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Petição Inicial – Requisitos

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FACULDADE MINAS GERAIS 
Curso de Direito – Prática Simulada I – 7º Período 
 
Material de Apoio 
 
22/08/2012 
 
 
Material de Apoio - Prática Simulada I - Marco Antonio de Andrade Pag. 1 
MATERIAL DE APOIO 
 
Petição Inicial – Requisitos 
 
 
O processo judicial em início a partir de uma petição inicial, documento através do qual o cidadão 
provoca o Estado (aciona a jurisdição) requerendo sua intervenção para solucionar um conflito de 
interesses. 
 
Jurisdição = poder-dever de, substituindo a vontade das partes, conhecer os fatos e dizer o direito 
aplicável ao caso concreto. 
 
Sendo a petição inicial o meio processual disponível para que o interessado leve os fatos ao 
conhecimento do juiz, dúvidas não há de que ela deverá ser bem elaborada, e isto exige que o 
advogado tenha o completo conhecimento dos fatos apresentados pelo seu “cliente”, além da 
permanente atualização de conhecimentos sobre o direito material e processual. 
 
Dirigida ao juízo competente para conhecer e solucionar o conflito de interesses, a petição inicial 
contém a pretensão (declaratória - constitutiva - condenatória) em face da demanda, e sua elaboração 
exige um rigor técnico insubstituível, uma vez que: 
 
a) – de seu conteúdo dependerá o êxito da iniciativa, 
 
b) – depois de levada ao Judiciário, ela somente poderá ser modificada até o momento anterior 
ao da citação, e depois deste evento, somente com o consentimento do réu. 
 
c) – torna-se imutável após o despacho saneador pelo juiz, 
 
d) – a sentença refletirá o seu conteúdo, pois o Juiz só pode apreciar o que através dela foi 
requerido. 
 
 
REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL 
 
 
Competência – CPC Art. 282, I - “... o juiz ou tribunal a que é dirigida;...” 
 
A definição do juízo competente para conhecer a demanda é o primeiro passo a ser tomado pelo 
advogado ao elaborar a petição inicial, fato de especial relevância processual. A distribuição da ação 
para um juízo incompetente implica na possibilidade de impugnação por parte do oponente ou até 
mesmo do próprio juiz, de ofício, fazendo com que o processo seja remetido ao juízo competente, o 
que certamente retardará a satisfação de direito pleiteado. 
 
Assim, o endereçamento é o direcionamento da petição inicial à autoridade judiciária que detém a 
competência jurisdicional para conhecer e julgar a demanda. 
 
 
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Exemplos: 
 
Petição inicial direcionada à Justiça Estadual Cível 
 
Excelentíssimo Juiz de Direito em exercício na ____ Vara Cível do Fórum da Comarca 
de Belo Horizonte - Minas Gerais 
 
Petição inicial direcionada à Juizado Especial Criminal 
 
Excelentíssimo Juiz de Direito em exercício no Juizado Especial Criminal de Belo 
Horizonte - Minas Gerais 
 
Petição inicial direcionada à Justiça Federal 
 
Excelentíssimo Juiz de Federal em exercício na ____ Vara Federal da Seção Judiciária 
de Minas Gerais 
 
 
 
Preâmbulo – CPC Art. 282, II – “... os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência 
do autor e do réu;...” 
 
A norma indica como deve ser o preâmbulo da petição inicial, porque além de facilitar o trabalho 
cartorário, anuncia e qualifica as partes, indicando também a natureza da ação. 
 
A incorreta qualificação das partes pode trazer sérios prejuízos ao autor da ação, que corre o risco de 
se ver obrigado a promover a emenda ou até mesmo de ver indeferida a sua petição, com a 
conseqüente extinção do processo sem resolução de mérito (art. 295 e 267, I do CPC). 
 
Por outro lado, a correta qualificação das partes tem fundamental importância em face da solução da 
demanda, considerando-se o teor do art. 472 do CPC: 
 
“... A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem 
prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no 
processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada 
em relação a terceiros.”. 
 
É também ônus da parte declarar o endereço em que receberá intimações e comunicar eventuais 
mudanças de endereço. 
 
Não o fazendo, o juiz, antes de determinar a citação do réu, mandará que se supra a omissão no prazo 
de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de indeferimento da petição. Já no caso da não comunicação de 
novo endereço, na hipótese de mudança, reputar-se-ão válidas as intimações enviadas, em carta 
registrada, para o endereço constante dos autos. 
 
 
 
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Veja o que diz o CPC: 
 
“... Art. 238. Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão feitas às partes, aos seus 
representantes legais e aos advogados pelo correio ou, se presentes em cartório, diretamente 
pelo escrivão ou chefe de secretaria. 
 
Parágrafo único. Presumem-se válidas as comunicações e intimações dirigidas ao endereço 
residencial ou profissional declinado na inicial, contestação ou embargos, cumprindo às 
partes atualizar o respectivo endereço sempre que houver modificação temporária ou 
definitiva.”. 
 
Não é necessária a indicação no preâmbulo da petição quando o endereço do escritório do advogado 
estiver no timbre do papel usado para imprimir a inicial ou na procuração que a acompanhar. 
 
Exemplo: 
 
Maria Macarrão, brasileira, solteira, operadora de telemarketing, portadora da identidade 
civil nº MG 132.124.328, inscrita no cadastro de pessoas físicas sob o nº 266.414.936-90, 
residente na Rua Bolivia nº 118, CEP 30720-011, bairro América do Sul, Belo Horizonte, 
Minas Gerais, apresenta a Vossa Excelência, para efetivo processamento, esta 
 
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, 
 
com fundamento no descumprimento de obrigações legais por parte de PADARIA PÃO 
DUBÃO LTDA., sociedade empresaria inscrita no cadastro nacional de pessoas jurídicas sob 
o n.º 08.018.028/0001-13, sediada na Av. Farináceos nº 350, CEP 30720-012, Bairro 
Funcionários, Belo Horizonte, Minas Gerais, conforme fatos que narra a seguir. 
 
Usualmente, a primeira página de uma petição inicial é composta do endereçamento, a qualificação das 
partes, e do indicativo da ação, reservando-se um espaço entre o endereçamento e a qualificação para 
algum despacho inaugural. 
 
Nomenclatura das partes - As partes de um processo se apresentam, na redação jurídica, com uma 
nomenclatura própria. 
 
Ações Parte Ativa Parte Passiva 
 
No geral Autor ou Requerente Réu ou Requerido 
Trabalhista Reclamante Reclamado 
Agravos Agravante Agravado 
Alimentos Alimentando Alimentante 
Cobrança Credor Devedor 
Consignação Consignante Consignado 
Curatela Curador Curatelado 
Embargos Embargante Embargado 
 
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Exceção Excipiente Excepto 
Execução Exequente Executado 
Inventario Inventariante InventariadoMandado de Segurança Impetrante Impetrado 
Notificação Notificante Notificado 
Nunciação de Obra Nova Nunciante Nunciado 
Recursos em geral Recorrente Recorrido 
Apelação Apelante Apelado 
Tutela Tutor Tutelado 
 
 
Fato – CPC Art. 282, III “... o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;...”. 
 
Esta é a parte da petição que tem por finalidade convencer o magistrado de que houve a violação de 
um direito e que é necessário repará-lo, e por isso, deve ser elaborada com argumentação concisa e 
objetiva. 
 
Por isso, é de fundamental importância conhecer profunda e detalhadamente todas as circunstâncias do 
caso, separando as informações necessárias das desnecessárias, e as que podem ser provadas das que 
não podem. 
 
A descrição dos fatos deve corresponder, necessariamente, a narração dos acontecimentos segundo a 
visão da parte que está questionando a lesão de seu direito, competindo ao advogado, diante dos 
interesses de seu cliente, equacionar e dimensionar com precisão como se deram os fatos e suas 
respectivas provas. 
 
Os fatos devem ser contados progressivamente, de modo que, ao final, o juiz se convença dos motivos 
que levaram a parte socorrer-se ao judiciário. 
 
 
A causa de pedir desdobra-se em: 
 
– causa de pedir remota, que é a fundamentação jurídica, a relação jurídica que estabeleceu o 
vinculo entre as partes, criando a obrigação, e 
 
– causa de pedir próxima, que é a origem do conflito de interesses, ou seja, a violação do 
direito. 
 
Assim fazendo, o autor indica a justificativa de sua postulação, ou seja, o direito que entende deve ser 
preservado e conflito de interesse que motiva a formação do processo, estabelecendo uma relação de 
causa e efeito. 
 
Com isso, podemos concluir que a fundamentação jurídica é a ponte entre o fato e o pedido, ou seja, o 
caminho a ser percorrido para a promoção da tutela jurisdicional pretendida. 
 
 
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Importante: a parte não é obrigada a indicar os artigos da lei, prevalecendo hirto o brocardo: “da mihi 
factum dabo tibi jus” (dá-me o fato que dar-te-ei o direito). 
 
Exceção: 
 
Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, 
provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz. 
 
Importante repetir: a fundamentação jurídica é a ponte entre o fato e o pedido, ou seja, o caminho a ser 
percorrido para a promoção da tutela jurisdicional pretendida. 
 
Exemplo de caminho entre o fato e o pedido: 
 
A real necessidade do processo, evidenciando o interesse processual em um caso de ação de 
alimentos, sobressai da verificação dos requisitos específicos da causa de pedir, aplicáveis à 
hipótese, que são: 
 
a) – o dever de prestar alimentos, 
b) – a necessidade de receber alimentos, e 
c) – a capacidade de dar os alimentos. 
 
Para bem elaborar a fundamentação jurídica neste caso, a parte deve trilhar o caminho entre o 
fato e o pedido, e demonstrar, de forma concisa e objetiva: 
 
a) – a existência de uma relação jurídica obrigacional entre quem pretende receber 
alimentos e aquele que se apresenta como suposto obrigado a prestá-los; 
b) – a necessidade de quem pretende receber os alimentos, evidenciando, por óbvio, sua 
incapacidade de supri-la pelos seus próprios meios e/ou recursos, e 
c) – a possibilidade daquele que supostamente se encontra obrigado a prestá-los, 
evidenciando, por óbvio, sua situação econômica. 
 
A impossibilidade de verificação de qualquer desses passos retira a fundamentação jurídica do 
pedido. 
 
Demonstrados e comprovados todos os passos com caminho, o pedido é a conseqüência lógica 
e direta. 
 
Citações de Jurisprudência e Doutrina - diante da possibilidade do surgimento de problemas de 
interpretação dos fatos, de aplicação e abrangência da lei, a parte deve fazer uso da jurisprudência e/ou 
da doutrina, para demonstrar que o entendimento geral é este e não aquele, ou seja, para ajudar a 
convencer o magistrado. 
 
Não são somente a doutrina e a jurisprudência as únicas fontes de direito que podem ser utilizadas 
como fundamento, mas sim todas as outras, sendo cabíveis aos fatos, tais como: os atos normativos, 
que constituem o direito positivo (Constituição Federal, Leis, Medidas Provisórias, Portarias, etc.), o 
costume, a eqüidade, a analogia, os Tratados Internacionais, os princípios gerais de direito. 
 
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Pedido – CPC Art. 282, IV “... o pedido e suas especificações...”. 
 
Não se pode ser confundir pedido com requerimento, até mesmo o artigo 282 do Código de Processo 
Civil distinguiu um do outro quando os separou nos incisos IV e VII. Pedido diz respeito ao direito 
subjetivo que está sendo pleiteado pela parte, ou seja, repercutirá na apreciação do juiz quanto ao 
mérito da causa, que necessitará seja provado pela parte, provocando uma decisão de mérito. Por isso 
podemos chamá-lo de pedido de satisfação material. 
 
Já o requerimento decorre de um direito objetivo, isto é, que não será apreciado pelo juiz, não 
resultando em qualquer decisão, cabendo-lhe apenas verificar a presença ou não dos pressupostos deste 
direito, que poderíamos dizer tratar-se de requerimento de exigências processuais. 
 
Assim, enquanto que: 
 
- o pedido provoca uma decisão do juiz, 
 
- o requerimento provoca apenas um despacho, de deferimento ou indeferimento. 
 
O pedido determinará o tipo de decisão pretendida, pois sempre deriva do fato e por este motivo, é de 
suma importância na elaboração da petição inicial. Está previsto nos arts. 286 a 294 do CPC. É 
também ele que definirá o grau de satisfação da parte, eis que o juiz sopesará somente aquilo que está 
sendo pleiteado, nem mais nem menos, de onde proferirá a sentença. 
 
No pedido não se coloca o embasamento legal nem a justificativa do que está pedindo. Desta forma, 
temos que o pedido de uma petição inicial, requer que haja a satisfação de uma obrigação, 
compreendendo uma recomposição das condições em que o requerente se encontrava em momento 
anterior à propositura da ação, por exemplo, a reparação de um dano, a indenização justa, o 
reconhecimento de uma situação jurídica, meios impeditivos da ação do agente causador da 
perturbação, etc.
 
 
 
O pedido pode ser mediato ou imediato. 
 
- o imediato traduz a procedência, ou seja, o tipo de tutela jurisdicional pretendida. 
 
- o mediato vem logo em seguida, quando se pede o bem de vida (por exemplo: a condenação 
ao ressarcimento dos danos morais e materiais). 
 
Requerimento – CPC Art. 282, V e VII “...as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade 
dos fatos alegados; e o requerimento para a citação do réu; ” 
 
Além do requerimento para especificar as provas que pretende produzir e de citação do réu e/ou 
interessados, poderá haver também outros requerimentos ou providências que se requeira ao juiz 
atendê-las, tais como intimar o representante do Ministério Público em determinadas ações ou requerer 
seja produzida alguma prova específica. 
 
 
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Lembrando que o requerimento resulta apenas um despacho do juiz, compreende também a produção 
de provas genéricas ou específicas (prova testemunhal, documental, pericial, etc.). No caso de se 
requerer mais de uma providência, recomenda-se colocar cada uma em item distinto, pois a falta de 
ordem pode provocar confusão. 
 
O requerimento é colocado depois do pedido. Colocá-lo antes ofende a lógica, porque só é possível 
requerer a citação do réu depois que o juiz, conhecendo o fato e o pedido, receber a ação.
 
 
 
 
Encerramento – CPC Art. 282, V “... o valor da causa;” 
 
O encerramento da petição inicial compreende: o valor atribuído à causa; o pedido de deferimento; 
o local, a data e a assinatura do advogado; se necessário, o rol de anexos. 
 
O valor da causa - De acordo com os artigos 258 a 261, o valor da causa é requisito essencial e sempre 
deve constar na petição inicial sob pena de indeferimento da mesma (art. 284 CPC), devendo serem 
obedecidos os critérios específicos para cada tipo de ação, elencados no art. 258 e 259 do Código de 
Processo Civil, com o intuito também de evitar impugnação da parte contrária. 
 
Pedido de deferimento - Corresponde à tão conhecida expressão: “Termos em que pede deferimento”, 
escrita em uma só linha, sem abreviação de palavras. 
 
Local e data - O local é indicado pelo nome da cidade, (...) que será seguido pela sigla da unidade da 
federação, é aquele em que foi elaborada a inicial, não o do juízo a que é endereçada. Em seguida, 
deve constar a data: o dia e o ano em algarismos e o mês por extenso.

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