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Pró-Reitoria de Graduação 
Curso de Educação Física 
Projeto de Pesquisa – TCC I 
COMPARAÇÃO DE VALÊNCIAS FÍSICAS ENTRE 
PRATICANTES RECREACIONAIS DE CROSSFIT VERSUS 
TREINAMENTO RESISTIDO 
Autores: Gleydson Braga D. dos Santos; Tiago dos Reis e Alexis Javier R. Valerino 
Orientador: Dr. Daniel A. Boullosa 
Co-orientador: Msc. Arilson Fernandes 
Brasília – DF 
2014 
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GLEYDSON BRAGA DOURADO DOS SANTOS 
TIAGO DOS REIS 
ALEXIS JAVIER RIVERO VALERINO 
COMPARAÇÃO DE VALÊNCIAS FÍSICAS ENTRE PRATICANTES 
RECREACIONAIS DE CROSSFIT VERSUS TREINAMENTO RESISTIDO 
 
Projeto de Pesquisa apresentado a 
Disciplina de Trabalho de Conclusão 
de Curso I, Educação Física - Bacharel, 
como requisito parcial para a avalição 
da disciplina no Semestre 2014.1. 
Orientador: Dr. Daniel A. Boullosa 
Co-orientador: Msc. Arilson Fernandes 
 
 
Assinatura do orientando 
 
Assinatura do orientando 
 
Assinatura do orientando 
 
Assinatura do orientador 
 
Brasília DF 
2014 
3 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 4 
2. OBJETIVO ................................................................................................................................... 5 
3. HIPÓTESE e Justificativa ............................................................................................................ 5 
4. REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................................... 5 
4.1 Características do Treinamento Resistido e Valências Físicas ............................................. 5 
4.2 Características do Treinamento CrossFit ............................................................................. 7 
5. MÉTODOS .................................................................................................................................. 8 
5.1 Amostra ............................................................................................................................... 8 
5.2 Procedimentos de coleta de dados ..................................................................................... 8 
5.2.3 Puxada na Barra Fixa ........................................................................................................ 9 
5.2.4Teste de Ida e volta de 20 metros ..................................................................................... 9 
5.2.5 Teste de Salto Vertical .................................................................................................... 10 
5.2.6 Antropometria ................................................................................................................ 11 
6. ANÁLISE ESTATÍSTICA .............................................................................................................. 11 
7. RESULTADOS ........................................................................................................................... 12 
8. DISCUSSÃO .............................................................................................................................. 13 
9. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 15 
Questionário de Prontidão para Atividade Física ........................................................................ 18 
(PAR-Q “Physical Activity Readiness Questionnaire)”.................................................................. 18 
 
 
 
4 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Segundo Ramirez e Galán (2013) o CrossFit (CF) é um sistema de 
condicionamento físico baseado em exercícios variados, com movimentos 
básicos - como empurrar, puxar, andar, correr e saltar, combinados com 
levantamentos de peso no estilo olímpico, e exercícios cíclicos, como correr, 
pedalar, pular corda, remar, as quais, no CF recebem o nome de “atividades 
monoestruturais”, sempre executados em alta intensidade. 
Glassman (2002), criador da metodologia CrossFit, destaca que este 
método foi desenvolvido com intuito de desenvolver as capacidades físicas: 
resistência muscular, força, potência, velocidade, flexibilidade, coordenação, 
equilíbrio e agilidade. Smith et al (2013) observou resultado significativo sobre 
a capacidade aeróbia e composição corporal de homens e mulheres que 
realizaram 5 sessões de treino CF por semana. O estudo durou 10 semanas e 
apresentou melhoras significativas na capacidade cardiorrespiratória e 
composição corporal para momento pós vs pré-treino. A literatura, no entanto, 
ainda encontra-se um tanto escassa quanto aos estudos envolvendo o 
treinamento de CF. 
O treinamento resistido (TR) é uma prática que consiste na realização de 
exercícios contra resistência externa com pesos livres, tais como halteres e 
barras, ou com aparelhos específicos para grupos musculares. Além de 
atender a pessoas que tem o interesse em fazer uma atividade para obter uma 
melhora estética, também visa o desenvolvimento muscular através de 
aplicação de sobrecargas (FRONTERA et al, 1988), com benefícios 
relacionados a indicadores de saúde na prevenção e tratamento de doenças 
crônicas (POLLOCK et al.,2000; UMPIERRE e STEIN, 2007; ABAD et al, 
2013). 
Assim como o CF, o TR é uma atividade cujo planejamento de treino 
segue diversos critérios e parâmetros de aplicação, tais como: escolha e ordem 
dos exercícios que serão utilizados; progressão de cargas, frequência de 
treinos semanais, tipo de força utilizada durante o treinamento (i.e. dinâmica, 
isométrica ou excêntrica), ou ainda ênfase na valência física a ser desenvolvida 
(e.g. força máxima, resistência muscular), dentre outros. (ACSM, 2002). 
5 
 
 
A fim de verificar a efetividade da proposta de Glassman (2002) que é 
melhorar a aptidão física com a prática orientada de atividades físicas com ou 
sem sobrecargas adicionais em alta intensidade, nosso estudo tem como 
objetivo verificar se existe diferença entre valências físicas em praticantes 
recreacionais do treinamento de CF versus TR. 
 
2. OBJETIVO 
 
Verificar se existe diferença entre valências físicas como força explosiva, 
força muscular de resistência e capacidade cardiorrespiratória entre praticantes 
recreacionais do treinamento de CF versus TR. 
 
3. HIPÓTESE e JUSTIFICATIVA 
 
H1: Praticantes de CF possuem similaridade nas valências físicas 
estudadas quando comparados a praticantes de TR. 
 
Apesar da crescente difusão do CF como modalidade capaz de melhorar 
o condicionamento físico geral de seus participantes, há carência de evidências 
científicas suficientes que suportem tal hipótese. 
 
4. REVISÃO DA LITERATURA 
 
4.1 Características do Treinamento Resistido e Valências Físicas 
 
A prática de exercício físico pode ser capaz de modificar a fisiologia do 
corpo humano (ACSM, 2002). A partir do momento em que se inicia 
determinado exercício físico, o corpo sofre alterações agudas e, de acordo com 
a frequência e intensidade do estímulo, quando este passa a ser algo 
planejado (BOMPA, 2002) podem ocorrer diversas alterações crônicas 
favoráveis, como, por exemplo, diminuição da resistência à insulina, melhoras 
6 
 
 
cardiovasculares, diminuição da pressão arterial, dentre outros (MITCHEL, 
2014; BRUM, 2004). 
No treinamento resistido tradicional utiliza-se a força contra resistência 
gerada por determinados implementos (através de barras, halteres ou o peso 
do próprio corpo) e a resistência gerada por equipamentos, elásticos e molas 
para opor forças aos músculos que, por sua vez,devem gerar força oposta 
através de ações musculares que podem ser concêntricas, excêntricas e 
isométricas. Os tipos de treinamento estão baseados nos exercícios a partir da 
manipulação do incremento de cargas, ordem dos exercícios, velocidade de 
execução e outras variáveis com intuito de gerar estímulos que favoreçam 
diferentes adaptações fisiológicas (DESCHENES e KRAEMER, 2002). 
Os benefícios da prática de TR vem sendo estudados nos mais variados 
públicos (ÁLVAREZ et al., 2012; GONÇALVES et al., 2012; GUIMARÃES et al., 
2013). Estudos apontam ganhos significativos de força dinâmica máxima após 
aplicação de protocolos de treinamento resistido. Tal força pode ser mensurada 
através do teste de 1RM (Repetição Máxima) para determinado exercício 
(ASCM, 2002). Dias et al (2005) submeteram uma amostra de 23 homens 
jovens a uma rotina de 8 semanas de treinamento de pesos com o objetivo de 
analisar o efeito do treinamento sobre a força muscular. Por semana, eram 
realizadas 3 sessões de treino com um intervalo de 48 horas, durante as quais 
os indivíduos realizavam 3 séries de 8-12 RM em 10 exercícios alternados por 
segmento corporal (membros superiores x membros inferiores), obedecendo a 
um intervalo de 60-90 s entre as séries, e 120-180 s entre os exercícios. Testes 
de 1RM foram aplicados e foi observado uma diferença significativa (p<0,01) 
comparando os valores pré-treino para todos os exercícios. 
Estes resultados colaboram com os encontrados no estudo de McCall 
(1996). Nele, 20 estudantes universitários praticantes de treinamento resistido 
recreacionalmente realizaram 3 sessões de treinamento resistido no decorrer 
de 12 semanas. Todos realizavam 8 exercícios com 3 séries de 10 RM e 
intervalos de 1 min. entre séries. Houve um aumento significativo nos ganhos 
de força (p<0,05) observados nos testes de 1RM, além de aumento 
significativo (p<0,05) da área de secção transversa do músculo bíceps braquial. 
 
7 
 
 
 
 
 
4.2 Características do Treinamento CrossFit 
 
Uma das possibilidades de variação do TR tradicional ou de se tentar 
recorrer a outras formas de desenvolvimento da aptidão física, é utilizar o 
treinamento concorrente (TC), o qual consiste em realizar uma rotina de 
exercícios que envolvam o sistema anaeróbio concomitante com o sistema 
aeróbio numa mesma sessão de treino, ou ainda o treinamento de força em 
circuito (TFC), no qual são realizados vários exercícios consecutivos sem 
intervalo entre si ou com um mínimo de intervalo, podendo ser executado em 
uma ou várias séries. Tais variações de treinamento vem sendo amplamente 
utilizadas, entretanto, a aplicação de intensidades altas tem sido a principal 
característica para a elaboração de sessões da metodologia CF. Um estímulo 
de alta intensidade caracteriza-se pela utilização prioritária do sistema 
energético fosfagênico, com a participação ou não do sistema glicolítico 
(MCARDLE et al, 2011). De acordo com Menezes (2013) o CF é praticado 
normalmente em estabelecimentos não convencionais, com poucos aparelhos 
e suas sessões de treino tem duração de aproximadamente 1 hora 
caracterizadas por três momentos: aquecimento, rotina de exercícios de alta 
intensidade e exercícios para relaxamento muscular. 
 Smith et al (2013) caracteriza que esses momentos em que se utilizam 
estímulos de alta intensidade durante sessão de CF podem durar cerca de 20 
min através da utilização de exercícios multiarticulares e variados, praticados 
dentro de uma concepção de treino denominada “high-intensity power training” 
(HIPT), ou treinamento de força de alta intensidade, na qual a rotina de 
exercícios propostos para o dia seja realizado no menor tempo possível na 
maior quantidade de vezes possíveis dentro de um tempo total pré 
determinado. 
, 
 
8 
 
 
 
 
 
5. MÉTODOS 
 
5.1 Amostra 
Trata-se de estudo transversal aprovado pelo comitê de ética em 
pesquisa da UCB com registro nº: 642130. 
A amostra deste estudo foi formada por 26 adultos jovens, do sexo 
masculino, com idade entre 20 e 32 anos, praticantes recreacionais de TR e CF 
com, no mínimo, um ano de prática e frequência semanal de pelo menos 2 
sessões de treino. Trata-se de uma amostra por conveniência a partir de 
academia e centro especializado localizados no Distrito Federal. Para controle 
e avaliação das variáveis, a amostra foi dividida em dois grupos: o grupo TR 
com n=13 e o grupo CF com n=13. 
Todos os indivíduos participantes do estudo foram orientados a 
preencher uma ficha de anamnese contendo o Questionário de Prontidão para 
a Atividade Física (PAR-Q) (ANEXO 1), elaborado pelo American College of 
Sports Medicine (1998), e informados sobre as características e objetivos do 
estudo. Logo depois, responderam o termo de consentimento livre e 
esclarecido (TCLE) (ANEXO 2). Seria excluído da amostra do estudo o 
indivíduo que respondesse sim a pelo menos uma das questões durante 
preenchimento do PAR-Q, não assinasse o TCLE, faltasse a alguma das 
etapas do estudo ou não completasse algum dos testes no primeiro ou 
segundo dia destinados para aplicação. 
 
5.2 Procedimentos de coleta de dados 
 
Para avaliação e análise de alguns componentes da aptidão física, 
em especial a força explosiva, força muscular de resistência e capacidade 
cardiorrespiratória, foram aplicados os testes relacionados abaixo 
recomendados por Rocha (2004), Léger e Lambert (1982), e Bosco et al. 
9 
 
 
(1984), em dois dias distintos. O primeiro dia tinha como objetivo apenas a 
familiarização dos testes por parte dos avaliados separados, sendo separado 
do segundo dia por um mínimo de 72 horas. Os testes eram precedidos de um 
aquecimento inicial de 10 minutos com intensidade moderada. Foi feita uma 
avaliação da composição corporal mediante utilização de adipômetro para 
estimativa de percentual de gordura, estadiômetro, e balança digital para 
mensurar a massa corporal total de cada um dos avaliados. 
 
 
5.2.3 Puxada na Barra Fixa 
 
O teste teve como finalidade medir a habilidade motora, entendida 
como a “combinação de várias valências físicas”, como força e velocidade 
(Rocha, 2004) dos membros superiores. O teste de puxada teve início com o 
indivíduo totalmente alongado, segurando a barra com as mãos em posição 
pronada, distantes entre si o suficiente para que durante a execução a flexão 
dos cotovelos não ultrapassasse 90 graus. Ao sinal, foi pedido ao avaliado que 
realizasse o máximo de repetições de flexão de cotovelo, ultrapassando a barra 
com o queixo, num movimento dinâmico, sem flexionar suas pernas e joelhos. 
Foi quantificado o número total de movimentos completos e executados da 
forma orientada. 
Johnson e Nelson (1979) citado por Marinho e Marins (2012) 
determinam que, para pessoas saudáveis acima dos 17 anos de idade, o 
número de repetições para ser classificado como excelente no teste de puxada 
é de 23 repetições máximas para o sexo masculino. 
 
 5.2.4 Teste de Ida e volta de 20 metros 
 
Com intuito de estimar a capacidade cardiorrespiratória a partir de 
valores relativos de consumo máximo de oxigênio (VO2máx) foi aplicado o teste 
de ida e volta de 20 m elaborado por Léger e Lambert (1982). Esse teste vem 
sendo aplicado desde a sua criação em diversos públicos (DUARTE e 
DUARTE, 2001; DENADAI et al, 2002). O teste foi aplicado num espaço plano 
10 
 
 
de 25 m, com 4 cones e fita adesiva para delimitar a zona de aplicação do 
teste. O teste ocorreu de acordo com um programa que emite sinais sonoros 
progressivos a partir de um dispositivo de som. Os sujeitos eram orientados a 
permanecerem parados com os dois pés atrás da zonainicial. Ao ouvir um sinal 
sonoro, estes deveriam se deslocar até fita que determinava onde começava a 
próxima zona, ultrapassando com pelo menos um dos pés e ao ouvir outro 
sinal sonoro voltava em sentido contrário. A cada aproximadamente 1 min era 
emitido um sinal mais prolongado que indicará a mudança de estágio, 
caracterizada pelo aumento da velocidade em 1 km/h que o indivíduo deveria 
manter para se deslocar de uma zona a outra. 
O participante que não alcançasse a zona no tempo determinado 
pelo sinal sonoro era avisado verbalmente que teria apenas mais uma chance 
de adequar a sua velocidade para alcançar a(s) zona(s) alvo subsequente(s). 
Aquele participante que, pela segunda vez, de maneira consecutiva e/ou 
cumulativa, não alcançou a zona novamente, era desclassificado e tinha o nível 
alcançado no exato momento anotado para estimar seu VO2máx de acordo 
com a fórmula proposta: 
y= -24,4 + 6,0 X, onde y corresponde ao VO2 em ml/kg/min; X= 
velocidade em km/h no estágio atingido. 
 
5.2.5 Teste de Salto Vertical 
 
Foi utilizado o teste de salto vertical com contramovimento de Bosco 
et al. (1983), também conhecido como Counter Movement Jump (CMJ) – salto 
com contramovimento, que vem sendo amplamente discutido e aplicado com 
objetivo de mensurar a força e potência muscular de membros inferiores 
(GOMES et al, 2009; UGRINOWITSCH E BARBANTI, 1998; SAMOZINO et al, 
2008). 
Rodriguez e Marins (2011), em seu estudo de revisão, discorrem 
sobre aplicação do teste de Bosco et al. (1983) e citam diversos estudos 
validando e fidedignizando-o (ELVIRA et al 2001; HOFFMAN E KANG, 2002; 
MARKOVIC et al, 2004). Além disso, recomendam cautela quanto à análise de 
11 
 
 
alguns estudos que fazem a aplicação do teste, pois estes nem sempre utilizam 
a mesma padronização e equipamento. 
Para realização do teste de Bosco et al. (1983), utilizamos uma 
plataforma de contato de fabricação própria com o software Chronojump versão 
1.4.1, de 2014. O CMJ era iniciado com o avaliado em pé na plataforma, porém 
com joelhos estendidos, pés paralelos, com os calcanhares totalmente 
apoiados e mãos na cintura. Ao sinal do avaliador, o indivíduo deveria flexionar 
os joelhos com distancia livre (BOULLOSA et al., 2011) e, logo em seguida, 
realizar um salto vertical tentando alcançar a maior altura possível, mantendo 
os joelhos completamente estendidos durante a fase ascendente e 
descendente do salto e aterrissando com os dois pés no mesmo lugar da 
plataforma. Cada participante teve três tentativas, com intervalo de 1 minuto 
entre cada uma. Era computado o melhor salto levando em consideração altura 
máxima atingida – estimada pelo próprio software utilizado através do tempo de 
voo; e execução dentro dos parâmetros estabelecidos. 
 
5.2.6 Antropometria 
 
Os sujeitos tiveram sua massa corporal total avaliada por monitor de 
composição corporal (modelo HBF-508-E, Omron, China) com capacidade até 
150 kg e graduação de 0,1 kg. A estatura através de um estadiômetro (modelo 
ES2020, Sanny, Brasil) com campo de medição de 40 a 210 cm, resolução de 
1 mm e numeração a cada centímetro. Para estimativa do percentual de 
gordura, foram coletadas 7 dobras cutâneas – peitoral, tricipital, subescapular, 
axilar média, supra-ilíaca, femural médio e abdominal, utilizando adipômetro 
(AD1010-1, Sanny, Brasil) com faixa de medição de 0 a 65 mm. As medidas 
foram calculadas de acordo com o protocolo de 7 dobras de Pollock et al 
(1984). 
 
6. ANÁLISE ESTATÍSTICA 
 
Para análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva, com valores 
de média, desvio padrão e dispersão central. O teste de normalidade Shapiro –
12 
 
 
Wilk foi utilizado para análise de normalidade das variáveis continuas. A 
comparação dos resultados de todas as variáveis numéricas, entre os grupos 
foi realizada pelo teste t-Student para amostras independentes. O nível de 
significância foi estabelecido em p<0,05. 
 
 
 
7. RESULTADOS 
 
A tabela 1 apresenta os dados descritivos (idade, estatura, massa 
corporal e percentual de gordura) e os valores obtidos nos testes (Ida e Volta, 
Puxada Livre e CMJ) pelos participantes do grupo (TR) e do grupo (CF). 
 
Tabela 1. Descrição dos grupos e valores obtidos nos testes. 
 
 Grupo TR 
n=13 
Grupo CF 
n=13 
 
 M (DP) M (DP) Valor p 
Idade (anos) 24 (4) 26 (3) 0,81 
Massa corporal (kg) 82,70 (11,24) 84,9 (12,8) 0,63 
%G 11,9 (4,1) 13,6 (4,6) 0,34 
Estatura (cm) 178,7 (6,6) 174,5 (5,2) 0,83 
VO2máx (ml·kg-1·min-1) 45,98 (5,28) 52,45 (5,55)* 0,006 
Puxada Livre 11 (3) 9 (6) 0,31 
CMJ (cm) 35,85 (7,1) 41,08 (7,7) 0,86 
TR= Treinamento Resistido; CF= CrossFit; M= Média; DP= Desvio 
Padrão; VO2máx= consumo máximo de oxigênio; %G= Percentual de gordura 
corporal; CMJ= Counter Movement Jump *Diferença estatística significativa 
(p<0,05) 
13 
 
 
 
8. DISCUSSÃO 
 
O objetivo do estudo foi comparar algumas valências físicas de 
praticantes recreacionais de CF vs TR. A hipótese era a de que o grupo CF 
apresentaria similaridade quando comparado ao grupo TR quanto às valências 
físicas. Essa hipótese foi rejeitada, pois o grupo CF apresentou diferença 
significativa para a capacidade cardiorrespiratória (p=0,006). 
Não houve diferença significativa para o desempenho no salto vertical, 
estimado pelo teste de CMJ, entre os grupos. Pode-se inferir que tanto os 
praticantes de TR quanto os de CF possuem força explosiva de membros 
inferiores semelhantes. Darmiento et al (2012) realizou uma breve revisão 
sobre diferentes métodos de treinamento comumente aplicados para melhora 
do salto vertical, dentre eles salto sem ou com contramovimento, agachamento 
com barra e levantamento olímpico, e demonstrou que, dependendo da 
especificidade e objetivo, os movimentos de agachamento com barra, 
realizados com altas cargas e velocidade controlada, desenvolvem maior 
produção de força, enquanto os movimentos do levantamento olímpico 
desenvolvem tanto força, quanto velocidade. Apesar de os tipos de 
treinamento praticados pela amostra do nosso estudo diferirem 
metodologicamente, existe uma grande similaridade no que concerne aos tipos 
de exercícios utilizados para os membros inferiores (ex., agachamento livre, 
agachamento com barra, deadlift), o que poderia explicar os valores 
encontrados durante os testes. 
O teste de puxada livre estimou a força muscular de membros 
superiores e também não encontramos valores com diferença significativa 
entre os grupos. Não foi possível encontrar na literatura revisada valores de 
referências para comparação dos dois tipos de treinamento (TR e CF), porém, 
ambos treinamentos podem possuir exercícios que envolvam membros 
superiores em suas sessões de treino, o que explicaria a ausência de diferença 
significativa entre os grupos. 
A capacidade cardiorrespiratória foi dada a partir do valor do VO2máx 
calculado após teste aeróbio de Ida de Volta. Houve diferença significativa 
14 
 
 
(p=0,006) entre os grupos, sendo a média do grupo CF superior ao TR. Alguns 
estudos mostraram aumento da capacidade cardiorrespiratória após protocolos 
de treinamentos não tradicionais. Smith et al. (2013) encontraram aumento 
significativo (p<0,01) na capacidade aeróbia (VO2máx.) e diminuição 
significativa no percentual de gordura corporal em homens e mulheres 
saudáveis (n= 43) após participarem de um programa de CrossFit baseado em 
treinamento de força de alta intensidade por 10 semanas. As sessões de treino 
eram realizadas 5 vezes por semana, sofrendo variação diária no %RM e tipos 
de exercícios - agachamento apenas com peso corporal, deadlitf, puxadas, 
movimentoscom kettle bell, dentre outros, e eram executadas dentro de um 
determinado tempo, ou por séries. Sabe-se que o planejamento do treinamento 
de CF pode envolver exercícios direcionados para o condicionamento 
cardiorrespiratório como, por exemplo, pular corda (RAMIREZ E GALÁN, 
2013). Praticantes de TR nem sempre recorrem ao treinamento concorrente, o 
qual pode ser mais benéfico que TR tradicional para aumento do VO2máx, isto 
pode explicar os melhores resultados alcançados nessa variável pelos 
praticantes de CF. 
Apesar da amostra ser homogênea e não ter ocorrido nenhum caso de 
desistência do estudo, não foi possível fazer uma análise aprofundada a 
respeito da metodologia de treino praticado pelos grupos de TR e CF afim de 
se obter algumas variáveis de treino, como intensidade e volume, e 
correlacionar com os resultados apresentados. Além disso, os participantes 
treinavam em apenas dois locais distintos, de acordo com suas respectivas 
modalidades. Uma amostra oriunda de academias e centros de CF diversos 
poderia gerar resultados ainda mais relevantes. 
Em nosso estudo concluímos que, na amostra avaliada, praticantes de 
CF possuem maior condicionamento cardiorrespiratório quando comparados 
aos praticantes de TR. Entretanto, não foi observada nenhuma diferença 
significativa entre as medidas de composição corporal, a força de membros 
superiores e força explosiva de membros inferiores entre os grupos. Esses 
achados podem ser importantes para pesquisas futuras como ferramenta de 
intervenção para diversos grupos. Na literatura pesquisada, não encontramos 
estudos que compararam diretamente protocolos de CF com outras 
metodologias de treinamento acerca de valências físicas ou outras variáveis. 
15 
 
 
Sendo assim, esse tipo de treinamento ainda não possui evidências científicas 
suficientes para ser recomendado sem restrições de população. Nossa 
perspectiva é a de que mais pesquisas sejam desenvolvidas com aplicação do 
treinamento de CF em diferentes amostras e com diferentes objetivos. 
 
9. REFERÊNCIAS 
 
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18 
 
 
ANEXO 1 
ANAMNESE 
 
Nome:_______________________________________________________________________
_______________ 
Data de Nascimento:_____/_____/_____ 
Tel.:______________________________________Email:______________________________
__________ 
Em caso de emergência, avisar: 
____________________________________________________________ 
Objetivo com a prática de exercício físico: ( ) Estético – Aumentar massa muscular e/o diminuir 
o percentual de gordura; ( ) Melhorar o condicionamento físico. 
Possui algum acompanhamento Nutricional: ( ) Sim ( ) Não 
 
Questionário de Prontidão para Atividade Física - (PAR-Q “Physical Activity Readiness 
Questionnaire)”. 
 
1. O seu médico já lhe disse alguma vez que você tem um problema cardíaco? ( ) SIM ( ) 
NÃO 
2. Você tem dores no peito com freqüência? ( ) SIM ( ) NÃO 
3. Você desmaia com freqüência ou tem episódios importantes de vertigem? ( ) SIM ( ) 
NÃO 
4. Algum médico já lhe disse que a sua pressão arterial estava muito alta? ( ) SIM ( ) NÃO 
5. Algum médico já lhe disse que você tem um problema ósseo ou articular, como, por 
exemplo, artrite, que se tenha agravado com o exercício ou que possa piorar com ele? ( ) 
SIM ( ) NÃO 
6. Existe alguma boa razão física, não mencionada aqui, para que você não siga um 
programa de atividade física, mesmo que você queira? ( ) SIM ( ) NÃO 
7. Você tem mais de 65 anos de idade e não está acostumado a exercícios intensos? ( ) SIM 
( ) NÃO 
 
 
 
 
Assumo a veracidade das informações prestadas no questionário “PAR Q” e 
afirmo estar liberado pelo meu médico para prática de exercício físico. 
 
Nome do participante: 
__________________________________________________________ 
 
______________ 
Data 
 
 
_____________________________________ 
Assinatura

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