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BIOQUÍMICA – P3 1. Estrutura de carboidratos: São composto que contém carbono, hidrogênio e oxigênio. (C.H2O)n com n > 3. A classificação é feita segundo: Tamanho da cadeia de pentoses ou hexoses Localização do grupo C=O Número de unidades sacarídicas Estereoquímica Podem ser: Monossacarídeos: possuem apenas uma unidade de açúcar (glicose, frutose e galactose) Dissacarídeos: possuem 2 unidades de açúcar Oligossacarídeos: possuem 3 a 10 unidades de açúcar (sacarose, maltose e lactose) Polissacarídeos: possuem mais de 10 unidades de monossacarídeos Forma D e L de monossacarídeos Apresentam isomeria óptica. O mais simples de todos é o gliceraldeído que possui apenas um carbono assimétrico ou quiral (quatro ligantes diferentes), os compostos que possuem carbono assimétrico apresentam a propriedade de desviar a luz polarizada, e sua configuração se dá pela posição do grupo hidroxila (OH) do último carbono assimétrico, sendo a hidroxila à direita denominada de dextrógina (D) e se a hidroxila estiver a esquerda chama-se levógina (L). Para saber se é alfa ou beta, devemos olhar a posição da hidroxila formada após a ciclização: Ligaç ão Glicos ídica: é uma ligaçã o de conde nsaçã o Polissacarídeos: Amido: armazena energia nas plantas Amilose: consiste em cadeias longas não ramificadas de resíduos de D-glicose conectados por ligação (14) Amilopectina: são cadeias ramificadas de D-glicose com ligações (14) e (16) Glicogênio: armazena energia em animais e é uma molécula compacta, pois usa pouca água para ser armazenada. É estocado em grânulos (músculos e hepatócitos) Celulose: é formada apenas por glicose de ligação (14) Quitina: forma os exoesqueletos dos artrópodes N-acetilglucosamina: ligação (14) Glicosaminoglicanos (GAGs): são unidades dissacarídicas repetidas que possui um amino açúcar com carga negativa. Os seus monossacarídeos são geralmente n-acetilgalactosamina ou ácido hialurônico (ácido D- glicurônico). Contém grupos sulfato esterificados. Os queran-sulfatos não contém ácido hialurônico e são presentes em cartilagem e ossos, já o heparan-sulfati contém arranjos variados de açúcares e pe sintetizado por todas as células dos animais. A heparina é uma forma fracionada do heparan-sulfato. Proteoglicanos: são proteínas ligadas ao ácido hialurônico. Têm função lubrificante e de adesão à matriz extracelular, ligando-se a fatores que estimulam a proliferação celular. Peptideoglicano: está presente na parede celular das bactérias, dando-a resistência. É um polímero de unidades repetidas. Glicoproteínas: são proteínas ligadas a oligosídeos. Tem função de proteção imunológica, coagulação saguinea e reconhecimento célula-célula. É composta por carboidratos (1%-30%) e possui ligações O-glicosídica (serina) ou N- glicosídica (asparagina). Glicolipídios: são esfingolipídeos de membrana nos quais o grupo da cabeça é um oligossacarpideo e são responsáveis pelo reconhecimento célula-célula. 2. Digestão e absorção de carboidratos: Tipos de enzimas: α-amilases: salivar e pancreática Dissacaridases: maltase, sacarase e lactase Boca: digere amido (lactose, sacarose e celulose) -amilase salivar: a amilase salivar (ptialina) quebra as ligações alfa-1→4 entre as moléculas de glicose do amido e as hidrolisa até maltose e oligossacarídeos (dextrinas). Como o alimento passa pouco tempo na boca, este processo é incompleto, pois a amilase não consegue quebrar as ligações alfa 1→6 que existem entre as moléculas de glicose. Pâncreas: α-amilase pancreática. O amido e o glicogênio são hidrolisados no duodeno em presença da α-amilase pancreática que produz maltose como produto principal e oligossacarídeos chamados dextrinas – contendo em média oito unidades de glicose com uma ou mais ligações glicosídicas α(1→6). Certa quantidade de isomaltose (dissacarídeo) também é formada. Intestino Delgado: Enzimas da superfície intestinal: A hidrólise final da maltose e dextrina é realizada pela maltase e a dextrinase, presentes na superfície das células epiteliais do intestino delgado. Outras enzimas também atuam na superfície das células intestinais: a isomaltase, que hidrolisa as ligações α(1→6) da isomaltose, a sacarase, que hidrolisa as ligações α,β(1→2) da sacarose em glicose e frutose, a lactase que fornece glicose e galactose pela hidrolise das ligações β(1→4) da lactose. Absorção: depois que os carboidratos estão na forma de monossacarídeos eles precisam ser absorvidos pela mucosa intestinal e transportados para o sangue. Transportadores de hexoses: co-transportadores Na+ e glicose transporte ativo Transportadores facilitadores de Na+ independentes (difusão facilitada): Glut 1, Glut 2, Glut 3, Glut 4 e Glut 5 Transportadores: GLUT1: hemácias, cérebro, músculo e tecido adiposo GLUT2: fígado, células pancreáticas, rim e mucosa intestinal GLUT3: cérebro e tecido nervoso GLUT4: células musculares e adiposas (insulina-dependentes) GLUT5: intestino delgado (tem afinidade pela frutose) Mecanismos: captação basal da glicose GLU T1: “poro com protão” GLU T2: entrada e saída da glicose do fígado e do pâncreas GLU T3: opera junto com o GLU T1 GLU T4: é sensível à insulina liberada no pâncreas e faz com que o transportados na membrana permita a entrada de glicose no músculo GLU T5: transporta frutose 3. Glicólise: Principais vias de utilização da glicose: Matriz extracelular e polissacarídeos da parede celular: síntese de polímero estruturais Glicogênio, amido e sacarose: armazenamento Ribose-5-fosfato: oxidação pela via da pentose-fosfato Piruvato: oxidação por glicólise Na glicólise uma molécula de glicose é degradada em uma série de reações catalisadas por enzimas para liberar duas moléculas de piruvato, contendo cada uma delas três átomos de carbono. Possui duas fases: Fase Preparatória: é dividida em 5 passos 1) A glicose é inicialmente fosforilada no grupo hidroxila em C6 2) A D-glicose-6-fosfato assim formada é convertida em D-frutose-6-fosfato a qual é novamente fosforilada para liberar D-frutose-1,6-bifosfato 3) O ATP é o doador de fosfato nas duas fosforilações 4) A frutose-1,6-bifosfato é quebrada para liberar duas moléculas com três carbonos, a diidroxiacetona fosfato e o gliceraldeído-3-fosfato 5) A diidroxiacetona fosfato é isomerizada em uma segunda molécula de gliceraldeído-3-fosfato e com isso termina a primeira fase da glicólise. Na fase preparatória da glicólise a energia do ATP é investida, aumentando o conteúdo de energia livre dos intermediários, e as cadeias carbônicas de todas as hexoses metabolizadas são convertidas em um produto comum, o gliceraldeído-3-fosfato. Fase de Pagamento (Compensação): o ganho energético provém da fase de pagamento da glicólise 6) Cada molécula de gliceraldeído-3-fosfato é oxidada e fosforilada por fosfato inorgânico (não pelo ATP) para formar o 1,3-bifosfatoglicerato 7-10) A liberação de energia ocorre quando as duas moléculas de 1,3-bifosfoglicerato são convertidas em duas moléculas de piruvato A maior parte dessa energia é conservada pela fosforilação acoplada de quatro moléculas de ADP para ATP e também na formação de duas moléculas de NADH por molécula de glicose Durante a glicólise parte da energia existente na molécula de glicose é conservada nas moléculas de ATP, enquanto maior parte permanece nas moléculas do produto, o piruvato. A equação global final para a glicólise é: Para cada molécula de glicose degradada até piruvato, duas moléculas de ATP são geradas aprtir de ADP e Pi Aprofundamento nos passos da glicólise: 1. Fosforilação da glicose: é catalisada por uma hexoquinase Para ser ativa, a hexoquinase requer Mg2+ por que o verdadeiro substrato da enzima não é ATP e sim o complexo MgATP2-. A hexoquinase está presente em todos os tipos de células. A hexoquinase IV (glicoquinase) é uma enzima indutiva presente em células parenquimais hepáticas e nas ilhotas pancreáticas. 2. Conversão da glicose-6-fosfato em frutose-6-fosfato: A enzima fosfoexose isomerase (fosfoglicose isomerase) catalisa a isomerização reversível de uma aldose, a glicose- 6-fosfato em uma cetose, a frutose-6-fosfato. 3. Fosforilação da frutose-6-fosfato em frutose-1,6-bifosfato: É catalisada pela fosfofrutoquinase-1 (PFK-1) que catalisa a formação da frutose-2,6-bifosfato a partir da frutose-6- fosfato. A PFK-1 é uma enzima reguladora da glicólise e sua atividade é aumentada sempre que o suprimento de ATP da célula se torna baixo ou quando existe um excesso dos produtos da hidrólise do ATP, ADP e AMP. Essa enzima é inibida quando a célula tem amplo suprimento de ATP. 4. Clivagem da frutose-1,6-bifosfato: A enzima frutose-1,6-bifosfato aldolase catalisa a reação. A frutose-1,6-bifosfato é quebrada para liberar duas trioses fosfato diferentes, o gliceraldeído-3-fosfato (uma aldose) e a diidroxiacetona fosfato (uma cetose). 5. A interconversão das trioses fosfato 6. Oxidação do gliceraldeído-3-fosafto em 1,3-bifosfoglierato: A reação é catalisada pela gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase. Esta é a primeira das duas reações conservadoras de energia da glicólise que eventualmente levam à formação de ATP. O receptor de hidrogênio na reação é a coenzima NAD+ e a redução do NAD+ ocorre pela transferência enzimática de um íon hidreto (H-) do grupo aldeído do gliceraldeído-3- fosfato para o anel do NAD+ para liberar a coenzima reduz a NADH. Como as células contêm quantidades limitadas de NAD+ caso o NADH não fosse reoxidado continuamente, a glicólise logo se deteria por falta de NAD+. 7. Transferência do fosfato do 1,3-bifosfoglicerato para o ADP: A enzima fosfoglicerato quinase transfere o grupo fosfato de alta energia do grupo carboxila do 1,3-bifosfoglicerato para o ADP, formando ATP e 3-fosfoglicerato. 8. Conversão do 3-fosfoglicerato em 2-fosfoglicerato: A enzima fosfoglicerato mutase catalisa a transferência reversível do grupo fosforil, formando 2-fosfoglicerato. 9. Desidratação do 2-fosfoglicerato para fosfoenolpiruvato: Desidratação catalisada pela enzima enolase. O 2-fosfoglicerato é desidratado formando uma molécula de água e fosfoenolpiruvato (PEP), um composto altamente energético. 10. Transferência do grupo fosforil do fosfoenolpiruvato para o ADP: É o último passo na glicólise é a transferência do grupo fosforil do fosfoenolpiruvato para o ADP, catalisada pela piruvato quinase. Regulação: O rendimento em ATP da glicólise sob condições anaeróbicas (2 ATP por molécula de glicose) é muito menor que o obtido na oxidação completa da glicose até CO2 e H2O sob condições aeróbicas (30 ou 32 ATP por molécula de glicose). Portanto, para produzir a mesma quantidade de ATP é necessário consumir perto de 8 vezes mais glicose em condições anaeróbicas do que nas condições aeróbicas. O fluxo de glicose através da via glicolítica é regulado para manter constante a concentração de ATP. A fosfofrutoquinase-1 (PFK-1) e a piruvato quinase são as enzimas reguladoras. 1) Hexoquinase: em músculo, inibida por seu produto glicose-6-fosfato (inibição aloestérica) Isozima de hexoquinase no fígado é hexoquinase D ou glicoquinase que tem baixa afinidade para glicose 2) Piruvato quinase: inibição aloestérica pelo ATP, diminuindo sua afinidade para fosfoenolpiruvato. Piruvato quinase é também inibida pela acetil-CoA e por ácidos graxos Inibida pela alanina Ativada pelo frutose-1,6-bisfosfato 3) Fosfofrutoquinase: inibida aloestéricamente por ATP, citrato, fosfoenolpiruvato. Ativada aloestéricamente pela AMP, ADP, frutose-6-fosfato e frutose-2,6-bisfosfato Frutose-2,6-bisfosfato é produzido pela Fosfofrutoquinase-2 (PFK2) Destino do Piruvato em condições aeróbicas e anaeróbicas: Em condições aeróbicas, o piruvato é oxidado a acetato, que entra no ciclo do ácido cítrico e é oxidado até CO2 e H2O. O NADH formado pela desidrogenase do gliceraldeído-3-fosfato é reoxidado a NAD+ pela passagem de seus elétrons ao O2 no processo da respiração mitocondrial. O NAD+ precisa ser regenerado por meio de outras reações, senão a célula fica sem receptor de elétron para a oxidação do gliceraldeído-3- fosfato e as reações liberadoras de energia cessariam. Durante a glicólise anaeróbica pela transferência de elétrons do NADH forma-se um produto final reduzido, como o lactato e o etanol. 4. Ciclo do Ácido Cítrico (Ciclo de Krebs): Ocorre na matriz mitocondrial há geração de energia (ATP) e oxidação de coenzimas (NADH, FADH2, GTP) A respiração celular ocorre em três estágios: no primeiro as moléculas de glicose, ácido graxo ou aminoácidos são oxidadas para liberar o acetil-coenzima A. No segundo o acetil-CoA é introduzido no ciclo do ácido cítrico o qual o oxida enzimaticamente até CO2. A energia liberada pela oxidação é conservada, nos transportadores de elétrons reduzidos, NADH e FADH2. No terceiro estágio essas coenzimas reduzidas são oxidadas, desfazendo-se de prótons e elétrons. Os elétrons são conduzidos ao longo de uma cadeia transportadora de elétrons, conhecida como cadeia respiratória, até o O2, no qual se reduz para formar H2O. Durante esse processo de transferência de elétrons, uma grande quantidade de energia é liberada e conservada na forma de ATP, por meio do processo de fosforilação oxidativa. Oxidação do piruvato a acetil-CoA e CO2: A reação completa catalisada pelo complexo da piruvato desidrogenase é a descarboxilação oxidativa, um processo irreversível de oxidação no qual o grupo carboxila é removido do piruvato na forma de uma molécula de CO2 e os dois carbonos remanescentes se tornam o grupo acetil do acetil-CoA. O NADH formado cede um íon hidreto com dois elétrons para a cadeia respiratória que transporta esses elétrons até o oxigênio. Reações do Ciclo do ácido cítrico: O acetil-CoA transfere o seu grupo acetil para o oxalocetato, para formar um citrato, um composto de seis carbonos. O citrato é transformado em isocitrato, que que é desidrogenado para formar o -cetoglutarato (oxoglutarato). O -cetoglutarato perde CO2 e libera o succinato, que é convertido em oxaloacetato (com o qual o ciclo se iniciou). Assim o axaloacetato está pronto para reagir com uma nova molécula de acetil-CoA e iniciar uma segunda volta do ciclo. Em uma dessas voltas entra um grupo acetil, como acetil-CoA, e saem duas moléculas de CO2. Etapas: 1. Formação do citrato: acetil-CoA + oxalacetato citrato 2. Formação do isocitrato via cis-aconitato: citrato isocitrato 3. Oxidação do isocitrato à -cetoglutarato e CO2 (sai NADH + H) 4. Oxidação do -cetoglutarato a succinil-CoA e CO2 (sai NADH + H) 5. Conversão do succinil-CoA em succinato 6. Oxidação do succinato a fumarato (sai FADH2) 7. Hidratação do fumarato para produzir malato 8. Oxidação do malato a oxaloacetato (sai NADH + H) Reação final: Acetil-CoA + 3NAD+ + FAD + GDP + Pi + H20 2CO2 + CoA-SH + 3NADH + 3H + + 1FADH2 + 1GTP Reações Anapleróticas: repõem os intermediários do ciclo À medida que os intermediários do ciclo do ácido cítrico são removidos para servir de precursores biossintéticos, eles são repostos por meio das reações anapleróticas. Quando ociclo está deficiente em oxaloacetato ou em qualquer outro intermediário, o piruvato é descarboxilado para produzir oxaloacetato. Sempre que o acetil-CoA está presente em excesso ele estimula a reação do piruvato carboxilase para produzir mais oxaloacetato. Consequências do funcionamento prejudicado do ciclo do ácido cítrico: Inabilidade de gerar ATP Acúmulo dos precursores Redução da oxidação do piruvato causando acido láctica Falta de oxigênio para aceitar elétrons na cadeia de transporte de elétrons 5. Cadeia Respiratória e Fosforilação Oxidativa: A cadeia respiratória pode ser chamada, também, de cadeia de transporte de elétrons ou fosforilação oxidativa. Durante o processo da cadeia respiratória, ocorre a redução do O2 (aceptor final de elétrons) a H2O. Os elétrons utilizados nessa redução vieram do NADH + H+ ou do FADH2. Forma-se, também, um gradiente de concentração de prótons H+ e um gradiente de carga. O gradiente de prótons gerado durante a cadeia respiratória será utilizado pela enzima ATP-sintase, que vai catalisar a síntese de ATP. É um processo acoplado e acontece na membrana interna da mitocôndria. Agentes Desacopladores: Várias substâncias, tais como drogas, venenos, pesticidas, entre outros, agem sobre a mitocôndria interferindo na fosforilação oxidativa. Esses agentes foram divididos de acordo com suas ações inibitórias. Por exemplo: eles podem agir inibindo a cadeia respiratória, como faz o monóxido de carbono (CO) ou podem agir inibindo a transferência de elétrons. As substâncias que acabam com a relação entre a cadeia respiratória e a síntese de ATP são chamadas de substâncias desacopladoras. Geralmente essas substâncias são transportadoras de prótons H+, que acabam diminuindo a ação da ATP-sintase e diminuindo a síntese de ATP, como acontecem nos compostos termogênicos. Reações de transferência de elétrons na mitocôndria: A fosforilação oxidativa começa com a entrada de elétrons na cadeia respiratória. Muitos desses elétrons são provenientes da ação da desidrogenase que coletam elétrons das vias catabólicas e os canalizam para aceptores universais de elétrons (NAD+ e FAD). Nem o NADH e o NADPH podem atravessar a membrana interna da mitocôndria, mas os elétrons que elas carregam podem ser lançados através dela. Na reação completa catalisada pela cadeia respiratória mitocondrial os elétrons se movem do NADH ou do succianto por meio das flavoproteínas, ubiquinona, proteínas ferro-enxofre, citocromo e finalmente para o O2. Transportadores de elétrons funcionam em complexos: Os complexos I e II catalisam a transferência de elétrons para a ubiquinona a partir de dois doadores de elétrons diferentes: o NADH (complexo I) e o succinato (complexo II). O complexo III transporta elétrons da ubiquinona até o citocromo c e o complexo IV completa a sequência transferindo elétrons do citocromo c para o O2. NADH (complexo I) succinato (complexo II) citocromo c (complexo III) citocromo oxidase (complexo IV) O2 Enzimas dos complexos: Complexo I: ubiquinona oxidorredutase Complexo II: succinato desidrogenase Complexo III: ubiquinona-citocromo c oxidorredutase Complexo IV: citocromo oxidase A maior parte da energia é usada para bombear os prótons para fora da matriz. Para cada par de elétrons transferidos para o oxigênio, quatro prótons são bombeados para fora pelo complexo I, quatro pelo complexo III e dois pelo complexo IV. Complexo I 4H+ Complexo III 4H+ Complexo IV 2H+ A energia eletroquímica inerente a essa diferença na concentração de prótons e separação de cargas representa uma conservação temporária da maior parte da energia da transferência dos elétrons. A energia armazenada nesse gradiente é chamada de força próton motriz, e apresenta dois componentes: a energia potencial química devido à diferença na concentração e a energia potencial elétrica que resulta da separação de carga quando um próton se move através da membrana. Síntese de ATP: De acordo com o modelo quimiosmótico, a energia eletroquímica inerente da diferença na concentração de prótons e da separação de cargas através da membrana mitocondrial interna – a força próton motriz – dirige a síntese de ATP à medida que os prótons fluem passivamente de volta para a matriz através de um poro de prótons associado à ATP sintase. A ATP sintase possui dois domínios funcionais Fo, uma proteína integral de membrana e F1, uma proteína periférica de membrana. Apesar do ATP sintase equilibrar o ATP com o ADP + Pi sintetizado de novo, o ATP não pode deixar a superfície da enzima na ausência de um gradiente de prótons. É esse gradiente de prótons que ajuda a enzima a liberar o ATP formado em sua superfície. Para a síntese contínua de ATP, a enzima deve oscilar entre a forma que liga o ATP muito firmemente e a forma que libera o ATP. A F1 mitocondrial apresenta nove subunidades de cinco tipos diferentes. Cada uma das três subunidades apresenta um sítio catalítico para a síntese de ATP β apresenta sítio catalítico para a síntese de ATP. A catálise rotacional é a chave para o mecanismos de mudança de ligação para a síntese de ATP, na qual os três sítios ativos da F1 giram catalisando a síntese de ATP. A subunidade γ deve rodar em uma direção quando FoF1 está sintetizando ATP e na direção oposta quando a enzima está hidrolisando ATP. A disponibilidade de ADP controla a velocidade da cadeia de transporte. Sistema de Lançadeiras: Sabendo-se que a membrana interna não é permeável ao NADH como o NADH gerado pela glicólise, no citoplasma, pode ser reoxidado a NAD+ pelo O2 via cadeia respiratória? Sistemas especiais de lançadeiras transportam os equivalentes redutores do NADH citosólico para dentro da mitocôndria por uma via indireta. A lançadeira mais ativa que funciona nas mitocôndrias do fígado, rim e coração é a lançadeira malato-aspartato. Os equivalentes redutores do NADH citosólico são inicialmente transferidos ao oxaloacetato citosólico produzindo malato, pela ação da malato desidrogenase citosólica. O malato formado passa através da membrana interna para a matriz, por meio do transportador malato-α-cetoglutarato. Na matriz, os equivalentes redutores são passados para o NAD+ pela ação da malato desidrogenase matricial, formando NADH. Esse NADH pode então transferir seus elétrons diretamente para a cadeia respiratória. A lançadeira do glicerol-3-fosfato ocorre no músculo esquelético e no cérebro, e se difere da lançadeira malato- aspartato pelo fato de ceder os equivalentes redutores do NADH para o complexo III e não para o I, fornecendo energia suficiente para sintetizar apenas 1,5 molécilas de ATP para cada elétron. 6. Via das Pentoses: A via de pentose fosfato é uma via alternativa para o metabolismo da glicose que não resulta na formação de ATP. Suas principais funções são a formação de NADPH para a síntese de ácidos graxos e esteroides, assim como a síntese de ribose-5-fosfato para a formação de nucleotídeos e ácidos nucleicos. A via de pentoses forma 3 moléculas de CO2 e três açúcares de cinco carbonos, a partir de 3 moléculas de glicose-6-fosfato. Os açúcares serão rearranjados para regenerar duas moléculas de glicose-6-fosfato. A via das pentoses fosfato é realizada por todas as células, e as que sofrem múltiplas divisões fazem mais. 3 glicose + 6NADP + 3CO2 + 6NADPH + 2frutose + gliceraldeído + 6H+ I) Fase oxidativa: A primeira reação da via das pentoses é a oxidação da glicose-6-fosfato pela glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD) para formar 6-fosfoglicona-δ-lactona. O NADP+ é o aceptor de elétrons. Em seguida a 6-fosfoglicona-δ- lactona é oxidada em 6-fosfogluconato por uma lactonase. A 6-fosfogluconato é oxidada em ribose-5-fosfato, que pode se quebrar em xilose-5-fosfato por meio de umaepimerase ou na ribose-5-fosfato, por meio de uma isoepimerase. Reações: glicose-6-fosfato 6-fosfoglicona-δ-lactona (G6PD) 6-fosfoglicona-δ-lactona 6-fosfogluconato (Lactonase) 6-fosfogluconato ribulose-5-fosfato (CO2) ribose-5-fosfato xilose-5-fosfato (epimerase) ou ribose-5-fosfato (isoepimerase) II) Fase não oxidativa: Na segunda fase, a transcetolase (com TPP como cofator) e a transaldolase catalisam a interconversão de açúcares de 3, 4, 5, 6, 7 átomos de carbono, com a conversão reversível de 6 pentoses-fosfato a 5 hexoses-fosfato. A transcetolase transfere C1 e C3 da xilulose-5- fosfato para a ribose-5-fosfato formando o produto de 7 carbonos sedoeptulose-7-fosfato C5 + C5 transcetolase C3 + C7: Xilulose-5-fosfato + Ribose-5-fosfato Gliceraldeído-3-fosfato + Sedoeptulose-7-fosfato C3 + C7 transaldolase C6 + C4: Gliceraldeído-3-fosfato + Sedoeptulose-7-fosfato Eritrose-4-fosfato + Frutose-6-fosfato C4 + C5 transcetolase C6 + C3: Eritrose-4-fosfato + Xilulose-5-fosfato Gliceraldeído-3-fosfato + Frutose-6-fosfato Interrelação entre via das pentoses fosfato e reação da glutationa peroxidase no eritrócito: Se ocorre excesso de radicais livres na célula, podem ocorrer vários danos aos lipídios, às proteínas e ao DNA. Por isso, eles precisam ser degradados. Para que ocorra a quebra do H2O2, a glutationa redutase pega H + do NADPH que veio da via das pentoses fosfato e reduz a glutationa. A glutationa reduzida é utilizada pela Glutationa Peroxidase para quebrar uma molécula de H2O2, liberando 2 moléculas de H2O. Importância da via das pentoses: 1. Obtenção de potencial redutor: NADPH Utilizado nos processos de biossíntese dos ácidos graxos, colesterol e outros esteroides Necessário para a manutenção da glutationa (antioxidante) em seu estado reduzido (recebe hidrogênio). Ela só atua como antioxidante em seu estado reduzido, degradando as substância reativas (peróxido de hidrogênio, hidroxilas livres) ou seja, radicais livres que causam o envelhecimento celular (evitando a peroxidação dos lipídios da membrana). 2. Produção de pentoses: ribose-5-fosfato Síntese de nucleotídeos: DNA e RNA Doador de hidrogênio e de elétrons nas reações biossintéticas Manter a glutationa reduzida Anemia Hemolítica: é uma doença congênita ou adquirida, causada por uma deficiência enzimática na G6PD Diminui a produção de NADPH e da glutationa reduzida Risco de agressão pelos radicais livres Lise da membrana da hemácia Regulação da via das pentoses: A atividade da via das pentoses vai variar de acordo com tecido, sendo mais intensa em tecidos que ativam ácidos graxos ativamente, como é o caso do fígado e do tecido adiposo. As duas desidrogenases que participam da via convertem NADP a NADPH e vão ser inibidas competitivamente por NADPH. A utilização da glicose-6-fosfato pela via das pentoses ou pela glicólise vai depender das relações ATP/ADP e NADPH/NADP existentes nas células. Quando a relação ATP/ADP é baixa, a glicose vai ser degradada pela via glicolítica, produzindo ATP; não vai ocorrer a síntese de ácidos graxos e a relação NADPH/NADP é alta, inibindo a via das pentoses. Mas se a relação ATP/ADP é alta, a via glicolítica fica inibida e a síntese de ácidos graxos é favorecida, consumindo NADPH e eliminando a inibição das desidrogenases. Portanto quando a carga energética das células é alta, o consumo de glicose-6-fosfato pela via das pentoses é favorecida. A via das pentoses é ativa quando as taxas glicêmicas (glicose) são altas; os níveis altos de insulina resultantes acarretam, no tecido adiposo, aumento da permeabilidade à glicose e, no fígado, intensa síntese de glicocinase. Essas duas condições propiciam a síntese de ácidos graxos, que também é estimulada pela insulina. Então: A entrada de Glicose-6-P na via glicolítica ou na via das Pentoses-fosfato é basicamente determinada pelas concentrações relativas de NADP+ e NADPH. 7. Radicais Livres: São substâncias altamente reativas, produzidas em condições fisiológicas e patológicas, que apresentam em sua última camada eletrônica, orbitais com elétrons não pareados. ROS: Espécies reativas do oxigênio RNOS: Espécies reativas do oxigênio e Nitrogênio Estresse oxidativo: ocorre quando a taxa de produção de ROS e RNOS ultrapassa a taxa de remoção por mecanismos de defesa celular (enzimas e antioxidantes) 8. Controle da Glicemia: regulação da glicogenólise e da gliconeogênese Glicogênio: é armazenado no músculo e no fígado na forma de grandes partículas. Dentro das partículas estão enzimas que metabolizam o glicogênio, bem como enzimas reguladoras. Ligações α-1,4 e α-1,6 Tem como iniciador a glicogenina Sua glicose ativada é a UDP-glicose Enzimas: α-1,4: glicogênio sintase e α-1,6: enzima ramificada Função: o Fígado: homeostasia da glicose o Tecido Muscular Fornecimento de energia para o exercício Manutenção da glicemia (Indiretamente): em situações de jejum prolongado Glicogênese: corresponde ao processo de síntese de glicogênio no fígado e músculos, no qual moléculas de glicose são adicionadas à cadeia do glicogênio. Este processo é ativado pela insulina em resposta aos altos níveis de glicose sangüínea. O primeiro passo envolve a síntese de glicose-1-fosfato e UTP: Glicose glicose-6-fosfatoglicose-1-fosfatoUDP-glicose Glicogenina: é responsável pela síntese do iniciador Glicogenina + UDP-glicoseadição de glicose (8 moléculas de glicose unidas) Quando a concentração de glicose circulante vinda da alimentação diminui, o glicogênio hepático e muscular é degradado (num processo que se chama glicogenólise fazendo com que a glicemia volte a valores normais). Mas, pode ser que este suprimento de glicose não é sempre suficiente; entre as refeições e durante longos jejuns, ou após exercícios vigorosos, o glicogênio é consumido, situação que também ocorre quando há deficiência do suprimento de glicose pela dieta ou por dificuldade na absorção pelas células. Nessas situações, os organismos necessitam de um método para sintetizar glicose a partir de precursores não-carboidratos. Isso é realizado pela via chamada gliconeogênese, a qual converte piruvato e compostos relacionados de três e quatro carbonos em glicose. As modificações que ocorrem no metabolismo da glicose durante a mudança do estado alimentado para o estado de jejum são reguladas pelos hormônios glucagon e insulina. A insulina está elevada no estado alimentado, e o glucagon se eleva durante o jejum. A insulina estimula o transporte de glicose para certas células, tais como as dos músculos e tecido adiposo, e também altera a atividade de enzimas chave que regulam o metabolismo, estimulando o armazenamento de combustível. O glucagon faz o efeito contrário da insulina, estimulando a liberação dos combustíveis armazenados e a conversão de lactato, aminoácidos e glicerol em glicose. Glicogenólise: é a degradação de glicogênio realizada através da retirada sucessiva de moléculas de glicose. A degradação do glicogênio ocorre em 3 etapas: Glicogênio fosforilase Enzima desramificadora Fosfoglicomutase Etapas: 1. Glicogênio Fosforilase: quebra as ligações glicosídicas do tipo α-1,4 Glicogênio Glicose-1-fosfato 2. Enzima Desramificadora: quebra as ligações glicosídicas do tipo α-1,6 Glicose-1-fosfato Glicose 3. Fosfoglicomutase: transfere um grupo fosforil Glicose-1-fosfato Glicose-6-fosfato Regulação da Glicogenólise: GLICOGÊNIO FOSFORILASE (forma ativa) Tanto a adrenalina (miócitos) como o glucagon (hepatócitos) ligam-se a receptores específicos de superfície que ativam uma proteína de ligação a GTP, que eleva a concentração deAMPc, o que ativa a proteína quinase A (PKA). Isto inicia uma cascata de fosforilações: a PKA ativa a FOSFORILASE-QUINASE que capta os íons cálcio proveniente do impulso nervoso da contração muscular e ativa a GLICOGÊNIO-FOSFORILASE. A degradação do glicogênio decorrente fornece glicose, que no miócito pode suprir o ATP (via glicólise) para a contração muscular e no hepatócito é liberada para o sangue para se opor á glicose sanguínea baixa. Gliconeogênese: é a rota pela qual é produzida glicose a partir de compostos não-carboidratos, sendo a maior parte deste processo realizado no fígado (principalmente sob condições de jejum). Em humanos, os principais precursores são: lactato, glicerol e aminoácidos, principalmente alanina. Exceto por três sequências específicas (Piruvato para PEP, Frutose1.6-bifosfato para frutose-6-p, Glicose-6-p para glicose), as reações da gliconeogênese são inversas às da glicólise. 1° desvio: Dentro da mitocôndria, a piruvato- carboxilase catalisa a formação de oxalacetato a partir de ATP e CO2, liberando ADP + Pi. A partir daí, pode-se tomar 2 caminhos: a) Ação da PEP-carboxilase (PEPCK) mitocondrial, formando fosfoenolpiruvato a partir de GTP, e liberando GDP + CO2. b) Redução do oxalacetato para produção de malato, ganhando dois H. O malato, por sua vez, irá sair da mitocôndria e será oxidado, perdendo 2 H e voltando a ser oxalacetato. Este oxalacetato sofrerá ação da PEP-carboxilase citosólica, que o transformará em fosfoenolpiruvato. O caminho a ser tomado depende da concentração de NADH citosólico. Se for alta, a via b é inibida, pois causa acúmulo de produtos (malato e oxalacetato). O piruvato então toma a via a, transformando-se em fosfoenolpiruvato ainda dentro da mitocôndria. Caso a concentração de NADH no citosol seja baixa, acontece o contrário, e a via b é estimulada por falta de produtos. 2º desvio: No citosol, a frutose-1,6-bifosfato é hidrolisada pela frutose-1,6-bifosfatase, liberando um Pi e formando frutose-6-fosfato, que logo em seguida será isomerizada a glicose-6-fosfato pela fosfoglicose-isomerase. 3º desvio: Nesta etapa faz-se a conversão de glicose-6- fosfato em glicose. O grupo fosfato ligado ao carbono 6 da glicose-6-fosfato sofre hidrólise catalisada pela glicose-6- fosfatase. O produto dessa reação é a glicose não fosforilada que, assim, pode atravessar a membrana plasmática. A enzima glicose-6-fosfatase só ocorre no fígado e rins. Regulação de Glicólise e da Gliconeogênese: a regulação hormonal de glicólise e da gliconeogênese é mediada pela frutose-2,6-bifosfato, um efetor alostérico das enzimas PFK-1 (fosfofrutoquinase 1) e FBPase-1 (frutose-1,6- bifosfatase 1). Ativação da Gliconeogênese: glicose↓ glicagina ↑ AMPc↑ PKA↑ enzima bifuncional fosforilada frutose-2,6- bisfosfatase↑ frutose-2,6-bisfosfato↓ frutose-1,6-bisfosfátase↑ gliconeogénese↑ A ativação de uma cínase (PKA) pela glicagina vai ativar duas fosfatases (frutose-2,6 e frutose-1,6- bisfosfátase). A correção homeostática da hipoglicemia envolve a ativação da gliconeogênese. Ativação da Glicólise: glicose↑ insulina↑ fosfatase da enzima bifuncional↑ enzima bifuncional desfosforilada quinase 2 da frutose-6-fosfato↑ frutose-2,6-bisfosfato↑ quinase 1 da frutose-6-fosfato↑ glicólise↑ A ativação de uma fosfatase (a fosfatase que desfosforila a enzima bifuncional) pela insulina vai ativar duas quinases (as quinases 2 e 1 da frutose-6-fosfato). A correção homeostática da hiperglicemia envolve a ativação da glicólise hepática. Efeitos do álcool: O consumo de álcool (etanol) pode causar hipoglicemia. Essa condição resulta dos efeitos inibidores do álcool sobre a gliconeogênese causado pelo NADH produzido durante o metabolismo do álcool. O etanol é convertido em acetaldeído (CH3CHO). O excesso de NADH no citosol reduz a gliconeogênese, pois desloca o equilíbrio das reações catalisadas pela lactato-desidrogenase e malato-desidrogenase, nas direções de formação do lactato e malato, respectivamente. Os NADH deveriam ser transportados para a mitocôndria pelo circuito malato-aspartato, mas o fígado não consegue fazê-lo na velocidade suficiente para evitar distúrbios metabólitos. O NADH excedente bloqueia a conversão do lactato a glicose provocando hipoglicemia e também promove a conversão da alanina em lactato, resultando em acúmulo desse último no sangue (acidose láctica). A substância que ocasiona lesões ao nível do hepatócito, não é o álcool e sim o produto de sua degradação, o acetaldeído.
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