Buscar

Aula 04 Direito Empresarial Completo


Continue navegando


Prévia do material em texto

DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1 
 
Aula 3 – Direito Empresarial 
Prof. Antonio Nóbrega 
 
Prezado candidato, dando sequência aos nossos estudos sobre Direito 
Societário, teremos, hoje, a segunda etapa desta matéria. 
Nesta aula, estudaremos as sociedades anônimas, além das operações 
societárias e as relações entre sociedades. Manteremos nosso padrão didático 
de exposição, com teoria e exercícios comentados. 
Mais uma vez, o candidato não deve dispensar a leitura da própria 
legislação. Utilizaremos, na aula de hoje, na maior parte do tempo, a Lei das 
Sociedades Anônimas. Porém, alguns temas serão extraídos do Código Civil. 
 
 
 
 
 
ROTEIRO DA AULA – TÓPICOS 
1. Sociedades anônimas. 
 1.1. Introdução e objeto. 
 1.2. Capital social. 
 1.3. Constituição. 
 1.4. Ações. 
 1.5. Outros valores mobiliários. 
 1.6. Acionistas. 
 1.7. Poder de controle, abuso de poder e direitos dos acionistas 
minortários. 
 1.8. Administração e demais órgãos. 
 1.9. Administradores. 
 1.10. Dissolução, liquidação e extinção. 
2. Operações societárias: transformação; incorporação; fusão e Cisão. 
3. Relações entre as sociedades: sociedades controladoras, controladas e 
coligadas; grupos societários; consórcios; subsidiária integral; sociedade 
de propósito específico. 
4. Exercícios. 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 2 
1. Sociedades anônimas 
 
1.1. Introdução 
 
A Lei da S.A. é composta por trezentos artigos, com grande parte de 
seus dispositivos apresentando conteúdo apto a ser explorado em uma banca 
de concurso. 
 As peculiaridades e especificidades das regras atinentes ao mercado de 
capitais representam uma grande armadilha para o candidato desavisado, que 
pode decidir se aventurar em um perigoso labirinto de normas, as quais 
demandarão uma grande quantidade de tempo para que sejam compreendidas 
em toda a sua plenitude. 
 É certo que uma das grandes dificuldades enfrentadas por todos os 
candidatos se encontra justamente no volume de matérias que deve ser 
estudado até a data do certame. 
 Justamente por essa razão, é recomendável cautela quando tratamos de 
uma lei do porte da Lei das S.A., para que não se corra o risco de que outros 
pontos do edital fiquem prejudicados em virtude de um desnecessário 
aprofundamento em pontos que dificilmente — é claro que não podemos afirmar 
com convicção qual será o grau de conhecimento exigido pela Banca 
Examinadora — serão cobrados na prova. 
 O Código Civil, em seu art. 1.089 estatui que a sociedade anônima “rege-
se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste 
código.” Ou seja, há previsão específica para que as regras insculpidas ao longo 
do Código Civil ocorra de forma subsidiária. 
 A lei específica que se refere o artigo supracitado é justamente a Lei 
6.404/76, que será debatida por nós. 
 Apesar de já ter passado por significativas reformas ao longo do tempo — 
com últimas modificações ocorridas em virtude das Leis 11.638/07, 11.941/09 e 
12.431/11 —, tal diploma legal continua sendo o principal instrumento 
normativo em matéria de sociedades anônimas, também referidas como 
companhias. 
 A Lei 6.404/76 apresenta vinte e seis capítulos, tratando das mais 
variadas questões acerca das sociedades anônimas, tais como objeto social, 
tipos de ações, debêntures, regras de constituição e extinção das companhias, 
bem como os órgãos das mesmas, dentre outras. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 3 
 É certo que esses termos fazem parte do extenso conteúdo necessário 
para o conhecimento completo das diversas regras de direito empresarial, o que 
já demandaria uma aula inteira para sua total compreensão. 
 Optamos, assim, por uma abordagem mais didática e suave, de modo 
que, conforme o teor do conteúdo comece a ser debatido nesta apostila, o 
significado de cada um destes termos seja trabalhado, para que a presente 
leitura possa fluir de modo mais natural para o candidato. 
 Saliente-se que as sociedades anônimas são espécie do gênero sociedades 
por ações. A outra espécie deste gênero são as chamadas sociedades em 
comandita por ações, as quais são abordadas no capítulo XXIII da referida lei. 
Tal tipo societário não será ventilado nesta aula, tendo em vista que, além da 
escassa utilização, as disciplinas aplicáveis a ele são praticamente as mesmas 
daquelas relativas às sociedades anônimas e as exceções foram vistas na aula 
passada. 
 Antes de adentramos mais a fundo na compreensão dos principais 
dispositivos da Lei 6.404/76, vamos entender o que são as sociedades anônimas 
e ressaltar algumas de suas principais características. 
 Assim, utilizando-se uma tradicional classificação doutrinária, podemos 
dizer que as características básicas das sociedades anônimas são: natureza 
capitalista, sempre empresária, capital dividido em ações transferíveis, 
responsabilidade dos acionistas limitada ao preço de emissão das ações 
subscritas e identificação exclusiva por denominação. 
 Em relação à natureza capitalista, significa dizer que na sociedade 
anônima as pessoas dos sócios não têm relevância, o que importa é a 
aglutinação de capitais. Por isso mesmo, a entrada e saída de pessoas não 
tem importância para os objetivos das companhias. 
 Tal modelo societário se opõe às chamadas sociedades de pessoas, nas 
quais as qualidades subjetivas dos sócios têm contribuição substancial para que 
a sociedade possa cumprir sua função. Neste caso, evidencia-se que, por essa 
preponderância do fator subjetivo, a saída de um dos sócios ou a cessão de sua 
participação terão maior impacto nas atividades desenvolvidas pela sociedade, 
sendo necessária, em regra, a anuência dos outros sócios. 
 Justamente por ser uma sociedade de capitais, a regra na sociedade 
anônima é a livre transferência de sua participação societária, já que o que 
interessa é o capital investido na companhia. 
 A segunda característica é o fato da sociedade anônima 
necessariamente ser empresária. De acordo com o texto lapidado no 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 4 
parágrafo único do art. 982 do Código Civil, “independente do objeto, 
considera-se empresária a sociedade por ações”. 
 Neste mesmo sentido, antes mesmo do advento do Código Civil de 2002, a 
Lei das Sociedades Anônimas já dispunha no parágrafo primeiro de seu art. 2º que 
“Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos 
do comércio”, referindo-se ao antigo sistema vigente em nosso ordenamento. 
 A divisão do capital em ações transferíveis é a terceira 
característica. Neste passo, é oportuno que seja apresentado o conceito de 
capital social e de ação, para que o candidato possa compreender com exatidão o 
que está sendo debatido. Note que adiante falaremos mais sobre tais figuras. 
 Para que as sociedades empresárias possam operar é necessário que 
disponham de recursos, os quais, em regra, são obtidos junto aos próprios sócios. 
O capital social é, de forma resumida, o montante do resultado dessa transferência 
do patrimônio dos sócios para o patrimônio da sociedade. 
 Em troca dessa contribuição, os sócios recebem ações, que na verdade são 
unidades do capital social, podendo ser considerados acionistas a partir de então, 
com o surgimento de direitos e deveres em razão desta titularidade. 
 Essas ações, justamente por se tratar de uma sociedade de capitais, têm 
como característica predominante a transferibilidade, tendo circulação autônoma.Como assevera o doutrinador Fábio Ulhoa Coelho, a livre circulação das ações é o 
princípio fundamental do regime jurídico das sociedades anônimas. 
 Outra característica que merece destaque é relativa ao fato da 
responsabilidade dos acionistas ser limitada ao preço de emissão das 
ações subscritas. Mas o que isso exatamente quer dizer? 
 A primeira vista é curioso falar em responsabilidade limitada em sociedades 
anônimas. Mas, tanto esta quanto a própria sociedade limitada apresentam 
limitação à responsabilização dos sócios, podendo-se afirmar que, na realidade, 
nas sociedades anônimas a responsabilização é ainda mais limitada. 
 Conforme vimos na aula passada, subscrição é uma promessa, um 
compromisso de contribuir com certa quantia para a sociedade. A integralização é 
a efetiva contribuição prometida pelo acionista para formação do capital social. 
 Na sociedade limitada, de acordo com a regra estatuída no art. 1.052 do 
Código Civil, apesar da responsabilidade dos sócios ser restrita ao valor de suas 
quotas, todos respondem solidariamente pela integralização do capital. 
 Revisando o exemplo disposto na nossa última aula, caso três sócios (A, B e 
C) subscrevam o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para a formação de uma 
sociedade e o sócio C não integralize este valor, os dois sócios restantes, além de 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 5 
estarem obrigados a integralização de suas respectivas quotas naquele valor, 
também são solidariamente obrigados pela integralização do capital referente ao 
sócio que não cumpriu sua promessa. 
 Desta forma, de modo simplificado, caso esta sociedade responda a uma 
ação judicial e não tenha bens para adimplir com um pagamento, pois somente 
possui capital social de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), referente ao capital 
integralizado pelos sócios A e B, o credor poderá demandar ambos para cobrar os 
R$ 30.000,00 (trinta mil reais) restantes não integralizados pelo sócio C. 
 Nas sociedades anônimas o quadro é diferente. Em regra, o acionista 
responde somente pela sua parte no capital social, ou seja, pela integralização do 
preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir, nos termos do art. 1º da 
Lei 6.404/76, não tendo responsabilidade pessoal pelas dívidas da sociedade. 
 A última característica é a identificação exclusiva por 
denominação. De acordo com o art. 3º da Lei 6.404/76, as companhias 
deverão ser designadas por denominação.1 Trata-se do nome empresarial, como 
vimos em nossa primeira aula. 
 O art. 2º da Lei 6.404/76 dispõe que o objeto da sociedade pode ser 
qualquer atividade econômica de fim lucrativo, “não contrário à lei, à ordem 
pública e aos bons costumes”. Note que o objeto social deve ter a finalidade de 
lucro e estar definido de modo preciso e completo, conforme a redação do 
parágrafo segundo daquele mesmo dispositivo. 
Mesmo o objeto da companhia podendo ser qualquer atividade econômica, 
as sociedades anônimas serão sempre consideradas sociedades empresárias. 
Como já vimos, o objeto é a atividade que a companhia se dispõe a realizar e o 
respectivo âmbito de atuação, não sendo permitido aos seus administradores se 
afastarem destes limites. 
 Assim, podemos apresentar o seguinte gráfico: 
 
 
 
 
 
 
 
1 O art. 1.160 do Código Civil dispõe que A sociedade anônima opera sob denominação 
designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", 
por extenso ou abreviadamente. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antes de terminarmos esta etapa, vamos discorrer brevemente sobre a 
relevante divisão entre companhias fechadas e abertas. 
 Para uma compreensão simples, podemos afirmar que as companhias 
abertas são aquelas que tenham as suas ações negociadas na bolsa de 
valores. As companhias fechadas não têm essa permissão. O caput do art. 4º 
da Lei das S.A. dispõe que a companhia é aberta ou fechada conforme os 
valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no 
mercado de valores mobiliários. 
 Para operar no mercado de ações, as companhias abertas dependem da 
autorização da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Mas o que é a CVM? 
 A Comissão de Valores Mobiliários é uma autarquia, criada pela Lei 
6.385/76, vinculada ao Ministério da Fazenda, e que tem a competência de 
fiscalizar e regulamentar, de acordo com as diretrizes do Conselho Monetário 
Nacional, as questões ligadas ao mercado de valores mobiliários e ao 
mercado de ações.2 
 Apesar de se tratar de um único tipo societário, há fortes diferenças nos 
regimes que devem ser observados pelas companhias abertas e pelas 
fechadas. De forma simplificada, podemos dizer que as companhias abertas, 
justamente por terem ações negociadas no mercado, devem observar normas 
 
2 Podemos afirmar que valores mobiliários são os títulos distribuídos no mercado. Como 
exemplo, podemos citar as ações, certificados, partes beneficiárias, opções em bolsa, contratos 
de investimento coletivo. 
 
Sociedade Anônima 
Identificada por 
denominação 
Responsabilidade dos acionistas limitada 
ao preço de emissão das ações subscritas 
Capital dividido em ações transferíveis 
 
 Empresária 
 
Natureza capitalista; 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 7 
mais rígidas, com uma fiscalização mais intensa por parte da CVM, de modo a 
garantir mais segurança e liquidez aos tais valores mobiliários. 
 Note que os parágrafos seguintes ao art. 4º demonstram justamente a 
intensa atividade que a CVM exerce em relação às companhias abertas. 
 Perceba, ainda, que, de acordo com os dispositivos incluídos pela Lei 
10.303/01 ao art. 4º, para que seja cancelado o registro de uma companhia 
aberta, deve ocorrer a oferta pública para a aquisição da totalidade das ações 
que estão circulando no mercado, seguindo a orientação do §4º e §5º da 
citada norma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2. Capital social 
 
Como já vimos, o capital social representa o valor dos bens que os 
sócios transferiram ou se comprometeram a transferir à sociedade3. Então, 
podemos dizer que capital social é igual ao patrimônio? 
A resposta para tal questionamento é negativa. Utilizando a lição do 
professor José E. Tavares Borba, podemos afirmar que “o capital é um valor 
formal e estático, enquanto o patrimônio é real e dinâmico. O capital não se 
modifica no dia-a-dia da empresa – a realidade não o afeta, pois se trata de 
uma cifra contábil”. 
Com efeito, pode-se afirmar que quando se iniciam as operações da 
companhia há alguma equivalência entre o capital social e o patrimônio. 
Posteriormente, pode haver uma flutuação negativa ou positiva neste 
patrimônio, mas o capital continuará o mesmo constante no estatuto. 
 
3 Registre-se que o capital social da companhia pode não corresponder exatamente à 
contribuição dos sócios, tendo em vista a possibilidade de emissão de ações sem valor nominal 
ou com preço superior ao seu valor nominal. 
SOCIEDADES ABERTAS ��� AÇÕES 
ADMITIDAS PARA NEGOCIAÇÃO EM BOLSA. 
SOCIEDADES FECHADAS ��� AÇÕES NÃO SÃO 
ADMITIDAS PARA NEGOCIAÇÃO EM BOLSA 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 8 
O art. 5º da Lei 6.404/76 dispõe que o capital social será fixado no 
estatuto, sendo expresso em moeda nacional. 
Dispõeo art. 6º que a modificação do capital social deverá ser feita com 
observância daquela lei e do estatuto da companhia, nos remetendo à leitura 
dos arts. 166 a 174 do mesmo diploma legal. 
 A regra do art. 7º também merece destaque. Ao dispor que “o capital 
social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer 
espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro”, a norma está se 
referindo à integralização do capital. 
 Os bens devem ser avaliados, nos termos do subsequente art. 8º, e 
posteriormente, salvo disposição em contrário, serão transferidos à 
companhia a título de propriedade (art. 9º), incorporando-se ao patrimônio 
da mesma. 
 Perceba que, como se trata de bem móvel, o crédito também pode ser 
usado para integralizar o capital. Todavia, conforme disposição do parágrafo 
único do art. 10, aquele que subscreve um crédito fica responsável pela 
solvência do devedor, podendo ser acionado caso este não tenha bens para 
honrar seu crédito. 
 
CAPITAL SOCIAL 
� EXPRESSO EM MOEDA NACIONAL; 
�MODIFICAÇÃO DEVE SER FEITA COM BASE NA LEI E NO ESTATUTO; 
�PODE SER FORMADO COM DINHEIRO OU BENS SUSCETÍVEIS DE AVALIAÇÃO 
EM DINHEIRO. 
 
1.3. Constituição 
 
 Conforme o art. 80 da Lei das S.A., são três os requisitos para que se 
constitua a sociedade anônima: 
 
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em 
que se divide o capital social fixado no estatuto 
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do 
preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 9 
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento 
bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do 
capital realizado em dinheiro. 
 
 A primeira exigência flui no sentido da legislação pátria, que não admite 
(salvo raríssimas exceções, como a subsidiária integral prevista no art. 251 da 
Lei 6.404/76) a sociedade unipessoal. 
 O inciso II se refere somente à integralização do capital social em dinheiro 
e quando feito no pagamento a prazo, já que a vista todo o valor é pago no ato 
da subscrição. Note que o parágrafo único daquela norma prevê a possibilidade 
de que a lei exija realização inicial de parte maior do capital social. 
 Por fim, saliente-se que o depósito mencionado no inciso III deve observar 
a regra lapidada no art. 81 e caso a companhia não se constitua no prazo de 
seis meses, o banco restituirá a quantia depositada. É certo que no 
ordenamento jurídico vigente, a personalidade jurídica da companhia só se 
inicia com o registro na junta comercial e só depois deste ato poderá ser 
levantada a quantia depositada, de acordo com a parte final do já citado art. 81. 
 A constituição das companhias pode ocorrer de duas maneiras: 
subscrição pública ou subscrição particular. 
 A subscrição pública é aquela onde são buscados junto ao mercado de 
capitais os recursos para que a companhia inicie suas atividades. É utilizado 
para a constituição de sociedades abertas. 
 Ao dispor sobre a constituição por subscrição pública, o art. 82 determina 
que “depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários, 
e (...) somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição 
financeira”. 
 Chamado de underwriting, os serviços para a constituição da companhia 
devem ser feitos por uma instituição financeira especializada, a qual cuidará dos 
documentos necessários e colocará as ações junto aos investidores. 
 O projeto do estatuto, mencionado no art. 83, é peça fundamental para 
que os futuros acionistas tenham ciência de como as relações societárias irão se 
desenvolver e a natureza da futura sociedade. Destarte, tratará da denominação 
da companhia, do capital e das características das ações, da duração e 
administração da sociedade, dentre outras peculiaridades. 
 O prospecto, citado no art. 84, é composto de documentos e estudos 
acerca dos objetivos da sociedade, além de tecer os “motivos que justifiquem a 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 10 
expectativa de bom êxito do empreendimento”. Adiante, o citado artigo elenca 
doze informações que devem constar no prospecto. 
 Após estas providências preliminares e a subscrição das ações pelos 
investidores, será realizada a assembléia de fundação da companhia. 
 O §2º do art. 87 apresenta duas regras interessantes. Primeiro dispõe que 
nesta assembléia todos os subscritores têm direito a voto, independente da 
qualidade de suas ações (veremos adiante que há diferentes tipos de ações). 
Ademais, determina que a maioria não tem poder para alterar o projeto do 
estatuto. Insta frisar que ao afirmar que o estatuto não pode ser alterado pela 
maioria, permitiu, a contrario sensu, que tal alteração ocorresse por 
unanimidade. 
 A constituição de sociedade anônima por subscrição particular ocorre de 
modo mais simplificado, tendo em vista que dispensa a oferta ao público em 
geral, sendo utilizada para as companhias fechadas. 
 A Lei da S.A. não exigiu que houvesse a intermediação de instituição 
financeira nem registro na CVM, evidenciando a diminuição das formalidades 
para este tipo de constituição, considerando justamente o fato de que os 
interesses tutelados são os dos próprios fundadores da companhia. 
 São duas as formas de se constituir as companhias por subscrição 
particular: assembléia geral ou escritura pública. A primeira deve observar o 
mesmo rito para a assembléia de constituição por subscrição pública, por força 
do §1º do art. 88. Caso se opte pela escritura pública, deve-se observar os 
requisitos do §2º da mesma norma. 
 Adiante, sugiro atenção ao teor do art. 89, que dispensa escritura pública 
para incorporação de imóveis ao capital social. 
 Além disso, é necessário observar que, conforme o art. 92 e subsequente 
parágrafo único, “os fundadores e as instituições financeiras que participarem 
da constituição por subscrição pública responderão (...) pelos prejuízos 
resultantes da inobservância de preceitos legais”, e “os fundadores responderão, 
solidariamente, pelo prejuízo decorrente de culpa ou dolo em atos ou operações 
anteriores à constituição”. Perceba que, nesta última hipótese, diante da culpa 
ou dolo, a responsabilidade é solidária, 
 Para concluir, atente-se para o texto do parágrafo único do art. 99 que 
trata da responsabilidade dos primeiros administradores. Quando a sociedade 
atua antes de completadas as formalidades para sua constituição, é considerada 
uma sociedade irregular. Caso não haja deliberação em contrário na forma da 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 11 
citada norma legal, a responsabilidade por estes atos, anteriores à devida 
regularização da companhia, são dos primeiros administradores. 
 
 
 
 
 
CCCCOOOOMMMMPPPPAAAANNNNHHHHIIIIAAAASSSS AAAABBBBEEEERRRRTTTTAAAASSSS �
ççç
��� SUBSCRIÇÃO PÚBLICA (registro na CVM e 
intermediação de iiinnnnssss tttiiitttuuuu iiiçõõõõeeeessss fffiiinnnnaaaannnncccceeee iiirrrraaaassss) 
CCCCOOOOMMMMPPPPAAAANNNNHHHHIIIIAAAASSSS FFFFEEEECCCCHHHHAAAADDDDAAAASSSS ���� SUBSCRIÇÃO PARTICULAR (assembléia 
geral ou escritura pública) 
 
 1.4. Ações 
 
O que são as ações? De modo preciso e técnico, utilizando a citação de 
festejado Modesto Carvalhosa4, as ações apresentariam dois perfis: “uma das 
partes ou frações em que se divide o capital social ou a medida deste capital e; 
o complexo de direitos e obrigações de caráter patrimonial e pessoal de quem 
pagou ou prometer uma das frações do capital, habilitando o titular a fazê-lovaler contra a sociedade e contra a coletividade dos sócios”. 
 De modo mais simples, podemos afirmar que as ações são 
parcelas em que se divide o capital social, investindo o proprietário da 
qualidade de sócio, com um complexo de direitos e deveres. 
 A ação, é necessário notar, por se tratar de coisa móvel, sendo 
considerado um valor mobiliário, tem circulação autônoma, de acordo com a 
própria natureza capitalista das sociedades anônimas, ou seja, em regra, é livre 
a negociação envolvendo estes bens. 
 
 Valor das ações 
 
 Já em seu art. 11, a Lei 6.404/76 dispõe que o estatuto fixará se as ações 
terão ou não valor nominal. Mas o que é esse valor? 
 
4 Citado na obra de Haroldo Malheiros D. Verçosa. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 12 
 Como as ações são uma fração do capital social da companhia, 
cada uma delas deve ter um valor ideal que corresponde à parcela que 
representa daquele capital. Esse valor é o chamado valor nominal. 
 Evidencia-se que basta uma simples operação matemática para que se 
calcule este valor nominal, dividindo-se o capital social pelo número de ações. É 
certo que caberá ao estatuto determinar se a companhia terá ou não ações com 
valor nominal, conforme o artigo supracitado. Caso tenha optado por ter, todas 
deverão ter o mesmo valor nominal (§2º). 
 O art. 13 veda expressamente que sejam emitidas ações com preço 
inferior ao seu valor nominal. Este mecanismo permite afirmar que, quando as 
ações possuem valor nominal, estão protegidas da chamada diluição do 
patrimônio acionário, que ocorre quando as ações não têm valor nominal e são 
emitidas novas ações. 
 Neste caso, como a ação não possuía um valor (como por exemplo R$ 
2,00), a participação do sócio passa a ser menor, já que o capital social será 
dividido por mais ações, as quais poderiam ser vendidas por um preço menor 
daquele pago pelo acionista anterior. 
 Ressalte-se que, conforme o art. 14, sendo permitida a emissão de ações 
sem valor nominal, O preço “será fixado, na constituição da companhia, pelos 
fundadores, e no aumento de capital, pela assembléia-geral ou pelo conselho de 
administração”. 
 
 Ações preferenciais, ordinárias e de fruição 
 
 A classificação em ações ordinárias, preferenciais e de fruição considera os 
direitos dos titulares daqueles valores mobiliários. 
 As ações ordinárias são aquelas que conferem a seus titulares direitos 
comuns. Deste modo, o titular deste tipo de ação não possui nenhum direito 
especial em relação a outros sócios, bem como não encontra restrição para o 
exercício de suas prerrogativas. Como direitos atribuídos aos titulares de 
ações ordinárias, podemos mencionar o direito a voto e o de fiscalizar a 
administração da companhia. 
 Perceba, candidato, que, nas companhias fechadas, as ações ordinárias 
podem ser de classes diferentes, de acordo com a racionalidade do §1º do art. 
15 da Lei das S.A.. Esta divisão de classes deverá ocorrer em virtude da 
conversibilidade em ações preferenciais, exigência de nacionalidade brasileira do 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 13 
acionista, ou direito de voto em separado para o preenchimento de 
determinados cargos de órgãos administrativos (art. 16). 
 De acordo com sua própria definição, as ações preferenciais conferem aos 
seus proprietários vantagens e preferências especiais, sendo possível que o 
estatuto retire alguns dos direitos concedidos aos titulares das ações ordinárias. 
De acordo com a redação do art. 17, as preferências podem ser: 
 
� Prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; 
� Prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; 
� Acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II. 
 
 A prioridade na distribuição dos dividendos (parcelas dos lucros 
distribuídas aos acionistas) garante que receberão tais valores antes de outros 
sócios. A prioridade no reembolso do capital ocorre em determinadas hipóteses 
em que a companhia entra em processo de dissolução, quando os titulares das 
ações preferenciais, após realizado o ativo e pago o passivo, receberão 
anteriormente aos outros sócios. 
 É relevante asseverar que, conforme o §2º do art. 15, o “número de ações 
preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse 
direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações 
emitidas”. 
 Em geral, como forma de compensar as vantagens das ações preferências, 
estes acionistas não têm direito a voto, ou o tem de forma restrita, de acordo 
com a permissão prevista no art. 111 da Lei 6.404/76. Porém, poderão afastar 
tal limitação no caso da “companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não 
superior a 3 (três) exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos 
ou mínimos a que fizerem jus”. 
 Nos parágrafos seguintes ao art. 17, são mencionadas várias 
peculiaridades acerca das preferências a que terão direito os titulares das ações 
em debate. Ressalte-se que algumas questões referentes ao direito a voto das 
ações preferenciais ordinárias serão vistas adiante. 
 Por fim, com previsão no §5º do art. 44 da lei em comento, as ações de 
fruição são aquelas emitidas em substituição das ações preferenciais ou 
ordinárias que foram totalmente amortizadas, o que significa dizer que os 
acionistas receberão provavelmente o que lhes caberia na hipótese de 
dissolução da sociedade. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 14 
 Com efeito, ocorre a devolução ao acionista de todo o seu investimento. 
Deste modo, os titulares das ações de fruição passam a ter somente direitos de 
gozo e fruição em relação à companhia, podendo participar da vida política da 
sociedade, já que continuam tendo os direitos previstos no art. 109 da Lei 
6.404/76, o qual será discutido nas páginas seguintes. 
 
 
 
 
Ação ordinária Ação preferencial Ação de fruição 
Conferem direitos 
comuns aos acionistas 
Conferem alguma 
vantagem ao acionista, 
e, em regra, os 
acionistas não têm o 
direito de voto ou o tem 
de forma restrita 
Emitidas em substituição 
das ações ordinárias ou 
preferenciais que foram 
amortizadas. 
Os acionistas continuam 
a exercer certos direitos. 
 
 
 Ações nominativas e escriturais 
 
 Essa classificação leva em consideração a forma de transferência das 
ações. 
 As ações nominativas são aquelas que se transferem por termo lavrado no 
Livro de “Transferência de Ações Nominativas”, com data e assinatura do 
cedente e do cessionário, de acordo com o teor do art. 31 da Lei das S.A.. 
 Trata-se de um ato formal que demanda certa solenidade. Perceba que, 
independentemente das negociações preliminares entre o cedente e o 
cessionário, incluindo o pagamento, definição do preço, etc, a transferência só 
ocorre com o lançamento no respectivo livro. 
 As ações escriturais, previstas no seguinte art. 34, são aquelas mantidas 
em instituição financeira, designadas pela companhia ou pela CVM. Para a 
transferência da titularidade deste tipo de ação, basta a ordem escrita do 
alienante ou de autorização ou ordem judicial, em documento que ficará 
arquivado na instituição. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 15 
 A propriedade das ações escriturais pode ser demonstrada com o extrato 
da conta de depósito de ações que a instituição financeira fornece a seus 
titulares. 
 Para finalizar, registre-se que as ações endossáveis e ao portador não 
estão mais presentes no ordenamentojurídico nacional, conforme art. 4º da Lei 
8.021/90. 
 
 
 
 
 Propriedade e Circulação das Ações 
 
 Em relação à companhia, as ações são consideradas bens indivisíveis. 
Caso ela venha a pertencer a mais de uma pessoa, os direitos decorrentes de 
sua propriedade deverão ser exercidos pelo representante deste condomínio5. 
Não seria possível, por exemplo, o exercício do direito de voto fracionado, já 
que a companhia só aceitará uma manifestação por ação. 
 No tocante à transferência das ações, de acordo com a própria lógica das 
sociedades anônimas, que são consideradas sociedades de capital, a regra deve 
ser a livre circulação, sendo permitido aos sócios alienar suas ações 
independentemente da anuência dos outros acionistas. 
 Na companhia aberta esta regra vigora de modo absoluto, mas nas 
companhias fechadas pode haver limitação a este direito, de acordo com o art. 
36 da Lei das S.A.. Observe que, conforme a parte final daquele artigo, tal 
restrição não deve impedir a negociação, nem sujeitar o acionista ao arbítrio 
dos órgãos de administração da companhia ou da maioria dos acionistas. 
 Já em relação às companhias abertas, podemos mencionar que suas ações 
só “poderão ser negociadas depois de realizados 30% (trinta por cento) do 
preço de emissão” (art. 29). Ou seja, o acionista deve ter pago pelo menos 30% 
do valor da emissão da ação, para que este bem seja negociado. 
 Outro ponto interessante é relativo à possibilidade da companhia negociar 
com suas próprias ações,. 
 
5 O condomínio é o resultado da propriedade de um bem indivisível por mais de uma 
pessoal, que passa a deter uma fração ideal do bem. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 16 
 A proibição que a sociedade anônima negocie com suas próprias ações 
encontra-se no art. 30 da Lei 6.404/76. Contudo, os parágrafos seguintes 
apresentam as hipóteses que excetuam esta regra. São elas: 
 
� Operações de resgate, reembolso ou amortização previstas em lei; 
� Aquisição, para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde 
que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem 
diminuição do capital social, ou por doação; 
� A alienação das ações adquiridas nos termos da alínea ”b” e mantidas 
em tesouraria; 
� A compra quando, resolvida a redução do capital mediante restituição, 
em dinheiro, de parte do valor das ações, o preço destas em bolsa for 
inferior ou igual à importância que deve ser restituída. 
 
 De modo resumido, para que o candidato não perca muito tempo 
tentando compreender a fundo estas exceções, podemos dizer que a maioria 
destas mudanças tende à extinção das ações ou a mudanças na relação 
destas com a companhia. 
 A primeira hipótese apresenta três situações de pagamento ao acionista 
por suas ações, por meio de resgate (art. 44), com a retirada das ações do 
mercado, reembolso (art. 45), para desligar o acionista dissidente em uma 
deliberação da companhia ou amortização, que já falamos acima. 
 A segunda possibilidade refere-se às ações que serão mantidas em 
tesouraria, sem direito a dividendos ou a voto. A exceção seguinte diz 
respeito à permissão para que estas ações mantidas em tesouraria sejam 
vendidas pela sociedade anônima. 
 Concluindo, a última hipótese se reporta somente às companhias 
abertas e ocorre quando houver a redução do capital social e restituição em 
dinheiro aos acionistas de parte do valor de suas ações. Assim, perceba que 
foi decidida a redução do capital social por restituição de parte do valor dos 
acionistas. Todavia, este valor excede o preço das ações em bolsa, devendo 
ocorrer a compra das ações, por se tratar de medida mais econômica para a 
empresa. Note que, neste caso, as ações serão retiradas definitivamente de 
circulação (§5º, do art. 30). 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 17 
1.5. Outros valores mobiliários 
 
As ações são o principal valor mobiliário das companhias. Contudo, as 
sociedades anônimas também emitem outros valores mobiliários, tais como as 
debêntures, partes beneficiárias e os bônus de subscrição. 
 O escopo da emissão de tais valores, que representam um investimento 
para quem os subscreve ou adquire, é a captação de recursos junto ao 
mercado, de modo que, juntamente com a capitalização que decorre da emissão 
de novas ações, seja possível à companhia a obtenção dos valores necessários 
para realizar sua atividade econômica, 
 
 Partes beneficiárias 
 
 Podemos afirmar que as partes beneficiárias são títulos, sem valor 
nominal e estranhos ao capital social, que asseguram ao seu titular um 
direito de crédito eventual contra a companhia, consistente numa 
participação dos lucros anuais, conforme o art. 41 e respectivo §1º da Lei 
6.404/76. 
 É conveniente acentuar que o termo eventual se refere à possibilidade do 
lucro ocorrer. Caso o resultado da companhia seja negativo não há direito de 
crédito para as partes beneficiárias. 
 Anote-se, ademais, que o §3º do mesmo dispositivo acima citado veda 
que qualquer direito de acionista seja conferido às partes beneficiárias, salvo o 
de fiscalizar os atos dos administradores. 
 Outra norma que merece destaque é aquela insculpida no parágrafo único 
do art. 47, que veda a emissão de partes beneficiárias pelas companhias 
abertas. 
 Por fim, perceba que as partes beneficiárias serão todas iguais, constituindo 
uma única classe, na esteira da redação do §4º do já citado art. 47. 
 
 
 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
Debêntures 
 
 As debêntures consistem em títulos que representam frações de um 
contrato de mútuo de um empréstimo público feito pela sociedade 
anônima, conferindo direito de crédito perante a companhia. 
 Explicando de forma mais clara, ao invés das companhias irem às instituições 
financeiras para obtenção de empréstimos, elas recorrem ao mercado, fazendo 
emissão de títulos, que podem ser negociados e garantem um direito de crédito 
diante das empresas (art. 52). Saliente-se que cada debênture, apesar de sua 
autonomia, pode ser considerada como uma parte do mútuo feito ao mercado. 
 A obtenção de capital por meio de debêntures apresenta várias vantagens, 
incluindo, além dos juros menores do que aqueles que seriam pagos às instituições 
financeiras, o longo prazo para pagamento dos valores obtidos, bem como o fato 
destes títulos não influenciarem no controle da companhia. 
 De acordo com o teor do parágrafo único do art. 53, decorre que as 
debêntures de uma mesma série – divisão de títulos de uma mesma emissão – 
deverão ter igual valor nominal e conferir iguais direitos a seus titulares. 
 A debênture deve ter valor expresso em moeda nacional, salvo nos casos em 
que a obrigação possa ter o pagamento em moeda estrangeira (art. 54), e os 
rendimentos podem ser fixos ou variáveis, participação no lucro das companhias ou 
prêmio de reembolso (art. 56). 
 O art. 57 prevê a possibilidade de emitir debêntures conversíveis em ações. 
Esta modalidade de debênture cria a opção ao seu proprietário de convertê-la em 
ação ou aguardar até o vencimento do título. Os requisitos que devem estar 
presentes na escritura de emissão encontram-se no citado artigo. Ressalte-se que o 
§1º assegurou aos acionistas o direito de preferência para subscrição de debêntures 
conversíveis em ações. 
PARTES BENEFICIÁRIAS 
� são títulos, sem valor nominal e estranhos ao capital social, que 
asseguram ao seu titular um direito de crédito eventual contra a 
companhia; 
�Não podem ser emitidos por companhias abertas; 
� O único direito do acionista é fiscalizar os atos dos 
administradores. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 19 
 As diferentes garantias das debêntures as dividem naquelas que têm garantia 
real ou garantia flutuante, não gozam de preferência ou são subordinadas aos 
demais credores da companhia (art. 58), de acordo com o teor da escritura de 
emissão. Essa classificação ganha importância notadamente no caso de falência da 
companhia, onde os credores receberão os valores a que tem direito conforme a 
garantia de seus títulos. 
 Aquelas que não gozam de preferência, as debêntures comuns, podem ser 
chamadas de debêntures quirografárias. As debêntures subordinadas poderiam ser 
consideradas subquirografárias, já que estariam num patamar inferior às primeiras. 
 As debêntures com garantia real têm direito, no caso de insolvência da 
empresa, a preferência sobre o valor do bem onerado. A garantia flutuante, 
conforme o §1º do artigo aludido, garante um privilégio geral sobre o ativo da 
companhia. Neste caso, os proprietários destes títulos deverão ser pagos com o 
produto dos bens não onerados antes dos demais credores cíveis e comerciais. 
 Antes de encerrar este tópico, que, de fato, poderia ainda render algumas 
dezenas de páginas, apenas gostaria de abordar as figuras da assembleia dos 
debenturistas e do agente fiduciário. 
 Como as debêntures são títulos que resultam de uma mesma emissão, com 
base em um mesmo contrato de mútuo, é certo que os investidores, proprietários 
destes títulos, apresentam interesses e direitos em comum. 
 Para representar esta comunhão de interesses, criou-se a figura do agente 
fiduciário, com atividade regulada nos arts. 66 a 70 da Lei 6.404/76. Tal pessoa 
deve atuar perante a companhia, defendendo os interesses dos debenturistas, como 
se ele mesmo fosse o titular destes direitos. 
 Independente da existência ou não do agente fiduciário, os proprietários das 
debêntures podem se reunir a qualquer tempo para deliberar sobre matéria de 
interesse comum (art. 71). Sua convocação pode ser por agente fiduciário, pela 
companhia emissora, por debenturistas que representem 10% (dez por cento), no 
mínimo, dos títulos em circulação, e pela Comissão de Valores Mobiliários (§1º do 
mesmo artigo). 
 
 
 
 
 
 
DEBÊNTURES 
Títulos que representam frações de um contrato de mútuo de um 
empréstimo público feito pela sociedade anônima, conferindo direito de 
crédito perante a companhia. 
• Podem ser conversíveis em ações; 
• Pode ter garantia real ou garantia flutuante, ou não gozar de 
preferência ou ser subordinada aos demais credores da companhia; 
• Não influenciam no controle da companhia; 
• Deve ter valor expresso em moeda nacional; 
• Debêntures de uma mesma série deverão ter igual valor nominal e 
conferir iguais direitos. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 20 
 
 
 
 
Bônus de subscrição 
 
 Os Bônus de subscrição são títulos negociáveis que podem ser 
emitidos pela companhia, dentro do limite de aumento de capital 
autorizado no estatuto (art. 75 da Lei 6.404/76). 
 Conforme a redação do art. 76, os bônus de subscrição conferirão aos 
seus titulares, nas condições constantes do certificado, direito de subscrever 
ações do capital social. Trata-se, desta forma, da compra de um direito de 
preferência. 
 Quando a companhia emite novas ações, a preferência para subscrevê-las 
é dos acionistas, conforme a redação do inciso IV do art. 109. Contudo, se a 
companhia notar que há no mercado disposição para aquisição de suas ações, 
pode, antes de emiti-las, oferecer os bônus de subscrição, que asseguram aos 
seus compradores o direito de preferência para compra destas ações, antes 
mesmo dos acionistas. 
 Veja que o bônus de subscrição não confere ao seu titular a propriedade 
sobre a ação, mas somente o direito que lhe garante a possibilidade de 
subscrevê-las antes dos acionistas. Assim, será necessário o pagamento pelo 
preço de emissão da ação. 
 A determinação do caput do art. 77 permite que, além de alienados, na 
forma como mencionamos acima, os bônus de subscrição sejam atribuídos 
como vantagens aos subscritores de ações ou debêntures, tornando estes 
títulos mais atrativos ao mercado. 
 Merece atenção a regra do parágrafo único daquele artigo, que garante 
aos acionistas da companhia preferência na aquisição dos próprios bônus de 
subscrição. 
 
 
 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Commercial papers 
 
 Os commercial papers são notas promissórias especiais. Em razão disso, 
muito do que falaremos agora só ficará claro na próxima aula, quando 
tratarmos dos títulos de crédito. 
 Sua função é idêntica a das debentures: captar dinheiro no mercado sem 
recorrer aos financiamentos bancários. Porém, os commercial papers são 
utilizados para captações de dinheiro rápido, com vencimento a curto prazo: 
entre 30 e 360 dias. 
 Por serem notas promissórias especiais, os commercial papers sofrem 
certas restrições: 
� Comportam apenas endosso sem garantia, ou seja, o investidor, ao 
transferis um commercial paper, não se torna co-devedor da sociedade 
emissora. 
� Em endosso deve ser obrigatoriamente em preto, isto é, nominativo, 
identificando a quem o crédito foi transferido. 
� Dependem de autorização da CVM, publicação de anúncio de início de 
distribuição e disponibilização de prospecto aos investidores 
interessados. 
� A sociedade não pode negociá-los e, adquirindo-os, será o equivalente 
a liquidá-los. 
 
 
 
Bônus de Subscrição: 
� Garantem preferência para aquisição de novas ações da 
companhia; 
� Podem ser alienados ou atribuídos aos subscritores de 
ações ou debêntures; 
� Os acionistas têm preferência na aquisição dos bônus de 
subscrição. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.6. Acionistas 
 
Deveres do Acionista 
 
 Os acionistas são aqueles, pessoas físicas ou jurídicas, que ostentam a 
condição de sócios das companhias. 
 Esse status de sócio acarreta uma gama de deveres, que resultam na 
obrigação de colaborar para que a empresa possa realizar a sua atividade 
econômica da melhor maneira possível, e direitos, inerentes ao exercício da sua 
qualidade. 
 De início, é oportuno discorrer sobre um dos mais importantes deveres 
dos acionistas, a integralização o capital. Ora, é natural que a obrigação do 
acionista de transferir para o patrimônio da sociedade os recursos ou bens com 
os quais haja se comprometido ganhe certo destaque. 
 Nesse sentido, o art. 106 da Lei das S.A. estatui que o “acionista é 
obrigado a realizar, nas condições previstas no estatuto ou no boletim de 
subscrição, a prestação correspondente às ações subscritas ou adquiridas”. 
 Lembre-se que a integralização só está completa quando ocorre a total 
transferência do valor da ação. Quando a subscrição é à vista, é certo que a 
Commercial papers: 
� Para captação de dinheiro rápido; 
� Prazo de vencimento de 30 a 60 dias; 
� São notas promissórias especiais; 
� O endosso só pode ser dado sem garantia e em preto; 
� Necessitam de autorização da CVM, publicação de 
anúncio informando o início da distribuição e 
disponibilização de prospecto aos investidores 
interessados; 
� A sociedade não pode negociar os próprios papéis e, 
adquirindo-os, será o equivalentea liquidá-los, isto é, 
não poderá revendê-los. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 23 
integralização ocorre simultaneamente. Já quando se tratar de subscrição a 
prazo, ele deve complementar o valor dado como entrada. 
 De acordo com o §1º do mesmo artigo, se o estatuto ou boletim de 
subscrição forem omissos quanto ao montante da prestação e ao prazo ou data 
do pagamento, caberá aos órgãos da administração publicar avisos com prazo 
de trinta dias para o pagamento. 
 Desta forma, o acionista inadimplente estará devidamente constituído em 
mora, ficando sujeito ao pagamento de juros, correção monetária e multa que o 
estatuto determinar, esta não superior a 10% do valor da prestação (§2º). 
 E quais as opções para a companhia em relação ao acionista remisso 
(aquele que não cumpriu sua obrigação de integralizar o capital)? 
 A lei é clara ao prever duas possíveis providências (art. 107): executar 
judicialmente o acionista remisso ou; mandar vender as ações em bolsas de 
valores. Ademais, caso não se logre êxito nestas medidas, é possível à 
companhia declarar a caducidade das ações. 
 Conforme o texto do inciso I do art. 107, o aviso de chamada e o boletim 
de subscrição são títulos executivos extrajudiciais, nos termos do art. 585, 
inciso II do Código de Processo Civil, sendo possível o ajuizamento da 
respectiva ação para cobrança do acionista remisso e das pessoas que forem 
com ele solidariamente responsáveis. 
 É evidente que, neste caso, ocorrendo o êxito na cobrança do valor devido 
pelo acionista remisso, este ingressará na sociedade na qualidade de sócio, 
tendo em vista que os recursos acabaram ingressando no patrimônio da 
companhia. 
 Já a venda de ações em bolsa de valores busca obter a quantia não paga 
pelo acionista remisso junto a outros investidores. O negócio será realizado nos 
termos do §2º do art. 107. Saliente-se que, nos termos do §3º, a companhia 
poderá ajuizar ação em face do acionista controlador, caso “as ações oferecidas 
em bolsa não encontrem tomador, ou se o preço apurado não bastar para pagar 
os débitos do acionista.” 
 Vale registrar que caso o preço alcançado no leilão for superior à parcela a 
integralizar mais despesas e encargo, o saldo será colocado à disposição do 
acionista remisso, que ficará excluído da companhia. 
 Se não houver compradores para as ações e não se lograr êxito no 
processo de execução movido em face do acionista remisso, a companhia 
poderá declarar a caducidade das ações (§4º), fazendo suas as entradas 
realizadas. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 24 
 Se a companhia dispuser de lucros ou reservas, poderá integralizar as 
ações. Caso contrário, terá o prazo de um ano para encontrar comprador pelas 
ações. Se nesse período as ações não forem vendidas, “a assembléia-geral 
deliberará sobre a redução do capital em importância correspondente”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Direitos dos acionistas 
 
 Para iniciarmos este tópico, vamos falar um pouco sobre os direitos 
essenciais dos acionistas. 
 Relacionados no art. 109 da Lei das S.A., os direitos essenciais dos 
acionistas são os seguintes: participar dos lucros; participar do acervo da 
companhia, no caso de liquidação; fiscalizar a gestão dos negócios da 
companhia; preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias 
conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de 
subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172 e; retirar-se da 
sociedade nos casos previstos em lei. 
 O direito de participar dos lucros é o interesse primordial do acionista, o 
qual decide aportar seus recursos na companhia com o escopo de alcançar um 
resultado mais proveitoso do que aquele que possivelmente seria atingido caso 
estes valores fossem aplicados individualmente. A natureza da sociedade é 
justamente essa, a aglutinação de recursos para a realização de atividades que 
geram retorno financeiro. 
 Assim, caso verifique-se que houve lucro – podendo-se entender lucro 
como o montante das receitas da companhia em um exercício, subtraído dos 
seus custos e das reservas legais e estatutárias - por parte da sociedade, 
deverá ser convocada assembleia para deliberação do destino destes recursos, 
obedecendo a regra do art. 202 referente a dividendos obrigatórios. Sendo 
determinada a distribuição de lucros, tal providência pode ser feita em dinheiro 
AAAACCCCIIIIOOOONNNNIIIISSSSTTTTAAAA RRRREEEEMMMMIIIISSSSSSSSOOOO: 
 ���� propor execução ou; 
 � mandar vender as ações em bolsas de valores. 
OOOObbbbssss:::: Caso não se logre êxito nestas medidas, é possível à 
companhia declarar a caducidade das ações. 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 25 
ou em ações emitidas com fulcro no lucro da companhia, títulos que poderão ser 
posteriormente vendidos pelos acionistas. 
 O inciso II do art. 109 diz respeito ao direito de participação no acervo da 
companhia em caso de liquidação. Caso ocorra o encerramento das atividades 
da sociedade anônima em virtude das hipóteses do art. 206 da Lei 6.404/76, 
seja dissolução judicial, de pleno direito ou por decisão da autoridade 
administrativa, é possível que se apresente patrimônio líquido positivo. 
 O patrimônio líquido positivo é, em linguagem objetiva, o que sobrou do seu 
ativo após o pagamento de todas as suas dívidas. O que a lei garante é 
justamente a participação proporcional do acionista na distribuição destes 
recursos. Com efeito, o rateio do acervo que resultar da liquidação da 
companhia deve proporcionar o mesmo tratamento para todos os acionistas da 
mesma classe ou categoria. 
 O direito de fiscalizar a gestão dos negócios da companhia vem estatuído no 
inciso III, do art. 109. O exercício desta faculdade legal ocorre de diversas 
formas, inclusive através do conselho fiscal e das auditorias independentes. 
 A fiscalização dos acionistas ocorre em variadas ocasiões, como na assembleia-
geral ordinária que ocorrerá quatro meses após o fim do exercício social (art. 
132) ou por meio da análise dos livros sociais que poderá ser requerida 
judicialmente por acionistas que representem, no mínimo, cinco por cento do 
capital, nas hipóteses do art. 105. 
 O direito de preferência, mencionado no inciso IV do art. 109, é disciplinado no 
art. 171. Trata-se de preferência para que o acionista participe 
proporcionalmente da subscrição de novas ações, diante do aumento de capital 
social. 
 Sem nos aprofundarmos demasiadamente neste tópico, é conveniente registrar 
que a Lei 6.404/76 procura assegurar ao acionista a possibilidade de manter a 
mesma posição acionária quantitativa que possuía anteriormente ao aumento de 
capital. 
 O último direito essencial previsto no art. 109 é o direito de recesso, previsto no 
art. 137, que faz remissão ao teor do art. 136, o qual será visto adiante. Apesar 
de ser um direito fundamental do acionista, perceba que, para que seja 
exercido, é necessária a configuração de algumas das hipóteses legais. 
 Contudo, o art. 137 não esgota o elenco de possibilidades para que o acionista 
possa exercer seu direito de retirada. Podemos mencionar, a título 
exemplificativo, a transformação da companhia, com fulcro no art. 221, ou a 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 26 
aquisição e controle de sociedade por preço superior àquele delineado no §2º, 
do art. 256. 
 
 
 
Por fim, vamos fazer alguns comentários sobre o direito do voto, lapidado 
no art. 110 da Lei 6.404/76. 
Ressalte-se que o voto não podeser considerado um direito essencial, já 
que pode ser suprimido de diversas formas no estatuto, como no caso de 
limitação a esta faculdade em certas classes de ações preferenciais ou 
suspensão deste direito para o acionista que deixa de cumprir obrigação legal 
ou estatutária, conforme a previsão do art. 120. 
Pode-se afirmar, inclusive, que o fato de determinados acionistas não 
possuírem o direito a voto é uma forma de manter o controle da sociedade, já 
que aqueles não poderão participar ativamente da vida social da companhia. 
Em regra, o titular de cada ação tem direito a um voto. Todavia, o aludido 
art. 110 nos apresenta duas importantes exceções. No §1º há previsão de que o 
“estatuto pode estabelecer limitação ao número de votos de cada acionista”. Ou 
seja, cria-se um teto, impedindo que um acionista individualmente tenha mais 
que um número específico de votos e, desta forma, não poderá exercer este 
direito em relação às ações excedentes. 
Já o §2º veda o chamado voto plural, impedindo que uma ação possa 
dispor de mais de um voto. Note que tal regra pode ser afastada no caso de 
voto múltiplo na eleição dos membros do Conselho de Administração, quando, 
de acordo com o art. 141, será atribuído a “cada ação tantos votos quantos 
sejam os membros do conselho, e reconhecido ao acionista o direito de cumular 
os votos num só candidato ou distribuí-los entre vários”. 
DDDDIIIIRRRREEEEIIII TTTTOOOOSSSS DDDDOOOO AAAACCCCIIIIOOOONNNNIIIISSSSTTTTAAAA 
---- ppppaaaa rrrr tttiiicccc iiippppaaaa rrrr ddddoooossss llluuuucccc rrrr oooossss ;;;; 
---- ppppaaaa rrrr tttiiicccc iiippppaaaa rrrr ddddoooo aaaacccceeee rrrr vvvvoooo ddddaaaa ccccoooommmmppppaaaannnnhhhh iiiaaaa ,,, nnnnoooo ccccaaaassssoooo ddddeeee 
çllliiiqqqquuuu iiiddddaaaaçççããããoooo ;;;; 
---- fffiiissss ccccaaaa llliiizzzzaaaa rrrr aaaa ggggeeeessss tttããããoooo ddddoooossss nnnneeeeggggóóóócccc iiioooossss ddddaaaa ccccoooommmmppppaaaannnnhhhh iiiaaaa ;;;; 
---- pppp rrrr eeee fffeeee rrrr êêêênnnncccc iiiaaaa ppppaaaa rrrraaaa aaaa ssssuuuubbbbssss cccc rrrçr iiiçççããããoooo ddddeeee aaaaççççõõõõeeeessss ,,, ppppaaaa rrrr ttteeeessss 
bbbbeeeennnneeee fffiiicccc iiiáááá rrrr iiiaaaassss ccccoooonnnnvvvveeee rrrr ssss ííívvvveeee iiissss eeeemmmm aaaaççççõõõõeeeessss ,,, ddddeeeebbbbêêêênnnn tttuuuurrrr eeeessss 
ccccoooonnnnvvvveeee rrrr ssss í ç çíívvvveeee iiissss eeeemmmm aaaaçççõõõõeeeessss eeee bbbbôôôônnnnuuuussss ddddeeee ssssuuuubbbbssss cccc rrrr iiiçççããããoooo ;;;; 
---- rrrr eeee tttiiirrrraaaa rrrr ---- sssseeee ddddaaaa ssssoooocccc iiieeeeddddaaaaddddeeee nnnnoooossss ccccaaaassssoooossss pppp rrrr eeeevvvv iiissss tttoooossss eeeemmmm 
llleeee iii... 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 27 
 O art. 111 nos traz a relevante previsão de retirada ou limitação do direito 
de voto das ações preferenciais. Vale registrar que para que o titular de tal 
modalidade de ação seja privado de seu direito a voto, deve haver previsão no 
estatuto, sob pena de poder exercer este direito como o acionista que possua 
ações ordinárias. 
 Contudo, o §1º subsequente prevê uma hipótese em que as ações 
preferenciais, mesmo não tendo direito a voto, adquirirão tal direito, o que 
ocorrerá quando “a companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 
3 (três) exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos 
a que fizerem jus, direito que conservarão até o pagamento, se tais dividendos 
não forem cumulativos, ou até que sejam pagos os cumulativos em atraso.” 
 Além desta possibilidade, a Lei 6.404/76 apresenta outros casos em que a 
limitação de voto por parte das ações preferenciais será afastada, como na 
assembléia de constituição da sociedade (art. 87, §2º), deliberações sobre 
transformação da sociedade (art. 221), dentre diversas outras.6 
 
 
 
 
 
 
 
 Outro assunto que merece ênfase é o exercício abusivo do direito de voto, 
conforme previsão do art. 115 da Lei 6.404/76. 
 Ao exercer seu direito de voto, o acionista deve agir com lealdade, em 
harmonia com os interesses e objetivos da companhia, colocando em segundo 
plano os interesses pessoais que conflitem diretamente com aqueles almejados 
pela sociedade. 
 A definição de quando estará configurada a hipótese do abuso do direito 
do voto está insculpida ao longo do referido artigo legal que dispõe que 
“considerar-se-á abusivo o voto exercido com o fim de causar dano à companhia 
ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não 
 
6 Em sua precisa e esclarecedora obra, Fábio Ulhoa aponta, ainda, as hipóteses 
insculpidas nos seguintes dispositivos legais da Lei das S.A.: art. 161, §4º; art. 141, §4, II; art. 
44.§6º; art. 136, §1º; art. 215, §1º; art. 4º-A; art. 229, §5º. 
MESMO COM A LIMITAÇÃO OU RETIRADA DO 
DIREITO DE VOTO, AS AÇÕES PREFERENCIAIS 
PODEM EXERCER ESTE DIREITO EM 
DETERMINADAS HIPÓTESES LEGAIS 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 28 
faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou para 
outros acionistas.” 
 O parágrafo primeiro apresenta exemplos de situações onde o interesse 
do acionista se choca diretamente com o da companhia, quando menciona o 
impedimento de que vote nas “deliberações da assembléia-geral relativas ao 
laudo de avaliação de bens com que concorrer para a formação do capital social 
e à aprovação de suas contas como administrador.” 
 É certo que, estando o acionista ciente de sua posição conflitante com os 
interesses da companhia, deve arguir sua suspeição. E qual a conseqüência para 
o acionista que, mesmo ciente de tal impedimento, exerce seu direito de voto? 
 O §3º do mesmo artigo determina que o acionista responde por todos os 
danos que forem causados por ter exercido abusivamente seu direito. E, 
atenção candidato, a mesma norma determina que o acionista deverá ser 
responsabilizado mesmo que seu voto não tenha prevalecido. 
 Para concluir, perceba que, nos termos do §4º, a “deliberação tomada em 
decorrência do voto de acionista que tem interesse conflitante com o da 
companhia é anulável”. 
 Ao tratar deste dispositivo, o já citado professor José E. Tavares Borba 
assevera que “o voto conflitante, além de gerar responsabilidade indenizatória e 
obrigação de transferir à sociedade as vantagens auferidas, acarreta a 
anulabilidade da deliberação para a qual tenha sido decisivo. Em outras 
palavras: se afastado o voto conflitante, os votos remanescentes não se 
afigurarem suficientes para manter a prevalência da decisão, poderá esta ser 
anulada, mediante iniciativa de qualquer interessado”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O EXERCÍCIO ABUSIVO DO DIREITO DE VOTO 
GERA A RESPONSABILIDADE DO ACIONISTA, 
AINDA QUE SEU VOTO NÃO HAJA PREVALECIDO. 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 29 
1.7. Poder de controle e direitos dos acionistas minoritários 
 
As razões que levam uma pessoa a se tornar acionista de uma empresa 
são as mais diversas. Neste sentido, trazemos à baila, a lição do célebre autor 
de Direito Comercial, Rubens Requião, mestre que nos ensina que: 
 
 “(...) em nosso mercado identificamos hoje em dia, essas espécies 
de acionistas, classificados conforme suas pretensões: o acionista-rendeiro 
pretende das ações apenas uma renda permanente, objetivando em sua 
carteira acionária a constituição de um patrimônio rentável (...)O 
acionista-especulador mais se preocupa com os pregões da bolsa, onde 
pretende lucros imediatos, pouco se importando em usufruir dividendos ou 
direitos, pois visa apenas aos resultados de sua especulação. O acionista-
empresário não se preocupa senão com a prosperidade da empresa que 
lhe dá poder e, sobretudo, influência social. Este último (...) pretende 
manter, a todo o custo, a posição de controle.” 
 
 Assim, resta claro que o controle da sociedade não é um objetivo comum 
a todos os acionistas da companhia, pelos mais diversos fundamentos inerentes 
a cada um deles. 
 Entre os grupos restantes que tem interesse em conduzir as atividades 
econômicas realizadas pela companhia, para se ter conhecimento daquele que de 
fato pode ser chamado de controlador, o art. 116 da Lei 6.404/76 dispõe que se 
deve entender por acionista controlador a pessoa ou conjunto de pessoas que: 
� é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo 
permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembléia-
geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da 
companhia; e 
� usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e 
orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. 
 Pela definição acima transcrita, nota-se que, para ser considerado 
controlador, o acionista, além de ter a maioria permanente dos votos 
nas assembléias e o poder de eleger a maioria dos administradores da 
companhia, deve usar este poder para comandar a sociedade. Por isso, 
podemos afirmar que o sócio pode ser majoritário mas não necessariamente 
será o controlador da companhia. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 30 
 É importante salientar que o acionista controlador também pode ser um 
grupo de pessoas, ou seja, vários sócios que juntam suas participações 
societárias para orientar a condução dos negócios da empresa. 
 Estando a figura do acionista, ou grupo de acionistas, amoldada à 
hipótese de controlador, conforme previsão do art. 116, surgem algumas 
responsabilidades em virtude da lei. 
 O próprio parágrafo único do art. 116 prevê que “o acionista controlador 
deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e 
cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os 
demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a 
comunidade (...).” 
 Além destas determinações fluidas e que merecem uma apreciação 
casuística, o seguinte art. 117 apresenta um rol, não exaustivo, de diversas 
condutas que podem ser caracterizadas como abuso de poder, onde se 
evidencia que o acionista controlador deve ter atuado de má-fé, colocando 
em segundo plano os interesses da empresa. As condutas elencadas são as 
seguintes: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) orientar a companhia para fim estranho ao objeto social ou lesivo ao interesse 
nacional, ou levá-la a favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira, em prejuízo da 
participação dos acionistas minoritários nos lucros ou no acervo da companhia, ou da 
economia nacional; 
 b) promover a liquidação de companhia próspera, ou a transformação, incorporação, 
fusão ou cisão da companhia, com o fim de obter, para si ou para outrem, vantagem 
indevida, em prejuízo dos demais acionistas, dos que trabalham na empresa ou dos 
investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia; 
 c) promover alteração estatutária, emissão de valores mobiliários ou adoção de 
políticas ou decisões que não tenham por fim o interesse da companhia e visem a causar 
prejuízo a acionistas minoritários, aos que trabalham na empresa ou aos investidores em 
valores mobiliários emitidos pela companhia; 
 d) eleger administrador ou fiscal que sabe inapto, moral ou tecnicamente; 
 e) induzir, ou tentar induzir, administrador ou fiscal a praticar ato ilegal, ou, 
descumprindo seus deveres definidos nesta Lei e no estatuto, promover, contra o interesse 
da companhia, sua ratificação pela assembléia-geral; 
 f) contratar com a companhia, diretamente ou através de outrem, ou de sociedade 
na qual tenha interesse, em condições de favorecimento ou não equitativas; 
 g) aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de administradores, por 
favorecimento pessoal, ou deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse saber 
procedente, ou que justifique fundada suspeita de irregularidade; 
 h) subscrever ações, para os fins do disposto no art. 170 (aumentá-lo mediante 
subscrição pública ou particular de ações), com a realização em bens estranhos ao objeto 
social da companhia. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 31 
 
 Adiante, o art. 118 aborda uma importante figura: o acordo de acionistas. 
 Podemos definir acordo de acionistas como uma forma de 
estabilização das relações entre certos acionistas, que negociam 
determinados comportamentos que serão exercidos pelos contratantes, 
tais como o exercício do direito do voto ou a alienação de ações. 
 Pelo exposto, pode-se afirmar que o objetivo desta modalidade de 
contrato é justamente criar um ambiente estável para que se desenvolva a 
relação de poder entre os acionistas, funcionando como um importante 
instrumento de composição nos diferentes interesses dos grupos que atuam de 
modo mais vigoroso na vida social da companhia. 
 O ordenamento jurídico vigente tem como premissa a liberdade contratual 
entre as partes. Com efeito, os acionistas podem celebrar contratos sobre os 
mais diversos assuntos. Todavia, somente aqueles instrumentos que versarem 
especificamente sobre as matérias tratadas no art. 118 devem se submeter à 
disciplina lá insculpida. 
 O aludido artigo dispõe que o acordo de acionista deve versar sobre: a 
compra e venda de ações, preferência para adquiri-las, exercício do direito a 
voto, ou do poder de controle. Ademais, para que produza seus efeitos, o 
acordo de acionista deve estar arquivado na sede da companhia. 
 Estando o acordo submetido às regras do art. 118, a companhia não pode 
se opor ao teor daquilo que foi contratado pelas partes (perceba que, se 
tratando de outros contratos, a sociedade seria estranha à relação estabelecida, 
não existindo vedação a que atuasse de modo contrário ao que foi ajustado). 
 Assim, caso os sócios celebrassem acordo dando direito de preferência 
recíproco entre eles para a venda de ações, não poderia a companhia registrar a 
transferência de tais títulos para um terceiro, sem que fosse dada oportunidade 
de compra a um acionista que participou do ajuste. Também não seria possível 
computar os votos de um acionista que fosse em sentido contrário do que está 
consignado no acordo de acionista (§8º do art. 118). 
 Ressalte-se que, para que seja oponível a terceiros, os contratos devem 
ser “averbados nos livros de registro e nos certificados das ações, se emitidos” 
(§1º). Para a companhia, como vimos, basta o arquivamento na sua sede. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 32 
 O §3º prevê a chamada execução específica. Ou seja, caso haja violação 
de algum dos termos do acordo, a parte contratante lesada poderá ir 
diretamente à juízo pleitear que o Poder Judiciário prolate decisão, a qual terá 
os mesmos efeitos da prestação inadimplida pelo outro contratante. Melhor 
explicando, caso um contratante, por exemplo, se abstenha de votar do modo 
convencionado no acordo, a decisão judicial equivalerá aos votos que deveriam 
ter sido oferecidos por este acionista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como proteção aos acionistas minoritários, temos um importante instituto 
chamado de tag along right. Isto significa que, caso os controladores 
resolveremalienar o controle da companhia, o potencial adquirente será 
obrigado a realizar uma oferta pública das demais ações com direito a voto, 
pagando preço equivalente ao que pagou pelas ações do controlador. Esta regra 
foi incluída pela Lei nº 10.303 de 2001, no art. 254-A: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACORDO DE ACIONISTAS 
Contrato pelo qual determinados acionistas, negociam comportamentos que serão exercidos 
pelas partes, tais como o exercício do direito do voto ou a alienação de ações; 
Deve versar sobre a compra e venda de ações, preferência para adquiri-las, exercício do 
direito a voto, ou do poder de controle; 
Deve ser arquivado na sede da companhia para que produza efeitos em relação a ela; para 
terceiros devem ser “averbados nos livros de registro e nos certificados das ações, se 
emitidos”; 
É possível a execução específica. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.8. Administração e demais órgãos da companhia 
 
A estrutura das sociedades anônimas é naturalmente complexa. 
 O expressivo volume de recursos e a grande quantidade de pessoas 
envolvidas nos negócios das companhias certamente demanda que seja feita 
uma divisão de tarefas, bem como um efetivo controle das atividades 
desempenhadas por todos. 
 Também é natural que seja dada uma atenção especial para os valores 
investidos pelos acionistas, de modo que o objetivo final do lucro possa ser 
alcançado, através do exercício do objeto empresarial da sociedade. 
 Esse desdobramento interno nos diversos departamentos e funções não é de 
todo relevante para nosso estudo. O que o direito procura tutelar são alguns 
órgãos previstos na Lei 6.404/76, que fazem parte da cúpula da companhia, quais 
sejam: assembleia-geral, conselho de administração, diretoria e conselho fiscal. 
 Antes de tratarmos do regime legal referente a cada um destes órgãos, é 
necessário recordar que, justamente por serem considerados parte integrante 
da companhia, os órgãos não têm personalidade jurídica. Com efeito, os órgãos 
não podem ser demandados em juízo e tampouco tem patrimônio próprio. Suas 
Art. 254-A. A alienação, direta ou indireta, do controle de companhia aberta somente poderá 
ser contratada sob a condição, suspensiva ou resolutiva, de que o adquirente se obrigue a 
fazer oferta pública de aquisição das ações com direito a voto de propriedade dos demais 
acionistas da companhia, de modo a lhes assegurar o preço no mínimo igual a 80% (oitenta 
por cento) do valor pago por ação com direito a voto, integrante do bloco de controle 
§ 1o Entende-se como alienação de controle a transferência, de forma direta ou indireta, de 
ações integrantes do bloco de controle, de ações vinculadas a acordos de acionistas e de 
valores mobiliários conversíveis em ações com direito a voto, cessão de direitos de 
subscrição de ações e de outros títulos ou direitos relativos a valores mobiliários 
conversíveis em ações que venham a resultar na alienação de controle acionário da 
sociedade. 
§ 2º A Comissão de Valores Mobiliários autorizará a alienação de controle de que trata o 
caput, desde que verificado que as condições da oferta pública atendem aos requisitos legais 
§ 3º Compete à Comissão de Valores Mobiliários estabelecer normas a serem observadas na 
oferta pública de que trata o caput. 
§ 4º O adquirente do controle acionário de companhia aberta poderá oferecer aos acionistas 
minoritários a opção de permanecer na companhia, mediante o pagamento de um prêmio 
equivalente à diferença entre o valor de mercado das ações e o valor pago por ação 
integrante do bloco de controle. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 34 
manifestações confundem-se com a própria vontade das sociedades, já que são 
parte integrante delas. 
 Deste modo, quando o conselho fiscal ou o conselho de administração 
externam sua posição em relação a um assunto dentro de suas esferas de 
competência, é a própria companhia que o está fazendo, e não os membros 
isolados daqueles órgãos. 
 
 Assembleia-geral 
 
 A assembleia-geral é o órgão máximo de deliberação da 
companhia. Ao dispor sobre os poderes da assembléia-geral, o art. 121 da Lei 
6.404/76 afirma que este órgão “tem poderes para decidir todos os negócios 
relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes 
à sua defesa e desenvolvimento”. 
 Apesar desta competência genérica para tratar dos assuntos relativos à 
gestão da companhia, o art. 122 apresenta um rol de matérias que são de 
competência privativa da assembléia-geral, não podendo ser atribuídas a outros 
órgãos da sociedade. Desta forma, havendo necessidade de deliberar sobre 
estas questões, é necessária a convocação da assembléia-geral. O referido 
elenco é o seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 I - reformar o estatuto social; 
II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da 
companhia, ressalvado o disposto no inciso II do art. 142; 
III - tomar, anualmente, as contas dos administradores e deliberar sobre as 
demonstrações financeiras por eles apresentadas; 
IV - autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o disposto no § 1o do art. 59 
V - suspender o exercício dos direitos do acionista (art. 120); 
VI - deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a 
formação do capital social; 
VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias; 
VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua 
dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e 
IX - autorizar os administradores a confessar falência e pedir concordata. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 35 
O caput do art. 123 dispõe que a competência para a convocação da 
assembleia-geral pertence ao conselho de administração ou aos diretores. 
Contudo, perceba, candidato, que as hipóteses insculpidas nos itens “a” a “d” do 
parágrafo único do mesmo artigo apresentam situações nas quais o conselho 
fiscal e os próprios acionistas podem convocar a realização da assembleia-geral. 
 É oportuno ressaltar que nas três situações onde é possível aos acionistas 
a convocação da assembleia-geral (itens “b”, “c” e “d”), ocorre a inércia dos 
administradores. 
 As formalidades para a convocação da assembléia-geral encontram-se 
estatuídas no art. 124. O legislador procurou neste artigo oferecer as condições 
necessárias para que fosse dada a publicidade devida à convocação do órgão, 
de modo que todos os acionistas interessados sejam cientificados. 
 A não observância das regras inseridas no aludido art. 124 poderá gerar a 
nulidade das deliberações, exceto no caso de todos os acionistas comparecem à 
assembleia-geral, nos termos do §4º. 
 Além das formalidades previstas no art. 124, para que a assembleia-geral 
se instale em primeira convocação e dê início aos trabalhos, é necessário um 
número mínimo de acionistas. O art. 125 determina que “a assembleia-geral 
instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença de acionistas que 
representem, no mínimo, 1/4 (um quarto) do capital social com direito de voto; 
em segunda convocação instalar-se-á com qualquer número.” 
 O parágrafo único do art. 125 apresenta uma importante regra para os 
acionistas sem direito a voto, dispondo que lhes será permitido ter o direito de 
voz durante a assembleia-geral. 
 Durante os trabalhos da assembleia-geral, quantos votos são necessários 
para que uma matéria seja considerada