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1 Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Projeto de Pesquisa – TCC I COMPARAÇÃO DE VALÊNCIAS FÍSICAS ENTRE PRATICANTES RECREACIONAIS DE CROSSFIT VERSUS TREINAMENTO RESISTIDO Autores: Gleydson Braga D. dos Santos; Tiago dos Reis e Alexis Javier R. Valerino Orientador: Dr. Daniel A. Boullosa Co-orientador: Msc. Arilson Fernandes Brasília – DF 2014 2 GLEYDSON BRAGA DOURADO DOS SANTOS TIAGO DOS REIS ALEXIS JAVIER RIVERO VALERINO COMPARAÇÃO DE VALÊNCIAS FÍSICAS ENTRE PRATICANTES RECREACIONAIS DE CROSSFIT VERSUS TREINAMENTO RESISTIDO Projeto de Pesquisa apresentado a Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, Educação Física - Bacharel, como requisito parcial para a avalição da disciplina no Semestre 2014.1. Orientador: Dr. Daniel A. Boullosa Co-orientador: Msc. Arilson Fernandes Assinatura do orientando Assinatura do orientando Assinatura do orientando Assinatura do orientador Brasília DF 2014 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 4 2. OBJETIVO ................................................................................................................................... 5 3. HIPÓTESE e Justificativa ............................................................................................................ 5 4. REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................................... 5 4.1 Características do Treinamento Resistido e Valências Físicas ............................................. 5 4.2 Características do Treinamento CrossFit ............................................................................. 7 5. MÉTODOS .................................................................................................................................. 8 5.1 Amostra ............................................................................................................................... 8 5.2 Procedimentos de coleta de dados ..................................................................................... 8 5.2.3 Puxada na Barra Fixa ........................................................................................................ 9 5.2.4Teste de Ida e volta de 20 metros ..................................................................................... 9 5.2.5 Teste de Salto Vertical .................................................................................................... 10 5.2.6 Antropometria ................................................................................................................ 11 6. ANÁLISE ESTATÍSTICA .............................................................................................................. 11 7. RESULTADOS ........................................................................................................................... 12 8. DISCUSSÃO .............................................................................................................................. 13 9. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 15 Questionário de Prontidão para Atividade Física ........................................................................ 18 (PAR-Q “Physical Activity Readiness Questionnaire)”.................................................................. 18 4 1. INTRODUÇÃO Segundo Ramirez e Galán (2013) o CrossFit (CF) é um sistema de condicionamento físico baseado em exercícios variados, com movimentos básicos - como empurrar, puxar, andar, correr e saltar, combinados com levantamentos de peso no estilo olímpico, e exercícios cíclicos, como correr, pedalar, pular corda, remar, as quais, no CF recebem o nome de “atividades monoestruturais”, sempre executados em alta intensidade. Glassman (2002), criador da metodologia CrossFit, destaca que este método foi desenvolvido com intuito de desenvolver as capacidades físicas: resistência muscular, força, potência, velocidade, flexibilidade, coordenação, equilíbrio e agilidade. Smith et al (2013) observou resultado significativo sobre a capacidade aeróbia e composição corporal de homens e mulheres que realizaram 5 sessões de treino CF por semana. O estudo durou 10 semanas e apresentou melhoras significativas na capacidade cardiorrespiratória e composição corporal para momento pós vs pré-treino. A literatura, no entanto, ainda encontra-se um tanto escassa quanto aos estudos envolvendo o treinamento de CF. O treinamento resistido (TR) é uma prática que consiste na realização de exercícios contra resistência externa com pesos livres, tais como halteres e barras, ou com aparelhos específicos para grupos musculares. Além de atender a pessoas que tem o interesse em fazer uma atividade para obter uma melhora estética, também visa o desenvolvimento muscular através de aplicação de sobrecargas (FRONTERA et al, 1988), com benefícios relacionados a indicadores de saúde na prevenção e tratamento de doenças crônicas (POLLOCK et al.,2000; UMPIERRE e STEIN, 2007; ABAD et al, 2013). Assim como o CF, o TR é uma atividade cujo planejamento de treino segue diversos critérios e parâmetros de aplicação, tais como: escolha e ordem dos exercícios que serão utilizados; progressão de cargas, frequência de treinos semanais, tipo de força utilizada durante o treinamento (i.e. dinâmica, isométrica ou excêntrica), ou ainda ênfase na valência física a ser desenvolvida (e.g. força máxima, resistência muscular), dentre outros. (ACSM, 2002). 5 A fim de verificar a efetividade da proposta de Glassman (2002) que é melhorar a aptidão física com a prática orientada de atividades físicas com ou sem sobrecargas adicionais em alta intensidade, nosso estudo tem como objetivo verificar se existe diferença entre valências físicas em praticantes recreacionais do treinamento de CF versus TR. 2. OBJETIVO Verificar se existe diferença entre valências físicas como força explosiva, força muscular de resistência e capacidade cardiorrespiratória entre praticantes recreacionais do treinamento de CF versus TR. 3. HIPÓTESE e JUSTIFICATIVA H1: Praticantes de CF possuem similaridade nas valências físicas estudadas quando comparados a praticantes de TR. Apesar da crescente difusão do CF como modalidade capaz de melhorar o condicionamento físico geral de seus participantes, há carência de evidências científicas suficientes que suportem tal hipótese. 4. REVISÃO DA LITERATURA 4.1 Características do Treinamento Resistido e Valências Físicas A prática de exercício físico pode ser capaz de modificar a fisiologia do corpo humano (ACSM, 2002). A partir do momento em que se inicia determinado exercício físico, o corpo sofre alterações agudas e, de acordo com a frequência e intensidade do estímulo, quando este passa a ser algo planejado (BOMPA, 2002) podem ocorrer diversas alterações crônicas favoráveis, como, por exemplo, diminuição da resistência à insulina, melhoras 6 cardiovasculares, diminuição da pressão arterial, dentre outros (MITCHEL, 2014; BRUM, 2004). No treinamento resistido tradicional utiliza-se a força contra resistência gerada por determinados implementos (através de barras, halteres ou o peso do próprio corpo) e a resistência gerada por equipamentos, elásticos e molas para opor forças aos músculos que, por sua vez,devem gerar força oposta através de ações musculares que podem ser concêntricas, excêntricas e isométricas. Os tipos de treinamento estão baseados nos exercícios a partir da manipulação do incremento de cargas, ordem dos exercícios, velocidade de execução e outras variáveis com intuito de gerar estímulos que favoreçam diferentes adaptações fisiológicas (DESCHENES e KRAEMER, 2002). Os benefícios da prática de TR vem sendo estudados nos mais variados públicos (ÁLVAREZ et al., 2012; GONÇALVES et al., 2012; GUIMARÃES et al., 2013). Estudos apontam ganhos significativos de força dinâmica máxima após aplicação de protocolos de treinamento resistido. Tal força pode ser mensurada através do teste de 1RM (Repetição Máxima) para determinado exercício (ASCM, 2002). Dias et al (2005) submeteram uma amostra de 23 homens jovens a uma rotina de 8 semanas de treinamento de pesos com o objetivo de analisar o efeito do treinamento sobre a força muscular. Por semana, eram realizadas 3 sessões de treino com um intervalo de 48 horas, durante as quais os indivíduos realizavam 3 séries de 8-12 RM em 10 exercícios alternados por segmento corporal (membros superiores x membros inferiores), obedecendo a um intervalo de 60-90 s entre as séries, e 120-180 s entre os exercícios. Testes de 1RM foram aplicados e foi observado uma diferença significativa (p<0,01) comparando os valores pré-treino para todos os exercícios. Estes resultados colaboram com os encontrados no estudo de McCall (1996). Nele, 20 estudantes universitários praticantes de treinamento resistido recreacionalmente realizaram 3 sessões de treinamento resistido no decorrer de 12 semanas. Todos realizavam 8 exercícios com 3 séries de 10 RM e intervalos de 1 min. entre séries. Houve um aumento significativo nos ganhos de força (p<0,05) observados nos testes de 1RM, além de aumento significativo (p<0,05) da área de secção transversa do músculo bíceps braquial. 7 4.2 Características do Treinamento CrossFit Uma das possibilidades de variação do TR tradicional ou de se tentar recorrer a outras formas de desenvolvimento da aptidão física, é utilizar o treinamento concorrente (TC), o qual consiste em realizar uma rotina de exercícios que envolvam o sistema anaeróbio concomitante com o sistema aeróbio numa mesma sessão de treino, ou ainda o treinamento de força em circuito (TFC), no qual são realizados vários exercícios consecutivos sem intervalo entre si ou com um mínimo de intervalo, podendo ser executado em uma ou várias séries. Tais variações de treinamento vem sendo amplamente utilizadas, entretanto, a aplicação de intensidades altas tem sido a principal característica para a elaboração de sessões da metodologia CF. Um estímulo de alta intensidade caracteriza-se pela utilização prioritária do sistema energético fosfagênico, com a participação ou não do sistema glicolítico (MCARDLE et al, 2011). De acordo com Menezes (2013) o CF é praticado normalmente em estabelecimentos não convencionais, com poucos aparelhos e suas sessões de treino tem duração de aproximadamente 1 hora caracterizadas por três momentos: aquecimento, rotina de exercícios de alta intensidade e exercícios para relaxamento muscular. Smith et al (2013) caracteriza que esses momentos em que se utilizam estímulos de alta intensidade durante sessão de CF podem durar cerca de 20 min através da utilização de exercícios multiarticulares e variados, praticados dentro de uma concepção de treino denominada “high-intensity power training” (HIPT), ou treinamento de força de alta intensidade, na qual a rotina de exercícios propostos para o dia seja realizado no menor tempo possível na maior quantidade de vezes possíveis dentro de um tempo total pré determinado. , 8 5. MÉTODOS 5.1 Amostra Trata-se de estudo transversal aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da UCB com registro nº: 642130. A amostra deste estudo foi formada por 26 adultos jovens, do sexo masculino, com idade entre 20 e 32 anos, praticantes recreacionais de TR e CF com, no mínimo, um ano de prática e frequência semanal de pelo menos 2 sessões de treino. Trata-se de uma amostra por conveniência a partir de academia e centro especializado localizados no Distrito Federal. Para controle e avaliação das variáveis, a amostra foi dividida em dois grupos: o grupo TR com n=13 e o grupo CF com n=13. Todos os indivíduos participantes do estudo foram orientados a preencher uma ficha de anamnese contendo o Questionário de Prontidão para a Atividade Física (PAR-Q) (ANEXO 1), elaborado pelo American College of Sports Medicine (1998), e informados sobre as características e objetivos do estudo. Logo depois, responderam o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) (ANEXO 2). Seria excluído da amostra do estudo o indivíduo que respondesse sim a pelo menos uma das questões durante preenchimento do PAR-Q, não assinasse o TCLE, faltasse a alguma das etapas do estudo ou não completasse algum dos testes no primeiro ou segundo dia destinados para aplicação. 5.2 Procedimentos de coleta de dados Para avaliação e análise de alguns componentes da aptidão física, em especial a força explosiva, força muscular de resistência e capacidade cardiorrespiratória, foram aplicados os testes relacionados abaixo recomendados por Rocha (2004), Léger e Lambert (1982), e Bosco et al. 9 (1984), em dois dias distintos. O primeiro dia tinha como objetivo apenas a familiarização dos testes por parte dos avaliados separados, sendo separado do segundo dia por um mínimo de 72 horas. Os testes eram precedidos de um aquecimento inicial de 10 minutos com intensidade moderada. Foi feita uma avaliação da composição corporal mediante utilização de adipômetro para estimativa de percentual de gordura, estadiômetro, e balança digital para mensurar a massa corporal total de cada um dos avaliados. 5.2.3 Puxada na Barra Fixa O teste teve como finalidade medir a habilidade motora, entendida como a “combinação de várias valências físicas”, como força e velocidade (Rocha, 2004) dos membros superiores. O teste de puxada teve início com o indivíduo totalmente alongado, segurando a barra com as mãos em posição pronada, distantes entre si o suficiente para que durante a execução a flexão dos cotovelos não ultrapassasse 90 graus. Ao sinal, foi pedido ao avaliado que realizasse o máximo de repetições de flexão de cotovelo, ultrapassando a barra com o queixo, num movimento dinâmico, sem flexionar suas pernas e joelhos. Foi quantificado o número total de movimentos completos e executados da forma orientada. Johnson e Nelson (1979) citado por Marinho e Marins (2012) determinam que, para pessoas saudáveis acima dos 17 anos de idade, o número de repetições para ser classificado como excelente no teste de puxada é de 23 repetições máximas para o sexo masculino. 5.2.4 Teste de Ida e volta de 20 metros Com intuito de estimar a capacidade cardiorrespiratória a partir de valores relativos de consumo máximo de oxigênio (VO2máx) foi aplicado o teste de ida e volta de 20 m elaborado por Léger e Lambert (1982). Esse teste vem sendo aplicado desde a sua criação em diversos públicos (DUARTE e DUARTE, 2001; DENADAI et al, 2002). O teste foi aplicado num espaço plano 10 de 25 m, com 4 cones e fita adesiva para delimitar a zona de aplicação do teste. O teste ocorreu de acordo com um programa que emite sinais sonoros progressivos a partir de um dispositivo de som. Os sujeitos eram orientados a permanecerem parados com os dois pés atrás da zonainicial. Ao ouvir um sinal sonoro, estes deveriam se deslocar até fita que determinava onde começava a próxima zona, ultrapassando com pelo menos um dos pés e ao ouvir outro sinal sonoro voltava em sentido contrário. A cada aproximadamente 1 min era emitido um sinal mais prolongado que indicará a mudança de estágio, caracterizada pelo aumento da velocidade em 1 km/h que o indivíduo deveria manter para se deslocar de uma zona a outra. O participante que não alcançasse a zona no tempo determinado pelo sinal sonoro era avisado verbalmente que teria apenas mais uma chance de adequar a sua velocidade para alcançar a(s) zona(s) alvo subsequente(s). Aquele participante que, pela segunda vez, de maneira consecutiva e/ou cumulativa, não alcançou a zona novamente, era desclassificado e tinha o nível alcançado no exato momento anotado para estimar seu VO2máx de acordo com a fórmula proposta: y= -24,4 + 6,0 X, onde y corresponde ao VO2 em ml/kg/min; X= velocidade em km/h no estágio atingido. 5.2.5 Teste de Salto Vertical Foi utilizado o teste de salto vertical com contramovimento de Bosco et al. (1983), também conhecido como Counter Movement Jump (CMJ) – salto com contramovimento, que vem sendo amplamente discutido e aplicado com objetivo de mensurar a força e potência muscular de membros inferiores (GOMES et al, 2009; UGRINOWITSCH E BARBANTI, 1998; SAMOZINO et al, 2008). Rodriguez e Marins (2011), em seu estudo de revisão, discorrem sobre aplicação do teste de Bosco et al. (1983) e citam diversos estudos validando e fidedignizando-o (ELVIRA et al 2001; HOFFMAN E KANG, 2002; MARKOVIC et al, 2004). Além disso, recomendam cautela quanto à análise de 11 alguns estudos que fazem a aplicação do teste, pois estes nem sempre utilizam a mesma padronização e equipamento. Para realização do teste de Bosco et al. (1983), utilizamos uma plataforma de contato de fabricação própria com o software Chronojump versão 1.4.1, de 2014. O CMJ era iniciado com o avaliado em pé na plataforma, porém com joelhos estendidos, pés paralelos, com os calcanhares totalmente apoiados e mãos na cintura. Ao sinal do avaliador, o indivíduo deveria flexionar os joelhos com distancia livre (BOULLOSA et al., 2011) e, logo em seguida, realizar um salto vertical tentando alcançar a maior altura possível, mantendo os joelhos completamente estendidos durante a fase ascendente e descendente do salto e aterrissando com os dois pés no mesmo lugar da plataforma. Cada participante teve três tentativas, com intervalo de 1 minuto entre cada uma. Era computado o melhor salto levando em consideração altura máxima atingida – estimada pelo próprio software utilizado através do tempo de voo; e execução dentro dos parâmetros estabelecidos. 5.2.6 Antropometria Os sujeitos tiveram sua massa corporal total avaliada por monitor de composição corporal (modelo HBF-508-E, Omron, China) com capacidade até 150 kg e graduação de 0,1 kg. A estatura através de um estadiômetro (modelo ES2020, Sanny, Brasil) com campo de medição de 40 a 210 cm, resolução de 1 mm e numeração a cada centímetro. Para estimativa do percentual de gordura, foram coletadas 7 dobras cutâneas – peitoral, tricipital, subescapular, axilar média, supra-ilíaca, femural médio e abdominal, utilizando adipômetro (AD1010-1, Sanny, Brasil) com faixa de medição de 0 a 65 mm. As medidas foram calculadas de acordo com o protocolo de 7 dobras de Pollock et al (1984). 6. ANÁLISE ESTATÍSTICA Para análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva, com valores de média, desvio padrão e dispersão central. O teste de normalidade Shapiro – 12 Wilk foi utilizado para análise de normalidade das variáveis continuas. A comparação dos resultados de todas as variáveis numéricas, entre os grupos foi realizada pelo teste t-Student para amostras independentes. O nível de significância foi estabelecido em p<0,05. 7. RESULTADOS A tabela 1 apresenta os dados descritivos (idade, estatura, massa corporal e percentual de gordura) e os valores obtidos nos testes (Ida e Volta, Puxada Livre e CMJ) pelos participantes do grupo (TR) e do grupo (CF). Tabela 1. Descrição dos grupos e valores obtidos nos testes. Grupo TR n=13 Grupo CF n=13 M (DP) M (DP) Valor p Idade (anos) 24 (4) 26 (3) 0,81 Massa corporal (kg) 82,70 (11,24) 84,9 (12,8) 0,63 %G 11,9 (4,1) 13,6 (4,6) 0,34 Estatura (cm) 178,7 (6,6) 174,5 (5,2) 0,83 VO2máx (ml·kg-1·min-1) 45,98 (5,28) 52,45 (5,55)* 0,006 Puxada Livre 11 (3) 9 (6) 0,31 CMJ (cm) 35,85 (7,1) 41,08 (7,7) 0,86 TR= Treinamento Resistido; CF= CrossFit; M= Média; DP= Desvio Padrão; VO2máx= consumo máximo de oxigênio; %G= Percentual de gordura corporal; CMJ= Counter Movement Jump *Diferença estatística significativa (p<0,05) 13 8. DISCUSSÃO O objetivo do estudo foi comparar algumas valências físicas de praticantes recreacionais de CF vs TR. A hipótese era a de que o grupo CF apresentaria similaridade quando comparado ao grupo TR quanto às valências físicas. Essa hipótese foi rejeitada, pois o grupo CF apresentou diferença significativa para a capacidade cardiorrespiratória (p=0,006). Não houve diferença significativa para o desempenho no salto vertical, estimado pelo teste de CMJ, entre os grupos. Pode-se inferir que tanto os praticantes de TR quanto os de CF possuem força explosiva de membros inferiores semelhantes. Darmiento et al (2012) realizou uma breve revisão sobre diferentes métodos de treinamento comumente aplicados para melhora do salto vertical, dentre eles salto sem ou com contramovimento, agachamento com barra e levantamento olímpico, e demonstrou que, dependendo da especificidade e objetivo, os movimentos de agachamento com barra, realizados com altas cargas e velocidade controlada, desenvolvem maior produção de força, enquanto os movimentos do levantamento olímpico desenvolvem tanto força, quanto velocidade. Apesar de os tipos de treinamento praticados pela amostra do nosso estudo diferirem metodologicamente, existe uma grande similaridade no que concerne aos tipos de exercícios utilizados para os membros inferiores (ex., agachamento livre, agachamento com barra, deadlift), o que poderia explicar os valores encontrados durante os testes. O teste de puxada livre estimou a força muscular de membros superiores e também não encontramos valores com diferença significativa entre os grupos. Não foi possível encontrar na literatura revisada valores de referências para comparação dos dois tipos de treinamento (TR e CF), porém, ambos treinamentos podem possuir exercícios que envolvam membros superiores em suas sessões de treino, o que explicaria a ausência de diferença significativa entre os grupos. A capacidade cardiorrespiratória foi dada a partir do valor do VO2máx calculado após teste aeróbio de Ida de Volta. Houve diferença significativa 14 (p=0,006) entre os grupos, sendo a média do grupo CF superior ao TR. Alguns estudos mostraram aumento da capacidade cardiorrespiratória após protocolos de treinamentos não tradicionais. Smith et al. (2013) encontraram aumento significativo (p<0,01) na capacidade aeróbia (VO2máx.) e diminuição significativa no percentual de gordura corporal em homens e mulheres saudáveis (n= 43) após participarem de um programa de CrossFit baseado em treinamento de força de alta intensidade por 10 semanas. As sessões de treino eram realizadas 5 vezes por semana, sofrendo variação diária no %RM e tipos de exercícios - agachamento apenas com peso corporal, deadlitf, puxadas, movimentoscom kettle bell, dentre outros, e eram executadas dentro de um determinado tempo, ou por séries. Sabe-se que o planejamento do treinamento de CF pode envolver exercícios direcionados para o condicionamento cardiorrespiratório como, por exemplo, pular corda (RAMIREZ E GALÁN, 2013). Praticantes de TR nem sempre recorrem ao treinamento concorrente, o qual pode ser mais benéfico que TR tradicional para aumento do VO2máx, isto pode explicar os melhores resultados alcançados nessa variável pelos praticantes de CF. Apesar da amostra ser homogênea e não ter ocorrido nenhum caso de desistência do estudo, não foi possível fazer uma análise aprofundada a respeito da metodologia de treino praticado pelos grupos de TR e CF afim de se obter algumas variáveis de treino, como intensidade e volume, e correlacionar com os resultados apresentados. Além disso, os participantes treinavam em apenas dois locais distintos, de acordo com suas respectivas modalidades. Uma amostra oriunda de academias e centros de CF diversos poderia gerar resultados ainda mais relevantes. Em nosso estudo concluímos que, na amostra avaliada, praticantes de CF possuem maior condicionamento cardiorrespiratório quando comparados aos praticantes de TR. Entretanto, não foi observada nenhuma diferença significativa entre as medidas de composição corporal, a força de membros superiores e força explosiva de membros inferiores entre os grupos. Esses achados podem ser importantes para pesquisas futuras como ferramenta de intervenção para diversos grupos. Na literatura pesquisada, não encontramos estudos que compararam diretamente protocolos de CF com outras metodologias de treinamento acerca de valências físicas ou outras variáveis. 15 Sendo assim, esse tipo de treinamento ainda não possui evidências científicas suficientes para ser recomendado sem restrições de população. Nossa perspectiva é a de que mais pesquisas sejam desenvolvidas com aplicação do treinamento de CF em diferentes amostras e com diferentes objetivos. 9. REFERÊNCIAS ÁLVAREZ, C, RAMÍREZ, R, FLORES, M, ZÚÑIGA, C, & CELIS- MORALES, C.A. (2012). 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Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2007; 89(4) : 256-262 18 ANEXO 1 ANAMNESE Nome:_______________________________________________________________________ _______________ Data de Nascimento:_____/_____/_____ Tel.:______________________________________Email:______________________________ __________ Em caso de emergência, avisar: ____________________________________________________________ Objetivo com a prática de exercício físico: ( ) Estético – Aumentar massa muscular e/o diminuir o percentual de gordura; ( ) Melhorar o condicionamento físico. Possui algum acompanhamento Nutricional: ( ) Sim ( ) Não Questionário de Prontidão para Atividade Física - (PAR-Q “Physical Activity Readiness Questionnaire)”. 1. O seu médico já lhe disse alguma vez que você tem um problema cardíaco? ( ) SIM ( ) NÃO 2. Você tem dores no peito com freqüência? ( ) SIM ( ) NÃO 3. Você desmaia com freqüência ou tem episódios importantes de vertigem? ( ) SIM ( ) NÃO 4. Algum médico já lhe disse que a sua pressão arterial estava muito alta? ( ) SIM ( ) NÃO 5. Algum médico já lhe disse que você tem um problema ósseo ou articular, como, por exemplo, artrite, que se tenha agravado com o exercício ou que possa piorar com ele? ( ) SIM ( ) NÃO 6. Existe alguma boa razão física, não mencionada aqui, para que você não siga um programa de atividade física, mesmo que você queira? ( ) SIM ( ) NÃO 7. Você tem mais de 65 anos de idade e não está acostumado a exercícios intensos? ( ) SIM ( ) NÃO Assumo a veracidade das informações prestadas no questionário “PAR Q” e afirmo estar liberado pelo meu médico para prática de exercício físico. Nome do participante: __________________________________________________________ ______________ Data _____________________________________ Assinatura
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