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Capítulo 2 Rec Ter Eletroterápicos


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Recursos Terapêuticos Eletroterápicos Capítulo II 
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RECURSOS TERAPÊUTICOS ELETROTERÁPICOS 
A eletroterapia é o uso da corrente elétrica de baixa e média frequência para fins 
terapêuticos. Na eletroterapia as correntes aplicadas pelos seus geradores são somente 
de baixa frequência (0 à 200 Hz) e média frequência (acima de 200 Hz à 10.000 Hz), 
porém no mercado atual se trabalha com correntes de 1000 Hz à 5000 Hz. 
A corrente elétrica interage bem com tecidos vascularizados e irá gerar um fluxo 
de partículas carregadas dentro dos tecidos onde a corrente será aplicada, e causar 
efeitos fisiológicos no tecido alvo. Essa movimentação de íons, elétrons e moléculas são 
determinadas pelo parâmetro, que podem agir inibindo ou excitando as células, a fim de 
normalizar sua função. Ou seja, o ajuste dos parâmetros que irá determinar a finalidade 
terapêutica. 
As correntes elétricas de baixa e média frequência são indicadas para os seguintes 
efeitos terapêuticos: 
 Auxiliar na redução de edema; 
 Controle da dor (aguda, crônica ou persistente); 
 Estimular Cicatrização tecidual (fechamento de feridas, úlceras de decúbito e 
venosas); 
 Iontoforese (facilitar a entrada de fármacos no tecido, para que isso aconteça, o 
fármaco deve possuir a mesma polaridade do eletrodo – princípio de repulsão de 
cargas); 
 Estimular a contração muscular seja para manter o trofismo do músculo, ou 
estimular o ganho de força muscular; 
 Manutenção da ADM 
 Treinamento funcional. 
Lembre-se: Para cada uma dessas indicações 
 existe uma corrente que é melhor e um 
conjunto de parâmetros que é mais adequado. 
Recursos Terapêuticos Eletroterápicos Capítulo II 
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 Efeitos da corrente elétrica 
O gerador de corrente (aparelho de eletroterapia) é ligado a cabos que se 
conectam a eletrodos, um eletrodo funciona como um pólo positivo (anodo – atrai 
ânions) e o outro funciona como um pólo negativo (catodo – atrai cátions). 
O campo elétrico gerado pela corrente elétrica tem efeitos mais superficiais, e 
induzem a dois tipos de efeitos nos tecidos, ambos utilizados para o tratamento. 
 
1. Efeitos eletroquímicos: quando há a movimentação de íons no tecido 
acumula íons positivos debaixo do pólo negativo (induz a uma reação básica 
que forma NaOH) e íons negativos debaixo do pólo positivo (forma HCl) 
levando à uma alteração do pH tecidual. 
Alguns tipos de correntes induzem a um movimento de íons alternado (fluxo 
de elétrons bidirecional) formando as substâncias NaOH e HCl mas, elas não 
se acumulam por causa da inversão de polaridade da corrente, e pelo fato do 
próprio organismo reagir para manter o pH. O organismo reage com 
aumento do fluxo sanguíneo não deixando causar efeitos lesivos no tecido. 
No entanto, há correntes em que a polaridade é fixa (fluxo de elétrons 
unidirecional), ocorrendo acúmulo de ácido clorídrico (HCl) abaixo do pólo 
positivo, e de soda cáustica (NaOH) abaixo do pólo negativo. Dependendo 
do tempo de aplicação da corrente e dos seus parâmetros pode induzir a uma 
queimadura, por substância química. 
 
2. Efeitos eletrofísicos: o campo elétrico gerado na superfície cutânea induz a 
movimentos de íons, moléculas e proteínas, sendo isso suficiente para 
despolarizar nervos periféricos. 
 
 
Recursos Terapêuticos Eletroterápicos Capítulo II 
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 Técnicas de colocação dos eletrodos 
Os eletrodos são um meio de transferência da corrente elétrica para o tecido. 
Existem os eletrodos de superfície, que são: borracha com carbono e de metal, e os 
intracavitários, para tratar disfunções miccionais e incontinência fecal. 
É necessário um meio acoplador (gel a base de água) para facilitar a condução 
da corrente elétrica para o tecido. Quando esses eletrodos são colocados na superfície 
cutânea estamos realizando a estimulação elétrica transcutânea que é conhecida 
internacionalmente pela sigla TENS. 
Existem duas técnicas de colocação do eletrodo, bipolar ou monopolar, que são 
definidas de acordo com o objetivo da intervenção e da localização do tecido alvo. 
1. Técnica bipolar: quando ambos os eletrodos se localizam na área de 
tratamento. Os eletrodos devem ser do mesmo tamanho e devem ser 
colocados com uma distância de 1 ou no máximo 2x o tamanho do 
eletrodo, a fim de atingir tecidos mais profundos. 
2. Técnica monopolar: quando os eletrodos são colocados distantes um do 
outro. Nesta técnica um eletrodo é chamado de ativo, e está localizado na 
área alvo do tratamento, e o outro, chamado de passivo ou dispersivo, é 
colocado em uma área distante e vascularizada, da área alvo. O tamanho 
do eletrodo ativo deve corresponder à área de tratamento, já o eletrodo 
passivo deve possuir o dobro do tamanho do eletrodo ativo. 
 Contra-indicações das correntes: 
 Na área pré-cordial (região do coração e marca-passo cardíaco) porque o coração 
é um tecido muito excitável e a eletroterapia pode alterar tanto o funcionamento 
cardíaco quanto o marca-passo. 
 Região anterior do pescoço porque há muitos receptores importantes neste local 
como os da PA, causando alterações na PA como queda ou elevação abrupta. 
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 Áreas onde exista a presença de trombose arterial ou venosa porque a corrente 
elétrica estimula o fluxo sanguíneo podendo deslocar esse trombo e causar uma 
embolia. 
 Região abdominal em mulheres grávidas porque a região do útero gravídico é 
rica em líquido e íons que se estimulado, principalmente nos três primeiros 
meses de formação, pode alterar a formação do feto. 
 Indivíduos com suspeita ou certeza de tumor não se aplica nenhum recurso 
terapêutico para evitar estimular o desenvolvimento do mesmo. No entanto, em 
indivíduos com estágio avançado de câncer usa-se a estimulação elétrica para 
controle da dor. 
 Áreas de irritação da pele ou de feridas abertas podendo usar o eletrodo sobre a 
ferida quando for para fechar a mesma, do contrário a pele tem que estar integra 
porque a pele funciona como uma barreira para a corrente elétrica e numa ferida 
aberta é bem mais fácil induzir o movimento iônico podendo aumentar pela 
concentração de íons o tamanho da ferida. 
 Precauções: 
 Pacientes com doenças cardíacas, hipertensos, em uso de anti-hipertensivos, 
porque a eletroterapia estimula também nervos que fazem parte do sistema 
nervoso autônomo podendo alterar no controle da PA. Nesses casos, antes, 
durante e depois da aplicação da eletroterapia é necessário monitorar a pressão 
do paciente. 
 Indivíduos com deficiência mental, pois eles podem ter uma reação inesperada. 
 Regiões com alteração de sensibilidade, principalmente em relação à sensação 
de dor. 
 Áreas com grande depósito de tecido adiposo, pois a estimulação não atinge 
tecidos mais profundos por causa da barreira que o tecido adiposo promove, 
sendo necessário o aumento da dose. O aumento da dose implica no desconforto 
da aplicação do recurso, e a dor inibi a contração muscular. 
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TERMINOLOGIA EM ELETROTERAPIA 
 
 Tipos de estimulação elétrica: 
 Estimulação elétrica: uso da corrente elétrica para tratamento de lesões em 
tecidos não excitáveis, como: tendão, ligamento, osso. 
 Estimulação elétrica neuromuscular: ação de estímulos elétricos terapêuticos 
aplicados sobre o muscular através do seu sistema nervoso periférico íntegro. 
 Estimulação elétrica muscular: uso da eletroterapia para produzir contração em 
músculos com comprometimento parcial ou total da inervação. 
 
 Corrente elétrica 
Uma corrente elétrica éuma sequência de pulsos elétricos. Um pulso elétrico 
pode ser representado por uma onda onde a altura é chamada de amplitude, e a duração 
dessa onda é chamada de duração de pulso. Estes parâmetros (amplitude e duração de 
pulso), são determinantes da dose (intensidade). 
 
 Limiares 
O primeiro parâmetro a ser definido depois de avaliar o paciente e determinar a 
indicação terapêutica é o limiar da estimulação. Na eletroterapia há quatro níveis de 
estimulação elétrica que são determinados de acordo com a amplitude da corrente e da 
duração do pulso da corrente sendo o produto entre os mesmos. 
 
Limiar da estimulação = amplitude da corrente x duração do pulso da corrente 
 
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1. Limiar Subsensitivo: produz uma dose suficiente para despolarizar membrana 
celular, não atingindo limiar da fibra nervosa, portanto o indivíduo não sente 
nada. Este limiar tem a finalidade de tratar sinais e sintomas inflamatórios, 
exceto dor. E estimula a fase proliferativa (formação do tecido de granulação, 
angiogênese e fibroplasia). 
2. Limiar Sensorial: gera dose o suficiente para despolarizar as fibras sensoriais e 
autonômicas, portanto o indivíduo relata parestesia. Não possui carga o 
suficiente para despolarizar fibra motora. Muito indicado para controle da dor 
(Teoria das comportas- liberação de encefalina) e todos os outros benefícios do 
limiar subsensitivo. 
3. Limiar Sub motor: produz dose o suficiente para despolarizar fibras motoras, 
portanto o indivíduo relata parestesia, e é visível a contração muscular. Indicado 
para modulação da dor (Castel nível II- liberação de serotonina), e produz 
contrações leves, não sustentadas e ritmadas gerando manutenção de ADM. 
4. Limiar Supra motor: produz dose o suficiente para despolarizar fibras motoras, 
portanto o indivíduo relata parestesia, e é visível a contração muscular. Produz 
contrações tetânicas, sustentadas e fortes , portanto é melhor indicada para 
fortalecimento muscular. 
5. Limiar Nocivo: gera uma dose com a duração de pulso maior que 1 segundo e 
uma amplitude suficiente para uma resposta sensorial ou motora associada. O 
indivíduo relata uma sensação de desconforto extremo sendo indicada para 
modulação de dores de alta intensidade por liberar opióides endógenos (Castel 
nível III). 
 
 Principais parâmetros eletroterápicos 
Para cada tipo de estimulação seja elétrica, neuromuscular ou muscular, existe 
uma combinação de parâmetros. 
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 Amplitude (mA ou mV): relacionada a altura do pulso. 
 Duração de pulso (µs ou ms): tempo que o pulso leva para sair da sua amplitude 
mínima, atingir a amplitude máxima e retornar ao valor mínimo do mesmo. 
 Frequência (pps ou Hz): número de pulsos por segundo. 
 Taxa Rise (s): tempo que o pulso leva para alcançar sua amplitude máxima. 
 Taxa Decay (s): tempo que o pulso leva para chegar ao seu valor mínimo. 
 Tempo ON (s): período em que se visualizada a contração muscular. 
 Tempo OFF (s): período onde não há contração muscular, período de repouso. 
 Rampa de subida (s): tempo que uma sequência de pulsos leva para chegar ao 
seu valor máximo. 
 Rampa de descida (s): tempo que a sequência de pulsos leva para chegar ao seu 
valor mínimo (zero). 
 Tempo do tratamento. 
 
São moduladas: Amplitude, Duração de pulso e Frequência para não gerar 
acomodação. No mercado essas modulações são encontradas como: 
 BURST: modulação em trens de pulso. 
 VIF ou IFM em inglês que significa: variação de intensidade e frequência: 
altera amplitude e frequência do pulso. 
 
Obs.: Os parâmetros rise e decay, tempo ON e OFF, rampa de subida e rampa de 
descida são exclusivamente modulados, quando o objetivo for alcançar o limiar motor 
para fortalecimento muscular, contração muscular e treinamento funcional, nos demais 
objetivos estes parâmetros são zerados. 
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CLASSIFICAÇÃO DAS CORRENTES 
 
A corrente pode ser classificada quanto ao seu fluxo de elétrons: 
 Unidirecional: fluxo de elétrons ocorre somente em uma única direção, pois há 
definição dos polos dos eletrodos. Esta corrente possui um predomínio do efeito 
eletroquímico. 
 Bidirecional: fluxo de elétrons ocorre em duas direções, pois não possui 
definição dos polos dos eletrodos. Esta corrente possui um predomínio do efeito 
eletrofísico. 
 
 Características do pulso elétrico 
O pulso pode ser classificado quanto a sua fase: 
 Monofásico: É assim classificada uma corrente que possui uma única fase, e 
possui forte efeito eletroquímico. 
 Bifásico: É assim classificada uma corrente que possui duas fases. 
O pulso pode ser classificado quanto a sua forma, que o torna mais agressivo e 
mais excitável ou menos agressivo e menos excitável: 
 Retangular 
 Triangular 
 Sinusoidal: menos desconfortável 
 Pontiaguda: mais agressiva 
. 
Os pulsos bifásicos podem ser classificados quanto a possuírem a mesma forma 
em ambas as fases ou não, que são: 
Quanto mais debilitado for o 
músculo, 
mais agressiva tem que ser a 
corrente 
para que ocorra uma estimulação 
satisfatória 
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 Simétrico 
 Assimétrico 
Os pulsos bifásicos podem ser classificados quanto a possuírem a mesma área 
em ambas as fases ou não, que são: 
 Equilibrada 
 Desequilibrado 
 
TIPOS DE CORRENTE TERAPÊUTICAS 
 
 Corrente direta ou contínua: 
É um fluxo unidirecional e contínuo de partículas carregadas com duração de 
pulso de pelo menos um segundo. Os parâmetros manipuláveis dessa corrente são a 
amplitude e duração de pulso. Suas principais indicações são: Iontoforese, tratamento de 
estrias, cicatrização de feridas e contração muscular de músculos denervados. 
Classificada como corrente de baixa frequência (0-200 Hz). 
Exemplos de correntes contínuas: Galvânica, ultra excitante. 
Por se tratar de uma corrente contínua, e possuir um alto poder para causar 
lesões químicas, existem três modulações para minimizar esses efeitos: 
1. Corrente direta interrompida: pode ser chama de ultra excitante ou galvânica 
pulsada, onde de 1 em 1 segundo o pulso é interrompido. Quando a corrente se 
interrompe o organismo agi para melhorar o pH tecidual. 
2. Corrente direta reversa: de 1 em 1 segundo os polos se revertem, portanto os 
íons acumulados são dispersados minimizando a formação de HCl e NaOH e, 
por consequência o efeito no pH. Esse modo é utilizado para contração muscular 
e cicatrização de feridas. 
Recursos Terapêuticos Eletroterápicos Capítulo II 
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3. Corrente rampeada: a ascensão do pulso deixa de ser abruta (desconfortável) 
passando a ter uma ascensão mais suave o que implica em uma sensação mais 
confortável para o indivíduo. 
Para que não haja risco de lesão a amplitude máxima deve ser calculada, caso a 
aplicação dessa corrente seja monopolar. 
Densidade = amplitude (mA) ÷ Área do eletrodo (cm2) 
 
A amplitude máxima para um eletrodo para um polo positivo é de 1,0 mA/ cm² e 
para um polo negativo é de 0,5 mA/ cm². 
 
 Corrente alternada: 
Seu fluxo é bidirecional e contínuo (todos os pulsos são unidos, não há espaço 
entre eles) de partículas carregadas no qual a mudança na direção do fluxo ocorre pelo 
menos uma vez a cada segundo. Os parâmetros manipuláveis dessa corrente são a 
amplitude, duração de pulso e taxa rise e decay, sendo os dois últimos parâmetros 
normalmente fixos na maioria dos aparelhos. Suas principais indicações são: contração 
musculare controle da dor. Classificada como corrente de média frequência (1000 Hz- 
5000 Hz). 
Exemplos de correntes alternadas: Interferencial, Russa, Aussie. 
Nesse tipo de corrente os efeitos eletroquímicos são quase nulos, a ocorrência ou 
não desses efeitos vai depender se esses pulsos são equilibrados (menor efeito 
eletroquímico) ou desequilibrados (maior efeito eletroquímico). 
 
 Corrente Pulsada: 
Caracteriza-se por um breve fluxo unidirecional ou bidirecional de íons ou 
elétrons separados por um breve período (microssegundos) no qual não há nenhum 
fluxo elétrico. Os parâmetros manipuláveis são a duração de fase (monofásica)/pulso 
Recursos Terapêuticos Eletroterápicos Capítulo II 
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(bifásica), amplitude, frequência, tempo on e tempo off. Suas principais indicações são: 
contração muscular e controle da dor. Classificada como corrente de baixa frenqência (0 
– 200 Hz). 
Exemplos de correntes pulsadas: Farádica (pulsada unidirecional), Diadinâmica 
(pulsada unidirecional), Tens (pulsada bidirecional), Fes (pulsada bidirecional), High 
Volt (pulsada unidirecional). 
Na corrente pulsada, existem parâmetros que podem ser modulados para evitar 
acomodação, que são: 
 BURST 
 VIF 
 Rampa de subida e descida 
 Amplitude 
 Duração de pulso 
 Frequência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recursos Terapêuticos Eletroterápicos Capítulo II 
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Cálculo do tempo para estimular um músculo – EXEMPLO 
Tempo ON = 10 s; 
 Tempo OFF = 30 s; 
Intervalo entre cada série = 60 s; 
 Número de contrações = 10; 
Número de Séries = 3. 
Cada ciclo de contração muscular (tempos ON + OFF) durará 40s. Deve-se 
determinar quantas contrações o indivíduo terá que fazer e multiplicar pelo valor do 
ciclo: 
40 s x 10 contrações = 400 s 
Determinar quantas séries serão feitas: 
400 s x 3 séries = 1200 s 
Estipular intervalo de descanso entre as séries (2 intervalos), sendo que nos 
aparelhos não há tempo de descanso, portanto a interrupção deve ser feita 
manualmente. 
1200 s + (2 x 60 s) = 1320 s 
Transformando em minutos: 
1320 s / 60 s = 22 min. 
Obs.: Quanto mais fraca for a musculatura a ser estimulada, mais tempo será 
gasto para fazer um tratamento com eletroterapia. Porque o tempo OFF e os 
intervalos entre as séries deverão que ser maiores. 
 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
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TIPOS DE CORRENTES X OBJETIVOS TERAPÊUTICOS 
 
Para que seja feita a escolha da corrente, deve-se pensar no objetivo da 
intervenção e a partir do objetivo definido, escolher a corrente elétrica que tem as 
características que irão causar os efeitos fisiológicos desejados. 
Sendo que a eletroterapia é indicada para: 
 Alivio de dor; 
 Estimular a contração muscular (treinamento funcional, fortalecimento 
muscular, auxiliar no retorno venoso, manutenção de trofismo num músculo 
denervado ou que tenha dificuldade de contrair ativamente); 
 Cicatrização de feridas; 
 Redução de edema; 
 Iontoforese. 
 
 Corrente Galvânica 
Trata-se de uma corrente contínua de intensidade constante e frequência = 0, ou 
seja, tem ação superficial. É uma corrente polarizada de intenso efeito eletroquímico, 
com intensidade constante, tendo facilidade para ocorrer a acomodação. 
A forma de onda dessa corrente é um pulso retangular, onde a duração de pulso será seu 
tempo de aplicação. 
 Indicações: 
1. Iontoforese (principal indicação) – usar o limiar subsensitivo ou sentitivo para 
este objetivo. É um processo que usa da ação da corrente direta contínua para 
favorecer a penetração de íons no tecido, através do princípio de repulsão de 
cargas elétricas. 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
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O eletrodo que recebe o íon é chamado eletrodo ativo e o eletrodo que fecha o 
circuito elétrico é chamado de eletrodo dispersivo ou passivo. Na maioria das 
vezes a iontoforese utiliza de técnicas de colocação de eletrodos monopolar. 
A eficácia da iontoforese como técnica de tratamento depende: do número de 
íons que são transferidos (quanto mais íons transferidos melhor), da 
concentração de íons na solução e da profundidade de penetração da droga no 
tecido (isso depende da espessura da pele, presença ou não de tecido adiposo, 
profundidade da estrutura alvo). 
Parâmetros 
Amplitude: 1 a 4 mA no limiar sensorial. 
Tempo de aplicação: de 20 a 40 min. 
Dose: 40 a 80 mAmin 
Deve- se calcular a amplitude máxima do eletrodo ativo 
Densidade = amplitude (mA) ÷ Área do eletrodo (cm2) 
A amplitude máxima para um eletrodo para um polo positivo é de 1,0 mA/ cm² e 
para um polo negativo é de 0,5 mA/ cm². 
Modulações podem ser feitas para diminuir o efeitos eletroquímico, como: 
corrente galvânica interrompida, corrente galvânica reversa, ou a corrente 
galvânica rampeada. 
Aplicações específicas: para tratamento de sinais inflamatórios principalmente em 
artrites, bursites e tendinites; alivio de dor; auxiliar a reabsorção de edema; ulceras 
isquêmicas; tratamento de problemas fúngicos da pele. 
 
2. Tratamento de estrias – usar o limiar nocivo para este objetivo. 
 
 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
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 Corrente Galvânica Pulsada ou Ultra excitante: 
Ela se originou de uma corrente direta interrompida passando a ter 
características de uma corrente pulsada. É uma corrente contínua modulada (pulsada), 
com pulsos quadráticos. 
Essa corrente em relação à galvânica tem menores efeitos eletroquímicos, 
promove efeitos em tecidos mais profundos (F = 142 Hz), e promove uma menor 
acomodação porque é pulsada. 
Indicações: 
 Promover contração muscular em músculo denervado. 
 Parâmetros: 
Amplitude: deve atingir o limiar motor. 
Duração de pulso: 2 ms (Fixo no aparelho) 
Repouso: 5 ms (Fixo no aparelho) 
Frequência: 142 Hz (Fixo no aparelho) 
O número de contrações vai ser decidido de acordo com o objetivo da 
intervenção. 
Pode utilizar tanto a técnica monopolar quanto bipolar, isto vai ser determinado 
pelo tamanho da área que irá receber o estímulo. 
 
 Correntes Diadinâmicas ou C. de Bernard 
É um conjunto de correntes polarizadas que tem pulsos em forma de senoide 
(mais confortáveis), com freqüência que varia de 50 a 100Hz, que tem uma duração de 
pulso de 10 ms, e o repouso pode ser de 0 (c. diadinâmica contínua – um pulso junto 
do outro) ou 10 s (c. diadinâmicas pulsadas – pulsos separados). 
São cinco correntes diadinâmicas: 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
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1. Corrente diadinâmica difásica: é uma corrente que rebate uma fase ficando com 
as duas fases da antiga corrente alternada no mesmo pólo (contínua). Tem 
frequência de 100Hz, duração de pulso de 10 ms e pulsos contínuos. 
2. Corrente diadinâmica monofásica: é a corrente que exclui uma fase ficando 
pulsada. Com frequência de 50 Hz, duração de pulso de 10 ms e repouso entre 
os pulsos de também 10 ms. 
3. Corrente de curtos períodos: é uma combinação das correntes difásica e 
monofásica onde há um trem de pulso de monofásica fluindo por um segundo 
seguido por um trem de pulso de difásica fluindo por um segundo. A vantagem é 
diminuir a acomodação porque varia a frequência de um em um segundo. 
Primeiro segundo de 50 Hz e outro de 100Hz. 
4. Corrente de longos períodos: uma alternância de monofásica e difásica sendo 
que, por 5 segundos as duas correntes combinam entre si (amplitudes variadas) 
seguida por 10 segundos de corrente monofásica. Variando intensidade 
(amplitude) e frequência da corrente (VIF). A vantagem novamente é evitar 
acomodação.5. Corrente ritmo sincopado: é composta por um segundo de corrente monofásica 
seguida por um segundo de repouso, numa frequência de 50 Hz. Essa é a mais 
indicada das correntes diadinâmicas para realizar contração muscular. 
 
Efeitos fisiológicos: 
Aumentar o limiar de dor. 
 Promover uma importante e intensa vasodilatação pelo seu efeito eletroquímico. 
 Ativação da circulação em função da vasodilatação. 
 
Indicações: 
 Redução de edema (principal indicação). 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
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 Contração muscular. 
 Modulação de dor. 
 Edema: O maior papel das correntes diadinâmicas é auxiliar na redução do 
edema, porque auxilia no fluxo de proteínas para o sistema linfático através 
da alteração da permeabilidade da membrana, reduzindo a quantidade de 
líquido que estava no interstício. O efeito é imediato. 
Parâmetros: 
Para redução de edema a melhor combinação são as correntes: monofásica, 
difásica e por fim curtos períodos numa mesma aplicação. 
Cada uma dessas correntes devem ser aplicadas por pelo menos 3 min. e no 
máximo 6 min. Não excedendo o tempo de aplicação de 18 min 
Os eletrodos devem ser colocados na área do edema e o limiar deve ser o 
sensorial. Normalmente a técnica é bipolar margeando a área edemaciada, no entanto 
pode-se usar a técnica monopolar com o eletrodo ativo positivo na área alvo, porque ele 
tem o potencial de repelir as proteínas criando esse fluxo para dentro do sistema 
linfático. 
Tem que calcular a amplitude máxima para não causar lesão química. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para utilizar esta corrente o ideal é aplicar os eletrodos de metal porque o eletrodo de 
borracha siliconada tem que ter muito mais carbono que os normais e a sua vida útil é 
menor, porque cada vez que a corrente passava gera um processo de oxirredução no 
eletrodo. 
Lembrando que o meio de condução do eletrodo de metal é uma esponja embebida em 
água. 
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 Corrente pulsada de alta voltagem ou High Volt 
Essa corrente surgiu com o objetivo de minimizar os efeitos das correntes 
polarizadas. Ela é uma corrente polarizada só que com duração de pulso muito 
pequenina induzindo a efeitos eletroquímicos muito menores quando comparados aos 
das outras correntes polarizadas (principalmente à corrente diadinâmica). Não 
necessitando fazer os cálculos de amplitude máxima. 
É uma corrente pulsada, unidirecinal, de baixa freqüência (0 a 200 Hz) com dois 
picos gêmeos de curta duração de pulso (5 a 20 µs) e com amplitude de 2000 a 2500 
mA (para compensar a pequena duração de pulso). 
A forma de onda dessa corrente é um pulso de ascensão abrupta (pontiagudo) 
com uma descida mais leve (isso se repete em ambos os pulsos). 
Indicações: 
 Redução do edema, principalmente edemas de caráter mais agudo. 
 Cicatrização de feridas, principalmente crônicas (principal indicação). 
 Pode ser utilizada para se fazer estimulação elétrica neuromuscular, mas não é 
muito indicada para grandes grupos musculares por causa da pequena duração 
de pulso; 
 Cicatrização de feridas: Deve-se que avaliar essa ferida verificando se há objeto, 
secreção que precisam ser retiros da região. Em casos de feridas que estejam 
infectadas esta corrente pode ser aplicada. 
A corrente elétrica quando é feita uma aplicação monopolar com eletrodo 
negativo colocado sobre a ferida produz um efeito bactericida, podendo ser 
utilizada como coadjuvante para tratamento de uma infecção bacteriana. 
 Parâmetros: 
 Amplitude: deve-se alcançar o limiar sensorial 
 Duração de pulso: de 5 µs a 20 µs 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
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 Tempo de aplicação da corrente: de 30 min a 1 hora, em feridas grau 1, 2 ou 3 
(feridas grau 4 não são tratadas com RTFs) 
 A aplicação pode ser feita utilizando a técnica monopolar, onde coloca-se o 
eletrodo ativo sobre a ferida com o eletrodo envolvido em gase estéril embebida 
em solução salina (ou soro fisiológico). Mesmo a ferida não estando infectada 
recomenda-se que os primeiros 10 a 15 min. de tratamento sejam feitos com o 
polo negativo, depois na mesma sessão, inverte a polaridade colocando o 
eletrodo positivo sobre a ferida, pois ele tem o potencial de atrair fibroblastos, 
células endoteliais e epiteliais para formar a matriz cicatricial. 
 Se não puder colocar o eletrodo sobre a ferida (normalmente quando a ferida é 
muito extensa) utiliza-se a técnica bipolar. Coloca-se os dois eletrodos (positivo 
e negativo) do mesmo tamanho margeando a ferida de forma que se crie um 
campo elétrico que passe por essa ferida gerando o efeito desejado. Recomenda-
se que inverta a polaridade dos eletrodos se o tratamento for passar de 30 a 40 
min. 
A resposta clinica satisfatória após esta aplicação é de uma ferida bem vermelha, 
pois a eletroterapia estimula fluxo sanguíneo. 
 
 
 Corrente Farádica 
É uma corrente pulsada, bidirecional, assimétrica com pulsos exponenciais 
(pulsos de ascensão lenta), freqüência de 50 Hz e duração de pulso que varia 0,1 a 1 ms 
e repouso entre os pulsos de 19 ms. 
Efeitos fisiológicos: 
 Esta corrente favorece trocas metabólicas adequadas nas membranas 
aumentando o metabolismo. 
 Induz a vasodilatação. 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
39 
 
 Alta capacidade de despolarizas a fibra motora (produz contrações semelhantes 
às fisiológicas). 
Indicações: 
 Indicada para a ativação e fortalecimento muscular (principal indicação). 
 Eletrodiagnóstico. 
 
 Corrente Russa ou Kots: 
É uma corrente alternada, simétrica, de média frequência ( 2.500 Hz), modulada 
em trens de pulso (BURST), chamada de frequência portadora, que permite a corrente 
ser confortável. 
Indicações: 
 Contração muscular. 
Parâmetros: 
 Frequência: Entre 30 a 80 Hz 
 Duração de pulso: 200 a 700 ms 
 Amplitude: Limiar motor 
 BURST : 50 bursts/s 
 Rampas (Rise e decay): de 1 a 3, ou 1 a 5 
 Tempos ON: mínimo de 10 s 
 Tempo OFF: mínimo de 30 s 
 Duração do tratamento: calcula de acordo com o número de séries e repetições a 
serem feitas. 
 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
40 
 
 Corrente Aussie: 
É uma corrente alternada, simétrica, de média frequência (1.000 a 2.200 Hz), 
modulada em trens de pulso somado ao intervalo, chamada de frequência moduladora, 
que permite a corrente ser confortável. 
Indicações: 
 Contração muscular. 
 
Parâmetros: 
 Frequência: Entre 30 a 80 Hz 
 Duração de pulso: 200 a 700 ms 
 Amplitude: Limiar motor 
 BURST : 50 bursts/s 
 Rampas (Rise e decay): de 1 a 3, ou 1 a 5 
 Tempos ON: mínimo de 10 s 
 Tempo OFF: mínimo de 30 s 
 Duração do tratamento: calcula de acordo com o número de séries e repetições a 
serem feitas. 
 
 Corrente Interferencial ou Heterodínea 
É uma corrente de frequência média, que possui as duas modulações de 
frequência: portadora (4.000 Hz a 4.500 Hz) e moduladora (100 Hz a 500 Hz). Trata-se 
de uma corrente alternada, de pulsos senoidais, simétricos e desequilibrados. 
Indicações: 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
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 Contração muscular do assoalho pélvico. 
 Modulação da dor. 
Parâmetros: 
Essa corrente pode induzir a efeitos sensoriais e motores. 
 Efeitos sensoriais: teoria das comportas gerando efeitos analgésicos imediatos e 
de curta duração (liberação de encefalina); com amplitudes de 1 a 4 mA. 
 Efeitos motores: provocam contrações musculares só que numa frequência de 
100Hz com amplitudede 4 a 8 mA e sem tem tempo ON e OFF podendo ser 
utilizada para: 
 Estimular contrações do assoalho pélvico do ponto de vista proprioceptivo; 
 Auxiliar na redução de edema, através da facilitação do retorno venoso (bomba 
tibiotársica). 
 
 Corrente FES 
É uma corrente alternada, com fluxo bidirecional com caráter pulsado em pulsos 
exponenciais, de baixa frequência (0 a 200 Hz). 
Indicações: 
 Contração muscular. 
Parâmetros: 
 Frequência: Entre 30 a 80 Hz 
 Duração de pulso: 200 a 700 ms 
 Amplitude: Limiar motor 
 BURST : 50 bursts/s 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
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 Rampas (Rise e decay): de 1 a 3, ou 1 a 5 
 Tempos ON: mínimo de 10 s 
 Tempo OFF: mínimo de 30 s 
 Duração do tratamento: calcula de acordo com o número de séries e repetições a 
serem feitas. 
 
 Corrente TENS: 
É uma corrente bidirecional, pulsada, de baixa frequência (0-200 Hz) com pulsos 
retangulares, ou exponenciais, assimétricos. 
O mesmo aparelho que gera a corrente TENS gera o FES porque essas duas 
correntes são idênticas inclusive na sua forma da onda. Entretanto, como o FES está 
voltado para estimulação elétrica neuromuscular existe regulação de tempos ON e OFF, 
rampas de subida e de descida, já no TENS esses parâmetros não são necessários porque 
seu principal efeito é a analgesia. 
 
Indicações: 
 Modulação de dor. 
Variáveis: 
Para o TENS existem duas variáveis a serem manipuladas, que são frequência e 
duração de pulso. 
 Frequência: para o TENS varia de 0 a 200 Hz, sendo que ela pode ser 
classificada em: 
- Frequência baixa: abaixo de 10 Hz 
- Frequência alta: de 10 a 200 Hz 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
43 
 
 Essas variáveis são combinadas com a duração de pulso também classificadas 
em: 
- Duração de pulso baixa: de 80 a 150 µs 
- Duração de pulso alta: 150 a 600 µs, podendo chegar a 1 seg. 
 
Parâmetros: 
 Analgesia em curto prazo (libera encefalina) 
- Frequência: 0 - 200 Hz 
- Duração de pulso: 80 – 150 µs 
- Limiar: Sensorial 
- Tempo de tratamento: mínimo de 15 min 
 
 Analgesia em médio prazo (libera serotonina) 
- Frequência: 0 – 10 Hz 
- Duração de pulso: 150 – 300 µs 
- Limiar: Motor 
- Tempo de tratamento: mínimo de 20 min 
 
 Analgesia em longo prazo (libera opióides endógenos) 
- Frequência: 1 - 4 Hz 
- Duração de pulso: > 1 seg 
- Limiar: Nocivo 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
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- Tempo de tratamento: máximo 20 min 
 
Colocação dos eletrodos: 
Os eletrodos devem ser colocados nas seguintes regiões: 
 Preferencialmente na região dolorosa; 
 Próximo à área de dor; 
 No dérmatomo relacionado à dor; 
 No trajeto da dor podendo ser até numa área que tenha uma relação psicológica 
com a dor. 
Técnicas de colocação para uso do TENS: 
 Unilateral: colocação dos eletrodos em um dos lados da região a ser tratada. Ex.: 
coluna, articulações e músculos. 
 Bilateral: os eletrodos são colocados em ambos os lados da região a ser tratada. 
 Proximal: os eletrodos são colocados acima do nível da lesão. Ex.: nervos 
periféricos, lesões medulares e dor de membro fantasma. 
 Linear: envolve a colocação dos eletrodos de forma proximal e distal à região 
lesada, assim como em pontos gatilho ou raízes nervosas relacionadas à dor. 
 Cruzada: ocorre quando a estimulação com dois canais cruza a área de dor, 
concentrando a estimulação sobre a área dolorosa. 
A quantidade de eletrodos e o tamanho dos mesmos são relacionados com a intensidade 
da dor, ou seja, quanto maior a dor mais receptores eu tenho que estimular para 
competir. 
No mercado há algumas formas predeterminadas de se combinar esses 
parâmetros já citados baseadas nos limiares de excitação com o TENS: 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
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No limiar sensorial: 
 TENS convencional: 
É o TENS aplicado no limiar sensorial com frequência de 50 a 100 pps (alta) e 
duração de pulso de 20 a 80 µs (baixa) resultando em efeitos analgésicos 
imediatos ou após 20 minutos. Sua duração é de 30 minutos à 2 horas 
dependendo da combinação utilizada entre estes parâmetros. 
Esse TENS é indicado em casos de dor aguda, controle de dor pós- incisão 
cirúrgica, analgesia durante o trabalho de parto. 
O grande problema dessa técnica é a acomodação necessitando da ativação de 
teclas de modulação para manutenção do efeito desejado. 
No limiar motor: 
É indicado para trabalhar principalmente com dores crônicas ou para modulação 
da dor quando se busca efeitos a longo prazo. A analgesia geralmente não é imediata, 
porém de longa duração. 
Ao trabalhar no limiar motor os eletrodos devem ser colocados no ventre 
muscular. 
 TENS de baixa frequência: 
TENS que combina frequencia baixa (bem baixa) com duração de pulso alta no 
limiar motor. 
Usado principalmente para síndromes dolorosas crônicas com tempo de 
aplicação de pelo menos 30 minutos por sessão. 
 
 
 
 TENS Breve e intensa: 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
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Combina uma frequência alta com uma duração de pulso também alta. Através 
desta modulação consegue-se analgesia imediata de curta duração (um pouco 
maior do que o TENS convencional). 
A agressividade dessa modulação está na duração de pulso que torna este 
estimulo capaz de induzir a uma pequena liberação de serotonina e opióides 
endógenos. Essa estimulação dos níveis descendentes depende mais da duração 
de pulso do que da frequência, mas essa ainda é muito importante pelo 
desconforto que causa. Duração do tratamento de no máximo 15 minutos 
contínuos. 
É usada para debridamento de feridas, remoça de suturas e mobilização articular. 
 
 Tens modulada por Burst: 
Burst é uma seqüência de pulsos interrompida por um período e seguida por 
outra seqüência. 
O TENS com Burst utiliza de uma modulação de baixa frequencia (2 Hz – a 
cada seg. passam dois trens de pulso) e dentro desse “pacote” coloca pulsos com 
frequencia mais alta. Isso promove uma estimulação relativamente confortável 
porque a frequencia dentro do pacote é alta (70 a 100 Hz), mas com trens de 
pulsos de baixa frequencia que induzem a liberação de serotonina e opioides 
endógenos. A vantagem do TENS modulado com Burst é reduzir a acomodação 
devido aos trens de pulso. 
A duração de pulso varia de 100 a 200 µs. 
Para liberar serotonina e opióides o tempo de aplicação precisa ser de 30 a 45 
minutos. Entretanto, o efeito se inicia entre 10 e 30 minutos de aplicação. 
Quanto maior for a duração de pulso maior será o tempo de duração dos efeitos 
desta aplicação. 
 
 TENS acupuntura: 
Apostila de Recursos Terapêuticos Físicos Capítulo II 
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Sua frequência é muito baixa resultando em uma sensação de agulhadas 
(fisgadas) durante a aplicação. Ele combina frequência baixa (1 a 4 Hz) com 
duração de pulso alta (150-250 µs) sendo uma das modalidades de TENS que 
consegue promover analgesia de maior duração. 
Sua intensidade é forte, no limite do suportável, com conseqüente analgesia 
entre 20 e 30 minutos até 1 hora (duração de 2 a 6 horas). É utilizado em 
pacientes com EVN alta (porque é muito desconfortável). 
 TENS com VIF: 
Qualquer TENS em qualquer limiar que use da variação automática de 
frequencia e intensidade do pulso para minimizar a acomodação. Utilizado para 
aplicações prolongadas. 
- No limiar nocivo: 
O TENS no limiar nocivo difere dos outros principalmente pela alta duração de 
pulso sendo de pelo menos 1 seg., além disso, ainda combina com uma 
frequênciamuito baixa (1 a 5 pps). 
Esse TENS é chamado de nocivo porque apesar de não lesar o tecido a sensação 
é extremamente desconfortável. Pode ser utilizado no local da dor ou distante 
dela, e com ou sem contração muscular. 
Esse tipo de estimulação não está disponível em todos os aparelhos e são 
utilizados em pacientes terminais, com câncer, cólicas renais, e outros trabalhos 
em que o nível álgico de dor é extremamente intenso. 
A duração desse estímulo depende da intensidade da dor. O período de aplicação 
desse TENS é de no máximo 10 a 15 minutos porque tamanho é o desconforto 
que se passar disso o estímulo passa a ser lesivo estimulando as fibras de dor (A 
– delta).