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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema 5 – Métricas Lean Projeto Pós-graduação Curso MBA em Administração e Qualidade Disciplina Ambientes Lean Manufacturing Tema Métricas Lean Professor Janaina Padilha Introdução Já dizia Edward Deming: não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia. Independente da habilidade do gestor, nenhuma estratégia será bem sucedida se não for monitorada e readequada quando necessário. Um bom sistema de indicadores oferece uma visualização prática e corrente da situação em que a empresa se encontra em direção aos seus objetivos e à oportunidade de readequar ou rever ações. Antes de começar seus estudos, acesse o material online e assista ao vídeo de apresentação do tema. Problematização Analise a situação a seguir. Na construção civil, a medição de desempenho vem despertando um crescente interesse tanto por parte da indústria como da comunidade acadêmica, sendo considerado um elemento essencial para a gestão das empresas. No entanto, apesar de sua importância, observa-se que muitas empresas, tanto do setor industrial quanto na construção civil, não possuem qualquer tipo de sistema estruturado de medição de desempenho ou, quando possuem, existem deficiências em muitos dos sistemas implementados. A construção civil sempre foi objeto de críticas em decorrência principalmente dos altos custos (elevado índice de desperdício de material) e da CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 baixa produtividade (alta rotatividade e baixa qualificação da mão-de-obra). Isso se deve, principalmente, porque, até a década de 1980, havia um elevado número de obras públicas com poucas exigências quanto à qualidade e os clientes eram pouco acostumados, e até mesmo despreparados, para exigirem os seus direitos de consumidores. Isso permitiu que as construtoras conseguissem obter grandes lucros, pois os custos eram facilmente repassados para os preços dos produtos da construção civil. Porém, nas duas últimas décadas do século passado e início desta, a construção civil foi objeto de pressões internas e externas, como crise financeira, escassez de obras públicas, aumento da qualidade requerida pelo cliente etc. Essa situação fez com que as empresas do setor promovessem mudanças buscando soluções empreendedoras por meio da adoção de novas práticas de gestão da produção. Uma dessas alternativas é o Lean Construction (Construção Enxuta), um derivado da Lean Production (Produção Enxuta). Em que etapas poderiam ser definidos indicadores de desempenho nesse ramo de atividade? Quais dificuldades podem surgir? Não responda agora, vamos estudar o material e voltaremos a falar sobre isso no final. Indicadores de desempenho Para iniciar seus estudos sobre este tema, não deixe de conferir o vídeo da professora Janaína, disponível no seu material online. Para Corrêa e Corrêa (2006), a medição de desempenho pode ser definida como “o processo de quantificação da eficiência e da eficácia das ações tomadas por uma operação”, ou como “métricas usadas para quantificar a eficiência e a eficácia de ações”. Esses autores ainda afirmam que deve ser simples de entender e utilizar, relevante, objetiva e não apenas opinativa, claramente definida, com impacto visual e que permita prover feedback. O sistema de indicadores afeta o comportamento das pessoas dentro e fora da empresa. Para exercer essa influência, são necessários sistemas de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 gestão e medição de desempenho que estejam apropriadamente conectados às estratégias e competências da organização (Kaplan; Norton, 1997). Segundo Souza (2011), ser eficiente significa desempenhar tarefas de maneira racional, otimizando a relação recursos despendidos x resultados alcançados e obedecendo às normas e aos regulamentos aplicáveis. Uma atividade eficiente é, portanto, aquela que é bem feita. A eficácia está relacionada ao alcance dos objetivos. Uma tarefa é considerada eficaz quando contribui de fato para o sucesso da organização, quando sua realização agrega valor e produz resultados relevantes. A partir desta análise, desenvolvemos indicadores de eficiência e eficácia. O grande desafio é coletar e relatar as informações relevantes de forma precisa e no tempo certo. Identificar informações relevantes, definir quando e quanto medir, coletar e processar informações, garantindo-lhes segurança, e permitir uma adequada comunicação dentro da organização são fatores críticos para um bom sistema de medidas de performance. Criando indicadores de desempenho O indicador de desempenho é definido como formas de representação QUANTIFICÁVEL de características de produtos/serviços ou processos, utilizadas para acompanhar e melhorar os resultados ao longo do tempo. Essa ferramenta permite a avaliação do desempenho da instituição, segundo três aspectos relevantes: controle, comunicação e melhoria (Martins & Marini, 2010). Além disso, devem desempenhar duas funções importantes: comunicar e mensurar o alcance da estratégia, através da comparação do desempenho atual com a meta definida para o indicador. Segundo Martins & Marini (2010), alguns passos básicos devem ser seguidos para determinação de indicadores. Passo 1: identificação do nível, dimensão, subdimensão e objetos de mensuração; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Passo 2: determinar os componentes básicos do indicador, tais como a forma de medida (qualitativa ou quantitativa), a fórmula de obtenção do indicador, índice, padrão de comparação e metas. Passo 3: validação preliminar dos indicadores com as partes interessadas. Passo 4: construção de fórmulas e estabelecimento de metas. Passo 5: definição de responsáveis. Passo 6: geração de sistema de coleta de dados Passo 7: ponderação e validação final dos indicadores com as partes interessadas Passo 8: mensuração do desempenho Não deixe de acessar o site abaixo e ler o artigo sobre os indicadores de desempenho. Basta clicar no link: http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/lean-manufacturing- para-onde-nossos-indicadores-estao-nos-levando/22330/ Agora assista ao vídeo da professora Janaína que está disponível no seu material online. Nele, ela abordará outras questões sobre os indicadores de desempenho. Indicadores de desempenho lean A produção enxuta é representada por um sistema de avaliação de desempenho e pelas práticas de melhoria contínua (Warnecke e Hüser, 1995). Esses mesmos autores afirmam que, quando os métodos de melhoria são estendidos para todos os setores da empresa, desde o desenvolvimento de produtos até o pós-venda, os desperdícios são eliminados e se pode alcançar um desempenho melhor nos processos produtivos e de negócio. Um dos benefícios alcançados quando implantados os conceitos de avaliação de desempenho no sistema lean é a quantidade de informações que são coletadas das diversas áreas da empresa. Com isso é possível identificar CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 com mais segurança os problemas da fábrica e elaborar os eventos de melhoria (Kaizen) com mais eficiência. Os indicadores de desempenho são implantados simultaneamente com algumas das metodologias propostas pela produção enxuta: layout da manufatura, gestão da demanda, planejamento da produção, logística integrada (abastecimento interno e externo), milk run (um método de acelerar o fluxo de materiaisentre as unidades industriais no qual os veículos seguem uma rota para fazer múltiplas cargas e entregas em muitas unidades industriais), Gestão de Conhecimento, Sistema de Movimentação etc. (Rother e Shook, 1999). Outro aspecto a ser considerado é a Gestão Visual do sistema de avaliação de desempenho, ou seja, a importância das informações (qualidade, controle de produção, atrasos na entrega, demanda dos componentes, produtividade etc.) estarem visíveis. Sanchez & Perez (2001) sugerem alguns indicadores a serem usados no Sistema Lean. Segundo os autores, são seis os grupos de indicadores que podem ser classificados e implantados de acordo com as práticas do projeto enxuto: formação de equipes multifuncionais, eliminação de atividades que não agregam valor, melhoria contínua, JIT de produção e de entrega, integração de fornecedores e sistema flexível de informações. Esses seis grupos podem ser utilizados para medir o desempenho da produção enxuta em operações e serviços, corroborando a afirmação de Womack et al. (1998) de que “a Produção Enxuta não é aplicável somente à manufatura, pode ser estendida a outros setores da empresa”. Conforme Sanchez e Perez (2001), os indicadores a serem medidos na Produção Enxuta são: 1. Eliminação de Perdas: percentual de peças comuns para os produtos da empresa, giro do estoque, número de vezes que as peças são movimentadas, distância que as peças percorrem na fábrica, tempo de setup, percentual da manutenção preventiva versus a manutenção total. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 2. Melhoria Contínua: número de sugestões dos empregados por ano, valor do refugo e retrabalho com relação às vendas da empresa, porcentagem de tempo do equipamento parado por mau funcionamento, porcentagem de sugestões implantadas, ganhos ou benefícios alcançados com as sugestões implantadas, inspeções visuais no controle de qualidade, percentual de controles feito por um sistema de controle autônomo (Poka Yoke). 3. Equipes Multifuncionais: porcentagem de empregados trabalhando em equipes, porcentagem e número de tarefas realizadas pelas equipes, número de fornecedores para os componentes mais importantes, percentual de líderes de equipe eleitos pelos próprios colegas. 4. Produção de Entregas Just In Time (JIT): Lead Time dos pedidos, percentual de peças entregues dos pedidos, nível de integração entre os sistemas de informações de entrega do fornecedor com o de produção do cliente, tamanhos dos lotes de produção de entrega. 5. Integração com fornecedores: percentual de componentes co- projetados pelos fornecedores, número de sugestões feitas pelos fornecedores, frequência de visitas dos fornecedores ao cliente, frequência de visitas do cliente aos fornecedores, número médio de fornecedores mais importantes. 6. Sistema Flexível de Informação: frequência com a qual a informação é disponibilizada aos funcionários, número de reuniões informativas da alta gerência com os funcionários, percentual de procedimentos formais existentes, percentual dos equipamentos de produção integrados no computador, número de decisões que os funcionários tomam sem o controle da supervisão. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 http://www.lean.org.br/leanmail/70/cuidados-com-a-gestao-por- indicadores.aspx Não deixe de acessar o material online e ver a videoaula da professora Janaína. Revendo a problematização Muito bem! Depois de estudar os conteúdos apresentados, você precisa decidir qual é a melhor solução para o problema apresentado no início desse tema. Escolha uma das alternativas a seguir: a. Como se trata de construção civil, as áreas mais importantes são: projeto, suprimentos, produção (a atividade em si) e alta gestão; b. Mesmo com a evolução ocorrida nas últimas décadas ainda há dificuldades das empresas em determinar o que medir e como medir, pois nem sempre é óbvio quais métricas de desempenho a empresa deve adotar e quais são as mais relevantes, e alinhar as medidas de desempenho com a estratégia; c. Uma boa métrica de produtividade nesse ramo de construção poderia ocorrer por meio de indicadores que medissem: percentual de atividades atrasadas, no prazo e adiantadas (planejamento de longo prazo); taxa de frequência de acidentes (de médio prazo); percentual da programação concluída por subempreiteiro (de curto prazo). Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material on-line. Síntese É importante que as organizações enxerguem os indicadores como um apoio importante na retroalimentação de ações estratégicas e que esse processo deve ser contínuo e participativo, modificando a estratégia quando necessário (detectado pelo sistema de indicadores), até que os objetivos sejam atingidos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Acesse o material online e assista ao vídeo que se encontra disponível. Nele, a professora Janaína retomará os conteúdos abordados nesse tema. Referências CORRÊA, H.; CORRÊA, C. Administração de produção e operações. (2ª Edição). São Paulo, Brasil: Atlas, 2006. KAPLAN, R.S.; Norton, D.P. Using the balanced scorecard as a strategic management system. Harvard business review, Jan/Feb, 1996. MARTINS & MARINI. Guia de Governança para Resultados. Brasilia. Ícone Grafico Editora, 2010. ROTHER, M.; SHOOK, J. Aprendendo a enxergar: mapeando o fluxo de valor para agregar valor e eliminar o desperdício. The Lean Institute Brasil, São Paulo,1999. SOUZA, R.; Agamêmnon: Eficiência, eficácia e efetividade: indicadores da qualidade da administração. Disponível em: http://riosulnet.globo.com/web/conteudo/7_275821.asp . Acesso em 15/08/2014 WARNECKE, H.J.; HÜSER, M. Lean production. Int. J. Production Economics, 1995. WOMACK, J. P., JONES, D. T. A Mentalidade Enxuta nas Empresas: Elimine o desperdício e crie riqueza. Rio de Janeiro: Campus, 1998. Atividades 1. Ao definir os indicadores de desempenho de uma empresa, almejando compilar informações que contribuam para o sucesso, é muito importante: a. Medir todas as operações em todos os níveis de maneira detalhada. b. Não considerar a estratégia da organização. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 c. Que eles sejam simples de entender e utilizar, relevantes, objetivos não apenas opinativos, claramente definidos, com impacto visual e que permita prover feedback. d. Construir indicadores que não interfiram na gestão. 2. Considerando o conceito de eficácia e eficiência, ao determinarmos o prazo para apresentação e informações que um indicador deve ter ao ser exibido, podemos considerar que ele atendeu a esses dois conceitos se: a. As informações foram apresentadas na data determinada, com informações consistentes. b. As informações atenderam os requisitos de relevância e prazo. c. As informações eram consistentes e provaram uma estrutura para tomada de decisão, mas não atenderam o prazo determinado. d. As informações são relevantes e atenderam no prazo, porém, são inconsistentes. 3. Segundo as sugestões de Sanchez e Perez, entre os indicadores a serem medidos referentes ao JIT estão: a. Lead Time dos pedidos e percentual de peças entregues dos pedidos. b. Número de sugestões feitas pelos fornecedores e frequência de visitas dos fornecedores ao cliente c. Número de sugestões dos empregados por ano, valor do refugo e retrabalho com relação às vendas da empresa, porcentagem de tempo do equipamento parado por mau funcionamento. d. Frequência comque as informações são disponibilizadas aos funcionários. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 4. Entre os benefícios encontrados na implementação de indicadores, podemos citar: a. A quantidade de informações que são coletadas das diversas áreas da empresa. b. O fato de ter controle sobre todos os resultados e poder punir quem não tiver um bom desempenho. c. Conseguir visualizar as deficiências para quando houver tempo tomar as ações cabíveis. d. Ter pleno conhecimento de quem não trabalha direito e assim poder contratar pessoas mais competentes. 5. Dentro da métrica do sistema lean, podemos considerar como os mais importantes para a organização: a. Os indicadores de eficiência. b. Os indicadores de eficácia. c. Os indicadores de eficácia e eficiência, pois eles possuem o mesmo grau de importância. d. Qualquer tipo de indicador fornece informações. Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line.