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Espondiloartrites: Outras SUMÁRIO Célia Roberto Gonçalves Cláudia Goldenstein-Schainberg Julío César Bertacini de Moraes Carla Gonçalves Schahin Saad Mrite p~slca. 660 Dados tj>ldemiológlcos. 660 Etlologla e ílsfopatologla. 660 Quadro dfnlco. 661 Di39nós1Jco e e><8mes complemeniam. 662 Tratomento. 662 Mritcs rcallvas ('ARo). 663 Mropatias inflamatórias intestinais. 665 Doença de Crohn. 666 Retoco!ite ulcerativa lnespeclfica (RCUI). 666 Manifestações rcumstológlals n~s doenças lnOamatórias lntestiMls. 666 Rerortncias bibftOQnlíiC8S. 66? Artrite psoriásica A artrite psoriásica (APs) é uma doença inflamatória articular da psoríasc cutânea'·,_ Descrita inicialmente por Albert, em 1818, apenas no final da década de 1960, a pa.r- tir dos estudos de Moll e Wrighr', a doença foi diferencia- da e definida como uma entidade distinta da artrite reu- matoide, fazendo parte do grupo das espondiloartrites, urna vez que parte dos pacientes tem envolvimento axial predominantes. Dados epidemiológicos1·3.6 (Quadro 1) A psorfase incide em 1 a 3% da população mundial; sua associação com a artrite pode ocorrer em até 10 a 42% desses individues. Em cerca de 75% dos casos, o quadro precede a artrite, em 15% as manifestações cutânea e a articular são concomitantes e, somente em 10% dos ca- sos, o quadro articular precede a psoríase. Geralmente, a psoríase surge na 2' ou na 3A década de vida. A artrite pode se manifestar cm qualquer faixa etária, de crianças a ido- sos, mas o pico de incidência ocorre entre 30 e 50 anos, com frequência similar em pacientes do sexo masculino e feminino, apesar da forma espondilitica afetar 3 a 5 ve- zes mais homens do que mulheres. Prevalenàa Raça Sexo Pico de idade llO Inicio NA •<Mdu ~ g'8Ves Predomina em cauc.uianos feminino • masculino 40-50 anos Etiologia e fisiopatologia '-3.7-9 A etiopatogenia da APs permanece obscura, mas o surgimento da doença parece sofrer influências de fato- res ambientais, infecciosos e imunogenéticos. Supõe-se que a predisposição genética individual, na presença de um fator ambiental, possa levar a alterações imunológi· case ao desenvolvimento da doença. I! descrito um au- mento de incidência de HLA-B27 nas formas espondill- ticas e DR4, DR38 e DR7, nas formas erosiva e periférica. Outros antfgenos de classe 1 (HLA-813, HLA-857, HLA- ·B39, HLA-Cw6 e HLA-Cw7) têm associação positiva cm estudos populacionais de psoríase e APs. Com certa fre- quência, urna correlação temporal com traumas, estres- se emocional ou psicológico e infecções por vírus ou bac- térias Gram-positivas, como o estreptococo, pode estar presente como desencadeante do inicio dos sinais e sin- tomas da doença'º· A participação da imunidade celular na expressão da doença tornou-se evidente a partir da observação de que pacientes psoriásicos portadores de infecção pelo HIV evoluíam com quadros cutâneos incontroláveis, poliar- trite assimétrica e importantes distrofias ungueais, pro· vavelmente desencadeadas a partir da deficiência da cé- lula T auxiliadora (CD-4). Tais evidências, associadas aos achados prévios de que os pacientes com artrite psoriá- sica apresentam nlveis elevados de anticorpos circulan- tes dirigidos contra Sraplry/ococcus e Streptococcus, refor- çam a noção de que esse tipo de artrite enquadra-se nos conceitos atuais de artrite reativa à flora microbiana pre- sente na placa psoriásica cm indivíduos geneticamente susccUveis, tendo sido descrita uma regulação positiva dos receptores do tipo Toll 2 cm monócitos do sangue periférico de pacientes com APs11• Há infiltrado de lin- fócitos Te outras células inflamatórias, além de expres- são aumentada de citocinas inflamatórias, como TNF, fL-1, IL-6 e IL-18 no tecido sinovial, no soro e na placa desses pacientes. Quadro clínico•·e.s.12· •9 1. Quadro clinico: a história clássica inclui individuo de ambos os sexos, 4' e 51 décadas de vida, que iniciam lesões eritematodescamativas na pele que podem ser lo- cali1.adas ou disseminadas e, geralmente após meses ou anos, artrite, edema de partes moles em dedos (dactilite) com rigide-L Acometimento característico de articulações distais de mãos e pés. Os surtos podem ser desencadeados por fatores de estresse emocional ou fisico. 2. Exame clínico: o exame fisico revela as lesões cutâ- neas critematodescamativas associadas à artrite. As lesões cutâneas podem se apresentar de formas variadas: locali- zadas, difusas, gutatas, pustulosas ou eritrodérmicas uni- versais, não havendo um tipo específico de envolvimento associado às diferentes formas de apresentação periférica ou axial. Vários critérios de classificação para as diferentes for- mas clínicas de artrite psoriásica foram descritos, embo- ra a distinção entre as formas não seja, muitas vezes, pos- sível. A classificação de Moll e Wright separa a artrite psoriásica em cinco subgrupos ("làbela 1). As formas clí- nicas da doença são a clássica, que afeta 5 a 10% dos pa- cientes; a mutilante, 5%; a espondilítica, 5 a 40%; a oli- goartrite assimétrica, 70%; e a poliartrite simétrica similar a artrite reumatoide, em 25% dos casos. Entretanto, es- tudos subsequentes revelam grandes amplitudes nestas incidências, que variam entre 1 e 17% para a forma clás- sica, 2 e 16% para a mutilante, 2 e 27% para a espondili· tica, 16 e 70% para a oligoartrite assimétrica e 15 e 78% para a forma AR-like. A forma clássica caracteriza-se por envolvimento das articulações interfalàngicas distais das mãos e dos pés e, em geral, acompanha-se de lesões ungueais caracteriza- das por estrias transversas, pirti11g 11ails e hiperqueratose subungueal. A artrite mutilante é a forma mais grave da doença, já que se apresenta de forma erosiva e destrutiva; ocorre em pacientes mais jovens, sendo algumas vezes acompanha- ..,. 1. a.illcliçlo de Mel e~ pera lonnls dillcal dell1rlte~ Forme c:llnlca Doecltçlo Tl8bel10t orlgln8I aui.ecia- Cl4ssic4 5-1~ 1-1~ Mutilante 5141 2· 181111 Espondilllica 5~ 2-:mí Ollgoer1rite assfméU\ca ]IM 111-'1~ Poti.t111to tlmécrlca 25'MI 15-~ slmfler a 81111te reumatólde 10 ESPONOILO,t,RTRJTES· OllTRAS 1 661 da de sintomas sistêmicos como perda de peso e febre. En- volvimento cutâneo disseminado e sacroilcíte são comuns. Afeta preferencialmente os dedos dos pés e das mãos, as articulações metacarpofalãngicas e as metatarsais, e asso- cia-se a ostcólise das falanges envolvidas, anquilose e os- teoporose com deformidades graves. A ostcólise total leva à telescopagem dos dedos, causando a deformidade co- nhecida como dedos telescopados ou" óculos de ópera". A forma espondilítica acomete o esqueleto axial, as- socia-se ao antigene HLA-B27, cm geral é assintomática e com envolvimento iliossacral em 20 a 40% dos casos. Os sintomas do processo inflamatório em coluna lombar baixa ou na parede torá.cica são mínimos ou ausentes, ha- vendo pouca correlação entre os achados dínicos e radio- lógicos. Em geral, há assimetria quanto ao envolvimento das sacroillacas e à presença de sindesmófitos. Manifes- tações extra-articulares, como uvdte, fibrose pulmonar e insuficiência aórtica, são raras nesse grupo de pacientes. A forma monoarticular ou oligoarticular assimétrica foi descrita por Moll e Wright como a mais frequente, mas boje sabe-se que, cm algum momento no curso da doen- ça, evoluem para poliartrite. Em geral, há pouca relação entre a atividade cutânea e a articular nesses pacientes. Acometem de maneira assimétrica as articulações inter· falãngicas proximais, distais e metacarpofalàngicas, além de dedos dos pés, tornozelos, calcanhares, joelhos e coxo- femorais. Por causa desse comprometimento de pequenas articulações das mãos e pés, apesar de assimétrico, esses pacientes devem ser minuciosamente examinados à pro- curade sinais de psoriase em couro cabeludo, abdome, re- gião glútea e unhas, já que, no passado, eram considera- dos como portadores de artrite reumatoide soronegativa. A tenossinovite digital ou dactilite leva ao caracterís- tico "dedo em salsicha". Na polianrite simétrica tipo reu- matoide, pequenas e grandes articulações são afetadas de maneira semelhante à da artrite reumatoide, mas o envol- vimento das interfalãngicas distais, o fator reumatoide ne- gativo e a ausência de nódulos subcutâneos ajudam no diagnóstico correto; onicodistrofia ocorre em cerca de 80% dos pacientes. É importante ressaltar que estes padrões de comprometimento articular podem modificar-se ou su- perpor-se ao longo do tempo, de modo que alguns auto· res preferem separá-los apenas nas formas axial ou cspon- dilltica, oligoarticuJar e poliarticular, Jembrando ainda que até metade dos pac.ientes apresenta espondilite (normal- mente são HLAB-27+) e alterações radiológicas compa- tíveis com sacroileíte que, em geral, é assimétrica, inde- pendentemente da forma clínica de doença. Outras manifestações observadas são conjuntivite em 20%, uvelte em 5 a 10%, geralmente unilateral com dor ocular, vermelhidão, lacrimejamento, fotofobia e associa- da ao HLA-DR!3 (não observada nos nossos pacientes), entesitc, dactilitc e lesões mucosas. Estudos mais recentes têm descrito uma frequência aumentada de sindromc metabólica e de aumento da mortalidade e morbidade cardiovascular, bem como re· dução da expectativa de vida em relação à população ge· ral 'º· 662 CLÍNICA M!OICI\ • OOtNÇl\S REUMAlOLÔGICl\S • Rgura 1. Camctensticas radiológicas da artrite psoriásica com ero- sões exoênllicas grandes e reabsorçj!o de tolos distais. • Rgura 2. Artrite mutilante com dedos em telescopagem. Diagnóstico e exames complementares1~·12·1e.20.21 A primeira padronização para o diagnóstico da APs baseou-se nos critérios de Moll e Wright, estabe.lecidos em 1973, considerando a presença de artrite inflamató- ria mono, oligo ou poliarticular associada a lesões cutâ· ncas clássicas de psorlasc, sempre na ausência do fator reumatoide IgM no soro do paciente afetado. O estudo multicéntrico CASPAR ( C/assification Cri teria for Psoria- ticArthritis) possibilitou, em 2006, o estabelecimento dos critérios atualmente utilizados para a classi.ficação da APs (Quadro 2). A avaliação laboratorial é inespecifica, mas proteinas de fase aguda como VHS e PCR costumam es- tar aumentadas na fase ativa da doença. Apesar de ines- pedfica, a análise do líquido sinovial tem caracterlsticas inflamatórias (H e III). A investigação radiológica revela caracteristicas de uma artropatia inflamatória com ede- ma de partes moles, redução do espaço articular e, nos casos mais avançados, pode mostrar doença erosiva gra- ve nas interfal!ngicas distais, osteólise com destruição ar- ticular e anquilose óssea. Na APs poliarticular simétrica, há alargamento do espaço articular, proliferação e anqui- lose óssea, deformidade "lápis em xícara" e osteopenia pe- riarticular mlnima, úteis para a distinção com a artrite reumatoide. Nas formas axiais, sindcsmófitos isolados e assimétricos com sinais de periostite secundária a ente- sopatia distal podem ser observados e a sacroile!te pode ser unilateral nas fases iniciais, mas geralmente evolui para fusão bilateral. Para o acompanhamento desses pacientes, os instru- mentos de avaliação como o DAS e o DAS28, desenvol- vidos para a artrite reumatoide, são utilizados para ava· liação do quadro periférico da APs. Recentemente, o Grupo para Pesquisa e Avaliação da Psorlase e Artrite Psoriásica (GRAPPA) sugeriu que um lodice ideal para avaliação da APs deveria incluir cinco domínios representativos das manifestações cHnicas da APs: artrite periférica, acome- timento axial (sacroiliíte e espondilite), entesite, dactili- te e acometimento cutâneo. Nesse sentido, foi proposto e validado em 201 O o !nelice de atividade mínima de doen- ça (MOA, na sigla em língua inglesa) composto por sete variáveis individua.is referentes aos 5 domínios descritos, sendo necessário o preenchimento de pelo menos cinco das sete variáveis para ser considerada atividade mínima de doença (Quadro 3). Tratamento•·3.22·211 (Quadro 4) O tratamento da APs depende do tipo e da gravida- de dos acometimentos cutâneo e articular. Estabelecido o diagnóstico, a caracterização da forma clinica da artri- Qu.lra 2. CtMrlos CASMR.cle dallillcaçlo pera llltrita s-tá1ca 6r.odirac.doJ O atlhio CASPAR consiste de doença ar1iculat 1nnamatór1a estabelecida' com pelo menos 3 pontos nas caractelfstlc8$ abeixo (Especiflddade-98.N> e Senslbllldade-91.~J A - PsOOase 1111Jal C2 pontos; Iodas as OOlnls Clll'8Cteflsdca • t ponto) 8 • H!Slória pe$S08I de psorla"8 (oonslderar apenu se A e.-ite) e . Hlslólla lamlllar de psomse (considerot apenas se A e 8 ousentes) 0 - ~atual ou hl$ll5ria de declilite rogisnda per um~ E - FonnoçJo óssea justa-articular nova F - Fator olreumatolde negatillo G - OIW-Ofia ungueol psoriá~ llplca Incluindo onk:ólise. "pltting" e hiperqueo110Se • Rigidez mallnal ou lndudda pelo._...~ e ottblllçlles dolotosls • edemec:ladu augorem d0«1ÇI .,llernot6rie ..- Qu8dro s. 01l«1os pere edvtdlde rinlml de doença (M~ 1111 artrile~ lle-;em se< prceocllidos 5 dos 7 att611o$ pani alillglr MOA Contagem de ar1lculaQOcs dolorosM meoor ou Igual a t Contagem de ar1lculações edemeciadas menor ou Igual a t P~I menor ou igual a t ou área de superfície corpóma menor ou Igual a 3 &cala visual analóglca (EV,AJ pora d« pelo pocienle menor ou lguol a 15 t:YA global pelo paciente menor ou Igual a 20 ~i!rio de avaJiaÇão de seúde (}fAQ) menor ou !gual a o.s Pontos ootesftlcos dolorosos menor ou igual a t te e da psorlase guiará o tratamento e o prognóstico. Den- tro deste conceito, as recomendações do GRAPPA incluem as seguintes manifestações para definição da estratégia terapêutica: cutânea e ungucal, artrite periférica, doença axial, dactilite ou entesite. De maneira geral o tratamento consiste na utilização de ainti-inflamatórios não hormonais (AINH), agentes modificadores de doença sintéticos e/ou imunobiológi- cos, a.lém de fisioterapia e terapia ocupacional. Agentes remissivos devem ser precocemente iniciados. especial- mente em pacientes com comprometimento articular mais grave, maior número de articulações afetadas ou que apresentam rápida progressão radiológica ou funcional. A melhor opção terapéutica para a APs é o metotrexato em doses semanais de 10 a 25 mg com excelentes resul- tados no controle da doença cutânea e articular. A leflu- nomida 20 mg/dia também apresenta boas evidências no controle da artrite psoriásica. Sulfassalazina na dose de 1 a 3 gldia pode ser uma alternativa, especialmente para a forma axial da doença, além da azatioprina na dose de 1 a 3 mg/kg/dia para casos refratários e da ciclosporina A (2,5 a 5 mg/kg/dia), que controla manifestações cutâneas e articulares. Apesar da exacerbação das lesões cutâneas ter sido descrita com o uso de quinacrina e doroquina, antimaláricos como hidroxicloroquina podem eventual- mente ser benéficos para a manifestação articular da doen- ça. Corticosteroides sistêmicos são evitados. já que geral- mente são necessárias doses elevadas para controlar a doença e recidivas são comuns, apesar do seu uso conti- nuado ou com a sua retirada. Por outro lado, as apresen- tações tópicas de corticosteroides para controle das lesões cutâneas são absorvidas pela pele e podem proporcionar certo alivio a.rticular. Já o corticosteroide intra-articular pode auxiliar no manejo de sinovites isoladas, mas exige cuidados rigorosos de assepsia, pelo alto risco de conta- minação articular por bactérias presentes na pele destes indivíduos, e é rec.omendado evitar que a agulha passe através da placa psoriásica.O uso de AlNH como napro- xeno, indomentacina e inibidores da COX-2 proporcio- nam o alívio dos sintomas articulares na maioria dos pa- c.ientes, mas não influenciam a evolução clínica nem radiológica da doença. O controle concomitante das le- sões cutâneas com produtos tópicos é um importante coadjuvante terapêutico, já que a melhora da pele está re- lacíonada a um melhor controle da doença articular. Na falha do tratamento tradicional, os agentes bioló- gicos como os inibidores do TNF (adalimumabe, etaner- cepte, golimumnbe e infli.úmabe) e o inibidor de interleu- cina 12/23 (ustequinumabc) têm demonstrado uma boa ação na estabilizaçã.o da doença com excelente resposta das lesões de pele, além de proporcionar melhora sintomática importante do quadro articular. Recentemente, novas dro- gas v~m demonstrando bons resultados no rontrole do quadro cutâneo e articular, entre elas o cenolizumabe pe- go! (inibidor do TNF peguilado), o apremilaste (inibidor oral da fosfodiesterase 4) e o secuquinumabe (anti-ILI 7). Orientação postural, atividade flsica e excrdcios de alongamento e fortalecimento muscular com a práúca de 10 ESPONOILO,t,RTRITES· Ol/TAAS 1 663 exercicios isométricos devem ser introduzidos e encora- jados gradativamente, à medida que o quadro inflamató- rio entra em remissão com a terap~uúca empregada. Hi- droginástica, natação, hidrotcrapia e fisioterapia em grupo (incluindo cincsioterapia passiva) são boas alter- nativas, já que evidências mostram que as medidas fisi- cas podem melhorar os movimentos (funcional) e mini- mizar deformidades. Artroplastias e outras formas de intervenções ortopé- dicas. como tenotomias e artrodeses. principalmente de joelhos ou quadris, podem ser necessárias quando as li- mitações funcionais são importantes e proporcionam me- lhor qualidade de vida ao paciente. No entanto, cuidados adicionais no período pós-operatório visam à mobiliza- ção articular precoce, já que a artrite psoriática é uma doença formadora de osso e fusão óssea pode ocorrer ra- pidamente em áreas submetidas a trauma cirúrgico. O diagnóstico de APs requer alto grau de suspeita cli- nica, especialmente naqueles pacientes em que as mani- festações cutâneas são sutis e mal definidas. Uma vezes- tabelecido o diagnóstico, é importante caracterizar a forma clínica e o principal tipo de envolvimento clinico no sentido de possibilitar ao paciente um melhor prog- nóstico final da doença. Portanto, é fundamental iniciar o tratamento específico precocemente no intuito de pro- porcionar menos incapacidade funcional e melhor qua- lidade de vida aos indivlduos afetados. Nesse sentido. é importante estar atento para o fato de que até 40% dos pacientes com psoríase desenvolverão APs, necessitando de cuidados para os envolvimentos cutâneo e articular. Por outro lado, aproximadamente metade dos pacientes com APs terá artrite erosiva progressiva. Além disso, cerca de 20% terão doença grave, destrutiva e defor- mante. O prognóstico pior está associado a pacientes mais jovens; sexo feminino; doença periférica; aumento de pro· teínas de fase aguda no inicio; HIA-B27 na presença de HLA-DR7; HLA-B39 e DQw3 na austncia de DR7. Artrites reativas (ARe) Em geral, as ARe são assimétricas e assépticas, cur- sando em surtos agudos com duração média de 4 a 5 meses. Podem ser recorrentes, com sintomas de fraque- za ou dores musculares e duração de até 1 ano. Ocor- rem geralmente até 1 mês após um evento gatilho, que pode ser uma infecção de trato genitourinário (sendo a C/1/11111ydia traclromatis o agente ma.is comum) ou gas- trointestinal por entcrobactérias, como Sa/morrtlla, S/1i- g11el/a, Yersi11ia e Campylobnctcr. Além das manifesta- ções urinárias (urctritcs) ou em gcnitália externa (balanites e vulvitcs), outros eventos extra-articulares como conjuntivite (em cerca de 30% dos pacientes), uvclte anterior aguda (cm 5% dos casos) e lesões na mucosa oral são comuns. Cerca de 15 a 30% dos pa- cientes podem desenvolver sacroili!tcs e espondilitc, com grande correlação com o HIA-B27"'·JI. A t.ríade clássica de artrite, conjuntivite e urctrite não gonocócica foi formalmente descrita como síndrome em
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