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Doença sistêmica do tecido conjuntivo cujas alterações predominantes ocorrem nas estruturas articulares, periarticulares e tendinosas. Ela causa sinovite proliferativa não purulenta que frequentemente progride para destruir a cartilagem articular e o tecido ósseo subjacente, com resultante artrite incapacitante ➔ Epidemiologia ◆ Na Europa e nos Estados Unidos, ocorre em cerca de 0,5% a 1% da população caucasiana, com taxas mais baixas entre os descendentes de asiáticos e africanos ◆ Ao redor do mundo existem grupos específicos que apresentam uma incidência muito mais alta ● Etnias de índios norte-americanos apresentam uma prevalência de até 6% ◆ Com base em estudos feitos em diferentes países da região, pode-se estimar uma taxa de prevalência de 0,4% para toda a América Latina ◆ Embora possa iniciar-se em qualquer idade, a AR ocorre mais frequentemente na faixa dos 30 aos 50 anos ◆ Exerce um impacto significativo sobre os pacientes e a sociedade como um todo devido a sua morbidade, mortalidade, efeitos adversos na qualidade de vida e custos econômicos ● Em cerca de 2 anos, a maioria dos pacientes que desenvolviam trabalhos manuais interrompe as suas atividades ● Há redução da expectativa de vida em 3 a 10 anos ● Constitui um fator de risco independente para mortalidade precoce, muitas vezes associada a maior risco de morte por doenças cardiovasculares ◆ A doença acomete ambos os sexos, mas há predomínio do feminino ● Proporção de 3: 1 nos EUA, 8:1 na América Latina ◆ É importante ressaltar que o baixo nível socioeconômico e cultural dificulta a correta utilização dos medicamentos prescritos, assim como a adesão ao tratamento como um todo ◆ A prevalência da enfermidade é 2 a 10x maior entre os parentes de primeiro grau de pacientes com AR ● A existência de agregação familiar indica um caráter hereditário, porém sua herança é poligênica ◆ O risco familiar de recorrência é pequeno quando em comparação com outras doenças autoimunes ➔ Fatores de risco ◆ Sexo, idade e etnia ◆ O tabagismo está associado a um aumento significativo no risco de desenvolvimento da doença ● Mais forte em homens com AR que possuem fator reumatoide positivo e anti-CCP ● A ação lesiva do tabagismo e outros agressores brônquicos seriam responsáveis pela transformação de resíduos de arginina em citrulina (citrulinização), mediado pela enzima PAD4. ● Comportando-se como um neoepítopo, esse "novo" aminoácido dá origem, por perda de tolerância, a uma reação contra proteínas citrulinadas que pode ser identificada pela pesquisa de anticorpos antipeptídeo citrulinado (anti-CCP) ◆ Recentemente, pesquisadores na Europa relataram que o consumo de café é um fator de risco no desenvolvimento de AR ● Pode ser reduzido pelo uso de café descafeinado ◆ Bagagem genética ● Alguns alelos HLA-DRB1 (o "epítopo compartilhado”), outros alelos HLA e alelos não-HLA ◆ Infecções ● Os fatores desencadeantes propostos incluíram bactérias (Mycobacteria, Streptococc11s, Mycoplasma, Escherichia coli, Helicobacter pylori), vírus (da rubéola, Epstein Barr, parvovírus), superantígenos, etc ➔ Etiologia ◆ Fatores genéticos ● Depois do sexo feminino (mulheres são acometidas 3 a 4 vezes mais do que homens), o principal predisponente genético é o antígeno leucocitário humano (HLA) DRBl ● Seus alelos contêm uma sequência de 5 aminoácidos, QKRAA ou QQRAA ou KKRAA (Q: glutamina, K: lisina, R: arginina, A: alanina) na região 70-74, chamada epitopo compartilhado ➔ Etiologia ● A prevalência de dois alelos suscetíveis em um único indivíduo confere maior suscetibilidade genética à AR, além de marcar pacientes com doença de evolução grave (com mais manifestações extra-articulares) ● Os pacientes portadores do epitopo compartilhado HLA-DRB1 são aqueles em que o tabagismo parece determinar um risco maior de aparecimento da AR ● Entre os genes não HLA relacionados, o protein tyrosine phosphatase, non-receptor type 22 (PTPN22) e o cytotoxic T-lymphocyte-associated antigen-4 (CTLA4) estão entre os mais importantes ○ O PTPN22 codifica uma tirosina-fosfatase que é postulada como inibindo a ativação das células T ◆ Fatores não-genéticos (ambientais, infecciosos e autoimunidade) ➔ Patogenia ◆ Grande parte da lesão patológica que caracteriza a artrite reumatoide concentra-se no revestimento sinovial das articulações ● A sinóvia normal é composta por um revestimento celular delgado (com espessura de uma a três camadas de células) e interstício subjacente, contendo vasos sanguíneos e poucas células ● A sinóvia na AR apresenta-se acentuadamente anormal, com ampla expansão da camada de revestimento (com espessura de 8 a 10 camadas), composta por células ativadas e por um interstício altamente inflamatório repleto de células B, células T e macrófagos, bem como alterações vasculares (incluindo trombose e neovascularização) ● Nos locais onde a sinóvia e a cartilagem articular são contíguas, o tecido sinovial da artrite reumatoide (denominado pannus) invade e destrói a cartilagem e o osso adjacentes ◆ As alterações patológicas são causadas principalmente por inflamação mediada por citocinas, com as células T CD4+ sendo a principal fonte das citocinas ● Muitos pacientes também produzem anticorpos contra peptídeos citrulinados cíclicos (PCCs) ● Anticorpos contra fibrinogênio, colágeno do tipo II, a-enolase e vimentina citrulinados são os mais importantes e podem formar imunocomplexos que se depositam nas articulações ➔ Patogenia ◆ Os papéis relativos do sistema imune celular e do humoral no início e na perpetuação da AR ● Propõe-se que a doença é iniciada na pessoa geneticamente predisposta através da ativação de células T help CD4+ que respondem a algum agente artritogênico, possivelmente microbiano, ou a um autoantígeno, tal como os PCCs ○ O complexo maior de histocompatibilidade (MHC) de classe II (HLA) nas células apresentadoras, mediante o processamento de peptídeos, ativa células T CD4+ ○ Os linfócitos T continuariam a responder aos antígenos próprios, perpetuando o processo inflamatório, mesmo sem a persistência da exposição ao antígeno ○ As citocinas 6, 21, 23, a IL-1~ e o fator beta de crescimento transformador produzidos pelos macrófagos estimulam a diferenciação do linfócito Th17 ○ Este, por sua vez, produz as ILs 17 A, 17F, 21, 22 e TNF-alfa ○ A Il-17 e o TNF-alfa agem sinergicamente para ativar fibroblastos e condrócitos ao mesmo tempo em que inibem a diferenciação dos linfócitos reguladores ○ Ativados, os linfócitos estimulam os monócitos, macrófagos e fibroblastos sinoviais a produzirem mais citocinas, como IL-1, IL-6 e TNF-alfa, fundamentais no processo de inflamação ○ O TNF-alfa desempenha um papel importante ao proporcionar estímulo aos fibroblastos da sinóvia para a síntese da colagenase (enzima proteolítica) e estímulo à reabsorção óssea ○ As erosões ósseas decorrem, também, de um desequilíbrio entre o ligante do receptor ativador do fator nuclear NFK-B (RANK), a osteoprotegerina e o RANK, os quais participam da maturação e ativação dos osteoclastos ● Além dos linfócitos T, estudos demonstram a importância dos linfócitos B na AR ○ As células B em maturação expressam a molécula CD20 na superfície ○ Os linfócitos T CD4 estimulam células B a produzir imunoglobulinas, incluindo o FR ➔ Patogenia ○ O FR promove a ativação do complemento por meio da formação de imunocomplexos com fixação de complemento estimulando a inflamação e levando a sinovite crônica ● Os comprometimentos articular e periarticular têm início com alterações observadas na membrana sinovial ○ A sinovite, ao microscópio, pode ser caracterizada por uma fase de exsudação, uma de infiltração celular e, finalmente, pela formação de um tecido de granulação ◆ Na fase de exsudação, a congestão e o edema são mais acentuados na superfície interna da membrana sinovial, particularmente próximo às bordas da cartilagem articular ● Há formação de derrame no espaço articular ◆ Na fase de infiltração, a célula predominante é o linfócitoT, com predominância de auxiliares/indutores (células CD4) ● A fase crônica é caracterizada por uma membrana sinovial hiperplasiada, com a formação de um tecido de granulação que recobre a cartilagem e o osso subcondral (pannus) ○ O pannus é um tecido invasivo composto por células que produzem grandes quantidades de enzimas destrutivas que progressivamente substitui a cartilagem hialina ○ O novo tecido apresenta uma rica formação vascular, a angiogênese, que é fundamental para o desenvolvimento e a manutenção da fase crônica ○ O tecido conjuntivo recém-formado tem capacidade de maturação pluripotencial e pode apresentar metaplasia em tecido sinovial, cartilaginoso hialino, fibroso ou ósseo ○ O resultado final é a anquilose fibrosa ou óssea ➔ Manifestações clínicas ◆ Em alguns pacientes, os sintomas iniciais consistem em astenia, fadiga, mal-estar, febre baixa ou dores musculoesqueléticas vagas antes do início das queixas articulares ◆ Noutros pacientes, as queixas iniciais consistem em uma poliartrite aditiva, simétrica, associada a edema e rigidez articular ◆ Mais raramente, a AR apresenta-se em uma forma sistêmica (doença de Still do adulto) ● A maioria dos pacientes tem febre, habitualmente > 38,5ºC, com um padrão cotidiano de 1 a 2 picos diários. Acompanhando os picos febris, geralmente ocorre um eritema róseo de natureza evanescente ◆ Articulares e periarticulares ● A AR tipicamente se manifesta como uma artrite simétrica ○ As articulações mais frequentemente envolvidas no início da enfermidade são os punhos, as MCFs, as IFPs, as MTFs, os ombros e os joelhos ○ Com a evolução da doença, outras articulações costumam ser afetadas: tornozelos, cotovelos, IFPs dos pés, coluna cervical, esternoclaviculares, temporomandibulares, coxofemorais, cricoaritenóideas e, de forma menos frequente, as articulações entre os ossículos dos ouvidos e as interfalangianas distais (IFDs) ● Os sintomas articulares clássicos da doença desenvolvem-se em um período de poucos dias a algumas semanas e não é infrequente a presença de mialgia, fadiga, febre baixa, hiporexia, emagrecimento e depressão ● A aparência clássica é a de um pannus, formado pela proliferação de células do revestimento sinovial misturadas a células inflamatórias, tecido de granulação e tecido conjuntivo fibroso ● Com o envolvimento articular inflamatório maduro, um edema dos tecidos moles periarticulares normalmente se desenvolve, manifestado classicamente primeiro pelo inchaço fusiforme das articulações interfalângicas proximais ● Com a progressão da doença, a cartilagem articular subjacente ao pannus é erodida e, com o tempo, virtualmente destruída ➔ Manifestações clínicas ◆ Articulares e periarticulares ● O tecido ósseo subarticular também pode ser atacado e erodido ● Finalmente, o pannus preenche o espaço articular, e subsequentes fibrose e ossificação podem causar uma anquilose permanente ● A destruição de tendões, ligamentos e cápsulas articulares produz as deformidades características, incluindo desvio radial do punho, desvio ulnar dos dedos das mãos e anormalidades de flexão-hiperextensão dos dedos das mãos (deformidade em pescoço de cisne, deformidade em botoeira) ● Outra forma menos frequente de apresentação da AR é o padrão palindrômico ○ A artrite é mono ou oligoarticular e o início dos sintomas é súbito, habitualmente de forte intensidade e acompanhado por calor, edema e rubor ○ O quadro articular perdura, em média, de 12 horas a alguns dias e evolui por crises, com períodos de remissão variando de dias a vários meses (pode ser semelhante à artrite gotosa aguda) ● A intensidade da dor depende, em parte, da fase evolutiva da doença, se muito ativa ou compensada; do psiquismo do paciente; da gravidade do acometimento articular e da presença de instabilidades articulares e deformidades ● Caracteristicamente, a dor é de ritmo inflamatório (pior pela manhã e à noite) e, via de regra, o paciente se queixa de rigidez articular ao levantar-se pela manhã e após períodos de imobilização prolongada ● As alterações locais de inflamação articular são frequentes, em especial com a presença de calor, edema com ou sem efusão (derrame articular), rubor (geralmente leve) e limitação de movimentos articulares ● Nas mãos e punhos, pode-se observar tumefação das articulações MCFs, em especial da segunda e terceira, bem como tumefação dos punhos ○ Essas alterações associam-se frequentemente a uma hipotrofia dos músculos interósseos do dorso das mãos (mãos em dorso de camelo) ➔ Manifestações clínicas ◆ Articulares e periarticulares ● Outra característica da mão reumatoide é a semiflexão dos punhos, com saliência da cabeça da ulna e o desvio ulnar dos dedos, ligado a um afrouxamento dos meios de contenção das articulações MCFs ● Ocorre subluxação das articulações MCFs e dos tendões extensores dos dedos nos espaços intermetacarpianos ● Outras deformidades achadas são: ○ Dedos em fuso: secundários à tumefação das articulações IFPs ○ Dedos em pescoço de cisne: ocorrem pela hiperextensão das articulações IFPs e flexão das IFDs ○ Dedos em botoeira: caracterizados por uma flexão das articulações IFPs e hiperextensão das IFDs ○ Dedos em martelo - formados pela flexão permanente das articulações IFDs ○ O acometimento dos polegares ocorre em uma posição em Z, secundária a flexão das articulações MCFs e hiperextensão das articulações interfalangianas; o polegar em adução pela artrite trapeziometacarpiana se deve à luxação para cima e para dentro do primeiro metacarpiano ● Os cotovelos, tumefeitos e dolorosos pela presença de inflamação, podem apresentar-se em rigidez viciosa: semiflexão com semipronação de antebraços. Os ombros tendem a uma posição de adução e rotação interna ● Nos pés e tornozelos, são inicialmente acometidas as articulações MTFs e as do tarso ○ A retificação, ou desabamento, do arco anterior (metatarsiano) cria um pé plano anterior seguido por calosidades localizadas nas regiões de apoio sob as cabeças metatarsianas luxadas ● Podem ocorrer, ainda, hálux valgo e calos sobre as articulações IFPs, que muitas vezes se encontram em hiperflexão ● O acometimento dos tornozelos e das articulações subtalares pode levar à claudicação durante a marcha ● O acometimento da articulação subtalar leva a redução da inversão e eversão do pé ● A medida que ocorrem perda da cartilagem e erosão óssea, aparece a deformidade em valgo com progressivo achatamento do arco plantar longitudinal ➔ Manifestações clínicas ◆ Articulares e periarticulares ● Os joelhos são acometidos de forma precoce e quase sempre apresentam efusões articulares de intensidade variável ○ A posição de repouso e alívio da dor é a semiflexão ● A artrite de CXFs tende a levar a uma atitude de semiflexão e adução, muito incapacitante para a marcha, para a relação sexual e para o parto ● As manifestações clínicas do acometimento da coluna cervical são dores cervicais altas, rigidez do pescoço e, às vezes, sinais neurológicos de compressão medular ● O acometimento das articulações temporomandibulares pode provocar dor local e dificuldades na mastigação ● Ocasionalmente, a articulação cricoaritenóidea pode ser acometida, levando a rouquidão ● Como consequência dos acometimentos periarticulares, pode haver: ○ Tenossinovite estenosante estilorradial (tenossinovite de De Quervain) ○ Tenossinovite estenosante dos flexores dos dedos das mãos ("dedos em gatilho") ○ Síndrome do túnel do carpo e do tarso ○ Rupturas tendinosas nas mãos ○ Bursites e cistos sinoviais ◆ Extra-articulares e manifestações sistêmicas ● A frequência e a gravidade variam muito com a própria duração da doença e sua gravidade ● No início da enfermidade, são frequentemente encontrados sintomas e sinais sistêmicos como astenia, hiporexia, ansiedade, mialgia e emagrecimento leve ● Pode haver também, mais raramente, linfoadenopatia e febre baixa a moderada ● Esses sintomas podem preceder ou acompanhar o início das manifestações articulares ➔ Manifestaçõesclínicas ◆ Extra-articulares e manifestações sistêmicas ● A pele pode ser modificada por hipotrofias, eritemas, alterações secundárias a vasculites e, de forma menos frequente, fenômeno de Raynaud ● As unhas podem se tornar quebradiças ● Os nódulos subcutâneos são, possivelmente, as manifestações extra-articulares mais frequentes, ocorrendo em 20 a 40% dos pacientes ○ Ocorrem principalmente em pacientes que têm o FR positivo e, mais raramente, nos soronegativos ○ Têm tamanho variado, de alguns milímetros a vários centímetros de diâmetro, são indolores e muitas vezes móveis nos planos superficiais ○ Localizam-se habitualmente sobre superfícies extensoras articulares, áreas submetidas à pressão e, mais raramente, podem ser encontrados em vísceras como olhos, pulmões e cordas vocais ○ Acredita-se que seja o resultado de vasculite de pequenos vasos ● Pacientes com doença erosiva severa, nódulos reumatoides e altas titulações de fator reumatoide estão em risco de desenvolver síndromes vasculíticas ○ As vasculites são complicações temidas na doença e sua expressão clínica é de natureza proteiforme ○ Uma das alterações patológicas iniciais da AR inclui alterações inflamatórias em pequenos vasos ○ No que se refere à vasculite manifesta como complicação, o foco é nas artérias ou arteríolas que levam a ulceração cutânea, neuropatia periférica ou acometimento de órgãos internos ○ A arterite de pequenos e médios vasos varia desde a formação de pequenos pontos hemorrágicos nos cantos das unhas até gangrena, osteólise digital e púrpura palpável ○ A arterite visceral pode acometer coração, pulmões, intestinos, rins, fígado, baço, pâncreas, linfonodos e testículos ➔ Manifestações clínicas ◆ Extra-articulares e manifestações sistêmicas ● A neuropatia periférica, secundária à vasculite dos vasa-nervorum, varia de uma forma sensorial discreta a uma neuropatia mista (mononeurite múltipla) de grave evolução ○ As formas de acometimento do sistema nervoso incluem nódulos no Sistema Nervoso Central (SNC), mielopatia cervical e compressões nervosas periféricas ● Detectam-se in vivo manifestações da AR em praticamente todas as estruturas cardíacas: pericardite, miocardite pela formação de granulomas ou vasculite, distúrbios do sistema de condução, endocardite e arterite coronariana. ○ A pericardite e a miocardite habitualmente não provocam sintomatologia nos pacientes reumatoides ○ O risco de cardiopatia isquêmica também se encontra aumentado nos pacientes reumatoides e pode ser causa de insuficiência cardíaca ● As manifestações pulmonares podem ser as iniciais da doença, sendo responsáveis por 10 a 20% das mortes dos pacientes com AR ○ Pode ocorrer o acometimento de qualquer um dos componentes do trato respiratório, principalmente na forma de pleurite com ou sem derrame, nódulos pulmonares, fibrose intersticial e pneumonite com ou sem vasculite ○ A pleurite e o derrame pleural são mais comuns em pacientes do sexo masculino, com FR em altos títulos e nódulos subcutâneos ○ A síndrome de Caplan ocorre em pacientes com AR e pneumoconiose, sendo caracterizada pelo rápido desenvolvimento de múltiplos nódulos pulmonares ● Os rins não têm alterações com características próprias ○ Podem ser acometidos por amiloidose secundária ou por uso de medicamentos, como o paracetamol e anti-inflamatórios não hormonais (AINHs) ➔ Manifestações clínicas ◆ Extra-articulares e manifestações sistêmicas ● Os olhos são acometidos em cerca de 15% a 25% dos casos de AR, sendo a ceratoconjuntivite seca a manifestação mais comum, afetando cerca de 10% dos pacientes ○ O quadro ocular é representado por diminuição da secreção lacrimal, conjuntivite papilar crônica e alterações corneanas representadas pelas ceratites ○ O início é, habitualmente, insidioso e o acometimento, em geral, bilateral ○ Em cerca de 90% dos casos o sexo é o feminino e, geralmente, a paciente encontra-se em idade superior aos 40 anos ○ Queixas de fotofobia, dor, ardor, ou mesmo queimação nos olhos são comuns, muitas vezes referidas pelo paciente como "sensação de areia nos olhos" ○ Em muitos casos, encontra-se secreção nos cantos dos olhos, secundária à redução da camada média do filme lacrimal, aquosa e secretada pelas glândulas lacrimais ○ Outras alterações oculares também observadas são a esclerite, a episclerite (nodular ou difusa), a ceratite em faixa, as paralisias transitórias de nervo oculomotor, a miosite orbitária e a paralisia transitória do músculo oblíquo superior (síndrome de Brown) ○ A uveíte anterior, que eventualmente é encontrada em pacientes com AR, deve-se à extensão do processo inflamatório em casos de esclerite mais grave ● Quando se associa a um comprometimento inflamatório das glândulas salivares, cuja tradução mais comum é a xerostomia, tem-se a síndrome de Sjõgren secundária ● A síndrome de Felty é definida como AR em combinação com esplenomegalia e leucopenia ○ Ocorre caracteristicamente em pacientes com doença de anos de evolução, com FR positivo, nódulos e deformidades ○ Alguns pacientes não apresentam sinovite ativa na época em que a síndrome de Felty se desenvolve ➔ Manifestações clínicas ◆ Extra-articulares e manifestações sistêmicas ○ Em muitos pacientes, verifica-se a presença de úlceras em membros inferiores, hiperpigmentação cutânea e anticorpos antinucleares ○ O tamanho do baço é variável, podendo surgir esplenomegalia maciça ○ Do ponto de vista hematológico, aparecem leucopenia, principalmente à custa de granulocitopenia, anemia de intensidade variável e trombocitopenia ➔ Diagnóstico ◆ Clínico ● É estabelecido considerando-se as manifestações clínicas e os exames complementares ● Quando a AR se apresenta em sua forma bem definida, com todos os achados típicos, o reconhecimento é facilitado ○ Na fase inicial da doença, o diagnóstico pode ser difícil, já que as alterações sorológicas e radiográficas características muitas vezes estão ausentes ● Critérios diagnósticos ○ (ACR) Um paciente é considerado reumatoide se apresentar pelo menos 4 dos 7 critérios ◆ Os critérios de 1 a 4 devem estar presentes por um período mínimo de 6 semanas, sendo que pacientes com 3 ou 2 critérios clínicos não são excluídos (AR possível ou provável) ◆ Esses critérios do Colégio Americano de Reumatologia têm melhor desempenho na AR estabelecida ● A sensibilidade varia de 91% a 94% e a especificidade é cerca de 85% ● Incluem características menos frequentes na AR de início recente, como alterações radiográficas e nódulos, sendo considerados menos adequados para a identificação de indivíduos com AR inicial ➔ Diagnóstico ◆ Clínico ○ Com a descoberta dos novos anticorpos anti-CCP, foram desenvolvidos novos critérios de classificação pela ACR e a Liga Europeia contra o Reumatismo (EULAR) ◆ Pontuação > 6 é necessária para a classificação definitiva da enfermidade de um paciente como AR ◆ Somente devem ser avaliados pelos critérios de 2010 os indivíduos que apresentem pelo menos uma articulação com sinovite clínica definida (edema) que não seja mais bem explicada por outra doença ◆ Se o paciente apresentar uma história compatível com AR, mesmo que não documentada, e erosões radiográficas típicas, pode-se proceder diretamente à classificação como AR, independentemente do preenchimento dos critérios ○ Não há recomendação para que se substituam os critérios de 1987 pelos de 2010, podendo ambos ser utilizados ou um dos , dois para fins de classificação (não são de diagnóstico!) ◆ Diagnóstico laboratorial e achados ● Pode ser detectada uma anemia moderada, normocítica e hipocrômica ou normocrômica, encontrada nas formas mais ativas da doença ● Concentração sérica de Fe pode estar baixa, enquanto a ferritina pode estar elevada ● É possível encontrar também ○ leucocitose (correlação com atividade de doença, vasculite, infecção e/ou uso de corticosteróide) ○ eosinofilia (correlação positiva com soropositividade para FR) ○ trombocitose (correlação positiva com atividade de doençae presença de manifestações clínicas extra-articulares) ● As provas de atividade inflamatória (VHS e PCR), embora desprovidas de especificidade, são os marcadores laboratoriais mais utilizados para avaliar o grau de atividade da AR e a evolução do processo inflamatório ➔ Diagnóstico ◆ Diagnóstico laboratorial e achados ● Alguns anticorpos atuam como potenciais marcadores de diagnóstico na AR, entre eles o FR e diversos anticorpos antiproteínas e peptídeos citrulinados (ACPA), incluindo os anti-CCPs ○ A pesquisa do FR encontra-se positiva em 70% a 80% dos pacientes ◆ O FR é pouco útil como teste diagnóstico, pois alguns pacientes no início do quadro, podem ser soronegativos para FR. Além disso, pode ser positivo na SJ, LES, entre outras doenças ◆ A negatividade do FR não exclui o diagnóstico de AR e sua positividade deve ser interpretada de acordo com os achados clínicos ◆ Na AR, a presença do FR está associada à forma mais grave da doença ○ A família de autoanticorpos direcionada contra proteínas citrulinadas, os ACPAs, tem sensibilidade semelhante e especificidade superior à do FR, além de possível participação na fisiopatologia da doença ◆ Testes sorológicos para detecção destes anticorpos foram otimizados mediante o uso de peptídeos citrulinados cíclicos (CCP) detectados pelo ensaio imunossorvente ligado à enzima (ELISA) ◆ Como aparecem precocemente durante a evolução da doença, sua detecção é útil para auxiliar no diagnóstico nas fases iniciais da enfermidade, especialmente naqueles casos em que há dúvida diagnóstica e o FR é negativo ○ O estudo dos anticorpos antinucleares reveste-se de importância limitada, sendo mais utilizado como teste de exclusão diagnóstica (no caso de diagnóstico diferencial com LES), embora possa ser positivo em 30% a 40% dos pacientes com AR, em títulos habitualmente mais baixos ○ A análise do líquido sinovial pode revelar redução de sua viscosidade, aspecto turvo e presença de leucocitose, à custa de neutrofilia e/ ou monocitose ➔ Diagnóstico ◆ Exames de Imagem ● Radiografia ○ As alterações repetem as características clínicas do acometimento simétrico das articulações sinoviais ○ Modificações estruturais nas pequenas articulações das mãos e dos pés são as mais precoces e mais frequentes entre as do esqueleto apendicular ○ Na prática clínica indica-se a realização de radiografias de mãos/punhos e antepés como avaliação básica e, depois do diagnóstico, 12 meses seria o período recomendado para o acompanhamento radiográfico ○ Manifestações radiográficas comuns ◆ Simetria, osteopenia, aumento de partes moles, redução do espaço articular, erosões ósseas, cistos ósseos (geodas), deformidades e instabilidades ○ São utilizados escores de avaliação que levam em consideração alterações no espaço articular e a presença de erosões ósseas ◆ Os sistemas mais utilizados são o de Sharp e o de Larsen, com suas muitas modificações ◆ O método de Sharp pode ser aplicado em ambas as mãos e pés e detalha os escores para erosão e estreitamento articular separadamente. Mais sensível que o de Larsen ◆ O sistema de Larsen é mais global, pode também ser aplicado para grandes articulações e se baseia principalmente na presença de erosão óssea ● Ultrassonografia ○ Tem capacidade de detectar sinovite, acúmulo de fluido articular e erosão óssea na AR ○ Os transdutores de US de alta frequência permitem a avaliação de articulações pequenas e podem ser usados para visualizar outras estruturas, como cartilagem, superfície óssea, bainhas tendinosas e proliferação sinovial ○ Não fornece informações úteis sobre o acometimento intraósseo (edema ósseo) ➔ Diagnóstico ◆ Exames de Imagem ● Ultrassonografia ○ A utilização do Doppler colorido permite a avaliação da vascularização sinovial, cujos achados podem ser muito úteis no monitoramento terapêutico, visto que há hiperfluxo durante fase ativa da doença ● Ressonância magnética ○ Mais sensível que a radiografia simples para identificar erosões cartilaginosas e óssea ○ Também é possível identificar e estimar o volume de tecido sinovial hipertrofiado, que, por sua vez, correlaciona-se com o desenvolvimento futuro de dano cartilaginoso e erosões ósseas ○ Na RM a sinovite é definida pelo espessamento sinovial com realce pelo meio de contraste e espessura > 1 mm, e a erosão óssea como uma lesão justa-articular de margens regulares e visível em dois planos, com ruptura da cortical vista pelo menos em um plano ○ Preconiza-se a realização da RM em um lado somente ◆ O estudo do lado mais acometido é rotineiramente usado e as áreas de interesse são punho, articulações metacarpofalangianas e interfalangianas proximais ○ O uso do contraste intravenoso (gadolínio) é necessário para estimar o grau de inflamação sinovial e para auxiliar na diferenciação entre o aumento da sinóvia e o edema dos tecidos ao redor da articulação ○ Sistemas de pontuação também são utilizados em RM na AR ◆ Sinovite, edema ósseo e erosão foram definidos pela força-tarefa Outcome Measures in Rheumatoid Arthritis Clinical Triais (OMERACT), e um sistema de pontuação chamado Rheumatoid Arthritis Magnetic Resonance Image Scoring (RAMRIS) ➔ Diagnóstico diferencial ◆ Outras doenças difusas do tecido conjuntivo, o reumatismo palindrômico, as espondiloartrites, as artrites microcristalinas, a artrite séptica, a artrite por infecção viral, a osteoartrite e a polimialgia reumática ➔ Diagnóstico diferencial ● O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é a doença que mais mimetiza AR, em especial nas suas formas evolutivas iniciais ○ O acometimento articular e periarticular no LES pode levar a deformidades semelhantes às observadas na AR, mas a radiologia das articulações envolvidas não mostra as erosões vistas na AR ● O reumatismo palindrômico é uma enfermidade caracterizada por artrite de uma ou várias articulações acometidas de forma sequencial, em um espaço de algumas horas a vários dias, com período livre de sintomatologia, variando de alguns dias a vários meses ○ Muitos pacientes apresentam a mesma predisposição genética que aqueles com AR típica e têm anticorpos anti-CCP positivos ○ Somente a minoria (cerca de 30%) evolui para um quadro de AR ou outra doença definida ● Nas espondiloartrites é comum o acometimento das articulações sacroilíacas e da coluna lombar, diferindo-as da AR, que raramente acomete essas articulações e, quando o faz, é de maneira mais discreta e tardia ○ Outras manifestações que são mais típicas das espondiloartrites são o envolvimento articular assimétrico, a preferência por grandes articulações e a presença de entesites ● Nas artrites microcristalinas, a condrocalcinose articular difusa é a que mais simula AR, principalmente em pacientes mais idosos ○ A presença de calcificações articulares e dos cristais de pirofosfato de cálcio no líquido sinovial auxilia no diagnóstico diferencial ● Nas artrites sépticas, a natureza habitualmente mono ou oligoarticular e a presença de acometimento sistêmico mais exuberante auxiliam o diagnóstico, assim como as alterações do líquido sinovial ● As infecções viróticas, sobretudo a rubéola, a parvovirose e as hepatites B e C, podem causar poliartrite aguda com duração variável de dias a meses ○ Diferenciadas pela história clínica, presença de rash cutâneo, de ac. antivirais IgM e curso autolirnitado ➔ Diagnóstico diferencial ● Quando ocorre em sua forma poliarticular, a osteoartrite constitui importante diagnóstico diferencial com a AR, mas, nesses casos, a localização do envolvimento articular não é o habitualmente vista na AR ○ Na osteoartrite, as articulações mais acometidas são as interfalangianas distais, trapeziometacarpianas, da coluna lombar, da coluna cervical e coxofemorais, além dos joelhos ○ Outro aspecto clínico é o acometimento das metacarpofalangianas e dos punhos, que são muito raramente envolvidos na osteoartrite, exceto nos casos associados à hemocromatose ● A polimialgia reumática ocorre em pacientes mais idosos e caracteriza-sepor dor e rigidez em cintura escapular, cintura pélvica e coluna cervical, podendo ou não haver acometimento de articulações periféricas, mais frequentemente de grandes articulações ● A síndrome remitting seronegative symmetric synovitis with pitting edema (RS3PE) assemelha-se à AR soronegativa do idoso ○ O início é geralmente abrupto e grave ○ Ao exame físico, há importante edema das mãos e, por vezes, dos pés, sendo esse edema depressível ➔ Tratamento ◆ Na avaliação inicial, devem-se determinar a atividade da AR, a intensidade da progressão da artrite e os fatores que poderiam influenciar o prognóstico, como a presença de manifestações viscerais e de outras enfermidades associadas ◆ Assim, antes de administrar qualquer forma de tratamento, o paciente deve ser esclarecido sobre sua enfermidade e, particularmente, quanto às possibilidades evolutivas e de prognóstico ◆ Os primeiros 12 meses da doença, considerada artrite reumatoide inicial, são referidos como uma janela de oportunidade , terapêutica ● É o momento em que a introdução de medicamentos de maneira rápida e efetiva pode mudar o curso da doença em longo prazo, o que pode resultar em melhor controle da doença, com a possibilidade de remissão sustentada ◆ Amparo psicológico ao paciente ◆ Combate à dor e à inflamação das estruturas articulares e periarticulares ● O repouso é uma das medidas mais efetivas no combate à dor e à inflamação, sendo particularmente útil após o almoço e de duração variável, segundo a atividade da doença ● Hospitalização: indicada para pacientes com comprometimento mais acentuado do estado geral, febre e complicações viscerais, ou quando suas condições clínicas não permitam terapia física em regime ambulatorial ● Uso de órteses: as articulações inflamadas devem ser deixadas em repouso, evitando-se posições viciosas antiálgicas ○ Além de melhorarem o quadro doloroso, atuam na redução do espasmo muscular ○ Uma vez cessada a inflamação, desaparece a tendência às contraturas, e suspende-se o uso ● Para o combate à dor e à inflamação por via sistêmica são utilizados os medicamentos analgésicos e os anti-inflamatórios não hormonais (AINHs) de forma extremamente individualizada ○ Os analgésicos comuns e opioides podem ser necessários para alguns pacientes, mas são administrados por curtos períodos ➔ Tratamento ○ Entre os AINHs convencionais, podem-se citar: indometacina (100 mg a 150 mg/dia), diclofenaco (100 mg a 150 mg/dia), naproxeno (1.000 mg/dia), cetoprofeno (100 mg a 150 mg/dia), piroxicam e tenoxicam (20 mg/dia) ○ Entre os inibidores seletivos são usados a nimesulida (200 mg/dia) e o meloxicam (15 mg/ dia), e entre os inibidores específicos, o celecoxib (200 mg/dia) ○ Caso haja melhora do quadro, pode-se reduzir o AINH para uma pequena dose de manutenção, como: indometacina 50 mg/dia, diclofenaco 50 mg/dia, naproxeno 500 mg/dia, cetoprofeno 50 mg/dia, piroxicam e tenoxicam 10 mg/dia, nimesulida 100 mg/dia, meloxicam 7,5 mg/dia ou celecoxib 100 mg/ dia ○ Corticóides estão reservados para duas eventualidades principais: ◆ associados aos AINHs em pacientes que principiam o uso de drogas remissivas, até que essas realizem sua atividade terapêutica ● a dose da medicação não deve ultrapassar o equivalente a 15 mg/dia de prednisona ◆ no caso de manifestações sistêmicas extra-articulares da doença, como as vasculites e o envolvimento pulmonar ● são administrados em dose diária oral ou na forma de pulsoterapia venosa de metilprednisolona ● em caso de uso por tempo prolongado (mais de 3 meses), os pacientes devem receber suplementação de cálcio (1.500 mg/dia de cálcio elementar) e vitamina D3 (400 a 800 UI/ dia) e serem avaliados quanto à possibilidade de desenvolvimento de osteoporose ○ As punções articulares de alívio devem ser realizadas sempre que indicado, e as infiltrações periarticulares e intra-articulares de esteróides estão indicados para os casos de mono ou oligoartrites persistentes. ➔ Tratamento ● Redução dos surtos de exacerbação e prolongamento dos períodos de remissão ○ São alcançados com o uso de DMCD, habitualmente em associação com os AINHs e os corticoides ○ Metotrexato ◆ inibidor seletivo da enzima dihidrofolato redutase (DHFR) e de outras enzimas folato-dependentes, como a AICAR transformilase (AICAR T'ase) ◆ a inibição das enzimas folato-dependentes, principalmente da AICAR T'ase, reduziria a acumulação de leucócitos nos sítios inflamatórios e interferiria na síntese das interleucinas, principalmente IL-1 e IL-6, e do fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) ◆ O MTX é considerado atualmente a droga "âncora” para a associação das demais DMCD ◆ É capaz de reduzir sinais e sintomas de atividade da AR, melhorar o estado funcional, além de bloquear a progressão das lesões radiográficas ◆ Pode ser usado isoladamente ou associado aos antimaláricos, a sulfassalazina, a leflunomida ou a ciclosporina A ◆ Recomenda-se que a dose inicial seja de 10 mg a 15 mg/ semana, por via oral (VO), subcutânea ou intramuscular ● Caso não ocorra melhora ou controle da doença com a dose inicial, deve-se aumentar progressivamente, após cada 2 a 4 semanas de tratamento, até se alcançar a dose máxima (20 mg a 30 mg) ◆ Deve ser monitorado, principalmente, por sua toxicidade hepática, renal e hematológica, e seus efeitos terapêuticos são esperados em 4 a 12 semanas ○ Antimaláricos ◆ Uso recomendado como esquema inicial no tratamento associados aos AINHs e aos corticoides ➔ Tratamento ○ Antimaláricos ◆ Apresentam efeitos anti-inflamatórios com a inibição da síntese de IL-1, a proliferação de linfócitos e a apresentação e o processamento de antígenos ◆ Inibiriam a ação de determinadas enzimas proteolíticas pela alteração do pH do interior de organelas lisossomais ◆ As melhores respostas são obtidas nos pacientes em fase inicial da doença e cuja artrite é de leve intensidade, e os resultados são obtidos, em média, após 3 a 6 meses de uso ◆ A dose diária não deve ser > 4 mg/kg para o difosfato de cloroquina (máximo de 250 mg/dia) nem > 6 mg/kg/dia para a hidroxicloroquina (máximo de 400 mg/dia) ◆ Os antimaláricos podem ser administrados por longo período, dependendo da tolerância, especialmente a ocular ● São contraindicados a pacientes que apresentem alterações retinianas e de campo visual ● É obrigatória a avaliação ocular antes da introdução dos antimaláricos e a cada 12 meses ○ Sulfassalazina ◆ tem importantes efeitos anti-inflamatórios e imunomoduladores, inibindo a síntese de IL-1 a e IL-1 e TNF-a, a proliferação de células B e a migração de leucócitos ◆ É menos eficaz que o MTX e quase tão eficaz quanto os sais de ouro e a D penicilamina, e seus benefícios se fazem notar entre a 4ª e a 12ª semana do início de sua utilização ◆ A dose usada em pacientes com AR varia de 1-3 g/dia, habitualmente em 2 tomadas diárias, após as principais refeições ◆ Pode também ser utilizada em associação ao MTX ou aos antimaláricos ◆ Os efeitos colaterais gastrointestinais são um fator limitante ao seu uso em doses adequadas ➔ Tratamento ○ Leflunomida ◆ Inibidor de síntese de pirimidina que reduz a proliferação de células T por meio do seu metabólito ativo, a teriflunomida ◆ Melhora a atividade de doença e a qualidade de vida e reduz a progressão radiográfica ◆ Pode ser administrada uma dose inicial de 100 mg/ dia por 3 dias (não obrigatória) e, depois, uma dose de manutenção de 20 mg/ dia ◆ Pode ser usada na AR moderada e/ ou grave, isoladamente, naqueles pacientes que não respondem ao tratamento com o MTX ou, mesmo, podem ser utilizadas ambas as drogas em associação ● Em caso de associação com MTX, nos primeiros meses, é recomendada a realização de hemograma e a monitoração dos níveis de albumina e das enzimas séricas hepáticas a cada 1 ou 2 meses ○ Ciclosporina ◆ Por mecanismos de inibição enzimática, reduz a síntese de IL-2 e outras citocinas com redução da proliferação de linfócitos T e da ativação de linfócitos B ◆ Pode ser usada no tratamentode pacientes reumatoides isoladamente ou em associação ao MTX ◆ A posologia habitual é de 2,5 a 5 mg/kg/ dia, e a monitoração é cuidadosa para nefrotoxicidade e mielossupressão ◆ É um medicamento de alto custo e com importante potencial de efeitos colaterais, sendo utilizado como droga de exceção em pacientes reumatoides ○ Sais de ouro ◆ ln vitro, inibe a quimiotaxia de neutrófilos e a proliferação de células sinoviais importantes para a formação do pannus. ln vivo, reduz a síntese de interleucinas e do TNF-a ➔ Tratamento ○ Sais de ouro ◆ Classicamente, são utilizados em esquemas semanais de 50 mg, até uma dose total de 1.000 mg ● Posteriormente, os intervalos entre as injeções vão aumentando gradualmente para cada 2 a 4 semanas, de acordo com a eficácia e a tolerância clínica ◆ Entre os paraefeitos, os mais comuns são: reações vasomotoras pós-injeção, dermatite (geralmente pruriginosa), paladar metálico, hematúria, proteinúria (leve e transitória), síndrome nefrótica (eventual), citopenias, eosinofilia, depósito corneano do ouro (benigno e dose dependente) etc ○ Azatioprina e ciclofosfamida ◆ Indicadas para pacientes que não respondem aos tratamentos anteriores e para os que apresentam vasculite sistêmica ou doença pulmonar intersticial ◆ ln vivo, a azatioprina é convertida na 6-mercaptopurina ( 6- MP), seu princípio ativo ● A 6-MP interfere na síntese do DNA, com redução da proliferação de linfócitos B e, talvez, linfócitos , T ● E utilizada na dose de 1,5 mg a 2,5 mg/kg/dia e seus efeitos terapêuticos são observados em 2 a 3 meses ● Regularmente os pacientes devem ser avaliados para supressão da medula óssea, particularmente leucopenia e neutropenia ◆ A ciclofosfamida é um agente alquilante que atua cindindo o DNA e afetando as células em todas as fases de seu ciclo de crescimento, levando à redução dos níveis circulantes de anticorpos e imunocomplexos ● Usada VO na dose de 1 mg a 2 mg/kg/dia ou IV na dose de 500 mg a 1.000 mg/m2 ● Cada vez mais utilizada em pulsoterapia, pois observou-se menor incidência de efeitos colaterais ➔ Tratamento ○ Agentes biológicos ◆ Os agentes biológicos anti-TNF são contraindicados a mulheres grávidas ou lactantes, insuficiência cardíaca congestiva classes III e IV, na vigência de infecção ativa ou para pacientes com alto risco para o desenvolvimento de infecções (úlcera crônica de membros inferiores, artrite séptica nos últimos 12 meses), infecções pulmonares recorrentes, esclerose múltipla e àqueles com doenças malignas atuais ou passadas (< 10 anos) ◆ É obrigatória a pesquisa de hepatites virais B e C, além de HlY, antes do uso do agente biológico, devendo ser evitado na presença dessas infecções virais ◆ Caso o paciente tenha sido tratado há menos de 5 anos, o rituximabe é o biológico recomendado ◆ Estratégia terapêutica ● As DMCDs sintéticas são as drogas consideradas de primeira linha e o MTX deve ser a DMCD de primeira escolha ● Sulfassalazina ou leflunomida podem ser utilizadas em caso de contraindicação ao MTX ou na sua falha ● Quando não ocorre resposta adequada ao MTX com dose máxima, ou devido a eventos adversos, deve-se utilizar outra DMCD em monoterapia ou em combinação ● Do ponto de vista prático, a associação de DMCD deveria ser a escolha, pois se evita perda de tempo com trocas que podem ser ineficazes ● Quando se associa e o paciente melhora, pode-se gradativamente diminuir até a suspensão do MTX, ficando o paciente em monoterapia posteriormente ● Caso não melhore com a associação, já se pode partir para a utilização das DMCDs biológicas ou trocar por outras DMCDs sintéticas ● Para definir ausência de resposta às DMCDs de primeira linha deve-se aguardar um período de 6 meses ● As DMCDs biológicas são consideradas de segunda linha e devem ser indicadas após a utilização de pelo menos 2 dos esquemas propostos na primeira linha de tratamento ➔ Reumatologia: diagnóstico e tratamento / organizadores Marco Antonio P. Carvalho ... [et al.]. - 4. ed. -São Paulo: AC Farmacêutica, 2014 ➔ Infections in the rheumatic diseases. Luis Espinoza, Don L. Goldenberg, Frank C. Arnett, and Graciela S. Alarcón, editors. Orlando, Grune and Stratton, 2019 ➔ Goldman Cecil Medicina. Goldman, Lee - Schafer, Andrew I. 2 Vols. - 24ª Ed. 2014. Marca: Elsevier / Medicina Nacionais ➔ Fisiopatologia da doença : uma introdução à medicina clínica [recurso eletrônico] / Gary D. Hammer, Stephen J. McPhee ; [tradução: Geraldo de Alencar Serra, Patricia Lydie Voeux ; revisão técnica: Renato Seligman, Beatriz GraeffSantos Seligman. - 7. ed. - Porto Alegre: AMGH, 2016.
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