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Caso Clínico Paciente do sexo feminino, 83 anos, internada a noite Prostração, Astenia, Recusa Alimentar, Taquipneia Os sintomas evoluíram progressivamente ao longo da tarde desse dia Pela manhã ainda deambulava, até a data sempre tinha sido autônoma Caso Clínico Antecedentes Pessoais: -Cardiopatia Isquêmica -Insuficiência Cardíaca Congestiva -Hipertensão Arterial -Bloqueio Completo do Ramo Esquerdo -Fibrilação auricular crônica -AVC isquêmico Desconheciam-se alergias medicamentos ou a qualquer outro tipo de substância Não consome álcool, não fuma Caso Clínico Exame Físico: -Temperatura: 36,8ºC -Frequência Cardíaca: 91 batidas por minuto -Pressão Arterial: 80/54 mmHg -Estado Geral: vigil, reativa a estímulos dolorosos, ligeiramente confusa. -Paresia no hemicorpo a esquerda -Auscultação Pulmonar: fervores crepitantes na base do pulmão esquerdo. -Auscultação Cardíaca: arritmia -Dor a palpação do hipocôndrio direito e epigastro Caso Clínico Exames complementares -Radiografia de tórax: infiltrado intersticial e alveolar bilateral, mais acentuado no pulmão direito. -Exames Laboratoriais: leucocitose (22200/uL); neutrofilia (93,5%), trombocitopenia (37000/uL), anemia (hemoglobina 10,6g/dL), PCR> 990mg/L, insuficiência renal (ureia 186mg/dL e creatinina 3,40mg/dL), alterações da função hepática e análise da urina positiva para nitritos, leucócitos, hemoglobina e albumina Caso Clínico Tratamento: -Administração de oxigênio com débito de 3 L/min - Medicada com Haemacel, Amoxicilina + Ácido Clavulânico e Paracetamol -Enviada para internamento, no qual piorou o estado geral no primeiro dia, chegando ao estado de obnubilação Caso Clínico Segundo e terceiro dia de internação: pirexia com temperatura acima de 38ºC; pressão arterial variando de 149/78 mmHg e 183/90 mmHg; estado de consciência evoluiu para estupor Quarto dia de internação: estado estuporoso, continua com reação a estímulos dolorosos; Continuava com febre, frequência cardíaca de 112 batidas por minuto, taquipneia, pressão variando entre 126/79 mmHg e 176/81 mmHg; expectoração mucupulenta abundante Quinto dia de internação: expectoração mucupurulenta; auscultação pulmonar revelava fervores crepitantes mais proeminentes na base pulmonar esquerda; aumento da área afetada pelo infiltrado pulmonar na radiografia de tórax Caso Clínico Sexto dia de internação: resultados da hemocultura e culturas de expectoração positivas para Escherichia coli e Enterobacter cloacae, respectivamente. Interrompidos antibióticos em curso e iniciada a administração de Ciprofloxacina (200mg 2id), drogas vasoativas e corticoides Sétimo dia de internação: estado estuporoso, reativa apenas a dor intensa; pirética (temperatura >38ºC), normotensa (114/60 mmHg) e taquicárdica; fervores crepitantes na base do pulmão esquerdo; ligeiro edema nos membros inferiores bilateralmente e petéquias na parte anterior do tórax. Caso Clínico Sétimo dia de internação (continuação): radiografia de tórax apresentava comprometimento bilateral do parênquima pulmonar; continuava com trombocitopenia (36000/uL) e PCR 48,1 mg/L; inícios de período de apneia Morte as 6:30h do oitavo dia de internamento IMUNIDADE INATA 1ª resposta contra os microorganismos: Barreiras epiteliais; Barreira subepitelial: fagócitos ficam recrutados na camada subepitelial; Barreira na corrente sanguínea: proteínas plasmáticas e os fagócitos ficam circulantes; RESPOSTAS DO SISTEMA INATO • Inflamação: leucócitos e proteínas plasmáticas são enviados aos sítios de infecção; • Defesa antiviral: alterações nas células que impedem a replicação viral e aumenta à morte por linfócitos; RECONHECIMENTO DE MICROOGANISMOS E DE ESTRUTURAS DANIFICADAS • Os PAMPs: Padrões moleculares associados aos patógenos. Os PAMPs estimulam a imunidade inata, que reconhecerá produtos microbianos essenciais para a sobrevivência desses organismos; • Os DAMPs: Padrões moleculares associados aos danos. São produzidos como resultado de danos celulares provocados por infecções e/ou lesões celulares; • Os PRRs: Receptores de reconhecimento de padrões: fagócitos (principalmente macrófagos e neutrófilos), células dendríticas, células epiteliais, compõem o grupo de moléculas de reconhecimento associadas a células do sistema imune inato; RECONHECIMENTO DE MICROOGANISMOS E DE ESTRUTURAS DANIFICADAS RECONHECIMENTO DE MICRORGANISMOS E DE ESTRUTURAS DANIFICADAS • • COMPONENTES CELULARES DO SISTEMA IMUNE INATO RECEPTORES DO TIPO TOLL • Grupo de proteínas (PRPs) transmembranares • No humano são dez tipos (TLR1-10), cada qual com uma detecção distinta: • TRL4 detecta LPS de bactérias Gram - ; • TLR1 ou TLR6 (TRL10 ?) detecta uma variedade de produtos microbianos: lipopeptidios, lipoproteínas, peptidioglicano, porinas, glicoproteínas de Gram + e -, microbactérias, fungos, parasitas e vírus; • TLR5 reconhece a flagelina (de flagelos bacteriano); • Os endossomais reconhecem: dsRNA (TLR3), ssRNA (TLR7 e TLR8) e DNA com CpG não Metilado (TLR9). • Janeway, 2014 Característica de inter-relação das vias de sinalização de TLRs • TRLs cooperam com outras moléculas de reconhecimento microbianos, como, o TLR2 que requer CD14, CD16 e dectina-1 para reconhecer peptidioglicanos, lipopeptídeos e glucagon β, respectivamente; • • TLRs podem ser acionados por DAMPs liberados por células estressadas, ativando leucócitos, maturando APCs, na mediação da resposta adaptativa. Janeway, 2014 Característica de inter-relação das vias de sinalização de TLRs • Essas vias de sinalização envolve cadeias, como: a resposta primária de diferenciação mielóide (MyD88) que contém o domínio da proteína adaptadora de TIR (TIRAP); • MyD88 é essencial para a sinalização de todos os TLRs (exceto o 3) e se associa a fatores nucleares, cinases de proteínas e ativação de genes pró-inflamatórios. • Janeway, 2014 A redundância das vias ativadas de TLRs • Esse perfil, condiciona o envolvimento de múltiplos TLRs que desencadeia o efeito sinérgico sobre as respostas inflamatórias. • Essa rede de interação intracelular pode envolver diferentes tipos de PRRs, como: a dectina-1 com RST2 e RST4 aumentam a produção de citocinas via NF-kB; • Além disso um único padrão molecular associado a microrganismo (MAMP), pode ser detectado por diferentes PRRs, principalmente quando relaciona as diferentes localizações dos MAMP. A redundância das vias ativadas de TLRs • Isso indica a evolução de diferentes estratégias do hospedeiro para detectar microrganismos invasores. • Ou seja, idealmente a resposta científica e possíveis tratamentos têm que considerar todas as interações possível (“prevendo” as condições na vida real). • Assim, o tratamento de um único PRR, tem que considerar a redundância das vias sensoriais microbianas. Abbas, 2012 Relação entre os TLRs e a imunidade inata • Experimentos animais e estudos clínicos em humanos: • Essenciais para a compreensão do papel do TLR nas doenças infeciosas. • Ex. 1: ratos com supressão para TLR2 são altamente susceptíveis a infeções por S. aureus e pneumoniae; • Ex. 2: recentemente, evidências em humanos, que, erros de expressão ou na estrutura de TLR aumenta a propensão a desenvolver infecções. • Portanto a descoberta dos TLRs e a relação com a imunidade inata foi desencadeante no interesse para o desenvolvimentode medicamento que sanem a infeção e gere a sepse. O vasto campo de emprego dos TLRs • Sendo esse campo muito dinâmico, diversas pesquisas e muitos compostos, focados em TLRs têm sido testados em animais e humanos. • Como produção de adjuvante vacinal (pelo uso de agonistas TLRs); • Agentes mediadores para doenças autoimunes e câncer. • Sendo o foco dessa abordagem os agonistas (TLR3, TLR5, TLR7, TRL8 e TLR9) e antagonistas (TLR2, TLR3, TLR4, TLR9) mais populares, usados em modelos clínicos e pré- clínicos para abordagem de infeção aguda e crônica (incluindo a sepse). Janeway, 2014’ Conceitos para entender o Caso SIRS – Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica, sendo a resposta à um insulto ao organismo por lesão tecidual( traumas) e falência de órgãos ou estado de imunossupressão com infecção secundária. Infecção - Infiltração microbiana ,caracterizada por uma resposta inflamatória à presença de microrganismos ou à invasão de tecidos normalmente ausentes desses agentes. Sepse - definida como resposta sistêmica à uma infecção com a presença de algum nível de disfunção funcional de órgãos. Sepse deve conter 2 ou mais condições da SIRS + infecção comprovada Caso Apresentado Paciente deu entrada com: Hipotensão (80x54 mmHG) Alteração estado de consciência Insuficiência Respiratória Alterações hematológicas Alterações renais e hepáticas Leucocitose (22200 leucócitos/μL) Hipertermia (38,6ºC) Taquicardia (91 bpm) Hipocapnia (19 mmHg) Sepse Comprovação da SEPSE Confirmada SEPSE após cultura de bacterias positiva para Escherichia coli e Enterobacter cloacae - Bactérias intracelulares e gram-negativas Enterobacter clocae Escherichia coli Hipotensão na sepse A hipotensão na sepse ocorre por liberação de NO por macrófagos, histamina por mastócitos, TNF, IL-1, IL-6 por macrófagos e outros tipos celulares da imunidade inata principalmente. Essas substancias são vasodilatadoras para aumentar a efetividade da inflamação Somada à perda de líquidos e eletrólitos por metabolismo hiperativado , febre e sudorese, gera o estado de hipotensão visto no caso. Estado de hipotensão = substancias vasoativas e reposição de fluídos gera o retorno da pressão. Paciente não sofreu de Choque Séptico Choque séptico: sepse com hipotensão refratária (PAS <90 mmHg, PAM <60 mmHg ou queda de 40 mmHg ou mais nas pressões de base), apesar da administração de fluidos. Quase imediatamente, os seus valores de pressão arterial regressaram ao normal, tendo sido verificados inclusivamente períodos de hipertensão nos dias seguintes, sem que tivessem sido administrados vasopressores ou inotrópico. Tratamento medicamentoso do caso estudado No 6º dia de internação foram interrompidos os antibióticos e iniciada a administração de Ciprofloxacina, drogas vasoativas e corticoides Vasoativas são as drogas que geram vasodilatação ou vasoconstricção por afetar a musculatura de vasos. (David e Golan ,2º edição) Foi correto????????? Protocolo Tratamento e formas novas de lidar com sepse sempre se baseiam na rapidez com que é diagnosticada e com que é aplicada a tecnica do protocolo: Acesso venoso inicial identificação do agente infecioso , antibioticoterapia, controle do sítio de infecção, reposição volêmica, vaso- pressores, terapia inotrópica, corticoterapia, proteína C ativada e transfusão sanguínea. Sendo que no caso de sepse grave existem medidas de suporte como :ventilação mecânica, sedação, analgesia e bloqueio neuromuscular, controle glicêmico, profilaxia de trombose venosa profunda (TvP), profilaxia da úlcera de estresse e terapia de substituição renal. Ressuscitação Inicial A ressuscitação inicial é fundamental para reverter o processo de hipoperfusão tecidual induzido pela sepse deve-se obter um acesso vascular central e iniciar a infusão de fluidos. O fluido a ser infundido pode ser cristaloide ou coloide, visando atingir nas primeiras 6 horas a restauração da normalidade pressão/saturação o2 e hematócrito. Antibioticoterapia A antibioticoterapia intravenosa empírica deve ser iniciada o mais precocemente possível, dentro da primeira hora do diagnóstico. Depende de vários aspectos relacionados ao paciente, como: a história de intolerância a drogas; doença subjacente; padrão de susceptibilidade dos germes na comunidade ou hospital. OBS: A terapia antibiótica deverá ser reavaliada diariamente, visando otimizar a atividade, prevenir o desenvolvimento de resistência e reduzir toxicidade e custos. Corticoterapia Corticoterapia : O emprego de corticosteróides está justificado somente nos pacientes que já foram ressuscitados com fluídos e apresentaram pobre resposta ao uso de vasopressor, permanecendo em choque. Pacientes com sepse, sem choque, não devem receber corticóides. (protocolo) Estudos divergem no uso de corticoide com sepse presente , no uso de combate à respostas muito fortes do próprio organismo. Quais erros? Sabem? ● Ressuscitação? ● Antibioticoterapia? ● Corticoterapia? E no caso? ● Ressuscitação inicial realizada e mostrou bons resultados. ● Antibioticoterapia inicial realizada com amplo espectro, porém sem a melhora prevista , e ao invés de trocar o antibiótico ou mudar o tratamento com especiais, manteve-se até sair o laudo de bactérias positivo. ( erro) ● Outro erro >> Amoxicilina + Ácido Clavulânico. ( UTI tem alta taxa de prevalência de infecção resistente, o antibiótico aplicado foi de amplo espectro e alta taxa de resistência, sem que houvesse troca na falha de resultados). ● Por fim> No caso estudado o emprego de corticoides era não recomendado, com pouca eficiencia comprovada em estudos e alta chance de aumentar os riscos de agravar a sepse. Final Estudos apontam que após a triagem sem tratar há o aumento da mortalidade em 7.6% a cada hora que passa. . O guia mundial de controle da Sepse não recomenda o uso de antibióticos especiais, mas aceita seu uso em caso de sepses com o diagnostico correto da classe bacteriana que ataca, por isso já é recomendado o encaminhamento do paciente para UTI em já mínima suspeita de SIRS e Sepse . Referencias • ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. H. I. V. Imunologia celular e molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. • MURPHY, K.; TRAVERS, P.; WALPORT, M. Imunobiologia de Janeway. Porto Alegre: ArtMed, 8ª edição. 2014. • SAVVA, A; ROGER, T. Targeting Toll-like receptors: promising therapeutic strategies for the management of sepsis-associated pathology and infectious diseases. Frontiersin Immunology/ Microbial Immunology, v. 4, artigo 387, nov. 2013. • • • • Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37