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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) do Trabalho Titular da Vara do Trabalho de Balneário Camboriú/SC: Pedro Lemos , brasileiro, casado, inscrito no CPF sob o n. 123.456.789-00, residente e domiciliado na Avenida Brasil, n. 100, bairro Pioneiros, em Balneário Camboriú/SC, CEP 74.000-000, simplesmente identificado como reclamante, por meio de seu advogado regularmente constituído, cujos dados constam na procuração anexa, ajuíza RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de Fundação de Tecnologia do Estado de Santa Catarina, inscrita no CNPJ sob o n. 50.800.400/0001-15, com endereço na Avenida Atlântica, n. 500, Centro, Balneário Camboriú/SC, CEP 74.100-000, simplesmente identificada como reclamada, pelos seguintes fatos e fundamentos: 1 – TELETRABALHO – HORAS EXTRAS O reclamante foi contratado em 02/01/2017 como técnico em informática pela reclamada, prestando consultoria para clientes da Fundação de Tecnologia do Estado de Santa Catarina. Durante todo o pacto laboral sempre exerceu suas atividades em sua residência. O trabalho se dava, em média, durante 50 (cinquenta) horas por semana, ultrapassando o limite de 44 (quarenta e quatro) horas, previsto no art. 7º, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988 (CF/88). Para o exercício de suas atividades o reclamante tinha que realizar login no sistema de informática da reclamada, ou seja, inserir nome de usuário e senha para que pudesse iniciar a prestação de serviços para a qual foi contratado. Quando realizava qualquer pausa ou no momento do término da jornada diária de trabalho tinha que fazer o logout no mesmo sistema. Dessa forma, resta evidente que embora laborasse de sua residência o reclamante tinha sua jornada de trabalho absolutamente controlada pela reclamada. O Tribunal Superior do Trabalho, em situação idêntica, pugnou pela possibilidade de o trabalhador em regime de “home office” receber pelas horas extras realizadas: A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA. 1. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ACIDENTE DO TRABALHO. Não há como divisar ofensa direta e literal ao artigo 2º da Lei nº 8.078/90, porquanto referido dispositivo não cuida da competência da Justiça do Trabalho. Outrossim, ressalte-se que não se conhece da revista pela alegada ofensa ao art. 114 da CF, porquanto a reclamada se olvidou de indicar expressamente o inciso tido como violado, o que não atende aos ditames da Súmula nº 221 do TST. Divergência jurisprudencial inespecífica à luz da Súmula nº 296, I, do TST. 2. HORAS EXTRAS. ATIVIDADE EXTERNA. HOME OFFICE. POSSIBILIDADE DE CONTROLE DA JORNADA. O Regional foi categórico no sentido de que o contrato de trabalho da reclamante, além de não fazer nenhuma alusão ao art. 62, I, da CLT, estabeleceu, em sua cláusula 5ª, a obrigatoriedade de horário, além de haver ficha de registro fixando jornada a ser cumprida. Ressaltou, ainda, que a prova dos autos demonstrou a possibilidade do controle da jornada na modalidade de trabalho home office, razão pela qual afastou o enquadramento na exceção do art. 62, I, da CLT. Desse modo, em que pese a reclamante realizar atividade externa, não se vislumbra a alegada ofensa ao artigo 62, I, da CLT. Observa-se, por outro lado, que a decisão não está amparada apenas nas regras de distribuição do ônus probatório, mas também nas provas produzidas e valoradas, de modo que não é possível divisar violação direta e literal dos artigos 818 da CLT e 333 do CPC/15. Divergência jurisprudencial inválida. Agravo de instrumento conhecido e não provido. B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE. 1. HORAS EXTRAS. ATIVIDADE EXTERNA. HOME OFFICE. JORNADA DE TRABALHO FIXADA. ÔNUS DA PROVA. O Regional, ao fixar jornada de trabalho de modo diverso do pretendido pela empregada, inclusive em relação à fruição do intervalo intrajornada, não simplesmente desconsiderou a suposta presunção que militava em favor da obreira, na forma prevista na Súmula n º 338 do TST, ao contrário, pautou-se pela efetiva prova produzida pelas partes e, diante das peculiaridades do caso, trabalho na modalidade home office, ou seja, trabalho realizado na própria residência do empregado por meio de celular e notebook, entendeu por fixar o início e o final da jornada de trabalho segundo a jornada contratual e de acordo com os cerca de 300 e -mails constantes do acervo probatório, por serem os meios de controles dos quais se valeu o empregador. Aliás, a jornada arbitrada não decorreu de inversão do ônus da prova, em verdade, encontra-se pautada pelos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Diante do exposto, por certo não restaram violados os artigos 62, I, e 74, § 2º, da CLT, muito menos contrariada a Súmula nº 338 desta Corte. Ademais, sequer há falar em fixação da jornada pela regra da OJ nº 233 da SDI-1 do TST, visto que trata de hipótese diversa dos autos. Divergência jurisprudencial inespecífica à luz da Súmula nº 296, I, do TST. Recurso de revista não conhecido. (…) (ARR - 1599- 67.2012.5.01.0044 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 21/06/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 23/06/2017) Deve-se destacar que o art. 6º, da CLT, dispõe que não se distingue o trabalho realizado no estabelecimento do empregador daquele exercido no domicílio do empregado. Como se não bastasse, quando da contratação do reclamante não havia no ordenamento jurídico pátrio qualquer outra regulamentação quanto ao teletrabalho, sobretudo afastando o direito ao recebimento de horas extras. Diante do exposto, o reclamante requer a condenação da reclamada ao pagamento de 6 (seis) horas extras semanais, durante todo o pacto laboral, com reflexos em aviso prévio, férias + 1/3, décimo terceiro salário e na multa de 40% do FGTS. 2 – TELETRABALHO – DESPESAS No caso em tela, o reclamante sempre laborou em sua residência, como já explicitado no tópico anterior. Durante toda a vigência do contrato de trabalho o obreiro foi compelido ao pagamento de R$ 100,00 (cem reais) por mês para custear a internet, vez que isto era indispensável para a realização de suas atividades profissionais. Sem ela, não conseguiria acessar o sistema de informática da reclamada e, consequentemente, não seria possível a prestação dos serviços. Não resta dúvida de que foi violado o princípio da alteridade, insculpido no art. 2º, da CLT, segundo o qual o empregador assume os riscos de sua atividade econômica, devendo arcar com os custos relativos aos instrumentos de trabalho necessários para o labor. Diante do exposto, requer a condenação da reclamada ao pagamento de R$ 100,00 (cem reais) mensais durante todo o contrato de trabalho. 3 – MULTA DO ART. 477, DA CLT O reclamante recebeu aviso prévio 31/01/2018, tendo trabalhado durante os 33 (trinta e três) dias, ou seja, até 02/03/2018. As verbas rescisórias a que tinha direito foram corretamente pagas no dia 09/03/2018. Entretanto, os documentos rescisórios necessários para o resgate do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e para o recebimento do seguro desemprego foram entregues em 16/03/2018, ou seja, extemporaneamente. A Lei n. 13.467/17 modificou o art. 477,da CLT, conferindo a seguinte redação ao seu parágrafo 6º: § 6o A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato. Dessa forma, o reclamante requer a condenação da reclamada ao pagamento da multa prevista no art. 477, 8º, da CLT,equivalente a uma remuneração. 4 – AVISO PRÉVIO 5 – GRATUIDADE JUDICIÁRIA No caso em tela o reclamante está em precária situação financeira e não tem meios de arcar com os custos do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. Assim, nos termos do art. 790, da CLT, requer lhe sejam deferidos os benefícios da assistência judiciária gratuita. 6 – PEDIDOS Diante do exposto, o reclamante requer: a) a citação da reclamada para, querendo, comparecer à audiência e responder à presente, sob pena do decreto de sua revelia e consequente aplicação dos efeitos da confissão, presumida, quanto à matéria fática (CLT, art. 844, caput); b) a condenação da reclamada ao pagamento das seguintes parcelas: b1) horas extras excedentes à 44ª semanal, de 02/01/2017 até 02/03/2018........................................................................................R$ 12.600,00 b2) reflexos das horas extras em aviso prévio, férias + 1/3, décimo terceiro salário e na multa de 40% do FGTS...................................................R$ 4.200,00 b3) R$100,00 (cem reais) por mês relativo ao gasto com internet durante todo o pacto laboral (02/01/2017 até 02/03/2018).........................................R$ 1.400,00 b4) multa prevista no art. 477, §8º, da CLT........................................R$ 5.500,00 b5) 3 (três) dias de aviso prévio............................................................R$ 550,00 b6) honorários advocatícios previstos no art. 791-A, da CLT. 7 – REQUERIMENTOS O reclamante protesta pela produção de todas as provas admitidas em direito. Requer, ainda, que todos os valores porventura apurados sejam atualizados monetariamente e que incidam juros desde a citação. Dá-se à presente reclamação trabalhista, somente para fins de definição de alçada, o valor de R$ 24.250,00 (vinte e quatro mil duzentos e cinquenta reais). Local, data. Assinatura. Endereço Profissional
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