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Prescrição Penal

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PRESCRIÇÃO PENAL
Introdução
O Estado possui um prazo para investigar, processar, condenar e executar, penalmente, a pessoa que comete infração penal. Caso passe esse tempo e não consiga concluir uma dessas “fases”, extinta estará a pretensão do Estado de punir o indivíduo;
Conceito: prescrição é a perda do direito de punir do Estado (PPP) ou de executar a punição já imposta (PPE), em face do decurso do tempo;
A prescrição é um limite temporal do poder de punir do Estado. A prescrição é uma garantia contra a eternização do poder punitivo do Estado, já que o poder punitivo estatal não pode perdurar por toda a vida do agente criminoso;
Todos os crimes prescrevem? Em regra, todos os crimes prescrevem, por mais graves que sejam. Contudo, há casos excepcionais de imprescritibilidade, previstos na Constituição da República;
Os crimes imprescritíveis são: 1) racismo (artigo 5º, inciso XLII, CR/88 e Lei 7.716/1989) e 2) ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (artigo 5º, XLIV, CR/88).
	Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
Esses dois crimes possuem mandamentos constitucionais de criminalização, com previsão de tratamento diferenciado para cada um deles, determinando patamares mínimos aquém do que o legislador ordinário não pode deixar de considerar no momento de criar o crime e cominar a pena;
O crime de tortura é prescritível ou imprescritível? O crime de tortura é prescritível, podendo ser alcançado por essa causa extintiva da punibilidade, ou melhor, o delito de tortura, de acordo com a Constituição Federal, é prescritível, não estando entre as exceções de imprescritibilidade;
A tortura aparece como crime imprescritível em alguns tratados internacionais de direitos humanos (Estatuto de Roma, por exemplo, que criou o Tribunal Penal Internacional). Sabendo que o Brasil é signatário desse tratado que cria o TPI, bem como que os tratados internacionais de direitos humanos, ratificados pelo Brasil, são incorporados em nosso ordenamento jurídico ou como normas constitucionais (se pelo quórum de emenda) ou assumem status supralegal (se ratificados pelo quórum comum), a doutrina passou a discutir a prescritibilidade ou não do crime de tortura;
Desse modo, o delito de tortura prescreve ou não por conta do tratado internacional que cria o TPI, no qual o Brasil é signatário? Não existem decisões dos Tribunais Superiores reconhecendo a imprescritibilidade da tortura na seara penal (os Tribunais Superiores continuam presos à Constituição da República e tratam a tortura como crime prescritível). Contudo, o STJ tem julgados reconhecendo a imprescritibilidade da tortura na seara cível (reparação de danos).
Fundamentos e natureza jurídica da prescrição
Fundamentos da prescrição: o decurso do tempo leva ao esquecimento do fato, fazendo desaparecer o interesse social de o Estado punir a infração penal cometida (teoria do esquecimento); com o transcurso do tempo, presume-se que o criminoso já sofreu tanto por suas angústias e remorsos que isso, por si só, já caracteriza a sua punição (teoria da expiação moral); o transcurso do tempo faz com que o suporte probatório enfraqueça (teoria da dispersão da prova); com o decurso do tempo, o agente melhora naturalmente, não sendo necessária a aplicação de pena, ou seja, presume-se que com o transcorrer do tempo, o criminoso se redimiu e o tempo interferiu em seu foro íntimo e comportamento;
Natureza jurídica da prescrição: muito se discute a respeito da natureza jurídica da prescrição penal, isto é, se é um instituto de natureza material (penal), processual (processual penal) ou mista. A corrente que prevalece é a que defende a natureza material da prescrição, sendo seu principal fundamento a sua previsão no Código Penal e a contagem de seu prazo estar em consonância com o artigo 10 do mesmo diploma legal;
Cumpre ressaltar que a prescrição é matéria de ordem pública, podendo ser reconhecida e declarada de ofício pelo Juiz em qualquer fase do processo, nos termos do artigo 61 do CPP;
Comunicabilidade da extinção da punibilidade: segundo o art. 108 do CP, “a extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão”;
Isso quer dizer que sendo reconhecida a prescrição de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro delito, a prescrição não se estende a este. Ex: primeiro crime: furto; segundo delito: receptação. Para haver o crime de receptação, obrigatoriamente, deverá ter um crime anterior, que neste exemplo é o furto. Se for reconhecida a prescrição do delito de furto, esta prescrição não se estenderá ao crime de receptação;
Além disso, nos crimes conexos, o reconhecimento da prescrição de algum dos delitos conexos, não impede, quanto aos outros crimes, a agravação da pena resultante da conexão.
Espécies de prescrição
	Espécies de prescrição
	Prescrição da pretensão punitiva
	Prescrição da pretensão executória
	Perda do direito de punir.
	Perda do direito de executar a punição imposta.
	Ocorre antes do trânsito em julgado. Eventual sentença condenatória provisória é rescindida, não ocorrendo qualquer efeito penal ou extrapenal. O acusado não arca com as custas judiciais e terá direito à restituição integral da fiança, se a houver prestado.
	Ocorre após o trânsito em julgado, impedindo somente a execução da pena, permanecendo os demais efeitos, tais como: reincidência; dever de pagar as custas judiciais; a sentença permanece válida como título executivo judicial, perante o juízo cível; eventual perda da fiança prestada; nome do réu no rol dos culpados.
	Divide-se em 4 espécies:
1) Em abstrato (PPPA);
2) Retroativa (PPPR);
3) Superveniente (PPPS);
4) Virtual (PPPV).
	
Prescrição da pretensão punitiva em abstrato (PPPA)
Introdução
Tendo o Estado a tarefa de buscar a punição do delinquente, o Código Penal anuncia até quando essa punição é possível;
Sendo incerto o quantum da pena fixada na sentença, o prazo prescricional é resultado da combinação da pena máxima prevista abstratamente no tipo penal e a escala descrita no artigo 109 do CP. Quanto mais grave o crime, maior a pena em abstrato e mais tempo o Estado terá para punir o agente criminoso.
	Art. 109.  A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. 
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.
No Brasil, a prescrição tem prazo máximo de 20 anos e prazo mínimo de 3 anos, por conta da Lei 12.234/2010 (maio de 2010). Antes dessa lei, o prazo mínimo era de 2 anos (essa lei alterou o inciso VI, aumentando o seu prazo, sendo uma lei pior para o réu, não retroagindo).No cálculo da prescrição, temos que:
	Leva-se em consideração
	Não se leva em consideração
	Qualificadora
	Circunstâncias judiciais (o valor delas não tem previsão legal)
	Causas de aumento e de diminuição de pena.
Tratando-se de aumento ou diminuição variável (por exemplo, de 1/3 a 2/3), aplica-se a teoria da pior das hipóteses, ou seja, considera-se o maior aumento e a menor diminuição. Ex: em caso de tentativa, diminui 1/3 o prazo prescricional do crime cometido
	Agravantes e atenuantes
Exceção: a atenuante da menoridade relativa e a da senilidade reduzem o prazo prescricional pela metade (artigo 115 do CP)
	
	Concurso de crimes (artigo 119 do CP - no caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente), ou seja, o aumento da pena proveniente do concurso material, formal e do crime continuado não é considerado no cálculo do prazo prescricional. 
Resumindo, no cálculo da prescrição, levamos em consideração as qualificadoras e as causas de aumento e de diminuição de pena. Por outro lado, não computamos no cálculo prescricional as circunstâncias judiciais, as agravantes, atenuantes (salvo, exceção dita acima) e o aumento resultante do concurso de crimes;
Assim, no caso de concurso de crimes, o cálculo da prescrição incidirá sempre sobre a pena de cada delito, isoladamente. Essa regra é aplicada em todas as espécies de prescrição, ou seja, tanto nas modalidades de PPP quanto na PPE. Dessa forma, dizer que no concurso de crimes, a prescrição incidirá sobre o total da pena é absolutamente errado, uma vez que a prescrição sempre incidirá sobre a pena de cada crime, isoladamente;
Enfim, no concurso de crimes, seja qual for a espécie de prescrição analisada, esta é calculada sobre a pena de cada infração penal, isoladamente, leia-se, uma a uma, independentemente da espécie de concurso de crimes. 
Consequências do reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva em abstrato:
Ocorrendo a prescrição, desaparece para o Estado o seu direito de punir, inviabilizando a análise do mérito, leia-se, o Juiz, ao declarar a prescrição, não condena e nem absolve, apenas declara a prescrição;
A lei 11.719/2008 alterou o art. 397 do CPP, dispondo que o Juiz deverá absolver sumariamente quando verificar extinta a punibilidade do agente (art. 397, IV, do CPP - abrange a prescrição);
Eventual sentença condenatória é rescindida, ou seja, não permite operar qualquer efeito penal ou extrapenal;
O acusado não será responsabilizado pelas custas, devendo ter restituída a fiança integralmente paga, se houver prestado;
Cumpre ressaltar que todas as consequências acima mencionadas estarão presentes na prescrição da pretensão punitiva retroativa, superveniente e virtual.
Início da contagem da prescrição
O art. 111 do CP dispõe sobre o início do prazo prescricional, ou seja, descreve quando começa a correr o prazo prescricional anunciado pelo artigo 109 do CP, conforme vemos abaixo: 
	Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. 
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.
	Quando o crime se considera praticado
	Quando se inicia o prazo prescricional
	Da data da conduta.
O artigo 4º do CP adota a teoria da atividade (considera-se o crime praticado no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado).
	Da data da consumação.
O artigo 111, I, do CP adotou a teoria do resultado (a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr do dia em que se consumou o crime).
	Caso: A desferiu o primeiro tiro em B em 30 de março de 2000. Em 31 de março de 2000, A desferiu o segundo e terceiros tiros em B. B falece em 23 de abril de 2000. A foi condenado por homicídio doloso. Para fins de prescrição, qual o início da contagem do prazo prescricional anterior ao trânsito em julgado da sentença final? É no dia 23 de abril de 2000, tendo em vista que foi esse o dia em que o delito de homicídio se consumou.
E se o crime não se consumou, como no caso de tentativa? O prazo começa a correr do último ato executório (quando cessou a atividade criminosa – art. 111, II, do CP);
E quanto aos crimes que se estendem no tempo? Nos crimes permanentes, no dia em que cessa a permanência (art. 111, III, do CP). Exemplo: sequestro. Enquanto a vítima estiver dentro do cativeiro, em poder dos agentes criminosos, a prescrição não começa a correr;
Quanto ao crime de bigamia e nos crimes de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, a prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido (art. 111, IV, do CP). Esses delitos demoram a ser conhecidos, são ocultos. Nesse ponto, o legislador resolveu anunciar termo diferente para prescrição;
Prescrição em caso de crimes contra a dignidade sexual: Segundo o art. 111, V, do CP, nos crimes contra a dignidade sexual de crianças ou adolescentes, previstos no CP ou em legislação penal extravagante, a prescrição começa a correr da data em que a vítima completar 18 anos, salvo se já tiver sido proposta a ação penal. Esse dispositivo foi introduzido pela Lei 12.650/2012 (maio de 2012), não alcançando os fatos passados, pretéritos, pois é uma lei pior. O termo “proposta a ação penal” possui dois entendimentos na doutrina.
	1ª corrente
	2ª corrente
	A primeira corrente entende que o termo se refere à ação penal oferecida (se antes de a vítima completar 18 anos, o MP ofereceu a denúncia, já começa a correr a prescrição).
	A segunda corrente entende que o termo se refere à ação penal recebida (somente se o Juiz receber a denúncia que começa a correr a prescrição antes de a vítima completar 18 anos).
	A segunda corrente trabalha em harmonia com o artigo 117, inciso I, do CP.
E se a vítima morrer antes de completar 18 anos? O prazo de prescrição começa a contar da data da morte, não tendo que se aguardar o dia, mês e ano em que completaria 18 anos;
Essa alteração legislativa não anuncia hipótese de imprescritibilidade, mas sim termo inicial diferenciado da prescrição;
Prescrição em crime habitual: Os delitos habituais possuem qual termo inicial para prescrição? Primeiramente, crime habitual é aquele que exige reiteração de atos para a sua tipificação (um ato somente trata-se de um indiferente penal). A partir do momento em que há o segundo ato, haverá fato típico. Nesses casos, o STF entende que a prescrição começa a contar do último ato habitual (aplica-se a mesma ideia do crime permanente, ou seja, quando cessa a permanência).
Paralisação do prazo da prescrição
Iniciado o prazo prescricional, conforme a redação do artigo 111 do CP, é possível a sua suspensão, bem como a sua interrupção. As causas suspensivas estão descritas no art. 116 do CP. Por sua vez, as causas interruptivas estão no art. 117 do CP;
No caso de suspensão do prazo da prescrição, quando o prazo é suspenso/paralisado, retoma-se de onde parou. Já a interrupção, o prazo é zerado, voltando a correr desde o início.
Causas suspensivas/impeditivas do prazo prescricional
As causas suspensivas/impeditivas do prazo prescricional estão no art. 116 do CP e também em outros mandamentos legais fora do CP. Comecemos pelas causas elencadas no art. 116 do CP. 
	Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: 
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; 
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
O inciso I fala das questões prejudiciais, previstas nos artigos 92 a 94 do CPP (exemplo: bigamia versus anulação do casamento). Nesse caso, suspende-se o processo penal, bem como a prescrição, esperando o juízo cível analisar a questão da validade do casamento. O inciso II garante a soberania brasileira;
Verifica-se, portanto, que o art. 116 do CP prevê três causas suspensivas/impeditivas da prescrição. Duas causas antes de passar em julgado a sentença final e uma causa depois de transitada em julgado a sentença condenatória, a saber:
	a) enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; 
b) enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro;
c) depois de passada em julgado a sentença condenatória, durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
Convém ressaltar que a instauração de incidente de insanidade mental suspende o processo, mas não suspende o prazo prescricional.
Causas suspensivas do prazo prescricional fora do art. 116 do CP
	a) art. 366 do CPP: se o acusado for citado por edital, não comparecer e não constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional. Por quanto tempo a prescrição ficará suspensa?
O prazo prescricional ficará suspenso pelo prazo da prescrição da pretensão punitiva em abstrato, levando-se em conta o máximo da pena e considerando-se as balizas do art. 109 do CP. Ex: o crime de furto tem pena de 01 a 04 anos. Considerando-se a pena máxima prevista, o referido delito prescreve em 08 anos (art. 109, IV, do CP). Dessa forma, ocorrendo a situação prevista no art. 366 do CPP, a prescrição ficará suspensa por 08 anos. Após esse prazo, o processo continuará suspenso, mas a prescrição volta a correr pelo saldo restante;
Adotando o entendimento da maioria, o STJ editou a súmula 415: “o período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada”.
	b) art. 53, § 3º, da CF: dispõe sobre a imunidade parlamentar
Os deputados e senadores que cometerem crime após a sua diplomação, serão julgados pelo STF. O STF poderá receber a denúncia/queixa sem autorização da Casa Legislativa respectiva. Recebida a denúncia/queixa, o STF deve comunicar o fato à Casa Legislativa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. Dessa maneira, enquanto estiver suspensa a ação penal, o prazo prescricional também ficará suspenso. 
	c) Artigo 89, § 6º da Lei 9.099/95: suspensão condicional do processo.
Art. 89, § 6º, da Lei 9.099/95: dispõe que a prescrição ficará suspensa durante o prazo do benefício da suspensão condicional do processo, que pode ser de 02 a 04 anos.
	d) necessidade de lançamento definitivo nos crimes tributários.
Crimes tributários: segundo entendimento do STF, a prescrição ficará suspensa enquanto não houver o lançamento definitivo do débito nos crimes tributários.
Causas interruptivas da prescrição
Nas hipóteses em que o prazo prescricional interrompe-se, o tempo percorrido antes da interrupção não é computado. Dessa forma, ocorrendo uma causa interruptiva, todo o prazo começa a correr novamente a partir do dia em que ocorreu a causa interruptiva;
Contudo, há uma exceção à regra acima. Nos termos do art. 117, § 2º, do CP, interrompida a prescrição pelo início ou a continuação do cumprimento da pena, o tempo anterior ao início de cumprimento da pena é calculado como prazo prescricional. Esta é a única situação em que o tempo transcorrido é contado antes da causa interruptiva. As causa interruptivas estão no art. 117 do CP: 
	Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: 
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; 
II - pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; 
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; 
VI - pela reincidência. 
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. 
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.
Recebimento da denúncia ou queixa-crime
Devemos atentar para o fato de que a prescrição se interrompe pelo recebimento da denúncia/queixa e não pelo oferecimento;
A doutrina diverge se a interrupção da prescrição se dá com o despacho de recebimento ou com a sua publicação em cartório. Muitos doutrinadores dizem que é da data do despacho do Juiz. Nos feitos relativos à competência originária dos tribunais, é a data do despacho proferido pelo relator;
O simples aditamento da denúncia, para correção de meras irregularidades ou inclusão de corréu, NÃO interrompe a prescrição. Somente haverá a interrupção se o aditamento incluir novo crime, isto é, somente haverá a interrupção da prescrição, se o aditamento incluir nova conduta típica não descrita anteriormente;
Enunciado nº 709 da Súmula do STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela;
Anulado o despacho de recebimento da denúncia, o novo recebimento será o marco interruptivo da prescrição;
O recebimento da denúncia por magistrado absolutamente incompetente não interrompe a prescrição penal. Já foi decidido pelo STF que o recebimento da denúncia, quando efetuado por órgão judiciário absolutamente incompetente, não se reveste de eficácia interruptiva da prescrição penal, eis que decisão nula não pode gerar a consequência jurídica a que se refere o art. 117, I, do CP.
Pela pronúncia
No procedimento do Tribunal do Júri, o encerramento da primeira fase pode ocorrer de 4 maneiras. Uma dessas 4 maneiras é a decisão de pronúncia, quando o Juiz reconhece viável a acusação, por ter prova da materialidade e autoria, remetendo o processo para julgamento popular. Assim, a data que marcará a interrupção da prescrição será a da publicação da decisão de pronúncia em cartório;
A pronúncia deve ser considerada como causa de interrupção da prescrição, ainda que haja desclassificação do crime pelo Tribunal do Júri. Enunciado 191 da Súmula do STJ: “a pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime”. 
	Caso: depois de pronunciado por homicídio consumado e tentativa de homicídio conexos, Tício é condenado a dois anos de detenção (art. 121, § 3º, do CP), porque foi reconhecido excesso na legítima defesa, e a um ano de detenção, já que foi desclassificada a tentativa para o crime de lesões corporais (art. 129 do CP). O corréu Mévio apela da decisão alegando a extinção da punibilidade do crime de lesões corporais, já que, ao contrário do que se verificou com Tício, somente foi pronunciado em grau de recurso imediatamente após o decurso de quatro anos do recebimento da denúncia. No entanto, o pleito de Mévio não foi deferido, haja vista que não ocorreu a prescrição. Segundo o art. 117, § 1º, do CP, a interrupção da prescrição ocorrida com a pronúncia de Tício produz efeito relativamente ao outro participante do crime (Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime).
Pela decisão confirmatória da pronúncia
Nesse caso, o réu recorre da decisão da pronúncia, pois entende que falta justa causa para a ação penal (condição da ação relacionada aos indícios de autoria e prova de existência do crime - fumus boni iuris);
Caso o Tribunal não dê razão ao acusado, confirmando a decisãoque pronunciou o réu para ser levado a julgamento popular, essa decisão será causa de interrupção da prescrição.
Pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis
	Caso: por um furto qualificado acontecido em 10 de janeiro de 2004, A e B foram processados (denúncia recebida em 03 de fevereiro de 2005), sobrevindo em 24 de maio de 2006, sentença que condenou o primeiro às penas de 02 anos de reclusão e 10 dias-multa, sem recurso das partes. Quanto a B, menor de 21 anos à data do crime, o processo foi desmembrado para a instauração de incidente de insanidade mental que, ao final, considerou-o plenamente imputável. B, então, foi condenado, pelo mesmo delito, às penas de 02 anos de reclusão e 10 dias-multa, por sentença publicada em 21 de março de 2007, que se tornou definitiva para as partes em abril do mesmo ano. Como fica a situação de B no tocante a prescrição, ou melhor, deve ser declarada a extinção da punibilidade de B devido à ocorrência da prescrição?
Não. Não é correto afirmar que ocorreu a prescrição da pretensão punitiva em face da pena aplicada e da menoridade relativa de B à data do delito. Analisando o caso, verifica-se que não ocorreu a extinção da punibilidade quanto a B em qualquer das modalidades de prescrição, em razão da interrupção do curso do prazo prescricional pela publicação da sentença condenatória proferida contra A. O § 1º do art. 117 do CP dispõe que: “excetuados os casos dos incisos V e VI (início ou continuação do cumprimento da pena e reincidência), a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime”. Assim, publicada a sentença condenatória em desfavor de A, ocorreu a interrupção da prescrição em relação a B, o outro autor do delito.
Considerando o caso acima, no tocante à interrupção da prescrição, é correto afirmar que a interrupção pode produzir efeitos relativamente a todos os autores do crime, salvo exceções. As exceções são os casos de início ou continuação do cumprimento da pena e reincidência, em que há a interrupção somente ocorre para os agentes que neles se encaixam;
Essa mesma regra aplica-se aos crimes conexos (segunda parte do § 1º do art. 117 do CP). Dessa forma, nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais delitos conexos, a interrupção relativa a qualquer deles;
O que significa acordão condenatório? Há duas correntes
	1ª corrente
	2ª corrente
	Entende-se por acórdão condenatório os acórdãos condenatórios em ações penais originárias (foro por prerrogativa de função, no qual o próprio Tribunal julga como instância inicial) e os acórdãos reformatórios da absolvição de primeira instância
	Entende-se por acórdão condenatório as decisões do Tribunal em ação penal originária (foro por prerrogativa de função, no qual o próprio Tribunal julga como instância inicial), decisão que reforma ou decisão que confirma condenação, mesmo que majore a pena.
	Para essa corrente, acórdão que confirma a condenação de primeiro grau, mesmo que majore a pena, não interrompe
	Para essa corrente, acórdão que confirma a condenação de primeiro grau, majorando a pena, interrompe a prescrição.
	Essa é a corrente que prevalece.
	Essa corrente não tem prevalecido.
Balizas prescricionais
	Procedimento diverso do Tribunal do Júri
Os momentos em que a prescrição será interrompida, antes de ocorrer o trânsito em julgado, estão nos incisos do art. 111 do CP.
O primeiro marco será o recebimento da denúncia, começando novo prazo para prescrição. O segundo marco da interrupção da prescrição ocorre com a publicação da sentença ou acordão condenatório, começando novo marco. Encerra-se, portanto, a linha de interrupção com o trânsito em julgado da sentença penal ou do acórdão condenatório.
	Procedimento do Tribunal do Júri
Assim como no procedimento diverso, tudo começa pelo artigo 111 do CP, que prevê os casos de início da contagem do prazo de prescrição.
O primeiro marco interruptivo é o recebimento da denúncia, interrompendo o prazo prescricional. O segundo momento vai do recebimento da denúncia até o momento em que o juiz profere a decisão de pronúncia (publicação da pronúncia). O terceiro momento de interrupção ocorre na decisão confirmatória da pronúncia (sessão de julgamento). O quarto momento é a sentença condenatória dos jurados. O último marco vai da condenação até o trânsito em julgado.
	Caso: Maria abandonou recém-nascido para ocultar desonra própria, praticando o crime descrito no artigo 134 do CP (pena de 6 meses a 2 anos). O prazo prescricional, para esse crime, é de 4 anos. Da data do crime até o recebimento da petição inicial, o Estado possui o prazo prescricional de 4 anos para recebê-la. Se o Estado recebeu a denúncia em 4 anos, quanto tempo o Estado possui para condenar Maria? Começando a correr nova prescrição, o Estado possui mais 4 anos para condenar Maria. Em caso de Maria ser condenada, por sentença condenatória, MP e Maria recorrem, haverá nova interrupção do marco da prescrição, havendo mais 4 anos para julgamento do recurso. Em caso de condenação, haverá nova interrupção do marco prescricional. mp e maria recorrem, havendo mais x anos (a depender do quantum da condenação e da tabela do art. 109 do cp), para julgamento do recurso.
Prescrição da pretensão punitiva retroativa (PPPR)
Introdução
A prescrição da pretensão punitiva retroativa (PPPR) é a perda do direito de punir do Estado, considerada a pena concreta com trânsito em julgado para a acusação ou improvido seu recurso, levando-se em conta prazo anterior à sentença, isto é, o prazo compreendido entre a data da publicação da sentença condenatória e a data do recebimento da denúncia/queixa. A prescrição da pretensão punitiva retroativa (PPPR) está prevista no art. 110, § 1º, do CP, senão vejamos:
	Art. 110 - ... 
§ 1o  A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
Quando se falou da prescrição da pretensão punitiva em abstrato (PPPA), o balizamento, pela tabela do artigo 109 do CP, regula-se pelo máximo da pena em abstrato cominada ao delito. Agora, leia-se, na prescrição da pretensão punitiva retroativa (PPPR), não mais se observa o máximo da pena cominada ao delito, mas, sim, a pena aplicada na sentença transitada em julgado para a acusação;
Antes da sentença recorrível, não se sabe a quantidade da pena a ser fixada pelo Juiz, razão pela qual o lapso temporal regula-se pela pena máxima prevista em lei (teoria da pior das hipóteses). Contudo, fixada a pena, ainda que provisoriamente, transitada em julgado a sentença para a acusação ou sendo seu recurso improvido, não mais existe razão para se levar em conta a pena máxima, já que, mesmo diante do recurso da defesa, é proibida a reforma para prejudicar o réu, não tendo como, portanto, a pena ser aumentada. A pena aplicada na sentença passa a ser o novo norte, passa a ser o parâmetro para aplicação da tabela contida no artigo 109 do CP;
Atualmente, a PPPR possui apenas um lapso temporal prescricional, que é o prazo compreendido entre a data da publicação da sentença condenatória e a data do recebimento da denúncia/queixa. A exceção fica por conta dos crimes julgados no Tribunal do Júri, os crimes dolosos contra a vida, que em seu procedimento contam com mais dois marcos interruptivos: a decisão de pronúncia e a decisão confirmatória da pronúncia.
Características da prescrição da pretensão punitiva retroativa (PPPR)
Os pressupostos são: sentença ou acórdão penal condenatório; trânsito em julgado para a condenação no que se relaciona à quantidade da pena; ter como norte a pena aplicada na sentença; os prazos prescricionais estão descritos dentro do artigo 109 do CP; o termo inicial se conta da publicação da sentença condenatória até o recebimento da inicial (contagem retroativa);
Sendo espécie deprescrição da pretensão punitiva, os seus efeitos ou consequências são os mesmos da PPPA (inviabiliza a análise do mérito, não haverá efeitos penais e extrapenais, réu não será responsabilizado por custas e será restituída a fiança, caso tenha sido paga).
	Caso prático: Maria abandonou recém-nascido para ocultar desonra própria, praticando o crime descrito no artigo 134 do CP, que possui pena de 6 meses a 2 anos. A prescrição da pretensão punitiva em abstrato é de 4 anos, havendo esse tempo para investigar e receber a denúncia contra Maria. Recebida a inicial acusatória, interrompe-se a prescrição e o Estado possui mais 4 anos para condenar Maria. Suponha-se que o processo demorou 3 anos e 2 meses, não ocorrendo, nesse caso, a prescrição. A sentença aplica uma pena de 6 meses. O MP não recorre dessa pena, ocorrendo o trânsito em julgado para a acusação. Dessa forma, pode-se afirmar e trabalhar com PPPR (prescrição da pretensão punitiva retroativa), combinando-se a pena aplicada na tabela do artigo 109 do CP. Nesse caso, considerando-se a pena aplicada de 06 meses, o prazo prescricional será de 3 anos. Atentando-se para a pena máxima prevista para o delito cometido, do recebimento da inicial até a condenação, o Estado possuía um prazo de 4 anos, que foi obedecido, pois passaram-se apenas 3 anos e 2 meses para a prolação da sentença condenatória. A sentença, cuja pena aplicada foi de 06 meses, não trabalha mais com a pena em abstrato, mas sim com a pena imposta no decreto condenatório. Assim, tendo por base a pena imposta, o prazo prescricional passa a ser de 3 anos, contados retroativamente, ou seja, da data da publicação da sentença até a data do recebimento da inicial acusatória. Conclui-se, portanto, que houve a prescrição da pretensão punitiva retroativa, haja vista que transcorreu mais de três anos no período referido. 
Antes da lei 12.234/2010, podia-se contar a PPPR entre a publicação da sentença condenatória e o recebimento da inicial e, caso não ocorresse a prescrição, podia-se contar retroativamente, isto é, do recebimento da inicial até a data do fato. Após o advento da Lei 12.234/2010 (maio de 2010), não se admite PPPR entre a data do recebimento da inicial acusatória e a data do crime (consumação do delito), mas sim PPPA. A lei 12.234/2010 é prejudicial para o réu, portanto, irretroativa. Isso quer dizer que os fatos praticados antes de maio de 2010 admitem a PPPR entre o recebimento da inicial acusatória e a data do crime;
Merece destacar que o recurso da acusação só impede a PPPR se busca o aumento da pena. Se o MP recorre contra o tipo de pena (e não a sua quantidade), não impede a PPPR;
Essa espécie de prescrição pode ser reconhecida em primeiro e em segundo grau? Há duas correntes.
	1ª corrente
	2ª corrente
	Com a sentença, o Juiz já esgotou a sua jurisdição, não podendo reconhecer a PPPR. A Defesa terá que pedir a PPPR no seu recurso para o Tribunal.
	Por se tratar de matéria de ordem pública, o Juiz de primeiro grau pode reconhecer a PPPR de ofício ou mediante provocação das partes. Nesse caso, o Juiz sentencia, espera o trânsito em julgado para o MP e declara a PPPR.
	Prevalece a segunda corrente.
Prescrição da pretensão punitiva superveniente (PPPS)
A prescrição da pretensão punitiva superveniente (PPPS), também chamada de prescrição da pretensão punitiva intercorrente ou subsequente, é a perda do direito de punir do Estado, considerada a pena concreta com trânsito em julgado para a acusação ou improvido seu recurso, cujo lapso temporal inicia-se na data da publicação da sentença e segue até o trânsito em julgado para a defesa. A prescrição da pretensão punitiva superveniente/intercorrente, está prevista no art. 110, § 1º, do CP, senão vejamos:
	Art. 110 - ... 
§ 1o  A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
Tal qual a PPPR, a PPPS tem por base a pena concreta aplicada na sentença condenatória. A PPPS pressupõe o trânsito em julgado para a acusação e leva em conta a pena concretamente imposta na sentença;
A PPPR se conta da publicação da sentença condenatória para trás, ou seja, da publicação da sentença condenatória até o recebimento da inicial. Já a PPPS, conta-se da publicação da sentença para frente, leia-se, da publicação da sentença condenatória até o julgamento do recurso. O marco inicial da PPPS se dá com a publicação da sentença condenatória recorrível e termina com o trânsito em julgado definitivo.
	Caso prático: João está sendo acusado de cometer furto simples, descrito no artigo 155 do CP, com pena de 01 a 04 anos. Conforme a tabela do artigo 109 do CP, a PPPA ocorre em 08 anos. Assim, o prazo para investigar, denunciar e receber a inicial acusatória é de 08 anos, ou melhor, da data do fato até a data do recebimento da inicial não pode transcorrer prazo superior a 08 anos. Recebida a denúncia, há nova PPPA de 08 anos, contados da data do recebimento da denúncia até a sentença condenatória. Do recebimento da denúncia até a publicação da sentença condenatória transcorreu 03 anos. João foi condenado a uma pena de 01 ano. O MP não recorre, fazendo com que a PPPR (da data da publicação da sentença até a data do recebimento da inicial) seja calculada pela pena aplicada (01 ano) mais a tabela dos prazos prescricionais (art. 109 do CP), perfazendo o prazo prescricional de 04 anos. Nesse caso, não ocorreu a PPPR. Como o MP não recorreu, pode-se falar em PPPS, o que significa que o Estado tem 04 anos para julgar recurso de João, leia-se, o trânsito em julgado da sentença deve ocorrer em 04 anos.
Insta salientar que é requisito para o reconhecimento da PPPS que a sentença transite em julgado apenas para a acusação e não também para a defesa, ou, ainda, depois de provido o recurso de acusação;
Se apenas a defesa interpõe recurso contra a sentença condenatória, segue-se que a pena não poderá ser majorada, por força do princípio que veda a “reformatio in pejus”. Logo, a pena aplicada define o prazo prescricional. O que se deve verificar nessa hipótese é se entre a data da publicação da sentença e o julgamento do recurso da defesa (trânsito em julgado), ocorreu a prescrição;
Quanto ao improvimento do recurso da acusação, entre a data da sentença condenatória e o julgamento do tribunal que não prover o recurso, não poderá ultrapassar o prazo prescricional calculado de acordo com a pena aplicada na sentença ao agente;
Caso o recurso da acusação seja provido, ainda assim é possível entender que ocorreu a PPPS (intercorrente) se a decisão não elevar a pena acarretando a modificação do prazo prescricional. Ex: o réu é condenado a 03 meses de detenção. A acusação e a defesa recorreram da sentença. Passados 04 anos, o tribunal acolhe o pedido da acusação e leva a pena para 10 meses. Tanto a primeira pena quanto a segunda, são inferiores a 01 ano, ou seja, ambas as penas prescrevem em 03 anos (art. 109, VI, do CP). Dessa forma, tendo em vista que o tribunal decidiu os recursos depois de passados 04 anos da data da sentença condenatória, conclui-se que a punibilidade está extinta em decorrência da PPPS.
	Caso prático: no dia 18/10/2005, Eratóstenes praticou um crime de corrupção ativa em transação comercial internacional (art. 337-B do CP), cuja pena é de 01 a 08 anos e multa. Devidamente investigado, Eratóstenes foi denunciado e, em 20/01/2006, a inicial acusatória foi recebida. O processo teve regular seguimento e, ao final, o magistrado sentenciou Eratóstenes, condenando-o à pena de 01 ano de reclusão e ao pagamento de dez dias-multa. A sentença foi publicada em 07/04/2007. O ministério Público não interpôs recurso, tendo tal sentença transitado em julgado para a acusação. A defesa de Eratóstenes, por sua vez, que objetivava sua absolvição, interpôs sucessivos recursos. Até o dia 15/05/2011, o processo ainda não havia tidoseu definitivo julgamento, ou seja, não houve trânsito em julgado final. Levando-se em conta a datas descritas e sabendo-se que, de acordo com o art. 109, incisos III e V, do Código Penal, a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, verifica-se em 12 (doze) anos se o máximo da pena é superior a quatro e não excede a oito anos e em 04 (quatro) anos se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois. Como base na situação apresentada, é correto afirmar que ocorreu a prescrição da pretensão punitiva superveniente, que pressupõe o trânsito em julgado para a acusação e leva em conta a pena concretamente imposta na sentença.
Prescrição da pretensão punitiva virtual (PPPV)
A prescrição da pretensão punitiva virtual (PPPV) também é chamada de prescrição da pretensão punitiva em perspectiva, prescrição da pretensão punitiva retroativa antecipada, prescrição pela pena hipotética, prescrição em prognose, etc;
Finalidade: reconhecer antecipadamente a PPPR, reconhecendo, portanto, a falta de interesse de prosseguir com ação penal que fatalmente será alcançada pela PPPR;
A extinção da punibilidade com base no reconhecimento da prescrição retroativa antecipada/em perspectiva/virtual, carece de embasamento legal. Merece destacar que os Tribunais Superiores NÃO estão admitindo a ocorrência da PPPV;
Enunciado 438 da súmula do STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.
	Caso prático: João está sendo acusado de furto (artigo 155 do CP, com pena de 1 a 4 anos). A PPPA, contada da consumação do delito (data do fato), considerando a pena máxima em abstrato mais a tabela do artigo 109 do CP, é de 8 anos, leia-se, o Estado tem 08 anos para investigar e receber a denúncia contra de João. Recebida a denúncia de João, o Estado tem mais 08 anos para proferir a sentença condenatória em desfavor de João. No caso em comento, a inicial acusatória foi recebida depois de 02 anos da prática do delito. Após o recebimento da inicial, já decorreu prazo superior a 04 anos e o Estado ainda não encerrou a instrução. Ao analisar o processo, verifica-se que João é primário, tem bons antecedentes, não havendo agravantes e nem causas de aumento de pena. Hipoteticamente, considerando as circunstancias citadas, a pena a ser aplicada a João será de 01 ano (pena mínima prevista para o delito). Assim, baseando-se na pena concreta (pena imposta – 01 ano), conforme tabela do artigo 109 do CP, conclui-se que a PPPR ocorrerá em 04 anos. Desse modo, considerando que desde o recebimento da denúncia já se passou mais de 04 anos, sendo que a instrução ainda não se encerrou, reconhece-se a PPPR antecipadamente.
Prescrição da pretensão executória
A prescrição da pretensão executória (PPE) é a perda do direito de aplicar efetivamente a pena concreta e definitiva, com lapso temporal compreendido entre o trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação e o início do cumprimento da pena ou a ocorrência da reincidência. Portanto, a prescrição da pretensão executória começa a correr do dia em que transitar em julgado a sentença para o réu. A prescrição da pretensão executória (PPE) está prevista no art. 110, “caput”, do CP:
	Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. 
Trata-se de prescrição relacionada à pena efetivamente imposta, que tem como pressuposto a sentença penal condenatória transitada em julgado para as duas partes;
A prescrição da pretensão executória (PPE) também é verificada pelos prazos estabelecidos no artigo 109 do CP, os quais serão aumentados de terça parte se houver reincidência do agente criminoso (não se aumenta a pena, mas sim o prazo prescricional).
	Caso prático: João Teodoro foi condenado a 01 ano de reclusão pela prática de furto, por fato ocorrido em 21/04/2006. Na fixação da pena, foi considerada a circunstância agravante da reincidência. A sentença transitou em julgado em 02/02/2007. Foi expedido o mandado de prisão e o réu não foi encontrado. Quanto à prescrição da pretensão executória da pena, pode-se afirmar que se levando em consideração o art. 109, V, do CP, a prescrição se dará em 04 anos. Porém, devido à reincidência, sobre o prazo prescricional de 04 anos, incide o aumento de 1/3, o que aumentará o prazo prescricional para 05 anos e 04 meses. 
Vale deixar assentado que a reincidência NÃO tem nenhuma influência no prazo da prescrição da pretensão punitiva nem no prazo da prescrição da pena de multa, mas, tão somente na prescrição da pretensão executória, a qual impõe a majoração do lapso prescricional em 1/3.;
Súmula 220 do STJ: a reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva;
Consequências prescrição da pretensão executória (PPE): extingue-se a pena aplicada sem rescindir a sentença condenatória. Isso quer dizer que reconhecendo a prescrição da pretensão executória, a pena será extinta, mas todos os demais efeitos penais e extrapenais serão mantidos.
	Prescrição da pretensão punitiva
	Prescrição da pretensão executória
	Ocorre antes do trânsito em julgado para ambas as partes
	Pressupõe o trânsito em julgado para ambas as partes
	Rescinde eventual condenação
	Não rescinde eventual condenação
	Impede qualquer efeito
	Extingue a pena, mas permanecem os demais efeitos
O termo inicial da PPE está no artigo 112 do CP:
	Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: 
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.
O termo inicial da prescrição da pretensão executória tem início com o trânsito em julgado da sentença para a acusação, ainda que a defesa tenha interposto apelação;
Do recebimento da denúncia até a sentença condenatória, fala-se em PPPA. Da publicação da sentença condenatória até o trânsito em julgado para as duas partes, fala-se em PPPS;
A PPE pressupõe o trânsito em julgado para as duas partes, mas começa a computar o termo inicial do trânsito em julgado para a acusação;
Cuidado: há decisão ilhada da 5ª Turma do STJ, concluindo que o termo inicial se dá com o trânsito em julgado para as duas partes (essa decisão é minoritária);
Esse prazo da prescrição da pretensão executória pode ser suspenso (artigo 116, parágrafo único, do CP) ou interrompido (artigo 117, incisos V e VI, do CP).
	Causa de suspensão
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: 
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. 
	Causas de interrupção
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: 
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; 
VI - pela reincidência. 
	Caso prático: João foi condenado a 1 ano e 6 meses pela prática do crime de furto (artigo 155 do CP). Na sentença, João foi reconhecido como reincidente. Essa sentença transitou em julgado para a acusação em 3 de junho de 2012 e para a defesa foi transitada em julgado no dia 5 de julho de 2012. Com esse trânsito em julgado, fala-se em pretensão da punição executória, que começa a correr da data do trânsito em julgado para a acusação. Tendo por base a pena imposta e a tabela do art. 109 do CP, o Estado tem 04 anos, mais 1/3 de 4 anos (devido à reincidência), resultando em um prazo prescricional de 05 anos e 04 meses para executar a pena de João. O prazo de 05 anos e 04 meses será contado a partir do dia 3 de junho de 2012 (data do trânsito em julgado para a acusação). Quando João for preso, paracumprir a pena, será interrompida a PPE. Se João for reincidente, interrompe-se a prescrição da pretensão executiva, não necessitando aguardar o trânsito em julgado, pois de acordo com a dicção do artigo 63 do CP, basta cometer novo crime no prazo de 5 anos, contados do trânsito em julgado da sentença condenatória do crime anterior, para ser considerado reincidente.
Não podemos esquecer a regra contida no art. 117, § 1º, do CP, segundo a qual a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime, exceto nos casos de início ou continuação do cumprimento da pena e reincidência;
No caso de evasão ou de revogação do livramento condicional, a prescrição é regulada pelo resto da pena, conforme descrito no artigo 113 do CP.
	Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. 
	Caso prático: João foi condenado com trânsito em julgado da sentença a 1 ano e 4 meses, tendo para o Estado o prazo de 4 anos para captura de João e dar início ao cumprimento da pena. Contudo, João fugiu após ter cumprido 06 meses de pena. O novo prazo prescricional, segundo o art. 113 do CP, é baseado nos 08 meses restantes da pena a cumprir, prazo inferior a um ano, ou seja, seguindo a tabela do art. 109 do CP, o Estado terá 03 anos para recapturar João e executar a sanção penal.
Todos os prazos prescricionais, seja da PPP, seja da PPE, são reduzidos de metade se o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, ou na data da sentença maior de 70 anos.
	Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
De fundo nitidamente humanitário, baseia-se o dispositivo na possibilidade de modificação da personalidade do agente que, no caso de menor de 21 anos, ainda não atingiu a maturidade mental (e talvez por isso tenha delinquido) e, no caso de maior de 70 anos, se aproxima da caducidade;
Ambos os benefícios permanecem vigentes, sem alteração, mesmo com o advento do Código Civil de 2002 (que alterou a maioridade civil para 18 anos), e do Estatuto do Idoso (considerando idoso todo aquele com idade igual ou superior a 60 anos). Seria necessária revogação expressa dos dispositivos penais;
O artigo 115 do CP se aplica a todos os prazos prescricionais, inclusive aqueles previstos em legislação penal especial e incide sobre todas as modalidades de prescrição (punitiva e executória);
Prevalecendo-se o agente das mesmas circunstâncias de tempo, local, modo de execução (artigo 71 do CP – crime continuado), praticando vários crimes da mesma espécie, sendo alguns delitos praticados antes dos 21 anos e outros depois dos 21 anos, a redução só incidirá nos crimes cometidos antes da maioridade, por força da dicção do artigo 119 do CP;
Em caso de crime permanente, iniciado na menoridade e terminado na maioridade, não se reduz o prazo prescricional;
A detração (desconto do tempo de prisão provisória ou internação provisória na pena privativa de liberdade, ao início de seu cumprimento) é considerada para efeito da prescrição da pretensão executória, não se estendendo aos cálculos relativos à prescrição da pretensão punitiva.
Demais casos de prescrição
Prescrição da pena de multa: conforme estabelecido no art. 114 do CP, a prescrição da pena de multa ocorrerá: a) em 02 anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; b) no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada;
Assim, sendo a pena de multa a única cominada ou aplicada, a prescrição ocorrerá em 02 anos. Por outro lado, se a pena de multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada, prescreverá no mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de liberdade.
Prescrição dos atos infracionais: conforme o Enunciado 338 da Súmula do STJ: “a prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas”;
Prescrição das medidas de segurança: A medida de segurança é uma sanção penal de natureza preventiva e curativa, imposta ao indivíduo inimputável ou semi-imputável que comete crime;
A execução de medida de segurança terá lugar depois de transitada em julgado a sentença que a aplicar, ordenada a expedição de guia para a execução. A sentença que aplica medida de segurança decorre do reconhecimento de semi-imputabilidade (sentença condenatória) ou inimputabilidade do agente (sentença absolutória imprópria – é a sentença que declara que o acusado cometeu o fato, mas reconhece sua incapacidade de entender o seu caráter ilícito e de determinar-se conforme o direito à época da sua prática);
Existem duas espécies de medida de segurança, apontadas nos incisos do art. 96 do CP, a saber: a) internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; b) sujeição a tratamento ambulatorial;
Qual é o prazo máximo de duração das medidas de segurança? O Código Penal afirma que a medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial) será aplicada por tempo indeterminado e que deverá ser mantida enquanto o indivíduo for considerado perigoso;
Art. 97, § 1º, do CP - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos;
Constata-se, portanto, que a lei fixa prazo mínimo para a duração da medida. No entanto, quanto à sua duração máxima, afirma que será por prazo indeterminado, condicionando a sua extinção à “cessação de periculosidade” do agente;
Nesse momento, merecem ser feitas algumas considerações: a) o art. 5º, XLVII, “b”, da CF/88 veda que penas tenham caráter perpétuo. Assim, sendo a medida de segurança uma sanção penal de natureza preventiva e curativa, com espeque no referido dispositivo constitucional, o prazo de cumprimento da medida de segurança não pode ser ilimitado; b) o art. 97, § 1º, do CP deve ser interpretado com base nos princípios da proporcionalidade (proibição de excesso), e da isonomia, ou seja, não se pode tratar de forma mais gravosa o infrator inimputável quando comparado ao imputável;
Levando em consideração o que foi exposto acima, o Supremo Tribunal Federal, em diversos julgados, firmou o entendimento de que a prescrição da medida de segurança deve ser calculada pelo máximo da pena cominada ao delito cometido pelo agente, ocorrendo o marco interruptivo do prazo pelo início do cumprimento daquela, sendo certo que deve perdurar enquanto não haja cessado a periculosidade do agente, limitada, contudo, ao período máximo de 30 (trinta) anos, conforme a jurisprudência pacificada do STF;
Sobre o tema, o STJ editou uma súmula. Diz a súmula 527 do STJ: “O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado”;
O tempo de cumprimento da medida de segurança deve ser limitado ao máximo da pena abstratamente cominada ao delito perpetrado e, perdurando a periculosidade, ao máximo de 30 (trinta) anos, por analogia ao art. 75 do CP;
Qual é o prazo prescricional das medidas de segurança? O CP não cuida expressamente da prescrição de medida de segurança, embora a medida de segurança seja considerada uma espécie do gênero sanção penal. Assim considerada, sujeita-se às regras previstas no CP relativas aos prazos prescricionais e às diversas causas interruptivas da prescrição. O STF já se manifestou nesse sentido ao entender que incide o instituto da prescrição na medida de segurança, estipulando que “é espécie do gênero sanção penal e se sujeita, por isso mesmo, à regra contida no artigo 109 do Código Penal”. Assim, o STF enfrentou a questão e decidiu que a prescrição da medida de segurança imposta em sentença absolutória imprópria é regulada pela pena máxima abstratamenteprevista para o delito;
Podemos, afirmar, portanto, que sendo aplicada pena privativa de liberdade, sendo esta substituída por medida de segurança, o prazo de prescrição regula-se pelo prazo daquela;
Com isso, é certo que as medidas de segurança se submetem ao regime ordinariamente normado da prescrição penal. A prescrição é calculada com base na pena máxima cominada ao tipo penal debitado ao agente (no caso da prescrição da pretensão punitiva) ou com base na duração máxima da medida de segurança, trinta anos (no caso da prescrição da pretensão executória);
Aplicam-se às medidas de segurança, no tocante à prescrição, os termos iniciais e marcos interruptivos e suspensivos dispostos no Código Penal. Dessa forma, não se pode falar em transcurso do prazo prescricional durante o período de cumprimento da medida de segurança, haja vista que o referido prazo é interrompido com o início da submissão do paciente ao “tratamento” psiquiátrico forense (inciso V do art. 117 do CP), por exemplo;
Extinta a punibilidade pelo reconhecimento da prescrição, por exemplo, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta;
O tempo de cumprimento da medida de segurança deve ser limitado ao máximo da pena abstratamente cominada ao delito cometido, sendo certo que deverá perdurar enquanto estiver presente a periculosidade do agente. Entretanto, a duração da medida de segurança deve ser limitada ao período máximo de 30 anos (por analogia ao art. 75, CP);
As medidas de segurança se submetem às regras de prescrição penal previstas no Código Penal, leia-se, são aplicados às medidas de segurança os termos iniciais, marcos interruptivos e suspensivos dispostos no Código Penal;
a prescrição da medida de segurança imposta em sentença absolutória imprópria é regulada pela pena máxima abstratamente prevista para o delito (no caso da prescrição da pretensão punitiva) ou com base na duração máxima da medida de segurança, trinta anos (no caso da prescrição da pretensão executória);
Obs: e se o agente atinge esse tempo máximo de cumprimento de medida de segurança (30 anos), mas a perícia médica indica que ele continua com alto grau de periculosidade? Nesses casos, poderá ser proposta ação civil de interdição em face do agente, cumulada com pedido de internação psiquiátrica compulsória. Assim, o Poder Judiciário poderá decretar a interdição civil do agente em razão da doença mental grave (art. 1.767 c/c art. 1.769, I, do CC), bem como a internação compulsória, com base no art. 6º da Lei nº 10.216/2001 (que disciplina os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais);
Cumpre registrar que a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que “é admitida, com fundamento na Lei 10.216/01, em processo de interdição, da competência do Juízo Cível, a determinação judicial da internação psiquiátrica compulsória do enfermo mental perigoso à convivência social, assim reconhecido por laudo técnico pericial, que conclui pela necessidade da internação”.

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