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4 Desenvolvimento Humano e Organizacional

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MBA em Gestão de Recursos Humanos 
 
 
 
Desenvolvimento Humano e Organizacional 
 
 
 
Tema 4 
 
 
 
Profa. Dra. Zaide Sá 
 
 
MBA em Gestão de Recursos Humanos | Desenvolvimento Humano e Organizacional | Tema 4 
 
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Bem vindo (a)! 
Antes de iniciar os seus estudos, assista ao vídeo a seguir. Nele, você 
verá quais temas serão abordados nesta aula. 
 
 
Introdução 
Esta aula tem o objetivo de mostrar ações fundamentadas em teorias da 
Psicologia, para que os profissionais de RH e os gestores de pessoas 
promovam o desenvolvimento humano e organizacional. 
 
 Teorias do Desenvolvimento Psicossocial 
Após a contextualização do fenômeno escolhido para ser analisado, é 
possível elaborar análises específicas nos âmbitos do clima, do desempenho e 
das políticas de pessoal, dentre outros. 
Para essa análise, podemos adotar o Psicodrama do médico Jacob 
Levy Moreno, usando um método de intervenção e pesquisa no âmbito das 
relações interpessoais, nos aspectos individuais e grupais, chamado de 
Método Socionômico, que se aplica nos campos da saúde (em atendimentos 
psicoterápicos), da educação, das organizações e das comunidades. 
Para o Psicodrama o ser humano é formado por quatro dimensões: 
 Orgânica, composta pela estrutura e sistemas orgânicos; 
 Social, composta pelos papéis sociais e relações com os contra papéis; 
 Psíquica, composta pelas funções mentais, pelas emoções e impulsos; 
 
 
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 Espiritual, composta pela consciência crítica e reflexiva, pela 
transcendência e espiritualidade. 
O Psicodrama possui teorias, métodos e técnicas para estudos e 
aplicação nas quatro dimensões do ser humano, porém, abordaremos apenas 
a dimensão social ou relacional e a dimensão psíquica, empregando sínteses 
das teorias do Núcleo do Eu, de Rojas Bermudez; da Matriz de Identidade e 
dos Papéis Sociais, de Jacob Levy Moreno, acrescentando a Relação 
Dialógica do Ser, de Martin Buber. 
 
 
 
 
Teoria do Núcleo do Eu 
Jaime Rojas Bermudez (1978) partiu da análise da anatomia e da 
fisiologia nos dois primeiros anos de vida do ser humano e de seus 
correspondentes psíquicos. Ele analisou comportamentos observados no bebê, 
na evolução desde a amamentação, ao controle das funções de defecação e 
micção, com as respectivas aprendizagens e a relação com a mãe. 
 
 
 
 
Bermudez identificou que essas aprendizagens se formam em três 
etapas, denominadas por ele de modelos psicológicos de ingeridor, de 
defecador e de urinador, correspondendo cada etapa às fases do 
Nessa teoria, o desenvolvimento da criança é descrito desde o seu nascimento 
até a estruturação básica de sua personalidade, em torno dos dois anos de vida, 
fase em que se estruturam as funções da percepção de ambientes interno (bebê) 
e externo (mãe); da organização dos conteúdos percebidos, do pensamento, da 
criação, da expressão e comunicação, do planejamento e ação. 
 
Conheça mais sobre o Psicodrama e sobre seu criador, Jacob Levy 
Moreno, no link a seguir. 
< https://www.youtube.com/watch?v=cHr9edtXeR8> 
 
 
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amadurecimento fisiológico do sistema nervoso central e do sistema 
neuromuscular. 
Em síntese, para Bermudez, a experiência dos primeiros toques ensina 
formas relacionais que podem perdurar por toda uma vida. 
A percepção é o mecanismo psicológico no qual as aprendizagens são 
processadas conscientemente; da percepção decorrem os pensamentos, a 
elaboração dos conteúdos percebidos, a criação de conteúdos intelectivos e 
emocionais, a expressão e a comunicação e como resultados desses 
processos surgem o planejamento e a ação. 
 
 
 
Quando a formação do Núcleo do Eu não ocorre satisfatoriamente, 
o psiquismo lança mão de defesas para aliviar a tensão interna e, dentre 
essas defesas estão: 
 Defesa conversiva: os sentimentos são convertidos em sensações 
corporais, como formigamento, paralisias, surdez, cegueira, cefaleia, 
sudorese e outros. 
 Defesa fóbica: a tensão e o caos internos são projetados para o outro, 
resultando em fuga e isolamento. 
 Defesa de atuação: o indivíduo cria situações para o outro se expressar, 
comunicar, agir, enquanto ele se mantém em defesa. 
 Defesa depressiva: existe uma obstrução das funções de criação e 
elaboração, geração de pensamentos não produtivos e um estado 
depressivo. 
 Defesa obsessiva: ocorrem pensamentos repetitivos e persistentes. 
Para Victor Dias (1994), a somatória das vivências do indivíduo em climas 
afetivos internos e externos estabelece noções de entendimentos em relação a si 
mesmo, aos outros e ao próprio mundo, o que o autor chama de Conceito de 
Identidade. 
 
 
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 Defesa compulsiva: tem-se um forte impulso para ações repetitivas, 
ritualísticas. 
Apesar do desconforto que as defesas geram ao indivíduo e a outros 
do seu convívio, elas são mecanismos importantes para manter a integridade 
psíquica, mesmo que em estado não saudável. Ao tratar com indivíduos 
defensivos, é fundamental o cuidado com a relação, a compreensão de que ele 
faz um esforço maior, em estado de angústia, para manter-se em contato sem 
perder o conceito de identidade. 
É importante lembrar que as experiências da infância geram 
aprendizagens que podem durar a vida toda, afetando, portanto, o 
comportamento do adulto, os seus papéis sociais e o seu papel profissional. 
Muitos dos comportamentos resultantes das defesas são notáveis nas 
relações de trabalho, e também, nas manifestações patológicas da 
organização. Esses comportamentos constituem boa parte das doenças 
ocupacionais e riscos no ambiente de trabalho. 
Veja no vídeo a seguir uma introdução à Teoria da Matriz de 
Identidade: do que trata a teoria; fases da Matriz, características saudáveis e 
patológicas; e também as correlações com o comportamento do adulto. 
 
Teoria da Matriz de Identidade 
Para Moreno (1974), outro modo de perceber e analisar a evolução 
psíquica e relacional da criança é por meio de fases, conforme a teoria da 
Matriz de Identidade, a qual diz que: 
 Na infância ocorrem as experiências mais significativas do ser humano, 
cujos significados podem perdurar por toda a vida; 
 
 
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 As relações afetivas da infância estão presentes nos relacionamentos do 
adolescente e do adulto; 
 As estruturas emocional e moral resultam das primeiras relações com a mãe 
e com o pai ou substituto. 
 
 
 
 
Moreno descreve quatro etapas evolutivas da infância, que ocorrem de 
zero a três anos de idade. Veja-as a seguir. 
1ª etapa: Duplo 
Fase em que as necessidades e expectativas do bebê são percebidas 
e supridas pela mãe ou substituta, a qual exerce a função do duplo eu, do eu 
capaz de produzir alivio da tensão intrapsíquica, com afeto, com alimento, com 
proteção e com o cessar da dor. 
Exemplos de aplicação no contexto relacional do adulto: 
 
 
 
 
 
2ª etapa: Espelho 
Fase em que a criança faz imitação da mãe, por reação, como forma 
relacional e como um recurso para obter e manter a atenção e o afeto dela. 
Nessa fase, a criança percebe a mãe parcialmente: alguns aspectos físicos e 
Conforme essa teoria, a qualidade do desempenho do papel de mãe e o 
afeto que nutre pelo filho são fatores principais na formação da estrutura 
emocional da criança, e aqualidade do desempenho do papel de pai e sua 
conduta com o filho são fatores principais na formação da estrutura moral e na 
socialização da criança. 
Quando adulto, o indivíduo que não foi suprido satisfatoriamente na Fase 
do Duplo poderá ter comportamentos de busca da função mãe, ou seja, terá a 
expectativa que ser observado, de ser compreendido em sua conduta e suprido 
em suas necessidades; terá uma percepção unilateral dos fatos; uma prevalência 
de suas vontades e sentimentos; e uma dependência emocional e apresentará 
comprometimento da iniciativa. 
 
 
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algumas emoções manifestadas por ela. O processo de maturação do sistema 
nervoso central é fator determinante desse comportamento de identificação 
parcial, com gradativa ampliação para a percepção do global. 
Exemplos de aplicação no contexto relacional do adulto 
 
 
 
 
 
 
3ª etapa: Jogo de Papéis 
Fase em que a criança faz tentativas mais amplas para obter e manter 
a atenção, afeto ou outros ganhos. Ela lança mão de planos e atividades que o 
coloquem no centro das atenções, para obter ganhos concretos, como 
privilégios ou brinquedos maiores. 
Conforme sua evolução e modelos relacionais aprendidos nas fases 
anteriores, ela pode adotar condutas extremas que a beneficiem. 
 
 
 
Moreno aprofunda sua análise sobre a formação moral na infância em 
sua obra “A Palavra do Pai”, a partir da qual, elaboramos as afirmações a 
seguir. 
 O pai é a principal referência para a criança na formação dos valores éticos. 
À mãe cabe a formação emocional. 
Quando adulto, o indivíduo que não foi suprido satisfatoriamente na Fase 
do Espelho tenderá a desenvolver comportamentos de imitação e reação, a 
pensar que tudo o que ocorre no ambiente relacional tem a ver com ele, 
apresentará defesas psíquicas, ressentimentos e isolamento. Poderá manifestar 
idealização do outro e ambivalência (amor e ódio), por não perceber a totalidade, 
e sim parte de si e parte do outro. 
Nessa fase é fundamental que o pai inicie a dar limites, por meio de 
normas, ordens e ensinamentos que possam resultar em aprendizagens de 
socialização. Caso contrário, a criança buscará formas mais ousadas para manter 
e ampliar os seus ganhos. 
 
 
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 Por meio dos limites, as primeiras noções do direito e do dever, o pai 
estabelece valores para as relações na família e na sociedade. 
 Na escola, a primeira sociedade para a criança, os valores são consolidados 
ou confundidos. Todas as demais figuras de autoridade, a partir daí, 
contribuem para a definição da estrutura moral do ser humano. 
 Nada é mais forte na formação da estrutura moral que a conduta do pai. Ele 
é o primeiro modelo social para a criança, o elo primordial entre a família e a 
sociedade. Dotado de autoridade legítima, o pai tem o poder de confirmar o 
filho como pessoa. 
 Todas as demais figuras de autoridade passam pela figura do pai nas 
análises e decisões do ser humano. Todas as figuras de autoridade, 
instituições e estruturas do poder são vistas, de alguma forma, com os olhos 
de filho(a). 
 Persistindo a matriz de identidade, a simbiose1, a idealização da primeira 
figura de autoridade, o pai, é projetada para fora da família, para pessoas, 
grupos ou instituições que exercem as funções de comando ou provimento. 
 A esses é atribuída a mesma potência de poder, autoridade e 
responsabilidade e passam a ser alvos da ambivalência de amor e ódio, 
submissão e vingança. A relação com o idealizado desvirtua o senso de 
dever e de responsabilidade do idealizador. 
Exemplos de aplicação no contexto relacional do adulto 
 
 
 
 
 
1 Simbiose é uma relação mutualmente vantajosa, na qual, dois ou mais seres 
diferentes são beneficiados por essa associação. 
Quando adulto, o indivíduo que não foi suprido satisfatoriamente na Fase 
do Jogo de Papéis poderá apresentar comportamentos de manipulação, coação, 
posicionamentos dúbios, mentiras, enfim, todo tipo de jogo relacional. Estas 
características, se acompanhadas de deformidade moral, podem sugerir um 
personalidade psicopática (ver DSM IV). 
 
 
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Outro exemplo de aplicação, então no âmbito das organizações 
especificamente, é o emprego dessa teoria, dessa fase evolutiva, na análise da 
filosofia de trabalho e valores praticados, da política de pessoal e dos modelos 
de gestão de pessoas adotadas na empresa, que podem estimular a 
psicopatia, por favorecer o jogo entre pessoas, correspondendo às patologias 
morais, como a ausência de ética nas relações de trabalho e nos negócios. 
4ª etapa - Inversão de Papéis 
Fase em que a criança consegue entrar no lugar do outro, perceber, 
sentir, refletir e agir em coautoria e corresponsabilidade. Essa fase só é 
possível com a dissolução da matriz de identidade, o enfraquecimento da 
simbiose (dependência emocional) por decorrência da entrada do pai na vida 
psíquica do filho em torno dos seus três anos de idade. 
Com o pai a criança aprende que há limites para tudo, que a família é 
de todos, que há partilha de alimentos, de afeto, de espaços, de objetos. Após 
a triangulação, ou entrada do pai, a criança passa a incluir outras pessoas da 
família em seu espaço psíquico, a dividir sua atenção, seu afeto, seus 
brinquedos e está pronta para socializar-se na escola. 
Caso as fases não ocorram satisfatoriamente, a criança tenderá a 
manter relações aos pares, com dificuldade para dividir, para seguir normas, 
para desenvolver seus papéis sociais. 
É importante lembrar que as experiências da infância geram 
aprendizagens que podem durar a vida toda, afetando o comportamento do 
adulto em seus papéis sociais e, portanto, no papel profissional. 
Exemplos de aplicação no contexto relacional do adulto: 
O adulto que teve uma evolução satisfatória nas fases anteriores terá, 
predominantemente, relações de igualdade, de cooperação, assumirá a 
coautoria e a corresponsabilidade nas relações, comunicação assertiva e 
autonomia. É importante considerar que esse modelo relacional terá maior 
expressividade em um ambiente organizacional saudável e, também, que ele é 
 
 
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indicador de um desenvolvimento psicossocial satisfatório, promotor do clima 
organizacional propício saudável e da produtividade com qualidade. 
Veja no vídeo a seguir uma síntese das teorias do Núcleo do Eu e da 
Matriz de Identidade; e também as correlações dessas com a Teoria dos 
Papéis Sociais e Papel Profissional. 
. 
 
Teoria dos Papéis Sociais 
Para Moreno (1974), toda pessoa possui vários papéis sociais, que são 
pontes relacionais entre ela e outros, os seus contra papéis. A pessoa, um ser 
em relação, assume vários papéis sociais ao longo da vida, e em cada papel se 
relaciona com um ou mais contra papéis. Exemplo: ao assumir o papel 
profissional, você passa se relacionar com os contra papéis de chefe, colega, 
fornecedor, cliente e subordinado, casa o seu cargo seja gerencial. 
 
 
 O desempenho satisfatório requer o estar por inteiro no papel, na relação 
com o contra papel, no aqui-agora (conceito moreniano), sem influência de 
conteúdos dos demais papéis ou de conteúdos do passado e do futuro. O 
contrário resulta em confusão de papéis, com conteúdos misturados e 
comprometidos por conteúdos do passado e do futuro. 
 A figuraa seguir mostra a estrutura dos papéis sociais e suas relações 
com os contra papéis. 
Para Moreno (1974), não há identidade sem papéis sociais, e não ocorre 
desenvolvimento sem o desempenho satisfatório de todos os papéis sociais. 
 
 
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 Figura 1. Relações papéis – contra papéis, segundo o Psicodrama. 
 
 A próxima figura mostra a dinâmica da confusão ou mistura de papéis que 
pode ocorrer em situação de forte tensão ou decorrente da má evolução 
psicológica. 
 
 Figura 2. Confusão de papéis na relação cliente-profissional. 
 
 
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No primeiro diagrama, existe uma estrutura saudável, em que os 
papéis estão delineados em separado, sugerindo desempenho correto. Já no 
segundo, evidencia-se a dinâmica de mistura de conteúdos de mais papéis, 
no ato do desempenho do papel de cliente, na relação com o profissional, o 
contra papel do cliente. 
É importante lembrar que muitos papéis são recriados, e muitos 
contra papéis são substituídos, enquanto outros permanecem no nosso 
campo relacional por toda a vida. Para esses casos, a recriação dos papéis 
tem um peso ainda maior, na construção da qualidade relacional. 
 
 
 
 
 
Veja no vídeo a seguir uma aplicação dos papéis sociais e 
profissionais à Gestão de Pessoas. 
 
Teoria da Relação Dialógica do Ser 
Para Martin Buber (1965), as relações interpessoais ocorrem de dois 
modos: Eu-Tu e Eu-Isso. Para ele, ocorre a alternância ou as variações de 
 
 
 
 
 
 
Que tal ler alguma coisa a mais sobre as teoria que apareceram até 
aqui? Então, clique no link a seguir e leia um texto que fala sobre essas 
teorias. 
<http://repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/131/2/Teoria%20Psi
codramatica.pdf> 
 
 
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uma para outro modo, dependendo das variáveis psicossociais presentes na 
relação, do ambiente em que a relação ocorre e do estado da “alma”. Buber 
cita que o momento de puro Eu–Tu é o encontro, experiência rara, indescritível 
imensurável e inesquecível. 
Eu – Isso 
Relação em que o “eu” não se reconhece como autor e construtor da sua 
vida, não se percebe autônomo e responsável por suas atitudes, escolhas e 
resultados; em que o outro é fonte disponível de ganhos e vantagens para o 
“eu”, para a viabilização dos seus projetos e sonhos, e, portanto, indispensável 
e responsável pelo sucesso ou fracasso do “eu”; em que a coautoria e a 
corresponsabilidade não são exercidas pelo “eu”. 
Unindo Buber e Moreno, nesse tipo de relação predominam o Duplo, ou 
Espelho ou o Jogo de Papéis. 
Eu – Tu 
Relação em que o “eu” se percebe como autor de sua vida, alternando 
com momentos de ator, em que deve seguir o “script” de outros; é coautor e 
corresponsável, portanto, pelos eventos da vida individual e coletiva. 
Relação em que o “eu” percebe o outro como outro “eu”, igualmente 
importante para si mesmo e para os demais, alguém com quem contracenar e 
construir vínculos, vivências, o verdadeiro encontro. 
Unindo Buber e Moreno, nesse tipo de relação não cabem o Jogo de 
Papéis, o Espelho, o Duplo; apenas a Inversão de Papéis. 
Buber (1975) diz que predomina a relação Eu-Isso nos relacionamentos, 
mas, deve-se buscar a relação Eu–Tu, o encontro; uma vez que essa é a 
relação saudável que dá plenitude ao ser humano, na vida familiar e no meio 
social. 
 
 
Nas organizações, onde a relação é formal e previamente definida, não é possível 
estabelecer relações Eu–Tu. Logo, a necessidade de encontro, de plenitude não 
pode fazer parte das expectativas do trabalhador, no ambiente de trabalho. 
 
 
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Concluindo este tópico, acrescentamos que as teorias do Psicodrama 
se aplicam bem na realidade organizacional. Por exemplo: a “Palavra do 
Pai”, de Moreno, é uma ótima referência para análise da moral, da ética, para 
as normas como limites organizadores da dinâmica humana. 
As teorias do Núcleo do Eu, de Bermudez, e da Matriz de Identidade, de 
Moreno, permitem análises sobre tipos predominantes de comportamento 
humano no trabalho. Por exemplo: a dependência e a falta de iniciativa, 
dificuldade acentuada de comunicação, expressão, planejamento e ação, que 
podem sugerir má resolução de fases da infância, adoção de padrões primários 
de conduta e imaturidade. 
A teoria dos Papéis Sociais pode ser aplicada na análise de suficiência no 
desempenho do papel profissional, nas relações com os contra papéis, no 
senso de coautoria e corresponsabilidade, na autoria da própria vida. 
Se o “eu” se percebe como autor de sua vida, alternando com momentos 
de ator, em que deve seguir o “script” de outros, sabendo-se coautor e 
corresponsável pelos eventos da vida familiar e social, não necessitará do 
encontro no ambiente de trabalho, onde as relações são preestabelecidas e 
formalizadas em contratos de trabalho, nos quais a relação possível é a 
Eu-Isso. 
 
 
 
 
 
 
A Teoria da Relação Dialógica do Ser te interessou? Então, clique no link 
a seguir e saiba mais sobre essa teoria. 
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/viewF
ile/6288/5964> 
 
 
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Síntese 
E aí, gostou da aula de hoje? Então, vamos relembrar os principais 
tópicos tratados nela. Até a próxima! 
 
 
 
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1. As teorias adotadas coincidem em muitos pontos de vista sobre o 
significado da vida humana, saúde e desenvolvimento humano. Identifique 
em cada afirmativa os conceitos empregados. 
I. A percepção é o mecanismo psicológico no qual as aprendizagens são 
processadas conscientemente; da percepção decorrem os 
pensamentos, a elaboração dos conteúdos percebidos, a criação de 
conteúdos intelectivos e emocionais, a expressão e a comunicação e 
como resultados desses processos surgem o planejamento e a ação. 
II. Quando adulto, o indivíduo que não evoluiu satisfatoriamente na Fase 
do Jogo de Papéis pode apresentar comportamentos de manipulação, 
coação, posicionamentos dúbios, mentiras, enfim, todo tipo de jogo 
relacional. 
III. Não há identidade sem papéis sociais e não ocorre desenvolvimento 
sem o desempenho satisfatório de todos os papéis sociais. 
IV. Nas organizações, onde a relação é formal e previamente definida em 
contrato, não é possível estabelecer relações Eu–Tu. Logo, a 
necessidade de encontro não pode fazer parte das expectativas do 
trabalhador, no ambiente de trabalho. 
Esses conceitos se relacionam respectivamente às teorias: 
a. Teoria da Matriz de Identidade; Teoria do Núcleo do Eu; Teoria da 
Relação Dialógica do Ser e Teoria dos Papéis Sociais. 
b. Teoria da Relação Dialógica do Ser; Teoria dos Papéis Sociais; Teoria 
da Matriz de Identidade e Teoria do Núcleo do Eu. 
 
 
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c. Teoria dos Papéis Sociais; Teoria da Relação Dialógica do Ser; Teoria 
do Núcleo do Eu e Teoria da Matriz de Identidade. 
d. Teoria do Núcleo do Eu; Teoria da Matriz de Identidade; Teoria dos 
Papéis Sociais e Teoria da Relação Dialógica do Ser. 
 
2. Uma das teorias de Jacob Levy Moreno contribui para melhorias no 
comportamento organizacional, por meio do desenvolvimento profissional,por esclarecer que o papel profissional é composto pelas relações do 
trabalhador com seus contra papéis (clientes, chefe, colegas, subordinados, 
fornecedores), conforme estabelece o contrato de trabalho e as 
especificações do cargo e área que o trabalhador ocupa. Assinale nas 
alternativas abaixo, a teoria que trata esta questão. 
a. Teoria dos Papéis Sociais. 
b. Teoria do Núcleo do Eu 
c. Teoria da Matriz de Identidade. 
d. Teoria Dialógica do Ser. 
 
 
 
 
 
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Referências 
BERMUDEZ, R. A teoria do núcleo do eu. Buenos Aires: Paidós, 1976. 
BUBER, M. A teoria dialógica do ser. São Paulo: Cultrix, 1975. 
DIAS, V. Análise psicodramática e a teoria da programação sinestésica. 
São Paulo: Ágora, 1994. 
MORENO, J. L. Psicodrama. Buenos Aires: Paidós, 1974.

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