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DISCIPLINA: QUÍMICA ORGÂNICA CURSO: ENGENHARIA QUÍMICA Prof. Ronaldo Castro Silva Funções Orgânicas Química Orgânica →→→→ é a química dos compostos de carbono. 1. O Carbono: 6C = 1s2 2s2 2p2 1.1 O Carbono é tetravalente 1.2 O Carbono forma ligações múltiplas 1.3 O Carbono liga-se a várias classes de elementos químicos (CH4,CCl4) 1.4 O Carbono forma cadeias 1.5 Representações das moléculas de Carbono: Fórmulas Estruturais de Traço Fórmulas Condensadas Formas de Linhas de Ligação Exemplo1:Escrever a fórmula de linha de ligação do composto CH3CH(CH3)CH2CH2CH2OH. Exemplo2: Escrever as fórmulas de traços de cada uma das seguintes fórmulas de linhas de ligação: Fórmulas Tridimensionais: Essa fórmula transmite informações sobre as disposições espacial dos átomos da molécula. Neste tipo de representação, as ligações que se projetam para cima da face de papel são indicadas por uma cunha ( ) , as que estão atrás do plano do papel são indicadas por uma cunha tracejada ( ) e as que estão no plano da folha são indicadas por um traço ( ). A) Cl O B) OH C H HH H H HH H C METANO C H H H BROMOMETANO Br H H Br H C H H H Br C Função Orgânica →→→→ é um conjunto de substâncias com propriedades químicas semelhantes (denominadas, então, propriedades funcionais). As principais funções orgânicas são: ♦ Hidrocarbonetos ♦ Haletos ♦ Álcoois ♦ Fenóis ♦ Éteres ♦ Aldeídos ♦ Cetonas ♦ Ácidos Carboxílicos ♦ Ésteres ♦ Amidas ♦ Aminas ♦ Nitrilas e isonitrilas ♦ Anidridos ♦ Funções Sulfuradas 6 1. HIDROCARBONETOS → São compostos orgânicos formados exclusivamente por carbono e hidrogênio. Eles se subdividem em várias classes, das quais as mais importantes são: Alcanos, Alcenos, Alcinos, Cicloalcanos e os Hidrocarbonetos Aromáticos. ♦ Alcanos ou hidrocarbonetos parafínicos são hidrocarbonetos alifáticos e saturados, isto é, tem cadeias abertas e apresentam apenas ligações simples entre seus carbonos. F.G: CnH2n+2. Os alcanos são importantes, pois são os principais formadores do petróleo. Nomenclatura: é caracterizada segundo a IUPAC pela terminação ANO. Exemplos de Alcanos: Radicais derivados dos alcanos: Radical é o grupo que resulta ao se retirar um ou mais átomos de uma molécula. EX: CH4 •CH3 + H • O radical deve vir acompanhado de um ponto (•CH3) ou de um traço (-CH3) para indicar a existência de um elétron livre, ou seja, de uma valência livre. Exemplos de Radicais: •CH2-CH3(etil) ; •CH2-CH2-CH2-CH3 (n-butil) CH3-CH-CH3 (isopropil) ; CH3-CH2-CH2 (n-propil) ; CH2-CH-CH3 CH3 (isobutil) CH3-C-CH3 CH3 (terc-butil) 7 REGRAS DE NOMENCLATURA (IUPAC)CADEIA CARBÔNICA RAMIFICADA 1. Considerar, como cadeia principal, a cadeia carbônica mais longa; se há várias de mesmo comprimento, escolha como cadeia principal a mais ramificada 2. Numerar a cadeia de modo que as ramificações recebam os menores números possíveis (regra dos menores números) 3. Elaborar o nome do hidrocarboneto citando as ramificações em ordem alfabética, precedidas pelos seus números de colocação na cadeia principal e finalizar com o nome correspondente à cadeia principal. Exemplos: ♦ Alcenos, Alquenos, Olefinas Ou Hidrocarbonetos Etilênicos são hidrocarbonetos acícliclos contendo uma única dupla ligação. São importantes na indústria petroquímica, pois são matéria-prima para fabricação dos mais importantes plásticos, fibras texteis, borracha sintética, etc... . F.G: CnH2n. Nomenclatura: é caracterizada segundo a IUPAC pela terminação ENO. Nomenclatura antiga: terminação ILENO. Exemplos de Alcenos: Radicais dos Alcenos: CH2=CH•••• (etenil ou vinil); CH2=CH-CH2 ••••(2-propenil ou alil) Regras para alcenos de cadeia longa: 1. A cadeia principal é a mais longa que contém a dupla ligação. 2. A numeração da cadeia principal é sempre feita a partir da extremidade mais próxima da dupla ligação, independentes das ramificações presentes na cadeia Exemplos: CH3-CH2-CH2-CH2-CH-CH3 CH2 CH3 CH3-CH2-CH-CH2-CH-CH2-CH2-CH2-CH2-CH3 CH3 CH2 CH2 CH-CH3 CH3 (A) CH3-CH-CH2-CH CH-CH3 CH3 CH3 CH3 ; (B) (C) CH3-CH-CH2-CH=CH-CH3 CH3 (A) (B) CH3-CH2-CH2-CH-CH2-CH2-CH2-CH3 CH CH2 8 ♦ Alcinos, Alquinos ou Hidrocarbonetos Acetilênicos são hidrocarbonetos acíclicos contendo uma única ligação tripla. São importantes na fabricação de plásticos, solventes. F.G: CnH2n-2. Nomenclatura: é caracterizada segundo a IUPAC pela terminação INO. Exemplos de Alcinos: Fórmula Estrutural Fórmula Molecular NOME HC≡CH C2H2 ETINO (acetileno) HC≡C-CH3 C3H4 Propino HC≡C-CH2-CH3 C4H6 1-Butino CH3-C≡C-CH3 C4H6 2-Butino Exemplos: ♦ Cicloalcanos, Ciclanos ou Cicloparafinas são hidrocarbonetos com cadeia carbônica cíclica ou fechada contendo apenas ligações simples. Exemplos de Cicloalcanos: CH3-CH2-C C-CH-CH3 CH3 (A) (B) CH3-C C-CH-CH3 CH3 A) B) C) CH2CH3 D) CH3 CH3 CH2CH3 Cl E) 9 10 ♦ Cicloalcenos, Ciclenos ou Cicloolefinas são hidrocarbonetos com cadeia carbônica cíclica ou fechada com uma ligação dupla. Exemplos de Cicloalcenos ♦ Hidrocarbonetos Aromáticos (HA) ou Arenos são os que possuem um ou mais anéis benzênicos (Também chamados de anéis aromáticos). Apresentam um ou mais ciclos contendo 6 átomos de carbono ligados entre si por ligações sigma sp2-sp2 e ligações pi. O mais simples Hidrocarboneto aromático é o benzeno (C6H6), (CnH2n-6). ou ; Naftaleno (C10H8) Sistemas com Anéis Condensados(Aromáticos Benzenóides) Antraceno ou ou Fenantreno (C14H10) (C14H10) Pireno (C16H10) ou ; ; C C C C C C HH H H H H 1,39A 1,09A 120º 11 Nomenclatura dos Derivados do Benzeno (Etil-Benzeno) CH2-CH(CH3)2 (Isobutil-Benzeno) CH3 (Metil-Benzeno) Tolueno CH3 (1,2-diMetil-Benzeno) orto-xileno CH3 CH3 (1,3-diMetil-Benzeno) meta-xileno CH3 CH3 (1,4-diMetil-Benzeno) para-xileno CH3 Radicais: o substituinte Frequentemente abreviado como Ph, C6H5-, φ Chamado de grupo FENILA 2-Fenil-butano CH2 Difenil-Metano CH2 CH2 Bifenila 1,2-Difenil-Etano CH2 (Benzil(a)) CH (trifenil-Metano) 12 FUNÇÕES ORGÂNICAS (RESUMIDA) 1- Como dar nomes aos compostos orgânicos Os nomes dos compostos orgânicos são dados seguindo-se as regras da IUPAC1. Para os compostos de cadeia normal, o nome é constituído de três partes, a saber: PREFIXO + INFIXO + SUFIXO � prefixo: indica o número de átomos de carbono na cadeia. Para os dez primeiros, temos: 1 C - MET 6 C - HEX 2 C - ET 7 C - HEPT 3 C - PROP 8 C - OCT 4 C - BUT 9 C - NON 5 C - PENT 10 C - DEC � infixo: indica o tipo de saturação da cadeia (ligação simples, dupla ou tripla). AN : para cadeia com ligações simples somente. EN : para cadeia com pelo menos uma ligaçãodupla. IN : para cadeia com pelo menos uma ligação tripla. � Sufixo: é a terminação característica da função química. 2- Nomes de alguns compostos de cadeia normal 2.1- Hidrocarbonetos Compostos constituídos apenas por átomos de carbono e hidrogênio. ♦ ALCANOS – apresentam cadeia saturada. Fórmula-geral: CnH2n+2. Exemplos: No de carbonos fórmula prefixo infixo sufixo nome 1 CH4 met an o metano 2 C2H6 et an o etano 3 C3H8 prop an o propano 4 C4H10 but an o butano ♦ ALCENOS – cadeia insaturada com uma ligação dupla. Fórmula-geral: CnH2n. Exemplos: 1 International Union of Pure and Aplied Chemistry. Função química é cada conjunto de substâncias com mesmas propriedades químicas. 13 No de carbonos fórmula prefixo infixo sufixo nome 2 C2H4 et en o eteno 3 C3H6 prop en o propeno 4 C4H8 but en o buteno 5 C5H10 pent en o penteno ♦ ALCINOS – cadeia insaturada com uma ligação tripla. Fórmula-geral: CnH2n−2. Exemplos: No de carbonos fórmula prefixo infixo sufixo nome 2 C2H2 et in o etino 3 C3H4 prop in o propino 4 C4H6 but In o butino ♦ ALCADIENOS – cadeia com duas ligações duplas. Fórmula-geral: CnH2n−2. Exemplo: H2C = CH – CH = CH2 1,3-butadieno ♦ CICLO ALCANOS – cadeia saturada (alcano) fechada. Fórmula-geral: CnH2n. Exemplos: ciclopropano; ciclopentano ♦ CICLO ALCENOS – cadeia fechada com ligação dupla. Fórmula-geral: CnH2n−2. Exemplos: ciclobuteno; ciclohexeno ♦ AROMÁTICOS São derivados do benzeno. Todo composto aromático possui o anel ou núcleo benzênico: be nzeno ou C C C C C CH H H H H H ou naftaleno 1 2 3 4 5 6 7 8 antraceno 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 fenantreno 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 14 NÃO HIDROCARBONETOS presentes no petróleo e gás: Além de Carbono e Hidrogênio, apresentam os elementos S, N e O e metais. ENXOFRE – “Compostos Sulfurados” 1. H2S, Sulfetos, polissulfetos, benzotiofenos e derivados; 2. Quanto maior a densidade do petróleo, maior o teor de enxofre; 3. Aumentam a estabilidade das Emulsões; 4. São responsáveis pela corrosividade dos derivados 5. Contaminam catalisadores (refinarias) 6. Determinam cor e cheiro aos produtos derivados 7. São tóxicos e poluentes NITROGÊNIO – “Compostos Nitrogenados” 1. Piridinas, quinolinas, pirróis, indóis, porfirinas; 2. Maior concentração nas frações pesadas; 3. Aumentam a capacidade do petróleo de reter água em emulsão; 4. Contaminam catalisadores (refinarias). OXIGÊNIO– “Compostos Oxigenados” 1. Ácidos carboxílicos, fenóis, cresóis, ésteres, cetonas; 2. Maior concentração nas frações pesadas; 3. Acidez, odor, formação de gomas, corrosividade. 2. HALETOS ou HALOALCANOS → São compostos em que um átomo halógeno (F, Cl, Br, I) substitui um ou mais átomos de hidrogênio de um alcano. O halogênio representa o grupo funcional, pois dele dependem as propriedades químicas da função. Os haletos de alquila são classificados como primários, secundários ou terciários. Esta classificação está baseada no átomo de carbono ligado ao halogênio. Nomenclatura → Halogênio é considerado como uma ramificação presa à cadeia principal. Exemplos: CH3Cl → Clorometano (cloreto de metila); CCl2F2→ CH3-CH2-F→ Flúoretano (Fluoreto de etila) Cl Cl Cl 15 CH2Cl2 → Diclorometano (dicloreto de metila); CH3-CH2-CHI-CH2-CH(CH3)-CH3 → 4-Iodo-2-metil-Hexano. CH3-CHBr-CH3 → 2-bromo-propano (Brometo de isopropila) 3. ÁLCOOIS → São compostos orgânicos contendo um ou mais grupos oxidrila ou hidroxila (OH) ligados diretamente a átomos de carbono saturados. OH é o grupo funcional dos álcoois, pois é a responsável pelas propriedades químicas destes compostos. São muito usados como solventes e como matéria-prima para obtenção de vários compostos orgânicos. Definição estrutural → (1) Como derivados hidroxilados dos alcanos (como uma molécula de etano na qual um hidrogênio foi substituído por um grupo hidroxila). (2) Como derivados alquilados da água ( como uma molécula de água na qual um hidrogênio foi substituído por um grupo etila). Exemplos de álcoois: alifáticos, cíclicos e aromáticos. Nomenclatura → -IUPAC :Terminação OL. -Comum: Álcool+ nome do radical + ico Exemplos (Nomes): (IUPAC) 3-cloro-1-fenil-2-hidroxi-butano Classificação dos álcoois em primário, secundário e terciários: ;CH3 CH CH OH CH3 2 CH3 CH CH OHCH3 2 CH CH3 ; ;OH CH3 OH CH2 OH CH2 CH-CH-CH3 OH Cl 16 4. FENÓIS → São compostos orgânicos com uma ou mais hidroxilas (OH) ligadas diretamente ao anel aromático. Os fenóis são importantes como desinfetante e na produção de plásticos. Um monofenol é representado por: ArOH. Exemplos de Fenóis: Nomenclatura: IUPAC: -Hidróxi-benzeno (fenol) - 1-hidróxi-naftaleno (α-naftol) 5. ÉTERES → São compostos onde o oxigênio está diretamente ligado a dois grupos alquila ou arila. F.G: R-O-R; R-O-R’ ; Ar-O-Ar; Ar-O-R. São também denominados “óxidos orgânicos” e podem ser considerados como derivados da água (H-O-H), pela substituição dos dois hidrogênios por grupos orgânicos. Nomenclatura: - IUPAC: GRUPO MENOR- OXI - GRUPO MAIOR - COMUM: Éter Grupo menor Grupo Maior + ílico Exemplos: OH OH ; ; OH OH OH OH OH Br OH Cl OH CH3 1-hidróxi-2-metil-benzeno ( o-hidroxi-tolueno ou o-cresol) NO2 NO2 OH NO2 17 6. ALDEÍDOS → São compostos orgânicos que possuem o grupo funcional: Usos: Desinfetantes, plásticos e medicamentos . Nomenclatura: IUPAC- Terminação AL. A cadeia principal é a mais longa que inclui o grupo CHO. Os aldeídos que têm o grupo –CHO ligado a um sistema de anel são denominados, por substituição, pela adição do sufixo carbaldeído. Exemplos: 7. CETONAS → São compostos orgânicos que possuem o grupo funcional: CH3OCH2CH3 ; CH3CH2OCH2CH3; CH3CH2O CH3CHCH2CH2CH3 OCH3 ; o O Oxaciclopropano ou oxirano (óxido de etileno) Oxaciclopentano (tetrahidrofurano) O Oxaciclobutano oxetanoou O O 1,4-Dioxaciclohexano (1,4-dioxana) C O H O arranjo ou CHO, que é denominado aldoxila, metanoíla ou formila OC é chamado de carbonila. C O H H Metanal (Aldeído fórmico ou Formaldeído) CH3 C O H Etanal (Aldeído acético ou acetaldeído) CH3-CH CH3 CH2 CHO C O H Benzenocarbaldeído (Benzaldeído) Ciclohexanocarbaldeído C O H 2-Naftalenocarbaldeído ClCH2CH2CH2CH2C H O 5-cloropentanal ou -CO- Onde as duas valências são obrigatoriamente ligadas a átomos de carbono. C O 18 Usos: solventes e perfumaria. FG: R-CO-R; Ar-CO-AR ou Ar-CO-R. Nomenclatura: IUPAC- Terminação ONA. A cadeia principal é a mais longa que inclui a carbonila. COMUM- Radical menor + Radical maior CETONA. 8. Ácidos Carboxílicos → São compostos orgânicos que possuem o grupo funcional carboxila . É um dos grupos funcionais de presença mais ampla na química e bioquímica. Nomenclatura: IUPAC- substituição da terminação ano do alcano correspondente à maior cadeia do ácido pela terminação óico, tudo precedido pela palavra ácido.ESTRUTURA NOME: IUPAC NOME COMUM HCO2H Ácido metanóico Ácido fórmico CH3CO2H Ácido etanóico Ácido acético CH3CH2CO2H Ácido propanóico Ácido propiônico CH3(CH2)2CO2H Ácido butanóico Ácido butírico CH3(CH2)3CO2H Ácido pentanóico Ácido valérico CH3(CH2)4CO2H Ácido hexanóico Ácido capróico CH3(CH2)10CO2H Ácido dodecanóico Ácido láurico CH2ClCO2H Ácido cloroetanóico Ácido cloroacético CH2ClCH2CO2H Ácido 3-cloropropanóico Ácido 3-cloropropanóico p-ClC6H4CO2H Àcido 4-clorobenzóico Ácido p-clorobenzóico p-NO2C6H4CO2H Ácido 4-nitrobenzóico Ácido p- nitrobenzóico Ácido 1-naftóico Ácido 2-naftóico O OHC ; CO2H ou COOH = CO2H CO2H CO2H CO2H CO2H CO2H 19 ( Ácido α-naftóico) (Ácido β-naftóico) Ácidos Dicarboxílicos → são denominados ácidos alcanodióicos no sistema IUPAC, e apresentam nomes comuns. ESTRUTURA NOME IUPAC NOME COMUM HO2C-CO2H Ácido etanodióico Ácido oxálico HO2CCH2CO2H Ácido propanodióico Ácido malônico HO2C(CH2)2CO2H Ácido butanodióico Ácido succínico HO2C(CH2)3CO2H Ácido pentanodióico Ácido glutárico HO2C(CH2)4CO2H Ácido hexanodióico Ácido adípico 9. Ésteres → São compostos orgânicos resultante da substituição parcial ou total dos átomos de hidrogênio ionizáveis da molécula dos ácidos por radicais derivados dos hidrocarbonetos. FG: R-COOR; Ar-COOR. Nomenclatura: Os nomes dos ésteres se formam a partir do nome do ácido de onde provêm (com a terminação ato ou oato) e do nome do álcool (ila) Exemplos: CH3COOC2H5 Etanoato de etila (acetato de etila); HCOOC4H9 Metanoato de butila (formiato de butila); CH3CH2C O O C CH3 CH3 CH3 ; CH3C O OCH=CH2 propanoato de ter-butila (acetato de vinila) etanoato de etenila ; Cl C O OCH3 p-clorobenzoato de metila 20 10. Amidas → São compostos derivados teoricamente do NH3 pela substituição de um, dois ou três hidrogênios por grupo acilas: R C O NH2 onde R, pode ser H, alquila ou arila CH3C=O NH2 CH3 CH3CHC =O NH2 CH3C O N CH3 CH3 etanoamida (acetamida) 2-metil-propanoamida (2-metil-propionamida) N,N-dimetiletanoamida (N,N-dimetilacetamida) C O NH2 Benzamida 21 11. Anidridos → São compostos derivados da desidratação dos ácidos. Nomenclatura: é denominada pela substituição da palavra ácido do nome do ácido carboxílico pela palavra anidrido. São derivados dos ácidos carboxílicos, que resultam da desidratação dos ácidos. Apresentam a fórmula geral: 22 12. Aminas → São compostos derivados da NH3 pela substituição de um, dois ou três hidrogênios por radicais alquila ou arila. As aminas são compostos orgânicos derivados da amônia (NH3), onde os hidrogênios são substituídos por radicais orgânicos. Elas são classificadas em primárias quando há apenas um radical orgânico preso ao nitrogênio; secundárias se forem 2 radicais; e terciárias se forem 3 radicais. Amina primária: CH3-NH2 (metanoamina) Amina secundária: CH3-NH-CH3 (dimetanoamina) Amina terciária: (trimetanoamina) (anidrido acético) H3C C =O O C= O H3C anidrido etanóico H2C C =O O C= O H2C anidrido pentanóico (anidrido succínico) C =O O C= O Anidrido ftálico 23 O grupo funcional das aminas depende da quantidade de hidrogênios que foram removidos do Nitrogênio. Amino: -NH2 Imino: Nitrogênio: As aminas possuem caráter básico, sendo então chamadas de bases orgânicas. Elas estão presentes em animais em decomposição, como a putrescina e a cadaverina. São responsáveis pelo mau cheiro desses corpos. Também são fundamentais para a vida, pois formam os aminoácidos. Nomenclatura A nomenclatura das aminas é feita utilizando o sufixo “amina” depois dos nomes dos radicais ligados ao grupo funcional: Etilamina (CH3-CH2-NH2) Também pode ser utilizado o nome do hidrocarboneto, ao invés do radical: Etanoamina (CH3-CH2-NH2) Metanoetanoamina, Metiletilamina (CH3-NH-CH2-CH3) (dimetil-amina) CH3 Metanamina Etanamina CH3NH2 CH3CH2NH2 CH3CHCH2NH2 (metilamina) (etilamina) 2-metil-propanamina (isobutilamina)H2N-CH2-CH2-COOH ácido 3-amino-propanóico (anilina) N (Piridina) azabenzeno N N (Piridazina) 1,2-diazabenzeno NH2 Fenilamina H2N Ciclohexanamina(ciclohexilamina) N H (Pirrol) 1-azaciclopenta-2,4-dieno CH3NHCH2CH3 Etilmetilamina N-metiletanamina)( CH3CH2)2NH( Dietilamina (N-etiletanamina) CH3CH2)3N( Trimetilamina 24 (Metil-etil-Fenil-amina) 25 13. Lactonas e Lactamas. As Lactonas são os ésteres cíclicos. As lactonas mais freqüentemente encontradas contém anéis de 5 e 6 membros, livres de tensão, as γ e δ-lactonas. β-valerolactona γ-valerolactona δ-valerolactona β-propiolactona As Lactamas são as amidas cíclicas. O tamanho do anel da lactama é identificado por letras gregas, de maneira análoga à da nomenclatura das lactonas. β-lactama γ-lactama CH3 C C CH2 O C=O CH2 H2 H2CH CH2 CH2 O C =O CH3CH2 CH CH2 O C=O O C=O CH2 CH2 R N C=O C C H H2 C C CH N C=O CH2 H2 H2 H R O N C H R H 26 14. Compostos Sulfurados. Tiol ou Mercaptan(a) = -SH ; (CH3-CH2-SH); (RSH) Sulfeto = -S- (CH3-S-CH2-SH) (R-S-R’); C6H5-S-C6H5 Dissulfeto= -S-S- (CH3-S-S-CH3) (R-S-S-R’); C6H5-S-S-C6H5 CH3OH CH3SH HOCH2CH2OH HSCH2CH2SH Metanol Metanotiol 1,2-etanodiol 1,2-etanoditiol OH SH (álcool metílico) (metil mercaptan) (etileno glicol) HSCH2CH2OH (2-mercaptan-etanol) ciclo-hexanotiol(ciclo-hexil mercaptan) ciclo-hexanol (álcool ciclo-hexilíco) A nomenclatura dos sulfetos (tio-éteres) e dissulfetos (ditio-éteres) é semelhante a dos éteres. CH3CH2SCH2CH3 dietil-sulfeto CH3CHCH2OH SCH3 2-metil-tio-1-propanol (CH3)3CSSCH3 t-butil-metil-dissulfeto Enxofre em Anéis: S S S Tiofeno Benzotiofeno di-Benzotiofeno 27 15. Compostos Nitrogenados. 15.1 Nitrilas. Nitrilas ou cianetos são compostos contendo o grupo -C≡N. O próprio ácido cianídrico (H-C≡N) pode ser considerado como sendo a nitrila mais simples. Nomes: são feitos ou com a terminação NITRILA ou com a palavra CIANETO. Exemplos: A) H-C≡N (Metanonitrila ou cianeto de hidrogênio) B) CH3-C≡N (Etanonitrila ou cianeto de metila) C) CH3-CH2-C≡N (Propanonitrila ou cianeto de etila) D) CH2=CH-C≡N (Propenonitrila, Acrilonitrila ou cianeto de propenila) IUPAC: As regras de nomenclatura das nitrilas são relativamente simples. Acompanhe: • Deve-se considerar o carbono do grupamento CN e contá-lo, dando o nome do hidrocarboneto correspondente seguido da palavra nitrila. • Em caso de necessidade de numeração para indicar posição de insaturação ou ramificação, deve-se considerar como Carbono 1 aquele que estiver ligado ao Nitrogênio. Veja os exemplos: 3 Carbonos 4 Carbonos + 3 Radicais Metil (Carbonos 2 e 3) 5 Carbonos + Ligação dupla (Carbono 3) + Radical Metil (Carbono 2) Propanonitrila 2,3,3-Trimetil- Butanonitrila 2-Metil-3-Pentenonitrila A nomenclatura usual das nitrilas chama o grupo -CN de Cianeto (assim como na nomenclatura inorgânica) e os outros carbonossão considerados radicais. Veja os exemplos: 28 Grupo Cianeto + 2 Carbonos Grupo Cianeto + Radical m-Toluil Grupo Cianeto + Radical Isopropil Cianeto de Etila Cianeto de m-Toluila Cianeto de Isopropila 15.2 Nitrocompostos. São substâncias que contêm um ou mais grupos – NO2. Podem se considerados como derivados do ácido nítrico pela substituição do – OH por um radical alquil ou aril; por isso, tem fórmula geral ou . O grupo funcional é o grupo Nitro ou –NO2 Nomenclatura Oficial IUPAC Usa-se prefixo nitro antecedendo o nome do hidrocarboneto de que se origina o nitro composto. Exemplo H3C – NO2 nitrometano 2-nitro-pentano 29 2,4,6-trinitro-fenol (ácido pícrico) Outros Exemplos Alguns exemplos importantes: 30 DISCIPLINA: QUÍMICA DO PETRÓLEO I CURSO: ENGENHARIA DE PETRÓLEO E GÁS Prof. Ronaldo Castro Silva Petróleo 31 2- PETRÓLEO 2.1 Definição e Origem O petróleo é uma substância oleosa, inflamável, menos densa que a água, com cheiro característico e de cor variando entre o negro e o castanho escuro. Embora objeto de muitas discussões no passado, hoje tem-se como certa a sua origem orgânica, sendo uma combinação de moléculas de carbono e hidrogênio. Admite-se que esta origem esteja ligada à decomposição dos seres que compõem o plâncton - organismos em suspensão nas águas doces ou salgadas tais como protozoários, celenterados e outros - causada pela pouca oxigenação e pela ação de bactérias. Estes seres decompostos foram, ao longo de milhões de anos, se acumulando no fundo dos mares e dos lagos, sendo pressionados pelos movimentos da crosta terrestre e transformaram-se na substância oleosa que é o petróleo. Ao contrário do que se pensa, o petróleo não permanece na rocha que foi gerado - a rocha matriz - mas desloca-se até encontrar um terreno apropriado para se concentrar. Estes terrenos são denominados bacias sedimentares, formadas por camadas ou lençóis porosos de areia, arenitos ou calcários. O petróleo aloja-se nestes locais, ocupando os poros rochosos como forma de “lagos". Ele acumula-se, formando jazidas. Ali são encontrados o gás natural, na parte mais alta, e petróleo e água nas mais baixas. “ O petróleo é concentrado debaixo da terra ou no fundo dos mares, geralmente em grandes profundidades. E segundo os geólogos, sua formação é o resultado da ação da própria natureza, que transformou em óleo e gás restos de animais e vegetais depositados há milhares de anos no fundo de antigos mares e lagos. Com o correr dos anos outras camadas foram se depositando sobre esses restos de animais e vegetais, e a ação do tempo, do calor e da pressão transformou aquela matéria orgânica em petróleo. Por isso o petróleo não é encontrado em qualquer lugar, mas apenas onde ocorreu esta acumulação de materiais diversos levados pelo vento e por outras forças da própria natureza. São as chamadas bacias sedimentares. Mas mesmo nestas regiões sedimentárias, o petróleo só pode aparecer onde existirem rochas impermeáveis, que permitem a sua acumulação em maiores quantidades nos poros das pedras, e assim constituem as jazidas. Por isso, para se perfurar um local na procura de petróleo, é preciso antes estudar as camadas do solo e a constituição das rochas.” 32 2. 2 PETRÓLEO (DEFINIÇÃO) O petróleo pode ser definido quanto à sua composição química como uma mistura complexa de ocorrência natural, consistindo predominantemente de hidrocarbonetos (podendo chegar a mais de 90 % de sua composição) e não-hidrocarbonetos compostos por derivados orgânicos sulfurados (presentes como mercaptans, sulfetos, ácido sulfídrico, etc.) nitrogenados (presentes como piridina, pirrol, quinolina, porfirinas, etc.), oxigenados (presentes como ácidos carboxílicos e naftênicos, fenol, cresol) e organo-metálicos. Em geral o petróleo é inflamável à temperatura ambiente, e suas propriedades físicas apresentam grandes variações como, densidades relativas entre 0,80 a 1,0, podem-se ter petróleos muito fluidos e claros, com grandes quantidades de destilados leves, até petróleos muito viscosos e escuros com grandes quantidades de destilados pesados (Thomas, 2001; Speight, 2001; Murgich e colaboradores, 1996, Farah, 2002; Barker, 1985). Normalmente o petróleo apresenta-se como um líquido escuro, oleoso, onde micelas e ou outros agregados moleculares de diferentes tamanhos e composição são encontrados (Murgich e colaboradores, 1996, Farah, 2002; Barker, 1985). O petróleo varia muito quanto a sua cor, odor e propriedades de escoamento o que reflete a diversidade de sua origem. O petróleo pode ser denominado leve ou pesado em relação à quantidade de constituintes com baixo ponto de ebulição e densidade relativa. Igualmente o odor é usado para distinguir petróleo doce (baixo teor de enxofre) e ácido (alto teor de enxofre) (Speight, 2001). O petróleo, em seu estado natural, não pode ser aproveitado de forma prática para outros fins que não o de fornecimento de energia via combustão, porém sua composição química, baseada em hidrocarbonetos de grande heterogeneidade molecular, abre caminhos para usos industriais especializados e sofisticados, como o requerido pelas modernas máquinas de combustão interna. Assim, o petróleo também chamado de óleo cru, é a principal matéria-prima empregada para produzir os derivados utilizados tais como combustíveis, lubrificantes e produtos petroquímicos. 33 2.3 Constituição do Petróleo O petróleo não é uma substância uniforme podendo estar dissolvido em sua massa líquida, gases, sólidos e suspensões coloidais. A faixa de variação da composição elementar do petróleo é bem estreita (Calemma e colaboradores, 1995; Farah, 2002; Barker, 1985), como pode ser vista na Tabela 1. Tabela 1- Composição Elementar Média do Petróleo (Thomas, 2001; Speight, 2001). ELEMENTO % (m/m) Carbono 83,0 a 87,0 Hidrogênio 11,0 a 14,0 Enxofre 0,06 a 8,0 Nitrogênio 0,11 a 1,70 Oxigênio 0,10 a 2 Metais (Fe, Ni, V, etc) até 0,30 As características do petróleo bruto se alteram de acordo com o campo produtor, podendo de acordo com as características geológicas do local de onde é extraído, variar quanto à sua composição química e ao seu aspecto, podendo esta variação ocorrer até em um mesmo campo (Bestougeff e Byramjee, 1994; Thomas, 2001). Portanto, a composição do óleo é muito influenciada pelo reservatório e um exemplo prático é o que ocorre no campo de Bell Creek, Wyoming, onde a densidade em 0API varia de 450 no sudeste a 320 API no centro do campo produtor (Speight e Long, 1995). 34 Todos os petróleos contém os mesmos hidrocarbonetos, porém em diferentes quantidades relativas. Essa quantidade relativa de cada classe de hidrocarbonetos presente varia grandemente de petróleo, o que faz com que os petróleos tenham diferentes características. 35 O Petróleo é constituído em grande parte por Hidrocarbonetos. Sob o nome hidrocarbonetos existe uma grande variedade de compostos de carbono e hidrogênio que quimicamente, de acordo com certas características, são agrupados em séries. Mais de 15 séries de hidrocarbonetos já foram identificadas, sendo que umas são encontradas com maior freqüência que outras. As mais comumente encontradas são as parafinas, as olefinas e os hidrocarbonetos aromáticos. Dentro de uma mesma série podem ser encontrados desde compostos muito leves e quimicamente simples, como, por exemplo, o metano da série das parafinas, a compostos bem mais pesadose quimicamente complexos. Na série das parafinas encontram-se os hidrocarbonetos parafinicos normais ou alcanos, que possuem a fórmula geral CnHn+2. Os nomes dos alcanos são formados por um prefixo, que especifica o número de átomos de carbono, e o sufixo ano. Assim, a série dos alcanos é constituída do metano (CH4), etano (C2H6), propano (C3H5), butano (C4H10) etc. Os hidrocarbonetos parafinicos podem apresentar ramificações em um ou mais átomos de carbono, sendo nesses casos denominados isoparafinas ou 36 isoalcanos, mas possuem a mesma fórmula geral dos alcanos. Alguns hidrocarbonetos da série dos isoalcanos são o isobutano, o isopentano e o 3- metil-pentano, por exemplo. Para distinguir os alcanos dos isoalcanos normalmente se usa o prefixo normal (ou simplesmente n) no caso dos alcanos e o prefixo iso normal (ou simplesmente i) no caso dos isoalcanos. Por exemplo, usam-se as denominações n-butano para indicar que se trata de um alcano e i-butano para indicar que se trata de um isoalcano. Na série das olefinas, os hidrocarbonetos mais comuns são os alcenos, que apresentam a fórmula geral CnH2n. Dentre eles podem ser citados o eteno (C2H4) e o propeno (C3H6), por exemplo. Dentre os hidrocarbonetos aromáticos podem ser mencionados o benzeno (C6H6), o tolueno (C7H8) e o naftaleno (C10H8) Agregada à mistura de hidrocarbonetos vem sempre uma certa quantidade de impurezas, sendo as mais comuns o dióxido de carbono, o oxigênio, o nitrogênio, o gás sulfidrico, o hélio e alguns outros compostos de carbono. A infinita variedade de composições das misturas de hidrocarbonetos, aliada à variação de tipos e teores de impureza, faz com que praticamente todas as misturas tenham características diferentes. Cor, viscosidade, massa específica etc., podem diferir bastante de uma jazida para outra. Os componentes presentes no petróleo também podem ser agrupados em quatro classes principais, sendo este critério baseado em solubilidades, conhecido como análise SARA, que é um método de fracionamento no qual o petróleo é separado em saturados (alcanos e cicloparafinas), aromáticos (hidrocarbonetos mono, di e poliaromáticos), resinas (fração constituídas de moléculas polares contendo heteroatomos N, O ou S) e asfaltenos (são 37 moléculas similares às resinas, porém possuindo maior massa molecular e núcleo poliaromático) (Speight, 2001; Wang e colaboradores, 2002; Sjöblom e colaboradores). As resinas e os asfaltenos possuem espécies não voláteis, de difícil quantificação (Leon e colaboradores, 2000, Yarranton, 2002; Khadim e Sarbar, 1999; Farah, 2002; Barker, 1985; Danesh, 1998). Quanto à sua classificação, o petróleo é geralmente dividido em tipos ou bases, conforme a Tabela 2. 2.4- Classificação do Petróleo: De acordo com a predominância dos hidrocarbonetos encontrados no óleo cru, o petróleo é classificado em: Parafínicos Quando existe predominância de hidrocarbonetos parafínicos. Este tipo de petróleo produz subprodutos com as seguintes propriedades: - Gasolina de baixo índice de octanagem. - Querosene de alta qualidade. - Óleo diesel com boas características de combustão. - Óleos lubrificantes de alto índice de viscosidade, elevada estabilidade química e alto Ponto de fluidez. - Resíduos de refinação com elevada percentagem de parafina. - Possuem cadeias retilíneas. Naftênicos Quando existe predominância de hidrocarbonetos naftênicos. O petróleo do tipo naftênico produz subprodutos com as seguintes propriedades principais: - Gasolina de alto índice de octanagem. - Óleos lubrificantes de baixo resíduo de carbono. - Resíduos asfálticos na refinação. - Possuem cadeias em forma de anel. Aromáticos Quando existe predominância de hidrocarbonetos aromáticos. Este tipo de produz solventes de excelente qualidade e gasolina de alto índice de octanagem. Não se utiliza este tipo de petróleo para a fabricação de lubrificantes. 38 Após a seleção do tipo desejável de óleo cru, os mesmos são refinados através de processos que permitem a obtenção de óleos básicos de alta qualidade, livres de impurezas e componentes indesejáveis. A Tabela 2 apresenta as principais características das principais classes de petróleos 39 Tabela 2: Características das Principais Classes de Petróleos (Thomas, 2001; Farah, 2002). CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS CLASSES DE PETRÓLEOS CLASSE CARACTERÍSTICAS ORIGEM Parafínica Quando predominam até 90% de alcanos, são os óleos crus leves, com densidade inferior a 0,85. Teor de resinas e asfaltenos abaixo de 10%. Paleozóicos da África do Norte, Estados Unidos e América do Sul. Cretáceo inferior da plataforma continental Atlântico Sul, e alguns óleos Terciários da Líbia e Europa Central. Parafínica-Naftênica Os óleos dessa classe apresentam um teor de resinas e asfaltenos entre 5 a 15%, baixo teor de enxofre (0 a 1%). Valores de densidade e viscosidade mais elevados do que a classe parafínica Cretáceos de Alberta, Paleozóico da África do Norte e Estados Unidos, Terciários da Indonésia e da Africa Ocidental e no Brasil a maioria dos petróleos da bacia de Campos. Naftênica Apresentam baixo teor de enxofre, e se originam de alteração bioquímica de óleos parafínicos e parafínicos- naftênicos. Cretáceos da América do Sul, alguns da Rússia e Mar do Norte. Aromática Intermediária Compreende óleos pesados, contendo de 10 a 30% de asfaltenos mais resinas, e teor de enxofre acima de 1%. Densidade maior que 0,85. Teor de hidrocarbonetos monoaromáticos é baixo. Óleos Cretáceos do Médio Oriente, Cretáceo da África Ocidental, e alguns óleos originados da Venezuela, California e Mediterrâneo. Aromática-Naftênica São derivados dos óleos parafínicos e parafínicos- naftênicos por processo de biodegradação. Contém teor de enxofre 0,4 a 1%, e até mais de 25% de resinas e asfaltenos. Cretáceo Inferior da África Ocidental. Aromática-Asfaltica Compeende óleos pesados, Óleos do Canadá Ocidental, 40 viscosos, teor de asfaltenos e resinas de 30 a 60%, teor de enxofre de 1 a 9%. óleos asfálticos da Venezuela e do Sul da França. No Brasil, à maioria dos petróleos da Bacia de Campos são classificados como do tipo base parafínica-naftênica. Estes óleos apresentam teor de resinas e asfaltenos entre 5-15%, teor de aromáticos entre 25 a 40% e baixo teor de enxofre (0 a 1%). Estas características físicas conferem a este óleo a classificação de médio para pesado. As moléculas de asfaltenos são constituídas principalmente por núcleos poliaromáticos ligados por cadeias laterais naftênicas e alifáticas e geralmente apresentam grupos funcionais variados contendo ácidos carboxilícos, amidas, aminas, álcoois e heterocíclicos contendo oxigênio, enxofre e/ou nitrogênio e certos metais como vanádio e níquel. 41 42 Modelo de Estrutura da Micela de um Asfalteno. Neste modelo, os asfaltenos, resinas (incluindo os aromáticos) e saturados são considerados como, soluto, solvente e não solvente respectivamente. 43 Gás Natural Gás Natural é o gás existente nas jazidas. Algumas vezes, é produzido juntamente com o petróleo - é o chamado gás associado, comum nos poços da bacia de Campos. Há também o gás natural não-associado, existente em jazidas sem petróleo, como nos poços do campo de Juruá, na Amazônia. Ao sair do poço, o petróleo não vem só. Embora existam poços que só produzem gás, grande parte deles produz, ao mesmo tempo, gás, petróleo e água salgada. Isto prova que o óleo se concentra no subsolo, entre uma capa de gás e camadas de água na parte inferior. Depoisde eliminada a água, em separadores, o petróleo é armazenado e segue para as refinarias ou terminais. O gás natural é submetido a um processo onde são retiradas partículas líquidas, que vão gerar o gás liquefeito de petróleo (GLP) ou gás de cozinha. Após processado, o gás é entregue para consumo industrial, inclusive na petroquímica. Parte deste gás é reinjetado nos poços, para estimular a produção de petróleo. Atualmente a definição mais completa é que os asfaltenos são solúveis em hidrocarbonetos aromáticos, tais como, tolueno e benzeno e insolúveis em hidrocarbonetos alifáticos, como n-pentano, n-hexano e n-heptano, nos quais as resinas são solúveis (Deo e colaboradores, 2004; Mullins e colaboradores, 2003; Jamaluddin e colaboradores, 2003; Kilpatrick e colaboradores, 2003a e b; Al-Sahhaf, 2002; León e colaboradores, 2000 e 2001; Bauget e colaboradores, 2001; Lenormand e colaboradores, 2001; Yarranton e Gafanova, 2001; Yarranton e colaboradores, 2000a e b; Rogel, 2000; Khadim e Sarbar, 1999; Nomura e colaboradores, 1999; Speight e Andersen, 1999; Murgich e colaboradores, 1999; Barker, 1985; Speight, 1991, 1994, 1999 e 2001). Resíduo de Vácuo Asfaltenos + Resinas + Parafinas Pesadas Evaporação do Heptano Precipitaç ão com heptano 30:1 MALTENOS Extrator (Heptano) Parafinas + Resinas Extrator (Tolueno) Sais Inorgânicos Evaporação do Tolueno ASFALTENOS Solúvel Solúvel Solúvel Insolúvel Insolúvel 44 Os asfaltenos podem ser definidos também como compostos de alta massa molecular na faixa de 5x102 a 103 kg/kmol, podendo, entretanto chegar a 104 kg/kmol (Speight, 1999 e 2001). Os asfaltenos são considerados a fração do petróleo com mais núcleos aromáticos e a de maior massa molecular (León e colaboradores, 2001). Os asfaltenos não possuem uma estrutura química definida, principalmente devido aos diferentes tipos de petróleos existentes. Estruturalmente é aceito que os asfaltenos apresentam predominante natureza aromática, possuindo núcleos policondensados, ligados a cadeias acíclicas e cíclicas (naftênicas), geralmente apresentando grupos funcionais ácidos e básicos, possuindo também elementos como oxigênio, enxofre e nitrogênio, sendo que este último aparece em pequenas quantidades, e metais como vanádio e níquel (Speight, 2001; Calema e colaboradores, 1995; Yarranton e colaboradores, 2000b; León e colaboradores, 2000; Rogel, 2000; Rogel e Carbonari, 2003; Mullins, 2003 e 1999; Siddiqui, 2003; Murgich e colaboradores, 1999; Geng e Liao, 2002; Marczewski e Szymula, 2002; Kilpatrick e colaboradores, 2003 a; Ancheyta e colaboradores, 2004). NÃO HIDROCARBONETOS presentes no petróleo e gás: Além de Carbono e Hidrogênio, apresentam os elementos S, N e O e metais. ENXOFRE – “Compostos Sulfurados” O enxofre é o terceiro elemento mais abundante no petróleo. O enxofre ocorre em todos os tipos de petróleo nas seguintes famílias químicas: Mercaptans, sulfetos, polissulfetos, tiofenos, H2S, Sulfetos, benzotiofenos e derivados. Os compostos de enxofre se concentram nas frações pesadas e residuais de petróleo. Em geral quanto maior a densidade do petróleo, maior será o seu teor de enxofre. Problemas causados pela presença do enxofre: Aumentam a estabilidade das Emulsões; São responsáveis pela corrosividade dos derivados Contaminam catalisadores (refinarias) Determinam cor e cheiro aos produtos derivados São tóxicos e poluentes 45 NITROGÊNIO – “Compostos Nitrogenados” Os compostos nitrogenados, presentes no petróleo, quase em sua totatlidade na forma orgânica, podem ser divididos em: Básicos: piridinas e quinolinas Não básicos: pirróis, indóis e carbazóis Os compostos nitrogenados, de um modo geral, como os sulfurados, também são responsáveis pelo envenenamento de catalisadores de processo. Por oxidação, eles podem dar coloração aos derivados do petróleo, e por aquecimento as formas de caráter básico tendem a degradar, formando depósitos. Da mesma forma que os sulfurados, os nitrogenados tendem a se concentrar nas frações pesadas do petróleo.; Aumentam a capacidade do petróleo de reter água em emulsão; Contaminam catalisadores (refinarias). OXIGÊNIO– “Compostos Oxigenados” Os compostos oxigenados aparecem no petróleo em diversas formas: Ácidas: ácidos carboxílicos, fenóis, cresóis, Não ácidas: ésteres, cetonas; amidas Dentre os ácidos carboxílicos, especial atenção é dada aos ácidos classificados como naftênicos, devido aos problemas de corrosão acentuada que eles provocam, principalmente nas unidades de destilação. De modo geral, os oxigenados tendem a se concentrar nas frações mais pesadas do petróleo e são responsáveis também pela cor escura, odor e formação de gomas das frações do petróleo, além da corrosividade. 46 47 48 Solubilidades: Os alcanos e os cicloalcanos são quase totalmente insolúveis em água, em virtude da polaridade muito baixa e da incapacidade de formar ligações hidrogênio. Os alcanos e os cicloalcanos líquidos são mutuamente solúveis e em geral dissolvem-se em solventes de baixa polaridade. São bons solventes destes grupos o benzeno, o tetracloreto de carbono, o clorofórmio e outros hidrocarbonetos. Os asfaltenos são solúveis em hidrocarbonetos aromáticos, tais como, tolueno e benzeno e insolúveis em hidrocarbonetos alifáticos, como n- pentano, n-hexano e n-heptano, nos quais as resinas são solúveis.
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