 
 
Participante 
Participante é a pessoa física que adere ao plano de previdência complementar oferecido por uma 
entidade fechada de previdência complementar (EFPC). O participante, para poder aderir a esse plano, 
tem que estar vinculado à entidade patrocinadora (ex: ser funcionário do patrocinador). 
O valor das contribuições vertidas pelo participante para a entidade de previdência é descontado de seu 
salário no momento do pagamento. 
 
Reserva de poupança (ou de benefício) 
Reserva de poupança é o total das contribuições efetuadas pelo participante para o plano. Sobre este 
valor, mensalmente, incide correção monetária. 
 
Entendendo a Súmula 289 do STJ 
O STJ possui enunciado com o seguinte teor: 
Súmula 289-STJ: A restituição das parcelas pagas a plano de previdência privada deve ser objeto de 
correção plena, por índice que recomponha a efetiva desvalorização da moeda. 
 
Assim, caso uma pessoa que seja filiada a um plano de previdência privada decida se desligar, ela terá o 
direito de resgatar (receber de volta) as parcelas que pagou. 
Ocorre que, ao efetuar essa devolução, alguns planos de previdência não queriam incluir o valor referente 
à correção monetária. Outros planos aceitavam fazer a correção monetária, mas previam em seus 
estatutos que deveriam ser aplicados determinados índices que ficavam nitidamente abaixo daqueles 
utilizados comumente no mercado. 
O STJ veio corrigir essa distorção ao afirmar que o ex-filiado deverá receber a quantia que pagou acrescida 
de correção monetária, sendo aplicado um índice de correção que efetivamente recomponha a 
desvalorização da moeda, não importando que o estatuto

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